Componente curricular: Introdução ao Estudo do Direito (IED) - D1
Professor: Airton Ribeiro da Silva Júnior Discente: Lucas Teixeira Cavalcante Pacheco
Fichamento do livro “Conceito e Validade do Direito”
O jurista alemão Robert Alexy, em seu livro “Conceito e Validade do direito”,
identifica como a principal problemática acerca do conceito de direito a relação entre validade e moral. Derivando dessa relação surgem os posicionamentos positivistas e não positivistas. A visão do positivismo jurídico defende a tese da separação, que nega uma relação necessária entre validade e moral. Já o não positivismo afirma que há sim uma conexão entre moral e direito levando em conta também os conceitos de legalidade conforme ordenamento e eficácia social. Alexy, ao decorrer do livro, discute essa relação apresentando argumentos positivistas e apontando suas falhas a fim de construir um conceito de direito conforme os critérios moralistas não positivistas. Antes de começar a apresentação dos argumentos, Robert pontua que derivam do positivismo diversas formas de pensamento a respeito do direito que variam de acordo com a importância que dão ao que ele define como os elementos constitutivos do direito, sendo esses: legalidade conforme ordenamento, eficácia social e correção material, porém com a exclusão do último, uma vez que a base do pensamento positivista é a sua segregação. O autor destaca a combinação positivista do “observador e do participante”. A perspectiva do observador, é a daquele que, como cidadão, jurista e etc, procura argumentos que sejam a favor ou contrários aos institutos jurídicos vigentes, investigando como de fato se decide. Já a perspectiva do participante ou de quem participa da elaboração do direito, que Alexy centra na persona do juiz, tem três argumentos: o da correção, da injustiça e dos princípios. Um ponto relevante do livro é quando Robert faz referência a duas espécies diferentes de conexão entre direito e moral, uma de função classificadora, que ocorre “quando se afirma que normas ou sistemas normativos que não satisfazem determinado critério moral, por razões conceituais ou normativas, não são normas jurídicas nem sistemas jurídicos” e outra qualificadora que se dá no momento quando se postula que normas de direito ou sistemas jurídicos que não obedeçam “determinado critério moral, embora possam ser normas jurídicas ou sistemas jurídicos, são, por razões conceituais ou normativas, normas jurídicas ou sistemas jurídicos juridicamente defeituosos”. Alexy pontua que a solução para resolver normas ou sistemas problemáticos se dá por um mecanismo de correção. “A conexão necessária entre o direito e a moral correta é assegurada pelo fundamento de que a pretensão de correção envolve uma pretensão ao aperfeiçoamento moral que se amplia aos princípios que são assumidos como base.” No 3° capítulo do livro, o jurista afirma que aos 3 elementos do conceito de direito, antes já definidos, correspondem à 3 conceitos de validade da norma jurídica: o sociológico (correspondente a eficácia social), o ético (correspondente a correção material) e o conceito jurídico (correspondente a legalidade conforme o ordenamento). O conceito sociológico de validade, ou validade social, ocorre quando uma norma é observada ou quando sua não observância implica punição. Sendo assim, a norma pode ser observada de diversas formas, e sua não observância pode ser punida em medidas diferentes. O conceito ético de validade, ou validade moral, implica que a norma só é moralmente válida quando essa moral é justificada. A validade moral, por ter fundamento no direito natural, valida uma norma tomando como base apenas sua correção material. Já o conceito jurídico de validade é o único que não é puro, ou seja, ele depende dos objetos dos outros conceitos de validade. Uma norma não poderá ser considerada válida juridicamente se não for sociologicamente válida, ou seja, se não demonstrar o mínimo de eficácia social. Se o conceito jurídico agregar somente a eficiência de uma lei para validá-la, esse conceito será positivista. Porém, se, além da validade social, o conceito jurídico considerar a validade moral, ele se torna um conceito não positivista de validade jurídica. Alexy também afirma que apesar da validade jurídica incluir os outros conceitos de validade ela possui características próprias e independentes das outras, segundo ele, a norma será juridicamente válida se for promulgada por um órgão competente, de acordo com a forma prevista e se não infringir um direito superior. Para Robert, todo e qualquer sistema normativo, para ser considerado sistema jurídico, precisa formular uma pretensão à correção. Porém, quando essa pretensão deixa de ser cumprida o sistema passa a ser injusto. Sendo assim, uma norma jurídica individualmente considerada injusta sempre poderá ser declarada inválida, perdendo o seu caráter jurídico.