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INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR

INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR


RESUMO:

Este trabalho tem por objetivo investigar fatores que direta ou indiretamente influenciam a
problemática da indisciplina na escola. Apontar as causas da indisciplina, antes de tudo é conhecer
de forma ampla o espaço, o envolvimento, e a natureza de cada ser que faz parte do conjunto
escolar. Portanto, tomou-se como apoio à literatura de Bossa (2000), Bassedas (1996), Cançado
(1998), Vasconcelos (2000), Antunes (2001), Aquino (1996) e Paro (2000). entre outros, para
respaldar o estudo. Defendemos a hipótese de que quando o aluno vai à escola não significa estar
totalmente pronto para a aprendizagem. As relações entre professor e aluno são indispensáveis,
embora se deem de forma complexa, visto que há uma diversidade de fatores envolvidos: autoridade,
autonomia, liberdade, limites e práticas de valores. Compreendemos que indisciplina e dificuldade de
aprendizagem têm um legítimo envolvimento. Ressaltamos que resgatar a disciplina está em
direcionar um novo sentido para a escola diante da sociedade, envolvendo para isso toda a
comunidade escolar. Nesse contexto nos damos conta de que educação se faz com a cumplicidade
dos segmentos família-escola. Os pais precisam da escola para dar continuidade à educação dos
filhos e a escola já precisa dos pais como companheiros na tarefa de formar e informar. Concluímos
que nada é mais grandioso do que participar do crescimento do indivíduo, orientando e
acompanhando as atividades para evitar a indisciplina e o fracasso na escola, e, acentuar o êxito da
aprendizagem.

Palavras - chave: Indisciplina. Escola. Ensino. Aprendizagem.

.
1 INTRODUÇÃO
O tema aqui abordado se fundamenta na problemática da indisciplina em sala

de aula e nos aspectos que influenciam os desajustes comportamentais dos alunos


no contexto da escola, o que tem levado muitos professores à angústia, por muitas
vezes não saberem lidar com a questão. Isso vem gerando discussões acerca do
problema, seja em pesquisa, trabalhos científicos e no dia-a-dia da escola.
A pesquisa tem como objetivo descobrir fatores que causam a indisciplina,
indagando: Quais são as principais causas da indisciplina? É necessária uma
análise mais profunda dos fatores que interferem na disciplina do aluno na escola.
No teor da pesquisa reafirmamos a importância da participação da família
junto à escola para que haja maior participação no controle disciplinar resultando na
educação efetiva como meio de garantir ao aluno a esperança de um futuro melhor,
que resida no reconhecimento de que ele precisa ter consciência da
responsabilidade social, principalmente da educação que nele se constrói.
A sociedade é, sem dúvida, berço de toda e qualquer indisciplina.
Observamos que mudanças profundas veem acontecendo na relação
escola/sociedade. Por um lado a sociedade vem sendo marcada pelas
transformações tecnológicas, políticas e morais. A escola acaba por refletir todas
essas mudanças e passa a buscar novos propósitos para com a educação, em meio
a toda essa turbulência de relações encontram-se como sujeito desse processo
pedagógico professores e família, completamente desnorteados.
A escola, à luz da psicopedagogia, poderá resolver a problemática da
indisciplina, desenvolvendo atitudes que facilitam seu convívio harmonioso com
todos os alunos, ajudados pela comunidade escolar de modo a preparar, de forma
salutar, os educandos para a vida. Com isso, tornar-se-ão cidadãos críticos,
conscientes e participativos, pois havendo disciplina na escola, os alunos, os
professores, e suas famílias terão oportunidade de participar das decisões que
dizem respeito ao desenvolvimento da comunidade e do país.

2 INDISCIPLINA EM SALA DE AULA


Para iniciarmos uma reflexão sobre essa questão, vamos destacar o que
significa a palavra indisciplina a partir de algumas definições quanto ao termo.
Segundo caracterização do Dicionário Aurélio (1988, p. 358), a palavra
Indisciplina significa: "procedimento, ato ou dito contrário a disciplina; desobediência,
desordem, rebelião."
Entendemos que a prática tradicional ainda viva, quando conceituamos a
palavra indisciplina, não são raros os professores que atribuem a ela esta definição.
Vendo por esse ângulo a indisciplina é analisada como "sair da linha", ou
seja, há regras a serem seguidas, mas não são. Baseando-se nesse conceito, a
escola passa a funcionar como um quartel num centro disciplinador, que prepara
seus alunos para o sucesso, para universidade, mas não prepara para a vida. De
acordo com Aquino (1996, p.84):

O conceito de indisciplina, como toda criação cultural não é estático,


uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto
de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as
diferentes culturas e numa mesma sociedade.

