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AO MM.

JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL ADJUNTO À 21ª VARA


FEDERAL DA SJDF

PROCESSO N.º 1114881-84.2023.4.01.3400


PARTE ADVERSA: CINTHIA DAYANE DE DEUS ALVES

ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA – ASEP, devidamente


qualificada nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
por intermédio de sua advogada, Dra. Júlia Helena Bastos Rezende Silva, advogada
inscrita na OAB/DF sob o n.º 44.787, e-mail julia.bastos@jhbastos.adv.br, com escritório
profissional situado na SGAS 902 Ed. Athenas Bloco B Sala 120, Asa Sul, Brasília/DF,
CEP 70.390-020, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar,
tempestivamente

CONTESTAÇÃO

Pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se de aventureira ação onde a parte autora pleiteia que a Contestante seja
coibida a entregar seu diploma, bem como condenada à condenação ao pagamento de
danos materiais, morais e repetição de indébito.

Todavia, suas alegações não merecem prosperar posto que: 1) nunca houve
negativa na entrega do diploma da Requerente; 2) não houve cobrança pela emissão do
diploma; 3) não houve qualquer cobrança indevida; 4) não houve a demonstração de
qualquer ilícito capaz de justificar a condenação da Requerida em perdas e danos; 5) a
parte autora age de má-fé, omite importantes informações desse MM. Juízo para
enriquecer-se ilicitamente.

PRELIMINARMENTE

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Visando garantir o acesso igualitário de todos à Justiça, bem como o respeito ao


constitucional direito ao contraditório e ampla defesa, o legislador cuidou de inserir em
nossa legislação a possibilidade das partes pleitearem em juízo a concessão da gratuidade
de justiça.

Contextualizando:

Art. 98 A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
Art. 99 O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial,
na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
[...]
§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos
que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.
§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural.

Tais artigos são ratificados pela jurisprudência pátria, com destaques ao


posicionamento do C.STJ que pacificou que “faz jus ao benefício da justiça gratuita a
pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de
arcar com os encargos processuais” (Súmula 481). Logo, se a pessoa jurídica não tiver
meios para arcar com os custos inerentes a um processo e pleitear a gratuidade, este deve
ser deferido de pronto pelo Magistrado.

Cabe ressaltar que devido à crise financeira que assolou o país, a Requerida passa
por diversas dificuldades financeiras que justificam a concessão da gratuidade de justiça
em seu favor, ainda mais por estar sem qualquer movimentação, conforme verifica-se na
declaração anexa.

Assim, imperioso que seja concedida à Contestante gratuidade de justiça.

MÉRITO

DA INEXISTÊNCIA DE COBRANÇA DE VALORES PELA PRIMEIRA VIA DO


DIPLOMA

Tentando induzir esse Douto Juízo a erro, a parte autora alega que supostamente
recebeu cobrança de R$ 160,00 (cento e sessenta reais) para que seu diploma fosse
emitido. TAL INFORMAÇÃO NÃO CONDIZ COM A VERDADE, já que esse valor
refere-se tão somente aos custos inerentes à colação de grau, ato obrigatório para
expedição do diploma, conforme art. 2º da Portaria nº 1095, de 25 de outubro de 2018,
do Ministério da Educação (MEC), in verbis:

“2º A colação de grau é requisito obrigatório para expedição do


diploma”
Cumpre esclarecer que a cobrança referente à colação de grau não possui qualquer
ilegalidade já que é uma questão institucional, conforme entendimento do MEC1:

Uma instituição de ensino superior pode cobrar pela colação


de grau?

A questão da colação de grau é institucional. O aluno deve


consultar o regimento interno da instituição, bem como a
Comissão do Cerimonial da IES. Lembramos também que a
expedição de diploma só ocorrerá quando o curso estiver
devidamente reconhecido ou renovado seu reconhecimento.

Nobre Julgador, no momento da matrícula, todos os alunos recebem uma cópia do


seu contrato assinado e as regras da instituição onde conta a informação relativa à Colação
de Grau, tendo a própria autora juntado prova de que recebeu e estava ciente das normas
da instituição (ART. 27 do contrato constante no documento de página 4 ID 1943240691).

