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ISABELLAFELIPE

RONALDOFELIPE
& ADVOGADOS
ADVOCACIA E CONSULTORIA JURÍDICA - OAB/GO 15.378 – 59.301
EXCELENTÍSSIMO(a) SENHOR(a) DOUTOR(a) JUIZ DE
DIREITO DO JUÍZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE
JANDAIA, ESTADO DE GOIÁS.

Autos da Ação de Execução de Título Extrajudicial Proc. nº. 5316483-


39.2023.8.09.0090

FULANA DE TAL, brasileira, portadora do CPF/MF n.º


218.342.701-97, residente e domiciliada na Rua Frei Caneca, Qd. 1, Lt.12 n.º 88,
Centro, Indiara-GO, CEP: 75.955-000, vem, com o devido respeito a Vossa
Excelência, por intermédio de seu patrono que assina eletronicamente -
instrumento procuratório acostado - causídico devidamente inscrito na Ordem
dos Advogados do Brasil, Seção do Estado de Goiás, sob o nº. 15.378, com seu
escritório profissional consignado no endereço constante no rodapé, o qual, em
atendimento aos ditames contidos no art. 287, caput, c/c art. 77, inc. V, um e
outro do CPC, indica-o para as intimações necessárias, para ajuizar, com
supedâneo nos arts. 914 e segs. c/c art. 917, inc. VI, ambos do Código de
Processo Civil, a presente EMBARGOS À EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL (COM PLEITO DE EFEITO SUSPENSIVO – CPC, art. 919,
§ 1º), contra BELTRANO DE TAL, brasileiro, solteiro, com cédula de identidade
n.º 2146984 e inscrito no CPF sob o n.º 589.757.561-49, residente e domiciliado
na Avenida Rio Verde, Qd.63, Lt. 10B, S/N, Vila Indiara, Indiara- CEP: 75.955-
000, em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito, abaixo
delineadas.

INTROITO

1) - Do Benefícios da Gratuidade da Justiça - (CPC, art. 98, caput)

A parte Autora/embargante não tem condições de arcar com


as despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos
financeiros para pagar todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento
das custas iniciais, já que a mesma é aposentada e vive exclusivamente da renda
desta aposentadoria.
Rua Joaquim Tavares de Oliveira, s/nº, Qd. E, Lt. 10-A, Alto da Primavera Indiara/GO – CEP 75.955-000
Celular/WhatsApp.: (64) 98117-9900 – (64) 98105-660315, ronaldofelipe.adv@gmail.com
Dessarte, formula pleito de gratuidade da justiça, o que faz
por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in fine, ambos
do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento
procuratório acostado.

Acosta nesta oportunidade, outrossim, documentos que


comprovam sua hipossuficiência.

2) - Da inépcia da inicial e a consequente extinção com resolução do mérito


por vicio na cártula

O título executivo é uma figura que engloba em seu conteúdo


elementos formais e substanciais, cuja eficácia precípua é de constituir o direito
subjetivo do credor à execução.

Vale lembrar o que o art. 783 do CPC dispõe que “A execução


para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa,
líquida e exigível.”

O título trazido aos autos pelo embargado é incerto, uma vez


que foi devolvido pela instituição financeira com vícios (motivo 35), podendo
ser facilmente notado por este juízo na imagem anexa à exordial executória
(evento 01, item 4) e, portanto, é imprestável para respaldar a presente execução.

Ante o exposto, requer o acolhimento da preliminar para


determinar a extinção da execução sem julgamento de mérito em razão do vício
presente no título executivo, que o invalida e o desenquadra dos requisitos
básicos previsto para ser um título executivo exequível (art. 783 do CPC).

3) – Da Prioridade de Tramitação - Pessoa Idosa

Compulsando os autos, pode-se observar que, conforme


documentos pessoais da Autora anexados à exordial, esta, hoje conta com mais
60 anos de idade, fazendo, por conseguinte, jus ao benefício da prioridade na
tramitação de procedimentos judiciais na qual figure como parte Autora, nos
termos do Art. 1.048 do Código de Processo Civil e Art. 71 da Lei 10.741 -
Estatuto do Idoso.

Diante do exposto, vem por meio deste REQUERER que


Vossa Excelência conceda o benefício da tramitação preferencial do presente
feito nos termos dos artigos supracitados, por questão de lídima justiça.

