Você está na página 1de 12

RESUMO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO


- Disciplina autônoma
- Sistemas de ideias gerais
- Finalidades pedagógicas
- Não cria o saber, apenas recolhe das disciplinas jurídicas
- Filosofia do direito, ciência do direito, sociologia jurídica, história do direito e
direito comparado
- Caráter descritivo e pedagógico
- Não consiste na elaboração cientifica do mundo jurídico
- O conteúdo desenvolvido não é de domínio próprio
- Especificidade: sistematização dos conhecimentos gerais

OBJETO DA IED
- Fornecer visão global do direito: examina o objeto de estudo dos principais
ramos do direito.
- Conceitos gerais: aplicados em todos os ramos do direito
- Fato jurídico, relação jurídica, lei, justiça, segurança jurídica.
- Conceitos específico: fogem da finalidade da disciplina, pois trata de assuntos
específicos de outras disciplinas
- Mar territorial, crime, hipoteca, aviso prévio, desapropriação
- Técnica jurídica
- Não versa o teor de normas jurídicas: não define em conformidade da lei
- Disciplina de natureza epistemológica
- Expressa uma teoria da ciência jurídica
- Objeto triplo: conceitos gerais do direito, visão de conjunto do direito e
lineamentos da técnica jurídica

IMPORTÂNCIA DA IED
- Funciona como elo entre a cultura geral e específica do direito
- Disciplina propedêutica
- Ministra noções essenciais a formação de uma consciência jurídica, descortina
os horizontes do direito pelos estudos dos conceitos jurídicos fundamentais
- Desenvolvimento do raciocínio logico a ser aplicado nos campos específicos
do conhecimento jurídico.

OUTROS SISTEMAS DE IDEIAS GERAIS DO DIREITO


Filosofia do direito:
- Formula o conceito do Jus e de analisar as instituições jurídicas no plano do
ver ser
- Leva em consideração a condição humana, a realidade objetiva e os valores
justiça e segurança
- Maturidade no saber jurídico é indispensável a quem pretende estudar a
scientia altior do direito.
- A importância do seu estudo é patente,

Teoria geral do direito


- Surge como reação ao caráter abstrato e metafisico da filosofia jurídica
- Índole positiva
- Adota subsídios lógicos
- Apresenta conceitos uteis a compreensão de todos os ramos do direito
- Seu objeto consiste na análise e conceituação dos elementos estruturais e
permanentes do direto, como suposto e disposição na norma jurídica, coação,
relação jurídica, fato jurídico, fontes formais.
- É o estudo das condições intrínsecas do fenômeno jurídico
- Fundamentos, valores e conteúdo fático do direito
- Surgiu no século XIX e alcançou o seu maior desenvolvimento na Alemanha
sendo denominada de Allgemeine Rechtlehre
- Principais representantes: Adolf Merkel, Berbohm, Bierling, Binding e felix
Somló

Sociologia do direito
- Estudo das relações entre a sociedade e o direito
- Não oferece visão global do direito
- Não estuda elementos instrumentais e constitutivos
- Não cogita do problema de sua fundamentação
- Seu objeto não esta inteiramente definido e seus principais cultores procuram
formar, entre si, um consenso

Enciclopédia jurídica
- Da uma visão do que a disciplina pretende objetivas: encyclios paidenia
correspondia a um conjunto variado de conhecimentos indispensáveis para a
formação cultural do cidadão grego
- Seu objeto é a formulação da síntese de um determinado sistema jurídico,
mediante apresentação de conceitos, classificações, esquemas, acompanhado de
numerosa terminologia.
- Conteúdo próprio
- Procura resumir as conclusões da ciência do direito
- Caracterizada pelo método de exposição dos assuntos, ao dividi-los em
categorias, rubricas, e a tentativa de reduzir o saber jurídico a fórmulas e
esquemas lógicos.
CAPÍTULO 2

DISCIPLINAS JURÍDICAS

- Favorecem a ampla compreensão do fenômeno jurídico


- Se dividem em fundamentais e auxiliares:
Fundamentais: ciência do direito, filosofia do direito e sociologia do direito
Auxiliares: história do direito e direito comparado
- A compreensão plena de nossa ciência exige o conhecimento anterior do homem e
da sociedade
- Normas jurídicas são estabelecidas de acordo com a natureza humana, em função
de seus interesses e sofrem influência das condições culturais, econômicas e morais
do meio social
- Importância do estudo da natureza humana para o conhecimento do direito

