Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 803
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
DE DEVERES DE LEALDADE POR UM DOS GRUPOS –
CONCORRÊNCIA ILÍCITA E DESVIO DE OPORTUNIDA-
DES NEGOCIAIS – GRAVES DANOS À SOCIEDADE –
AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL – LEGITIMAÇÃO
EXTRAORDINÁRIA (POR SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL)
DO SÓCIO DO OUTRO GRUPO – INTELIGÊNCIA DOS
ARTS. 116, 117 E 246 DA LEI DAS S/A.
Por meio de seus mui ilustres advogados, Drs. Ana Luisa Porto
Borges, Rafael Villac Vicente de Carvalho e José Nantala Bádue Freire, inte-
grantes do renomado escritório “Peixoto & Cury Advogados”, a Consulente
CLD COMPANIA LOGÍSTICA DE DISTRIBUCIÓN SOCIEDADE ANÓNIMA (“CLD” ou “Con-
sulente”) submete à nossa análise cópias integrais dos autos da ação de
responsabilidade civil que – na condição de sócia da Bracenter Centro Bra-
sileiro de Armazenagem e Distribuição Ltda. (“Bracenter” ou “Sociedade”)
e agindo em juízo como substituto processual desta – propôs contra Com-
panhia Bandeirantes de Armazéns Gerais (“Bandeirantes”) e Patys Giallos
S/A (“Patys”), perante o V. Juízo de Direito da 2ª Vara Empresarial e Con-
flitos de Arbitragem do Foro Central da Comarca da Capital (proc. n°
1034953-37.2018.8.26.0100). Solicita assim a Consulente o nosso parecer
sobre a sua legitimação extraordinária para propor a ação de responsabi-
lidade civil em nome próprio e em benefício da Sociedade e, para tanto,
apresenta a consulta a seguir transcrita, acompanhada dos pertinentes
quesitos, a saber:
1
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 804
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
CONSULTA
2
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 805
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
mover negócios expressamente vedados (pela lei e pela convenção exis-
tente entre as partes), e, por esse modo, estava a desviar oportunidades de
negócios para a sociedade concorrente, em claro prejuízo da Sociedade.
3
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 806
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
lente não poderia atuar como substituta processual, in verbis:
4
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 807
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
9. Expostos assim os fatos relevantes para a causa, a Consulente
formula os seguintes quesitos:
5
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 808
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
PARECER
6
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 809
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
14. O poder de controle, como se sabe, é, antes de tudo, um fenô-
meno social, que se qualifica como fato jurídico, elemento fundamental da
economia societária, e não uma criação originária da ciência jurídica. Isto
porque, com ou sem o seu reconhecimento legislativo, continua a preexis-
tir(1).
(1)
Conforme bem notaram os ilustres autores do Anteprojeto da Lei das S/A, “o poder de
controle é poder de fato, e não poder jurídico (...). O poder de controle da companhia não é
poder jurídico contido no complexo de direitos da ação” (ALFREDO LAMY FILHO e JOSÉ LUIZ
BULHÕES PEDREIRA, Direito das companhias, 2a ed. RJ: Forense, 2017, § 238, pp. 600-601).
(2)
Cf., por todos: FÁBIO KONDER COMPARATO, Função social dos bens de produção, ‘in’
Direito empresarial: estudos e pareceres, 1ª ed. – 2ª tir. SP: Saraiva, 1995, pp. 35-37. Ainda
segundo o mesmo autor, “uma das mais sentidas lacunas de nossa ordenação jurídica, até a
promulgação da nova lei acionária, consistia justamente na falta de previsão de limites rigo-
rosos para o exercício do controle societário, na medida em que esse fenômeno social havia
sido descurado, quase que totalmente, na visão do legislador, ou concebido como realidade
menos honesta, numa democracia acionária próxima da ilusão comunitária” (O poder de
controle na sociedade anônima, 3a ed. RJ: Forense, 1983, n° 114, p. 294). Ainda do mesmo
autor, cf.: A reforma da empresa, ‘in’ Direito empresarial: estudos e pareceres, cit., p. 18.
