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Lucas Júnior Silva dos

Santos
OAB/SP 453-747

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE


DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL CENTRAL DA COMARCA
DE SÃO PAULO-SP.

AUTOS: 10020229720228260016

DARCI RIBEIRO GAMA, já devidamente qualificada nos


autos em epígrafe, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
por meio de seus advogados e procuradores, apresentar sua réplica à Contestação,
expor e requerer o que se segue.

Data máxima vênia os argumentos lançados pela outra parte, os


fatos e direito invocados, em sua peça defensiva, não coadunam com a realidade
e não trazem plausibilidade, devendo ser todas repelidas, senão vejamos:

PRELIMINARMENTE.

1. DA JUNTADA DE DOCUMENTOS;

Em sede de preliminar a parte Ré aduz que juntará aos autos os


documentos relativos a operação financeira que ensejou o contrato de
empréstimo junto a Autora, porém, não informou quando fará isso e nem trouxe

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nenhuma justificativa plausível para a não juntada, o que tornará sem efeito os
documentos juntados posteriormente, exatamente, pela ausência de
plausibilidade.

Diante disso, requer seja indeferido a juntada posterior dos


documentos relativos ao contrato firmado com a Autora, pois estes documentos
já deveriam ter sido lançados junto com a Constestação.

2. INOBSERVÂNCIA DO ARTIGO 320 DO CPC INDEFERIMENTO


DA EXORDIAL E EXTINÇÃO DO FEITO SEM A ANÁLISE DO
MÉRITO

A Parte Ré aduz que a Autora não obedeceu o disposto no art. 320 do


CPC e pede a extinção do processo sem a analise do mérito, sob alegação de que
a Autora, de forma ardilosa, escolheu este juízo fora dos critérios legais, pois o
comprovante de residência juntado aos autos não esta em nome.

Ocorre que tais argumentos não possuem qualquer relevância jurídica,


pois é comum no Brasil pessoas não terem comprovante de residência em seu
nome, ainda mais quando se trata de idoso que mora com os filhos, diante disso,
requer sejam desconsiderados os argumentos defensivos, haja vista que o mesmo
endereço que consta na incial consta no contrato bancário firmado entre Autora e
Réu, o que torna ainda mais absurda as alegações do Banco.

3. DA NECESSIDADE DE IMPUGNAÇÃO A PROVA UNILATERAL


(PRINT’SDE SUPOSTAS CONVERSAS VIA APLICATIVO DE
MENSAGENS

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O Banco impugna as provas trazidas aos autos pela Autora, sob o


argumento de terem sido produzidas de modo unilateral, no entanto, não junta
aos autos as conversas que consideram verídicas, o que torna o argumento
paradoxal, uma vez que o contrato de empréstimo foi intermediado virtualmente.

De outra banda, é evidente que caberia ao Banco, no ato da


impugnação das conversas lançadas aos autos, mostrar o histórico de conversas
realizadas com a Autora da relação factual que ensejou o contrato, porém, como
o Banco tem ciência das “falcatruas” comumente realizadas se eximiu de juntar
as conversas aos autos, o que torna incabível o pedido constante neste tópico,
exatamente por inexistir fatos contrapostos as conversas apresentadas.

Deste modo, requer sejam desconsiderada a impugnação relativas as


conversas juntadas aos autos, ou, subsidiariamente, seja o Banco intimado para
trazer as autos as conversas virtuais desenvolvidas junto ao Autora antes do
assinatura do contrato, sob pena de serem reputados verdadeiros os fatos
expostos nos “prints”.

DO MÉRITO.

1. DA LEGALIDADE DO CONTRATO DE CRÉDITO BANCÁRIO E


O ESTRITOCUMPRIMENTO DO DEVER DE BOA-FÉ E
TRANSPARÊNCIA DO RÉU

De forma leviana, fazendo uso de argumentos genéricos, a parte Ré


aduziu que o contrato constante nos autos é válido e que as queixas da Autora se
deram de modo intempestivo.

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Entretanto, como se observa da Constestação, a Ré não impugna


especificamente os fatos narrados na causa de pedir e tampouco junta aos autos o
histórico de conversas realizadas entre o funcinario (a) do banco e a Autora antes
e depois da assinatura do contrato, exatamente, para encobrir as falsas promessas
feitas a Autora, por intermédio do funcionário “Paulo Cesar”, através do número
(11) 9-3441-8508.

Não bastando isso, o Banco também não explica como que terceiros
tiveram acesso ao contrato e as informações relativas a negociação anteriomente
registrada como o número (11) 9-3441-8508, o que é mais do que suficiente para
tornar incontroversas as alegações autorais, nos termos do art. 341 do Código de
Processo Civil, em razão da impugnação especifica da parte Ré.

2. DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO


FINANCEIRA CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA OU DE
TERCEIRO BOLETO QUE NÃO FOI EMITIDO A PARTIR DO
SISTEMA INFORMATIZADO DO BANCO C6 CONSIGNADO S.A

O Banco aduz não ter responsabilidade em relação aos danos


suportados pela Autora sob o argumento de ter sido um terceiro o praticante da
fraude, no entanto, tais argumentos são insuficientes para retirar a
responsabilidade do Banco, exatamente, por conta do terceiro só ter logrado êxito
na fraude por conta de estar portando dados sigilosos relativos a operação
bancaria que gerou o empréstimo, isto é, o Banco permitiu que terceiros tivessem
acesso a informações que deveriam ser sigilosas.

O Tribunal de Justiça de São Paulo já firmou jurisprudência no


sentindo de reconhecer a responsabilidade das instituições Bancarias pela inercia
de proteger os dados dos consumidores, conforme segue:
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"BANCO – TITULAR DE CONTA CORRENTE – UTILIZAÇÃO DE


INTERNET – FRAUDE – RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
BANCO – REVELIA – NULIDADE NÃO OCORRIDA - A pessoa jurídica
demandada tem o ônus de regularizar sua representação processual até a
audiência. Enunciado 11 do Primeiro Encontro de Colégios Recursais da
Capital de São Paulo, "verbis": "É inadmissível a concessão de prazo para
regularização da representação processual, não se aplicando o artigo 13 do
CPC" - PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS FATOS ALEGADOS NA
INICIAL – APLICAÇÃO DA SÚMULA 479, STJ – FALHA NA
SEGURANÇA DO SERVIÇO PRESTADO – Permitiu que terceiros
tivessem acesso aos dados de seus clientes para aplicação de golpe -
CULPA EXCLUSIVA NÃO COMPROVADA – DANOS MATERIAL E
MORAL CONFIGURADOS - Restituição do valor retirado indevidamente
– Não se trata de hipótese de meros aborrecimentos cotidianos, como quer
fazer crer a recorrente - Decisão de primeiro grau que aplicou de forma
ponderada o direito ao caso concreto, inclusive quanto ao valor arbitrado a
título de indenização, proporcional ao agravo. Sentença mantida por seus
próprios e jurídicos fundamentos, nos termos do artigo 46 da Lei nº
9.099/95. NEGA-SE PROVIMENTO AO RECURSO. Arcará o recorrente
com o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que
arbitro em 15% do valor da condenação". (TJ-SP - RI:
10456375820178260002 SP 1045637-58.2017.8.26.0002, Relator: Adriana
Cristina Paganini Dias Sarti, Data de Julgamento: 31/08/2018, 3ª Turma
Recursal Cível - Santo Amaro, Data de Publicação: 31/08/2018)

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS – Responsabilidade civil – Sentença


de procedência parcial – Recurso do banco réu – Cerceamento de defesa não
caracterizado – Golpe do motoboy – Diversas ligações da autora para o
banco réu, que nada fez para inibir as transações ou bloquear os cartões –
Falha na prestação de serviços caracterizada – Indenização por danos
materiais e morais devida – RATIFICAÇÃO DO JULGADO – Artigo 252,

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do Regimento Interno do TJSP – Aplicabilidade – Sentença mantida –


Honorários recursais devidos – RECURSO NÃO PROVIDO. (TJ-SP - AC:
10034878420198260554 SP 1003487-84.2019.8.26.0554, Relator: Spencer
Almeida Ferreira, Data de Julgamento: 17/02/2021, 38ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 17/02/2021)

Diante disso, não há que se falar em insenção de responsabilidade,


exatamente por ter o Banco falhado com seus deveres em relação a proteção de
dados.

3. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO À LGPD/PROVA DIABOLICA

Alega o Banco Réu ser inexistente a violação a LGPD, porém, não


explica como um terceiro teve acesso as informações sigilosas da Autora, como o
contrato bancário, número da operação, saldo devedor e parcelas, o que torna
presumida a violação relativas a LGPD.
4. DA ABSOLUTA INEXISTÊNCIA DE DANO MORALMERO
DISSABOR, ABORRECIMENTOAPLICAÇÃO DO
ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL

O Banco orma genérica que não há dano moral do caso dos


autos, no entanto, não merece prosperar suas alegações.

É axiomático o dano de ordem moral que sofre a vítima de um erro


praticado pelo seu próprio banco, que importa em consequência em todos os
demais âmbitos de sua vida. A autora, de uma hora para outra, viu-se sem suporte

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financeiro para custear suas despesas ordinárias, cumprir com seus acordos, o
que lhe causou enorme constrangimento, e se viu num período em que, sequer,
tinha dinheiro à disposição para comprar alimentos, ocasião em que foi obrigada
a pedir ajuda de seus familiares e amigos para sobreviver.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2017):

Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu
patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a
honra, a dignidade, a intimidade, a imagem, o bom nome etc., como se
infere dos arts. 1º, III, e 5º, V e X da Constituição Federal, e que acarreta ao
lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação. (pág. 446)

É inquestionável a existência do nexo causal entre a conduta indevida


do requerido e o dano moral causado à autora, pois fazendo uma reflexão, o
Nobre Julgador chegará à conclusão da aplicação da teoria do dannum in re ipsa,
segundo a qual, havendo violação à norma jurídica que, de alguma forma, tenha a
pessoa humana no âmbito de sua proteção, surge o dano moral como
consequência necessária.

