Você está na página 1de 23

PROCESSO PENAL - APLICADO – ARA 0154

(DIREITO PROCESSUAL PENAL II)


SEMANA AULA 1
ATOS JURISDICIONAIS

TEMA: ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL

I- CITAÇÃO

Podemos dizer que a citação é o primeiro ato de comunicação


processual no processo penal, vez que é com a citação que o réu vai saber da
existência de uma ação penal contra ele movimentada e, agora sim, estará
formada a relação jurídico processual.

Mas o que seria a citação?

Seria o ato de comunicação processual que leva o acusado a tomar


conhecimento do processo (existe uma peça acusatória já recebida), viabilizando
seu direito de CONTRADITÓRIO e AMPLA DEFESA!

Qual o efeito da citação no CPP?

O único efeito que teremos aqui é a angularização (Formação do


Triângulo) da relação jurídico-processual. Assim, o Processo terá completada a sua
formação quando realizada a citação do acusado, nos termos do artigo 363 do CPP.
O artigo 35 do CPPM vai além e especifica que o processo se inicia com o
recebimento da denúncia e se efetiva com a citação do réu:

Art. 35. O processo inicia-se com o recebimento da denúncia


pelo juiz, efetiva-se com a citação do acusado e extingue-se no
momento em que a sentença definitiva se torna irrecorrível,
quer resolva o mérito, quer não.

ATENÇÃO! Se a citação consagra o contraditório e a ampla defesa


(princípios de extrema relevância no nosso processo penal!), eventual vício da
citação constitui causa de nulidade absoluta. Via de regra, vai se operar a nulidade
do processo desde o início!

ATENÇÃO! Mesmo após o trânsito em julgado da sentença condenatória ou


absolutória imprópria, é possível arguir a nulidade decorrente do vício na citação, o
que será pleiteado através da Revisão Criminal ou habeas corpus.

ATENÇÃO! Por óbvio a falta/defeito na citação pode ser sanada caso o réu
compareça antes de o ato se consumar, conforme a inteligência do art. 570, do CPP,
vejamos:

Art. 570 - A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou


notificação estará sanada, desde que o interessado compareça,
antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único
fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o
adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá
prejudicar direito da parte.

EX: Imagine que o oficial de justiça queira citar BARBARA KELLY, porém ao
chegar na casa desta quem recebe o oficial é sua amiga BIG BIG, a qual se passa
por BARBARA KELLY e recebe a citação, sem, contudo, informar BARBARA KELLY
do ocorrido. Por coincidência, naquela mesma semana a ré BARBARA KELLY
tentou pegar um nada consta da justiça para se candidatar a uma vaga de emprego
na Tv tucuju, canal 24, e não conseguiu, justamente em razão daquela ação penal.
Assim, compareceu ao tribunal e tomou conhecimento do teor daquela ação penal,
sanando está a falta ou nulidade da citação. Ela irá participar de todos os termos do
processo, sendo a ela concedido prazo para apresentar resposta à acusação.

Agora imagine que, nesse mesmo exemplo, a acusada apenas tomasse


conhecimento do feito mais adiante, após ouvidas as testemunhas, já apresentadas
alegações finais e estando o feito concluso para o juiz sentenciar, qual seria a
consequência? O procedimento aqui teria que voltar para aquele instante inicial. Os
atos foram efetivamente praticados na ausência do réu, motivo pelo qual são nulos.
Ela não compareceu antes da consumação dos atos, motivo pelo qual não podem
ser sanados.

ATENÇÃO! O ato que declara a nulidade da citação denomina-se


CIRCUNDUÇÃO. Sendo anulada, diz-se que se deu a citação circunduta.

ATENÇÃO! Sendo a citação o ato que noticia ao acusado que ele tem contra
si uma ação penal, ela apenas vai se efetivar uma única vez dentro do processo!
Não há que se citar o réu mais do que uma vez. A própria execução da pena, em
caso de sentença penal condenatória, não demanda nova citação.

ATENÇÃO! Ainda que o acusado tenha constituído advogado na fase de


investigação, isso não implica que o juiz possa deduzir que ele tem conhecimento da
ação penal contra ele iniciada. Nesse sentido, o seguinte julgado:

