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Direito

Processual
Civil II
Aula de Direito Processual Civil II

P R O F E S S O R : G o m e s d o s S a n t o s
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

ÍNDICE

• FORMALISMO DO PROCESSO DECLARATIVO ORDINÁRIO

Direito Processual Civil II


Do ponto de vista analítico, a tramitação do processo declarativo na sua forma ordinária é divisível em
quatro (cinco) fases ou ciclos, comportando cada uma delas actos processuais e objectivos
específicos.

Conceito de Formalismo Processual: é o encadeamento de actos praticados pelos sujeitos processuais


visando a obtenção de um fim, no caso, a sentença.

1) Fase dos articulados

2) Fase do saneamento e da condensação do


processo ou do julgamento antecipado da lide
Caraterísticas:

As fases são as 3) Fase da instrução


seguintes:

4) Fase da discussão e julgamento da causa

5) Fase da sentença final

Direito Processual Civil II


Esta divisão tem uma base lógica porque na sua tramitação podemos assistir ao encadeamento e
interpenetração de actos pertencentes a uma fase noutra, por um lado, e que, por outro lado, pode
suceder que o processo termine sem que necessariamente se verifiquem todas as fases enunciadas.

A ocorrência de circunstâncias anómalas pode implicar que o processo em concreto observe uma
tramitação diferente da tramitação tipo pré-definida por lei para as acções declarativas comuns na sua
forma ordinária.

A fase dos articulados: constitui a fase introdutória do processo e destina-se à apresentação do


conflito de interesses ao tribunal ( juízo ) e a delimitar o objecto do processo.

As peças processuais por via das quais as partes introduzem o conflito de interesses em juízo, delimitando
o objecto do processo, denominam-se articulados,.

Conceito de articulados: são peças processuais escritas em que o(s) autor e o(s) réu(s) apresentam os
fundamentos de facto e de direito que servem de base os pedidos e defesa.

Ganham esta designação porque, com base no artigo 151º do CPC, nas acções, nos respectivos
incidentes e nos procedimentos cautelares, é obrigatória a dedução por artigos dos factos susceptíveis
de serem levados à especificação ou ao questionário.

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A fase do saneamento e da condensação do processo ou julgamento antecipado da lide é a fase em
que o protagonista principal é o juiz, pois este tem maior actuação no processo.

Esta fase abrange as seguintes finalidades:

a) Julgamento antecipado da lide;


b) Saneamento;
c) Condensação.

A fase da instrução, destina-se à produção ou recolha dos elementos de prova sobre os factos que,
interessando à decisão da causa, não tenham sido dados por assentes na fase anterior.

A fase da discussão e julgamento da causa, desdobra-se em três ciclos processuais:


(i) discussão ou debates orais sobre a matéria de facto,
(ii) (ii) julgamento da matéria de facto e
(iii) (iii) discussão da matéria de direito.

A fase da sentença, ocorre depois do julgamento da matéria de facto e por via dela é proferida a
decisão final da causa, aplicando-se o direito aos factos provados.

Direito Processual Civil II


• Fase dos articulados. Noção e Enumeração.
• Petição inicial e forma externa.

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Os articulados segundo o artigo 151º são as peças processuais escritas em que as partes expõem os
fundamentos da acção e da defesa e formulam os pedidos correspondentes.

Para facilitar a seleção entre a matéria de facto aquela que carece de prova e a já assente, os
articulados, por força do disposto no n.º 2 do artigo 151.º, devem ser deduzidos por artigos.

Em regra, as partes podem produzir quatro (5) articulados, nomeadamente :

a) A petição inicial - obrigatório


b) A Contestação - obrigatório
c) A Réplica - eventual
Caraterísticas: d) A Tréplica - eventual
e) Resposta à Tréplica - eventual

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Fora da fase dos articulados, a título excepcional, a lei permite a apresentação dos chamados
articulados supervenientes , que se destinam a trazer aos autos factos ocorridos depois da apresentação
do último articulado da parte, superveniência objectiva, ou factos que, embora tenham ocorrido antes
da apresentação do último articulado, deles a parte só tomou conhecimento num momento posterior,
superveniência subjectiva nos termos do artigo 506.º.

A petição inicial. Conteúdo e forma externa.

A petição inicial é a peça processual escrita pela qual o autor propõe a acção, alegando os
fundamentos de facto e de direito e formulando o correspectivo pedido ou pedidos contra o réu.

