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NÚCLEO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE MACAPÁ - NUCAM

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO JUIZADO DA INFÂNCIA E
JUVENTUDE DA COMARCA DE MACAPÁ-AP

PROCESSO N° 0051822-98.2022.8.03.0001

DIOGO BALIEIRO LADISLAU, já qualificado nos autos da Ação Socioeducativa


que lhes move o Ministério Público do Estado do Amapá, inconformado com a r. sentença de
Ordem nº 37 (Sistema Tucujuris) que aplicou a medida socioeducativa de INTERNAÇÃO
CUMULADA COM A MEDIDA DE REPARAÇÃO DE DANOS À VÍTIMA, por intermédio do Defensor
Público “in fine” assinado, no desempenho de suas atribuições institucionais, vem, mui

respeitosamente, a presença de Vossa Excelência interpor RECURSO DE APELAÇÃO com


fulcro no artigo 198, da Lei nº. 8.069/90 e no art. 1009 do CPC/2015.
Assim, requer seja recebido e processado o recurso, já com as razões anexas, e
após a realização do Juízo de retratação, caso mantida a decisão, sejam os autos encaminhados ao
Egrégio Tribunal ad quem para apreciação e julgamento.

Termos em que, pede deferimento.


Macapá/AP, 27 de fevereiro de 2023.

JOSÉ AUGUSTO NORAT BASTOS FILHO


Defensor Público em regime de substituição

DIEGO GUEDES DE SOUZA


Assessor Jurídico

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAPÁ


Ação Socioeducativa nº: 0051822-98.2022.8.03.0001
Apelante: Diogo Balieiro Ladislau
Apelado: Ministério Público do Estado de Amapá

RAZÕES DA APELAÇÃO
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmera,

I - TEMPESTIVIDADE

A Defensoria Pública foi intimada acerca da publicação da sentença em


06/02/2023, começando a fluir o prazo de 10 dias corridos para a interposição do recurso de
apelação (art. 152, §2º e art. 198, II, do ECA).
Destarte, considerando a prerrogativa de prazo em dobro que é assegurada a
todos os membros da Defensoria Pública pela norma contida no art. 128, inciso I, da Lei
Complementar 80/94, evidentemente tempestiva a presente interposição, visto que o prazo legal
se encerra em 27/02/2023.

II - DO RESUMO DO PROCESSO E DA SENTENÇA ATACADA

Consta dos autos, em especial do inquérito policial do movimento de ordem nº


01 que o representado, na companhia de um terceiro desconhecido, em unidade de desígnios e
ações entre si, em via pública, no bairro Brasil Novo, subtraiu, mediante grave ameaça, o veículo
Toyota Hilux e vários outros objetos das vítimas Raimundo Alves Corrêa e Maria José dos Santos
Costa.
Em virtude disso, o Ministério Público ofereceu representação em desfavor
deste, imputando-lhe a suposta prática de ato infracional análogo ao delito descrito no artigo art.
157, §2 inc. II, V e §2-A, I c/c art, 70, caput, ambos do Código Penal.

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Representação recebida pela magistrada primeva à ordem de nº 12.


Audiência de apresentação realizada na qual o apelante confessou a sua
menor participação, disse que apenas dirigiu o veículo, enquanto o terceiro foi quem arquitetou,
estava de posse de um simulacro, abordou e subtraiu a res furtiva.
O Ministério Público apresentou alegações finais orais pugnando pela
PROCEDÊNCIA da representação com a consequente aplicação de medida socioeducativa (ordem
de nº 33).
A Defensoria Pública em memoriais pleiteou que fosse reconhecida a
imprestabilidade do reconhecimento, tendo em vista que sequer as vítimas reconheceram o
apelante em juízo comoi sendo autor do roubo, mesmo tendo transcorrido um curto espaço de
tempo entre os fatos e a audiência; a desclassificação para o ato análogo ao crime de receptação;
mesmo que fosse reconhecido o roubo, pleiteou pelo reconhecimento da confissão espontânea, a
individualização da conduta, e a excepcionalidade das medidas privativas de liberdade, aplicando à
ele a medida em meio aberto de Liberdade Assistida.
Sentença proferida à ordem nº 37, oportunidade em que a representação foi
julgada procedente, aplicando-se ao representado a medida socioeducativa de Internação
cumulada com a Reparação de danos à vítima.
A r. sentença além de não reconhecer nenhum dos pedidos em sede de
memoriais pela defesa, aplicou medida extrema de internação, além da reparação de danos à
vítima ao apelante.
Necessária se mostra a sua modificação, pois ignorou a deficiência
probatória do processo, e os princípios da individualização, da proporcionalidade, e da
excepcionalidade, quando poderia optar pela aplicação de medida mais adequada.
A medida aplicada é perniciosa aos inarredáveis interesses do apelante, que
terá sua liberdade coarctada, sendo penalizado de forma rigorosa, desconsiderando as
circunstâncias de como se deram os fatos e as condições pessoais do apelante.
O apelante é primário, não respondendo a nenhum outro processo pela
prática de ato infracional análogo ao crime de roubo.

