Este documento apresenta uma contestação e reconvenção de uma cooperativa habitacional contra uma cobrança de taxas administrativas. A cooperativa alega preliminares de incompetência absoluta do juizado especial e impugnação à justiça gratuita concedida, argumentando que a causa requer provas complexas e que a cooperativa não comprovou sua hipossuficiência financeira para obter a gratuidade.
Este documento apresenta uma contestação e reconvenção de uma cooperativa habitacional contra uma cobrança de taxas administrativas. A cooperativa alega preliminares de incompetência absoluta do juizado especial e impugnação à justiça gratuita concedida, argumentando que a causa requer provas complexas e que a cooperativa não comprovou sua hipossuficiência financeira para obter a gratuidade.
Este documento apresenta uma contestação e reconvenção de uma cooperativa habitacional contra uma cobrança de taxas administrativas. A cooperativa alega preliminares de incompetência absoluta do juizado especial e impugnação à justiça gratuita concedida, argumentando que a causa requer provas complexas e que a cooperativa não comprovou sua hipossuficiência financeira para obter a gratuidade.
no sob o CPF nº 236.963.70-15 e RG nº 7005226861, residente e domiciliada à Beco Maria Balbina, 520, bairro Campo Novo, Porto Alegre/RS, CEP 91750-100, vem, por intermédio de seus advogados infra assinados, os quais, em atendimento aos ditames contidos no art. 77, inciso V, do CPC, indica-o para as intimações necessárias, para, com supedâneo no art. 335 e segs. da Legislação Adjetiva Civil, art. 476, do Código Civil c/c art. 30 e 31, um e outro da Lei dos Juizados Especiais, ofertar a presente
CONTESTAÇÃO C/C RECONVENÇÃO
Em face de COOPERATIVA HABITACIONAL DOS
TRABALHADORES RODOVIÁRIOS AUTÔNOMOS DE PORTO ALEGRE LTDA, já qualificado na peça exordial, em razão das justificativas de ordem fática e de direito abaixo estipuladas.
I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
O art. 98 do CPC prevê o direito a concessão de justiça gratuita a
pessoa jurídica com insuficiência de recursos para arcar com os encargos processuais.
A ré não tem recursos suficientes para arcar com os encargos
processuais, sem que prejudique, para tanto, a sua própria atividade. Sendo assim, a ré pleiteia os benefícios da justiça gratuita conforme preceitua o art. 98 e seguintes do CPC e a Súmula 481 do STJ. II. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
A parte Autora busca cobrar taxas administrativas, sugerindo que Ré
sequer pagou qualquer valor desde 08/12/2018. Esse episódio fático, como afirmado alhures, foi prontamente refutado durante audiência deste mesmo processo. De todo modo, apresenta-se preliminar de incompetência absoluta deste juízo de unidade de Juizados Especiais.
Sem hesitação, dar-se solução à vertente fática posta em juízo reclama
a realização de provas testemunhal em audiência de instrução; um levantamento detalhado de todos os fatores que, eventualmente, levaram à ocorrência em estudo.
Nessa seara, considerando-se a vexata quaestio, a pretensão
condenatória passa, antes, pela concretização da dívida, fato esse apenas possível mediante prova testemunhal. E isso, obviamente, revela a complexidade da causa e, via de consequência, na incompetência absoluta dos juizados especiais, a teor do que dispõe os arts. 3º e 51, II, um e outro da Lei n. 9.099/95.
Não se descure, de mais a mais, o que nos revela o entendimento
jurisprudencial:
RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE COBRANÇA. FRETE.
