1. Revogação de artigos da lei 1060/50. 2. Correção
terminológica. 3. Gratuidade da justiça para pessoa jurídica. 4. Gratuidade da justiça para estrangeiro. 5. Pressupostos da gratuidade. 6. Presunção de veracidade da alegação. 7. Abrangência do benefício da justiça. 8. Gratuidade cartorial. 9. Conquista dos cartórios. 10. Está fora dos benefícios. 11. Direito de não adiantar despesas. 12. Modulação da gratuidade. 13. Forma de pedir a gratuidade. 14. Impugnação da justiça gratuita. 15. Impugnação das decisões sobre gratuidade. 16. Efeito da decisão de revogação.
1) NOTA INTRODUTÓRIA: O benefício da gratuidade da justiça foi
totalmente revisto no novo CPC a lei que regulamente é de 1950, em que pesa as várias mudanças que ela teve ao longo dos anos. O código consolidou o assunto em 6 dispositivos do 98 ao 102.
2) ASSISTÊNCIA JUDICIÁIRA: A constituição garante a assistência
judiciária ao necessitados, na forma da lei, assistência essa que também é conhecida como justiça gratuita art. 5º inciso LXXIV. Acha-se a assistência judiciária regulada pela lei 1060/50 e lei 7510/86.
3) REVOGAÇÃO DE ARTIGOS DA LEI 1060/50: O código revogou vários
artigos da lei 1060/50: Art. 1.072. Revogam-se: III – os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei no 1.060, de 5 de fevereiro de 1950; 4) CORREÇÃO DA QUESTÃO TERMINOLÓGICA: Não podemos confundir assistência judiciária gratuita (NPJ e Defensoria Pública), com gratuidade da justiça (que é a gratuidade da justiça). O que se REQUER é a gratuidade da justiça e não o benefício da assistência judiciária gratuita.
5) GRATUIDADE DA JUSTIÇA PARA PESSOA JURÍDICA: Deixa-se claro
que a pessoa jurídica tem direito ao benefício da gratuidade. Desde que não possa arcar com as custas. Não existia na legislação ok.
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
6) GRATUIDADE DA JUSTIÇA PARA ESTRANGEIRO: Deixa-se claro que
o estrangeiro também tem direito ao benefício. Antes a lei 1060/50 falava apenas no estrangeiro residente no país. Mas não tinha qualquer sentido aplicar só para os residentes no pais.
7) PRESSUPOSTO OU MOTIVAÇÃO PARA PEDIR A GRATUIDADE:
Insuficiência de recursos financeiros para adiantar as despesas processuais. Não há qualquer sentido daquela expressão “SEM PREJUÍZO DO SEU PRÓPRIO SUSTENTO” sem prejuízo do seu próprio sustento”. Esse jargão desaparece, pois, pressuposto ou motivação agora é a INSUFICIÊNCIA DE RECURSO.
8) PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DA ALEGAÇÃO: A pessoa natural
que declarar que não tem condição de arcar presume-se a alegação. A presunção de veracidade é exclusiva da pessoa natural não se aplica a pessoa jurídica. A pessoa jurídica deverá provar a pessoa natural não precisa. § 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.
§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se
houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.
9) ABRANGÊNCIA DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA: O
que abrange: Isso era um problema histórico, o código manteve o que estava na lei 1060/50 e avançou, por exemplo, avançou em relação à perícia. QUESTAO IMPORTANTE: Se inclui nesse rol a necessidade de tradutores de língua estrangeira ou uso da linguagem de sinais. Também abrange a justiça gratuita memória de cálculo.
10) GRATUIDADE CARTORIAL: POLÊMICA: Atos notariais e de registros
decorrente de um processo de gratuidade essa averbação deverá ser gratuita. E uma extensão da gratuidade para fora da justiça. Os atos cartorários decorrente de um processo em que houve a concessão de benefício de gratuidade. Exemplo: um processo de usucapião que houve gratuidade. Não é eu chegar no cartório e dizer eu não quero pagar o registro.
DEBATE: O ministério da justiça queria que isso entrasse e os cartórios não
queria de jeito nenhuma. Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. § 1o A gratuidade da justiça compreende: IX – os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido.
11) CONQUISTA DOS CARTÓRIOS (ACORDO):§8o Na hipótese do § 1o,
inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao preenchimento atual dos pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou registrador, após praticar o ato, pode requerer, ao juízo competente para decidir questões notariais ou registrais, a revogação total ou parcial do benefício ou a sua substituição pelo parcelamento de que trata o § 6o deste artigo, caso em que o beneficiário será citado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre esse requerimento.
