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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIME DA

COMARCA DE JACOBINA ESTADO DA BAHIA

IAGO SOUZA RIBEIRO, brasileiro, estudante, residente e domiciliado na Rua José


Prado Alves, 96 Bairro Félix Tomaz, Jacobina Bahia, filho de Fernando Borges Ribeiro
e Iranilde Ribeiro de Souza, vem à presença de V. Exa., através de seu procurador e
advogado in fine assinado, com escritório sito na Avenida Orlando Oliveira Pires,
centro, Jacobina Bahia, (Inst. proc. nos autos), requerer, com fulcro no art. 316 do
estatuto processual penal, a

REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA de (réu primário sem antecedentes


criminais) pelos motivos de fato e de direito que, a seguir, expõe:

Ab inition, insta salientar, que o Requerente se compromete a comparecer a todos os


atos do processo, a cumprir qualquer outra restrição de direitos que for determinado,
contudo, diverso da prisão cautelar já determinado por MM. Juízo, que, com a devida
vênia, à luz dos princípios constitucionais e, principalmente, ao devido processo legal,
ampla defesa e contraditório, presunção de inocência e a segurança jurídica, não há
elementos nos autos que possa autorizar a antecipação de pena, porventura se for essa a
conclusão no final do processo após a ampla defesa e o devido contraditório, como
passaremos a invocar.

BREVE RELATOS FÁTICOS

1. A Delegacia de Polícia do Município de Jacobina Bahia, instaurou, contra o


requerente inquérito policial com oitiva de vítimas, e em tese por suposta ação delituosa
praticada pelo mesmo. Ao final, a autoridade representou-se pela prisão cautelar do
Requerente sendo reiterada pelo Ilustre Representante do Ministério Público e
deferimento por MM. Juízo.

2. Com o devido cumprimento do r. mandado, a polícia Cívil prendeu o requerente em


sua residência na Rua José Prado Alves, 96, no Bairro Félix Tomaz, nesta Cidade no dia
08 de Julho do corrente ano.

3. Todavia, Exa., com a devida vênia, o requerente nega os fatos em questão, o que não
tem cabida a manutenção da ordem de prisão cautelar contra o suplicante em razão do
fundamento exposto na r. decisão.

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DAS INCONSISTÊNCIAS DOS RELATOS DAS VÍTIMAS

1. Como se verifica, as vítimas relatam de abordagens diferentes, numa diz que o


agressor usava arma de fogo, noutra, utilizou-

categoricamente ser o requerente a mesma pessoa, se o reconhecimento em sede de


delegacia foi mostrado apenas fotos as vítimas e esse usava touca, que tipo de
reconhecimento é esse?

Sabemos não ser nesse petitório a forma de abordar questões de mérito, más, apenas
pelo amor e o respeito aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa,
e, principalmente ao princípio da INOCÊNCIA, já, que o requerente foi preso em sua
residência e nega os fatos lhes atribuídos na peça inquisitorial, o que se requer a
revogação da prisão cautelar conforme os argumentos e fundamentos que passaremos a
invocar:

a) Trata-se de pessoa residente no Distrito da Culpa desde quando nasceu, com endereço
certo, réu primário, o requerente nunca foi preso por outro qualquer motivo.

b) o acusado não tem antecedentes criminais negativos em razão de que, a única


distribuição contra ele constante, é aquela referente ao feito ora em curso, como pode
ser verificado e ainda conforme documentação inclusa.

c) Não há como inferir com clareza, ser o requerente o autor dos delitos ora em comento
e que com a liberdade do requerente esse possa trazer comprometimento a ordem
pública, tendo em vista que o mesmo deseja demonstrar sua inocência em liberdade
aceitando outras medidas cautelares de restrições de direitos diverso da prisão.

d) Por oportuno, insta salientar, que o requerente trabalha conjuntamente com sua

ido, o que resta


demonstrado que o mesmo precisa restabelecer sua vida por ocasião da sua liberdade.