PRELIMINAR CONTRARRECURSAL DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE GRATUIDADE JUDICIÁRIA, AFASTADA. DESCONTO DE 30% DO VALOR CONSTANTE NA NOTA FISCAL. AJUSTE VERBAL. AVARIAS NOS BENS ENTREGUES. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. PROVA TESTEMUNHAL QUE CORROBORA A TESE DEFENSIVA. Hipótese em que a demandante busca receber as diferenças das quantias descontadas pela realização de frete, bem como dos valores relativos a avarias supostamente ocorridas na entrega do produto aos consumidores. Preliminar contrarrecursal. Impugnação ao pedido da gratuidade da justiça. Comprovada a insuficiência financeira da parte recorrente, sem que tenha havido produção de mínima prova em sentido contrário, não prospera a impugnação. Valor do frete. Prova coligida aos autos, que demonstra ter havido ajuste verbal entre as partes para a ocorrência de desconto de 30% do valor da nota fiscal, para cálculo do valor do frete a ser pago à demandante. A prova testemunhal coligida demonstra a habitualidade do ajuste verbal, a este título. Descabe à demandante exigir da demandada a exibição de documentos, pois o pedido se revela incompatível com o procedimento do JEC, de modo a se mostrar inviabilizada a aplicação da penalidade de confissão, requerida pela recorrente. A obrigação de demonstrar os termos do contrato cabe à parte autora, quando alega não ter sido adimplido o valor ajustado e a parte demandada, por sua vez, comprova que houve ajuste verbal, nos termos da tese defensiva. Inadimplemento contratual não verificado. Responsabilidade pelas avarias. A ausência de prova de que os produtos já se encontravam avariados no momento do transporte e da entrega, afastam da ré o dever de ressarcir a demandante das quantias descontadas a este título. Oportunizado à parte demandante a verificação das mercadorias, no momento da retirada para efetivação do transporte, cabia à autora verificar a ausência de danos no produto transportado. Assim não procedendo, assumiu o risco de ter que indenizar pelo prejuízo ocasionado, diante da presunção de que as avarias ocorreram durante o transporte. A relação de continuidade dos serviços prestados pela parte autora, pelo período de 02 anos, sem reclamação dos valores pagos pela ré, reforça o argumento de que houve ajuste verbal entre as partes, acerca da forma como os pagamentos seriam realizados. Sentença mantida, a teor do art. 46 da Lei 9.099/95. PRELIMINAR CONTRARRECURSAL AFASTADA E RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME. (Recurso Cível, Nº 71009329053, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Elaine Maria Canto da Fonseca, Julgado em: 26-08-2020) (grifo nosso)
Por fim, inarredável a conclusão da incompetência absoluta deste
juízo, haja vista a complexidade da prova, motivo da extinção do processo sem se adentrar ao mérito. (LJE, art. 51, inc. II).
III. PRELIMINAR DE IMPUGNAÇÃO À JUSTIÇA
GRATUITA
Pelo que se depreende da documentação apresentada, o impugnado
apenas declarou ser pobre nos termos da lei para auferir os benefícios da Gratuidade de Justiça. Ocorre que a declaração de pobreza gera apenas presunção relativa acerca da necessidade, cabendo ao Julgador verificar outros elementos para decidir acerca do cabimento do benefício.
Apesar da redação dado pela Súmula 481 do Stj conferir à pessoa
jurídica o direito de obter a gratuidade de justiça, a prova de hipossuficiência é requisito indispensável à sua concessão.
Desta forma, o pedido de gratuidade deve vir instruído com prova
suficiente da impossibilidade da empresa em arcar com as custas processuais, o que não ocorre no presente caso, devendo conduzir ao seu indeferimento, conforme precedentes sobre o tema:
HIPOSSUFICIÊNCIA NÃO COMPROVADA. INDEFERIMENTO. – Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais (Súmula 481, STJ). – Não demonstrada a hipossuficiência, indefere-se o benefício da gratuidade judiciária. (TJ- MG – Agravo Interno Cv 1.0043.17.001513-5/003, Relator (a): Des. (a) Aparecida Grossi, julgamento em 23/01/2020, publicação da súmula em 29/01/2020) ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA – Pedido de benefício da gratuidade de justiça – Pessoa jurídica – Admissibilidade desde que comprovada a falta de condições de pagar as custas e despesas processuais – Art. 99, §3º do CPC/2015 – Súmula 481 do STJ – Comprovação no caso concreto – Recurso da ré denunciada nesta parte provido. CONTRATO – Transporte de pessoas – Colisão – Violação à cláusula de incolumidade – Nexo causal evidente – Culpa de terceiro que não ilide a responsabilidade da transportadora na execução do contrato – Passageiro que sofreu danos corporais – Danos materiais e extrapatrimoniais demonstrador – Proporcionalidade no arbitramento – Valor de R$ 5.000,00 que não deve ser reduzido – Recurso das rés nesta parte improvido” (TJSP; Apelação Cível 0018636- 43.2012.8.26.0309; Relator (a): J. B. Franco de Godoi; Órgão Julgador: 23ª Câmara de Direito Privado; Foro de Jundiaí – 6º Vara Cível; Data do Julgamento: 04/08/2020; Data de Registro: 04/08/2020) AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. Necessidade de demonstração dos requisitos legais. Recurso ao qual se nega provimento (TJSP; Agravo de Instrumento 0100135-70.2020.8.26.9006; Relator (a): Eduardo Calvert; Órgão Julgador: 4ª Turma Recursal Cível e Criminal; Foro de Guararema – Juizado Especial Cível e Criminal; Data do Julgamento 24/08/2020; Data de Registro: 02/09/2020)
