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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA 4ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE CONTAGEM/MG.

Processo n.º 5055525-30.2022.8.13.0079

MARIA DAS GRAÇAS PINTO, devidamente qualificado nos autos do processo em


epígrafe, que move em face do BANCO PAN, por sua procuradora que esta subscreve,
vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos arts. 350 e 351 do CPC, apresentar
RÉPLICA À CONTESTAÇÃO, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expende:

I – DAS PRELIMINARES
DA ILEGITIMIDADE PASSIVA
Alegou o requerido que não possui legitimidade para constar no polo passivo da presente
demanda, eis que não deu causa a qualquer dano alegado pela parte autora.
Ora Excelência, os documentos acostados nos autos monstra de forma clara que a
parte ré é cedente do empréstimo objeto da lide, além disso, as pessoas que entraram
em contato com a autora informou ser representante do Banco Pan, logo, em todo
momento a parte autora tratou ou pelo menos acreditou estar tratando com o Requerido,
vide (fls.3 e 4.)

Ainda ao consultar o portal “MEU INSS” consta empréstimo realizado pelo réu no dia
09/05/2022, n° do contrato 356294116-5 no valor de R$ de 35.616,00 divididos em 84
parcelas de 424,00, dessa forma, o Requerido é parte legítima para integrar o polo
passivo da demanda.

Diante do exposto requer a improcedencia da preliminar arguida.


DO NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PARA TUTELA DE
URGÊNCIA

Em sede de preliminar o requerido expôs seu inconformismo acerca da tutela de urgência


deferida em favor do requerente aduzindo que tal medida não merece prosperar, “visto
ser a parte devedora do Banco Pan”, por fim, requereu a revogação da tutela concedida,
e juntou print de tela.

Os argumentos do requerido não merecem prosperar, haja vista, que a Autora juntou nos
autos comprovantes dos descontos, bem como, de devolução do valor.

Sendo assim, o indeferimento do pedido antecipatório causaria enormes danos a autora,


ademais, a mesma não obteve nenhum proveito econômico do empréstimo, que foi
devolvido integralmente.

Com isso, requer seja afastada a preliminar suscitada pelo requerido.

DA AUSÊNCIA ABSOLUTA DE INTERESSE DE AGIR – PERDA DE OBJETO


– CONTRATO LIQUIDADO

Alegou o réu que o contrato n.º 356294116-5 foi LIQUIDADO em 08/12/2022,


havendo, portanto, a perda do objeto, juntou print de tela administrativa.

Pois bem Excelência, a ré se mostra contraditória a todo momento, vez que, alega
perda do objeto haja vista que o contrato foi liquidado em 08/12/2022, no entanto,
em sede de contestação fls.46 alegou ser a autora ainda devedora do Banco, veja:

Se o contrato foi liquidado, como pode ser a autora ainda devedora do Banco?

Vamos além! Se o contrato foi liquidado, quem quitou???

Todavia, o contrato pode até ter sido liquidado em 08/12/2022, porém os valores
descontados só foram devolvidos em janeiro de 2023 depois do protocolo desta ação
em 15/12/2022, portanto não há perda do objeto, ademais os descontos indevidos não
foram devolvidos em dobro como é de direito da requerente.

Diante, desse impasse confuso, onde a ré alega que a requerente é devedora, ao mesmo
tempo informa que contrato foi liquidado, se faz necessário seguir para que seja declarada
a inexegibilidade do débito, a devolução correta (em dobro) dos descontos, bem como, o
dano moral.

Ante ao esxposto, requer que seja afastada a preliminar suscitada pelo requerido.
FALTA DE INTERESSE DE AGIR - Ausência de Pretensão Resistida

Pontuou ainda o réu, que a parte autora não buscou solucionar administrativamente, por
fim, requereu o indeferimento da inicial.
Contudo, não assiste razão as alegações do requerido, pois a requerente buscou resolver
diretamente com o Banco, só que de nada adiantou, foram seis meses de espera da
resolução, conforme prints de mensagens (vide fls.6, 9, 10) onde consta vários protocolos.

Ademais, cumpre salientar que no presente caso, a própria apresentação de pretensão


resistida pela requerida, anunciando a validade e eficácia da contratação bastam para
averiguar a efetiva necessidade de intervenção do Estado-Juiz para resolução do conflito.

Importante ressaltar que se a autora não tentou resolver a demanda extrajudicial,


por qual motivo o contrato foi liquidado e os valores devolvidos a autora, já que o
réu alega ser a contratação legítima?