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III - DA NULIDADE DO PRECÁRIO RECONHECIMENTO REALIZADO LOGO APÓS A


APREENSÃO NÃO RECONHECIDA: DESCUMPRIMENTO DAS REGRAS ESTABELECIDAS NO
ARTIGO 226 DO CÓDIGO PROCESSUAL PENAL – CONSOANTE DISPOSTO NO ARTIGO 564,
IV DO CÓDIGO PROCESSUAL PENAL

Previsto no artigo 226, do Código de Processo Penal, o Reconhecimento de


Pessoas ou Coisas está inserido no título reservado às provas do Processo Penal e tem por
finalidade precípua a identificação de um suspeito ou de um objeto através da palavra da vítima
ou das testemunhas.
Nas palavras de Guilherme de Souza Nucci (2007, p. 473), reconhecimento “é o
ato pelo qual uma pessoa admite e afirma como certa a identidade de outra pessoa ou a qualidade
de uma coisa.”.
Denota-se que o ato de reconhecimento de pessoas ou coisas possui um
caráter de inflexibilidade em relação a quem deve figurar em sua parte ativa (reconhecedor) e em
sua parte passiva (reconhecido).
Por suposto, considerando a necessidade de haver um reconhecimento, ou
seja, uma recognição de algo que já se presenciou no tempo passado, a posição de reconhecedor
ficará adstrita somente às pessoas que são concebidas como hipotéticas vítimas da infração penal
apurada e, também, às eventuais testemunhas diretas que presenciaram o cometimento do
delito.
Contudo, para além das margens teóricas que revestem o instrumento (pré-)
probatório em comento, é indispensável que se proceda com uma avaliação sucinta em relação
a como o reconhecimento de pessoas ou coisas é levado a efeito em diversas situações da vida
prática (policialesca e forense).
De início, é essencial ressaltar que, por se tratar de uma prova intimamente
dependente de (pre) conceitos oriundos da mente humana, o legislador, ao elaborar em nosso
Código de Processo Penal a sistemática referente ao reconhecimento de pessoas ou coisas buscou
afastar ao máximo a possibilidade de, sobretudo, ocorrer eventual equívoco na indicação do
suspeito.
Para tanto, dentre outras diligências, fez constar expressa referência de que “a

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pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser
reconhecida.” (art. 226, I, do CPP), medida essa que busca impedir que exista uma deliberada e
falsa indicação do reconhecedor a reconhecido que, evidentemente, não se alinhe às
características realmente existentes (ou, no mínimo, expostas) na mente da vítima ou da
testemunha.
Contudo, afastando-se da utilitária visão empregada nessa inusitada
sistemática, é inegável que tal protocolo de reconhecimento delira das prescrições legais, fato
esse que corrompe, no mínimo, sua legitimidade perante o prisma do princípio da legalidade.
Mais do que isso, a questão central da preocupação reside na palpitação de uma dúvida, traduzida
na (in) certeza a que tal prova passa a propiciar para o processo penal, eis que formada mediante
a ausência de qualquer amparo legal e/ou científico que lhe sustente o cabimento ou a segurança.
A partir do momento em que se percebe a efetiva negligência legal no trato
prático com o meio de prova do reconhecimento de pessoas ou coisas, é necessário questionar-se
se tal mecanismo de demonstração é funcional ou disfuncional ao processo penal, vez que, sem
dúvidas, o desleixo com a aplicação da lei penal, no caso, é capaz de dar margens a diversos
problemas, como, por exemplo, a ocorrência de uma nulidade e, acima de tudo, do
processamento, aprisionamento cautelar e eventual condenação de pessoa que não possuía
nenhuma vinculação com o real cometimento do delito.
As vítimas fizeram um reconhecimento precário logo após os fatos,
apontando o representado como sendo um dos autores da subtração, e não só isso, estas
provavelmente muito nervosas acabaram afirmando que este também possuía uma arma de
fogo e teria as abordado e subtraído a res furtiva, fatos esses que foram negados
veementemente pelo apelante durante toda a instrução.
O reconhecimento é ato formal que visa confirmar a identidade de uma
pessoa ou coisa, não podendo ser realizado de forma informal. Sendo que desta forma estaria
violando todas as regras processuais. Não é reconhecimento quando o policial logo após o fato,
ou quando o delegado pede a testemunha dizer se reconhece o réu/representado (único
presente e algemado), pois descumpre a forma e é um ato induzido.
Como podemos verificar o presente de reconhecimento não obedeceu às
formalidades previstas no Código de Processo Penal, e a vítima acabou imputando e atribuindo
ao representado atos cometidos pelo terceiro.