4) - Da Tempestividade

A Embargante fora citada, por mandado, a pagar o débito


perseguido na ação executiva, no prazo de 3 (três) dias, nos moldes do art. 829,
do Código de Ritos.
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Referido mandado citatório, registre-se, fora juntado aos
autos da ação de execução na data de 27/07/20203, o que se constata pela cópia
ora acostada no evento nº 06.

Dessa maneira, visto que a presente demanda é ajuizada em


22/33/4444, temos que a mesma é aforada tempestivamente. (novo CPC, art.
915 c/c art. 231, inc. II)

QUADRO FÁTICO - (CPC, art. 771, parágrafo único c/c art. 319, inc. III)

Os acontecimentos evidenciados na peça vestibular foram


grosseiramente distorcidos. Há uma “grave omissão”, intencional, a qual
comprometeria, se estipulada pelo Embargado, o recebimento de seu pretenso
crédito.

Consideramos como “grave omissão”, porquanto o Código


de Processo Civil disciplina que:
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;

No sucinto quadro fático, estipulado na petição inicial, o


Embargado revelou que o cheque, alvo da pretensão deduzida em juízo, era
fruto de “relação comercial entabulada entre as partes”.

Todavia, não trouxe maiores detalhes acerca dessa inverídica


relação comercial. Ao revés disso, andou longe de, sequer, mencionar os fatos
relacionados à Ação de Execução, quando assim impõe a Legislação Adjetiva
Civil. Se dessa forma fizesse, evidente que com maior facilidade seria
desmascarada a farsa, recôndita nas superficiais linhas inaugurais.

Entretanto, com a prova documental que ora acostamos, não


haverá nenhuma dificuldade na elucidação do propósito injurídico que envolve
a querela em espécie.

Na verdade, o crédito perseguido tem origem ilícita, pois


trata-se de cheque que já saiu de circulação bancária, ou seja, a embargante,
correntista da conta no Banco do Brasil S/A, de onde este cheque foi expedido,
havia encerado a dita conta bancária em data de 13/07/2016, como pode ser
visto pelo documento que se faz anexo, e o suposto crédito perseguido através
do cheque anexado à ação executória foi preenchido de próprio punho pelo
embargado e datado como emitido em 30/12/2022. Portando, quando este
cheque foi supostamente dado em pagamento ao embargado a conta bancária
já havia sido encerrada, e mais, NÃO FOI A EMBARGANTE QUEM
REPASSOU ESTE CHEQUE AO EMBARGADO, na verdade a embargante
NÃO FEZ QUALQUER NEGÓCIO COM O EMBARGADO.
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O cheque, documento que o embargado executa como sendo
dívida contraída pela embargante, apresenta várias adulterações, além de não
ter sido emitido pela executada, o que fez com que a embargante procurasse a
Delegacia de Polícia da cidade de Indiara-GO e registrasse uma ocorrência por
crime de estelionato, RAI em anexo.

Em uma olhada superficial na cartula executada, vê-se


claramente que há vários indícios de adulteração na mesma, a começar, verifica-
se que a folha de cheque executada apresenta ter sido guardada em branco, sem
preenchimento, dobrada, pois encontra-se toda amassada e seu papel
envelhecido, quase rasgando ao meio, tanto que quando do seu preenchimento,
a pessoa que preencheu o documento teve o cuidado de não escrever sob a parte
danificada do cheque, dando um espeço naquele local, o que resta evidente que
foi preenchido mediante fraude. Ademais, a embargante não reconhece como
sendo sua a assinatura lançada no cheque.

As assertivas da embargante são tão próximas da verdade


que nem mesmo a instituição financeira reconheceu o cheque como documento
válido, tanto que a devolução foi pela alínea 35, cheque fraudado.
Alinea 35: cheque fraudado, emitido sem prévio controle ou responsabilidade do
estabelecimento bancário ("cheque universal"), ou ainda com adulteração da
praça sacada

Denota-se que o motivo da devolução da cártula pela


instituição financeira sacada impõe, por si só, em dúvida a certeza e
exigibilidade do título, sendo assim, não sendo a obrigação líquida, certa e
exigível, incabível sua cobrança pela via executiva, inteligência do disposto no
artigo 783, do CPC.

Desse modo, o caso merece uma profunda e apropriada


investigação probatória, notadamente quanto à origem ilícita do suposto crédito
em estudo.

NO MÉRITO - (CPC, art. 917, inc. VI)

a) - Inversão do ônus da prova

INDÍCIOS DE VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES - (MP nº. 2.172-


32/2001)

Dispõe a Medida Provisória nº. 2.172-32/2001 que:

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Art. 3º - Nas ações que visem à declaração de nulidade de estipulações com
amparo no disposto nesta Medida Provisória, incumbirá ao credor ou beneficiário
do negócio o ônus de provar a regularidade jurídica das correspondentes
obrigações, sempre que demonstrada pelo prejudicado, ou pelas circunstâncias do
caso, a verossimilhança da alegação.