Cf. também: CALIXTO SALOMÃO FILHO, Deveres fiduciários do controlador, ‘in’ O novo di-
reito societário, 4a ed. SP: Malheiros, 2011, pp. 193 e segs.; e NELSON EIZIRIK, A Lei das
S/A comentada, vol. II, 2ª ed. SP: Quartier Latin, 2015, p. 226.
7
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 810
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
16.1. Por isso – e por mais intuitivo que seja dizê-lo – não é possível
que, na compreensão das regras legais, se possa prestigiar exegese que, em
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
termos práticos, reduza a eficácia da disciplina sobre o poder de controle,
descure dos interesses tutelados, isente o seu titular dos deveres associa-
dos à sua posição jurídica ou impeça a efetivação das correlatas responsa-
bilidades. Fazê-lo seria negar a própria razão de ser da lei.
(3)
CARLOS MAXIMILIANO, Hermenêutica e aplicação do direito, 21ª ed. RJ: Forense, 2017,
n° 161, p. 139. Acrescentou o grande jurista: “O hermeneuta sempre terá em vista o fim da
lei, o resultado que a mesma precisa atingir em sua atuação prática. A norma enfeixa um
conjunto de providências, protetoras, julgadas necessárias para satisfazer certas exigências
econômicas e sociais; será interpretada de modo que melhor corresponda àquela finalidade e
assegure plenamente a tutela dos interesses para a qual foi regida” (op. et loc. cits.). Cf. ain-
da sobre o ponto: GIUSEPPE LUMIA, Elementos de teoria e ideologia do direito – trad. Denise
Agostineti, SP: Martins Fontes, 2003, n° 24, pp. 79-80.
(4)
É essa a relevantíssima tarefa do jurista contemporâneo, conforme adverte lucidamente o
excepcional jurista alemão HERBERT WIEDEMANN: “Enquanto a jurisprudência e a doutrina
apenas se sentirem instadas a examinar unicamente a legalidade extrínseca, não porém a
justiça substancial dos mecanismos jurídicos, as possíveis conexões legais existentes per-
manecem subutilizadas” (Gesellschaftsrecht, Band 1 – Grundlagen, München: C. H. Beck,
1980, § 8 II, p. 425; no original: “Solange Rechtsprechung und Wissenschaft sich nur beru-
fen fühlen, die äußere Legalität, nicht jedoch die innere Sachgerechtigkeit privatrechtlicher
Gestaltungen nachzuprüfen, bleiben auch vorhandene gesetzliche Anknüpfungsmöglichkei-
ten ungenutzt”).
8
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 811
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
19. A Bracenter, como antes já foi destacado, é sociedade empre-
sária que adota a forma (ou tipo societário) de sociedade limitada (CC,
arts. 983 e 1.052) e que, por força da modelagem negocial imprimida pelas
partes no contrato social, se rege supletivamente pelas normas da socie-
dade anônima (CC, art. 1.053, par. ún.), in verbis:
(5)
A regra é de legitimação extraordinária sob a forma de substituição processual (por todos,
cf.: CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO, Sociedades anônimas e legitimidade dos minoritários:
questões processuais, ‘in’ Processo civil empresarial, SP: Malheiros, 2010, pp. 602 e segs.).
(6)
Cuida-se de regra geral de substituição processual aplicável a ação contra sociedade con-
troladora ou controlador isolado (cf.: FÁBIO KONDER COMPARATO e CALIXTO SALOMÃO FI-
LHO, Poder de controle na sociedade anônima, 6ª ed. RJ: Forense, 2014, nº 118, p. 332; AL-
FREDO SÉRGIO LAZZARESCHI NETO, Lei das Sociedades por Ações anotada, vol. II, 5ª ed.
