Você está na página 1de 3

Material Institucional para estudo – 30/08/2018

Disponível no Portal do Aluno - FDSM

Das Providências Preliminares e do Saneamento


O saneamento é a fase de ordenamento do processo. O juiz
toma providências para deixar o processo apto a receber uma decisão
– julgamento conforme o estado do processo.
A fase de saneamento se inicia após se esgotar o prazo da
contestação. Mas pode ser que a fase postulatória se estenda, caso
haja reconvenção ou denunciação da lide.
As providências preliminares podem ser resumidas pelas
seguintes:
a) se houver defeitos processuais que possam ser corrigidos, o juiz
deve providenciar a sua correção em prazo máximo de 30 dias.
b) se, mesmo havendo revelia, não se produzir a presunção de
veracidade dos fatos afirmados pelo autor, o juiz deve intimar o autor
para especificar as provas que pretende produzir.
c) Impugnação à contestação ou réplica
- se o réu apresentar defesa processual (matérias do 337 do CPC) ou
indireta de mérito, deve o juiz intimar o autor para apresentar a sua
réplica no prazo de 15 dias, manifestando-se sobre os fatos novos
alegados pelo réu.
- Se o réu juntar documentos, mesmo que seja em defesa direta de
mérito, o autor terá o prazo de 15 dias para se manifestar.

Julgamento antecipado do mérito


Após as providências preliminares o juiz pode julgar
antecipadamente o mérito da causa, julgando procedente ou
improcedente a demanda.
Nesse caso, o juiz reconhece a desnecessidade de produção de
mais provas em audiência de instrução e julgamento. Baseia-se
apenas em prova documental produzida pelas partes. É técnica de
abreviamento do processo, sendo um dever do julgador e não uma
faculdade.
O artigo 355 do CPC traz os casos em que se admite o
julgamento antecipado:
I- não houver necessidade de produção de outras provas; II- o réu for
revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 (presunção de veracidade)
e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349
(requerimento feito pelo réu revel)
Essa abreviação do processo deve ser feita com cautela, pois
pode implicar restrição do direito à prova, caso que poderá causar a
nulidade da sentença pelo tribunal.
Mesmo no caso do inciso I pode ser que o juiz julgue
improcedente o pedido do autor, mas não pode fundamentar em falta
de prova pelo autor, pois seria um comportamento contraditório do
juiz (venire contra factum proprium).
Admite-se o julgamento antecipado parcial quando: um ou mais
pedidos forem incontroversos ou estiver em condição de imediato
julgamento. Nesse caso caberá agravo de instrumento.
1
Do Saneamento e Organização do Processo
Não sendo caso de julgamento antecipado nem de extinção do
processo, o juiz dará decisão de saneamento e organização do
processo. Deverá: art. 357 CPC
- I – resolver questões processuais pendentes, se houver, deixando o
processo apto ao início da instrução;
- II – delimitar questões de fato sobre as quais recairá a atividade
probatória, especificando os meios de prova admitidos. O juiz tem que
apontar quais os pontos controvertidos... quais os meios de prova...
se a parte pede perícia tem que falar para que, para qual fato
controvertido. É uma decisão complexa, mas facilita a instrução; §4º
art. 357- se for determinada produção de prova testemunhal a
apresentação do rol de testemunhas é de no máximo 15 dias a partir
da decisão. O juiz pode limitar o nº de testemunhas (são no máximo
10, sendo até 3 para cada fato). § 8º - se for determinada produção
de prova pericial o juiz nomeará perito e se possível estabelecer
calendário para sua realização.
- III – definir a distribuição do ônus da prova, conforme § 1º do artigo
373- O código consagra a possibilidade de distribuição dinâmica do
ônus da prova, feita pelo juiz. Esse é o momento de se fazer a
distribuição do ônus da prova.
- IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do
mérito – porque o código consagrou a regra segundo a qual o juiz não
pode decidir com base em questão a respeito da qual as partes não
se manifestaram. Ao delimitar as questões de direito o juiz decidirá a
causa apenas com base nessas questões.
- V- designar AIJ se houver – haverá intervalo mínimo de 1 hora entre
uma AIJ e outra.
A decisão de saneamento pode ser proferida, pelo julgador, de
3 formas:
1 – sozinho, por escrito;
2 – homologar acordo feito pelas partes sobre a delimitação de
questões de fato e de direito;
3 -em conjunto com as partes através de audiência;
Se a decisão for proferida pelo juiz sozinho: ( § 1º art. 357)
Proferida a decisão de saneamento as partes podem pedir
esclarecimentos ou solicitar ajustes no prazo de 5 dias, estabilizando-
se o processo Pode ser que haja decisão contra a qual caiba agravo
de instrumento. No novo código não cabe AI contra qualquer decisão
interlocutória, mas apenas nos casos previstos no art. 1.015 CPC.
Alguns desses casos podem estar no saneamento, como a
redistribuição do ônus da prova. Quando o código diz que a decisão
fica estável, é estável naquilo que não for impugnável por AI, pois o
prazo de AI é de 15 dias e não de 5 (é estabilidade ressalvada a
hipótese de AI). Esse pedido de esclarecimento não é recurso, não é
embargos de declaração, mas um simples pedido de ajuste.
No segundo tipo de decisão, que está disposto no § 2º do artigo
357, autor e réu chegam a um acordo sobre qual é o dissenso.
Concordam que controvertem sobre tais e tais pontos... organizam e
2
entregam ao juiz para homologar. Após homologação, a decisão
vincula as partes e o juiz. É de muita utilidade, mas exige que os
advogados redirecionem a atuação e não se vejam como inimigos,
mas como técnicos. Se houver alguma ilegalidade o juiz pode deixar
de homologar.
O terceiro tipo de decisão de saneamento é feito de forma
compartilhada entre juiz e partes. Se a causa for complexa, deve ser
marcada audiência para as partes ajudarem no saneamento. Essa
oportunidade é ideal para realização do calendário processual, grande
novidade do CPC. Essa não é uma audiência de instrução, mas de
saneamento compartilhado. Ressalte-se que nesse caso as partes
devem levar à audiência o rol de testemunhas.

Bibliografia
DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil, v. I, 17 ed.
Salvador: Jus Podivm, 2015.
NERY JÚNIOR, Nelson, ANDRADE NERY, Rosa Maria. Comentários ao
Código de Processo Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2015.
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil.
8 ed. Bahia: Editora Juspodivm, 2016.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. v. I.
56 ed. Rio de Janeiro: Forense. 2015.

Você também pode gostar