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O procedimento eivado de vícios não poderá de maneira alguma prejudicar o


representado e servir de valoração caso se entenda pela aplicação da medida socioeducativa.
Assim sendo, por se tratar prova ilegítima, deve a mesma ser declarada nula
nos termos do art. 564, IV do Código de Processo Penal, vez que as formalidades exigidas para a
constituição do ato não foram observadas.

A) ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Ao conceder habeas corpus (HC 598886/SC (2020/0179682-3) para absolver


um homem acusado de roubo, cuja condenação não teve outra prova senão a declaração de
vítimas que dizem tê-lo identificado em uma foto apresentada pela polícia, a Sexta Turma do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu diretrizes para que o reconhecimento de pessoas
possa ser considerado válido.
Segundo o relator do habeas corpus, ministro Rogerio Schietti Cruz, a não
observância das formalidades legais para o reconhecimento – garantias mínimas para o suspeito
da prática de um crime – leva à nulidade do ato.
Em seu voto, o ministro afirmou que é urgente a adoção de uma nova
compreensão dos tribunais sobre o ato de reconhecimento de pessoas. Para ele, não é mais
admissível a jurisprudência que considera as normas legais sobre o assunto – previstas no artigo
226 do Código de Processo Penal – apenas uma "recomendação do legislador", podendo ser
flexibilizadas, porque isso "acaba por permitir a perpetuação desse foco de erros judiciários e,
consequentemente, de graves injustiças".
Vejamos a decisão:
HABEAS CORPUS Nº 598886 - SC (2020/0179682-3) RELATOR: MINISTRO ROGERIO
SCHIETTI CRUZ IMPETRANTE: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
ADVOGADOS: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA THIAGO YUKIO
GUENKA CAMPOS - SC036306 IMPETRADO: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA
CATARINA PACIENTE: VANIO DA SILVA GAZOLA (PRESO) PACIENTE: IGOR TARTARI
FELACIO (PRESO) INTERES: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
DESPACHO Considerando que este processo, juntamente com outros 345, foi protocolado no
Superior Tribunal de Justiça durante as férias coletivas de julho e distribuído à Presidência,
sendo todos, ao mesmo tempo, encaminhados a este relator, sem a providência indicada no
art. 21, XIII, "c" do Regimento Interno do STJ ("Art. 21. São atribuições do Presidente: XIII -
decidir: c) durante o recesso do Tribunal ou nas férias coletivas dos seus membros, os pedidos
de liminar em mandado de segurança, podendo, ainda, determinar liberdade provisória ou
sustação de ordem de prisão, e demais medidas que reclamem urgência;"); considerando que a

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distribuição média diária apenas de Habeas Corpus e RHCs, com pedidos de liminar, não tem
sido inferior a 40 feitos a cada gabinete da Terceira Seção; considerando que o exame dos
pedidos liminares formulados nesses 346 feitos, distribuídos de uma só vez a este relator,
demandaria semanas de esforços, em prejuízo de todos os interessados no julgamento dos
mais de 4 mil processos que compõe m o acervo do gabinete; considerando que esse total de
feitos encaminhados, em um único dia, corresponde a cerca de metade do número de Habeas
Corpus distribuídos por mês ao gabinete; considerando, ainda, que é assegurado a todos os
jurisdicionados o julgamento dos processos em tempo razoável e que todos possuem, em
igualdade de condições, a justa expectativa de verem suas pretensões examinadas
oportunamente, determino o imediato encaminhamento deste processo ao Ministério Público
Federal, para manifestação sobre o mérito da impetração. Com o retorno dos autos, venham
eles conclusos para julgamento. Brasília (DF), 03 de agosto de 2020. Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ Relator.