Extrai-se da norma, acima demonstrada, que o Embargado


faz jus ao benefício da inversão do ônus da prova, em contraposição aos ditames
da Legislação Processual Civil (art. 373, inc. II). Porém, decerto, compete-lhe,
primeiramente, provar a “verossimilhança da alegação”.

Nesse passo, existindo “indício” (s), ou “começo de prova”,


acerca dos fatos alegados, a regra é a inversão do ônus da prova.

Segundo as lições de DE PLÁCIDO E SILVA, “indício” vem


a ser:

“Do latim ´indicium´ ( rastro, sinal, vestígio ), na técnica jurídica, em sentido


equivalente a presunção, quer significar o fato ou a série de fatos, pelos quais se
pode chegar ao conhecimento de outros, em que se funda o esclarecimento da
verdade ou do que deseja saber...

Com apoio na prova documental, acostada aos presentes


Embargos, há vestígios (notórios) de que, efetivamente, ocorreu FRAUDE NA
EMISSÃO DO CHEQUE OBJETO DA AÇÃO EXECUTÓRIA. E isso se torna
mais claro, quando o embargado, de próprio punho preencheu o cheque que
aparentemente estava em branco, cheque de conta encerrada. Ademais, o
motivo pela devolução da cártula pela instituição financeira acarreta dúvida
sobre a certeza e exigibilidade do suposto crédito que representa o que
inviabiliza a demanda executiva, porque está há que estar sempre fundada em
título certo, líquido e exigível.

b) - Necessidade de dilação probatória

Caso Vossa Excelência não entenda que existem indícios de


fraude ou adulteração da cártula, com a necessária inversão do ônus da prova
(MP nº. 2.172-32/2001), o que diz apenas por argumentar, de já a embargante
evidencia a necessidade de produção de provas.

Devido à complexidade da referida ação, da necessidade da


realização de perícia grafotécnica, para confirmar a tentativa de fraudar e
adulterar o cheque, por artifício ardil e grosseiro através do visível
preenchimento unilateral de um documento oriundo de conta encerrada.

E ainda, da assinatura do emitente no cheque, a embargante


não reconhece como sua a assinatura constante no cheque, devido a diferença
entre as letras G e R.

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Diante da dificuldade da realização de provas periciais no
âmbito do Juizado Especial, pede-se a extinção desta ação sem a resolução de
mérito, nos moldes do Código de Processo Civil e Lei 9.099/1995.

c) - Nulidade do ato jurídico - Objeto ilícito - CC, art. 104, inc. II

Conforme estabelece o art. 783 do CPC, “a execução para


cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e
exigível”.

A ausência de qualquer um desses atributos acarreta a


nulidade da execução, cuja nulidade pode ser pronunciada de ofício,
independentemente de embargos à execução (art. 803, parágrafo único, do
CPC).

No caso concreto, a simples visualização do cheque é


suficiente para se perceber que ele foi devolvido pelo motivo 35. De acordo com
o Banco Central do Brasil, o motivo 35 é atribuído ao cheque devolvido com
irregularidade, mais precisamente ao “Cheque fraudado, emitido sem prévio
controle ou responsabilidade do participante (‘cheque universal’), ou com
adulteração da praça sacada, ou ainda com rasura no preenchimento” (art. 6°
do Regulamento anexo à Resolução n° 1.631/89).

Conforme se observa, o motivo 35 é múltiplo, na medida que


abrange várias hipóteses distintas de irregularidade do cheque. Tendo em vista
que o motivo da devolução está impresso no título apenas pelo número, apenas
a instituição financeira responsável (que não participa do processo) poderia
esclarecer qual a causa específica gerou a irregularidade e a consequente não
compensação do cheque. O motivo 35 pode se referir a cheque fraudado,
“universal”, com adulteração da praça ou com rasura no preenchimento.

Nesse sentido, se o próprio banco sacado apontou a


existência de irregularidade do título (que pode ser desde uma rasura até uma
fraude), parece-me claro que paira “incerteza” sobre ele. E se há incerteza sobre
o título, ele perde a sua força executiva. Não se quer dizer que o cheque se torna
inválido como elemento de prova da obrigação. Mas o que pode ser dito, com
segurança, é que o cheque devolvido pelo motivo 35 perde a sua eficácia
executiva, pois dele não se extrai a imprescindível certeza que autorize a
execução forçada.