12) NOME DO PROCEDIMENTO: Trata-se de um procedimento de dúvida
registral, diz ao cartório que ele dever praticar o ato, mas sucita a dúvida. Juiz eu queria que o senhor revogasse total ou parcialmente a justiça gratuita.
13) CERTIDÃO DO NOTÁRIO: OBSERVAÇÃO: A CERTIDÃO DO NOTÁRIO É
TITULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. ELE VAI SUCITAR A DÚVIDA E TEVE EXITO ELE VAI EMITIR A CERTIDÃO E VAI EXECUTAR. (784 INCISO XI)
14) ESTÁ FORA DOS BENEFÍCIOS: § 4o A concessão de gratuidade não
afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas. As multas, ou seja, por litigância de má-fé estão completamente fora. 15) DIREITO DE NÃO ADIANTAR DESPESAS: A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO CONFERIA O DIREITO DE NÃO ADIANTAR AS DESPESAS, MAS SE NO FINAL DAS CONTAS O BENEFÍCIÁRIO FOR VENCIDO ELE TEM RESPONSABILIDADE PELAS DESPESAS. O BENEFÍCIÁRIOS VENCIDO TERÁ QUE REIMBOLSAR. ELE ESTÁ LIBERADO DE ADIANTAR. SE ELE BENEFÍCIÁRIO FOR VENCIDO ELE TERÁ QUE PAGAR AS DESPSAS.
§ 2o A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do
beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência.
AULA 21 GRATUIDADE DA JUSTICA
1) DA SUSPENSÁO DO PAGAMETNO: MAS COMO ELE VAI PAGAR? Veja
ele é responsável fica suspensa a exigibilidade. Isso já existia na lei de 1950, mas ninguém lia. Agora ficou expresso no CPC. O beneficiário vencido é condenado, essa condenação fica com a eficácia suspensa. Depende do credor provar que houve uma mudança superveniente de fatos, de modo que o devedor passou a ter condições de arcar com o crédito.
§ 3o Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. 2) MODULAÇÃO DA GRATUIDADE: O benefício não é indivisível, ou seja, ele não é tudo ou nada. O juiz poderá, por exemplo, conceder o benefício para alguns casos e outros não. Eu posso pedir a gratuidade para a perícia e pagar as custas. Posso dar descontos. Portanto o juiz pode conceder a justiça gratuita para algumas despensas e para outras não isso é a modulação da justiça gratuita. Pode-se também, parcelar ou dar o benefício em percentual, por exemplo, 50 %. Pode ser restrito a um determinado ato. Eu uma vez advoguei para um juiz, eu pago as custas mas a perícia eu não pago. Exemplo de SÍLVIO e FREDE.O cara ganhava 6 mil reais.
3) FORMA DE PEDIR A GRATUIDADE: A lei de 1960/50 é cheio de
formalidade, gratuidade no meio do processo deveria ser por petição avulsa. Para pedir a gratuidade na primeira petição sua (petição inicial, contestação, intervenção). Ou seja, se pede na petição de ingresso. Agora a necessidade de procuração como poderes especiais para declarar hipossuficiência de recurso.
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição
inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
4) DO INDEFERIMENETO DO BENEFÍCIO: § 2o O juiz somente poderá
indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos. Nesse caso, se o juiz quiser superar uma presunção de veracidade, em face dos elementos contidos nos autos ele deverá me ouvir primeiro. Princípio da cooperação. 5) A QUESTÃO DO AVOGADO PARTICULAR § 4o A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça. Não pode a justiça gratuita porque tem advogado particular, PARA.
6) PREPARO DE ADVOGAOD EM JUSTIÇA GRATUITA: § 5o Na hipótese
do § 4o, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade. (ISSO SÓ INTERESSA AO ADVOGADO APENAS, POR ISSO ELE TEM DE FAZER O PREPARO)
7) GRATUIDADE COMO DIREITO PESSOAL: § 6o O direito à gratuidade
da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos. Exemplo: o espólio não herda a gratuidade, havendo 4 litisconsortes a gratuidade pode ser concedido apenas para um.
8) GRATUIDADE EM GRAU DE RECURSO: § 7o Requerida a concessão de
gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento.
9) IMPUGANAÇÃO DA JUSTIÇA GRATUIDA: Agora se faze na
contestação e não em peça processual avulsa. Acabou o pedido de revogação da justiça gratuita que deveria ser processado em apenso.
Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação
na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso.
