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IBIAPINA - CE
2019
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RESUMO
O presente artigo discorre sobre o papel da ética no atendimento nas empresas, sendo que
as questões éticas são sempre conflitantes e de difícil avaliação, principalmente dentro do
ramo empresarial. De um lado surgem as dúvidas quanto o que é certo ou errado, entre o
bem e o mal, de outro, se o que é considerado justo e moral para determinada pessoa,
também o é para seu grupo social. A elaboração do presente trabalho justifica-se pela
necessidade de que as questões éticas sejam mantidas e respeitadas de forma rigorosa nos
tempos atuais, Conclui-se que o comportamento ético das pessoas, nem sempre é como
deveria ser. Muitas vezes, as normas de conduta, são infringidas, levando-nos a uma
situação de descrença quanto aos valores da moral, justiça e da ética de uma forma geral. A
metodologia utilizada foi a realização de uma pesquisa bibliográfica a qual subsidiou o
tema em estudo. Sobre os resultados obtidos nesta pesquisa, concluímos que os valores
considerados mais importantes, são ética e honestidade. Na área empresarial por outro
lado, poucos consideram que a ética seja um valor esperado pelas empresas, mas
funcionários afirmaram que sairiam da empresa se um líder revelasse falta de ética, por
outro lado, poucos acreditam que a ética é um valor que não pode faltar no líder. Esses
dados nos fazem questionar: Será que ética é algo que devemos somente esperar do outro?
Ou é um valor que devemos sempre trazer conosco?
Abstract
The following article will discuss about the ethical role on the company’s customer
service, having in mind that the ethics issues are always conflicting and hard to evaluate,
especially in the business trade. In one hand emerge doubts about what is good or wrong,
between good and evil, and on the other hand, if it’s considered fair and moral to a certain
person, it is also to his social group. The creation of this article can be explained by the
need that the ethical questions be kept and respected on a strict way in the modern times. It
gathers that the people’s behavior is not always as it should be. Many times, the ground
rules, are inflicted, taking us to a situation of disbelief as for the moral, justice and ethical
values in a general way. The used methodology was the production of a bibliographical
research which helped the studied theme. About the results obtained in this research, we
conclude that the most important values considered are ethical and honesty. In the business
on the other side, a few consider that the ethical is a value expected by the companies, but
employees affirm that they would leave the company if they knew that their leader was
unethical, on the other side, few believe that ethical is a value that is necessary in a leader.
These data make us question: is the ethical something we would only expect from the
others? Or is it a value that we must always bring with us
INTRODUÇÃO
1. Ética
Abordagens sobre ética têm se tornado cada vez mais frequentes na sociedade em
geral. Seja no âmbito familiar, no trabalho, nos estudos, e porque não dizer também na rua.
No trato com os amigos, do lazer à obrigação, ética é uma questão a ser analisada em
qualquer situação. Chega até a confundir quando se questiona se ética é algo que vem
atrelado a virtudes descendentes ou se é adquirida com o passar do tempo, dependente de
outros fatores, como por exemplo, classe social, status econômico, grau de escolaridade,
raça, cor, costumes, crenças, etc.
Ao surgirem situações onde cada indivíduo possui objetivos contrários, estes
assumirão posicionamento próprio dentro do que acreditam ser mais correto e justo para a
situação. Em determinados momentos as pessoas precisam decidir qual interesse atender
em primeiro lugar, qual o comportamento a ser adotado com relação à situação. Faz-se
necessário decidir entre o que é certo ou errado, bom ou ruim. Sendo assim, o indivíduo
precisa levar em consideração não somente suas vontades próprias, mas passar a agir
seguindo os princípios e interesses comuns da coletividade.
Moreira (1999, p. 21), descreve cinco teorias a respeito da formação dos conceitos
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éticos:
I. A teoria do fundamentalismo – propõe que os conceitos éticos sejam obtidos de uma
fonte externa ao ser humano, a qual pode ser um livro, um conjunto de preceitos adotados
por um grupo.
II. A teoria do utilitarismo – (Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-
1873)) – propõe que o conceito ético seja elaborado com base no critério do maior bem
para a sociedade como um todo.