Douto Julgador, o suplicante nesse pedido, abre compromisso com esse MM. Juízo, de
comparecer em todos os atos do processo, sem que haja qualquer frustração de
aplicação da lei, nem tampouco, interferir em qualquer situação que possa perdurar ou
justificar a medida cautelar. O que se requer, é a oportunidade de provar a tese ora
esboçada mediante ao exercício da ampla defesa e o contraditório, ficando é claro, o seu
julgamento por esse MM. Juízo, o que de outra forma agindo, antecipa-se uma
condenação, o que é contrário aos comezinhos princípios da nossa Carta Magna, sendo
o judiciário o guardião de tais princípios.

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Cabe aqui adentrar ao mérito da medida decretada: na espécie, efetivamente, resta
comprovada a indispensabilidade da medida cautelar para que os fins do processo sejam
atingidos? A prisão do requerente demonstra-se como dado essencial para que a
prestação jurisdicional não se frustre quando da prolação da eventual sentença penal
condenatória?

Passemos a discutir tais pontos:

Saliente-se inicialmente que o processo penal cautelar (compreensivo das denominadas


medidas cautelares pessoais entre as quais se alinha a prisão preventiva) na busca da
compatibilização dos interesses conflitantes em tal seara (de um lado o interesse do
acusado de ver-se livre e, de outro, o interesse de segurança da sociedade), sem que se
ultrapasse o limite do necessário na lesão ao direito individual que todos têm à
liberdade, estabelece uma série de parâmetros aplicativos interdependentes
convencionalmente qualificados como princípios, a serem observados quando a
referência é feita à adoção ou não das medidas de cautela, valendo ressaltar entre tais
princípios, o da necessidade e o da proporcionalidade. Analisemo-los, de per se,
vertendo-se para a espécie, verificando se encontram presentes in casu:

QUANTO AO PRINCÍPIO DA NECESSIDADE

É ressabido que para externar-se a decretação da custódia preventiva devem concorrer


duas ordens de pressupostos: os denominados pressupostos proibitórios (o fumus
commisi delicti representado no nosso direito processual pela prova da materialidade do
delito e pelos indícios suficientes da autoria) e os pressupostos cautelares (o periculum
libertatis, representado na legislação brasileira pelas nominadas finalidades da prisão
preventiva, trazidas na parte inicial do art. 312 do estatuto processual penal). O
princípio ora sob epígrafe expressa-se através dos denominados pressupostos cautelares,
chamados comumente na doutrina brasileira de finalidades da prisão preventiva.
Decorre de tal princípio que, para se ver decretada a medida coativa, deve revelar-se no
caso concreto uma das três finalidades expressas pela lei: a conveniência da instrução
criminal, o asseguramento da ordem pública ou a garantia da ordem pública, sequer um
de tais pressupostos se encontra evidenciado já que nos autos, não se vislumbra com
clareza ser o requerente o autor dos delitos em questão.

Saliente-se mais não haver porque o acusado fugir à aplicação da lei penal em razão de
que, fazendo-se projeção acerca do processo, há necessariamente de chegar-se à
conclusão e é interesse do requerente se defender.

QUANTO AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

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Por conta de tal princípio a medida cautelar a ser imposta deve, sempre e
invariavelmente, ser proporcional ao apenamento projetado e á gravidade da infração
praticada.

Assim, em conformidade com este referencial, o juiz deve, tendo em mãos o pedido
através do qual se solicita a decretação da medida extrema, lançar os olhos para o
futuro, fazendo projeção no sentido de qual será o apenamento do acusado em caso de
superveniência de condenação.

Observe-se a necessidade de afastar-se o aforisma no sentido de que em sede de


procedimento penal cautelar não se examina o mérito, para fugir-se a pré-julgamento.
Aliás, nada mais inexato, pois a própria lei determina a necessidade de examinar-se os
fatos no caso concreto para deles retirar o fumus commisi delicti. Ao contrário do que
comumente se admite, o exame da espécie com projeção do apenamento é fundamental,
para que se tenha certeza de que o Estado não estará a cometer injustiça através de
medida coativa que a prestação jurisdicional não comportará.

DO PEDIDO

Assim, em face do exposto, requer-se a V. Exa., a revogação da medida cautelar, com


designação de audiência para que possa o acusado ser interrogado, propondo-se o
mesmo a assinar o termo de comparecimento a todos os atos do processo, nos moldes
do art. 310, caput do Código de Processo Penal.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Jacobina Bahia, 15 de Julho de 2019.

Gleidison Barbosa Batista


Advogado OAB/BA. 24625

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