No julgado colacionado acima, o ministro Rogerio Schietti observou que,


diferentemente do que é exigido pelo CPP, as pessoas que participaram do reconhecimento
não tiveram de fazer a prévia descrição do criminoso, nem lhes foram exibidas outras fotos de
possíveis suspeitos. Em vez disso, a polícia escolheu a foto de alguém que já cometeu outros
crimes, mas que nada indicava ter ligação com o roubo investigado.
No presente caso, além do apelante não ter sido reconhecido em juízo, o
reconhecimento realizado logo após a apreensão foi precário, em total inobservância do
previsto na legislação.

IV – DOS ELEMENTOS DA SENTENÇA QUE APLICOU A MEDIDA SOCIOEDUCATIVA MESMO


DIANTE DA INEXISTÊNCIA DE PROVAS SUFICIENTES PARA CARACTERIZAR O ATO
INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DE ROUBO . CIRCUNSTÂNCIAS FAVORÁVEIS QUE
ENSEJAM APLICAÇÃO DE MEDIDA BRANDA EM CASO DE PROCEDÊNCIA

B) DO NÃO RECONHECIMENTO DO APELANTE EM JUÍZO

Quando questionadas em juízo, as vítimas afirmaram não ter condições de


reconhecer o apelante como sendo um dos autores do roubo, pois afirmaram não se recordarem
dos fatos, o que causa estranheza e põe ainda mais em xeque o reconhecimento realizado logo
após a apreensão, pois mesmo num curto espaço de tempo entre a prática do ato infracional e a
audiência, essas afirmaram não se lembrar do seu envolvimento no ocorrido.

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É indubitável que a palavra das vítimas devem ser acolhidas com reservas,
visto que são confusas e frágeis quando apontam a autoria do ato infracional ao apelante. Um
testemunho duvidoso levou o representado a seguinte situação: arcar com o peso de um processo
por um ato que não cometeu.
É importante frisar que assim como a palavra da vítima serve para
demonstrar e comprovar a autoria de um crime/ato infracional, ela também deve ser
analisada no intuito de que, havendo dúvidas o melhor caminho é a absolvição. Muitas
são as decisões que se baseiam exclusivamente na palavra da vítima, e é importante que
sejam levadas em consideração não só quando pioram o quadro do réu/representado,
mas também quando também dão ajo à dúvidas que o beneficiem.
Os testemunhos das vítimas são inseguros, e sobre esse tema, cito uma
importante decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que pode fundamentar a peça
defensiva: No acórdão referente a apelação Nº 70079003315 (Nº CNJ: 0265543-COMARCA DE
CAXIAS DO SUL-29.2018.8.21.7000) 2018/CRIME, o relator, desembargador Sérgio Miguel Achutti
Blattes, cita a importância da palavra da vítima, mas a narrativa tem de ser "firme, coerente e
corroborada por elementos que a tornem verossímil", não se pode conferir valor probatório
absoluto. E diz mais: "Proceder de tal forma, em termos práticos, resultaria em verdadeira inversão
do ônus probatório em desfavor da acusado, de forma a exigir-se que este produzisse prova acerca
de fato negativo, o que, à toda evidência, não se admite na seara criminal. É dizer, não pode a
tutela à parte vulnerável sobrepor-se, de forma incontestável, aos princípios norteadores do
processo penal, sobretudo a presunção de inocência e o devido processo legal".
A falta de evidência não materializada pela solidez da prova retira a faculdade
de punição, pois não se pode imputar um delito a alguém em caso de dúvida ou na falta de
certeza.
O Ministério Público foi infeliz ao apresentar representação com base em
argumentos falhos baseados em depoimentos que não apontaram de forma segura e
convincente a autoria do ato infracional, e por outro lado a r. sentença também desonsiderou os
argumentos da defesa quanto ao fato das vítimas não terem apontando em juízo a autoria do
roubo ao apelante.