Acerca do tema, HUMBERTO THEODORO JÚNIOR


defende que:
A certeza da obrigação, atestada pelo título, requisito primeiro para legitimar a
execução, decorre normalmente de perfeição formal em face da lei que o instituiu e
da ausência de reservas à plena eficácia do crédito nele documentado. Certa, pois,
é a obrigação cujos elementos essenciais à sua existência jurídica se acham todos
identificados no respectivo título. Não está a certeza, portanto, no plano da vontade

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ulterior das partes, mas na convicção que o órgão judicial tem de formar diante do
documento que lhe é exibido pelo credor. Pouco importa que, particularmente,
estejam controvertendo as partes em torno da dívida. A certeza que permite ao juiz
expedir o mandado executivo é a resultante do documento judicial ou de outros
documentos que a lei equipare à sentença condenatória (Curso de Direito
Processual Civil – vol. III / Humberto Theodoro Júnior. 50. ed. – Rio de Janeiro:
Forense, 2017. pág. 347)

O TJDFT também entende que a devolução do cheque pelo


motivo 35 afasta a certeza e a exigibilidade do título.
APELAÇÃO CÍVEL. MONITÓRIA. CHEQUE DEVOLVIDO. MOTIVO 35.
IRREGULARIDADE. INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO. 1. Dispõe o art. 783 do Código
de Processo Civil que “a execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre
em título de obrigação certa, líquida e exigível”. 2. Havendo indícios de que
houve fraude na emissão do cheque, fica reconhecida a inexigibilidade do título.
3. R e c u r s o d e s p r o v i d o . ( T J D F T , A c ó r d ã o 1 0 8 7 4 2 0 ,
20150111452800APC, Relator: MARIO-ZAM BELMIRO, 8ª TURMA CÍVEL,
publicado no DJE: 11/4/2018)
(…) 1. Dispõe o artigo 783 do CPC “que a execução para cobrança de crédito
fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”. Nesse
sentido, entende-se que cheques devolvidos pelo motivo 35, impede a execução
contra o devedor ante a ausência dos atributos da certeza e exigibilidade do
título. 2. Deve-se reconhecer a inexigibilidade do título, se o embargado-
apelante, quando intimado a especificar provas, não se desincumbiu de sua
obrigação de comprovar a autenticidade das assinaturas, que foram
impugnadas pela embargante. 3. Recurso conhecido e desprovido. (TJDFT,
Acórdão 1067175, 20160111023008APC, Relator: CARLOS RODRIGUES, 6ª
TURMA CÍVEL, publicado no DJE: 19/12/2017)

Nosso egrégio tribunal também assim se posiciona:

EMENTA: Dupla Apelação Cível. Embargos à Execução. Cheque devolvido.


Motivo 35. Ausência de certeza. Nulidade da execução. Pronunciada de Ofício. I.
Conforme estabelece o art. 783 do CPC, ?a execução para cobrança de crédito
fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível?. A ausência
de qualquer um desses atributos acarreta a nulidade da execução, que pode ser
pronunciada de ofício, independentemente de embargos à execução (art. 803,
parágrafo único, do CPC). II. O cheque que instrui a execução originária foi
devolvido pelo motivo 35, que se refere às irregularidades de ?Cheque fraudado,
emitido sem prévio controle ou responsabilidade do participante (?cheque
universal?), ou com adulteração da praça sacada, ou ainda com rasura no
preenchimento? (art. 6° do Regulamento anexo à Resolução n° 1.631/89). III.
Considerando que o banco sacado apontou a existência de irregularidade no
cheque, revela-se inviável a manutenção da execução. A devolução do cheque
pelo motivo 35 (cheque fraudado ou com outro tipo de irregularidade) é motivo
suficiente para reconhecer a ausência de certeza do título e declarar nula a
execução, independentemente de pedido expresso nesse sentido. IV. ?A certeza
da obrigação, atestada pelo título, requisito primeiro para legitimar a execução,
decorre normalmente de perfeição formal em face da lei que o instituiu e da
ausência de reservas à plena eficácia do crédito nele documentado. Certa, pois,
é a obrigação cujos elementos essenciais à sua existência jurídica se acham
todos identificados no respectivo título. Não está a certeza, portanto, no plano da
vontade ulterior das partes, mas na convicção que o órgão judicial tem de formar
diante do documento que lhe é exibido pelo credor? (Theodoro Jr., 2017. pág.

