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Procedimento Comum

(aula 2)

Disciplina: Processo do Conhecimento


Prof.ª. Me.ª: Daiana Malheiros de Moura
Continuação fase postulatória
1.2 Resposta do Réu: (art. 335 a 343 do
CPC)

“Art. 335. O réu poderá oferecer


contestação, por petição, no prazo de 15
(quinze) dias, cujo termo inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de
mediação, ou da última sessão de
conciliação, quando qualquer parte não
comparecer ou, comparecendo, não houver
autocomposição;

II - do protocolo do pedido de
cancelamento da audiência de conciliação
ou de mediação apresentado pelo réu,
quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o
, inciso I
;
III - prevista no art. 231, de acordo com o
modo como foi feita a citação, nos demais
casos.”

PRAZOS DISTINTOS:
-art. 180, CPC – prazo em dobro MP.
-Art. 229, CPC – prazo em dobro para
litisconsortes c/ procuradores distintos.
 Contagem do prazo: regra geral – exclui-
se o dia do começo e inclui-se o do
vencimento.

 Termo inicial: art. 335 do CPC.


 Nesse prazo de 15 dias poderá o réu
ofertar a sua resposta que poderá ser:

- Contestação;

- Reconvenção;
Resposta do réu= reação a um estímulo
externo= reação do réu.

Cada modalidade de resposta possui


finalidade diversa, sendo possível o réu
oferecer a que ele quiser.
 O oferecimento de uma espécie de
resposta independe do oferecimento da
outra, o que permite ao réu fazer todas as
combinações possíveis.

1.2.1 Contestação:
 É a mais importante das modalidades de
resposta, é o ato através do qual o réu
apresenta a parte essencial de sua defesa.
 Na contestação o réu apresenta duas
defesas, processuais (como, por exemplo
preliminares – art. 337 do CPC), além das
defesas de mérito, que pode ser direta ou
indireta.

 Defesa direta de mérito: é a negação do


fato constitutivo do direito do autor.
 Exemplo: numa ação de cobrança
fundada em contrato de mútuo, a defesa
direta de mérito consistirá em negar a
celebração do contrato de empréstimo.

 Defesa indireta de mérito: consiste na


alegação de fato extintivo (como a
prescrição), impeditivo (como a
incapacidade do agente) ou modificativo
(como o pagamento parcial) do direito do
autor.
 Nahipótese da defesa indireta de mérito o
réu não nega o fato, mas atribui a ele
consequências distintas.

 Quanto a defesa processual, consiste na


alegação das questões preliminares, são
alegadas sempre antes do mérito, da
questão de fundo a ser debatida no
processo.
 Sãomatérias de ordem processual que não
permitem ao juiz a análise do direito
material invocado pelo autor.

 Nesse caso havendo acolhimento da


alegação em decisão judicial, ocorrerá a
extinção do processo sem resolução do
mérito, nos termos do art. 485 do CPC.
O art. 337 do CPC menciona as causas
específicas de discussão preliminar de
mérito:
“Art. 337. Incumbe ao réu, antes de
discutir o mérito, alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de
representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de
interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação
que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de
gratuidade de justiça.”

Entre as preliminares propriamente ditas


devem ser alegadas as prejudiciais de
mérito.
 São matérias que não se identificam com
o mérito em si, mas produzem os mesmos
efeitos de resolução do processo, e por
isso, têm como base o art. 487 do CPC.

 As prejudiciais estão identificadas no


inciso II do art. 487 e dizem respeito à
prescrição e à decadência.
 Toda a matéria de defesa deve ser alegada
na contestação, tanto as matérias de fato
como as matérias de direito, sob pena de
preclusão.

 Princípio da eventualidade: todas as


alegações da parte devem ser produzidas
de uma só vez, na primeira oportunidade
que ela tenha que se manifestar, ainda que
contraditórias entre si.
 Todas as matérias de defesa devem ser
arguidas na contestação, sob pena de
preclusão.