Indisciplina, no entanto não está ligada a quietude dos alunos, entendemos


que esta existe em ambiente onde não há interesse do aluno pelo que o professor
repassa. E aí que surge a indagação: será que o conteúdo que está sendo ensinado
vai de encontro às expectativas dos educandos? Vai certamente existir a indisciplina

quando o objetivo maior da aula não for construir conhecimentos, estruturar


significações e despertar habilidades.
Quando o conceito de indisciplina se assemelha com silêncio, lembramos da
educação bancária onde o papel do professor era depositar o conhecimento no
aluno. Nela, a obediência, o silêncio era extremamente importante para a aquisição
do saber.
No entanto sabemos que este tipo de educação já não cabe na instituição
escolar, já que esta assume um papel diferente na sociedade. Hoje, os educandos
dispõem de muitas informações, já se consideram livres para questionar, pensar,
criar e participar.
Não podemos esquecer que manter a disciplina é uma questão que perpassa
épocas e gerações.
Segundo estudos, em textos de Platão e em confissões de Santo Agostinho,
veem-se relatos mostrando que sua vida de professor era amargurada pela
indisciplina dos jovens que perturbavam "a ordem instituída para seu próprio bem".
Diante dessa ideia compreendemos que a indisciplina tem raízes históricas.
Analisemos a questão no âmbito da história educacional do Brasil. As escolas
até os anos 1960 impunham a disciplina de forma autoritária, com ameaças e
castigos. Isso se deu mediante ao processo de democratização da educação, feita
entre 1930 e 1960, esperava-se que esse período fosse de melhorias para todos.
Com a reforma de 1971, surge um novo processo, conhecido como processo de
manifestação do ensino, com este inicia-se um momento difícil e ruim para a
educação. Houve uma mudança significativa no currículo.
Muitas atribuem a culpa pelo "comportamento indisciplinado" do aluno à
educação recebida, na família. Algumas crianças têm uma família que hoje de forma

autoritária, está acostumada com punições e castigos e por isso não conseguem
viver em um local de democracia. Por outro lado, existem as famílias
desestruturadas, os filhos não têm boas condutas e valores estabelecidos. Ainda
existem outros familiares que não participam da vida escolar de seus filhos, não
aparecem na escola, nem mesmo em reuniões. Nesse sentido entende-se que o
único responsável pelo comportamento do aluno é a família.
Existem ainda, outras formas de justificar as causas da indisciplina na escola,
que se relacionam a personalidade dos alunos, ou seja, ser disciplinado está na
"natureza do aluno". Assim como muitos acreditam que a indisciplina está ligada a
traços relacionados a infância e a adolescência. Muitos dizem que a adolescência é
uma fase realmente difícil, e toda criança é "danada".
Vale salientar que se nos detemos a esses determinantes da indisciplina,
teremos a noção de que o comportamento do aluno não tem nenhuma relação com
o que é vivido na escola.
Estudo recente de Aquino (1996, p. 100) demonstra que:

As "dinâmicas turbulentas" presentes em muitas salas de aula (como,


por exemplo, elevada incidência de conflitos, tensão, agitação e
impulsividade motora, descontrole emocional, falta de interesse, etc.)
retratam, entre outros aspectos, os equívocos da escola em face das
necessidades, interesses e possibilidades do aluno. Segundo esta
pesquisa, o comportamento indisciplinado está diretamente
relacionado a uma série de aspectos associados à ineficiência da
prática pedagógica desenvolvida, tais como: propostas curriculares
problemáticas e metodologias que subestimam a capacidade do aluno
(assuntos pouco interessantes ou fáceis demais), cobrança excessiva
da postura sentada, inadequação da organização do espaço da sala
de aula e do tempo para a realização das atividades, excessiva
centralização na figura do professor (visto como único detentor do
saber) e, consequentemente, pouco incentivo à autonomia e às
interações entre os alunos, constante uso de sanções e ameaças
visando ao silêncio da classe, pouco dialogo etc.