Deste modo, mostra-se inevitável a desconsideração das alegações do


banco Réu, em razão da ausência de firmeza em seus argumentos no que tange a
inexistência de dano moral.

5. REDUÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO POR DANO MORAL;

O Réu aduz que, em caso de condenação, o valor da indenização a


título de dano moral deve ser diminuído, com base no princípio da razoabilidade,
no entanto, tais argumentos não merecem prosperar, pois o sofrimento suportado

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pela Autora, em ver sua saúde financeira se esgotando, em razão da conduta


negligente do Banco, merece uma resposta judicial idônea, ou seja, apta a
satisfazer a pretensão, e, ainda, corrigir posturas ilegais praticadas por
instituições financeiras.

Destarte, é assente na jurisprudência que, dada a natureza do dano


moral, a pretensão da reparação pela vítima deve passar apenas pela obrigação
daquela em provar os fatos que deram origem aos sentimentos que infligiram os
direitos inerentes à sua personalidade. Embora seja evidente, não há o que se
falar em comprovação do efetivo prejuízo porque o dano dessa natureza decorre
da simples violação de obrigações legalmente impostas.

Desta forma, considerando todo o constrangimento e demais prejuízos


suportados pela requerente, resta notória a necessária aplicação de danos morais
ao caso em epígrafe.

Por derradeiro, importante considerar que a reparação ao dano moral


deve se ater ao caráter dúplice: repressivo, específico e geral, reprimindo a
conduta do ofensor para que não volte a praticar o ato ilícito e sirva de exemplo
para toda sociedade, como forma de desestimular a prática do ilícito, e
compensatório, para que o ofendido, recebendo determinada soma pecuniária,
possa amenizar os efeitos decorrentes do ato que foi vítima.

Conforme entendimento seguido pelo Superior Tribunal de Justiça a


partir do julgamento do REsp 135.202/SP, sob relatoria do Min. Sálvio de
Figueiredo Teixeira é “recomendável que o arbitramento seja feito com
moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao nível socioeconômico dos
autores, e, ainda, ao porte da empresa recorrida, orientando-se o juiz pelos
critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade,

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valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às


peculiaridades de cada caso”.

Portanto, o quantum final fixado para a reparação deve ser suficiente


para sanar todas essas questões, e firmar que o nosso direito não tolera condutas
danosas impunemente, devendo a condenação atingir, efetivamente, de modo
significativo, o patrimônio do agente causador do dano, para que, assim, o Estado
possa demonstrar a força do Direito, o qual existe para ser cumprido.

6. DA NÃO INVERSÃO DO ÔNUS DE PROVA;

O Banco Réu se opõe a inversão do ônus da prova, sob o argumento


de não ser verossímil as alegações da Autora.

Novamente, os argumentos trazidos não merecem retaguarda, já que


estamos diante de um prestador de serviço na forma do art. 3º do CDC, e de
destinatários finais (art. 2º, CDC) na condição de vítimas (art. 17, CDC).

Vale transcrever:

“A hipossuficiência é pressuposto mais técnico do que econômico, muito


embora, algumas vezes essas duas fragilidades se encontrem no mesmo
caso. Nesse sentido, a hipossuficiência do consumidor pode ser considerada
como um plus à vulnerabilidade. É o algo mais que o legislador atribuído
ao consumidor para equipará-lo ao fornecedor em juízo.” (DIENSTMANN,
Soeli Teresinha Schiling. A responsabilidade civil nas relações de consumo.
São Paulo: Lex Editora, 2011, p. 59; com apoio do Instituto dos Advogados
de São Paulo – IASP)

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Há, destarte, de se invocar os princípios inerentes à relação


de consumo havida in casu, pleiteando de forma ampla os direitos contidos e
previstos na Lei Federal nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), em
especial, as previsões relativas aos direitos básicos do consumidor, trazidas pelo
artigo 6º, o direito de reparação, garantido pelo inciso VI deste artigo, a inversão
do ônus probatório, previsto ao inciso VIII, e demais dispositivos legais
pertinentes.

Não bastando isso, a documentação juntada na inicial são suficientes


para atestar a verossimilhança dos fatos narrados, o que por sí é suficiente para
tornar possível a inversão do ônus da prova.

7. DOS PEDIDOS.

Requer a total rejeição dos argumentos lançados na constestação, e,


consequemente, a procedência dos pedidos iniciais.

Nestes termos,
Aguarda deferimento.

Andradina, 28 de junho 2.022.

LUCAS JÚNIOR SILVA DOS SANTOS


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