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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA

COMARCA DE SÃO PAULO - SP

MARIA NATALIA LIMA FLORENTINO - ME, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ/MF sob o n° 11.379.270/0002-52, com sede à Avenida Perimetral, no 18, Centro Santa
Maria da Vitória/BA CEP: 47640-000, neste ato representada por MARIA NATALIA LIMA
FLORENTINO BRASILEIRA, solteira, portadora da cédula de identidade RG n° 97029202780
SSP CE e inscrito no CPF/MF sob n° 043.624.393-82, residente e domiciliado na Rua São
Benedito, no 1912, bairro Limoeiro, Juazeiro do Norte/CE CEP: 63030-152, vem respeitosamente
à presença de Vossa Excelência, por meio de seus procuradores signatários, com escritório
profissional localizado na Rua Catulo da Paixão Cearense, 135, Sala 516, Empresarial Central
Park, Triângulo, Juazeiro do Norte – CE, CEP: 63.041-162, ajuizar AÇÃO MONITÓRIA, em face
de CONSÓRCIO FERROVIA DE INTEGRAÇÃO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ/MF sob o no 30.458.218/0001-55, estabelecida na Avenida São Gabriel, n° 301 - Térreo,
Jardim Paulista, São Paulo/SP. CEP 01435-001, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA:

A parte autora é enquadrada na categoria de microempresa, e diante da atua crise


financeira, reflexo da pandemia de Covide-19, bem como pelo próprio objeto da ação, não possui
recursos financeiras para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem
prejuízo da própria manutenção, razão pela qual desde já requer o benefício da Gratuidade de
Justiça, assegurados pela Lei nº 1060/50 e consoante o art. 98, caput, do novo CPC/2015.

De outro bordo, o STJ firmou o entendimento na súmula 481 segundo o qual, “faz jus ao
benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar
sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais”.

O teor da súmula invocada se amolda ao caso dos autos, pois os documentos acostados
comprovam, satisfatoriamente, a impossibilidade da parte autora arcar com os encargos
processuais.

Assim, sendo, resta evidente que a concessão do benefício é medida necessária e


amparada pela Lei e Jurisprudência.

DO FORO:

A presente ação de cobrança tem como base, instrumento particular firmado entre as
partes, onde ficou acordado entre estes que eventuais conflitos e demandas judiciais derivadas
daquele contrato deveriam ser dirimidas na comarca de São Paulo.

Sendo assim, em respeito a previsão contratual, que faz lei entre as partes, justifica-se o
ajuizamento desta ação perante este juízo.

DOS FATOS:

Em 23 de outubro de 2018 foi firmado contrato de fornecimento de refeições, onde a autora


figurava como contratada para fornecer refeições aos funcionários da contratante, ora requerida,
que iriam trabalhar na construção civil de sub-trecho de ferrovia, entre os municípios de Ilhéus e
Barreiras, no estado da Bahia. Sendo acertado o valor global para prestação do serviço no
montante de 1.135.090,00 (um milhão, cento e trinta e cinco mil e noventa reais).

Durante a prestação de serviços por parte da autora, a requerida passou a inadimplir suas
obrigações contratuais, restando em aberto três notas fiscais (em anexo), a primeira emitida em
19/02/2019, no valor de R$ 67.288,50 (sessenta e oito mil, duzentos e oitenta e oito reais e
cinquenta centavos, a segunda emitida em 18/03/2019, no valor de R$ 76.836,00 (setenta e seis
mil, oitocentos e trinta e seis reais), e a terceira emitida em 15/04/2019, no valor de R$ 74.245,00
(setenta e quatro mil, duzentos e quarenta e cinco reais).

Portanto, a requerente é credora da ré da quantia de R$ 218.369,50 ( duzentos e dezoito


mil, trezentos e sessenta e nove reais e cinquenta centavos), representada nas notas fiscais em
anexo.

A parte autora procurou a empresa requerida inúmeras vezes, buscando resolver a


situação de forma amigável, conforme fica demostrado nas conversas via Whatsapp, com o
Gerente Administrativo Financeiro da requerida, Zolotti Carlos, que encontram-se em anexo,
todavia as tratativas não foram frutíferas, permanecendo a requerida inadimplente até a presente
data. Pelo que se justifica a propositura da presente ação, afim de ver quitado o débito.