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C) DA SENTENÇA QUE IGNOROU A NECESSIDADE DA DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ATO


INFRACIONAL ANÁLOGO AO DELITO DO ARTIGO 180 DO CP

Primeiramente, apesar da r. sentença ter descartado totalmente os


argumentos defensivos que demonstraram ser o ato praticado diverso do roubo do qual o
apelante foi acusado, deve-se aqui reforçar a necessidade da desclassificação PARA O ATO
INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 180 DO CÓDIGO PENAL.
Apesar da confissão do adolescente, essa não pode ser levada em
consideração quando não há evidências seguras, por outros meios, da prática daquela conduta ,
tendo em vista que, conforme as próprias declarações colhidas durante a instrução do processo,
restaram dúvidas quanto a participação do apelante do delito de roubo, pois sequer foi
reconhecido pelas vítimas em juízo.
A única conduta que pôde ser comprovada, é a descrita no artigo 180, que diz:
“Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena -
reclusão, de um a quatro anos, e multa”.
Se o apelante apenas foi apreendido na posse do veículo, e não restou
comprovada que a conduta desse no intuito de ter a posse do bem, foi a de provocar a
intimidação por meio de uso de violência ou grave ameaça, não há que se falar na prática do
roubo, pois a única conduta presente nos seus atos que configuraria a prática de um ilícito foi a de
“transportar em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime”
O crime de receptação é chamado de parasitário. Isto é, para que o crime
ocorra, precisa que um outro crime já tenha ocorrido anteriormente. Seja um furto, uma
apropriação indébita, um estelionato, um roubo, entre outros. Assim sendo, é a pessoa que
recebe, transporta, oculta, um objeto roubado ou furtado. E foi justamente o que ocorreu no
presente caso, em que não ficou comprovada a prática do primeiro ato ilícito por parte de Diogo
Ladislau, restando apenas a configuração do delito de receptação, o que foi erroneamente
desconsiderado na r. sentença.

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D) INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA NÃO CONSIDERADA, MESMO CONSIDERANDO A


PRÁTICA DO ROUBO. MENOR PARTICIPAÇÃO NA PRÁTICA DO DELITO. APELANTE INDUZIDO
A PRATICAR O DELITO E QUE NÃO POSSUÍA O DOMÍNIO DAS AÇÕES

De acordo com o princípio da individualização da pena está previsto na Carta


Magna, a pena deverá ser sempre individualizada para cada infrator, pois nenhum crime é igual ao
outro, e isso infelizmente não foi examinado na r. sentença no momento de aplicação da melhor
medida.
Assim, independentemente do tipo penal praticado pelo agente delituoso, o
juiz, no momento da aplicação da pena, deve analisar todas as circunstâncias nas quais o crime foi
perpetrado, bem como o grau de culpabilidade de cada agente. Em outros dizeres: as infrações
penais devem ser analisadas, verificando-se a culpabilidade do agente, bem como as
circunstâncias de cada crime, individualizando-se, assim, a pena para cada condenado.
Destarte, no que tange o princípio da individualização da pena, pode-se dizer
que a pena recebida pela prática de uma infração penal deve ser imposta levando-se em
consideração as características pessoais do acusado, bem como as circunstâncias em que o delito
foi praticado.
“A pena deve respeitar os limites da culpabilidade. Ou seja: o magistrado, ao aplicar a
pena, deve atentar para a culpabilidade, devendo, portanto, avaliar o grau de
responsabilidade de cada agente em relação à empreitada criminosa. Assim sendo, pode-
se dizer que a pena para cada condenado deve ser sempre única; cada infrator deve ter
sua pena individualizada, mesmo que tenham concorrido para a mesma infração. ”
(NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2005.)

O sistema jurídico brasileiro admite o concurso de agente diferenciando autor


de partícipe, vez que se adota, expressamente, a teoria da autoria restrita em alguns casos a teoria
do domínio do fato, visto ser esta uma forma complementar aquela.
Há diferenças entre autor (ou coautor) e partícipe. Essa diferenciação, ao
contrário do que supostamente possa parecer, é de fundamental importância, vez que tal
delimitação é consequente lógico do princípio ou regra da individualização da pena, disposto no
artigo 5º, inciso XLVI da Constituição Federal.

