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Nº 1.0000.20.

459196-0/001
AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV 15ª CÂMARA CÍVEL
Nº 1.0000.20.459196-0/001 JUIZ DE FORA
AGRAVANTE(S) LEON DENIS DA SILVA RODRIGUES
AGRAVADO(A)(S) PAULO WILLIAM CALDAS
AGRAVADO(A)(S) YOUSE SEG PARTICIPACOES LTDA.

DECISÃO

Vistos, etc.,
LEON DENIS DA SILVA RODRIGUES, agrava da decisão
que lhe concedeu parcialmente os benefícios da assistência
judiciária gratuita.
O artigo 1.019 , II, do Código de Processo Civil estabelece:
“Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no
tribunal e distribuído imediatamente, se não for o
caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o
relator, no prazo de 5 (cinco) dias:

I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou


deferir, em antecipação de tutela, total ou
parcialmente, a pretensão recursal, comunicando
ao juiz sua decisão;

Na oportunidade, colacionamos:

“deve a decisão manifestar-se como escorada em


motivos reveladores de fundamentos convincentes
e relevantes, capazes de evidenciar a
verossimilhança do direito da parte e a intensidade
do risco de lesão séria”. (Humberto Theodoro
Júnior. Curso de Direito Processual Civil – Teoria
geral do direito processual civil e processo de
conhecimento. 44ª. Ed. Rio de Janeiro: Forense,
2006, p. 653).

A assistência judiciária gratuita é um instituto jurídico


que visa permitir a todos os necessitados o acesso à Justiça,
estabelecendo a igualdade dos litigantes perante a lei, por força do
artigo 5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, devendo ser ampla e

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integral.
O artigo 98, caput, do Novo Código de Processo Civil,
determina que seja o benefício concedido aos carentes, assim
entendido "a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira,
com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios todo aquele cuja situação
econômica não lhe permita pagar as custas e os honorários de
advogado".
A simples afirmativa de hipossuficiência para arcar com
as despesas judiciais é o bastante para ser admitida, isto porque,
milita em favor desta assertiva a presunção iuris tantum de
veracidade. Neste sentido é o teor do art. 99, §3º, do NCPC/15:
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode
ser formulado na petição inicial, na contestação, na
petição para ingresso de terceiro no processo ou
em recurso.

§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de


insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.

É certo que quanto ao deferimento da justiça gratuita


prevalece o princípio dispositivo, não cabendo ao juiz produzir
provas de ofício quanto à condição pessoal do requerente, sob pena
de violação à sua imparcialidade, salvo presentes elementos nos
autos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para sua
concessão (§2º, do art. 99, NCPC/15).
A parte autora declarou nos termos da lei a sua
condição de pobreza que necessariamente não deve ser de
miserabilidade, estando portanto, integra a presunção legal, não
cabendo o magistrado de ofício impugnar o pleito, trespassando o
devido processo legal, para modular o permissivo constitucional de

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acesso ao judiciário.
Assim, presentes os requisitos para o deferimento do efeito
ativo ao presente recurso, uma vez constada a presença dos
requisitos para tanto.
Desta forma, deve ser deferida a justiça gratuita à agravante,
uma vez que conforme consignado pelos §§ 2º e 3º, do art. 98, do
NCPC/15, tal deferimento apenas confere condição suspensiva ao
pagamento de exigibilidade, sendo possível sua execução caso o
credor demonstre a alteração da situação econômica da agravante.
Destarte, não havendo nenhum elemento nos autos a afastar
a condição de hipossuficiência da parte, não há razão para seu
indeferimento.
Sendo assim, DEFIRO O REQUERIMENTO DE EFEITO
SUSPENSIVO ATIVO, para deferir a gratuidade da justiça a ora
agravante.
Comunique-se ao MM. Juiz singular do inteiro teor do
presente despacho, solicitando-lhe informações acerca de eventual
retratação da decisão agravada, nos termos do art. 1.018, §1º do
NCPC.
Intime-se a parte Agravada para apresentar contraminuta no
prazo de 15 (quinze) dias na forma do inciso II do art. 1.019 do
NCPC.
Intimem-se
Belo Horizonte, 08 de julho de 2020.

DES. ANTÔNIO BISPO


Relator

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