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Processo de Conhecimento

Prof. Diogo Caldas (diogo.caldas@uva.br)

5.1.1.3. Resposta do Réu (Artigos 335 a 346, CPC).

Tendo ocorrido audiência de conciliação ou mediação e não tendo


sucesso para se chegar em um acordo, será conferido prazo para que o réu
realize sua resposta (visto que, se houve audiência de conciliação, já foi
citado). Caso não tenha ocorrido a audiência de conciliação por vontade do
autor, o réu será citado para apresentar a resposta desejada no processo.

Ao ser citado, o réu terá prazo de 15 dias, de acordo com o artigo 335,
I a III, CPC para apresentar sua defesa evitando assim os efeitos da revelia
(assim, evitando que fique sem defesa e os fatos apresentados pelo autor
serem reportados como verdadeiros).

5.1.1.3.1. Contestação (Artigos 335 a 342, CPC).


É o instrumento de defesa do réu que tem por objetivo se contrapor aos
pedidos autorais, tentando impugnar tais requerimentos. Também se tenta,
quando possível, se desvincular do processo para não se responsabilizar pelos
efeitos da demanda.
Com a contestação o réu terá apenas o direito de se defender das
alegações apresentadas pelo autor na Petição Inicial. Ademais, esse
mecanismo pode tentar desconstituir os argumentos do autor por meio de
defesa processual ou preliminares (alegando que algum aspecto processual
não foi respeitado na petição inicial ou no tramitar do processo. Exemplo: As
encontradas no artigo 337, CPC) e/ou meritória (se defendendo contra o
pedido central da demanda).
Observação: Por meio do Princípio da Eventualidade ou da
Concentração, toda matéria defensiva deve ser exposta no momento
oportuno, mesmo existindo teses contraditórias. Exemplo: O réu alegar em
uma parte da contestação que não há contrato com o autor e, mais adiante,
alegar em outra parte que se existir contrato ele deve ser nulo (defesas
contraditórias, mas permitidas). Entretanto, é imperativo ressaltar, que tal
princípio não admite que o réu fale qualquer coisa nos autos, sob pena de
incorrer em má-fé.
É importante frisar que a contestação deve responder TODAS as
alegações reportadas na peça inicial do autor, sob pena, na falta de
contraposição de algum pedido, ser considerado como verdadeiro pelo juiz.
Cuidado: Existem casos especiais, que a falta de oposição do réu
não acarretará os efeitos da revelia (Artigo 341,I a III, CPC): se não for
admissível a confissão dos fatos (exemplo: no caso de direitos
indisponíveis, como no pedido de interdição de uma pessoa, o silencio ou a
confissão do interditando é irrelevante, pois quem determinará a capacidade da
parte a ser interditada é a perícia), se a petição inicial não tiver instrumento
público que comprove o ato alegado (exemplo: ao discutir a propriedade de
um bem, é essencial que o autor anexe, na petição inicial, o registro imobiliário.
Caso não anexe, a ausência de impugnação acerca da alegação do autor não
acarretará revelia) e se o alegado na inicial for contraditório com a defesa
considerada em seu conjunto (exemplo: se na inicial indica que o réu
praticou um dano e pede-se 10 mil reais de dano material, basta o réu se
contrapor que não causou o dano, pois implicitamente, entenderemos que irá
se opor também ao valor solicitado).
Em regra, apresentada a contestação, o réu não poderá mais alterá-la
(apenas poderá alterar em situações especiais como, por exemplo, por fato
novo ocorrido após a apresentação da contestação e que interfira no processo
– Artigo 342, I a III, CPC).
Em situações que o réu achar, que não é parte legítima para figurar
na relação processual, poderá expor suas razões na peça defensiva e, se
souber, indicar quem é a pessoa que ali deveria figurar. Tal substituição poderá
ser feita, pelo autor, no prazo de 15 dias, tendo que reembolsar as despesas
que o “réu originário substituído” teve com a indevida alocação no polo passivo
da relação (Artigos 338 e 339, CPC)
Por fim, o prazo para se contestar será de 15 dias, analisando a
contagem de acordo com o evento realizado, de acordo com o artigo 335, CPC.
5.1.1.3.2. Reconvenção (Artigos 343, CPC).
O réu poderá, em conjunto com a contestação ou de forma isolada,
apresentar a reconvenção que, para muitos autores seria uma espécie de
contra-ataque do réu, onde serão formulados pedidos em face do autor do
processo originário.
Caso o réu apresente apenas a reconvenção deverá se valer dos
requisitos da petição inicial, inclusive do valor da causa. Caso apresente
junto com a contestação, será inserida como um capítulo à parte nessa
defesa, por meio do qual o réu irá expor sua vontade de demandar em face do
autor.
Apresentada a reconvenção, o autor (chamado de reconvindo) será
intimado (e não citado, pois já faz parte dos autos) para responder a
reconvenção no prazo de 15 dias.
Observação Final: É admitida apenas em procedimento comum, sendo
vedada, por exemplo, nos Juizados Especiais Cíveis (que se valerão de
uma outra peça para tal, chamada de pedido contraposto).

