Você está na página 1de 8

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DELEGADO DE POLÍCIA DA DELEGACIA

MUNICIPAL DE XXXXXXXXXXXXXXXX DO ESTADO DE XXXXXXXXXX.

I.P: ________________________

BOLETIM: 0000000000000000000

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro,
solteiro, técnico agrícola, devidamente inscrito CPF sob o nº 000.00.000 -00, residente
e domiciliado na rua XXXXXXX, nº 0000 – XXXXXXXXX, na cidade de
XXXXXXXXXX - XX , por seu advogado que esta subscreve (conforme procuração
em anexo), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, requerer
a RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA, com fulcro nos arts. 118 e seguintes
do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I – DOS FATOS

Consta no B.O em epígrafe que no dia 21 de Fevereiro de 2019, por volta


das 08:00hs no município de XXXXXXXXXXXXX, foram apreendidas 02 (duas)
carretas com chassis adulterados, com placas XXX 0000 e XXX 0000, bem como um
cavalo trator Iveco/Stralis 740s46t, cor branca, de placa XXX 0000 por estar tão
somente com o lacre original rompido, de propriedade do Sr. XXXXXXXXXXXXX.

Posterior a isso, foi encaminhada a esta DP para procedimentos de praxe, o


qual encontra-se ainda apreendidos.

É o necessário relatório.

II – DO DIREITO

Nos termos do art. 118 do Código de Processo Penal, antes de transitar em


julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser restituídas enquanto
interessarem ao processo.

Todavia, ao fazer um análise, ainda que perfunctória desse procedimento,


verifica-se que em relação Cavalo Trator Iveco/Stralis 740s46t, cor branca, de placa
XXX 000 foi apreendido por estar tão somente com o lacre original rompido, e diante
disso, não há dúvidas quanta a sua originalidade, tampouco, a sua propriedade pertencer
ao requerente.

Conclui-se que, após perícia realizada, não há razão para que tal bem
apreendido não sejam prontamente devolvido pela Autoridade Policial, tendo em
vista, não mais haver interesse para o processo determinado bem, por se tratar de
um vício que se regulariza junto ao Detran, ainda na seara administrativa.
Ademais, não há comprovação de que o autor tenha utilizado o bem para a
prática de algum delito, nem mesmo que tenha emprestado a terceiro de forma dolosa
para que fosse realizada a prática criminosa. Vejamos entendimento de nosso egrégio
Tribunal:

RECURSOS DE APELAÇÃO – INSURGÊNCIA


MINISTERIAL E DEFENSIVA – CONDENAÇÃO POR
TRÁFICO E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO
DE USO PERMITIDO E ABSOLVIÇÃO PELA PRÁTICA DA
RECEPTAÇÃO – 1. PRETENDIDA A ABSOLVIÇÃO DO
NARCOTRÁFICO PELO ACUSADO – INVIABILIDADE –
MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVAS
CONFIGURADAS – CONDIÇÃO DE USUÁRIO QUE NÃO
EXCLUI A TRAFICÂNCIA – CONDENAÇÃO MANTIDA – 2.
QUESTIONADA, PELO PARQUET, A APLICAÇÃO DA
CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA PREVISTA
NO ART. 33, § 4º, DA N. LEI 11.343/06 – BENEFÍCIO
MANTIDO – PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA O SEU RECONHECIMENTO –
ACOLHIMENTO DO PLEITO DEFENSIVO DE
ESTABELECIMETO DA FRAÇÃO REDUTORA DA
MINORANTE NO PATAMAR MÁXIMO DE 2/3 (DOIS
TERÇOS) – AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO NO ÉDITO
REPROCHADO PARA ESTABELECER O CITADO
QUOEFICIENTE FRACIONÁRIO ABAIXO DE SEU MAIOR
PATAMAR – 3. RÉU QUE ALMEJA A ABSOLVIÇÃO PELA
PRÁTICA DO ILÍCITO DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE
FOGO DE USOPERMITIDO – ARTEFATOS BÉLICOS
SUPOSTAMENTE DESMUNICIADOS – IMPOSSIBILIDADE
– CRIME DE PERIGO ABSTRATO E DE MERA CONDUTA
– DELITO CONFIGURADO COM A PRÁTICA DE UMA DAS
CONDUTAS ARROLADAS NO ART. 14 DA LEI N. 10.826/03
– 4. PEDIDO DA DEFESA DE DESCLASSIFICAÇÃO DO
ILÍCITO DE PORTE PARA O DE POSSE ILEGAL DE ARMA
DE FOGO DE USO PERMITIDO – POSTULAÇÃO
INCABÍVEL – QUARTO DE HOTEL NÃO PODE SER
EQUIPARADO A RESIDÊNCIA PARA CONFIGURAR A
CITADA POSSE – 5. RECEPTAÇÃO – PRÁTICA DELITIVA
EVIDENCIADA NOS AUTOS – ABSOLVIÇÃO, TODAVIA,
FUNDADA NO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO –
INVIABILIDADE – CRIME AUTÔNOMO COM RELAÇÃO
AO ILÍCITO DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO –
CONDENAÇÃO POSTULADA PELO PARQUET QUE SE
AFIGURA NECESSÁRIA – 6. PLEITEADA A REDUÇÃO
DAS PENAS INICIAIS AO MÍNIMO LEGAL – PEDIDO DA
DEFESA PARCIALMENTE ADMITIDO –
FUNDAMENTAÇÃO EM PARTE INIDÔNEA PARA
JUSTIFICAR A MAJORAÇÃO DAS SANÇÕES BASILARES
NAS PRIMEIRAS FASES DAS DOSIMETRIAS –
7. RESTITUIÇÃO DE BENS APREENDIDOS – ART. 118 E
SEGUINTES DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL –
POSSIBILIDADE – AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIAS QUANTO
À EXISTÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A
PROPRIEDADE DOS OBJETOS E A PRÁTICA DELITIVA
DO NARCOTRÁFICO – 8. RECURSOS PARCIALMENTE
PROVIDOS. 1. É imperiosa a condenação do acusado
pelo crime de tráfico de drogas quando os elementos probatórios
jungidos aos autos demonstram a materialidade e autoria delitivas
do delito previsto no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/06, em
qualquer uma de suas modalidades. A condição de usuário de
substância entorpecente não exclui, por si só, a prática do
comércio malsão, pois, como é sabido, a desclassificação para
o crime descrito no art. 28 da Lei Antidrogas exige prova robusta
acerca da propalada dependência química e verificação
inequívoca de que o alucinógeno apreendido em poder do agente
não se destinava ao tráfico, mas, sim, ao consumo próprio. 2. É
imperiosa a aplicação da causa de diminuição de pena em favor
do condenado, quando ficar demonstrado o preenchimento
cumulativo das condições previstas no art. 33, § 4º da Lei n.
11.343/06, impondo-se, ainda, a fixação da fração relativa a essa
minorante no patamar máximo de 2/3 (dois terços), quando se
constata que condutor do feito não apresentou qualquer
fundamentação para ensejar a aplicação da citada benesse, em
quantum inferior ao máximo permitido legalmente, violando,
portanto, o disposto no art. 93, IX da Constituição Federal. 3. O
delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, previsto
no art. 14 da Lei n. 10.826/03, é de perigo abstrato e de mera
conduta, de forma que, para a sua configuração, a legislação exige
apenas a probabilidade de dano ao bem jurídico tutelado e não a
sua efetiva ocorrência, bastando para a sua consumação, a
realização de uma das condutas descritas no aludido tipo penal,
sendo irrelevante o fato de o artefato estar ou não municiado. 4.
O quarto de hotel não pode ser equiparado a residência para se
acatar o pleito de desclassificação da conduta tipificada no art. 14
do Estatuto do Desarmamento para aquela descrita no art. 12 da
mesma fonte legislativa. 5. Impõe-se o reconhecimento da prática
do crime de receptação dolosa, diante da demonstração de que o
sentenciado tinha ciência da procedência ilícita do objeto
concernente ao injusto penal discutido nos autos, ressaltando que,
quando o agente porta ilegalmente uma arma de fogo adquirida
nessas circunstâncias, o Superior Tribunal de Justiça se
posicionou pela impossibilidade de aplicação do princípio da
consunção, de modo que o delito de receptação, nesses casos, não
pode ser absorvido pelo crime de porte em comento. 6. A pena-
base recrudescida com alicerce em fundamentação em parte
inidônea para justificar tal aumento deve ser redimensionada,
impondo-se a reforma do decisum, com base no princípio da
individualização da pena, previsto no art. 5º, inciso XLVI, da
Constituição Federal, a fim de que seja imposta a sanção justa e
suficiente para a reprovação e prevenção do crime. 7. Quando os
objetos apreendidos já não mais interessam ao processo e não
há evidências no sentido de que tenham sido adquiridos com
os proventos do crime apurado ou utilizados nessa prática
delitiva, é de rigor que sejam restituídos aos legítimos
proprietários. 8. Recursos parcialmente providos.