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Autor (ou coautores), com base nas teorias vistas, é o protagonista do fato
típico. É aquele que pratica o verbo-tipo ou tem o domínio sobre o fato. Já o partícipe é aquele
que, sem praticar o verbo-tipo, concorre para a produção do resultado. Em suma, o partícipe dá
auxílio ao autor do crime. Advém daí a natureza acessória da participação para a concretização do
crime.
Nesse sentido, trazemos à luz o entendimento de Fernando Capez (2003, p.
315): “de acordo como que dispõe nosso Código Penal, pode-se dizer que autor é aquele que
realiza a ação nuclear do tipo (o verbo), enquanto partícipe é quem, sem realizar o núcleo
(verbo) do tipo, concorre de alguma maneira para a produção do resultado ou para a
consumação do crime”.
O reconhecimento da causa de diminuição da pena é obrigatório. Assim ocorre
quando há a possibilidade de aplicação de Medida Socioeducativa, em que a analogia aplicaria
uma medida de menor grau a do autor do fato. Ilação inversa afrontaria a lógica e o bom senso.
Em roborando o aqui esposado é a mais abalizada jurisprudência, parida das
cortes de justiça:

"A participação de menor importância, que permite a redução da pena, só pode ser a
cumplicidade simples, ou secundária, perfeitamente dispensável e que, se não prestada,
não impediria a realização do crime" JUTACRIM: 90/34.

"A norma inscrita no art. 29 do Código Penal não constitui obstáculo jurídico de sanções de
desigual intensidade aos sujeitos ativos da prática delituosa. A possibilidade desse
tratamento penal diferenciado encontra suporte no princípio constitucional da
individualização das pena e, ainda, na cláusula final do próprio art. 29, caput, do Código
Penal (RT 721/550)

A conduta do apelante se limitou em apenas em conduzir o veículo e dar


cobertura ao terceiro, que foi quem planejou a ação e tinha o domínio desta, a todo instante,
antes e durante a ação e consumação da subtração.
Outrossim, qualquer exasperação que considere ações distintas as praticadas
pelo apelante, assoma deletéria, injusta e malfazeja, de sorte que tornará atroz a sanção imposta,
o que contravém aos princípios reitores que informam a aplicação da pena, a qual por definição é
retributivo-preventiva, devendo ser balizada, atendendo-se ao comando maior do artigo 59 do
Código Penal, o qual preconiza que a mesma: "seja necessária e suficiente para reprovação e
prevenção do crime".

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E) DO DESPREZO PELO NÃO HISTÓRICO DE ADOLESCENTE INFRATOR DO APELANTE


(PRIMARIEDADE)

A Lei tem o objetivo de tutelar a criança e o adolescente de forma ampla, não


se limitando apenas a tratar de medidas repressivas contra seus atos infracionais (doutrina da
proteção integral). E mais. Pelo princípio do melhor interesse, deve-se buscar a solução que
proporcione o maior benefício possível para o menor.
O Estatuto da Criança e do Adolescente é muito mais do que um instrumento
opressivo em defesa do aparelho estatal. É, na verdade, um instrumento educativo, de modo que
a medida socioeducativa deve ter, concretamente, uma finalidade pedagógica e ser proporcional
ao fato supostamente cometido.
Para não ser um ato de violência contra o jovem, a medida socioeducativa
deve ser a menor das medidas aplicável nas circunstâncias referidas e deve gerar o mínimo mal-
estar necessário ao adolescente, respeitando-se a sua condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento. Importante observar o que diz o julgado a seguir:
CRIMINAL. HC. ECA. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO A ROUBO QUALIFICADO. INTERNAÇÃO
POR PRAZO INDETERMINADO. VIOLÊNCIA A PESSOA. EXCEPCIONALIDADE DA INTERNAÇÃO.
CIRCUNSTÂNCIAS DO FATO QUE DEVEM SER CONSIDERADAS. ADOLESCENTE PRIMÁRIO E
COM BONS ANTECEDENTES. DESNECESSIDADE DA MEDIDA MAIS GRAVOSA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA. I. Evidenciado que o
paciente cometeu ato infracional equiparado a roubo qualificado, do qual se extrai a existência
de violência à pessoa, verifica-se a possibilidade, em princípio, consoante o disposto no art.
122, inciso I, do ECA, de imposição da medida de internação. II. A medida mais gravosa
também deve respeitar o princípio da excepcionalidade, o qual determina que em nenhuma
hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada. III. A Quinta Turma
deste Tribunal tem entendido que a medida extrema de internação só está autorizada nas
hipóteses previstas taxativamente nos incisos do art. 122 do ECA, pois a segregação de menor
é, efetivamente, medida de exceção, devendo ser aplicada ou mantida somente quando
evidenciada sua necessidade em observância ao próprio espírito do Estatuto da Criança e do
Adolescente, o qual visa à reintegração do menor à sociedade. IV. Tratando-se de adolescente
primário, com bons antecedentes, que não possui vivência infracional, além de apresentar
aspectos vivenciais positivos, tais como laços familiares sólidos e fortalecidos, resta
evidenciado o apontado constrangimento ilegal. V... STJ - HABEAS CORPUS: HC 49165 SP
2005/0177264-0.