4. A CITAÇÃO É PRESSUPOSTO DE EXISTÊNCIA DA RELAÇÃO


PROCESSUAL E SUA OBRIGATORIEDADE NÃO PODE SER RELATIVIZADA
SOMENTE PORQUE O RÉU CONSTITUIU ADVOGADO PARTICULAR QUANDO
FOI PRESO EM FLAGRANTE. O FATO DE O JUIZ TER DETERMINADO A
JUNTADA, NOS AUTOS DA AÇÃO PENAL, DE CÓPIA DA PROCURAÇÃO
OUTORGADA AO ADVOGADO NO PROCESSO APENSO, RELACIONADO AO
PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA, BEM COMO QUE O CAUSÍDICO
APRESENTASSE RESPOSTA À ACUSAÇÃO, NÃO SUPRE A FALTA DE
CITAÇÃO E NEM DEMONSTRA, SEM O COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO
DO RÉU A NENHUM ATO DO PROCESSO, SUA CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA
DENÚNCIA E NEM QUE RENUNCIOU À AUTODEFESA. 5. O prejuízo para a
ampla defesa foi registrado no acórdão estadual, não havendo falar em violação
do art. 563 do CPP. A ampla defesa desdobra-se na defesa técnica e na
autodefesa, esta última suprimida do réu, pois não lhe foram oportunizadas
diversas possibilidades, tais como a presença em juízo, o conhecimento dos
argumentos e conclusões da parte contrária, a exteriorização de sua própria
argumentação em interrogatório etc. 6. Recurso especial não provido. (REsp
1580435/GO, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado
em 17/03/2016, DJe 31/03/2016). (Informativo 580).
I.I- ESPÉCIES DE CITAÇÃO

PESSOAL: A regra no processo penal é que a citação seja sempre pessoal, ou seja,
realizada diretamente ao próprio acusado. Aqui não temos qualquer dúvida de
que o acusado teve pleno conhecimento de que há contra ele uma ação penal e
de que ele deve se defender. Há várias formas de se efetivar a citação pessoal:
por mandado, por carta precatória, por carta rogatória e por carta de ordem.

Obs: no processo penal, não temos a possibilidade de citação por telefone, e-mail
Espécies de ou mesmo eletrônica. O art. 6º da Lei n. 11.419/2006, inclusive, diz textualmente
Citação que não se admite citação eletrônica no processo penal. Qualquer tentativa nesse
sentido, culminará em uma citação nula, por falta de previsão legal.

FICTA OU PRESUMIDA: Nessa espécie temos a presunção legal de que o acusado


tomou conhecimento da ação penal, motivo pelo qual admite-se, desde que
atendidos os requisitos legais para a formalização dessa citação, que o processo
tenha o seu regular procedimento, que vai ser específico a depender do tipo de
citação ficta realizada. São espécies a citação por edital e a citação por hora certa,
que analisaremos adiante

Passaremos a analisar as formas de Citação.


I.II- CITAÇÃO POR MANDADO
É a citação efetivada por oficial de Justiça, na pessoa do acusado que
resida na mesma Comarca do juízo processante e esteja em local certo e
sabido. Não se admite a citação do representante legal ou mesmo de
procurador legalmente autorizado, tal qual se dá no processo civil.

O mandado é o ato formal, escrito, assinado pelo juiz competente e


que deve ser cumprido pelo Oficial de Justiça. A regra no processo penal é,
portanto, a citação pessoal, por mandado.

EXCEÇÕES: 1- CRIMES AMBIENTAIS: A citação da pessoa


jurídica deve ser feita na pessoa do representante legal ou
diretor com poderes especiais para receber citação; 2-
INIMPUTÁVEIS (Doença Mental/Desenvolvimento Mental
Incompleto/Retardado Art. 26, caput, do CP): No caso do
inimputável, a citação deve ser feita na pessoa do seu curador.
Se ainda não há incidente e nomeação de curador, o oficial de
justiça deve deixar de cumprir a citação, caso constate que o
acusado não tem condições de compreender o caráter do ato, e
comunicar ao juiz, por certidão nos autos. Nessa hipótese, o juiz
determinará a realização de exame médico-legal e nomeará
curador ao acusado, o qual irá receber a citação. Aqui vai ser
utilizado o procedimento previsto no art. 245 do novo Código de
Processo Civil. Saliente-se que a citação feita nesses moldes é
denominada de CITAÇÃO IMPRÓPRIA
I.III- REQUISITOS INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS DA CITAÇÃO

O mandado de citação deve preencher determinados requisitos


intrínsecos, previstos no art. 352 do CPP, e requisitos extrínsecos, estes
dispostos no art. 357 do CPP. Vamos a eles:
I – o nome do juiz; II – o nome do
querelante nas ações iniciadas por
queixa; III – o nome do réu, ou, se for
desconhecido, os seus sinais
característicos; IV – a residência do
réu, se for conhecida; V – o fim para
que é feita a citação; VI – o juízo e o
lugar, o dia e a hora em que o réu
INTRÍNSECOS (Art. 352, CPP): Trata-se
deverá comparecer; Atenção aqui! O
do que deve existir no mandado, quais
acusado era citado para comparecer
as informações que ele deve conter
em juízo e ser interrogado. Com a Lei
n. 11.719/2008, o acusado passou a
ser citado para apresentar resposta à
acusação em 10 dias. Mas se o
examinador cobrar a literalidade do
REQUISITOS dispositivo, essa previsão está sim
DA CITAÇÃO expressa na lei; VII – a subscrição do
escrivão e a rubrica do juiz.