Tal regra comporta


exceções?
 Sim, excetuam-se, apenas a alegação de
direito superveniente, as questões que o
juiz possa conhecer de ofício (defesas
processuais, com exceção da convenção
de arbitragem e incompetência relativa –
art. 337, § 5º do CPC), ou aquelas
matérias que por expressa disposição legal
possam ser arguidas em qualquer grau de
jurisdição, como a prescrição (art. 342 do
CPC c/c art. 193 do CC).
 Incumbe ao réu na contestação o ônus da
impugnação especificada dos fatos, nos
termos do art. 341 do CPC.

“Art. 341. Incumbe também ao réu


manifestar-se precisamente sobre as
alegações de fato constantes da petição
inicial, presumindo-se verdadeiras as não
impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a
confissão;
II - a petição inicial não estiver
acompanhada de instrumento que a lei
considerar da substância do ato;
III - estiverem em contradição com a
defesa, considerada em seu conjunto.”
 Os direitos que não admitem confissão
são os DIREITOS INDISPONÍVEIS (não
se pode confessar uma coisa da qual não
se dispõe). Exemplos: direitos de família,
direitos políticos, direitos difusos
(ambiental por exemplo) etc.

 Talregra da impugnação especificada dos


fatos não se aplica ao advogado dativo, ao
curador especial e ao órgão do Ministério
Público (parágrafo único do art. 341).
 A consequência da impugnação
especificada dos fatos é a
inadmissibilidade da “contestação por
negação geral”, que é aquela em que o
réu se limita a afirmar que todas as
alegações do autor são inverídicas, ou
que sua pretensão é improcedente.

Contestar por negação geral


=
não contestar
Mas, e se o réu não contesta?

A ausência de contestação no prazo e


formas legais ocasiona o fenômeno
denominado de revelia (arts. 344 a 345 do
CPC).
“Art. 344. Se o réu não contestar a ação,
será considerado revel e presumir-se-ão
verdadeiras as alegações de fato formuladas
pelo autor.”
Quais são os efeitos da revelia?

A revelia produz o efeito de gerar a


presunção (relativa) da veracidade das
alegações sobre fatos produzidas pelo autor
(art. 344 do CPC).

Este é o chamado efeito material da revelia.

Como trata-se de presunção relativa, pode ser


elidida por prova em contrário.
O revel pode intervir no processo a
qualquer tempo, recebendo-o no estado
em que se encontra, de modo que se
comparecer com tempo hábil para
produzir provas, poderá fazê-lo (art. 346,
parágrafo único).

 Nos termos do art. 345 do CPC a revelia


não induzirá ao efeito material, não
surgindo a presunção de veracidade das
alegações sobre fatos feitas pelo autor:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles
contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos
indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver
acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo
autor forem inverossímeis ou estiverem em
contradição com prova constante dos autos.
 Produzindo-seo efeito material da revelia,
e presumindo-se verdadeiros os fatos
alegados pelo autor, deverá o juiz decidir
o mérito.

O juiz decidirá o mérito desde que não


esteja presente alguma das hipóteses de
extinção do processo sem resolução do
mérito.
 Dianteda revelia, somente as questões de
fato ficarão superadas, devendo o juiz
apreciar as questões de direito.

 Além do efeito material a revelia produz


mais dois efeitos de órbita processual:,
são eles:
- o julgamento antecipado da lide (art. 355,
II do CPC) = julgamento antecipado do
mérito;
- prazos processuais correrão da data de
publicação do ato decisório no órgão
oficial (art. 346 do CPC), tal regra aplica-
se somente ao revel que não tenha
advogado constituído.
Referências
CÂMARA, Alexandre de Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 23. ed. São Paulo: Atlas,
2012. v. I.

DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de direito processual: introdução ao direito processual civil e
processo de conhecimento. 14. ed. Salvador: JusPODIVM, 2012. v. 1.

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual Civil Esquematizado. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012.

GRECO FILHO, Vicente. Direito processual civil brasileiro: atos processuais a recursos e
processos nos tribunais. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 2.

MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito processual civil: teoria geral dos recursos,
recursos em espécie e processo de execução: com anotações sobre o projeto do novo CPC. 8.
ed. São Paulo: Atlas, 2012. v. II.

SANTOS, Ernane Fidelis dos. Manual de direito processual civil: processo de conhecimento.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. I.

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