Ao disciplinar sobre o tema, grandes doutrinadores sobre o tema
esclarecem:
“Havendo dúvidas fundadas, não bastará a simples declaração,
devendo a parte comprovar sua necessidade (STJ, 3ª Turma. AgRg no AREsp 602.943/SP, rel. Min. Moura Ribeiro, DJe 04.02.15). Já compreendeu o Superior Tribunal de Justiça que “Por um lado, à luz da norma fundamental a reger a gratuidade de justiça e do art. 5º, caput, da Lei n. 1.060/1950 – não revogado pelo CPC/2015 -, tem o juiz o poder-dever de indeferir, de ofício, o pedido, caso tenha fundada razão e propicie previamente à parte demonstrar sua incapacidade econômico-financeira de fazer frente às custas e/ou despesas processuais. Por outro lado, é dever do magistrado, na direção do processo, prevenir o abuso de direito e garantir às partes igualdade de tratamento” (STJ, 4ª Turma. Resp 1.584.130/RS, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 07/06/2016, Dje 17.08.2016). “(MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais, 2017. Vers. Ebook. Art. 99)
Motivos que devem conduzir ao imediato indeferimento do pedido de
Gratuidade de Justiça.
IV. MÉRITO
A contestante impugna todos os fatos articulados na inicial o que se
contrapõem com os termos desta contestação, esperando a IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO PROPOSTA, pelos seguintes motivos:
DOS VALORES PAGOS
Afirma a parte autora o não pagamento da dívida contraída pelo
contestante por mais de 41 (quarenta um) meses. Ocorre que o valor de R$ 5.654,29 cobrado sobre taxas administrativas, foram quitados. Quanto aos valores sobre IPTU e “ESCRITURAÇÃO”: a escrituração foi paga à 11 (onze) anos, quando a ré comprou o imóvel, então não há em que ser falar em dívida. Já o valor do IPTU, será devidamente pago, quando a parte autora apresentar de fato que deu a entrada formalmente junto à Procuradoria Geral do Município de Porto Alegre, para fazer a legalização do terreno e subdividir o valor, conforme os lotes existentes.
DA RECONVENÇÃO - REPETIÇÃO DE INDÉBITO
Conforme disposição expressa do art. 343 do CPC, pode o réu em
sede de contestação arguir a Reconvenção, o que faz pelos fatos e direito a seguir.
O autor, ao impor cobranças abusivas, responde pelos débitos de
forma dobrada que estão sendo cobrados novamente da parte ré.
Desta forma, comprovado que os pagamentos foram realizados
indevidamente, o autor deverá ressarcir ao contestante os valores descontados em dobro e eventuais descontos futuros, nos termos do parágrafo único do artigo 42 da Lei 8078/90, verbis:
Art. 42. (...) Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia
indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Portanto, inequívoca a responsabilidade e dever do autor no
pagamento em dobro dos valores indevidamente cobrados, conforme comprovantes anexos.
V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Ante o exposto, restando evidenciado o direito e interesse de agir da
reconvinte, requer-se; a) Pretende-se o conhecimento e acolhimento das preliminares arguidas; b) Em face do exposto, contesta todos os termos da inicial, requerendo que seja julgado IMPROCEDENTE os pedidos da presente ação sob pena de enriquecimento ilícito, e ainda condenando o reconvindo no pagamento de custas, despesas processuais e honorários advocatícios; c) Seja o pedido de reconvenção julgado TOTALMENTE PROCEDENTE, a fim de condenar o reconvindo ao pagamento em dobro do valor já pago pela reconvinde referente às taxas administrativas do período de 08/12/2018 à presente data; d) Seja o reconvindo condenado ao pagamento de custas de despesas processuais, bem como honorários advocatício, conforme preceitua o art. 85, §1º do CPC; e) Tendo em vista que a reconvinte não tem condições de arcar com as custas e despesas processuais, requer os BENEFÍCIOS DA ASSITÊNCIA JUDICIÁRIA, conforme reza o art. 98 e seguintes do CPC e a Súmula: 481 do STJ; f) Provarão o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente a oitiva de testemunhas oportunamente arroladas, juntadas de documentos, etc. Protestam por outras provas;
Cumpridas as necessárias formalidades legais, deve a presente ser
recebida e juntada aos autos.
Nesses Termos, Pede deferimento. Porto Alegre, 06 de maio de 2022.