Os valores atualizados de cada nota fiscal correspondem aos seguintes valores, conforme
demonstrativos em anexo:

NF / Data de Expedição Valor da NF (R$) Valor Atualizado (R$)


04 / 19/02/2019 R$ 67.288,50 R$ 76.065,04
05 / 18/03/2019 R$ 76.836,00 R$ 86.327,04
06 / 15/04/2019 R$ 74.245,00 R$ 82.895,79

Portanto, temos que o total da dívida líquida, certa, exigível e atualizada, na data da
propositura da presente ação, conforme planilha de cálculos, em anexo, é da importância de R$
245.287,87 (duzentos e quarenta e cinco mil, duzentos e oitenta e sete reais e oitenta e sete
centavos). Devidamente comprovada pelos documentos acostados na presente vestibular.

DO DIREITO:

A ação monitória é cabível sempre que o credor dispuser de prova escrita, sem eficácia
executiva, o direito de exigir do devedor um pagamento, conforme redação clara do CPC/15:

Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em
prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:

I - o pagamento de quantia em dinheiro;

II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;


III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.

O presente caso se amolda perfeitamente ao cabimento da ação monitória, uma vez que
com base nos documentos que junta em anexo, notas fiscais, contrato e conversas de Whatsapp,
fica comprovada a dívida inadimplida do réu.

As notas fiscais com descrição do serviço prestado e do valor devido bem como o contrato
assinado pelas partes, acompanhado de provas da contraprestação realizada e não paga é
documento suficiente para embasar a monitória, especialmente quando amparada por outras
provas de seu inadimplemento, tais como as inúmeras conversas entre o representante da
requerente e gerente administrativo financeiro da ré, onde fica claro que a ré deixou de cumprir
sua obrigação legal de pagar pelos serviços prestado pela requerente.

Nesse sentido, a jurisprudência é cristalina sobre o tema:

APELAÇÃO – AÇÃO MONITÓRIA – SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. AÇÃO


MONITÓRIA - Petição inicial apta e acompanhada de prova escrita suficiente a
demonstrar a existência de dívida sem força executiva, acompanhada de
elucidativa memória de cálculo, relativa a débito oriundo de contratos de prestação
de serviços de gerenciamento e produção de conteúdo digital – Prova dos autos
que evidencia a existência de relação jurídica, a prestação de serviços e o
débito perseguido – Ré que nada esclareceu a respeito dos fatos, limitando-se,
em geral, a defender-se com matérias de cunho processual – Ausência de fatos ou
fundamentos jurídicos hábeis a fragilizar as alegações e provas produzidas pela
autora. SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. (TJ-SP - AC:
10018629220198260011 SP 1001862-92.2019.8.26.0011, Relator: Sergio Gomes,
Data de Julgamento: 30/04/2021, 37ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 30/04/2021)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA.


PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ. EXTRATO DE
PENHORA ONLINE E OUTROS DOCUMENTOS. PROVA ESCRITA QUE, NA
HIPÓTESE, NÃO É HÁBIL A EMBASAR O AJUIZAMENTO DA AÇÃO
MONITÓRIA. 1. Ação monitória, por meio da qual a autora alega ser credora da ré
de valores que foram objeto de penhora online em ação de cobrança de cotas
condominiais ajuizada em seu desfavor. 2. Ação ajuizada em 21/10/2013. Recurso
especial concluso ao gabinete em 04/10/2017. Julgamento: CPC/2015. 3. O
propósito recursal é definir se o extrato de penhora online e os documentos que
instruíram a inicial são suficientes para configurar a prova escrita hábil ao
ajuizamento de ação monitória. 4. A ausência de decisão acerca dos argumentos
invocados pela recorrente em suas razões recursais, não obstante a oposição de
embargos de declaração, impede o conhecimento do recurso especial. 5. A prova
hábil a instruir a ação monitória, isto é, apta a ensejar a determinação da
expedição do mandado monitório - a que alude os arts. 1.102-A do CPC/73 e
700 do CPC/2015 -, precisa demonstrar a existência da obrigação, devendo o
documento ser escrito e suficiente para, efetivamente, influir na convicção do
magistrado acerca do direito alegado, não sendo necessário prova robusta,
estreme de dúvida, mas sim documento idôneo que permita juízo de
probabilidade do direito afirmado pelo autor. 6. Na específica hipótese dos
autos, contudo, não é possível concluir que o extrato de penhora online, ocorrida
em contas bancárias de titularidade da recorrida e utilizado para embasar a
presente monitória, confira certo juízo de probabilidade a respeito da relação
jurídica obrigacional que comprove débito de responsabilidade da suposta
possuidora e proprietária do imóvel, ora recorrente. 7. Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido. (STJ - REsp: 1713774 SP
2017/0226939-0, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:
10/10/2019, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/10/2019)