Ora, toda instituição de ensino tem a discricionariedade para realizar cobrança


para a realização da colação de grau, e tanto esta cobrança quanto a necessidade do
protocolo de requerimento para a emissão do diploma constam nas regras institucionais
(documento anexo).

Insta esclarecer que a aluna participou da colação de grau, fazendo inclusive uso
de beca e foto, conforme imagem anexa.

Sendo assim, não há o que falar em cobrança indevida visto que o serviço de
colação de grau contratado foi prestado pela instituição.

DA EMISSÃO DO DIPLOMA

Vejamos o que diz o artigo 9 do contrato juntado pela parte autora no documento
de ID1943240691:
Artigo 9 - Qualquer requerimento formulado pela contratante à
contratada só será válido se realizado, por escrito, em formulário
próprio e protocolado na secretaria da instituição.

Apesar do diploma – emitido tempestivamente, nos termos da lei – estar


disponível para requerente, até o presente momento não houve o preenchimento e
requerimento expresso para entrega do mesmo, fator obrigatório e previsto no regimento
interno da instituição, já que é preciso realizar uma espécie de prestação de contas com a
instituição certificadora e Universidade validadora ficam no estado de Goiás, tendo o
diploma ficado arquivado na instituição certificadora até o envio do requerimento formal.

1
http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/colacao-de-grau
Com o requerimento informal da Requerente, a Contestante por diversas vezes
tentou, SEM NUNCA VINCULAR A ENTREGA À QUITAÇÃO DE QUALQUER
PARCELA EM ATRASO, conseguir o envio do mesmo para Taguatinga e, por telefone,
tudo isso foi explicado à Autora que sempre dizia que compareceria à instituição para
cumprimento da formalidade mas não o fazia.

Frise-se: o diploma foi emitido em 09.05.2019, estando pendente uma atitude da


parte autora para retirá-lo, não podendo ela querer culpar a Contestante pela não entrega
do diploma.

Nobre Julgador, por inúmeras vezes, por meio de ligação de cobrança, quando a
Autora tentou simular que não havia recebido seu diploma por conta de sua
inadimplência, foi-lhe explicado que havia a necessidade do comparecimento na
instituição e a mesma nunca compareceu, e agora surge com a presente ação tentando
obter de modo ilícito ganhos, fato vedado por nosso ordenamento jurídico.

DA MENSALIDADA EM ATRASO – AUSÊNCIA DE PROVAS DE


PAGAMENTO- PROVA DE PAGAMENTO ÔNUS DO DEVEDOR

Melhor sorte não há às alegações da parte autora de que teria sofrido cobranças
indevidas, todavia, a Requerente não se desincumbiu de seu ônus, já que a prova do
pagamento é ônus do devedor, tanto por ser fato extintivo do direito da Requerida como
por ser necessário evidenciar a solutio, demonstrando o cumprimento da obrigação,
conforme já pacificado pela Corte Superior. Contextualizando:

"RECURSO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE


ALIMENTOS. CITAÇÃO POR HORA CERTA.
CUMPRIMENTO DE TODOS OS REQUISITOS. VALIDADE.
OFÍCIO AO EMPREGADOR PARA DESCONTO DE
VALORES EM FOLHA E DEPÓSITO PARA OS CREDORES.
PROVA DO PAGAMENTO. ÔNUS DO RÉU. (...) 2. A prova
do pagamento é ônus do devedor, seja porque consubstancia fato
extintivo do direito do autor, seja porque é necessário evidenciar
a solutio, demonstrando o cumprimento da obrigação. 3.
Recurso em habeas corpus desprovido" (STJ - RHC 38.233/SP,
Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 18/02/2014, DJe 28/02/2014).