III. A teoria do dever ético – (Immanuel Kant (1724-1804)) – Kant propõe que o conceito
ético seja extraído do fato de que cada um deve se comportar de acordo com os princípios
universais. É um princípio universal aquele que determina a quem assume uma obrigação
de cumpri-la. Kant propôs, também, que estes conceitos éticos sejam alcançados da
aplicação de duas regras: 1) Qualquer conduta aceita como padrão ético deve valer para
todos os que se encontrem na mesma situação, sem exceções. 2) Só se deve exigir dos
outros o que exigimos de nós mesmos.
IV. A teoria contratualista – (John Locke (1632-1704) e Jean Jacques Rousseau (1712-
1778)) – Este conceito parte do pressuposto de que o ser humano assumiu com seus
semelhantes a obrigação de se comportar de acordo com regras morais, para poder
conviver em sociedade, dessa forma os conceitos seriam extraídos das regras morais que
conduzissem à perpetuação da sociedade, da paz e da harmonia do grupo social.
V. A teoria do relativismo – De acordo com essa teoria cada pessoa deveria decidir sobre o
que é ou não ético, com base nas suas próprias convicções e na sua própria concepção
sobre o bem e o mal, dessa maneira, o que é ético para um pode não o ser para outro.
As teorias descritas pelo autor acima citado seguem vertentes diferentes. A primeira
(teoria do fundamentalismo), parte do pressuposto de que o indivíduo necessita de fontes
externas para discernir entre o certo e o errado como se não fosse possível por si mesmo
fazer tal distinção. A Segunda (teoria do utilitarismo), leva o indivíduo a raciocinar e
decidir através do que será melhor para o grupo. A terceira (teoria do dever ético), leva em
consideração o conceito dos princípios universais propostos pelo filósofo alemão
Immanuel Kant, porém torna-se questionável quanto ao consenso de quais sejam estes
princípios universais. A quarta teoria (teoria contratualista), tem haver com a Segunda,
porém nesta o enfoque é maior quanto as regras morais que norteiam uma determinada
sociedade. A quinta e última teoria descrita (teoria do relativismo), diverge diretamente da
primeira, pois sua base é que o indivíduo por suas próprias convicções poderá decidir entre
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o bem e o mal, o certo e o errado, mas pode ser usada para justificar ações que não são
compatíveis para o sentido de grupo social como exposto em teorias anteriores.
Simplificadamente, ética é um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente
bom ou mau, certo ou errado.
Alguns autores conceituam ética, como:
“A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja,
é ciência de uma forma específica de comportamento humano”. (Vásquez, 1997, p.12).
“Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido entendida como a ciência da conduta
humana perante o ser e seus semelhantes.” (Sá, 1998, p.15)
Neste sentido, como qualquer teoria, a ética é explicação daquilo que foi ou
é, e não uma simples descrição. Não lhe cabe formular juízos de valor
sobre a prática moral de outras sociedades, ou de outras épocas, em nome
de uma moral absoluta e universal, mas deve, antes, explicar a razão de ser
desta pluralidade e das mudanças de moral; isto é, deve esclarecer o fato
dos homens recorrerem a práticas morais diferentes e até opostas.
O censo comum já demonstra que não se consegue confiança quando não há ética e
honestidade. Existem várias formas de demonstrar consistência, uma delas é falar o que
pensamos, outra é fazer o que falamos. Essa coerência atrai a confiança de quem nos cerca
e traz credibilidade à relação, já a falta de responsabilidade afeta diretamente a integridade
e consequentemente a confiança.
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A ética reflete o agir humano, onde estão ligadas ao que chamamos de valores,
advindos da moral. O agir humano é do ponto de vista moral, fundamentado em valores. A
conduta que assumiu diante de problemas práticos do dia a dia, onde tem que optar em ter
o sim e o não ajudar alguém, falar ou não falar a verdade, enfim, escolhas e decisões que
estão fundamentadas em valores e na moral. Classificamos a postura diante do conjunto de
situações apresentadas como comportamento prático moral.