I – leitura do mandado ao citando pelo


REQUISITOS EXTRÍNSECOS (art. 357, do oficial e entrega da contrafé, na qual se
CPP): O legislador nesse ponto é sobre mencionarão dia e hora da citação; II –
como o oficial de justiça vai formalizar a declaração do oficial, na certidão, da
citação entrega da contrafé, e sua aceitação ou
recusa.

ATENÇÃO! No Processo Penal, a citação pode ser feita a qualquer


hora e em qualquer lugar, respeitada a inviolabilidade domiciliar.

Dúvidas Frequentes:

1- Citação do PRESO deve ser PESSOAL ainda que este esteja fora
da unidade federativa onde o juízo que está lhe citando possui
jurisdição (art. 360, do CPP);
2- Citação do FUNCIONÁRIO PÚBLICO também é PESSOAL. O art.
359, do CPP, apenas dispõe que o dia designado para o funcionário
público comparecer em juízo, como acusado, será notificado não só
este, mas também seu chefe na repartição, no afã de garantir a
continuidade da prestação do serviço público;
3- A citação do MILITAR DA ATIVA É UM EXCEÇÃO A REGRA, o art.
358, do CPP, dispõe que a citação do militar será por intermédio do
chefe do respectivo serviço. O juiz expede ofício ao chefe do
respectivo serviço, e o chefe é quem vai efetivar a citação do militar.
I.IV- CITAÇÃO POR CARTA PRECATÓRIA e CARTA ROGATÓRIA e
CARTA DE ORDEM
juízo deprecado, ao receber a carta,
determina a expedição de mandado a
ser cumprido por oficial de justiça,
visando à citação do réu. Após isso, será
devolvida ao juízo deprecante.

Nos termos do artigo 354 do Código de


PRECATÓRIA: quando o acusado residir Processo Penal, a carta precatória
no território nacional em local certo e deve indicar:
sabido, porém fora da competência I – o juiz deprecado e o juiz
territorial do juízo processante. deprecante;
II – a sede da jurisdição de um e de
outro;
III – o fim para que é feita a citação,
com todas as especificações;
IV – o juízo do lugar, o dia e a hora em
que o réu deverá comparecer.

A carta é encaminhada ao Ministério


da Justiça, que solicita o cumprimento
CITAÇÃO ao Ministério das Relações Exteriores.
POR A carta é encaminhada para a justiça
CARTA ROGATÓRIA: Caso o acusado esteja no rogada (onde está o réu), por via
estrangeiro, em lugar certo e sabido, a diplomática. Sua citação será feita
citação dele será por meio de carta mediante Carta Rogatória.
rogatória
O Código de Processo Penal prevê, em
seu art. 368, a suspensão do prazo
prescricional até o cumprimento da
rogatória.

CARTA DE ORDEM: A carta de ordem também visa a citar réu que não reside
na sede da jurisdição do Tribunal processante. por exemplo, em um processo
de Competência Original do Supremo Tribunal Federal que tenha por réu
pessoa que reside em Minas Gerais, por exemplo. Nesse caso, o Supremo
Tribunal Federal expede uma Carta de Ordem, visando a que aquele réu seja
citado no local em que se encontra, o que será efetivado pelo juízo da
comarca da residência do réu.

ATENÇÃO! A carta rogatória é incompatível com o procedimento dos Juizados


Especiais. Assim, estando o réu no estrangeiro, os autos serão remetidos para
o juízo criminal comum (o mesmo que ocorre em caso de necessidade de
citação por edital, como veremos adiante).

ATENÇÃO! A carta rogatória também vai ser utilizada para efetivar citações em
legações estrangeiras, ou seja, em embaixadas e consulados. Dessa forma,
caso haja a necessidade de citar alguém que resida em embaixada ou
consulado estrangeiro, a citação irá se operacionalizar por meio de carta
rogatória.

I.V- DA CITAÇÃO POR EDITAL


Trata -se de citação presumida, vez que o réu não será citado
pessoalmente, mas por uma previsão legal, presume-se que este tomou
conhecimento da ação penal ajuizada contra si, haja vista que foi publicado um
edital noticiando esse fato.

Mas quando caberá a citação por edital?

Segundo o art. 361, do CPP, quando o réu estiver em local incerto ou


não sabido. Sendo assim, para esta modalidade de citação deve haver o
esgotamento de todas as diligências visando à localização do réu e após isto, a
lei permite que seja publicado um edital, com o prazo de 15 dias, com o
objetivo de que o réu venha a tomar conhecimento da ação penal.

Atenção! enunciado 351 da Súmula do Supremo Tribunal Federal


acima discutida: se o réu está preso na mesma unidade da Federação, é nula a
citação dele efetivada por meio de edital.

Atenção! conforme o parágrafo único do art. 66 da Lei n. 9.099/1995,


não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças
existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
Portanto, incabível citação por edital no juizado especial.
Quais seriam os efeitos da citação por edital se o réu não comparecer
no processo e nem constituir advogado?