SP: Societatis edições, 2017, nota 246-1, p. 1.086; DANIEL DE AVILA VIO, Grupos societá-
rios, SP: Quartier Latin, 2016, n° 6.3.1, p. 278; FRAN MARTINS, Comentários à Lei das Soci-
edades Anônimas, vol. 3, 2a ed. RJ: Forense, 1985, pp. 270-271; GABRIEL SAAD KIK BUS-
CHINELLI e RAFAEL HELOU BESCIANI, Aspectos processuais da ação de responsabilidade do
controlador movida por acionista titular de menos de 5% do capital social (art. 246, § 1°,
‘b’, da Lei 6.404/76), ‘in’ Processo societário II – coords. Flavio Luiz Yarshell e Guilherme
Setoguti J. Pereira,, SP: Quartier Latin, 2015, p. 270; JOSÉ EDWALDO TAVARES BORBA, Di-
reito societário, 8ª ed. RJ: Renovar, 2003, n° 198, p. 517; e SÉRGIO CAMPINHO, Curso de
sociedade anônima, RJ: Renovar, 2015, n° 19, p. 493; dentre tantos outros).
9
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 812
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
a) a acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais
do capital social;
b) a qualquer acionista, desde que preste caução pelas custas e
honorários de advogado devidos no caso de vir a ação ser jul-
gada improcedente.
§ 2°. «omissis» ”
(7)
Cf.: MARCELO VIEIRA VON ADAMEK, Responsabilidade civil dos administradores de S/A e
as ações correlatas, 1a ed. – 2a tir SP: Saraiva, 2010, n° 7.6, p. 408; EGBERTO LACERDA
TEIXEIRA e JOSÉ ALEXANDRE TAVARES GUERREIRO, Das sociedades anônimas no direito
brasileiro, vol. 2, SP: Bushatsky, n° 245, p. 711; NELSON EIZIRIK, A Lei das S/A comentada,
vol. IV, cit., p. 261; CARVALHOSA/KUYVEN, Tratado de direito empresarial, vol. 3: Socie-
dades anônimas, 2a ed. SP: RT, 2018, n° 8.11, p. 588; ALFREDO SÉRGIO LAZZARESCHI NE-
TO, Lei das Sociedades por Ações anotada, vol. II, cit., nota 246-2c, p. 1.089; DANIEL DE
AVILA VIO, Grupos societários, cit., n° 6.3.2, p. 281; GABRIEL SAAD KIK BUSCHINELLI e
RAFAEL HELOU BESCIANI, Aspectos processuais da ação de responsabilidade do controla-
dor..., cit., pp. 261-264; JOSÉ WALDECY LUCENA, Das sociedades anônimas: comentários à
lei, vol. 3, RJ: Renovar, 2012, p. 742; e SÉRGIO CAMPINHO, Curso de sociedade anônima,
cit., n° 19.5, p. 493. Na jurisprudência, cf.: STJ, REsp 16.410-SP, 4a Turma, Rel. Min.
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, v.u., j. 14.12.1992, DJ 16.05.1994, RSTJ 59/221.
(8)
É verdade que, certa feita, se afirmou que se “aplica por analogia a norma do art. 159 da
Lei n° 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas) à ação de responsabilidade civil contra os
acionistas controladores de companhia por danos decorrentes de abuso de poder” (STJ, REsp
1.214.497-RJ, 4a T., Rel. Min. RAUL ARAÚJO, m.v., j. 23.09.2014, DJ 06.11.2014), mas, len-
do-se a íntegra do aresto e não apenas a ementa, verifica-se que, em realidade, em tal julga-
do não se decidiu em momento algum que, para propor ação contra o controlador seria ne-
cessária a prévia deliberação; o que se aplicou, analogicamente (se tanto...) naquele caso, foi
a diferenciação, que o art. 159 da Lei das S/A enuncia, entre as ações individual e social, e
os distintos legitimados para cada qual. De mais a mais, no caso, a Bracenter é sociedade
limitada com capital dividido entre dois blocos iguais, em que, portanto, até para a ação con-
tra administrador a deliberação seria dispensável (cf.: STJ, REsp 736.189-RS, 4a Turma, Rel.