O réu se perde nos argumentos, sendo o tempo todo contraditório devido as


inverdades que tenta a todo custo sustentar, mas sabemos que histórias inventadas
só prevalece enquanto a verdade não chega.

Destarte, não existe nenhuma determinação que obrigue o consumidor a formular


requerimento administrativo prévio à distribuição de ação judicial. Veja o seguinte
julgado.

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA C/C


INDENIZATÓRIA - EXIGÊNCIA DE PRÉVIA TENTATIVA DE
SOLUÇÃO ADMINISTRATIVA - DESNECESSIDADE - INTERESSE
PROCESSUAL - COMPROVAÇÃO - INAFASTABILIDADE DA
JURISDIÇÃO. - Presentes os requisitos constantes do art. 319 do
CPC, não há que se falar em indeferimento da inicial ante a ausência
de tentativa de resolução extrajudicial do conflito - A exigência de
comprovação de prévia tentativa de resolução extrajudicial do problema
consubstancia violação ao princípio da inafastabilidade da
jurisdição.(TJ-MG - AC: 10000212411888001 MG, Relator: Maria
Lúcia Cabral Caruso (JD Convocada), Data de Julgamento: 16/03/2022,
Câmaras Cíveis / 16ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
18/03/2022)grifo nosso.

Diante do exposto, requer seja afastada a preliminar suscitada pelo requerido.


.
DA INÉPCIA DA INICIAL - LONGO LAPSO TEMPORAL DA
DOCUMENTAÇÃO
Não satisfeito, o requerido ainda requereu a extinção do feito, em razão do comprovante
de endereço ser produzido há muito tempo, pontuou que compromete a análise necessária
para a validação da procuração outorgada e eventuais comparações de assinaturas.

Todavia, Excelência, O art. 320, CPC/15 determina que na petição inicial deverão ser
acostados os documentos considerados essenciais, falha esta que, se não sanada no prazo
de quinze dias, deveria acarretar a extinção do feito por indeferimento da peça de
ingresso. Nas palavras de MISAEL MONTENEGRO FILHO:

Entendemos que a expressão se refere aos documentos necessários à


afirmação da legitimidade e do interesse de agir, sem os quais o autor não
tem como alcançar a procedência dos pedidos contidos na inicial. A
norma se qualifica como uma extensão do art. 396, com a advertência de
que a doutrina e a jurisprudência têm abrandado a aparente rigidez da
norma, para permitir a juntada de documentos no curso do processo, sem
preocupação acentuada de que se encontrem atados à inicial e à
contestação. (in Código de Processo Civil comentado e interpretado, São
Paulo: Atlas, 2010, p. 369).

Sucede, que o comprovante de endereço não constitui documento imprescindível para


manejo da ação que visa o recebimento de indenização, eis que não influencia na correta
apreciação das condições da ação ou mesmo do mérito. Veja-se:

O comprovante de residência não constitui documento indispensável à propositura da


ação de cobrança de complementação de seguro DPVAT (TJMG - Apelação
Cível 1.0393.14.002030-5/001, Relator(a): Des.(a) Luiz Artur Hilário , 9ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 31/03/2015, publicação da súmula em 23/04/2015).

Todavia para não restarem dúvidas, nesta oportunidade junta-se o comprovante de


endereço atualizado.

Diante disso, não deve ser acolhida a preliminar suscitada pelo requerido.
II – DO MÉRITO
DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO.
Aduziu o réu, que o contrato discutido pela parte autora trata-se na verdade de contrato
formalizado digitalmente, alegando validade do negócio jurídico realizado entre ele e a
autora.

Ao mesmo tempo diz que a contratação foi mediante assinatura próprio punho (contrato
físico), ou seja, qual é a verdade real?

Sem razão o requerido, conforme já demonstrado, a autora NÃO solicitou, de livre e


espontânea vontade, o empréstimo em seu nome, tendo sido vítima de um golpe.

O art. 171, inciso II do Código Civil, é claro em dizer que é anulável o negócio jurídico
por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores. Veja-se:

Portanto, é Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é


anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou
fraude contra credores.

Portanto, é anulável o negócio jurídico realizado entre o Banco Pan com a autora, pois se
trata de fraude, a autora não contratou empréstimo nenhum, tanto é verdade que devolveu,
nestes autos possuem provas de que ocorreu fraude.

Quanto as telas de sistema que a ré apresentou trata-se de prova unilateral, a autora nem
sabe do que se trata, nem como foi parar sua foto no sistema, pois nunca realizou nenhum
contato com o réu solicitando empréstimos.

