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PROCESSO CIVIL DE CONHECIMENTO

Prof: ANA CLÁUDIA BITTAR

MATERIAL II

RESPOSTAS DO RÉU

Frustrada a tentativa de autocomposição na audiência de conciliação ou mediação, ou não


sendo o caso de sua designação, abre-se oportunidade para o réu apresentar sua resposta à
demanda. A resposta do réu é gênero e não se confunde com a defesa do réu, que é uma das
espécies de respostas que o réu pode apresentar.

Assim, o réu pode dar outras respostas que não seja apenas para se defender:

Através do que é denominado reconhecimento jurídico do pedido, o réu pode reconhecer os


fatos e as consequências jurídicas alegadas pelo autor (art. 487, III); pode se defender através
da contestação; pode contra-atacar através da reconvenção; pode arguir a suspeição ou o
impedimento do juiz ou do Ministério Público ou de titular de serventia judicial, e, pode
silenciar-se, configurando sua própria situação em estado de revelia.

Entretanto, quando falamos em exercício do direito de defesa, por excelência nos referimos à
Contestação, tema desse estudo.

CONTESTAÇÃO:

Princípios norteadores:

Princípio da concentração da defesa:

Incumbe ao réu alegar na contestação toda a matéria de defesa (...) (art. 336, CPC).

Por conta desse princípio, a contestação tem caráter preclusivo (preclusão consumativa).
Uma vez ofertada a contestação, via de regra tem-se por consumado o direito de defesa do
réu. Entretanto, cabe exceções à essa regra:

art. 342, I, II, III do CPC:

Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:


I- relativa a direito ou a fato superveniente;

II- competir ao juiz pode conhecer delas de ofício

III- por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de
jurisdição.

Ou seja, o réu pode alterar a contestação deduzindo novas alegações desde que se refiram à
uma dessas três situações: quando houver fato ou direito superveniente (ex; o pagamento
efetuado pelo réu ); ainda em relação às questões de ordem pública em que o juiz pode
conhecer de ofício (ex: incompetência absoluta); ou, também, por expressa autorização legal
puderem ser formuladas a qualquer tempo e grau de jurisdição (ex: prescrição ou decadência).

Princípio da Eventualidade: o réu tem que alegar todas as defesas que disponha, ainda que em
caráter sucessivo, mesmo que sejam incompatíveis entre si.

Um exemplo, a grosso modo: Não houve pagamento, houve um empréstimo, achei que fosse
um presente, te devolvi, está prescrito....

Note-se que essa prerrogativa é específica da contestação, não cabendo ao autor usar desse
recurso em sua petição inicial (os pedidos não podem ser incompatíveis...)

Existem dois tipos de defesa: Defesas processuais ou preliminares, que apontam um defeito
na petição inicial, e, Defesa de Mérito, ataca o objeto do processo (oposição ao pedido
formulado pelo autor)

Defesas processuais ou preliminares (art. 337, CPC):

Sua análise antecede à análise do mérito, indicando um defeito na petição inicial relativo ao
desatendimento da forma prevista na lei.

As defesas processuais ainda podem ser: Defesas dilatórias, que apenas postergam a relação
processual, não pondo fim ao processo; e defesas peremptórias, que põe fim ao processo.

Enquanto que as defesas dilatórias apenas prorrogam o processo até que o vício seja sanado
(por exemplo: incompetência relativa, falta ou nulidade de citação, conexão..), as
peremptórias, podem levar à extinção do processo sem a análise do mérito. (Exs:
litispendência, coisa julgada, convenção de arbitragem, ausência de interesse e legitimidade,
quando não sanado o vício por inépcia...).

Atenção: o juiz poderá conhecer de ofício todas as defesas processuais, exceto incompetência
relativa e existência de convenção de arbitragem. (§ 5º do art. 337, CPC):

Assim, antes de contestar o mérito, o réu tem o ônus de alegar (art. 337, CPC):

Inexistência ou nulidade de citação; incompetência do juízo (absoluta ou relativa); incorreção


ao valor da causa; inépcia da petição inicial; perempção; litispendência; coisa julgada; conexão;
incapacidade de parte e defeito de representação, ou, falta de autorização; convenção de
arbitragem; ausência de legitimidade e interesse processual; falta de caução ou de outra
prestação que a lei exige; indevida concessão de benefício de gratuidade da justiça.