Disciplinas Jurídicas Fundamentais


Ciência do direito:
- Conhecida como dogmática jurídica
- Aborda o direito Direito vigente em determinada sociedade e as questões relativas
à sua interpretação e aplicação.
- Seu papel é revelar o ser do Direito, aquele que é obrigatório, que se acha posto à
coletividade
- Se localiza nas leis e nos códigos.
- Não é de natureza crítica
- É irrelevante a qualquer consideração sobre o valor justiça
- Sua função é definir e sistematizar o conjunto de normas que o Estado impõe à
sociedade.
- Sua visão é limitada, fenomênica, não suficiente para revelar ao espírito o
conhecimento integral do Direito, cuja majestade não decorre apenas das leis, mas
do seu significado, da importância de sua função social, dos valores espirituais que
consagra e imprime às relações interindividuais.
- A expressão Ciência do Direito é usada em sentido amplo como referência à
totalidade dos estudos desenvolvidos sobre o Direito.

Filosofia do Direito
- Transcende o plano meramente normativo, para questionar o critério de justiça
adotado nas normas jurídicas.
- Disciplina de reflexão sobre os fundamentos do Direito.
- Preocupação com o dever ser, com o melhor Direito, com o Direito justo, é
indispensável que o jusfilósofo conheça tanto a natureza humana quanto o teor das
leis.
- Seu objeto envolve uma pesquisa lógica, pela qual se investiga o conceito do
Direito em seus aspectos mais variados e complexos, e outra de natureza axiológica
que desenvolve a crítica às instituições jurídicas, sob a ótica dos valores justiça e
segurança.
- Conhecimento científico, filosófico do direito (se obtêm pela seleção e emprego de
métodos adequados de pesquisa) e conhecimento vulgar (que é elementar,
fragmentário e resulta da experiência, é adquirido pela vivência e participação na
dinâmica social)
Sociologia do Direito
- Busca a mútua convergência entre o Direito e a sociedade.
- É a disciplina que examina o fenômeno jurídico do ponto de vista social, a fim de
observar a adequação da ordem jurídica aos fatos sociais.
- As relações entre a sociedade e o Direito podem ser investigadas sob os seguintes
aspectos principais:
a) adaptação do Direito à vontade social;
b) cumprimento pelo povo das leis vigentes e a aplicação destas pelas autoridades;
c) correspondência entre os objetivos visados pelo legislador e os efeitos sociais
provocados pelas leis.
- Seu fundamento está para o desenvolvimento do Direito não está no ato de legislar
nem na jurisprudência ou na aplicação do Direito, mas na própria sociedade.
- Caracterizada por ser um ramo autônomo do conhecimento
- Mantém íntimas relações com todas as ciências sociais, principalmente com a
Ciência do Direito e Filosofia do Direito

Disciplinas Jurídicas Auxiliares


História do Direito
- O Homem se submete os objetos materiais e espirituais a novas formas e
conteúdo, visando ao seu melhor aproveitamento, a sua maior adaptação aos novos
valores e aos fatos da época.
- Corresponde à soma das experiências vividas no passado e no presente.
- A memorização dos acontecimentos jurídicos representa um fator coadjuvante de
informação, para a definição atual do Direito.
- é uma disciplina jurídica que tem por escopo a pesquisa e a análise dos institutos
jurídicos do passado. - O seu estudo pode limitar-se a uma ordem nacional,
abranger o Direito de um conjunto de povos identificados pela mesma linguagem ou
formação, ou se estender ao plano mundial.
- O Direito e a História vivem em regime de mútua influência
- A pesquisa histórica pode recorrer às fontes jurídicas, que tomam por base as leis,
o Direito costumeiro, sentenças judiciais e obras doutrinárias, e às fontes não
jurídicas, como livros, cartas e documentos.
- Segue o método de conjugação do cronológico e sistemático.

Direito Comparado

- Apresenta elementos de validade universal, cujo conhecimento pode contribuir


para o avanço da legislação de outros povos.
- Seu objeto é o estudo comparativo de ordenamentos jurídicos de diferentes
Estados, no propósito de revelar as novas conquistas alcançadas em determinado
ramo da árvore jurídica e que podem orientar legisladores.
- Não se prende apenas às leis e aos códigos.
- Visa:
a) a dar ao estudioso uma orientação acerca do Direito de outros países;
b) a determinar os elementos comuns e fundamentais das instituições jurídicas e
registrar o sentido da evolução destas;
c) a criar um instrumento adequado para futuras reformas.
CAPÍTULO 3

O DIREITO COMO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO SOCIAL

O fenômeno da adaptação humana


- Para alcançar a realização de seus projetos de vida – individuais, sociais ou de
humanidade – o homem tem de atender às exigências de um condicionamento
imensurável: submeter-se às leis da natureza e construir o seu mundo cultural.
- Por dois processos distintos: interna e externamente, se faz a adaptação humana.