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347). DECRETADA A NULIDADE DA EXECUÇÃO DE OFÍCIO. APELAÇÕES CÍVEIS
PREJUDICADAS. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos ->
Apelação Cível 5082333-57.2021.8.09.0099, Rel. Des(a). RODRIGO DE SILVEIRA,
2ª Câmara Cível, julgado em 29/06/2023, DJe de 29/06/2023

Logo, ausente a certeza do documento que lastreia a


execução, impõe-se o reconhecimento de sua nulidade, nos termos do art. 803,
I, e parágrafo único, do CPC:
Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e
exigível;
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz,
DE OFÍCIO ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à
execução.

d) - Da atribuição de efeito suspensivo aos presentes embargos

A concessão de efeito suspensivo está erigida sobre o direito


à revisão, clamando que a pretensão deduzida se mostre pertinente do ponto
de vista da possibilidade jurídica do pedido. Trata-se, com efeito, de discussão
amparada pela legislação, restando demonstrado, no afã elucidativo destes
Embargos, a evidência do “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”.

O artigo 919, § 1.º do CPC, define que o efeito suspensivo será


condicionado à apresentação de fundamentos relevantes, assim como os que
foram apresentados – repisando-se a documentação parcialmente juntada como
denegatória dos requisitos de certeza, exigibilidade e liquidez que deveriam
revestir o título.

No presente caso, a comprovação inequívoca da devolução


do cheque pelo motivo 35 (cheque fraudado ou com outro tipo de
irregularidade), per si, já ampara a suspensão do feito, tendo como agravante,
ainda, o fato de a embargante encontrar-se em risco iminente de sofrer
constrições em seu patrimônio, por uma dívida que não existe, o que torna
evidente o periculum in mora.

Ademais, o prosseguimento da execução, a seu turno,


implicaria em prejuízos de difícil reparação à embargante, porquanto uma
eventual constrição de bens teria reflexos no sustento desta e de seu núcleo
familiar.

Outro ponto a ser observado é que o deslinde dos autos


apensos são essenciais para o desenrolar destes embargos, razão pela qual o
andamento da execução deve ser suspenso até que ocorra o julgamento

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daqueles, quando se verificará definitivamente a veracidade dos fatos
supranarrados.

Assim, tendo em vista que o trâmite dos autos originários


implicaria em prejuízos de difícil reparação à embargante, requer seja
concedido e atribuído efeito suspensivo aos presentes embargos, conforme
preceitua o art. 919, §1º, do CPC.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, a embargante requer à Vossa Excelência


que se digne a:

1) Receber os presentes embargos, posto que tempestivos, atribuindo ao


mesmo efeito suspensivo conforme preceitua o art. 919, §1º, do CPC, tendo em
vista a comprovação do “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”, devendo esta
ser suspensa até que os fatos sejam verdadeiramente conhecidos e apreciados à
evitar grave dano e risco ao resultado útil do processo nos termos do art. 921, II
do CPC;

2) Acolher as preliminares arguidas, para declarar de oficio a existência


de vício do título que embasa a execução, que o torna nulo e imprestável a
instruí-la (art. 783 do CPC), com a consequente extinção da execução com
julgamento de mérito, nos termos do art. 803, I do CPC;

3) No mérito, julgar TOTALMENTE PROCEDENTE os pedidos dos


presentes Embargos à Execução, a fim de reconhecer que o cheque foi
preenchido e assinado sem o conhecimento da embargante, ou seja, por fraude
na emissão, e, RECONHECER, outrossim, a ausência de certeza do cheque
devolvido pelo motivo 35. Em ambos os casos, DECLARANDO NULA a
execução originária (art. 803, parágrafo único, do CPC), com a consequente
extinção com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC;

4) Ao final, seja com o acolhimento da preliminar ou do mérito, condenar


o embargado ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios de
sucumbência, a serem fixados em 20% sob o valor da causa;

5) A intimação do Embargado para, querendo, apresentar resposta no


prazo de 15 (quinze) dias, conforme artigo 920, inciso II, do Código de Processo
Civil;

6) Nos termos do art. 319, VII, do CPC, a Embargante manifesta, desde já,
o desinteresse em realização de audiência de conciliação.

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Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em
Direito admitidos, especialmente, pelos documentos anexos, sem prejuízo da
produção de prova testemunhal.

Pede e aguarda deferimento.

Indiara-GO, 07 de agosto de 2023.

Ronaldo do Felipe Freitas Isabella Fellipe Caetano


OAB/GO nº 15.378 OAB/GO nº 59.301

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