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A revelia não é novidade no Novo CPC. Tal qual no Código anterior, de 1973, ela pode ser
entendida como a inércia ou a falta de contestação do réu em relação à ação judicial proposta em
seu desfavor.
Há revelia, portanto, quando o réu permanece em silêncio após ser citado, não apresentando sua
resposta às alegações do autor e não comparecendo ao processo. Neste caso, ele é julgado
mesmo sem ter se pronunciado, por exemplo.
Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras
as alegações de fato formuladas pelo autor.
A entrada em vigor do Novo CPC não alterou o instituto da revelia. No entanto, trouxe
significativas mudanças nos arts. 349 e 355. Essas alterações, seus efeitos e prazos serão
abordados ao longo deste artigo. Vamos lá?
Dentro do ordenamento jurídico brasileiro, o réu é citado pelo juiz para se defender no momento
que uma ação é ajuizada. Entretanto, a defesa não é obrigatória, ficando a critério do réu constituir
defesa por meio de advogado e apresentar contestação.
Ao não apresentar uma contestação, a parte é considerada pelo juízo responsável pelo julgamento
da lide como revel, perdendo alguns direitos, sofrendo penalidades e alterando, em alguns
aspectos, a marcha processual.
Embora seja uma situação que nenhum réu quer se encontrar, pois, ao se tornar revel, a parte
perde uma série de oportunidades de defesa, a revelia é algo que ainda ocorre no sistema
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29/03/2024, 17:14 Revelia no Novo CPC: o que é e quais são os efeitos e exceções
judiciário brasileiro.
Os efeitos da revelia
O silêncio do réu em relação aos fatos alegados pelo autor na inicial geram três consequências,
conforme previsão expressa do Novo CPC. Portanto, são elas:
Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão
verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.
Portanto, o não comparecimento do réu no processo gera a presunção de que os fatos narrados
pelo autor na inicial são verdadeiros. Ele, inclusive, está dispensando de apresentar qualquer
prova que confirme os fatos afirmados.
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Essa presunção, no entanto, está limitada às questões de fato, somente. Não é absoluta. É tão
somente uma presunção material.
Isso significa que as questões de direito, por outro lado, serão submetidas à análise do juiz. Assim,
o fato do réu ser revel não torna o autor vencedor da causa, nem implica procedência do pedido.
O juiz pode extinguir o processo sem julgamento do mérito por motivos como a ilegitimidade do
autor ou a ausência de consequências jurídicas para os fatos narrados, por exemplo.
A caracterização de revelia não induz a uma presunção absoluta de veracidade dos fatos
narrados pelo autor, permitindo ao juiz a análise das alegações formuladas pelas partes em
confronto com todas as provas carreadas aos autos para formar o seu convencimento.
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Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
III – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere
indispensável à prova do ato;
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
Afinal, seria inviável que o magistrado reconhecesse os fatos como verdadeiros para um e não
para o outro litisconsorte.
Direitos indisponíveis, como bem se sabe, são aqueles que as partes não podem dispor, nem abrir
mão. São as garantias mencionadas pelo art. 5º da Constituição Federal: o direito à vida, o direito
à saúde e o direito à liberdade, por exemplo. Nenhum deles admite, portanto, a autocomposição.
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
Assim, quando a demanda envolve algum tipo de direito indisponível das partes, os efeitos da
revelia não serão aplicados. E o motivo é simples: o silêncio do réu, se considerado revel, poderia
ser comparado, por exemplo, à confissão. E quando se trata de direitos indisponíveis, isso não é
permitido pelo próprio Novo CPC.
Art. 392. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos
indisponíveis.
Tal situação está expressamente prevista pelo inciso III do art. 345:
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
III – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere
indispensável à prova do ato.
Nestes casos, então, o juiz irá determinar a sua produção, nos casos em que o réu se tornar revel,
o que está previsto pelo art. 348:
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Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência do efeito da revelia
previsto no art. 344, ordenará que o autor especifique as provas que pretenda produzir, se
ainda não as tiver indicado.
Além disso, confirmando esse entendimento, a doutrina também postula para reforçar essa
determinação. É o caso, por exemplo, de Fredie Didier (2014, p. 554), em seu Curso de Direito
Processual Civil. Diz ele:
Se a postulação do autor não vier acompanhada do mínimo de prova que a lastreie, não se
poderá dispensar o autor de provar o que alega pelo simples fato da revelia.
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no ar.t 344 se:
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Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando: […]
II – o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova,
na forma do art. 349.
Tal julgamento, no entanto, irá acontecer somente se o juiz entender que os fatos alegados na
inicial e os elementos constantes nos autos são suficientes para formar sua convicção e julgar o
mérito da causa desde logo.
Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de
publicação do ato decisório no órgão oficial.
Como se vê, portanto, eles não correm a partir da intimação, como acontece nos demais casos
processuais. A intimação do réu revel, pelo contrário, se torna desnecessária nos casos em que
ele não é representado por patrono.
Essa situação muda no momento que o réu constitui advogado, por exemplo. Neste caso, ele
passa a ser obrigatoriamente intimado de todos os atos processuais posteriores, por meio de seu
procurador.
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Como pôde ser visto até então neste artigo, a revelia é a situação judicial que ocorre quando o réu
de um processo não apresenta contestação à petição inicial. A não apresentação de contestação
gera uma série e efeitos de ordem material e processual na lide.
A contumácia, por sua vez, é compreendida como a falta de ação de qualquer uma das partes de
um processo diante de algum comando ou pedido judicial realizado pelo juízo responsável pela
lide.
Um exemplo: dentro de um processo, um juiz pede para que o autor da ação junte certas peças e
documentos com o objetivo de comprovar a veracidade de uma de suas alegações, mas o autor
não faz nada, ignorando o pedido.
Nessa situação, o autor da ação está cometendo contumácia, uma vez que se manteve inerte a
um pedido judicial. Entretanto, pode-se notar que ele não causou revelia, pois a mesma apenas
ocorre quando o réu não apresenta contestação, conforme aponta o Novo CPC.
Assim sendo, é possível afirmar que a contumácia é o gênero da ação (ou, nesse caso, da não
ação), enquanto a revelia seria a espécie, o efeito específico da contumácia dentro do processo.
Assim sendo, o réu, quando não apresenta a contestação no prazo de 15 dias, torna-se réu revel,
causando a revelia, que é uma espécie de contumácia.
De forma breve, o réu revel é aquele que não apresenta contestação às alegações apresentadas
pelo autor de uma ação judicial, deixando o processo correr à revelia.
A determinação está, por exemplo, assinalada no art. 349 do NCPC, onde se lê:
Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às alegações do autor,
desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar os atos processuais
indispensáveis a essa produção.
Ela é, portanto, uma situação indesejável para o réu, uma vez que o prejudica dentro do processo,
já que perde o direito de apresentar a mais importante ferramenta de impugnação e negação dos
fatos e direitos apresentados pelo autor no processo.
Mesmo assim, a revelia ocorre ainda dentro do âmbito jurídico, muitas vezes por culpa do cliente,
e não do advogado. Portanto, cabe ao profissional conhecer como a situação funciona e,
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principalmente, o que pode ser feito para minimizar os danos da mesma ao réu, com o objetivo de
melhor representá-lo.
Sâmia Frantz
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