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Por conseguinte, insta corroborar

que os Autores são pessoas de baixa renda, onde muitos


recebem bolsa família, outros recebem auxílio
emergencial e alguns estão desempregados, de modo que
não possuem condições de arcar com as despesas do
presente processo, necessitando da gratuidade de
justiça (declaração de hipossuficiência anexa).

Mister frisar, ainda, que, em


conformidade com o art. 99, § 1º, do novo CPC/2015, o
pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado por
petição simples e durante o curso do processo, tendo em
vista a possibilidade de se requerer em qualquer tempo
e grau de jurisdição os benefícios da justiça gratuita.

Ainda sobre a gratuidade a que tem


direito os Autores, o novo Código de Ritos Civis dispõe
em seu art. 99, § 3º, que “presume-se verdadeira a
alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por
pessoa natural”.

Assim, à pessoa natural basta a


mera alegação de insuficiência de recursos, sendo
desnecessária a produção de provas da hipossuficiência
financeira.

Na mesma direção, convergem os


julgados dos Tribunais:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À


EXECUÇÃO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
GRATUITA. HIPOSSUFICIÊNCIA NÃO
COMPROVADA. APRESENTAÇÃO DE
DOCUMENTOS. DESNECESSIDADE.
VALOR DA CAUSA. BENEFÍCIO
ECONÔMICO ALMEJADO, l- Nos termos do
artigo 50, inciso LXXIV, da Constituição da
República e do artigo 40 da Lei n° 1.060/50, é
relativa a presunção de hipossuficiência
oriunda da declaração feita pela parte
postulante do benefício da assistência judiciária
gratuita, sendo devida a comprovação de sua
necessidade. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO.” (TJGO, AGRAVO DE
INSTRUMENTO 117496-68.2016.8.09.0000,
Rei. DES. ALAN S. DE SENA CONCEICAO, 5A
CÂMARA CÍVEL, julgado em 09/06/2016, DJe
2049 de 17/06/2016).

Dessa forma, nada é preciso ser


comprovado. É dado àquele que litiga, em autos próprios,
querendo, provar o contrário.

Cabe destacar que a lei não exige


atestada miserabilidade dos Requerentes, sendo
suficiente a “insuficiência de recursos para pagar as
custas, despesas processuais e honorários advocatícios”
conforme destaca a doutrina:

“Não se exige miserabilidade, nem estado de


necessidade, nem tampouco se fala em renda
familiar ou faturamento máximos. É possível
que uma pessoa natural, mesmo com boa renda
mensal, seja merecedora do benefício, e que
também o seja aquele sujeito é proprietário de
bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A
gratuidade judiciária é um dos mecanismos de
viabilização do acesso á justiça, o sujeito tenha
que comprometer significativamente sua
renda.” (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael
Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª
ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60.)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE


COBRANÇA. INDEFERIMENTO DO
BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA PELO
JUÍZO DE ORIGEM APÓS TER SIDO
CONCEDIDO PRAZO PARA
DEMONSTRAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA DE
RECURSOS. RECURSO DA AUTORA.
PRESENÇA DOS ELEMENTOS EXIGÍVEIS À
CONCESSÃO DA BENESSE. AUTORA QUE
SE QUALIFICOU COMO APOSENTADA E
ESTÁ ISENTA DA OBRIGAÇÃO DE
DECLARAR O IMPOSTO DE RENDA.
ALEGAÇÃO DE QUE PERCEBE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO EM QUANTIA INFERIOR
A 03 (TRÊS) SALÁRIOS MÍNIMOS, QUE É O
PARÂMETRO COMUMENTE UTILIZADO
PARA DEFERIMENTO DA GRATUIDADE DA
JUSTIÇA. INEXISTÊNCIA DE BENS
IMÓVEIS E MÓVEIS EM SEU NOME.
AUSÊNCIA DE PROVA APTA A DERRUIR AS
DECLARAÇÕES DE HIPOSSUFICIÊNCIA, O
QUE VIABILIZA O DEFERIMENTO DO
BENEFÍCIO. – “[. . .] Não afastada a relativa
presunção legal de hipossuficiência econômico-
financeira existente a favor da autora, a
concessão dos benefícios da Justiça gratuita a
esta é medida que se impõe. […]” (TJ-SC – AI:
40340744220188240000 Tubarão 4034074-
42.2018.8.24.0000, Relator: Cláudia Lambert de
Faria, Data de Julgamento: 12/02/2019, Quinta
Câmara de Direito Civil).

Ademais, é certo que a contratação


de advogado particular não constitui óbice à concessão
da Justiça Gratuita. Por sua vez, é pacífico a
contratação de advogado particular, seja qual for a
modalidade de honorários cobrados, não impede a
concessão do benefício pretendido. Nesse sentido,
colacionamos os arestos abaixo:

DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE
DÉBITO. DANO MORAL. Justiça gratuita.
Indeferimento. Irrazoabilidade. Contratação de
advogado particular. Irrelevância.
Circunstância que não constitui obstáculo à
concessão da benesse legal. Elementos dos autos
que evidenciam o direito do autor ao benefício
reclamado. Inteligência do artigo 99, §§ 2° e 30,
do novo Código de Processo Civil. Benefício
concedido ao autor. Sentença afastada para que
o feito tenha regular prosseguimento. Apelação
provida. (TJ-SP - APL: 11154276320168260100
SP 1115427-63.2016.8.26.0100, Relator: Jairo
Oliveira Júnior, Data de Julgamento:
09/05/2017,15a Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 09/05/2017)

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO


INDENIZATÓRIA - JUSTIÇA GRATUITA -
Ausência de elementos indicativos de
capacidade econômica -Declaração de
hipossuficiência acompanhada de cópia da
carteira de trabalho do agravante, que atesta
sua atual condição de desempregado - Não serve
para aferir capacidade a contratação de
advogado particular, conforme expressa
determinação do art. 99, § 40, do CPC - Recurso
provido. (TJ-SP 20001987620188260000 SP
2000198-76.2018.8.26.0000, Relator: Hugo
Crepaldi, Data de Julgamento: 27/02/2018, 25a
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
27/02/2018)

Destaca-se que a assistência de


advogado particular não impede a concessão do benefício
da assistência judiciária gratuita, nos termos do art.
99, § 40 do CPC:

Art. 99, CPC - O pedido de gratuidade da justiça


pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro
no processo ou em recurso.
§ 4º - A assistência do requerente por advogado
particular não impede a concessão de
gratuidade da justiça.
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se
houver nos autos elementos que evidenciem a
falta dos pressupostos legais para a concessão
de gratuidade, devendo, antes de indeferir o
pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.
Assim, ex positis, pois,
preenchidos os requisitos exigidos para a concessão do
benefício pleiteado, como medida de Justiça e de Direito
que se vislumbra neste momento, requer o deferimento do
pedido a fim de que seja concedida a JUSTIÇA GRATUITA,
consoante o art. 98, caput, do novo CPC/2015.

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