Seria um erro pensar que, desde sempre, os homens têm as mesmas respostas para
questões desse tipo. Com o passar do tempo, as sociedades mudam e também mudam os
homens que as compõem. Na Grécia antiga, por exemplo, a existência de escravos era
perfeitamente legítima: as pessoas não eram consideradas iguais entre si, e o fato de umas
não terem liberdade era considerado normal. Outro exemplo: até pouco tempo atrás, as
mulheres eram consideradas seres inferiores aos homens, e, portanto, não merecedoras de
direitos iguais (deviam obedecer a seus maridos). Outro exemplo ainda: na Idade Média, a
tortura era considerada prática legítima, seja para a extorsão de confissões, seja como
castigo. Hoje, tal prática indigna a maioria das pessoas e é considerada imoral. Portanto, a
moralidade humana deve ser enfocada no contexto histórico e social.
Logo, quando paramos para refletir sobre o que os nossos bisavós pensam sobre a
nossa forma de vestir quando vamos à praia, ou sobre a maneira com que os adolescentes
tem lidado com o álcool, ou até mesmo questões relativas ao casamento, ponderamos as
questões normativas e valorativas presas ao período da sua juventude e toda a formação
social vivida por essas pessoas. Então começamos a compreender a questão ética presente
naquela mentalidade e a perceber que o período da nossa juventude nos trás princípios e
normas diferenciados, portanto pensamos de maneira diversa, porém ambos de maneira
ética. Cada qual com o seu julgamento baseado na sociedade do seu tempo.
Não é difícil prever que, no futuro, poderão emergir novas pretensões que
no momento nem sequer podemos imaginar, como o direito a não portar
armas contra a própria vontade, ou o direito de respeitar a vida também dos
animais e não só dos homens. O que prova que não existem direitos
fundamentais por natureza. O que parece fundamental numa época
histórica e numa determinada civilização, não é fundamental em outras
épocas e em outras culturas (BOBBIO, 1992).
todo acabam por assimilar este movimento ético, tornando as pessoas menos céticas e
muito mais preocupadas com o bem estar comum. Segue abaixo os 10 mandamentos das
empresas socialmente responsáveis que por muitos não são respeitados. Lembrando que a
ética nada mais é do que um instrumento de realização da filosofia da empresa, de sua
visão, sua missão e de seus valores, pois a ética passou a ser um fator que agrega valor à
imagem da empresa.
Não divulgarás propaganda enganosa
É preciso banir o péssimo hábito de fisgar o consumidor com a mentira ou meia verdade
sobre produto ou serviço.
Não farás espionagem industrial
Procurar descobrir o que o concorrente está fazendo, com emprego de táticas desonestas,
ainda é considerado “natural”, sobretudo em áreas muito competitivas, como
automobilística e informática.
Não assediarás sexualmente
Uma cantada pode não ser nada mais que uma cantada, mas o uso do poder como forma de
sedução e coerção sexual é crime e deve ser denunciado.
Não apadrinharás
A contratação ou promoção de um funcionário deve se dar com base na competência
profissional e no mérito. Quando falam mais alto relações amorosas, de parentesco ou
politicagem, todos perdem.
Tratarás os funcionários com respeito
No local de trabalho devem imperar relações saudáveis, em que não prevaleçam o medo
de perder emprego e o estimulo à competição selvagem.
Honrar cliente e fornecedor
Entregar mercadorias na data marcada, fornecer serviços de qualidade e prestar bom
atendimento ao cliente, além de cumprir compromissos com fornecedores, são hoje
exigências das quais a empresa não pode fugir.
Não subornarás
Nas relações do setor privado com o setor publico, o suborno tem sido uma das praticas
mais em evidência, seja para vender licitação de obras, livrar-se de multas ou obter
vantagem em negociação.
Não poluirás
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É crescente a rejeição às firmas que poluem rios e mares, liberam gases poluentes, jogam
lixo em local impróprio, abusam de recursos naturais e não se responsabilizam pelo
destino dos produtos que criam.
Não fraudarás
A fraude é qualificada como falsificação, adulteração, contrabando, abuso de confiança ou
ação praticada de má fé. Os diferentes tipos de fraude podem ser encaixados em diversos
artigos do Código Penal.
Não discriminarás
Fazer discriminação de raça, preferência sexual ou de deficiência, na hora de contratar e
promover, e tratar de forma desigual homens e mulheres ainda é a regra em muitas firmas.