Min. NANCY ANDRIGHI, v.u., j. 06.12.2007, DJ 18.12.2007).
10
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 813
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
al”. Consequentemente, pode a ação ser proposta não só pela minoria, mas,
tal como sucede na espécie, até por quem integra o bloco de controle, des-
de que ao réu se impute a prática de ilícitos individualmente praticados
(no caso, apropriação de oportunidade negocial e concorrência ilícita).
26. A nosso ver, com todas as vênias, houve aí certa confusão en-
tre os conceitos de maioria, de um lado, e poder de controle, de outro.
11
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 814
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
27.1. O art. 116 da Lei das S/A, como se sabe, define o controlador
como “a pessoa natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por
acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) é titular de direitos de só-
cio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deli-
berações da Assembleia Geral e o poder de eleger a maioria dos adminis-
tradores da companhia; e b) usa efetivamente seu poder para dirigir as
atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia”.
27.2. Portanto, de acordo com esse conceito legal – que foi pratica-
mente repetido no art. 243, § 2°, da Lei das S/A, para a sociedade contro-
ladora, e no art. 1.098, I, do Código Civil(9) – “a pessoa ou grupo de pessoas
somente é acionista controlador quando coexistem quatro requisitos: (a) é
titular de direitos de sócio que lhe assegurem, (b) de modo permanente,
(c) a maioria dos votos nas deliberações da Assembleia Geral e o poder de
eleger a maioria dos administradores da companhia e (d) usa efetivamente
seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos
órgãos da companhia”(10).
(9)
Com pequenas diferenças: no art. 243, § 2°, da LSA e no art. 1.098, I, do CC não se men-
ciona a exigência de uso efetivo do poder.
(10)
ALFREDO LAMY FILHO e JOSÉ LUIZ BULHÕES PEDREIRA, Direito das companhias, cit., §
237, p. 591.
12
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 815
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
28.2. Diz-se, outrossim, que o controle é conjunto porque é exercido
por duas ou mais pessoas vinculadas por acordo de voto(12), e esse acordo
de voto não precisar sequer ser escrito ou decorrer de um pacto parasso-
cial. Pode ser tácito ou até, como no caso concreto (que versa sobre socie-
dade contratual), resultar – não de um pacto parassocial e sim – do pacto
social, isto é, as regras do contrato de sociedade.
28.3. Sobre esse ponto, são oportunas, como sempre, as boas lições
de Fábio Konder Comparato:
(11)
EDUARDO SECCHI MUNHOZ, Empresa contemporânea e direito societário: poder de con-
trole e grupos societários, SP: Juarez de Oliveira, 2002, p. 226. Com idêntica lição, FÁBIO
KONDER COMPARATO explica que o controle totalitário se faz presente “quando nenhum aci-
onista é excluído do poder de dominação da sociedade, quer se trate de sociedade unipesso-
al, quer se esteja diante de uma companhia do tipo familiar (controle totalitário conjunto).
Em tais hipóteses, a unanimidade é de rigor” (O poder de controle na sociedade anônima,
cit., n° 12, p. 43). É hipótese corrente em joint ventures.
(12)
Cf.: NELSON EIZIRIK, A Lei das S/A comentada, vol. II, cit., p. 228 (pois “embora nenhum
dos signatários do acordo detenha, individualmente, a maioria das ações votantes, a união
das suas ações assegura o controle acionário, mediante o chamado ‘bloco de controle’”).
(13)
FÁBIO KONDER COMPARATO, Acionista controlador, ‘in’ Sociedade anônima: I Ciclo de
conferências para magistrados / Emerj, SP: IBCB, 1993, pp. 45-46. Cf. ainda: LUIZ GASTÃO
PAES DE BARROS LEÃES, Poder de controle, ‘in’ Estudos e pareceres sobre sociedades anô-
nimas, SP: RT, 1989, pp. 277-278.