DA MULTA CONTRATUAL:

Constata-se que, a ré descumpriu o que fora acordado com a requerente, deixando de


realizar a contrapartida pelos serviços prestados pela requerente, ou seja, não pagou pelos
serviços prestados conforme acordado em contrato.

Desta forma, torna-se aplicável a multa disposta na cláusula 9ª do contrato, mais


especificamente no ponto 9.1, que prevê o seguinte:

Em razão disso, a autora requer aplicação da multa de 20% (vinte por cento) sobre o valor
total do contrato, qual seja, R$ 1.135.090,00 (um milhão, centro e trinta e cinco mil, e noventa
reais), conforme cláusula 5ª, portanto, sendo o valor da multa correspondente a R$ 227.018,00
(duzentos e vinte e sete mil e dezoito reais).
Necessário destacar, que a referida multa assumi caráter compensatório pelos graves
danos causados a requerente, que saindo de seu estado sede, Ceará, foi até a Bahia prestar
seus serviços, acreditando que seria uma oportunidade de crescimento para a empresa, e ante o
inadimplemento da requerida se viu a beira da falência, conforme demonstram as conversas via
Whatsapp, que evidenciam os prejuízos elevados, tendo em vista o valor do débito, que para uma
empresa de pequeno porte, como é o caso da requerente, pode gerar a completa incapacidade
de manter a atividade empresarial.

Vale lembrar que até o presente momento o requerido não efetivou o pagamento devido,
estando em mora com a requerente, conforme disposto no art. 394 do Código Civil:

Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento, e o credor
que o não quiser receber no tempo, lugar e forma convencionados. (grifo nosso)

Trata-se da necessária aplicação da lei, uma vez que demonstrado o compromisso firmado
e a ocorrência do descumprimento, outra solução não resta se não o imediato pagamento do
débito, conforme amplamente protegido pelo direito.

Assim, considerando-se a tentativa infrutífera de recebimento dos valores devidos por vias
administrativas, bem como os prejuízos que tal atraso no cumprimento das obrigações gerou a
empresa autora, requer desde logo o pagamento integral do valor final atualizado de R$
472.296,87 (quatrocentos e setenta e dois mil, duzentos e noventa e seis reais e oitenta e sete
centavos), correspondente as três notas ficais atualizadas mais a multa de 20% sobre o valor do
contrato.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO:

Tendo em vista que a exequente buscou por meio de todas as formas amigáveis o
pagamento da dívida, não logrando êxito em nenhuma delas, o requerente dispensa a tentativa
de conciliação.

DOS PEDIDOS:

Ante o exposto, requer:

A) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98 do CPC;


B) A citação do Réu para responder, querendo;
C) A total procedência da ação para determinar ao Réu o pagamento imediato do valor
472.296,87 (quatrocentos e setenta e dois mil, duzentos e noventa e seis reais e oitenta
e sete centavos), no prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento, nos termos do art.
701, do CPC;
D) Em caso de não realizado o pagamento no prazo previsto, nem oferecido embargos
pela ré, constitua-se, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o
mandado inicial em mandado executivo, conforme art. 701, §2º do CPC;
E) A condenação da Ré ao pagamento de honorários sucumbências, no percentual de
20% sobre o valor da causa, nos termos do art. 85, §2º, do CPC.

F) Protesta provar o alegado através de todos os meios de prova admitidos em direito.

Dar-se a causa o valor de 472.296,87 (quatrocentos e setenta e dois mil, duzentos e


noventa e seis reais e oitenta e sete centavos).

Nestes termos, pede deferimento.

São Paulo - SP, na data do protocolo.

João Claudino Lima Junior

OAB – CE/ 25.357 e OAB – PE/1.471-A

Gilbene Calixto Pereira Claudino

OAB-PE/23.194 e OAB – CE/34.688-A

Davi Deziderio Nogueira Torquato

Estagiário

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