Adaptação Interna.
- Também denominada orgânica,
- Esta forma de adaptação se processa através dos órgãos do corpo, sem a
intervenção do elemento vontade.
- Não constitui privilégio do homem, mas um mecanismo comum a todos os seres
vivos da escala animal e vegetal.
A adaptação é essencialmente teleológica.

Adaptação Externa
- Ao homem compete, com esforço e inteligência, complementar a obra da natureza.
As necessidades humanas, não supridas diretamente pela natureza, obrigam-no a
desenvolver esforço no sentido de gerar os recursos indispensáveis.
- Tem um sentido de adaptação, de acomodar os objetos, as ideias e a vida social
às suas inumeráveis necessidades.
- Surge o chamado mundo da cultura, composto de tudo aquilo que ele constrói,
visando a sua adaptação externa: a cadeira, o metrô, uma canção, as crenças, os
códigos etc.
- Esta forma de adaptação é igualmente denominada extraorgânica.

Adaptação e Direito
- A relação entre a sociedade e o Direito apresenta um duplo sentido de adaptação:
de um lado, o ordenamento jurídico é elaborado como processo de adaptação social
e, para isto, deve ajustar-se às condições do meio; de outro, o Direito estabelecido
cria a necessidade de o povo adaptar o seu comportamento aos novos padrões de
convivência.
- O Direito não é, portanto, uma fórmula mágica capaz de transformar a natureza
humana. Se o homem em sociedade não está propenso a acatar os valores
fundamentais do bem comum, de vivê-los em suas ações, o Direito será inócuo,
impotente para realizar a sua missão.
- Direito Natural, que corresponde a uma ordem de justiça que a própria natureza
ensina aos homens pelas vias da experiência e da razão, não pode ser admitido
como um processo de adaptação social.
- Direito Positivo, aquele que o Estado impõe à coletividade, é que deve estar
adaptado aos princípios fundamentais do Direito Natural, cristalizados no respeito à
vida, à liberdade e aos seus desdobramentos lógicos.

O Direito como Processo de Adaptação Social


- O Direito não corresponde às necessidades individuais, mas a uma carência da
coletividade.
- Possui um substrato axiológico permanente, que reflete a estabilidade da “natureza
humana”
- Direito é um engenho à mercê da sociedade e deve ter a sua direção de acordo
com os rumos sociais
- O Direito deve estar sempre se refazendo, em face da mobilidade social
- É indispensável o ser atuante, o ser atualizado
- Na sua missão de proporcionar bem-estar, a fim de que os homens possam
livremente atingir os ideais de vida e desenvolver o seu potencial para o bem, o
Direito não deve absorver todos os atos e manifestações humanas, de vez que não
é o único responsável pelo sucesso das relações sociais.
- A Moral, a Religião, as Regras de Trato Social, igualmente zelam pela
solidariedade e benquerença entre os homens.

A Adaptação das Ações Humanas ao Direito.


- A sociedade cria o Direito e, ao mesmo tempo, se submete aos seus efeitos.
- Em relação aos seus interesses particulares e na gestão de seus negócios, os
homens pautam o seu comportamento e se guiam em conformidade com os atuais
conceitos de lícito e de ilícito.
- As condições ambientais favoráveis à interação social não são obtidas com a pura
criação do Direito.

CAPÍTULO 4

SOCIEDADE E DIREITO

A Sociabilidade Humana
- Examinando o fenômeno da sociabilidade humana, Aristóteles considerou o
homem fora da sociedade “um bruto ou um deus”, significando algo inferior ou
superior à condição humana.

O “Estado de Natureza”
- É na sociedade que o homem encontra o ambiente propício ao seu pleno
desenvolvimento. Qualquer estudo sobre ele há de revelar o seu instinto de vida
gregária.

