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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 23ª VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE

GOIÂNIA – GOIÁS.

Número do processo: ...............................

NOME DA REQUERIDA, já qualificado no evento 01, neste ato representado pelo sócio
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administrador NOME DO SOCIO na Ação de Procedimento Comum, que move em seu desfavor
NOME DO REQUERENTE, vem, perante Vossa Excelência, por sua advogada infra-assinada,
manifestar e apresentar esboço do processo de forma específica, em obediência ao princípio da
cooperação processual, e decisão do evento 46.

- RESUMO
Autor alega que os Réus não repassaram o percentual do serviço de intermediação contratado,
acerca da venda dos lotes de sua propriedade localizados no Condomínio Residencial, Etapa,
Município/UF. Alega o mesmo que o percentual era de 6% (seis por cento), e que os Réus
ganharam valores a maior, e, portanto, adentrou com o procedimento para reaver as diferenças.

- QUESTÕES DE FATO

2.1 – Contrato escrito inexistente


(Prova Documental: evento 01, item 04)
Conforme afirmado e confessado na própria exordial, não há contrato escrito devidamente
assinado e reconhecido firma acerca da intermediação, até porque, como confirmado esse
negócio não foi o primeiro realizado com os Réus, o que demonstra a confiança estabelecida
entre as partes.

A minuta do contrato de intermediação não tem validade legal, visto que não constam as
assinaturas das partes, nem tampouco de testemunhas, o que pressupõe a validade do contrato
verbal que foi previamente estabelecido, qual seja: os Réus perguntaram qual seria a expectativa
do Autor, em termos de ganhos, o que fora informado, sendo prontamente cumprido pelas Rés.
Ainda, não serve como prova acerca do estipulado, visto que não constam os requisitos
validatórios que obrigam as partes, apenas, exemplificativa.

2.2 - O silêncio do Autor diante da não exigência de contrato escrito induz aceite do contrato
tácito
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(Prova documental: evento 01, item 04)
O Autor recebera o e-mail da minuta, porém não exigiu o contrato escrito para o início das
atividades, demonstrando o aceite pelo silencio não manifesto da exigência, direito esse que
estava disponível ao próprio pela lei civil, em contrapartida, decidiu não o utilizar.

2.3 – As reiteradas negociações imobiliárias realizadas entre as partes induz ciência das práticas
utilizadas pelos Réus
(Prova documental: petição inicial, evento 01, doc. 01, item I – Dos fatos)
Esse negócio não foi o primeiro realizado entre as partes e, portanto, confessado pelo próprio
Autor, o que prova a ciência das práticas utilizadas, afasta imediatamente o enriquecimento
ilícito, visto que o valor indicado como ‘expectativa’ pelo Autor foi devidamente cumprido.

2.4 – Localização dos lotes em outro município, qual seja, Município/UF


(Prova documental: contratos de venda, evento 01, Docs. 05 a 17)
Primeiramente, os lotes estão localizados em outra cidade, o que predispõe investimentos com
viagens, hotel, e investimentos em divulgação (rádio local) para que a venda fosse realizada, o
que justifica a liberdade de estipulação de percentuais, uma vez que, o Autor não provou ter
gasto com a divulgação, e nem tampouco arcou com as despesas dos Réus para que as vendas
fossem efetivadas, porém, os contratos estão aí, vendidos, e, portanto, vê-se que o Autor
recebeu o que lhe foi almejado e devido.

- QUESTÕES DE DIREITO
3.1 – Práticas imobiliárias protegidas pela livre concorrência e livre iniciativa pelo artigo 170 da
CFRB e acordo de conformidade (compliance)
(Prova documental: Acordo de Conformidade com o CADE, evento 20, Docs. 04)
Nas negociações imobiliárias, há a liberdade de estipulação de honorários, assim como outras
áreas, como, por exemplo, na própria advocacia, o que motivara os Réus a buscar uma comissão
mais justa da que lhe é oferecida pela tabela do CRECI-GO, que é apenas sugestiva, e não
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obrigatória. A tabela sugestiva é apenas referencial e não obrigatória, como informa o órgão
competente da SECOVIGOIÁS que indica o percentual de 10% (dez por cento) e não de 6% (seis
por cento).

3.2 – A comissão de corretagem foi paga pelo cliente e não pelo Autor, pressupondo que esse
não foi lesado em seu objetivo de ganho
(Prova documental: contratos de venda, evento 01, Docs. 05 a 17 e Artigo 1.140 do CPC/2015)
Não há que se falar em ilicitude quando o valor ganho a título de comissão de corretagem está
devidamente ciente pela parte que pagou pelo bem, e a expectativa do Autor que se utilizou da
expertise dos Réus para que pudesse vendê-lo, e apenas há a exigência de dever de informação,
que foi prontamente cumprido, é o que esclarece a jurisprudência:

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. PROMESSA DE


COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA. COMISSÃO DE
CORRETAGEM. TRANSFERÊNCIA DA OBRIGAÇÃO AO CONSUMIDOR. POSSIBILIDADE.
DEVER DE INFORMAÇÃO. OBSERVÂNCIA. NECESSIDADE. 1. Para os fins do art. 1.040 do
CPC/2015, fixa-se a seguinte tese: Ressalvada a denominada Faixa 1, em que não há
intermediação imobiliária, é válida a cláusula contratual que transfere ao
promitente-comprador a obrigação de pagar a comissão de corretagem nos
contratos de promessa de compra e venda do Programa Minha Casa, Minha Vida,
desde que previamente informado o preço total da aquisição da unidade
autônoma, com o destaque do valor da comissão de corretagem. 2. Solução do caso
concreto: Considerando que as partes convencionaram que o valor correspondente à
comissão de corretagem seria pago diretamente pelo proponente ao corretor, impõe-se
julgar improcedente o pedido de repetição dos valores pagos a esse título. 3. Recurso
especial provido.1 (Grifo meu).

- CONCLUSÃO
Diante de todo o esboço específico apresentado, reitera os pedidos da contestação (evento 20,
doc. 01), e por parte dessa não há necessidade de mais produção de provas, visto que as provas
documentais juntadas são suficientes para a formação da convicção do Magistrado, portanto,
requer a Vossa Excelência que julgue o processo no estado em que se encontra nos termos do
artigo 353 do CPC, antecipadamente, proferindo sentença com resolução de mérito, nos termos
do artigo 355 do CPC, isentando os Réus a restituir qualquer quantia proveniente desse impasse.

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Termos em que, pede deferimento.

Caldas Novas – Goiás, 02 de junho de 2020.

(Assinado digitalmente)
Sanmatta Raryne Souza
Advogada - OAB/GO 42.261

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STJ - Acórdão Resp 1601149 / Rs, Relator (a) : Min. Paulo de Tarso Sanseverino, data de julgamento: 13/06/2018, data de publicação:
15/08/2018, 2ª Seção.

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