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b) DA INDEVIDA CONCESSAO DO BENEFÍCIO DA

GRATUIDADE DE JUSTIÇA AO AUTOR


Pelo que se depreende da documentação apresentada, o autor
apenas declarou ser pobre nos termos da lei para auferir os benefícios
da gratuidade da justiça.
Ocorre que a declaração de pobreza gera apenas a presunção
relativa acerca da necessidade, cabendo ao Julgador verificar outros
elementos para decidir acerca do cabimento do benefício.
No presente caso, há evidências de que o autor tem condições de
pagar as custas, tais como: na própria qualificação do AUTOR consta
que este é servidor público.
Basta um simples acesso às redes sociais que fica evidente a
vida abastada conduzida pelo beneficiário.
Neste sentido, não pode ser aceita a mera declaração de pobreza,
devendo ser exigida prova da impossibilidade no pagamento das custas
processuais, conforme precedente sobre o tema:
PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO.
GRATUIDADE DA JUSTIÇA. AUSÊNCIA DE
ELEMENTOS QUE JUSTIFIQUEM A
CONCESSÃO.1. O Código de Processo Civil (Lei
nº 13.105/2015) passou a dispor sobre a
gratuidade da Justiça, revogando alguns
artigos da Lei nº 1.060/50. 2. Por outro lado,
embora tenha mantido a presunção de
veracidade da afirmação da pessoa física
quanto a sua hipossuficiência financeira (§ 3º
do art. 99), o atual diploma processual deixa
expresso que ao Juiz cabe verificar o efetivo
preenchimento dos pressupostos legais,
podendo, em caso de dúvida, determinar ao
interessado que apresente elementos
probatórios (§ 2º do art. 99). 3. No caso
concreto, em sede de contestação o INSS
impugnou a alegada necessidade da autora ao
benefício da gratuidade da Justiça, sendo certo
que, por ocasião da apresentação da réplica,
houve a oportunidade da parte agravante
comprovar sua hipossuficiência frente às
despesas do processo, mas apresentou
alegações genéricas, desacompanhadas de
qualquer documento. Ademais, a autora aufere
rendimentos que inviabilizam a concessão do
benefício postulado. 4. Agravo de instrumento
desprovido. (TRF 3ª Região, 10ª Turma, AI-
AGRAVO DE INSTRUMENTO – 5027310-
07.2019.4.03.0000, Rel. Desembargador Federal
NELSON DE FREITAS PORFIRIO JUNIOR, julgado
em 05/03/2020, Intimação via sistema DATA:
06/03/2020, #15842375)

Assim, não comprovada a situação de miserabilidade, o


indeferimento do pedido é medida que se impõe.
Ao disciplinar sobre o tema, grandes doutrinadores sobre o tema
esclarecem:
"Havendo dúvidas fundadas, não bastará a
simples declaração, devendo a parte
comprovar sua necessidade (STJ, 3.a Turma.
AgRg no AREsp 602.943/SP, relMin. Moura
Ribeiro, DJe 04.02.15). Já compreendeu o
Superior Tribunal de Justiça que "Por um lado,
à luz da norma fundamental a reger a
gratuidade de justiça e do art. 5°, caput, da Lei
n1.060/1950 - não revogado pelo CPC/2015-,
tem o juiz o poder-dever de indeferir, de
oficio, o pedido, caso tenha fundada razão e
propicie previamente à parte demonstrar
sua incapacidade econômico- financeira de
fazer frente às custas e/ou despesas
processuais. Por outro lado, é dever do
magistrado, na direção do processo, prevenir o
abuso de direito e garantir às partes igualdade
de tratamento" (STJ, 49 Turma. RESP
1.584.130/RS, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j.
07.06.2016, DJe 17.08.2016). "(MARINONI,
Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz.
MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo
Civil comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais,
2017. Vers. ebook. Art. 99, #65842375)

Motivos que devem conduzir ao imediato indeferimento do


pedido de Gratuidade de Justiça.

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