13
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 816
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
Comparato – “por que razão várias sociedades não poderiam ser titulares
em conjunto desse mesmo controle, com ou sem acordo de voto explicita-
mente concluído entre elas? Há, pergunta-se, alguma razão jurídica para se
admitir que várias pessoas físicas exerçam conjuntamente o controle de
uma companhia isolada, e para se negar que várias sociedades possam
exercer, em conjunto, o controle de outra sociedade?”(14)
28.5. Por fim, a permanência e o uso efetivo desse poder são mais
do que estridentes: não apenas nas últimas três assembleias (se adotado o
tradicional parâmetro da Res. n° 401/1976 do CMN(15)), mas, em realida-
(14)
FÁBIO KONDER COMPARATO, Titularidade do poder de controle e responsabilidade pela
concessão abusiva de crédito, ‘in’ Direito empresarial: estudos e pareceres, cit., p. 69. Em
outro estudo, reforçou: “Na hermenêutica dos textos normativos indicados, verifica-se fa-
cilmente que a omissão do art. 243, § 2°, a respeito do controle conjunto não significa, obvi-
amente, proibição do fenômeno, pela boa razão de que uma situação fática não se proíbe;
valora-se. Na ausência de previsão normativa, não há, pois, vedação do controle conjunto
em matéria de grupos societários. Estamos diante de simples lacuna, desde logo preenchida
pelo recurso à definição geral do art. 116” (Controle conjunto, abuso no exercício do voto
acionário e alienação indireta de controle empresarial, ‘in’ Direito empresarial..., cit., p.
83). Cf. ainda no mesmo sentido: GUILHERME DÖRING CUNHA PEREIRA, Alienação do poder
de controle, SP: Saraiva, 1995, n° 12, p. 20; e RODRIGO R. MONTEIRO DE CASTRO, Controle
gerencial, SP: Quartier Latin, 2010, n° 3.3.1, p. 79 – frisando que “o controle totalitário
conjunto se revela, igualmente, em joint ventures, cuja estrutura de capital aponte para
uma igualdade ou quase igualdade de contribuições (...). Neste modelo, contribuem para a
joint venture o mesmo capital, 50% cada um (...) Qualquer que seja o quórum previsto para
as deliberações, está-se, de fato, diante de situação de controle totalitário conjunto”.
(15)
Na medida em que a Lei das S/A refere-se ao critério, mas não fixa “os contornos do que
se deva entender como ‘permanente’, pode ser seguido o parâmetro estabelecido por ocasião
da edição da Resolução n° 401/1976, do Conselho Monetário Nacional, hoje revogada” e
que “considerava como controlador o acionista titular de ações que assegurassem a maioria
absoluta dos votos dos acionistas presentes nas 3 (três) ultimas assembleias gerais” (NELSON
EIZIRIK, A Lei das S/A comentada, vol. II, cit., p. 227). Cf. no mesmo sentido: MODESTO
CARVALHOSA, Comentários à Lei de Sociedades Anônimas, 2° vol., 3a ed. SP: Saraiva, 2003,
pp. 488-489; HAROLDO MALHEIROS DUCLERC VERÇOSA, Curso de direito comercial, vol. 3,
SP: Malheiros, 2008, n° 8.3.2.1.5.3, p. 271; JOSÉ WALDECY LUCENA, Das sociedades anô-
nimas: comentários à lei, vol. 1, RJ: Renovar, 2009, p. 1.081; ROBERTO PAPINI, Sociedade
anônima e mercado de valores mobiliário, 4a ed. RJ: Forense, 2004, n° 13.4.1, p. 179; e
SÉRGIO CAMPINHO, Curso de sociedade anônima, cit., n° 10.3, pp. 276-277.
14
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 817
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
28.6. A bem dizer, a única vez em que em assembleia surgiu algum
impasse a obstar o processo deliberativo, segundo revelam os documentos
societários apresentados, foi justamente quando se procurou debater as
medidas apropriadas para responsabilizar o Grupo Bandeirantes – o que,
no entanto, não modifica o passado e não desqualifica retroativamente o
controle comum exercido ao longo de anos(16), e muito menos o controle
conjunto que depois disso continuou a ser exercido, inclusive com a subse-
quente eleição de administradores da Sociedade de comum acordo.