• EFEITOS DA CITAÇÃO POR EDITAL (ART. 366, DO CPP)

• 1º - Suspensão do Processo e do Curso do Prazo


Prescricional.

Atenção! Para que esse efeito se opere, preciso ter um acusado que
foi citado por edital e que não compareceu e nem constituiu advogado, ou seja,
que não apresentou resposta à acusação no prazo legal. Se o réu foi citado por
outros meios (por mandado ou por hora certa, por exemplo). NÃO HAVERÁ
SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL! O art. 366 do CPP tem aplicação
ao citado por edital que não comparece. Portanto, fique ligado!

Qual o prazo para a suspensão do processo neste caso?

• 1ª corrente - doutrina e STJ: o tempo de suspensão deve ser


regulado pelo prazo da prescrição da pretensão punitiva em abstrato. Nesse
sentido, Súmula 415 do STJ: o período de suspensão do prazo prescricional é
regulado pelo máximo da pena cominada.

Como funciona isso?

Verifica-se qual a pena máxima em abstrato que a lei penal prevê para
aquele crime que está sendo imputado ao réu. A partir daí, verifica-se no
dispositivo do Código Penal (art. 109) que trata da prescrição em quantos anos
prescreve aquele crime. Exemplo: um crime que prescreve em 8 anos vai ficar
suspenso (o processo e a prescrição) pelo prazo de 12 anos. Após isso, o
processo volta ao trâmite regular. Caso se atinja o prazo prescricional (que
voltou a correr!), há que se reconhecer a prescrição.
• 2ª corrente: STF - A suspensão do processo e da prescrição pode
perdurar por prazo indeterminado (STF, RE 460971).

• 2º – Produção Antecipada de Provas – o art. 366 abre a


possibilidade de produção antecipada de provas, no caso de
suspensão do processo.

• O enunciado 455 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça


dispõe que a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no
art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando
unicamente o mero decurso do tempo. Ou seja, não é pelo simples fato de que o
processo ficará parado por X tempo que leva à possibilidade de antecipar a
prova. A regra é que a prova seja produzida na presença do réu ou de seu defensor,
que exercerá contraditório real e ampla defesa. A excepcionalidade precisa ser
devidamente fundamentada.

O entendimento, portanto, é que a oitiva de testemunha, por si só, não


justifica a produção antecipada de prova. Ou seja, dizer que a prova dos autos é
testemunhal e que o passar do tempo leva ao esquecimento, não é fundamento
idôneo para justificar a produção antecipada de prova. Agora, se tivermos aqui um
“plus”, aí sim é possível a antecipação da prova. E que “plus” seria esse? Por
exemplo, testemunha com enfermidade grave ou avançada idade, inspirando
receio de que, na época da instrução, não mais exista, nos termos do que
dispõe o art. 225 do CPP, que permite o depoimento antecipado em tal
hipótese.

ATENÇÃO! Há jurisprudência no sentido de que, se cuidando de testemunha


policial, por ser corriqueiro que eles sejam testemunhas de fatos muito parecidos,
seria possível a produção antecipada de provas.
• 3º - Decretação da Prisão Preventiva – Outro ponto importante
relacionado ao art. 366 é a possibilidade de decretação da
preventiva.

A prisão preventiva no art. 366 não pode, jamais, ser considerada uma
prisão automática. Não é o simples fato de ter o acusado sido citado por edital e
não ter comparecido e nem constituído advogado que leva à prisão dele. deve ser
demonstrado os requisitos e pressupostos da prisão preventiva, previstos nos arts.
312 e 313 do CPP, para poder decretá-la. Não se pode presumir que o réu está
tentando se furtar à aplicação da lei penal porque ele não atendeu ao chamamento
do edital, pois quem tem hábito de ler edital? Pode ser, que o réu não tomou
conhecimento da ação penal pelas circunstâncias da vida, e não porque está
fugindo.

ATENÇÃO! Importante previsão se extrai do art. 2º, §2º, da Lei de Lavagem


de Capitais (9.613/98). O que disciplina a lei?

Afirma que no processo por crime nela previsto, não se aplica o art. 366 do
Código de Processo Penal, e em caso de ser o réu citado por edital, o processo irá
prosseguir até o julgamento, com nomeação de defensor. A doutrina critica esse
dispositivo, dizendo ser inconstitucional por ferir o princípio da ampla defesa, mas há
questão de prova de concurso exigindo o conhecimento da literalidade desse
dispositivo.

I.VI- DA CITAÇÃO POR HORA CERTA

Tal modalidade se aplica ao acusado que se oculta para não ser citado.
Caso o oficial de justiça constate que o réu está se ocultando, não precisa sequer
informar antecipadamente tal fato ao juiz. É dever de ofício dele tomar as
providências necessárias para efetivar a citação por hora certa. E o procedimento
adotado é o mesmo do Código de Processo Civil, que, no seu art. 252, traz como
requisitos para a citação por hora certa:

• o acusado tem que ter sido procurador por duas vezes em seu de
endereço e não ser encontrado;

• haver suspeita de ocultação.