Importante ressaltar que a requerente não possui nenhum empréstimo, por sua vez, viu o
réu grande oportunidade de comprometer 35% da margem consignável do benefício dela,
e nem se quer tomou os devidos cuidados ao liberar valores na conta da autora,
sabendo, que o que mais tem ocorrido é fraude, tanto é verdade que o requerido
informa em sede de contestação a apartir de fls. 63 que possuem canal exclusivo para
orientar e alertar seus clientes sobre os golpes.

Em fls.45, o réu alegou que “contrato com o PAN é legítimo, formalizado através do
Correspondente Bancário WL CASAQUI”. Veja bem Excelência, o Correspondente
Bancário acima citado é alvo de inúmeras reclamações no portal RECLAME AQUI no
mesmo sentido. Veja:
https://www.reclameaqui.com.br/empresa/wl-casaqui-servicos-administrativos/

Ademais, a ré possui incontáveis processos de casos similares, idênticos e mesmo


assim, não se presta a tomar o devido cuidado na hora de liberar valores? Consultar
reputação do correspondente bancário?

Esse correspondente bancário que a ré cita, a autora desconhece plenamente, ninguém a


abordou se identificando como sendo da WL CASAQUI, pelo contrário, se identificaram
a todo momento como sendo do Banco Pan, conforme se pode ver nos prints juntados
nestes autos fls. 3,4,6.

Seguindo adiante, para que não resta ainda dúvidas sobre a responsabilidade do réu, que
ao nosso ver, também participou da fraude, a pergunta que se faz é as seguintes:

Por qual motivo o Banco Pan teria LIQUIDADO (pago, cuja dívida foi
completamente quitada), o contrato da autora, bem como, devolvido os valores
descontados em seu benefício (vide fls.47)???

Se a autora não fez a devolução para o requerido e sim para terceiro


completamentente desconhecido (Cleber Santos), quem liquidou o contrato?
Veja Excelência:

Neste ponto o requerido CONFESSOU que o contrato foi liquidado entre as partes,
ou seja, aqui fica claro que a autora devolveu o dinheiro corretamente, ou o réu
participou diretamente da fraude, convenhamos que caso o Banco não houvesse
recebido não teria liquidado o contrato, simples assim.

Embora o requerido tenha juntado provas unilaterais, fato é que a autora não contratou,
tudo foi realizado mediante fraude, pois ela mal sabe ler, não sabe nem como ocorreu
todo esse procedimento demonstrado pelo requerido.
Outrossim, considerando as alegações do réu que o contrato é legítimo, poderia cobrar da
autora sem problemas nenhum, mas do nada o contrato foi liquidado, quem liquidouu???
Nobre Julgador, trata-se de verdadeira conduta ilícita do réu perpetrada com extrema má-
fé, com o fito de lesar a boa-fé objetiva.
Neste viés, já se encontra sedimentado o entendimento dos Tribunais no sentido de
condenar a instituição financeira ao pagamento de danos morais, quando do desconto
indevido de empréstimos consignados não contratados, sendo o dano moral in re ipsa, ou
seja, o dano é presumido, consoante segue:
Súmula 479 do STJ – As instituições financeiras respondem objetivamente pelos
danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por
terceiros no âmbito de operações bancárias.
Destarte, configurado está o direito da autora aplicável à legislação acima referenciada,
devendo o banco requerido ser responsabilizado e condenado ao dever de indenizar.

IMPOSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO DE INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO


Não merece prosperar o pedido de impossibilidade de declaração de inexigibilidade e
desconstituição do débito existente em nome da parte autora, pois há ato ilícito praticado
pelo réu, o empréstimo ocorreu mediante fraude.

DEVER DE INFORMAÇÃO DO BANCO PAN

O Banco alega que possui um canal de comunicação que visa evitar que as pessoas caiam
em golpes.

Contudo, isso não isenta o fato do banco contribuir diretamente para que esses golpes
ocorram, eis que não cuida de impedir o vazamento de seus dados cadastrais, bem como
não adota nenhuma medida de segurança efetiva para impedir que isso ocorra.

DA AUSÊNCIA DE DEVOLUÇÃO DO VALOR CONTRATADO PARA O


BANCO PAN / DO PAGAMENTO EM FAVOR DE TERCEIRO.

A autora devolveu o valor do empréstimo na conta informada pelo representante do Banco


Pan, contudo, o réu alegou desconhecer a conta informada, bem como, o terceiro.

