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Unibalsas – Faculdade de Balsas

Prof. Prof. Me. Matheus Figueiredo N. de Souza


Disciplina: Direito Processual Civil: Parte Geral

Acadêmicos:
Cleane Maciel
Ana Karen
Eline Nascimento
Fábio Júnior

Parecer Jurídico
CASO – DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PARECER JURÍDICO

EMENTA
Danos morais.Ofensas. Injúria.Efeitos da decisão. Fundamentação jurídica.

I - Questionamento

Trata o presente parecer acerca da decisão de nulidade da citação uma vez que
foi obedecido o prazo legal após a publicação do edital e a não manifestação da parte
citada, foi decretada a revelia.

II - Fato Relevante

Jonas estava hospedado no Hotel Grande Vereda, onde passava suas férias,
quando esbarrou acidentalmente em Lucas, um funcionário contratado havia apenas 20
dias pelo hotel. Lucas, furioso, começou a ofender Jonas, aos gritos, diante de todos os
hóspedes e funcionários, com insultos e palavras de baixo calão. Logo depois, evadiu-se
do local.

A gerência do hotel, prontamente, procedeu a um pedido público de desculpas


e informou que a principal recomendação dada aos funcionários (inclusive a Lucas) é a
de que adotassem um tratamento cordial para com os hóspedes. O gerente, de modo a
evidenciar a diligência do estabelecimento, mostrou a gravação do curso de capacitação
de empregados ao ofendido.

Indignado, Jonas conseguiu obter, junto à recepção do hotel, o nome completo


e alguns dados pessoais de Lucas, mas não seu endereço residencial, porque sua ficha
cadastral não estava completa. Em seguida, Jonas ajuizou ação indenizatória por danos
morais em face de Lucas e do Hotel Grande Vereda.

Ao receber a petição inicial, o juízo da causa determinou, desde logo, a citação


de Lucas por edital. Decorrido o prazo legal após a publicação do edital, foi decretada a
revelia de Lucas e nomeado curador especial, o qual alegou nulidade da citação.
III - Parecer

Este parecer tem a finalidade de analisar a situação relatada e vivida pelo Sr. Jonas
dentro do Hotel Grande Vereda.

É de conhecimento claro que as obrigações estão naturalmente ligadas a lei,


regulamentos, contratos, entre outros e, de acordo com suas modalidades que são dar,
fazer e não fazer, e que só serão extintas, pelo seu cumprimento, ou seja, com o
pagamento.

A honra e a imagem são protegidas pela Constituição Federal de 1988,


conforme segue:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;  

Pelo Código Civil de 2002:

Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o


juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências
necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta
norma.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

 Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, arts. 186 e 187, causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

E em específico aos danos ocorridos pela injúria:

Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia


consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.

No Código Penal:

        Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou


o decoro:

        Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.


No entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXCEÇÃO DE PRÉ-


EXECUTIVIDADE. CITAÇÃO POR EDITAL.
PRESSUPOSTOS. ARTIGOS. 231, INCICO II e 232,
INCISO I CPC/73. NULIDADE. FALTA DE DILIGÊNCIAS
NECESSÁRIAS À LOCALIZAÇÃO DA PARTE. 1. É nula a
citação por edital quando não esgotados todos os meios para a
localização do réu (arts. 231, inciso II C/C 232, inciso I, ambos
do CPC/73). 2. Embora não se exija a adoção, de forma
indefinida no tempo, de infindáveis e atípicas diligências,
sabidamente infrutífera, não se pode, noutro vértice, deixar de
diligenciar nos sistemas disponibilizados ao Juízo. 3. In casu,
verifica-seque não foi precedida do esgotamento dos meios
disponíveis para a localização da Agravante. Em decorrência da
nulidade de citação são nulos os atos subsequentes praticados no
processo. 4. Agravo de instrumento provido.

(TJ-AC - AI: 10012716220198010000 AC 1001271-


62.2019.8.01.0000, Relator: Waldirene Cordeiro, Data de
Julgamento: 19/11/2019, Segunda Câmara Cível, Data de
Publicação: 22/11/2019)

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM FACE DE


DECISÃO QUE NEGOU PROVIMENTO AO AGRAVO DE
INSTRUMENTO. RECURSO RECEBIDO COMO
AGRAVO INTERNO, EM APLICAÇÃO AO PRINCÍPIO
DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. CITAÇÃO POR
EDITAL. INEXISTENCIA DE EXAURIMENTO DE
TODOS OS MEIOS À LOCALIZAÇÃO DO DEVEDOR.
AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO COMO
AGRAVO INTERNO E NO MERITO DESPROVIDO. 1. É
nula a citação por edital quando não esgotados todos os meios
para a localização dos réus ora agravados. A simples verificação
nos bancos de dados de cadastros de proteção ao crédito do
endereço dos réus não implica no exaurimento de todos os meios
necessários para a localização da parte. 2. A citação regular é
requisito de validade do processo, sendo que, sua não
observância enseja a nulidade do ato, inexistindo violação ao
princípio da instrumentalidade das formas e economia
processual, vez que não se pode convalidar ato processual em
detrimento do direito do contraditório. 3. A decisão recorrida
não implica em ofensa a segurança jurídica, pois, em se tratando
de matéria de ordem pública, uma vez que a irregularidade de
citação enseja a nulidade do processo, não há a incidência de
preclusão, podendo o Juiz a qualquer tempo e fase do processo,
afastar as causas que invalidam o andamento do feito. 4.
Precedentes STJ. 5. Recurso recebido como Agravo Interno em
atenção ao princípio da fungibilidade recursal e no mérito
desprovido.