Defesa de Mérito:

Após as preliminares incumbe ao réu formular, na contestação, a defesa de mérito (defesa que
se opõe ao direito material discutido na demanda), que tanto pode ser direta (se o réu nega os
fatos alegados na inicial ou as consequências jurídicas pretendidas pelo autor); quanto indireta
(hipóteses capazes de impedir, modificar ou extinguir o direito do autor).

Especificação de Provas (última parte do art. 336, do CPC):

Incumbe ao réu juntar à contestação os documentos destinados à provar suas alegações (art.
434, CPC) e, também, deve acompanhar a contestação, a procuração outorgada pelo réu ao
advogado (art. 104, CPC).

Impugnação especificada (art. 341, caput e parágrafo único do CPC)

Não é possível “negativa genérica” para se defender, devendo o réu formular defesa ante cada
fato argumentado pelo autor. No entanto a regra que proíbe a negativa genérica, ou seja,
aquela em que o réu afirma que “os fatos alegados pelo autor não são verdadeiros” não se
aplica aos defensores públicos, advogados dativos ou curador especial (art. 341, parágrafo
único, do CPC).
A regra da impugnação especificada também não se aplica aos fatos inadmissíveis de serem
confessados (art. 341, I e 392, CPC) e se a petição inicial vier desacompanhada de instrumento
essencial quando previsto (art. 341, II do CPC), estiverem em contradição com a defesa em seu
conjunto (art. 341, III do CPC), ou quando os fatos narrados forem inverossímeis ou quando
houver indício de conluio entre as partes para fins fraudulentos (hipótese em que não ficará
excluída a instrução probatória).

Entretanto, tirando as exceções descritas acima do art. 341, incisos e parágrafo único do CPC,
se não impugnados os fatos narrados pelo autor, em regra, eles se tornam incontroversos,
sobre eles não haverá necessidade de provas produzidas pelo autor (afirmação essa que deve
ser aplicada observando-se algumas limitações que a lei prevê).

Prazo (art. 335, I a III e §§ 1º ao 4º do CPC):

A regra para oferecimento de contestação é de 15 (quinze) dias. No entanto, o prazo será


contado em dobro nas seguintes hipóteses:

- Se o processo não for eletrônico, quando houver diferentes procuradores de escritórios de


advocacia distintos para os réus na mesma demanda (art. 229, CPC);

- Quando forem partes: defensor público (art. 186, CPC), quando a União, os Estados e o
Distrito Federal, municípios, autarquias ou fundações de direito público, (art.183, CPC), ou;

- Quando o Ministério Público for parte (art. 180, CPC)

O termo inicial do prazo varia conforme a causa comporte ou não audiência de conciliação ou
mediação:

Art. 335, I do CPC: começa a fluir da data da audiência de conciliação ou mediação (se não
houver acordo ou se uma das partes não comparecer)

Art. 335, II do CPC: se ambas as partes manifestarem desinteresse da data do protocolo do


pedido em que o réu formulou o pedido de cancelamento da audiência.

O termo inicial do prazo variará, também, dependendo da forma em que tiver sido citado o réu
nos termos do art. 231, I a VIII).

Hipóteses em que haja litisconsórcio passivo (art. 335, §1º).


Outra hipótese: o prazo pode começar a fluir da data em que o réu comparece
espontaneamente para alegar nulidade ou falta de citação, caso que fica suprida essa falta
nesta data (art. 239, § 1º do CPC).

RECONVENÇÃO

Conceito:

É uma nova ação do réu contra o autor, proposta de forma incidental, no mesmo processo
instaurado pelo autor, por razões de economia processual e harmonia de julgamentos.

Não substitui a defesa, que deve ser efetuada pela contestação. Independe dela, entretanto,
de acordo com o § 6º do art. 343, CPC, pode existir sem a contestação:

O réu pode propor reconvenção, independentemente de oferecer contestação.