1- Intróito ou cabeçalho
Nos termos do artigo 467.º do CPC, a
petição inicial é estruturada em quatro (4) 2- Narração
partes, que são:
3- Conclusão

4- Elementos complementares

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No cabeçalho ou introito, o autor deve começar por indicar ou designar o tribunal para onde a
acção é proposta, seguindo-se a identificação das partes. Ainda em sede do cabeçalho, o autor
deve indicar o tipo de acção e a forma de processo, comum ou especial, e na primeira hipótese
referir se se trata de processo ordinário, sumário ou sumaríssimo de acordo com a alínea b) do artigo
467.º do CPC.
Após o introito, segue-se a parte substancial da petição, isto é, na narração. O autor deve expor de
forma articulada os factos da vida real que sustentam o efeito jurídico por si pretendido com a acção,
mas também deve expor as razões de direito sobre as quais assenta a sua pretensão, sendo que os
factos e as razões de direito invocadas constituem a causa de pedir, ou seja, os fundamentos que
sustentam o pedido nos termos da alínea c) do artigo 467.º do CPC.

Finda a narração, segue-se a conclusão, que consiste no requerimento da tutela jurisdicional


pretendida pelo autor, isto é, na formulação concreta do pedido nos termos da alínea d) do artigo
467º.

Por derradeiro a petição, por imposição da lei, o autor deve indicar alguns elementos
complementares, nomeadamente, o valor da causa nos termos da alínea e) do artigo 467.º, a
menção dos documentos destinados a fazer prova dos factos que integram a causa de pedir nos
termos do artigo 523.º e, finalmente, a assinatura da parte ou do mandatário, consoante seja ou não
obrigatório o patrocínio judiciário.

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A indicação do valor da causa é essencial para a determinação da forma do processo, da
admissibilidade ou inadmissibilidade de recurso ordinário da decisão que se venha a tomar e para a
quantificação do valor das custas judiciais.

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• Conclusão do processo ao juíz. Atitudes possíveis do juíz
da causa.

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Feita a distribuição, sabendo-se qual o juízo da causa e a secção ( de processos ) por onde o processo
vai correr, a petição é remetida à secção, para que nela seja devidamente autuada com os
documentos que a acompanham.

A autuação
é
Uma operação material por via da qual são juntas em folhas numeradas e
cosidas a fio todas as peças processuais e documentos relativos ao processo,
formando um caderno designado por autos que viabiliza a movimentação do
processo sem se correr o risco do extravio de documentos.

Autuada a petição e logo que pago o preparo inicial, deve o processo ser concluso ao juiz para que
Caraterísticas:
este, examinando a petição, lhe dé despacho nos termos do n.º 1 do artigo 166.º e consoante as
circunstâncias tomar uma das seguintes atitudes:

a) Indeferir liminarmente a petição;

b) Convidar o autor a completar ou corrigir a petição;

c) Mandar arquivar o processo;

d) Ordenar a citação do réu.

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a) Indeferimento liminar da petição inicial.
1) Quando esta seja inepta;
.
Dá-se o indeferimento liminar da petição nos termos 2) Quando haja falta manifesta de algum dos
do artigo 474.º, quando: pressupostos de que o juiz possa conhecer ex officio;

3) Quando for manifesto que a acção foi proposta


fora de tempo ou não pode proceder;
4) Quando a petição não possa ser aproveitada
para a forma que o processo deva seguir.

O indeferimento liminar da petição mata a acção à nascença, dando lugar à extinção nos termos da
alínea a) do artigo 287.º ou a absolvição da instância nos termos do n.º 1 do artigo 288.º do CPC.

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• Conformar-se com o despacho e renuncia à acção;
• Apresentar nova petição na qual corrija a falta determinante do indeferimento;
Atitudes possíveis do autor :
. • Instaurar uma nova acção;
• Impugnar o despacho.

b) Convite ao autor para completar ou corrigir a petição.

A segunda atitude que o juiz pode ( e, e em certos casos, deve ) tomar em face da petição é a de
convidar o autor a completá-la ou corrigi-la.

• Quando a petição não possa ser recebida por falta


A integração ou correcção da petição de requisitos legais;
( irregular ou deficiente ) é legalmente
admitida apenas em 3 tipos de • Quando a acção não possa prosseguir pelo facto de
situações: a petição não vir acompanhada de certos
documentos;
• Quando a petição contenha irregularidades ou
deficiências susceptiveis de comprometer o êxito da
acção, artigo 477.º.