No contexto atual, as relações entre escola e a família tem se modificado


muito. Com o passar do tempo, tudo muda, a escola, a família, a sociedade.
A família em outrora tinha uma confiança plena na escola, hoje ela passa a
transferir para a escola toda sua responsabilidade principalmente no que diz respeito
às atitudes e conduta dos filhos.
Percebemos que a cada dia os alunos vêem para a escola com menos limites
trabalhados pela família.
De acordo com Aquino para aqueles preocupados com a problemática da
indisciplina, o aprofundamento das discussões exige, sem dúvida, um recuo
estratégico do pensamento. Grande parte da tarefa psicopedagógica está centrada
na colaboração com a escola em relação a determinados alunos que apresentam
dificuldades em nível de relacionamento. No que concerne a estes alunos a
psicopedagogia pode contribuir colaborando com a escola, intervindo no contexto
disciplinar e até na orientação familiar.
Uma prática pedagógica centrada no respeito, na ordem, na confiança, no
amor, deverá ocorrer na relação dialética entre a autoridade da gestão da escola e
os limites de liberdade do aluno, da comunidade.
Para Cançado (1999, p.71) “buscar modificar essa mentalidade e ver em
cada pai e criança pobre um cidadão com direitos, é um exercício fundamental para
uma relação de respeito”.
Acrescentamos ainda, que para haver ordem e disciplina na escola, deverá
esta ser alicerçada no desenvolvimento de relações participativas, autênticas e
democráticas para que o aluno possa conhecer seus limites e manter a disciplina
escolar. Assim, a eficácia do processo de aprendizagem depende basicamente da
qualidade do inter-relacionamento entre os segmentos na escola, na vivência de um
processo amigável e de interação recíproca e afetiva entre todos.
Percebemos que a modalidade de ensino participativo, democrático, aparece
como proposta de combater a indisciplina. Por esta razão, precisa ser melhor
compreendida para ser aceita e assumida por quantos possam contribuir para os
avanços subsequentes da ação educativa de qualidade.

2.1 A Indisciplina na escola

A essência pedagógica que conduz a qualidade e quantidade de


conhecimento, do saber, precisa de norma e de um conjunto de parâmetros para
produzir resultados.
A indisciplina é utilizada por quem não quer aprender. Segundo Estrela (1996,
p.33), se faz necessário que:

(...) os teóricos da educação precisam saber que o sábio, o


professor, o mestre, só pode transmitir o seu saber a quem quer
saber. Não se pode ensinar a quem não quer aprender, porque há
que se respeitar o livre arbítrio do indisciplinado, que não quer
aprender. O que não se pode fazer, é deixar o indisciplinado
prejudicar o ato de aprender dos que querem saber, através de sua
indisciplina, como ocorre nas escolas convencionais antropocêntricas
de hoje.

A disciplina e a ordem geradas pelos elementos da essência psicológica, na


alma do educando, se constituem num pré-requisito essencial ao exercício
pedagógico do ensinar-aprender. Como, infelizmente, as escolas estão recebendo
alunos sem socialização primária, sem estes pré-requisitos, a produção da qualidade
e quantidade de conhecimento está deteriorada. Sobre isso Silva (1998, p.121)
refere:

A escola que ousar produzir qualidade e quantidade de saber aos


seus alunos, deve possuir normas fortes e professores energéticos,
para coibir a indisciplina e guarnecer a ordem essencial ao clima
pedagógico. Além disto, a necessidade de realização de uma prática
educativa embasada no paradigma holístico.

No cotidiano escolar, contextualizado pela violência, os educadores, atônitos,


buscam uma maneira precisa, uma explicação, para a existência da indisciplina
escolar. Por falta de embasamento holístico, clareza de consciência, por
desconhecimento da verdadeira causa da violência, se equivocam aqueles
educadores que acham que a indisciplina é um sinal dos tempos modernos.
Da mesma forma erram aqueles saudosistas que buscam a prática escolar do
passado, sem levar em consideração que a disciplina, a obediência cega às regras e
as leis e não contestação da autoridade dos pais e dos professores, que outrora, era
conseguida por intermédio de práticas despóticas e corretivas do autoritarismo
ignorante.