5.1.1.3.3. Revelia (Artigos 344 a 346, CPC).

É a falta de apresentação de defesa do réu em face dos fatos narrados


na petição inicial. Ademais, como já visto em encontros anteriores, o réu ao ser
citado sabe que deve apresentar manifestação em juízo, sob pena dos efeitos
da revelia.

Assim, considera-se revel o réu que não atendeu ao chamado da citação


para apresentar sua defesa em juízo (seja essa contestação ou reconvenção).

Em regra geral, a revelia produzirá um efeito muito poderoso: Os fatos


alegados pelo autor na petição inicial serão considerados
presumidamente verdadeiros (Artigo 344, CPC). Entretanto, é importante
frisar, que em alguns casos, esse efeito pode ser afastado:

Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento
que a lei considere indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem
inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante
dos autos.

Por fim, o revel poderá intervir no processo em qualquer fase,


recebendo-o no estado em que se encontrar (Artigo 346, CPC).
O advogado do revel deverá produzir provas para demonstrar fato
contrário contra aquele presumido como verdadeiro na inicial (Requer a
produção de provas para afastar a presunção de veracidade que existe em
favor do autor – Artigo 349, CPC).

5.1.1.4. Fase de Saneamento (Artigos 347 a 353, CPC).

Como ensinado em encontro anterior, para Elpídio Donizette “é a fase


posterior a apresentação das partes”. É a verificação de possíveis nulidades
que tenham escapado em momento anterior e a produção do
contraditório na sua plenitude, obedecendo a ampla defesa.

Essa fase apenas irá ocorrer caso: I - não tenha ocorrido audiência de
conciliação ou mediação; II – tenha ocorrido a audiência, mas não tenha obtido
a composição.

Aqui o juiz irá resolver questões essenciais ao processo, para que se


evite a alegação de anulação pena inobservância do devido processo
legal. São exemplos de providencias que aqui serão adotadas:

Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo,


deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do
processo:
I - resolver as questões processuais pendentes, se houver;
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade
probatória, especificando os meios de prova admitidos;
III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373 ;
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do
mérito;
V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.

Um dos atos mais comuns a essa fase é a delimitação de quais


questões poderão ser alvo de produção de provas.

As partes poderão pedir esclarecimentos ou ajustes ao magistrado no


prazo de 5 dias, a partir da intimação do despacho saneador.

Observação 1: Caso os ajustes forem complexos, o magistrado


poderá designar audiência para resolver, em conjunto com as partes, a
questão a ser superada (Artigo 357, parágrafo 3° )

Observação 2: Caso seja permitida pelo Juiz a prova testemunhal, as


partes deverão informar o rol de testemunhas em prazo não superior a 15 dias,
podendo apresentar no máximo 10 testemunhas (no máximo 3, para cada
fato).

5.1.1.5. Julgamento Conforme o Processo (Artigos 354 a 357, CPC).

O julgamento antecipado da lide poderá ocorrer quando (Artigo 355, I e


II, CPC):

I – Não houver necessidade de outras provas;

II – Quando ocorrer os efeitos da revelia e o réu não apresentar


provas em tempo oportuno.

Assim, poderemos ter a extinção total do mérito do processo ou a


extinção parcial do processo (exemplos: existindo pedidos com partes
incontroversas ou se tivermos pedidos cumulados e um deles se mostrar
incontroverso).

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