(16)
Além de as deliberações terem sido tomadas sempre de forma convergente, os adminis-
tradores foram sempre escolhidos por consenso, respeitando-se as indicações que cada gru-
po fez. Não houve sequer impasse, embora até este, se tivesse existido (e nunca existiu, se-
gundo informa a Consulente), não seria de molde a descaracterizar o controle, pois – a cons-
tatação é irrefragável – até mesmo não deliberar é, pois, manifestação de um poder... de ve-
to, e a omissão seria então fruto de ambos.
15
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 818
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
acionista controlador devem ser aplicadas a cada um e a todos
os seu membros, de forma individual e conjunta.
(17)
LAURA AMARAL PATELLA, Controle conjunto nas companhias brasileiras: disciplina
normativa e pressupostos teóricos, SP: USP (Tese), 2015, p. 310. Acrescenta a estudiosa:
“Além da disciplina do art. 117, os deveres e responsabilidades imputados ao controlador
pela regra geral do art. 116, parágrafo único, também são exigíveis integralmente de todos e
de cada um dos acionistas controladores. Segundo esse enunciado, o acionista controlador –
novamente no singular e, portanto, todos e cada um dos membros do controle conjunto –
deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função
social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que
nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve leal-
mente respeitar e atender. A rigor, se exigirá do grupo a atuação conjunta para cumprir o ob-
jeto social e a função social da companhia, e respeitar os interesses dos demais acionistas,
16
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 819
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
31. Uma vez mais, é preciso aqui não perder de vista os interesses
tutelados e os fins a que se destinam as regras envolvidas neste segmento.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
31.1. É que, a vingar o entendimento adotado em primeira instância,
ter-se-á a inefetividade absoluta das regras societárias e, o que é pior, uma
situação de evidente prejuízo não só à sociedade e ao sócio, mas de todos
aqueles cujos interesses gravitam em torno da empresa (LSA, art. 11,6,
par. ún.).
31.3. De mais a mais, não se pode perder de vista que, no caso con-
creto, está-se a tratar de uma sociedade limitada, em que a própria dinâ-
mica societária se processa ao largo dos formalismos extremados próprios
das sociedades anônimas(18) e diante da qual o próprio comportamento
dos trabalhadores e da comunidade. Qualquer abuso ou desvio, no entanto, pode ser imputa-
do a qualquer dos controladores, eis que titulares desses deveres em sua integralidade, e não
de forma fracionada” (op. cit., p. 268). Cf. ainda: JOSÉ EDWALDO TAVARES BORBA, Direito
societário, cit., n° 198, p. 517 (anotando: “quando várias pessoas exercem, em conjunto, o
controle, todas serão consideradas controladoras e terão idênticas responsabilidades”).
(18)
Cf. sobre o ponto: STJ, REsp 736.189-RS, 4a Turma, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, v.u., j.
06.12.2007, DJ 18.12.2007; e STJ, REsp 1.138.101-RS, 3a Turma, Rel. Min. LUIS FELIPE
SALOMÃO, v.u., j. 06.10.2009, DJe 19.10.2009 – em que, embora versando tema correlato,
foi feito um mui pertinente registro: “em relação à responsabilização do sócio-administrador
por atos praticados em detrimento da sociedade limitada, formada apenas por dois sócios,
cada qual 50% da participação societária, faz-se necessária a realização de uma interpretação
sistemática do Decreto 3.708/19 com a Lei 6.404/76, a fim de permitir o acesso à justiça da
pessoa jurídica, maior prejudicada pelos atos alegadamente imputados pelo autor aos re-
corridos”.
17
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 820
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
vida a sua condição de co-controlador e, por esse metro, a legitimação para
figurar no polo passivo, como, ademais, ele próprio apresentou em nome
próprio pedido reconvencional... em favor da Sociedade; vale dizer, o outro
co-controlador também manejou a ação prevista no art. 246 da Lei das
S/A! Qual, então, a celeuma?