Presentes esses requisitos, o oficial de justiça intimará qualquer pessoa da


família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim
de efetuar a citação, na hora que designar. Assim, naquele dia e horário marcados,
o oficial de justiça retorna ao endereço, independentemente de novo despacho, com
o fim de citar o réu, nos termos do art. 253 do Código de Processo Civil. Se o réu
estiver no local, será citado pessoalmente. Não estando, o oficial de justiça deixará o
mandado com quem lá estiver, sendo considerado o réu citado.

ATENÇÃO! Caso o réu, citado por hora certa, não venha aos autos, não
apresente resposta à acusação, o juiz vai nomear advogado dativo e
determinará o prosseguimento do feito, nos termos do parágrafo único do art.
362 do Código de Processo Penal.

É importante não confundir citação por hora certa com citação por edital:
Citação por Citação por
edital hora certa
réu não comparece – nomeia
advogado dativo e processo
réu não comparece - processo segue regularmente. Esse é o
e prescrição suspensos. mesmo regramento que se
aplica ao réu que, citado
pessoalmente, não comparece.

II- REVELIA NO PROCESSO PENAL


Teremos revelia no Processo Penal quando o acusado citado ou intimado
pessoalmente ou por hora certa não comparece injustificadamente a algum ato
processual a que deveria comparecer, ou muda de residência sem comunicar ao
juízo. Pensando especificamente na citação, pois, mais adiante, ao tratarmos de
procedimento, analisaremos as demais hipóteses com mais cuidado, se o réu é
citado pessoalmente ou por hora certa e não vai a juízo, será reconhecida à revelia
dele.

ATENÇÃO! No PROCESSO PENAL o único efeito da revelia é a


DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO DO ACUSADO para a prática dos demais
atos processuais, nos termos do art. 367 do CPP. Contudo, o advogado do réu que
foi declarado revel continuará a ser intimado, ele é que não será!

ATENÇÃO! ainda que reconhecida à revelia, o réu deverá ser intimado da


sentença penal condenatória, pois ele tem possibilidade de recorrer dessa sentença,
ainda que a defesa técnica entenda em sentido diverso.
III- DAS INTIMAÇÕES
A intimação consiste na comunicação de alguém a respeito de um ato
processual já praticado (Intimação propriamente dita) ou que ainda será praticado
(notificação). Apesar da doutrina diferenciar o conceito de intimação e notificação, o
código processual penal não adere tal diferenciação.

Em regra, conforme o art. 370, Caput, do CPP, a disposições aplicadas a


citação também devem ser aplicadas, no que for cabível, as intimações. Contudo,
nossa legislação traz regras especificas para a intimação, como vermos a seguir:

Entre as principais disposições, salienta-se que o advogado constituído, o


advogado do querelante, assim como o assistente de acusação serão intimados pelo
órgão oficial. Nos termos do art. 370, §1º, na publicação deve constar, sob pena de
nulidade, o nome do acusado. Segue o §2º daquele mesmo dispositivo explicando
que se não houver órgão oficial na comarcar, o advogado deve ser intimado por
mandado ou pessoalmente no balcão do juízo. Também possível intimação por via
postal, com Aviso de Recebimento (AR) ou qualquer outro meio idôneo. Feita a
intimação pessoal, fica dispensada a publicação, nos termos do §3º do art. 370 do
CPP.

ATENÇÃO! Já em conformidade com o §4º do art. 370, o Ministério Público,


o defensor dativo e o defensor público devem ser intimados sempre pessoalmente.

Vejamos alguns pontos relevantes no que diz respeito às intimações e os


prazos que decorrem de sua efetivação:

1) Conforme a Súmula 710 do STF, no processo penal, contam-se os prazos


da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória
ou de ordem. Assim, o dia em que se efetiva a intimação (ou a citação) é que deve
ser considerado para fins de contagem de prazo. Importa lembrar que o prazo
processual conta-se excluindo o dia do início e incluindo o dia final. Realizada a
intimação na sexta-feira, o prazo inicia na segunda-feira imediata, ou no primeiro dia
útil que se seguir.

2) Os prazos para o Ministério Público começam a correr da data da entrada


dos autos no setor administrativo do órgão ministerial, e não da ciência dada pelo
promotor de justiça nos autos. Esse o entendimento dos tribunais superiores sobre o
tema. Evita-se, com isso, que o promotor de justiça “escolha” quando se inicia o
prazo, deixando para dar o seu ciente em momento que lhe seja mais adequado,
bem como que o feito fique paralisado por questões administrativas no âmbito do
Ministério Público.

3) Em caso de sentença condenatória, tanto o réu quanto o advogado


devem ser intimados, mesmo que o réu seja revel. O prazo recursal apenas se inicia
a partir da segunda intimação. O réu preso deve ser sempre intimado pessoalmente.

CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS JURISDICIONAIS


TEMA: DA SENTENÇA PENAL

I- DO CONCEITO E DA CLASSIFICAÇÃO DA SENTENÇA PENAL

Segundo Renato Brasileiro, sentença, para o CPP, “é tão somente a


decisão que julga o mérito principal, ou seja, a decisão judicial que
condena ou absolve o acusado. A contrario sensu, as decisões que
extinguem o processo sem julgamento de mérito, segundo o CPP, são
tratadas como decisões interlocutórias mistas”( LIMA, Renato Brasileiro de.
Manual de Processo Penal – Volume único. Rio de Janeiro: Jus Podvum, 2020,
pg. 1607.)
Dando início as classificações, é importante fazermos a distinção entre
sentença definitiva e sentença transitada em julgado:
SENTENÇA/DECISÃO DEFINITIVA: É aquela que põe fim ao processo com julgamento
de mérito, condenando ou absolvendo o réu, e tem como fundamento o art. 82, do
CPP
SENTENÇA/DECISÃO TERMINATIVA DE MÉRITO: também decidem o mérito, mas sem
condenar ou absolver o acusado, como por exemplo a decisão que extingue a
punibilidade do réu
SENTENÇA/DECISÃO COM FORÇA DE DEFINITIVA OU INTERLOCUTÓRIA MISTA: põe
fim a uma fase do procedimento ou coloca fim ao processo, sem o julgamento do
mérito, como a decisão de rejeição da denúncia.
SENTENÇA SUICIDA: aquela em que o dispositivo contraria a fundamentação: por
SENTENÇAS
exemplo, na fundamentação o juiz menciona que as provas são frágeis, que os
PENAIS
depoimentos são contraditórios, mas no dispositivo condena o réu
SENTENÇA VAZIA: a que padece de fundamentação, classificação que ganhou maior
relevo com a nova redação do art. 315, do CPP, dada pela lei anticrime.

SENTENÇA AUTOFÁGICA: é a que se reconhece a imputação, mas o juiz extingue a


punibilidade, como ocorre no exemplo do perdão judicial.

SENTENÇA/DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO: É aquela em relação à qual não cabe


mais recurso

ATENÇÃO! existem julgados anulando sentenças suícidas, confira:


EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - APELOS MINISTERIAL E
DEFENSIVO – CONTRADIÇÃO ENTRE A FUNDAMENTAÇÃO
E O DISPOSITIVO DO DECISUM - SENTENÇA SUICIDA –
NULIDADE VERIFICADA. - Havendo discrepância entre a
fundamentação e o dispositivo, conclui- se pela
imprestabilidade do decreto condenatório, considerando
que não é possível admitir como válida a sentença suicida,
com argumentos antagônicos. (TJ-MG - APR:
10417150009179001 MG, Relator: Cássio Salomé, Data de
Julgamento: 27/11/2019, Data de Publicação: 04/12/2019)

II- DA ESTRUTURA/ ELEMENTOS DA SENTENÇA DA SENTENÇA


PENAL
Conforme o art. 381, do CPP, a sentença, seja absolutória ou
condenatória, deve conter os seguintes elementos:

Art. 381. A sentença conterá:


I – os nomes das partes ou, quando não possível, as
indicações necessárias para identificá-las;
II – a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III – a indicação dos motivos de fato e de direito em que se
fundar a decisão;
IV – a indicação dos artigos de lei aplicados;
V – o dispositivo;
VI – a data e a assinatura do juiz.

a) RELÁTORIO: nota-se que o inc. I e II, do Art. 381, do CPP, tratam


do relatório da sentença penal, o qual, como o nome já diz, é um resumo do
que aconteceu no processo, devendo o juiz, indicar os nomes das partes ou,
quando isso não for possível, as indicações necessárias para identifica-las e
fazer uma exposição sucinta da acusação e da defesa, devendo ainda indica
nesta oportunidade, as fases obrigatórias de cada rito, vez que o relatório tem
o condão de demonstrar que foi observado o devido processo legal.
ATENÇÃO! O relatório é dispensado no rito dos Juizados Especiais
Criminais, por expressa disposição do art. 81, § 3º da Lei n. 9099/05.
Fora dessa situação, a ausência de relatório poderá conduzir à
nulidade da sentença penal. Confira:

APELAÇÃO CRIMINAL. RESISTÊNCIA. ART. 329, CAPUT,


DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA DE RELATÓRIO NA
SENTENÇA. NULIDADE ABSOLUTA. A dispensa do
relatório, de acordo com o art. 81, § 3º, da Lei 9.099/95, não
se aplica aos processos que seguiram o rito comum. A
falta do relatório, segundo entendimento da Câmara,
acarreta nulidade absoluta da sentença, de acordo com os
art. 381, I e II, do CPP. NULIDADE DA SENTENÇA
DECLARADA. (Apelação Crime N. 70078519733, Quarta
Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Julio
Cesar Finger, Julgado em 13/09/2018).
(TJ-RS - ACR: 70078519733 RS, Relator: Julio Cesar Finger,
Data de Julgamento: 13/09/2018, Quarta Câmara Criminal,
Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 03/10/2018)

b) FUNDAMENTAÇÃO: é a parte da sentença em que o juiz explicita


as suas razões de decidir, motivando a aplicação do direito ao caso concreto,
analisando as teses de acusação e de defesa.
ATENÇÃO! A carência de fundamentação ganhou especial
relevo com a lei anticrime, que passou a prever essa situação
como causa de nulidade absoluta. O art. 564, V, do CPP,
determina que haverá nulidade absoluta em decorrência de
decisão carente de fundamentação, o que decorre também da
previsão do art. 93, IX, da Constituição. O CPP prevê, no art.
381, III e IV, que a sentença conterá a indicação dos motivos de
fato e de direito em que se fundar a decisão e a indicação dos
artigos de lei aplicados.

ATENÇÃO! A fundamentação deve ser feita em observância


também ao art. 155 do CPP, que determina que a sentença não
poderá ser fundamentada exclusivamente nos elementos de
informação colhidos no inquérito, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas. Ao dizer isso, dá o
legislador às provas, ou seja, aquelas colhidas em contraditório
judicial, maior relevo que aos elementos de informação, que
podem ser livremente usados para absolver o réu, mas não para
condená-lo, salvo se corroborados por provas produzidas em
contraditório judicial ou nas três exceções previstas na parte final
do dispositivo.
O STJ já anulou julgados que se limitaram a colacionar trechos das
alegações finais do Ministério Público, vejamos:
É nulo o acórdão que se limita a ratificar a sentença e a
adotar o parecer ministerial, sem sequer transcrevê-los,
deixando de afastar as teses defensivas ou de apresentar
fundamento próprio. Isso porque, nessa hipótese, está
caracterizada a nulidade absoluta do acórdão por falta de
fundamentação. De fato, a jurisprudência tem admitido a
chamada fundamentação per relationem, mas desde que o
julgado faça referência concreta às peças que pretende
encampar, transcrevendo delas partes que julgar interessantes
para legitimar o raciocínio lógico que embasa a conclusão a
que se quer chegar. Precedentes citados: HC 220.562-SP,
Sexta Turma, DJe 25/2/2013; e HC 189.229-SP, Quinta Turma,
DJe 17/12/2012. HC 214.049-SP, Rel. originário Min. Nefi
Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 5/2/2015, DJe 10/3/2015.

Seguindo tal entendimento, o pacote anticrime passou prever que não


se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que (art. 315, § 2º, do CPP):
I – limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar
o motivo concreto de sua incidência no caso; (Incluído pela Lei
n. 13.964, de 2019)
III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer
outra decisão; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo
julgador; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
V – limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula,
sem identificar seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles
fundamentos; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência
de distinção no caso em julgamento ou a superação do
entendimento.
III- EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

O Código de Processo Penal, prevê o cabimento de embargos de


declaração estipulando que qualquer das partes poderá impetrá-lo no PRAZO
DE 2 (dois) DIAS, nas seguintes hipóteses:

Ocorre obscuridade quando a decisão não é


suficientemente clara. É um pouco diferente da
ambiguidade porque nesses casos o problema é a
Obscuridade falta de clareza na decisão para que a mesma
seja interpretada, enquanto que o problema da
ambiguidade é trazer uma amplitude de
interpretações.

ambiguidade quando a sentença permitir duas ou


mais interpretações acerca de seu conteúdo.
Embargos de Ambiguidade Nesses casos, não se sabe qual foi realmente a
Declaração decisão do juiz sobre determinado tópico
controvertido pelas partes

contradição ocorre se houver incerteza no


Contradição provimento por meio de proposições
inconciliáveis

omissão quando na sentença não houver


Omissão
pronunciamento sobre determinada tese.
ATENÇÃO! Não confundir o prazo dos Embargos de Declaração do
Processo Penal (2 dias), com o prazo dos Embargos de Declaração do
Processo Civil (5 dias). CUIDADO! Pois no rito dos juizados os embargos serão
opostos em 5 (dias), em razão do disposto no art. 83, §1º, nº 9.099/95.

ATENÇÃO! No Processo Penal, nos temos 2 previsões para Embargos


de Declaração: 1- art. 382, do CPP, chamado por parte da doutrina de
“embarguinhos”, será proposto contra Sentença de primeiro grau; 2- art. 619,
do CPP, trata dos embargos de declaração contra Acordão.