O que causa estranheza é a liquidação do contrato, já que o réu afirma que não recebeu a
devolução!

Entretanto, o requerido fez em fls.61 os seguintes questionamentos;

Ora, não assiste razão o réu, pois basta analisar os prints das mensagens do suposto
atendente do banco e o comprovante de transferência para verificar que a conta é a mesma.
Diante do expoxto, não merece prosperar os argumentos do réu.

DA CULPA EXCLUSIVA DA PARTE AUTORA

O réu alegou que, se houve pagamento de documento oriundo de fraude, tal fato somente
ocorreu por desídia da parte autora. Pontuou que a parte autora agiu com inegável
imprudência, tendo, claramente, efetuado transferência de valores em favor de CLEBER
SANTOS REIS, e, através de procedimentos com fortes indícios de falsidade, atuando
com desídia e deixando de utilizar-se de todas as cautelas necessárias para
transações bancárias, fls.62.

Nota-se que o requerido aqui reconhece que se trata de fraude devido aos fortes
indícios, assim sendo, requer sua responsabilização, conforme dispõe a Súmula 479
do STJ;

Súmula 479 do STJ – As instituições financeiras respondem objetivamente pelos


danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por
terceiros no âmbito de operações bancárias.

Desta forma, não assiste razão o réu.

DESCARACTERIZAÇÃO DO FORTUITO INTERNO/Ausência de


responsabilidade do banco

Alega que o fato se trata de um fortuito externo, não tendo responsabilidade pelo ocorrido.
Sem razão. Conforme já narrado, as atividades do Banco contribuíram diretamente para
que a fraude ocorresse, não havendo o que se falar em “descaracterização do fortuito
interno”.
Ademais, pelo mesmo fato, o Banco também deverá responder por seus atos, sendo
evidente o defeito na prestação do serviço.
INEXISTÊNCIA DE SOLIDARIEDADE
Informou o réu que a relação jurídica que a autora reclama, NÃO foi firmado com o
Banco PAN nem com qualquer parceiro comercial deste, e, desta forma, não pode ser
responsável por algo ao qual não se vinculou.

Ora Excelência, já está mais que provado que foi o réu que disponibilizou o empréstimo
na conta da autora, bem como, em todas as tratativas da fraude, a requerente tratou ou
acreditou estar tratando unicamente e exclusivamente com o réu, portanto, é o único
responsável.

AUSÊNCIA DE DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

Alegou não haver defeito na prestação do serviço, e nem qualquer responsabilidade do


PAN.
Pois bem, houve falha sim, a prova disso é a ocorrência da fraude, caso o Banco tivesse
agido com os devidos cuidados de verificar até mesmo diretamente com a autora, já que
possuia acesso a todas as informaçãoes da mesma conforme se vê na pretensão resistida,
ou até mesmo buscar a reputação do correspondente bancário, ou outras formas que
trouxesse segurança a transação.
Mas na busca de numerários, não agiu corretamente como deveria, situação esta que
causou enormes danos a autora. Portanto não assiste razão ao réu.
INAPLICABILIDADE DE QUALQUER INDENIZAÇÃO
Apesar da ré alegar a inexistência da indenização por danos morais, tais fatos também
não merecem prosperar, eis que é evidente a falha na prestação do serviço, sendo
caracterizado o dano moral in re ipsa, além de todos os fatos e motivos já alegados na
peça inicial.
Com isso, vale informar que o Judiciário mineiro se encontra abarrotado de ações do
mesmo fato contra a requerida, tendo em vista que cotidianamente vem ludibriando seus
consumidores e prestando serviços não desejados, assim a presente indenização deve ter
a função de coibir que a ré venha a praticar novamente esta conduta totalmente ilícita e
INDENIZAÇÃO DESPROPORCIONAL

Argumentou o réu, ser o pedido de danos morais desproporcional.

Veja bem, Excelência, o empréstimo indevido comprometeu 35% do benefício da autora,


ou seja, R$424,00 sendo descontado durante 6 (seis) meses da autora que é idosa, baixa
renda (benficiária do LOAS), cuida de um marido inválido, acamado o qual se dedica 24
horas, se viu numa situação de desespero, pois nunca pegou empréstimo justamente
porque precisa do seu salário integralmente todos os meses.
Além disso, durante esses 6 (seis) meses passou tentando resolver a questão com o Banco
Pan, mas de nada adiantou, seu stress diário culminou em noites de sono perdidas que
desencadeou ansiedade.

