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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO JUIZADO DA INFÂNCIA E
JUVENTUDE DA COMARCA DE MACAPÁ-AP
PROCESSO N° 0051822-98.2022.8.03.0001
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NÚCLEO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE MACAPÁ - NUCAM
RAZÕES DA APELAÇÃO
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmera,
I - TEMPESTIVIDADE
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pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser
reconhecida.” (art. 226, I, do CPP), medida essa que busca impedir que exista uma deliberada e
falsa indicação do reconhecedor a reconhecido que, evidentemente, não se alinhe às
características realmente existentes (ou, no mínimo, expostas) na mente da vítima ou da
testemunha.
Contudo, afastando-se da utilitária visão empregada nessa inusitada
sistemática, é inegável que tal protocolo de reconhecimento delira das prescrições legais, fato
esse que corrompe, no mínimo, sua legitimidade perante o prisma do princípio da legalidade.
Mais do que isso, a questão central da preocupação reside na palpitação de uma dúvida, traduzida
na (in) certeza a que tal prova passa a propiciar para o processo penal, eis que formada mediante
a ausência de qualquer amparo legal e/ou científico que lhe sustente o cabimento ou a segurança.
A partir do momento em que se percebe a efetiva negligência legal no trato
prático com o meio de prova do reconhecimento de pessoas ou coisas, é necessário questionar-se
se tal mecanismo de demonstração é funcional ou disfuncional ao processo penal, vez que, sem
dúvidas, o desleixo com a aplicação da lei penal, no caso, é capaz de dar margens a diversos
problemas, como, por exemplo, a ocorrência de uma nulidade e, acima de tudo, do
processamento, aprisionamento cautelar e eventual condenação de pessoa que não possuía
nenhuma vinculação com o real cometimento do delito.
As vítimas fizeram um reconhecimento precário logo após os fatos,
apontando o representado como sendo um dos autores da subtração, e não só isso, estas
provavelmente muito nervosas acabaram afirmando que este também possuía uma arma de
fogo e teria as abordado e subtraído a res furtiva, fatos esses que foram negados
veementemente pelo apelante durante toda a instrução.
O reconhecimento é ato formal que visa confirmar a identidade de uma
pessoa ou coisa, não podendo ser realizado de forma informal. Sendo que desta forma estaria
violando todas as regras processuais. Não é reconhecimento quando o policial logo após o fato,
ou quando o delegado pede a testemunha dizer se reconhece o réu/representado (único
presente e algemado), pois descumpre a forma e é um ato induzido.
Como podemos verificar o presente de reconhecimento não obedeceu às
formalidades previstas no Código de Processo Penal, e a vítima acabou imputando e atribuindo
ao representado atos cometidos pelo terceiro.
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distribuição média diária apenas de Habeas Corpus e RHCs, com pedidos de liminar, não tem
sido inferior a 40 feitos a cada gabinete da Terceira Seção; considerando que o exame dos
pedidos liminares formulados nesses 346 feitos, distribuídos de uma só vez a este relator,
demandaria semanas de esforços, em prejuízo de todos os interessados no julgamento dos
mais de 4 mil processos que compõe m o acervo do gabinete; considerando que esse total de
feitos encaminhados, em um único dia, corresponde a cerca de metade do número de Habeas
Corpus distribuídos por mês ao gabinete; considerando, ainda, que é assegurado a todos os
jurisdicionados o julgamento dos processos em tempo razoável e que todos possuem, em
igualdade de condições, a justa expectativa de verem suas pretensões examinadas
oportunamente, determino o imediato encaminhamento deste processo ao Ministério Público
Federal, para manifestação sobre o mérito da impetração. Com o retorno dos autos, venham
eles conclusos para julgamento. Brasília (DF), 03 de agosto de 2020. Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ Relator.
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É indubitável que a palavra das vítimas devem ser acolhidas com reservas,
visto que são confusas e frágeis quando apontam a autoria do ato infracional ao apelante. Um
testemunho duvidoso levou o representado a seguinte situação: arcar com o peso de um processo
por um ato que não cometeu.