(TJ-PA - AI: 00006315920108140049 BELÉM, Relator:


EDINEA OLIVEIRA TAVARES, Data de Julgamento:
23/04/2015, 3ª CÂMARA CÍVEL ISOLADA, Data de
Publicação: 27/04/2015)

Nulidade de Citação

A citação é o instrumento utilizado para que o demandado tome conhecimento


de uma ação em que figura como réu, e meio pelo qual é chamado para se manifestar no
processo e se defender das acusações ora imputada contra si. Desse modo a citação é um
procedimento de alta relevância no rol dos atos processuais e indispensável para a
efetiva consecução da tutela jurisdicional. Por essa razão nota-se proeminente
preocupação presente no Código de Processo Civil, no que concerne as formalidades e
requisitos que devem revestir esse diploma.

Assim, entende-se imperioso a tomada de conhecimento do réu para que de fato


haja uma relação processual completa e válida, conforme ensina o professor Marcos
Vinicius Rios Gonçalves: “a citação é tão importante que só a partir dela, a relação
processual se completa: é pressuposto processual de existência”.

Neste sentido o regramento legal apresenta as formas que podem ocorrer a


citação que pode ser pessoal e a ficta, que conforme o artigo 246 do CPC, pode ser feita
pelos correios, por oficial de justiça, por escrivão ou chefe da secretaria se o citando
comparecer em cartório, por meio eletrônico ou por edital.

No caso em analise, apresenta de forma explicita que o juízo da causa


determinou, desde logo, a citação de Lucas por edital. Ora a citação por edital é
considerada uma modalidade de citação ficta, que deve ser excepcionalmente utilizada,
de acordo com os arts. 256 e 259 do Código de Processo Civil. São três as
possibilidades de utilização da citação por edital apresentadas no artigo 256 do CPC:
quando desconhecido ou incerto o citando; quando ignorado, incerto ou inacessível o
lugar em que se encontra o citando; nos casos expressos em lei. Outrossim só é cabível
a utilização do edital quando exauridas outras possibilidades de localização do
demandado. A citação por edital, neste caso, dependeria de que restasse evidenciado ser
ignorado o lugar em que se encontra o réu (Art. 256, inciso II, do Código de Processo
Civil). Para tanto, é necessário que, antes, sejam realizadas tentativas de localização do
réu, inclusive mediante requisição de informações sobre seu endereço nos cadastros de
órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos, conforme o Art. 256, § 3º,
do Código de Processo Civil, e que essas tentativas restem infrutíferas.

Conforme apresentado, não ficou evidenciado que houve tentativas de


localização do réu, mas fica claro a determinação primaria para citação por edital, de
modo que não foram cumpridos os requisitos necessários determinados pelo diploma
legal, que enseja evidente a nulidade da citação, o que demonstra cabível a tese
levantada sobre a nulidade de citação, conforme a 8ª Turma do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios TJ-DF, por ocasião do julgamento do Agravo Interno no
Agravo em Recurso Especial n. 0737971-11.2020.8.07.0000 DF 0737971-
11.2020.8.07.0000, da relatoria do desembargador EUSTÁQUIO DE CASTRO,
assentou que: Citação válida configura requisito essencial do processo, de maneira que
eventual vício é causa de nulidade absoluta.

IV - Conclusão

O empregador é civilmente responsável pelos atos ilícitos de seus representantes


no exercício de suas atribuições. Trata-se da responsabilidade civil indireta prevista no
item 3 do artigo 932 da Lei Civil. De acordo com o artigo 933 da Lei Civil, a
responsabilidade do hotel também é objetiva, pelo que, neste caso, o facto de a gestão
hoteleira não prestar qualquer assistência ao comportamento dos empregados é
totalmente irrelevante. Da mesma forma, na perspectiva do consumidor, de acordo com
o artigo 14 do CDC, o fornecedor (hotel) é estritamente responsável pela não prestação
dos serviços. Desse modo é cabível, além da retração pública, conforme mencionado,
já efetivado pelo hotel, a incidência de pagamento de indenização por dano Moral, por
parte do hotel em decorrência do fato ora narrado. No caso de Lucas, embora seja
cabível a incidência das mesmas penas, há de se ressaltar que o processo deve ser
retomado ao inicio, visto vício que preze a nulidade da citação e com consequência
todos os atos processuais praticados subsequentes.

É o parecer.

S.M.J.

Balsas – MA, 24 de novembrode 2020


Cleane Maciel
Ana Karen
Eline Nascimento
Fábio Júnior
Acad.de Direito

Fontes:
https://www.conjur.com.br/2020-nov-12/stj-afasta-segundo-pedido-nulidade-citacao-
ocorrida-1994;
https://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1130426555/7379711120208070000-df-
0737971-1120208070000;

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