Se foi requerida no recurso e na contrarrazão, lembre-se é no primeiro
momento;
A) REVOGAÇÃO DA GRATUIDADE: Parágrafo único. Revogado o
benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título de multa, que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita em dívida ativa. A LEI DE 50 JÁ FALAVA EM MULTA DE DÉCUPLO
10) A IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES SOBRE GRATUIDADE: Como é
hoje, a lei 1069/50 ela no artigo 17 diz, cabe apelação das decisões que aplicarem esta lei. Quais são as decisões, eu consigo pensar em 4:a) decisão que concedeu a gratuidade, b) decisão que não concedeu a gratuidade, c) decisão que revogou a gratuidade , d)decisão não revogou a gratuidade. Meu caro isso não é sentença é decisão interlocutória. Mas a lei dizia que elas eram impugnadas por apelação. Se os autos estão aqui como você vai subir para o tribunal? O que a doutrina dizia, só caberia apelação se a decisão houvesse proferida em autos apartados, que vergonha de dizer isso, e quais era as decisões preferidas em autos apartados, era a decisão sobre revogação e decisão sobre concessão superveniente. O código novo, resolve esse problema,revoga o artigo 17 e organiza o sistema recursal nas gratuidade da justiça.
11) PROPOSTA DO NOVO CÓDIGO: Art. 101. Contra a decisão que
indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação. 12) EFEITO SUSPENSIVO AUTOMÁTICO: ARIGO 101 § 1o O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.
13) PRAZO PARA O RECOLHIMENTO DAS CUSTAS: § 2o Confirmada a
denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado determinará ao recorrente o recolhimento das custas processuais, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento do recurso.
14) EFEITO DA DECISÃO DE REVOGAÇÃO: Qual é o efeito o dadecisão de
revogação? Ela tem efeito retroativo, ou seja, todas as despesas que não foram adiantadas deverão ser pagas. Havia a polêmica se a revisão não retroagia, agora fica claro ela retroage. Art. 102. Sobrevindo o trânsito em julgado de decisão que revoga a gratuidade, a parte deverá efetuar o recolhimento de todas as despesas de cujo adiantamento foi dispensada, inclusive as relativas ao recurso interposto, se houver, no prazo fixado pelo juiz, sem prejuízo de aplicação das sanções previstas em lei.
15) CONCLUSAO: O regulamento da gratuidade da justiça passou por
transformação profundas. Ao ponto de não ser chamado grutidade pois pode haver parcelemento. E todo um areogarnicação para facilitar o acesso a justiça.
MODELOS DE ASSISTÊNCIA JURÍDICA ADOTADOS NO MUNDO
1) PRO BONO : O Modelo de assistência jurídica pro bono é aquele em que
profissionais liberais, ou seja, advogados, sem qualquer contraprestação remuneratória, exercem as atividades de assistência jurídica e acesso à justiça para a população hipossuficiente, atuando dessa forma por razões humanitárias. Afirma-se que aqui temos um regime de caridade.
2) JUDICARE: O sistema Judicare se assemelha aos advogados dativos
no Brasil, onde os advogados prestam assistência jurídica e recebem uma contraprestação, uma remuneração pelos cofres públicos. No Brasil, os advogados dativos são remunerados pelo fundo próprio da Justiça, geralmente recebendo contraprestação (na maioria das vezes muito inferior ao que estabelece a tabela da OAB) após a realização do ato (fim do processo, audiência, defesa em processo criminal etc.) Esse modelo ainda é vigente no país tendo em vista a estrutura ainda precária da Defensoria Pública e a ausência de unidades de atendimento em municípios espalhados pelo interior do país.
3) SALARIED STAFF MODEL: O modelo Salaried Staff foi o modelo
definitivamente eleito pela Constituição, que no seu art. 134, erigiu a Defensoria como instituição democrática responsável pela prestação da assistência jurídica integral e gratuita, sendo direito fundamental insculpido no art. 5, inciso LXXIV. O modelo Salaried Staff significa que o Estado mantém um corpo próprio de servidores para atender a população que não possui condições de constituir advogado, prestigiando assim o acesso à justiça e resolução extrajudicial de conflitos através de assistência jurídica integral. Assim, o nome salaried staff faz todo o sentido, já que traduzindo livremente o termo significa “pessoal” ou “corpo” “assalariado”, trazendo a ideia de carreira do Estado própria para prestar assistência jurídica e remunerada exclusivamente pelo Poder Público.
4) MODELO MISTO OU HÍBRIDO: O modelo misto ou híbrido busca
mesclar os outros sistemas acima mencionados, havendo várias experiências diferentes ao redor do mundo. Aqui teríamos que aprofundar mais o tema, o que daria na verdade um artigo à parte!