IV- DA “EMENDATIO LIBELLI” (Art. 383, do CPP) e “MUTATIO


LIBELLI” (art. 384, do CPP)
Ambos os institutos são extremamente cobrados em prova, vejamos os
principais pontos de atenção:
“MUTATIO LIBELLI”
“EMENDATIO LIBELLI”/ (art. 384, do CPP)
MODIFICAÇÃO DA DEFINIÇÃO
JURÍDICA DO FATO (Art. 383, do CPP)
Encerrada a instrução probatória, o juiz entender
CABÍVEL NOVA DEFINIÇÃO JURÍDICA DO FATO, em
se refere a UM ERRO QUE HOUVE NA DENÚNCIA, consequência de prova existente nos autos de
por isso o nome emendatio, emenda, que se elemento ou circunstância da infração penal não
refere ao que precisa ser corrigido. contida na acuação. Podemos perceber que a situação é
muito diferente a emendatio libelli, pois nesta não há
alteração dos fatos narrados na inicial, que seguem
o juiz verifica que houve uma inadequação, um sendo os mesmos (alterando-se apenas a capitulação
erro, na denúncia, ou seja, verifica que, embora jurídica), enquanto na mutatio libelli há alteração dos
os fatos narrados na denúncia estejam corretos, fatos narrados na denúncia.
houve UMA INCORREÇÃO ENTRE OS FATOS
NARRADOS E A CAPITULAÇÃO JURÍDICA
PRETENDIDA PELO ÓRGÃO DE ACUSAÇÃO. Por Nesse caso, O JUIZ DEVERÁ DAR VISTAS AO ÓRGÃO DE
exemplo: o promotor narra um crime de roubo, ACUSAÇÃO, PARA QUE, NO PRAZO DE CINCO DIAS,
dizendo que determinada pessoa subtraiu um ADITE A DENÚNCIA, ADEQUANDO-A AO NOVO TIPO
aparelho celular da vítima, usando de grave PENAL. Caso o Ministério Público não adite a
ameaça para poder perpetrar o crime. Todavia, denúncia,a doutrina majoritária entende que o juiz
requer a condenação do réu nas penas do art. deverá aplicar analogicamente o art. 28 do CPP, em
155 do CP, que se refere ao furto. Tem-se, razão do art. 384, §1º, do CPP, encaminhando-se assim
portanto, uma inadequação entre os fatos para instância de revisão ministerial (PROCURADORIA
narrados e a capitulação, que poderá ser objeto GERAL), a qual poderá 1- aditar a denúncia; 2- manter a
de emendatio libelli, por ocasião da sentença. decisão do promotor em não aditar; 3- designar um
outro membro do MP para fazer o aditamento .

o CPP prescreve que o juiz, de ofício, sem


necessidade de aditamento da denúncia e nem da Caso o MP não promova o aditamento, nem mesmo com
oitiva da defesa, poderá promover a emendatio, a aplicação analógica do art. 28 do CPP, o juiz deverá
efetuando a correção: Art. 383. O juiz, sem decidir nos termos da denúncia, o que importaria,
modificar a descrição do fato contida na denúncia provavelmente, em absolvição do acusado. Nesse
ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica sentido, o art. 384, § 5º, estipula que não recebido o
diversa, ainda que, em consequência, tenha de aditamento, o processo prosseguirá.
aplicar pena mais grave.
A mutatio libelli tem total relação com o PRINCÍPIO DA
PRINCÍPIO DA SIMETRIA ou CONGRUÊNCIA NO CONGRUÊNCIA OU SIMETRIA, pois como os fatos
CPP: Relação entre os fatos e a Sentença. Obs: narrados na denúncia devem guardar perfeita
no CPC, o mesmo princípio relaciona a sentença correlação com a sentença, se houve alteração nos
ao pedido fatos é necessário o aditamento da denúncia.

O momento correto para que o juiz promova a A mutatio libelli NÃO PODE OCORRER EM SEGUNDO
correção é por ocasião da sentença, nos termos do GRAU DE JURISDIÇÃO, como prevê a Súmula 453 do STF,
art. 383 do CPP. Excepcionalmente, todavia, poderá que tem grande incidência em concursos públicos: “Não
fazer em momento anterior, até mesmo por se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo
ocasião do recebimento da denúncia quando: 1. A único do CPP, que possibilitam dar nova definição
incorreta capitulação importar em supressão de jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância
algum benefício ao réu ou quando. Ex: Sursi elementar não contida, explícita ou implicitamente, na
Processual no crime de furto 2. A incorreta denúncia ou queixa”
capitulação importar em deslocamento da
competência criminal. Ex: lesão corporal não Caso ocorra o aditamento, o defensor do acusado será
relacionada ao genero feminino ouvido no prazo de 5 dias, antes de o juiz receber o
aditamento. Admitido o aditamento, o juiz deverá
A emendatio libelli é cabível tanto em primeira designar dia e hora para a continuação da audiência,
instância quanto na fase recursal, diversamente do com oitiva de até 3 testemunhas de cada parte e novo
que acontece com a mutatio libelli. No entanto, interrogatório do réu, debates e julgamento.
para que seja aplicada a emendatio libelli em
segunda instância, é necessário que NÃO HAJA
reformatio in pejus.

Você também pode gostar