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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

CAMPUS ALCINDO CACELA

RELATÓRIO DE AUDIÊNCIA 2024


1. ALUNO(A): MATRÍCULA:

1.1 TURMA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO (I,II, III ou IV):


2. AUDIÊNCIA DE: VARA:
PROCESSO Nº:

2.1 NOME DO JUIZ(A)/SERVIDOR(A) RESPONSÁVEL: ____________________________________

2.2 TRIBUNAL: MATRÍCULA DO SERVIDOR:

3.0 RELATÓRIO

3.1. DADOS DO PROCESSO

NATUREZA DA LIDE Furto


PARTE NO POLO ATIVO SECCIONAL DE SÃO BRAS
PARTE NO POLO PASSIVO MATEUS CASTRO CORREA
NÚMERO DO PROCESSO 0800614-63.2023.8.14.0401
TIPO DE PROCESSO Criminal
PROCEDIMENTO AUDIENCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
RITO RITO ORDINÁRIO
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3.2. Síntese da:


(Obs.: Resumo do pedido e da defesa do Réu, alcançando o que há de mais importante. No
tocante à audiência, destaque para a sequência dos atos desenvolvidos.)

A) TESE (INICIAL)

Segundo a denúncia, no dia 16 de janeiro de 2023, por volta das 21h00, na travessa Padre
Eutíquio, em frente ao Shopping Pátio Belém, o denunciado subtraiu o aparelho celular
Samsung Galaxy A51 da vítima e se evadiu do local, sendo seguido pela ofendida e preso em
seguida. Com efeito, na ocasião a vítima aguardava condução em um ponto de ônibus quando
foi surpreendida pelo denunciado que lhe tomou o aparelho celular e saiu correndo, vindo a
ser capturado na avenida Tamandaré por Policiais Militares que desconfiaram de seu
comportamento suspeito, apreendendo-se na sua posse o bem subtraído que foi restituído à
vítima, que o reconheceu na ocasião como autor do fato criminoso.

B) ANTÍTESE (RESPOSTA/DEFESA)

Ao ser interrogado o denunciado negou a autoria do fato criminoso que lhe está sendo
imputado, esclarecendo que mora em Alter do Chão, município de Santarém, e nunca esteve
em Belém, e o lugar mais distante onde esteve é Santarém; que ao ser citado na ação penal
ficou preocupado, mas não tomou providências, já que nada tinha a ver com o fato. Ressalta-
se que o Ministério Público denunciou a pessoa de MATEUS CASTRO CORREA, brasileiro,
paraense, nascido em 03/05/1994, filho de Rosita Correa Castro e Delci de Sousa Correa, RG
n. 6840429, com endereço residencial na Rua Raimundo Branco, Distrito de Alter do Chão,
Santarém/PA, conforme consta na qualificação fornecida no interrogatório policial. De sorte
que o processo tramitou até a audiência de instrução e julgamento com o endereço e
qualificação relacionados ao domicílio de Santarém, sem maiores questionamentos por parte
da pessoa citada/intimada, ainda que não tenha envolvimento com o fato criminoso, como
parece não ter, inclusive constando no INFOPEN uma fotografia da pessoa presa em flagrante
na ocasião, que se apresentou como Mateus Castro Correa, cujos dados de qualificação não
coincidem com a qualificação, filiação, data de nascimento e muito menos a fisionomia da
pessoa que acabou processada indevidamente por ser homônimo do verdadeiro autor da
façanha criminosa. Dessa forma, com base nos elementos produzidos nos autos, o Ministério
Público requereu a improcedência da denúncia com a consequente absolvição do denunciado
MATEUS CASTRO CORREA.

3.3) ELEMENTOS DO DIREITO, PRESENTES NO CASO:

(Princípios constitucionais Explícitos e Implícitos; Regras-normas- constitucionais presentes; Princípios


Gerais de Direito – infraconstitucionais; Regras de natureza civil aplicável ao caso; Posições
jurisprudenciais aplicáveis ao caso; Fundamentação doutrinária) Obs.: Consiste em, de forma redacional,
sem itens ou subitens, analisar o caso a luz do Direito Brasileiro.

A jurisprudência pátria do Superior Tribunal de Justiça já tem entendimento pacífico quanto à possibilidade de
improcedência da denúncia no que diz respeito ao referido caso, vejamos:

RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA.


INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA RECONHECIDA NAS INSTÂNCIAS
ORDINÁRIAS. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA OCORRIDA NO
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MOMENTO DO FATO. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. RECURSO


PROVIDO. 1. Na fase do judicium accusationis, somente se admite absolvição sumária
quando houver juízo de certeza acerca de causa excludente de ilicitude ou
culpabilidade, a teor do art. 415, IV, do CPP, 2. Considerando a falta de demonstração
inequívoca de que o recorrido agiu, sob o pálio de causa supralegal de excludente de
culpabilidade, durante a prática do ato que culminou na morte da vítima, deve a questão
ser submetida ao Tribunal do Júri, notadamente por se tratar de juiz natural da causa,
a fim de dirimir eventual dúvida acerca da dinâmica dos fatos. 3. Sendo incontroversos
os fatos, a delimitação jurídica pode ser aferida nesta Corte, não se podendo admitir
que de provocações anteriores da vítima se teria como certeza jurídica a inexigibilidade
de conduta diversa. 4. Recurso especial provido para, afastada a absolvição sumária,
determinar ao Tribunal de origem que analise o pedido ministerial acerca da
admissibilidade da qualificadora do delito, prevista no art. 121, § 2º, IV, do CP, para fins
de pronúncia.
(STJ - REsp: 1782240 MG 2018/0166497-5, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data
de Julgamento: 23/06/2020, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/12/2020)

REVISÃO CRIMINAL ? ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO ACUSADO, VERDADEIRO


AUTOR DO CRIME, QUANDO DA PRISÃO EM FLAGRANTE ? AUSÊNCIA DE
NULIDADE. O equívoco quanto ao nome do acusado, em face do uso indevido de nome
alheio, não acarreta a nulidade da condenação quando esta incide sobre o verdadeiro
autor do crime, podendo a retificação quanto ao nome ser feita a qualquer tempo - art.
259 do CPP. A condenação incidiu sobre pessoa certa, o réu, mas houve engano quanto
ao nome. Logo, não há nulidade. Vindo a ser descoberto o nome correto ou percebida
a falha, a retificação poderá ser feita a qualquer tempo. A pretensão de corrigir eventual
erro na qualificação do agente, não se afeiçoa às hipóteses de cabimento da ação
revisional taxativamente previstas no art. 621, do CPP. Ausência de legitimidade ad
causam. Não conhecimento da Ação Revisional. Unânime.

(TJ-PA - RVCR: 00031223020188140000 BELÉM, Relator: LEONAM GONDIM DA


CRUZ JUNIOR, Data de Julgamento: 01/10/2018, SEÇÃO DE DIREITO PENAL, Data
de Publicação: 03/10/2018)

Diante disso, todos os procedimentos necessários para a absolvição do possivel acusado,


ocorreram de maneira correta, visto que o réu fez parte da lide de maneira equivocada por
conter nome semelhante ao do real acusado.

3.4) OPINIÃO CONCLUSIVA: Avaliação crítica da solução jurídica e justa, á luz da


incidência do direito sobre o caso examinado.

Diante da situação apresentada, na decisão judicial que homologou o auto de flagrante a


pessoa foi identificada como Mateus de Castro Correa, filho de Rosita Correa Castro e Delci
de Sousa Correa, RG n. 6840429, porém, no mandado de prisão voltou a ser mencionado
como Mateus de Castro Correa, filho de Hernandes da Silva Correa e Carmem Lúcia da
Castro Costa, a mesma que consta no alvará de soltura. Nesse caso, o equívoco quanto ao
nome do acusado, em face do uso indevido de nome alheio, não acarreta a nulidade da
condenação quando esta incide sobre o verdadeiro autor do crime, podendo a retificação
quanto ao nome ser feita a qualquer tempo, com previsão no art. 259 do CPP. Sendo assim,
esse problema pouco enfrentado na doutrina e jurisprudência, mas que possui destacada
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importância no dia a dia de quem opera nas lides penais, é aquele que repousa na
possibilidade de o juiz exercer certo controle sobre as denúncias criminais ou queixas-crimes
apresentadas pelo Ministério Público ou querelante, recebendo-as já na fase vestibular do
processo com capitulação legal diversa da indicada pelo Promotor de Justiça, Procurador da
República, ou querelante, quando constatado de plano excessos no poder de acusar, e possui
total responsabilidade de corrigir os possíveis erros encontrados na lide.

Belém(PA), / /

_____________________________
Assinatura do(a) Estagiário(a)

__________________________________________________
Assinatura do Magistrado/Servidor responsável pela audiência

Matrícula do Servidor:________________________________

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