(19)
É que explica KARSTEN SCHMIDT, festejado societarista alemão e eminente Professor da
Universidade de Bonn: “O contrato social é interpretável. A interpretação inicia-se, como
em qualquer contrato, pelo teor literal de sua convenção. Antes do teor literal, no entanto,
têm precedência: a efetiva compreensão por parte dos participantes (BGHZ, 20, 109, 110 =
NJW 1956, 665; BGH NJW 1996, 1678, 1679) e o costume efetivo e concordante do parti-
cipante. Decide o contrato vivido” (Münchener Kommentar zum Handelgesetzbuch, Band 2:
Handelsgesellschaften und stille Gesellschaft, 2ª ed. München: C.H. Beck/Vahlen, 2006,
§105, 149, p. 59); no original: “Das Gesellschaftsvertrag ist auslegungsfähig (...). Die Aus-
legung beginnt, wie bei jedem Vertrag, mit dem Worlaut des Vereinbarung. Vorrang vor
dem Wortlaut haben aber: das tatsächliche Verständnis aller Beteiligten (BGHZ, 20, 109,
110 = NJW 1956, 665; BGH NJW 1996, 1678, 1679) und die tatsächliche einverständliche
Übung des Beteiligten. Es entscheidet der gelebte Vertrag”. Cf. do mesmo autor: Gesell-
schaftsrecht, 4ª ed. Köln Carl Heymanns, 2002, § 5 I 4, p. 91. Cf. ainda a respeito: REIN-
HARD SCHAMBERGER, Die Auslegung von Gesellschafsverträgen, Wien: Verlag Österreich,
2018, pp. 80-81; e, no direito pátrio, ERASMO VALLADÃO A. E N. FRANÇA, A conduta dos
associados como regra de interpretação dos estatutos de uma associação, ‘in’ Temas de di-
reito societário, falimentar e teoria da empresa, SP: Malheiros, 2009, p. 181.
18
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 821
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
159);
19
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 822
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
a exata compreensão que os sócios têm do regramento
societário da Bracenter, que afinal é uma sociedade do
tipo contratual, bem diversa de uma típica companhia;
20
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 823
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
R: Não, de forma alguma. Em realidade, desconhece-se
qualquer pronunciamento da doutrina ou da jurispru-
dência (com exceção de uma imprecisa ementa, que se-
quer reflete o real conteúdo da decisão) no sentido de
que, para a propositura de ação de responsabilidade ci-
vil contra controlador seria necessária prévia delibera-
ção assemblear. A diferenciação que se faz, porém, en-
tre a ação social e a ação individual de responsabilidade
civil contra administrador, a partir da titularidade do
patrimônio diretamente atingido, essa sim é a mesma
que se pode fazer no âmbito das ações contra controla-
dor, até porque, em realidade, ela se funda em parâme-
tros gerais de responsabilidade civil e na distinção que
se faz entre danos diretos e indiretos. No caso, todavia,
toda essa discussão é absolutamente anódina, pois não
há dúvida que a Consulente reclama, em benefício da
Sociedade, a reparação de danos diretamente experi-
mentados no patrimônio social.
21
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440
fls. 824
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
_____________________________________________________________________________________________________
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.
tornar efeitos direitos e responsabilidades próprias de
quem exerce poder que se funda na propriedade de
bens alheios e que, afinal, deve respeitar e zelar pelos
interesses juridicamente protegidos de terceiros. Dian-
te de um claro quadro de controle totalitário conjunto,
o pior cenário seria o de promover, em termos práticos,
a completa irresponsabilidade de tais agentes, por falta
de remédio processual apropriado e eficaz.
22
É o nosso parecer, s.m.j.
23
_____________________________________________________________________________________________________
Prof. Dr. MARCELO VIEIRA VON ADAMEK
fls. 825
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA LUISA PORTO BORGES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 12/02/2019 às 16:55 , sob o número WJMJ19401709440 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1034953-37.2018.8.26.0100 e código 675030A.