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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAG

DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES

Aluna: Ana Paula Monteiro Silva

Aluna: Tatiana Ester Szidlovski

Resenha critica sobre apelação civil nº 0000633-26.2020.8.16.0119.

Em resumo a sentença contou com as seguintes fundamentações, o Requerido Loteadora


Wfe LTDA, fora citado e advertido, mas deixou transcorrer o prazo legal, sendo declarada
revel. Cabe ressaltar que a Requerida LORD INCORPORADORA E LOTEADORA
LTDA, afirmando a ilegitimidade passiva ante a cisão entre os proprietários das empresas
requeridas, desse modo a Requerente solicita que ambas sejam incluídas no referido
processo. Nos autos foram juntados os termos aditivos, onde em um deles consta que a
empresa Wfe passou a ser responsável pelo contrato, bem como o recebimento e a
transmissão da posse do imóvel, tendo a Requerente dado ciência. Diante da cisão entre
as Requeridas e a ciência da parte Requerente, é certa a ilegitimidade passiva da empresa
LORD INCORPORADORA.

Tendo em vista essa relação jurídica entre as partes enquadra-se como relação de
consumo, onde é dado inicio a transcrição da obrigação de dar a coisa certa, da parte
Requerida, e a Requerente possui a obrigação de pagar o imóvel conforme tratado em
contrato, ademais, foi comprovado que ocorreu o descumprimento pelo Requerido, eis
que não concluiu as obras de infraestrutura do loteamento no prazo legal, sendo pleiteado
a rescisão do referido contrato, por culpa da Ré, sendo assim, a sentença deu procedente
sobre a inadimplência da parte dando direito a rescisão contratual.

Pleiteou a Autora a indenização por danos morais em decorrência dos transtornos


causados pela ausência da entrega do lote adquirido, tendo sido frustrada a sua conquista
da casa própria. Porem não houve as devidas provas sobre o abalo sofrido, dado ensejo a
esse pedido ressaltou que a doutrina além de ter que provar a dor ou angustia sofrida, tem
a necessidade de demonstrar que ocorreu uma violação a um direito da personalidade,
conforme o art. 5º inciso X, da honra, imagem, privacidade, etc. Sendo improcedente a
sentença em relação a esse pedido do dano extrapatrimonial, pois para o entendimento do
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Juiz não constou a violação do direito da personalidade. Dando procedência ao pedido de


dano moral e material.

Inconformada com a decisão a requerida fez recurso pleiteando pela legitimidade da


LORD INCOPORADORA, acostando nos autos novo documento que comprava tal
pedido, desse modo, a LORD ofereceu contrarrazões pelo desprovimento do recurso. Em
relação ao caso vertente a cedente Lord se exonerou de qualquer obrigação contratual em
relação a requerente cedida, assim a partir da cessão as pretensões da requerente, com
origem na compra e venda, devem ser exercidas em face da cessionária WFE.

Com base nos fatos narrados, a requerente pleiteou pela ocupação do polo passivo, danos
morais, materiais e a extinção do negocio jurídico, desse modo, sendo indeferido o pedido
de legitimidade passiva na sentença e no acordão.

Dado o exposto, segue-se trecho da decisão:

Contudo, a par dos argumentos já expendidos, a legitimidade da requerida não


pode se basear no fundamento alegado, pois a outorga da escritura é
desnecessária no caso concreto, visto que a requerente pediu e obteve a
extinção do negócio jurídico pela resolução contratual. Ora, se a autora
pleiteou a paralisação da execução contratual em razão do inadimplemento da
promitente vendedora, com retorno das partes ao estado anterior mediante
o ressarcimento dos valores já pagos, é certo que não buscou a aquisição da
propriedade imobiliária. Nesse contexto, revela-se desnecessária qualquer
atividade registral em benefício da requerente, inexistindo motivo para que a
titular da propriedade ocupe o polo passivo da ação.
Portanto, o voto é pelo não provimento do Recurso de Apelação. Majora-
se a verba honorária em sede recursal, de acordo com o previsto no artigo
85, § 11, do Código de Processo Civil[6], para 11% (onze por cento) do
valor atualizado da causa, tendo em vista que a requerida apresentou
contrarrazões (mov. 73.1). (PEREIRA, Denise, p. 10, 22.10.2021) Grifo
deles.

Partindo do pressuposto que toda compra e venda gera algum tipo de expectativa e que o
contrato firmado entre consumidor e fornecedor deve ser respeitado, entendemos que a
falha na prestação através do inadimplemento contratual deve, por si só, caracterizar dano
moral e, com isso, gerar o dever de indenizar. Através de tal medida acreditamos que o
consumidor será colocado em uma posição de menor vulnerabilidade, talvez coibindo a
reiteração de tal prática abusiva por parte de fornecedores.
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Vale dispor que as Requeridas de certa forma querem se eximir da responsabilidade, onde
uma joga para a outra o compromisso de estar no polo passivo da ação, tal é o
descumprimento com o que fora acordado no contrato que a consequência do ato ilícito é
a procedência dos danos sofridos pela parte Requerente, vale ressaltar trecho do livro da
Maria Helena Diniz, sobre a ocorrência de um dano, “Para que haja pagamento da
indenização pleiteada, além da prova da culpa ou do dolo do agente, é necessário
comprovar a ocorrência de um dano patrimonial ou moral.” (DINIZ, Curso de direito civil
brasileiro, p. 609, 2014).
Por fim, é de ordem publica a responsabilização do autor do ato ilícito indenize o prejuízo
causado, com isso queremos dizer que o direito apresenta lacunas, pois a vida social
apresenta nuanças infinitas nas condutas humanas, problemas surgem mudando as
necessidades com o progresso tornando-se impossível algumas regulamentações
tratando-se das normas jurídicas. Com base nessa referida decisão podemos dizer que as
obrigações devem ser cumpridas da melhor maneira possível, de acordo com o que foi
acordado, como preceitua o princípio contratual pacta sunt servanda.

REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro, 31º edição, 2014.
DESª PEREIRA, Denise Krüger, Autos nº. 0000633-26.2020.8.16.0119, Vara Cível de
Nova Esperança, 2021.

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