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Entre os requisitos legais cuja falta pode determinar o convite à integração ou correção da petição,
contam-se a indicação do valor da causa ( n.º 3 do artigo 314.º), a menção da forma de processo ( alí b,
n.º
. 1 do artigo 467.º ) , a articulação das razões de facto ( n.º 2 do artigo 151.º ), a assinatura da petição, a
completa identificação das partes ( al. a) do n.º 1 do artigo 467.º )

c) Arquivamento do processo

O processo deve ser arquivado, se por exemplo, a pretensão do autor for estranha à ordem jurídica.

Ex: O professor requerer a condenação do antigo aluno a ir a sua casa cumprimentá-lo todos os meses, coo
sempre fez depois de ter deixado à escola. há à ordem jurídica.

d) Ordenar a citação do réu

Não sofrendo a petição de nenhum dos defeitos que determinam o seu indeferimento, a sua correção
ou integração ou o seu arquivamento, deve o juiz ordenar a citação do réu, com base no n.º 1 do artigo
478.º.

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A citação
. é
O acto pelo qual se dá conhecimento ao réu de que foi proposta contra ele
determinada acção e se chama ao processo para se defender nos termos do
n.º1 do artigo 228.º do CPC.

Trata-se do acto que, em obediência ao principio do contraditório ( proclamado na parte final do n.º 1
do artigo 3.º ), visa fechar o ciclo constitutivo da relação processual.

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• Contestação.
• Modalidades de contestação.

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Conceito: é a peça processual escrita onde o réu, chamado a juízo, defende-se dos factos articulados
pelo autor na Petição Inicial

Tipos de Contestação

1. Quanto a Forma 2. Quanto ao Conteúdo

1- Contestação
articulada - Directa
- Por Impugnação
2- Contestação por - Indirecta
Caraterísticas:
negação 1- Contestação
Defesa
- Dilatória
3- Contestação por mera - Por Excepção
junção de documentos - Peremptória

2- Contestação
Reconvenção

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1. Quanto a Forma:

- Contestação articulada: é aquela em que o réu nega ou aceita cada facto articulado pelo autor
na sua PI, sob pena dos factos não contestados serem admitidos por acordo.

- Contestação por negação: é aquela em que o réu nega em bloco, i. e., nega genericamente todos
os factos articulados pelo autor. Não admissível no ordenamento jurídico pátrio n.º 3 do art. 490.º
CPC.

- Contestação por mera junção de documentos: consiste na junção de documentos que certifique o
direito do réu ou que afaste a pretensão do autor, sem alegar qualquer facto.

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2. Quanto ao Conteúdo

- Contestação Defesa por Impugnação Directa: é aquela em que o réu nega ou contradiz
directamente todos os factos relativos ao conteúdo que o autor o imputa na sua petição inicial;
também chamada por defesa de mérito.

- Contestação Defesa por Impugnação Indirecta: quando o réu admite os factos que o autor o imputa
na sua P.I., mas nega os efeitos que o mesmo atribui aos factos, isto é, contradiz o efeito jurídico que
o autor pretende extrair dos factos articulados.

- Contestação defesa por excepção: trata-se da defesa que, sem negar propriamente a realidade
dos factos articulados na petição, nem atacar isoladamente o efeito jurídico que deles se pretende
extrair, assenta na alegação de factos novos tendentes a repelir a pretensão do autor.

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Resumindo: quando o réu apresenta factos que obsta a que o tribunal aprecie do mérito da causa ou
quando este apresente factos impeditivos, modificativos ou extintivos da pretensão do autor, podendo ser total
ou parcial.

- Contestação por Reconvenção é aquela que envolve, não uma defesa, mas um contra-ataque do réu. O réu
deduz uma pretensão autónoma contra o autor, distinta do simples pedido de improcedência da acção ou de
não conhecimento do mérito desta.

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Compreensão dos tipos de contestação com base no artigo 487.º CPC

Artigo 487.º do CPC – Defesa por impugnação e defesa por excepção.

- Na contestação cabe tanto a defesa por impugnação como por excepção.

1. O réu defende-se por impugnação:


Quando contradiz os factos articulados na petição inicial (impugnação directa.

Ou
Quando afirma que esses factos não podem produzir o efeito jurídico pretendido pelo autor (impugnação
indirecta);

2. Defende-se por excepção:


Quando alega factos que obstam à apreciação do mérito da acção (excepção dilatória).

Ou
Que, servindo de causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pelo autor, determinam a
improcedência total ou parcial do pedido (excepção peremptórias).

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OBRIGADO!

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