(Ap 26680/2012, DES. LUIZ FERREIRA DA SILVA,


TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL, Julgado em 07/08/2013,
Publicado no DJE 28/08/2013).

Assim, não há razão para que o bem apreendido não seja prontamente
devolvido, desejando o Requerente, com a presente medida, pleitear a sua restituição.

Sobre o pedido de restituição, prevê o artigo 120 do Código de Processo


Penal, que inexistindo dúvidas quanto ao direito do Reclamante, poderá a Autoridade
Policial proceder a liberação dos objetos apreendidos com a respectiva devolução ao
seu verdadeiro proprietário.

É notório que o bem apreendido pertence ao requerente.

Nessa esteira, comprovado ser o proprietário da coisa apreendida e o


desinteresse processual em mantê-lo apreendido por clara ausência de nexo causal,
cumulados com o risco de perecimento do bem, o Requerente faz jus à referida
restituição, sendo a concessão a medida mais acertada cabível a Autoridade Policial.

Em última análise, requer também a devolução dos pneus que agregam


as 02 (duas) carretas com chassis adulterados, com placas XXX 000 e XXX 000,
haja vista, que o interesse processual da apreensão dos bens são referentes aos
chassis e carcaças do bem, e não dos pneus que foram adquiridos licitamente.

O entendimento jurisprudencial é por essa senda, leiamos;


PROCESSO PENAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE BEM
APREENDIDO. ADULTERAÇÃO DE SINAL
IDENTIFICADOR DE VEICULO AUTOMOTOR (CP, ART.
311). INQUÉRITO POLICIAL NÃO CONCLUÍDO.
VEÍCULO SUBMETIDO A EXAME PERICIAL. I - O
INQUÉRITO POLICIAL PARA APURAR SUPOSTO CRIME
DE ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE
VEICULO AUTOMOTOR FOI INSTAURADO EM
14/02/2005, SENDO CERTO QUE ATÉ A PRESENTE DATA
AINDA NÃO FOI CONCLUÍDO. ADEMAIS, O VEÍCULO
JÁ FOI SUBMETIDO A EXAME PERICIAL E A
RESTITUIÇÃO SE REFERE APENAS AOS
AGREGADOS DO CARRO, OS QUAIS FORAM
ADQUIRIDOS LEGALMENTE EM LEILÃO JUNTO AO
DETRAN, DEVENDO PERMANECER À DISPOSIÇÃO
DA JUSTIÇA APENAS A CARCAÇA DO OUTRO
AUTOMÓVEL, INDEVIDAMENTE UTILIZADO PELO
REQUERENTE. II - RECURSO PROVIDO. UNÂNIME

(TJ-DF - APR: 20050310171090 DF, Relator: JOSÉ DIVINO


DE OLIVEIRA, Data de Julgamento: 03/05/2007, 2ª Turma
Criminal, Data de Publicação: DJU 04/07/2007 Pág. : 134).

III – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer:

a) Seja RESTITUÍDO o Cavalo Trator Iveco/Stralis 740s46t, cor


branca, de placa XXX 0000 ao proprietário requerente.

b) Sejam RESTITUÍDOS os pneus, que foram agregados as 02 (duas)


carretas com chassis adulterados, com placas XXX 000 e XXX 000.
Nestes Termos pede e espera Deferimento.

(LOCAL, DATA E ANO)

NOME DO ADVOGADO
Nº DA OAB

Você também pode gostar