Importante ressaltar, que não se trata de descontos de valores irrisórios, mas sim de
valor alto, considerando o ganho da autora, para o réu essa quantia não é nada, mas
pra requerente esses descontos lhe causaram enormes danos e isso deve ser
considerando para indenização.

Dessa forma, não merece prosperar as alegações do réu.

PEDIDO CONTRAPOSTO

Requereu o réu a devolução/compensação dos valores recebidos pela parte autora


referente ao contrato, sob pena de enriquecimento ilícito, caso o contrato ser anulado.

Pois bem, Excelência, primeiramente não há e nem nunca houve enrriquecimento ilícito
da parte autora, tendo em vista, que devolveu o empréstimo assim que teve conhecimento,
ademais, a requerente teve muito prejuízos em razão dos decontos indevidos que
permaneceram por seis meses.

Todavia, o réu mais uma vez se mostra perdido em sua defesa, não quer que seja anulado
um contrato que inclusive já foi até liquidado, que não se sabe nem quem pagou, por sí
só ao liquidar o contrato assumiu plenamente a culpa, portanto não faz jus a devolução
de nenhuma quantia.

Ante ao exposto, requer improcedência do pedido contraposto.

DA IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Também não merece prosperar o pedido de afastamento da inversão do ônus da prova, ao


passo que resta devidamente comprovada a relação consumerista no presente caso.
Assim, uma vez reconhecido o autor como destinatário final dos serviços contratados, e
demonstrada sua hipossuficiência técnica, tem-se configurada uma relação de consumo,
conforme entendimento doutrinário sobre o tema:
"Sustentamos, todavia, que o conceito de consumidor deve ser
interpretado a partir de dois elementos: a) a aplicação do princípio
da vulnerabilidade e b) a destinação econômica não profissional do
produto ou do serviço. Ou seja, em linha de princípio e tendo em
vista a teleologia da legislação protetiva deve-se identificar o
consumidor como o destinatário final fático e econômico do
produto ou serviço." (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do
Consumidor. 6 ed. Editora RT, 2016. Versão ebook. pg. 16).
Nesse sentido, não assiste razão o réu.

IMPUGNAÇÃO DOS DOCUMENTOS JUNTADOS


Os documentos juntados pela parte autora são válidos (prints) o réu não pode incubir a
autora de saber que se trata do Banco ou não, fato é que a requerente foi abordada por
pessoas representantes do requerido.

Se fraudadores se passam pelo réu, cabe a este o dever de cuidado e fiscalização.

Portanto, quando se pesquisa BANCO PAN no google, o site possui a mesma logo que
os supostos fraudadores usam, logo, não se pode exigir que uma pessoa que mal sabe ler
identifique selo de verificação. Veja;

Ainda, não menos importante, destaca-se que o réu já não sabe nem mais o que alega, em
fls.69, muda sua versão, diz que o empréstimo foi contratado mediante assinatura de
próprio punho!!!

Onde esta o contrato físico???

Tenta desqualificar as provas da autora, mas se contradiz e lança a dúvida em suas


próprias, haja vista que não se sabe mais se é contrato físico ou digital.

Nesse sentido, não assiste razão o requerido.


DA NÃO CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Não assiste razão o requerido, os honorários em caso de sucumbência são devidos,


portanto requer que seja deferido em grau máximo tendo em vista a amplitude da causa.

III - DOS PEDIDOS


Face ao exposto, requer à Vossa Excelência:
a) Seja a presente recebida e processada nos moldes de praxe, para que surta seus jurídicos
e legais efeitos;
b) Sejam desconsideradas as preliminares suscitadas, tendo em vista que a ré cometeu ato
ilícito passível de indenização em favor do requerente;
c) No mérito, não sejam acolhidos os fundamentos apresentados pelas contestantes, haja
vista não serem capazes de impedir, modificar ou extinguir o direito pleiteado pela autora;
d) Sejam julgados totalmente procedentes os pedidos formulados na inicial, para condenar
a ré ao pagamento de indenização por danos morais, tendo em vista a vinculação de
empréstimo consignado no benefício previdenciário da autora, isto sem qualquer
anuência da requerente, ao passo que nunca contratou os serviços da demandada, bem
como sendo zerada a sua margem para empréstimo.
e) A condenação da ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em
percentual máximo;
f) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em lei;
g) Por fim, impugna todos os argumentos e documentos em sede de contestação.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Contagem, 15 de março de 2023.

Claudineia Dias de Meira


OAB/MG nº 207.426.

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