Aplicar Medida socioeducativa privativa de liberdade a adolescente sem


histórico de prática de atos infracionais é inadequada, com mostra o julgado supracitado, e não
só no caso da medida de internação, mas também da medida de semiliberdade, que apesar de
parcialmente, também limita a liberdade do jovem.

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Vê-se que, verificada a possibilidade de aplicação de Medida as em meio


aberto são totalmente cabíveis, pois além da forte carga pedagógica que a acompanha, mantém
o adolescente no seu status natural – liberdade – convivendo normalmente com a sua família, e
o seu meio social, o que contribui, decisivamente, para a sua recuperação, e para que se afaste do
mundo criminoso.

F) DA NECESSÁRIA EXTIRPAÇÃO DA APLICAÇÃO DA MEDIDA DE REPARAÇÃO DE DANOS À


VÍTIMA
Com fundamento no art. 112, II c/c art. 116, ambos do Estatuto da Criança e
do Adolescente, a sentença assim determinou: “o valor da reparação do dano será aferido em
sede de liquidação, que poderá ser realizada mediante a apresentação da Nota Fiscal dos bens e
valores não recuperados, e/ou apresentação de Laudo de Avaliação Merceológica, acrescido de
juros de mora à taxa de 1% ao mês”.
Depreende-se que para se fixar a reparação de danos é necessário haver
elementos capazes de demonstrar de forma precisa o possível eventual prejuízo sofrido pela
vítima. A aplicação da medida mais uma vez se baseou no depoimento exclusivo da vítima, que
afirmou em audiência que outros objetos além dos recuperados foram subtraídos.
No caso em questão, em nenhum momento nos autos foi juntado pelo órgão
ministerial documentos que comprovem o valor real ou mesmo aproximado dos supostos
objetos que não foram recuperados. Sem a prova documental necessária, a reparação do dano
fica prejudicada, tendo em vista que este não pode presumir-se, por se tratar de dano material.
Vejamos a decisão a seguir:
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS TJ-DF – APELAÇÃO CÍVEL:
APL 0000900-43.2002.807.0001 DF 0000900-43.2002.807.0001.EMENTA. AÇÃO DE
REPARAÇÃO DE DANOS. FALTA DE PROVA DOS ALEGADOS DANOS MATERIAIS .
INOCORRÊNCIA DE NOVA ARGUMENTAÇÃO. NEGADO PROVIMENTO. SENTENÇA
MANTIDA. 1 – O APELANTE NÃO TROUXE AOS AUTOS QUALQUER DOCUMENTO
COMPROBATÓRIO DA PROVA DO NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE O ATO DO APELADO E
OS DANOS MATERIAIS SOFRIDOS. 2 – O RECURSO DE APELAÇÃO NÃO OSTENTA
ARGUMENTAÇÃO NOVA PARA ELIDIR OS FUNDAMENTOS EM QUE SE ANCORA O
DECISÓRIO SINGULAR, LIMITANDO-SE A REPISAR O QUE ANTES SE LANÇARA NOS AUTOS.
3 – NEGADO PROVIMENTO.

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Sendo assim, se for mantido o ressarcimento feito pelo parquet, isso implicaria
nitidamente em violação ao Princípio do contraditório e da ampla defesa, posto que, não existem
indícios que apontem que o apelante participou do roubo e nem que logrou alguma vantagem
econômica, razão pela qual não há que se falar no presente em fixação de reparação de danos
sofridos pela vítima.