É importante frisar que assim como a palavra da vítima serve para
demonstrar e comprovar a autoria de um crime/ato infracional, ela também deve ser
analisada no intuito de que, havendo dúvidas o melhor caminho é a absolvição. Muitas
são as decisões que se baseiam exclusivamente na palavra da vítima, e é importante que
sejam levadas em consideração não só quando pioram o quadro do réu/representado,
mas também quando também dão ajo à dúvidas que o beneficiem.
Os testemunhos das vítimas são inseguros, e sobre esse tema, cito uma
importante decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que pode fundamentar a peça
defensiva: No acórdão referente a apelação Nº 70079003315 (Nº CNJ: 0265543-COMARCA DE
CAXIAS DO SUL-29.2018.8.21.7000) 2018/CRIME, o relator, desembargador Sérgio Miguel Achutti
Blattes, cita a importância da palavra da vítima, mas a narrativa tem de ser "firme, coerente e
corroborada por elementos que a tornem verossímil", não se pode conferir valor probatório
absoluto. E diz mais: "Proceder de tal forma, em termos práticos, resultaria em verdadeira inversão
do ônus probatório em desfavor da acusado, de forma a exigir-se que este produzisse prova acerca
de fato negativo, o que, à toda evidência, não se admite na seara criminal. É dizer, não pode a
tutela à parte vulnerável sobrepor-se, de forma incontestável, aos princípios norteadores do
processo penal, sobretudo a presunção de inocência e o devido processo legal".
A falta de evidência não materializada pela solidez da prova retira a faculdade
de punição, pois não se pode imputar um delito a alguém em caso de dúvida ou na falta de
certeza.
O Ministério Público foi infeliz ao apresentar representação com base em
argumentos falhos baseados em depoimentos que não apontaram de forma segura e
convincente a autoria do ato infracional, e por outro lado a r. sentença também desonsiderou os
argumentos da defesa quanto ao fato das vítimas não terem apontando em juízo a autoria do
roubo ao apelante.
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Autor (ou coautores), com base nas teorias vistas, é o protagonista do fato
típico. É aquele que pratica o verbo-tipo ou tem o domínio sobre o fato. Já o partícipe é aquele
que, sem praticar o verbo-tipo, concorre para a produção do resultado. Em suma, o partícipe dá
auxílio ao autor do crime. Advém daí a natureza acessória da participação para a concretização do
crime.
Nesse sentido, trazemos à luz o entendimento de Fernando Capez (2003, p.
315): “de acordo como que dispõe nosso Código Penal, pode-se dizer que autor é aquele que
realiza a ação nuclear do tipo (o verbo), enquanto partícipe é quem, sem realizar o núcleo
(verbo) do tipo, concorre de alguma maneira para a produção do resultado ou para a
consumação do crime”.
O reconhecimento da causa de diminuição da pena é obrigatório. Assim ocorre
quando há a possibilidade de aplicação de Medida Socioeducativa, em que a analogia aplicaria
uma medida de menor grau a do autor do fato. Ilação inversa afrontaria a lógica e o bom senso.
Em roborando o aqui esposado é a mais abalizada jurisprudência, parida das
cortes de justiça:
"A participação de menor importância, que permite a redução da pena, só pode ser a
cumplicidade simples, ou secundária, perfeitamente dispensável e que, se não prestada,
não impediria a realização do crime" JUTACRIM: 90/34.
"A norma inscrita no art. 29 do Código Penal não constitui obstáculo jurídico de sanções de
desigual intensidade aos sujeitos ativos da prática delituosa. A possibilidade desse
tratamento penal diferenciado encontra suporte no princípio constitucional da
individualização das pena e, ainda, na cláusula final do próprio art. 29, caput, do Código
Penal (RT 721/550)
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Sendo assim, se for mantido o ressarcimento feito pelo parquet, isso implicaria
nitidamente em violação ao Princípio do contraditório e da ampla defesa, posto que, não existem
indícios que apontem que o apelante participou do roubo e nem que logrou alguma vantagem
econômica, razão pela qual não há que se falar no presente em fixação de reparação de danos
sofridos pela vítima.
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Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes,
diversões, espetáculos e produtos e SERVIÇOS QUE RESPEITEM SUA CONDIÇÃO PECULIAR
DE PESSOA EM DESENVOLVIMENTO.
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VI – DOS PEDIDOS
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