Natureza:

A natureza da reconvenção é de ação autônoma, podendo continuar sem a a principal, ou seja,


se houver a extinção da ação principal, a reconvenção prossegue.

Por quem é proposta?

A reconvenção pode ser proposta por:

Réu (reconvinte) contra Autor (reconvindo)

Réu (reconvinte) + terceiro em litisconsórcio contra Autor (reconvindo)

Réu (reconvinte) contra Autor (reconvindo) + terceiro em litisconsórcio

Obs: Não pode o réu reconvir apenas contra terceiro.

Pressupostos;

Além dos requisitos da Petição Inicial, a reconvenção deve ter:

- é necessário que haja uma causa pendente com (pressupõe a existência de uma lide
pendente, a lide principal que deu início ao processo);
- identidade de partes (observar as possibilidades no ítem acima);

- observância do prazo de resposta (deve ser apresentada no momento de apresentar a


contestação);

- compatibilidade de procedimento (o procedimento da Reconvenção tem que ser compatível


com o da ação principal);

- competência do juízo (o juízo competente para a causa principal deve ser também
competente para a análise do pedido da Reconvenção);

- conexão (a Reconvenção tem que ser conexa com a ação principal);

- interesse processual (o efeito prático não é obtido apenas com a contestação, é preciso
reconvir)

- cabimento (cabível em procedimento comum, nos juizados especiais não há reconvenção,


mas pode pedido contraposto que é mais simples, limitado aos fatos da causa principal)

Perguntas:

Contestação

O que é Contestação?

Quais as duas categorias de defesa existentes que podem ser empregadas na contestação?
Explique cada uma.

Como se subdividem as defesas processuais?

Em que momento o réu terá o ônus de alegar as defesas processuais?

Conceitue defesas dilatórias e as peremptórias? Exemplifique-as.

Quais defesas o juiz não pode conhecer de ofício?

Quais os pressupostos da contestação?

Qual o prazo para oferecimento de contestação e quando começa a fluir esse prazo? Descreva
com todas as variações que influenciem no termo inicial.

Em quais hipóteses o prazo para contestação será contado em dobro?

Para réus distintos na mesma demanda, quando têm procuradores diferentes (ou de
diferentes escritórios de advocacia), o prazo para cada um contestar será também de 15 dias?
Ainda, considerando a situação acima: réus distintos na mesma demanda com procuradores
ou escritórios diferentes, como será contado o prazo para contestação se o processo for
eletrônico?

Conforme a causa comporte ou não audiência de conciliação ou mediação como fica o termo
inicial do prazo para contestar? Explique.

Quando começa a fluir o prazo para oferecimento de contestação na situação em que o réu
comparece espontaneamente para alegar nulidade ou falta de citação?

Dependendo da forma em que o réu tiver sido citado, o termo inicial do prazo variará nos
termos do art. 231, I a VIII. Quando começa a fluir o prazo para oferecimento de contestação
em cada situação prevista?

No que consiste o princípio da concentração?

O que é preclusão consumativa?

O réu poderá deduzir novas alegações depois de contestar? explique.

A defesa do réu pode ser feita em etapas? Pode o réu elaborar duas ou mais contestações?

O que significa o princípio da eventualidade?

Do que se trata o ônus da impugnação especificada?

A quem a regra da impugnação especificada não se aplica?

A regra da impugnação especificada também não se aplica em quais situações?

Reconvenção

O que é reconvenção?

Quem é o autor e o réu da reconvenção? Denomine corretamente.

A reconvenção pode ser proposta por quem contra quem? Use as designações.

Havendo um terceiro poderá o réu reconvir apenas contra este?

Quais os pressupostos da reconvenção?

Caso o réu resolva contestar e reconvir, como deve elaborar sua resposta ao autor? em peças
distintas (apartadas uma da outra) ou na mesma peça? Explique.
Existe autonomia entre uma e outra (entre contestação e reconvenção)? (se precisa de existir
contestação para que haja reconvenção e vice-versa).

Se houver a extinção da ação principal a reconvenção também extingue ou prossegue?

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