“O valor profissional deve acompanhar-se de um valor ético para que exista uma
integral imagem de qualidade” SÁ (1998, p.127). Na atualidade, os profissionais
conscientes de seu dever ético estão no foco das atenções das grandes organizações, como
afirma Ching (2006, p.110) “No mundo globalizado, não são somente seus conhecimentos
práticos e sua formação acadêmica que contam pontos. Saber o verdadeiro significado da
ética profissional é um dever de todo funcionário, chefe ou encarregado”. Portanto, são
extremamente valorizados aqueles profissionais que apresentam características de uma
postura ética. Whitaker (2003, p.124), define as características do profissional ético:
decisão que envolva conceitos de ética, não se pode deixar de considerar que sempre
existirá a dualidade: ser humano e empresa. Segundo Sá (1998, p.157) “... A conduta
humana pode sofrer os efeitos da ambiência institucional, mas não pode excluir a vontade
ética, a ação mesmo que em nome da instituição, será sempre uma ação humana, com
responsabilidade perante a ética”.
Podemos entender, deste modo, que a ética no ambiente profissional, assim como
na sua aplicação nas questões cotidianas, está profundamente ligada às atitudes e aos
valores morais de cada pessoa e também é concomitantemente influenciada pelos aspectos
ligados ao ambiente externo, logo, o pensamento ético individual não exclui a influência
externa, mas de acordo com a situação uma forma de pensar pode sobressair sobre a outra.
2. CONCLUSÃO
No nosso pequeno mundo, nas nossas pequenas atitudes. Não é preciso estar numa
posição de destaque social para refletir sobre a moral e criar conceitos éticos. Esta é uma
característica das organizações humanas e não simplesmente de quem está no topo. Assim,
temos papel expressivo no que tange a ética e somos construtores da mesma. Esta, por ser
própria das organizações sociais, pode contribuir para fundamentar ou reforçar certos
comportamentos.
As pessoas são obrigadas a viver em sociedade independentemente de suas
diferentes crenças e valores, e ainda quanto aos conflitos de interesses que estas diferenças
possam provocar. O objetivo da ética é exatamente entender os conflitos existentes entre as
pessoas, buscando seus motivos, estabelecendo assim tipos de comportamento que
permitam o convívio em sociedade.
A sociedade contemporânea cobra das empresas uma atuação responsável e o
consumidor atual tem consciência da efetividade de seus direitos. Portanto, exige das
empresas uma nova postura que exponha suas reais preocupações com questões sociais.
Um dos campos mais carentes, constatado na atual sociedade, refere-se à ética profissional,
devido o fato de passarmos grande parte de nosso dia, no ambiente corporativo, onde se
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desenvolve em uma sucessão de escolhas e da prática de virtudes, que nada mais são do
que os valores transformados em ação.
A ética empresarial fortalece uma empresa, melhorando a sua reputação e tendo
também um impacto positivo nos seus resultados. Uma empresa que cumpra determinados
padrões éticos vai crescer, e vai favorecer a sociedade, os seus fornecedores, clientes,
funcionários, sócios e até mesmo o governo. A ética empresarial é uma prática essencial de
uma empresa, assim como a responsabilidade social e responsabilidade socioambiental.
Um dos grandes benefícios da ética empresarial é que ela é reconhecida e
valorizada pelo cliente, sendo estabelecida uma relação de confiança. Essa relação, baseada
na satisfação do cliente, vai originar lucro para a empresa, ajudando a que ela cumpra os
seus objetivos. No entanto, a confiança com o cliente é uma coisa que demora algum
tempo a conseguir, e pode ser perdida com algum erro cometido a nível empresarial.
A ética empresarial é a razão de ser de uma empresa, e as empresas que não
funcionam de forma ética, por exemplo, tentando ganhar dinheiro fácil enganando os
clientes, estão condenadas ao fracasso.
As empresas de sucesso e em crescimento são empresas que têm uma forte noção
de responsabilidade social, criando muitas vezes programas para essa área. A
responsabilidade social é um fruto do comportamento ético, e demonstra que a empresa se
importa que é solidária e que não tem medo de se comprometer com causas sociais. Assim,
ética e responsabilidade social muitas vezes andam de mãos dadas, e são uma estratégia de
expansão de negócios.
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