"APELAÇÃO CÍVEL. COBRANÇA. LOCAÇÃO


COMERCIAL. PROCEDÊNCIA PARCIAL. RECURSO DO
RÉU PRETENDENDO A IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO
POR FALTA DE PROVA DA FALTA DE PAGAMENTO.
IMPOSSIBILIDADE DE PROVA DE FATO NEGATIVO. A
PROVA DE PAGAMENTO É ÔNUS DO DEVEDOR.
APELANTE QUE NÃO SE DESINCUMBIU DE
COMPROVAR O FATO EXTINTIVO DO DIREITO DA
APELADA. DESPROVIMENTO DO RECURSO" (e-STJ fl.
119).

"DIREITO CIVIL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL


CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA
AJUIZADA EM FACE DE MUNICÍPIO. CONTRATO DE
DIREITO PRIVADO (LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
COM OPÇÃO DE COMPRA). AUSÊNCIA DE
CONTESTAÇÃO. EFEITOS MATERIAIS DA REVELIA.
POSSIBILIDADE. DIREITOS INDISPONÍVEIS.
INEXISTÊNCIA. PROVA DA EXISTÊNCIA DA
OBRIGAÇÃO. DOCUMENTAÇÃO EXIBIDA PELO AUTOR.
PROVA DO PAGAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. ÔNUS
QUE CABIA AO RÉU. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
CONCLUSÃO A QUE SE CHEGA INDEPENDENTEMENTE
DA REVELIA. (...) 5. A prova do pagamento é ônus do devedor,
seja porque consubstancia fato extintivo do direito do autor
(art. 333, inciso II, do CPC), seja em razão de comezinha regra
de direito das obrigações, segundo a qual cabe ao devedor provar
o pagamento, podendo até mesmo haver recusa ao
adimplemento da obrigação à falta de quitação oferecida pelo
credor (arts. 319 e 320 do Código Civil de 2002). Doutrina. 6.
Recurso especial não provido" ( STJ - REsp 1.084.745/MG, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 06/11/2012, DJe 30/11/2012).

Ora, o aluno é considerado um consumidor de serviços educacionais e a


inadimplência é considerada uma dívida como qualquer outra, podendo a instituição
realizar cobranças e até negativar o nome do aluno, caso ocorra atraso no pagamento e o
mesmo não demonstre que efetivamente cumpriu com sua obrigação.

Excelência, até hoje a parte autora não demonstrou a quitação de sua dívida,
tampouco colacionou aos autos prova de seu pagamento.

Suas alegações embasam-se tão somente da premissa de que por ter realizado o
pagamento de parcelas anteriores, não poderia ter sido deixado de pagar a mensalidade
de maio. Entretanto, até hoje não houve a baixa bancária da referida mensalidade, não
havendo qualquer ilicitude na cobrança realizada.

DA INEXISTÊNCIA DE DANO MATERIAL


A requerente alega não ter supostamente sofrido prejuízos financeiros por não
ter conseguido tomar posse em dois concursos que em que foi aprovada pela ausência do
diploma. Todavia, tal alegação vai de encontro à pacificada jurisprudência da Corte
Superior que estabelece que, ainda que exigido pelo edital, não pode a falta da
apresentação do diploma ser óbice a assunção de cargo público ou mesmo a
contabilização de título em concurso, se por outros documentos idôneos se comprove a
conclusão do curso superior, mesmo que pendente alguma formalidade para a expedição
do diploma.2
Outro fato é que, ainda que houvesse alguma negativa na entrega do diploma
– fato que se admite somente para fins argumentativos – ainda assim não haveria qualquer
impeditivo para que a parte autora tomasse posse em seu concurso já que a mesma tinha
em suas mãos documentos idôneos capazes de demonstrar a conclusão do curso e
obtenção do grau, a saber, certificado e histórico.
Nesse sentido, vejamos o entendimento dos tribunais pátrios acerca da
possibilidade da posse, do candidato aprovado em Processo Seletivo, para contratações
temporárias do poder público, que ainda não tenha obtido a expedição de seu diploma,
pela instituição de ensino superior:

APELAÇÃO - Mandado de segurança - Processo seletivo para


contratação temporária de Professor de Educação Básica -
Pretensão da impetrante em tomar posse e participar do processo
de atribuição de aulas mediante apresentação de atestado de
conclusão do curso de Pedagogia - Possibilidade - O fato de a
instituição de ensino não ter emitido o diploma não pode tolher o
direito da impetrante, prejudicando-a, uma vez que preenchia os
requisitos para o exercício da função - Precedentes desta C.
Câmara - Sentença mantida - Recursos desprovidos. (TJ-SP - AC:
10001141620208260326 SP 1000114-16.2020.8.26.0326,
Relator: Renato Delbianco, Data de Julgamento: 25/09/2020, 2ª
Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 25/09/2020)

APELAÇÃO e RECURSO ADESIVO - Mandado de segurança -


Município de Lucélia - Processo seletivo para contratação
temporária de Professor de Educação Básica - I - Impetrante que
não apresentou o diploma de formação em Pedagogia quando da
convocação para atribuição de aulas - Ordem parcialmente

2
Precedentes: REsp. 1.426.414/PB, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 24.02.2014 e RMS
25.219/PR, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe 14.03.2011; AgInt no AREsp
415.260/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
20/06/2017, DJe 28/06/2017; AgInt no REsp n. 1.713.037/DF, relator Ministro Sérgio Kukina, Primeira
Turma, data do julgamento: 16-12-2019, data da publicação/fonte: DJe de 19-12-2019.
concedida para suprir a não apresentação do diploma de formação
em curso superior no prazo assinalado no edital - Admissibilidade
- Atestado suficiente a comprovar a formação técnica exigida para
o cargo - Regras editalícias a serem interpretadas de acordo com
o princípio da razoabilidade - Óbice meramente formal afastado -
Ausência de discussão, na espécie, sobre o preenchimento dos
demais requisitos necessários à contratação - Sentença mantida -
Recursos não providos. (TJ-SP - AC: 10001168320208260326 SP
1000116-83.2020.8.26.0326, Relator: Maria Olívia Alves, Data
de Julgamento: 06/07/2020, 6ª Câmara de Direito Público, Data
de Publicação: 06/07/2020)

Sendo assim, tendo a parte requerente posse do certificado e histórico de


conclusão do curso, documentos estes já colacionados aos autos, fica claro que a falta do
porte do diploma não foi impeditivo para a referida posse, não havendo, portanto, nexo
de causalidade entre o que impediu a posse e a Requerida.
Insta salientar que ao consultarmos o portal da transparência do Distrito
Federal obtemos a notícia de que a Requerente é, desde 11.09.2009, professora efetiva
da secretaria de educação do DF, registrada sobre a matrícula 02447630. Vejamos:
Ora, a Constituição da República Federativa Brasileira prevê, em seu artigo
37, XVI, a possibilidade da acumulação de cargos, vinculando tal possibilidade a
compatibilidade do horário e carga horária.
Nobre Magistrado, se o diário oficial anexado pela requerente o cargo
pretendido pela mesma possuía carga horária semanal de 40 horas e a mesma já ocupava
um cargo efetivo de 40 horas, não há o que se falar em compatibilidade de horários,
havendo, portanto, impedimento para posse.
Desta forma, cristalino é o fato de que não houve qualquer ato praticado pela
Instituição Requerente capaz de criar obstáculo para realização da posse da Requerente,
inexistindo qualquer ilícito capaz de gerar a condenação da Requerida em danos
materiais.
DA AUSÊNCIA DE DANO MORAL

Ademais, a parte autora alega que se sentiu lesionada, razão pela qual também se
insurgiu pleiteando a condenação da instituição requerida ao pagamento de danos morais,
atribuindo-a a prática de ato ilícito passível de indenização, o que já se comprovou
inexistir.

A parte Requerente não demonstrou em sua exordial nenhuma comprovação fática


de que teve transtornos psicológicos narrados em sua inicial causados por demora, e
aborrecimentos em virtude de qualquer ato praticado pela demandada, alegando apenas
ter supostamente ficado abalada.
Ora, é de primeira necessidade que se verifique se existe o preenchimento das
condições da ação estabelecidas pelo artigo 320 do Código de Processo Civil, , para que
se possa avaliar o pedido feito pela autora em sua peça vestibular.