V – DA NECESSIDADE DE REVISÃO. MEDIDA DE LIBERDADE ASSISTIDA COMO MELHOR


OPÇÃO

A Constituição Federal de 1988 tem como um de seus fundamentos a proteção


a dignidade da pessoa humana. Entre os sujeitos protegidos pela Carta Magna, a criança e o
adolescente possui prioridade absoluta, sendo dever da família, da sociedade e do Estado garantir
sua proteção e o respeito à dignidade inerente ao ser humano.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
(...)
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado ASSEGURAR À CRIANÇA, AO
ADOLESCENTE E AO JOVEM, COM ABSOLUTA PRIORIDADE, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.

A norma fundamental é reforçada pelo Estatuto da Criança e Adolescente, lei


8.069/90, que constitui verdadeiro catálogo de direitos fundamentais dedicado à criança e
adolescente. O diploma legal expõe que:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-
lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
facultar o DESENVOLVIMENTO FÍSICO, MENTAL, MORAL, ESPIRITUAL E SOCIAL, EM
CONDIÇÕES DE LIBERDADE E DE DIGNIDADE.

Art. 4º É DEVER da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público


assegurar, COM ABSOLUTA PRIORIDADE, a efetivação dos direitos referentes à VIDA, À
SAÚDE, À ALIMENTAÇÃO, À EDUCAÇÃO, AO ESPORTE, AO LAZER, À PROFISSIONALIZAÇÃO,
À CULTURA, À DIGNIDADE, AO RESPEITO, À LIBERDADE E À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E
COMUNITÁRIA.

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Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes,
diversões, espetáculos e produtos e SERVIÇOS QUE RESPEITEM SUA CONDIÇÃO PECULIAR
DE PESSOA EM DESENVOLVIMENTO.

A Liberdade Assistida é A MEDIDA SOCIOEDUCATIVA POR EXCELÊNCIA! Por


meio dela, o adolescente permanece junto à sua família e convivendo com a comunidade, ao
mesmo tempo em que estará sujeito a acompanhamento, auxílio e orientação, nos precisos
termos dos artigos 118 e 119 do ECRIAD, que dispõem:
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá
ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
orientador, o Ministério Público e o defensor.
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a
realização dos seguintes encargos, entre outros:
I – promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e
inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência
social;
II – supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo,
inclusive, sua matrícula;
III – diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no
mercado de trabalho;
IV – apresentar relatório do caso.

Firmam-se aqui os princípios basilares das medidas socioeducativas, quais


sejam a ressocialização e a reintegração do adolescente ao convívio familiar, proporcionando ao
mesmo, perspectivas de um futuro próspero junto à família e à comunidade
Portanto, a toda evidência, a Medida Socioeducativa de LIBERDADE ASSISTIDA
mostra-se a mais adequada às circunstâncias e peculiaridades do caso em questão.
Entende-se, desarrazoada e contraproducente a decisão, que aplicou a
medida de internação e reparação de danos à vítima, ignorando as circunstâncias do fato e as
condições pessoais do apelante, numa evidente e indisfarçável superfetação legal, a ser sanada
e corrigida.
A decisão apelada merece reparo!

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VI – DOS PEDIDOS

Ex positis, a DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAPÁ requer:

1. O Conhecimento e provimento deste recurso, a fim de que seja


reformada totalmente a sentença de primeiro grau;
2. Requer que seja reconhecida a nulidade disposta no art. 564, IV do
CPP, por inobservância do art. 5º LVI, CF e art. 226 CPP, devendo ser descartada dos autos o
reconhecimento;
3. No mérito, suplica-se pela total improcedência da pretensão
acusatória estatal, considerando a ausência de provas de que este concorreu para a prática do
ato infracional análogo ao crime de roubo, nos termos do art. 386, V do CPP; ou por não existir
prova suficiente para a condenação, com base no art. 386, VII, do CPP;
4. Que seja colhido o pleito de desclassificação para o tipo Penal previsto
nos termos do artigo 180 (Receptação);
5. Que seja desconsiderado o pedido do parquet de reparação de
danos às vítimas, tendo em vista a sua não comprovação;
6. Por fim, por todos os fatores favoráveis demonstrados, que seja
aplicada a medida de Liberdade Assistida, sendo esta mais adequada ao caso, segundo o
critério da razoabilidade, proporcionalidade e excepcionalidade, de acordo com o caráter
pedagógico do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Termos em que, pede deferimento.


Macapá-AP, 27 de fevereiro de 2023.

JOSÉ AUGUSTO NORAT BASTOS FILHO


Defensor Público em regime de substituição

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DIEGO GUEDES DE SOUZA


Assessor Jurídico

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