Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1ª QUESTÃO:
Trata-se de demanda ajuizada por Francisco Ivar em face de Consuelo Alimentos Ltda.
O autor alega que, em março de 2018, celebrou contrato por tempo indeterminado para a
revenda de produtos da ré, tendo ficado acordado que, além dos produtos (iogurtes),
seriam dados dois freezers em comodato.
Narra o autor que os equipamentos foram entregues em precário estado, na medida
em que apresentavam avarias nas laterais e ostentavam um mau funcionamento. Além
disso, ressalta que não foram fornecidos todos os produtos combinados, uma vez que
procedeu ao pagamento de vinte e duas caixas do produto Bgut, sendo que seis caixas que
sairiam como brinde jamais chegaram a seu estabelecimento.
O autor sustenta que o inadequada funcionamento do freezer inviabiliza o seu
trabalho, porque observar a temperatura correta é imprescindível para o adequado
armazenamento e para a comercialização do produto.
Sendo assim, o autor afirma que vem acumulando dívida de aluguel por culpa da ré, a
qual tem sido a principal responsável pelo insucesso de seu negócio. Por isso, por
telefone, o autor tentou resolver solucionar o problema, mas a ré não realizou a troca dos
produtos nem o reparo do freezers. Em abril de 2019, a ré notificou o autor sobre a
vontade de pôr fim ao contrato, o que foi realizado.
Por esses motivos, Francisco Ivar pede que a ré seja condenada ao pagamento de
R$ 15.000,00, a título de reparação por dano moral, de R$ 8.000,00, referente ao valor de
um ano de aluguel, e de R$ 10.000,00, a título de lucro cessante. Pede também a
condenação em honorários e custas processuais.
Em contestação, preliminarmente, a ré suscita a ilegitmidade ativa, haja vista que
o contrato não foi celebrado com o autor, mas com a empresa individual, a qual ostenta
CNPJ próprio.
No mérito, a ré afirma que os freezers fornecidos em comodato realmente não são
novos, mas de nenhuma forma apresentam mau funcionamento, e, ademais, passam todos
por minuciosa revisão, pois, obviamente, a ineficiência na revenda prejudicaria os lucros
de todas as partes. Por conseguinte, é certo que qualquer equipamento danificado é
substituído o mais rápido possível.
Afirma a ré ser falsa a alegação do autor de que teria entrado em contato para
informar os supostos defeitos, motivo pelo qual não há nos autos provas quanto às
tentativas de contato e tampouco há qualquer prova quanto à existência de lucro cessante.
Da mesma maneira, é falsa a afirmação de que as mercadorias não foram entregues.
Assim, a ré afirma que o que se vê no caso é uma tentativa de repassar a outrem os
problemas com os insucessos comerciais.
Consuelo Alimentos Ltda. alega que não se verifica nenhuma prova capaz de
demonstrar danos de ordem moral ou material, além de também não ter sido comprovado
nenhum tipo de culpa, o que é imprescindível em responsabilidade subjetiva, motivo pelo
qual requer a improcedência de todos os pedidos.
Às fls. 17-27, a parte autora juntou recibos de aluguel e fotografias do freezer com
arranhões. Às fls. 47-62, a ré juntou contrato, destacando a cláusula que estabelece que
“todas as notificações, solicitações, exigências e outras comunicações deverão ser feitas
por escrito”.
Elabore a sentença. Não há necessidade de relatório.
RESPOSTA:
Sobre a legitimidade ativa:
Em se tratando de empresário individual, é certo que a identidade pessoal e
patrimonial entre ambos é inegável, porque ambos respondem ilimitadamente, em âmbito
civil e empresarial, com os bens pelas obrigações assumidas. Portanto, não há motivo
para afastar a possibilidade de o empresário individual buscar ser reparado por danos
sofrido pela firma individual pela qual é responsável.
No mérito:
TJRJ - Décima Quinta Câmara Cível
Julgado em: 21 de maio de 2019.
Apelação Cível nº 1661932-23.2011.8.19.0004 (7)
Relator: Des. Ricardo Rodrigues Cardozo
ACÓRDÃO