Formas de interação social e a ação do direito


A Interação Social
- As pessoas e os grupos sociais se relacionam estreitamente, na busca de seus
objetivos.
- Os processos de mútua influência, de relações interindividuais e intergrupais, que
se formam sob a força de variados interesses, denominam-se interação social.
- Na relação interindividual, em que o ego e o alter se colocam frente a frente, com
as suas pretensões, a noção comum dos padrões de comportamento e atitudes é
decisiva à natural fluência do fato.
- A interação social se apresenta sob as formas de cooperação (interação se
manifesta direta e positiva), competição (as partes procuram obter o que almejam) e
conflito (quando não há solução pelo diálogo. interação é direta e negativa.)

O Solidarismo Social
- Baseia seus estudos no pensamento do sociólogo Émile Durkheim, que dividiu as
formas de solidariedade social em “mecânica” e “orgânica”
- Léon Duguit estruturou a sua concepção a partir desse ponto, substituindo, porém,
essas denominações, respectivamente, “por semelhança” e “por divisão do
trabalho”.
- Caracteriza-se pelo fato de que os membros do grupo social conjugam seus
esforços em um mesmo trabalho.
- O Direito se revelaria como o agente capaz de garantir a solidariedade social, seu
fundamento, e a lei seria legítima enquanto promovesse tal tipo de interação social.

A Ação do Direito
- O Direito está em função da vida social.
- Sua finalidade é favorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos
sociais, que é uma das bases do progresso da sociedade.
- Separar o lícito do ilícito
- A sociedade sem o Direito não resistiria, seria anárquica, teria o seu fim.

A MÚTUA DEPENDÊNCIA ENTRE O DIREITO E A SOCIEDADE

Fato Social e Direito


- Direito e sociedade são entidades congênitas e que se pressupõem.
- O Direito não tem existência em si próprio. Ele existe na sociedade.
- A sua causa material está nas relações de vida, nos acontecimentos mais
importantes para a vida social.
- A sociedade, ao mesmo tempo, é fonte criadora e área de ação do Direito, seu foco
de convergência.
- Fatos sociais são criações históricas do povo, que refletem os seus costumes,
tradições, sentimentos e cultura.
- Fatos exercem importante influência, mas o condicionamento não é absoluto.

O Papel do Legislador
- O Direito é criado pela sociedade para reger a própria vida social.
- O Estado moderno dispõe de um poder próprio, para a formulação do Direito – o
Poder Legislativo.
- A este compete a difícil e importante função de estabelecer o Direito.
- O legislador deve estar sensível às mudanças sociais, registrando-as nas leis e nos
códigos.
- Atento aos reclamos e imperativos do povo, o legislador deve captar a vontade
coletiva e transportá-la para os códigos.
CAPÍTULO 5

INSTRUMENTOS DE CONTROLE SOCIAL

- O Direito não é o único instrumento responsável pela harmonia da vida social.


- A Moral, Religião e Regras de Trato Social são outros processos normativos que
condicionam a vivência do homem na sociedade.
- A coação – força a serviço do Direito – é um de seus elementos e inexistente nos
setores da Moral, Regras de Trato Social e Religião.

NORMAS ÉTICAS E NORMAS TÉCNICAS


- A atividade humana, além de subordinar-se às leis da natureza e conduzir-se
conforme as normas éticas, ditadas pelo Direito, Moral, Religião e Regras de Trato
Social, tem necessidade de orientar-se pelas normas técnicas, ao desenvolver o seu
trabalho e construir os objetos culturais.
- As normas éticas determinam o agir social e a sua vivência já constitui um fim, as
normas técnicas indicam fórmulas do fazer e são apenas meios que irão capacitar o
homem a atingir resultados.
- Não constituem deveres, mas possuem o caráter de imposição àqueles que
desejarem obter determinados fins.
- São neutras em relação aos valores

DIREITO E RELIGIÃO
Aspectos Históricos
- Exercia um domínio absoluto sobre as coisas humanas.
- Falta do conhecimento científico era suprida pela fé.
- Deus não só acompanhava os acontecimentos terrestres, mas neles interferia.
- O Direito era considerado como expressão da vontade divina.
- A classe sacerdotal possuía o monopólio do conhecimento jurídico.
- A laicização do Direito recebeu um grande impulso no séc. XVII (desvincular de
Deus a ideia do Direito Natural)

Convergência e Peculiaridades.
- Religião é um sistema de princípios e preceitos, que visa a realização de um valor
supra terreno: a divindade
- A preocupação fundamental é orientar os homens na busca e conquista da
felicidade eterna.
- Diferenças estruturais entre o Direito e a Religião: A alteridade, essencial ao
Direito, não é necessária à Religião.
- Direito tem por meta a segurança, enquanto a Religião parte da premissa de que
esta é inatingível.