A avaliação do juiz dos atendimentos dos pressupostos processuais e das


condições da ação deverá ser feita de pronto, de modo a verificar o preenchimento das
tais condições, não bastando a simples denúncia de lesão a direito seu na inicial. A parte
autora sequer apresentou quaisquer documentos que comprove coerentemente sua
narrativa, desta forma tornando suas alegações frágeis e improcedentes.

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, V e X, assegura aos cidadãos a


inviolabilidade de sua intimidade, vida privada, honra e imagem, bem como a
possibilidade de indenização pelos danos morais ou materiais decorrentes de sua violação.

Neste sentido, os Arts. 186 e 927 do Código Civil preceituam que, aquele que por
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito, ficando obrigado a indenizar
a vítima.

Portanto, indenizável é o dano moral sério, intolerável para o homem médio,


aquele capaz de provocar em uma pessoa normal perturbação nas relações psíquicas, na
tranquilidade, nos sentimentos e nos afetos, extrapolando a naturalidade dos fatos da vida
em sociedade.

Nobre Julgador, não é toda e qualquer conduta irregular ou ilícita que gera danos
de natureza moral, na medida em que a situação que merece compensação pecuniária
deve se adequar à moral do homem médio, não podendo escapar ao sentimento comum
da pessoa que vive em sociedade, a qual deve se acostumar com seus acasos e dissabores.

No caso, a Contestante, ao contrário do que afirma a parte Autora, não praticou


qualquer ato ilícito, muito menos praticou ilícitos que tenham invadido os direitos de
personalidade do demandante, especialmente em virtude da não entrega do diploma, fato
que somente ocorreu por inércia da parte autora em cumprir os regulamentos e normativas
da instituição.

Sobre o tema, colhe-se a lição do professor Sérgio Cavalieri Filho:

"Nessa linha de princípio, só pode ser reputado como dano moral a dor,
vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade,
interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo,
causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero
dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada
estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte
da normalidade do nosso dia a dia, no trabalho, no trânsito, entre os
amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e
duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo.
Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral,
ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais
acontecimentos." (in Programa de Responsabilidade Civil. 7ª ed. São
Paulo: Atlas, 2007. p. 80).

Assim sendo, tendo em mente a inexistência de qualquer ilícito por parte


da Requerida e ausente demonstração de dano, mister que tal pedido seja julgado
improcedente.

DO PEDIDO CONTRAPOSTO

Assim diz o artigo 31 da Lei nº 9.099/95:

"...É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor,


nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos
fatos que constituem objeto da controvérsia".

Desta forma, pleiteia a Requerida a condenação da parte requerente ao pagamento


da parcela vencida em maio de 2019, cujo valor deverá ser atualizado em faze de
cumprimento de sentença, onde constará tal valor devidamente atualizando e acrescido
de juros.
Cumpre esclarecer que tal parcela refere-se ao pagamento parcial devido ante a
prestação de serviços educacionais por parte da Requerida e cujo pagamento até hoje não
foi efetivado.

Além disso, mister que haja condenação da parte autora ao pagamento de


indenização por danos materiais no que tange a restituição dos valores gastos pela
Requerida na contratação de advogado, valor estabelecido da seguinte forma no contrato:

PEDIDOS

Ante o exposto, requer que seja julgado improcedente o pleito autoral. Requer
ainda a procedência do pedido contraposto para condenar a parte ao autora ao pagamento
da parcela em atraso – devidamente atualizada e acrescida de juros e cujo valores deverá
ser apurado em sede de cumprimento de sentença – e de danos materiais equiparados aos
gastos da Requerida com advogado.

Por fim, requer que seja concedida a Peticionante a gratuidade de justiça.

Termos em que,
Pede deferimento.

Brasília/DF, 04 de março de 2024

JÚLIA HELENA BASTOS REZENDE SILVA


OAB/DF 44.787
OAB/GO 68.745 A

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