A sociedade está cansada de violência e demanda cidadãos


construtores da paz. As escolas precisam de atualização no seu
processo pedagógico, de acordo com a nova demanda social, mas
que estão com muitas dificuldades, por não possuírem nas mãos os
meios eficazes de combate à indisciplina no efeito, através de leis e
professores energéticos, e, nem na causa, por uma pedagogia
holística, para erradicação dos elementos egoísticos dos alunos.
(ESTRELA, 1996, p.50)

Também se equivocam aqueles que vêem a indisciplina como reflexos da


pobreza, pois pobreza não é causa da indisciplina e sim do ego. E o ego, tanto o
pobre como o rico, o possui de forma hipertrofiada.
Da mesma forma, os meios de comunicação não se constituem em causa de
violência e da indisciplina, como muitos pensam, mas o veículo de sua divulgação,
sem o compromisso com a proposta de sua erradicação. Silva (1998, p.77) nos fala
que é preciso mudar a didática, no sentido de diminuir a violência. Segundo ele:

O sistema escolar é o filtro da purificação da sociedade, que possui a


missão de formar cidadãos éticos, holísticos, íntegros, por meio de
uma formação de paradigma holístico. Na medida em que a escola
convencional antropocêntrica não tem conseguido atender esta
demanda, por ausência de uma didática revolucionária de
erradicação da causa da violência, ela se torna vítima das
circunstâncias estabelecidas por uma sociedade de cultura da
violência. (SILVA, 1998, p. 77)

A indisciplina e a violência, gestadas no espaço inconsciente do ente


humano, que são reforçadas pela falta de políticas, condizentes com a dignidade
humana, comprometem o espaço escolar, a tal ponto que os muros escolares se
transformaram em ponto de intersecção entre a violência que entra na escola e a
que sai dela, através de uma sociedade doente.
A indisciplina e a violência escolar se constituem em casos graves de
violência generalizada, na medida em que se constituem em armas poderosas de
turbulência e de destruição do espaço escolar, que é o local sagrado de formação de
uma nova geração de construtores de uma cultura da paz.
O aluno não é um receptáculo vazio, como pensam; ele traz para a escola,
embutido no seu universo psicológico, as causas da indisciplina e da violência,
reforçadas pelas conseqüências das circunstancias sociais antropocêntricas
vivenciadas na família e na sociedade, onde reina a violência generalizada.
Como raras e bondosas exceções, as escolas vêm recebendo, já a esta altura
da humanidade, uma clientela inadequada, modelada na cultura da violência de
seus pais e no meio social onde vive; diante de tal circunstância a escola se vê
impotente, pois não possui mecanismo pedagógico para tal.
O aluno indisciplinado e violento, na escola, traz na sua personalidade a má
educação recebida no lar, fruto da dissolução do modelo nuclear familiar, ou da falta
de interesse na educação e seu filho.
O universo cultural do aluno, determinado por uma cultura de violência traz
influência ao seu comportamento.
Não é mais tempo de escola e família se eximirem da responsabilidade de
modelar o comportamento do educando. Família e escola devem atuar juntas na
educação dos filhos. Não se concebe que a responsabilidade do comportamento do
aluno recaia exclusivamente na família e vice-versa.
Apesar do avanço da indisciplina e da violência na família, na escola e na
sociedade, o tema ainda é tratado sob uma óptica parcial e pouco profunda, cercada
de opiniões divergentes.
Os educadores e autoridades devem compreender que os determinantes da
indisciplina e da violência estão inseridos no interior do próprio homem; que a
indisciplina e a violência são influenciadas por fatores intra, e também extra,
escolares.
Os alunos precisam de aulas com qualidade, de conteúdos significativos, de
professores equilibrados, sem os comportamentos extremos: de um lado a aspereza
e autoritarismo de alguns; de outro lado, a permissividade, a bondade de outros, etc.
Evitar-se-ia a indisciplina, nas escolas, se as aulas deixassem de ser
estáticas, com os alunos tendo que ficar horas a fio sentados, sem nenhum tipo de
atividade significativa; se suprissem a escassez de material e a ausência de regras e
normas frouxas, com leis claras, firmes e objetivas e com proposta transformativas e
desafiadoras.
A indisciplina do aluno, na escola, é resultante de muitos fatores e influências
que recaem sobre a criança, ao longo de seu desenvolvimento, na família e no meio
social. Desse modo, a indisciplina dos alunos não é alheia à escola e à família, que
são as instituições responsáveis pela educação em nosso meio social.
Nossas crianças e adolescentes precisam internalizar as experiências
culturais positivas, para formação de seu comportamento, para organizar os seus
próprios processos de compreender, controlar e dirigir suas ações para paz.
A educação familiar, escolar e social tem um papel preponderante na
formação do comportamento dos sujeitos que vivem numa sociedade letrada como a
nossa, em que somos desafiados a entender as bases de concepções cientificas e a
tomada de consciência do patrimônio social adquirido.
A indisciplina do aluno, na escola, é resultante de muitos fatores e influências
que recaem sobre a criança, ao longo de seu desenvolvimento, na família e no meio
social. Desse modo, a indisciplina dos alunos não é alheia á escola e à família, que
são as instituições responsáveis pela educação em nosso meio social.
Podemos inferir, com base nos estudos de vários autores, que os pais e
professores precisam explicar as normas e regras aos seus filhos e alunos. Pois o
que ocorre é que muitos pais e professores são autoritários, bastante rígidos,
controladores, exigentes, primitivos, valorizam enormemente as regras e normas,
mas são amorosos, afetuosos e não explicam claramente as regras e as normas às
crianças e adolescentes.
Obedecem por medo, cumprir uma obediência cega não contribui para
amenizar a indisciplina. Sobre esse aspecto Silva ( 1998, p.34) refere:

Pessoas demasiadamente autoritárias são violentas e costumam


fazer uso de severas ameaças e castigos ás crianças e
adolescentes, quando estas infringem as normas e regras.
Consequentemente, eles conseguem impor uma obediência cega,
fundamentada no medo, destituída de compreensão que leva o
educando a manifestar comportamento disciplinado, mas robustecido
de timidez e medo, que conduzem-na à baixa auto-estima e prejuízo
para a autonomia.

Educadores orientados com conhecimentos de que fundamentem sua prática


numa visão mais holística desenvolvem a capacidade de respeito aos seus
professores, aos seus pais e às autoridades em geral. Ao passo que aqueles
orientados segundo os parâmetros antropocêntricos, desenvolvem aprendem a ter
medo de seus professores, de seus pais, das autoridades, etc.
Precisamos revalorizar a obediência às regras e às normas, mas atrelada a
uma didática elucidativa de suas causas e de seus objetivos e propósitos, para
reconquistarmos os valores comportamentais perdidos pela humanidade.
Precisamos educar para autonomia, para que cada individuo compreenda o
valor da ordem e assuma postura de cidadania plena e ética, diante das situações
que se apresentam, obedecendo às regras, às normas e às autoridades, aos pais e
aos professores por seus valores intrínsecos e não pelo medo.
Devemos estimular os educandos a expressarem suas opiniões, respeitando
seus pontos de vista, demonstrando flexibilidade, explicando com clareza os motivos
das regras estabelecidas e seus limites.
Sabemos que de modo geral, a questão da indisciplina é entendida como
resultado da não aceitação do aluno às exigências da sala de aula, às regras
disciplinares citadas no regimento da escola.
O aluno caracterizado como indisciplinado não obedece ao professor, não
assiste aula devidamente dentro dos padrões do bom comportamento, da
assiduidade, não participa, risca paredes e carteiras, entra e sai na sala de aula, não
reivindica seus direitos, nem critica o trabalho, enfim não participa.
Nestas circunstâncias o professor prefere o aluno participativo, capaz, ativo.
Mas, o aluno indisciplinado não pergunta ao inquiridor; é um aluno que se adapta
fácil a qualquer situação, se acomoda e não questiona.
Enfim, para a escola a indisciplina tem sido entendida como a dificuldade de
manter o aluno atencioso, ouvindo e questionando a transmissão do conhecimento e
fazendo suas atividades, participando e sugerindo com perguntas e respostas,
fazendo suas contestações.
É necessário que a escola defina regras, pois segundo Antunes:

Quando a escola não tem regras claras, definidas; quando a escola


não transforma em conhecimento de todos o que pode e o que não
pode; quando a escola não viabiliza canais para que o aluno possa
levar a sua crítica; quando a escola não oferece ao aluno a
perspectiva de construir junto com ela as regras de um convívio, de
interação, ela está agindo como um foco de indisciplina. (2001, p.19)
O autor defende responsabilidade sobre a escola como primeira porta
geradora da indisciplina, quando esquece de fazer uma discussão em cima do
processo escolar, mantendo o aluno distanciado das relações
escola/comportamento e aprendizagem. A escola não compartilha com o aluno as
responsabilidades.
Talvez, o que falta no professor para conduzir a indisciplina seja ação.
Tentar reverter a situação de um momento para outro não é nada fácil. Entende-se,
portanto, que o papel do professor dentro da escola consiste em realizar atividades
em diferentes níveis, abordando problemas e colaborando na resolução das
dificuldades do aluno. Para tanto, há necessidade de conhecimento dos ambientes
em que o aluno está inserido: escola, comunidade social e família. Este último
comporta maior importância, considerado fundamental e indispensável para facilitar
a transformação de atitudes do aluno indisciplinado.
Antunes nos fala também e um terceiro foco que seria o próprio aluno:

E terceiro foco seria o próprio aluno, quando procura capturar a


atenção do professor de uma maneira excessiva, ou quando às
vezes, traz do lar, traz da rua, certas posturas que não se enquadram
nos valores que a escola têm, desde que estes valores sejam
discutidos. (ANTUNES, 2001, p.19)

Em muitas situações, a indisciplina pode aparecer como sinônimo da


desobediência à ordem imposta pela gestão da escola ou mesmo pelo professor,
sem que o aluno conheça e discuta as diretrizes contidas no regimento escolar, ou
no projeto político pedagógico. O aluno que não participou, ou tomou conhecimento
da elaboração do regimento escolar, do projeto político pedagógico e muito menos
da discussão dos objetivos e metas da escola, mantém-se distanciado e
desconhecedor dos seus direitos e deveres, do sentimento de fazer parceria na
escola.

CONCLUSÃO

Após todo o relato que se fez, pode-se afirmar que a indisciplina vem sendo
ponto inquietante no contexto diário da prática docente. Encontrado e analisado os
fatores determinantes desse quadro, vê-se que a indisciplina está profundamente
entrelaçada em cinco focos: sociedade, família, escola, professor e aluno.
A partir das reflexões feitas compreende-se melhor as implicações que a
indisciplina traz para todo o processo pedagógico, especialmente o processo de
ensino-aprendizagem. Verificamos que esta problemática é bem complexa de ser
resolvida, porém com a mobilização das partes envolvidas, pode ser amenizada e
até mesmo controlada.
Nossa sociedade sempre foi um meio de exclusão, de desigualdade e, agora,
encontra-se desorientada diante das inúmeras mudanças, tecnológicas e cientificas.
Essas mudanças sociais vêm acarretando também transformações na escola. Há
um novo direcionamento para o conhecimento, este é repassado para que o
educando possa adquirir espaço no mercado de trabalho que cada dia que passa se

torna mais exigente. Mas este conhecimento deve, principalmente, ser vinculado a
vida do educando como um todo, para que este possa adequar-se a sociedade na
qual faz parte, usufruindo das novas descobertas para tentar transformar a
sociedade, tornando-a mais justa e solidária.
A escola muito fala de indisciplina, no entanto pouco vem fazendo, o que se
observa é que esta geralmente trata a questão de forma autoritária e prepotente:
expulsa-se o aluno ou fica aguentando-o, sem trabalhá-lo ou fazer algo para reverter

a situação. Nesse contexto há também uma má organização interna, falta de


comunicação entre a direção, professor e aluno, no planejamento de horários e
regras e normas.
Na instituição escolar estamos envolvidos com pessoas em nossos dia-a-dia:
alunos, professores, pais, diretores, e, por isso, precisamos aprender a trabalhar em
equipe para obter uma instituição forte, coerente e coesa. Sem dúvida, a qualidade
do processo pedagógico só ocorrerá através do esforço de todos os seus
integrantes, onde cada profissional é importante e cada aluno também. Assim a
escola precisa desenvolver o trabalho que haja o envolvimento em especial da
família, que é a primeira formadora da criança enquanto cidadão.
A análise dos dados remete-nos para necessidade do professor trabalhar em
sala de aula os fatos atuais, conversar com o educando sem jamais fazer
comparações e sim elogios e um combinado de regras, deixar bem aberto o canal
de comunicação entre professor/ aluno quando liberdade de expressão a ambos, ser
pontual, responsável, estar constantemente estudando para se manter sempre
atualizada e ter em mente sempre que a única solução para profissionais apáticos,
desinteressados e desmotivados é a sua substituição.
Para que a disciplina seja construída é necessário também que o professor
conquiste o seu aluno. O educador deve ter prestígio junto ao educando. Este
prestígio é alcançado a partir de qualidades pessoais de ordem afetiva e moral, de
atitudes de seriedade e compromisso e principalmente de competência, muitos
professores relatam que o conhecimento sobre o conteúdo a ser ministrado faz com
que professor adquira respeito por eles. Quando o professor consegue esse
prestígio, se faz respeitar e obedecer pelas simples presença, sem interpelações.
Desta forma poderá levar seus alunos a perceber a importância da escola, e do
saber nas suas vidas. A partir daí serão capazes de perceber que a sua participação

é fundamental para intervir na sociedade em que vivem. A disciplina deve


fundamentar-se em objetivos comuns a professores, alunos, pais e demais membros

da comunidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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