DIREITO E MORAL
Generalidades.
- Seu estudo mais aprofundado pertence à disciplina Filosofia do Direito, enquanto à
Introdução ao Estudo do Direito compete estabelecer os lineamentos que envolvem
os dois processos normativos.
- Direito e Moral são instrumentos de controle social que não se excluem, antes, se
completam e mutuamente se influenciam.
- Direito e Moral, “são conceitos que se distinguem, mas que não se separam”.
Giorgio del Vecchio

A Noção da Moral
- Moral se identifica com a noção de bem, que constitui o seu valor.
- Consideramos bem tudo aquilo que promove a pessoa de uma forma integral e
integrada. Integral significa a plena realização da pessoa, e integrada, o
condicionamento a idêntico interesse do próximo.
- A fonte de conhecimento do bem há de ser a ordem natural das coisas, aquilo que
a natureza revela e ensina às pessoas e a via cognoscitiva deve ser a experiência
combinada com a razão.
- A partir da ideia matriz de bem, organizam-se os sistemas éticos, deduzem-se
princípios e chegam-se às normas morais, que vão orientar as consciências
humanas em suas atitudes.

Setores da moral
- Moral natural e a Moral positiva
- Moral natural consiste na ideia de bem captada diretamente na fonte natureza, isto
é, na ordem que envolve, a um só tempo, a vida humana e os objetos naturais
- Toma por base não o que há de peculiar a um povo, mas considera o que há de
permanente no gênero humano.
- Corresponde à ideia de bem que não varia no tempo e no espaço e que deve servir
de critério à Moral positiva.
- Moral positiva possui três esferas distintas:
a) Moral autônoma (corresponde à noção de bem particular a cada consciência)
b) Ética superior dos sistemas religiosos (consiste nas noções fundamentais sobre o
bem, que as seitas religiosas consagram e transmitem a seus seguidores)
c) Moral social (constitui um conjunto predominante de princípios e de critérios que,
em cada sociedade e em cada época, orienta a conduta dos indivíduos)

Paralelo entre a Moral e o Direito


- O Direito se manifesta por meio de um conjunto de regras enquanto a moral
apenas estabelece uma diretiva mais geral, sem particularizações.
- A determinação do direito e a forma não concreta da moral - O Direito se manifesta
por meio de um conjunto de regras enquanto a moral apenas estabelece uma
diretiva mais geral, sem particularizações.
- Bilateralidade do direito e unilateralidade da moral - O Direito se manifesta por
meio de um conjunto de regras enquanto a moral apenas estabelece uma diretiva
mais geral, sem particularizações.
- Exterioridade do direito e a interioridade da moral - O Direito se caracterizaria pela
exterioridade, enquanto a Moral, pela interioridade. Ao mesmo tempo que o Direito
se ocuparia com as ações humanas, a moral se preocuparia com a vida interior, com
a consciência das pessoas
- Coercibilidade do direito e incoercibilidade da moral - Apenas o Direito é
obrigatório, é coercitivo. Apenas o Direito pode utilizar a força do aparelho do Estado
para garantir a observância dos seus preceitos, de suas normas. Normalmente, o
destinatário da norma jurídica observa voluntariamente os seus preceitos, as suas
determinações. Se não o fizer, entretanto, a coação se fará necessária, essencial à
efetividade. A Moral, por sua vez, carece do elemento coativo. É incoercível
- Autonomia e Heteronomia - Enquanto é registrada a presença do querer
espontâneo como um dos caracteres da Moral, o Direito se caracteriza pela
presença da heteronomia, ou seja, pela sujeição do indivíduo ao querer alheio

Distinção quanto ao conteúdo


- O significado de ordem do direito e o sentido de aperfeiçoamento da moral - A
função primordial do Direito é de caráter estrutural: o sistema de legalidade oferece
consistência ao edifício social. A realização individual, o progresso científico,
tecnológico e o avanço da Humanidade passam a depender do trabalho e
discernimento do homem. A moral visa ao aperfeiçoamento do ser humano e por
isso é absorvente, estabelecendo deveres do homem em relação ao próximo, a si
mesmo e, segundo a Ética superior, para com Deus. O bem deve ser vivido em
todas as direções.
- Ao dispor sobre o convívio social, o Direito elege valores de convivência - a ordem
jurídica estaria incluída totalmente no campo da moral. Os dois círculos seriam
concêntricos, sendo que o maior pertence à moral. Dessa teoria, infere-se que é: o
campo da moral é mais amplo que o do direito; o direito se subordina à moral
- Desenvolvida por Jeremy Bentham
- Tudo o que é direito é moral, mas nem tudo que é moral é direito.
- A moral é maior que o direito
- A moral se sobrepõe ao direito
- O direito é o centro da moral
- O direito está inserido na moral
- O Direito nasce na moral
- O direito está subordinado à moral

- Teoria dos círculos secantes - Du Pasquier: a representação geométrica da relação


entre os dois sistemas não seria dos círculos concêntricos, mas a dos círculos
secantes. Assim, direito e moral possuiriam uma faixa de competência comum e, ao
mesmo tempo, uma área particular independente

- Desenvolvida por Claude Du Pasquier


- O direito e a moral são independentes, mas em alguns momentos estão
interligados.
- Caridade é vista somente pela moral, da mesma forma a gratidão está dentro
somente da moral.
- Existem fatos que são vistos apenas pelo Direito. Ex.: maioridade penal

Visão kelseniana: Hans Kelsen concebe os dois sistemas como esferas


independentes. Para ele, a norma é o único elemento essencial ao direito, cuja
validade não depende de conteúdos Morais

- Desenvolvida por Hans Kelsen


- O pensamento de Hans Kelsen é unidimensional, ele trata somente da norma e diz
que a moral deve ser tratada pelos moralistas, ele não analisa a moral. Diferente do
pensamento de Miguel Reale que analisa o direito pela Teoria Tridimensional. (Fato,
Valor e Norma)
- É de Hans Kelsen a Teoria Pura do Direito, afasta a moral

A teoria do mínimo ético - Jellinek: consiste na ideia de que o direito representa o


mínimo de preceitos morais necessários ao bem-estar da coletividade. Para ele as
sociedades convertem em direitos axiomas morais estritamente essenciais à
garantia e preservação de suas instituições

O DIREITO E AS REGRAS DE TRATO SOCIAL


Conceito das Regras de Trato Social
- As Regras de Trato Social são padrões de conduta social, elaboradas pela
sociedade e que, não resguardando os interesses de segurança do homem, visam a
tornar o ambiente social mais ameno, sob pressão da própria sociedade.
- São as regras de cortesia, etiqueta, protocolo, cerimonial, moda, linguagem,
educação, decoro, companheirismo, amizade etc.
- O papel das Regras de Trato Social é propiciar um ambiente de efetivo bem-estar
aos membros da coletividade, favorecendo os processos de interação social,
tornando agradável a convivência, mais amenas as disputas, possível o diálogo.
- Características:
a) aspecto social - as regras possuem um significado social. Constituem sempre
maneira de se apresentar perante o outro. O indivíduo isolado não se subordina a
esses preceitos. Ninguém é cortês consigo próprio. Se a sua finalidade é o
aperfeiçoamento do convívio social, é natural que essas regras atinjam apenas a
dimensão social dos homens.
b) exterioridade - visam apenas à superficialidade, às aparências, ao exterior. Assim,
por exemplo, são as normas de etiqueta, cerimonial, cortesia. Quando se deseja
bom dia a alguém, cumpre-se um dever social, que não requer intencionalidade. O
querer do indivíduo não é necessário
c) unilateralidade - As relações sociais, fundadas nessas regras, não apresentam um
titular capacitado a reclamar o cumprimento de uma obrigação. As Regras de Trato
Social são unilaterais porque possuem estrutura imperativa: impõem deveres e não
atribuem poderes de exigir.
d) heteronomia - O caráter heterônomo dessas regras decorre do fato de que
obrigam os indivíduos independentemente de suas vontades. A cada um compete
apenas a adaptação de atitudes em conformidade com os preceitos instituídos.
e) incoercibilidade - Por serem unilaterais e não sofrerem a intervenção do Estado,
essas regras não são impostas coercitivamente. O mecanismo de constrangimento
não é dotado do elemento força, para induzir à obediência. A partir do momento em
que o Estado assume o controle de alguns desses preceitos, estes perdem o caráter
de Trato Social e se transmutam em Direito.
f) sanção difusa
g) isonomia por classes e níveis de cultura.

Você também pode gostar