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Resumo para a frequência de Organização Judiciária

 Noção de Direito Processual Civil


O Supremo Tribunal de Justiça define processo como uma organização normativa de
atos, cuja essência é a constituição do caminho global tendente á solução de diferendos
e ao respeito pelos valores e interesses legítimos. Portanto, o direito processual civil é
um ramo de direito integrado pelas regras jurídicas que regulam o processo civil.
Desta forma, o direito processual civil constitui um ramo de direito público, desde logo
porque regula o exercício da função jurisdicional pelos tribunais e estabelece as
condições em que são vinculativas as decisões proferidas em juízo. No entanto, tem
também natureza instrumental, pois também está ao serviço do direito privado, em
termos de assegurar a sua aplicação concreta á realidade e ao quotidiano.
Dito por outras palavras, para que serve o Processo Civil? Para resolver conflitos de
interesses, para pacificar litígios, para que estes sejam resolvidos de uma forma aceite
pelos dirimentes.

 Princípios processuais fundamentais

 Princípio da autodefesa
Como sabemos, ao direito contrapõe-se sempre um dever, e quando esse dever não é
cumprido, a situação de incumprimento tem de ser regulada, sempre que o titular do no
direito pretenda reagir, não se conformando com esse quadro. Nesta medida, o principio
da autodefesa encontra-se presente no art.1º do CPC, e este principio é entendido como
a justiça pelas próprias mãos, no entanto o art.1º proíbe, afirmando que “a ninguém é
licito o recurso á força com o fim de realizar ou assegurar o próprio direito”, ou seja,
será necessário fornecer ao titular do direito meios que se mostrem adequados á
reintegração desse seu direito. Tais meios passam pelo recurso aos tribunais.
 Princípio de acesso ao Direito e aos Tribunais
No art.2º do CPC, temos a garantia do acesso aos tribunais, e este artigo assegura no seu
nº1 que todos temos “o direito de obter, em prazo razoável, uma decisão judicial que
aprecie, com força de caso julgado, a pretensão regularmente deduzida em juízo, bem
como a possibilidade de a fazer executar. No entanto, os tribunais não podem resolver o
conflito de interesses sem que a ação seja proposta por uma das partes e a outra parte
seja chamada para deduzir oposição (art.2º\3 do CPC).
Portanto, todos têm o direito de acesso aos tribunais, sendo que a quem instaura a ação é
designado de autor, sendo o réu aquele contra quem a ação é intentada (o réu pode
defender-se através da apresentação da contestação). Para propor uma ação em tribunal
é necessário cumprir com certos requisitos e pressupostos técnicos, satisfeitos tais
requisitos a ação irá seguir uma determinada tramitação e haverá de culminar numa
decisão (chamada sentença) que apreciará a pretensão em causa.
Importa referir que o recurso aos tribunais pode ser feito:
 Na vertente do exercício de um direito de crédito (ação declarativa)
 Quando se pretende o reconhecimento de um direito absoluto (ação declarativa)
 Para o exercício de certos direitos potestativos (ação declarativa)
 Para pôr fim a uma situação de incerteza acerca da existência de um direito ou de
um facto (ação declarativa)
 Para reconhecer e declarar um direito, mas através de meios coercivos,
assegurando a realização efetiva da prestação devida (ação executiva)
 Quando se coloca a necessidade de requerer o decretamento de medidas judiciais
provisórias, para isso existem os procedimentos cautelares, sendo partes o
requerente e o requerido.

 Princípio do Pedido
Presente no artigo nº3 do CPC, e significa que uma parte tem o ónus de impulso
processual, isto é, o Tribunal não pode oficiosamente iniciar o processo civil, sem que
uma das partes coloque o pedido.
Esta regra é oposta no processo penal pois a ação é desencadeada pelo Ministério
Público quando tem indícios da violação de direitos de uma comunidade.
No processo civil isto não acontece, pois neste caso o ofendido tem de fazer queixa, ou
dito por outras palavras tem que apresentar um pedido.
 Princípio contraditório
É entendido como a possibilidade dada às partes de puderem pronunciar-se sobre
qualquer ato processual. Nenhuma decisão é tomada no processo sem que o juiz garanta
que as partes tiveram a oportunidade de contraditar as alegacões da contraparte.
O tribunal só tem que garantir a oportunidade (ex.: só tem que garantir a citação para
que o réu possa contestar). Não garante que ele o vá efetivamente fazer.
Dito de outra forma, o princípio do contraditório é o principio segundo o qual, antes do
tribunal se pronunciar na sentença sobre o pedido apresentado e formulado pelo autor, o
réu tem o direito de se pronunciar e defender-se das alegações do autor. (art.3º\3 do
CPC).

 Nota:

Se o Juiz não cumprir este princípio incorre numa violação grosseira.


Se o juiz por exemplo já tem uma convicção sobre as alegações do réu tem que
convocar uma audiência prévia para apresentar essa mesma convicção = dar
oportunidade de o autor reclamar e provar o contrário, isto é, o juiz reúne-se com as
partes para informar sobre a sentença, evitando assim decisões surpresas.

 Exceções ao Principio Contraditório:

O juiz pode decidir sem ouvir a parte contrária: no caso por exemplo, do arresto.
Imaginando que, o patrão está a dever dinheiro aos funcionários, e a sua esposa, no
mercado, menciona que vai sair do país e vender propriedades. As pessoas que se
encontram no mercado contam aos trabalhadores e perante a história vai até o
advogado. Mas o trabalhador começa a pensar: se o patrão vai vender as
propriedades e se a decisão do Tribunal é tomada daqui a algum tempo a favor dos
funcionários, como irão receber se ele não tem bens? Rapidamente teria que intentar
uma providência cautelar de arresto. Desde que convença o juiz da história, ele
decreta o arresto dos bens do patrão para que não possa vender. Se já o tiver feito
atenta uma ação contra os compradores por venda de má-fé.
 Princípio da Igualdade de Armas
Presente no artigo 4º do CPC, significando que ambos os pólos da relação processual
são tratados de forma igual, ou seja, com as mesmas oportunidades.
Assim, as partes devem ser tratadas pela lei processual na medida em que podem
exercer o mesmo conjunto de faculdades processuais e simultaneamente submeter-se
aos mesmos deveres processuais.
Por exemplo, ambas as partes entregam fora de prazo documentos, a multa aplicada a
ambas pela apresentação tardia de documentos deverá ser igual se a conduta de cada
uma delas for essencialmente similar e se a condição económica das partes não
justificar tratamento diferenciado. Desta forma, é fundamental que o tribunal trate as
partes em termos de corrigir eventuais desigualdades e em termos de evitar a criação
de desigualdades.

 Princípio Dispositivo
Presente no artigo 5º, nº1 que nos diz que cabe às partes alegar os factos que
constituem o pedido e ao réu contrapor esses fatos com os da sua versão.
A causa do pedido é uma parte do objeto. São as ocorrências da vida real que
sustentam o efeito jurídico que o autor pretende obter com o exercício do direito da
ação/ do exercício da ação. São os factos que alicerçam os efeitos jurídicos que o réu
pode querer usar em Tribunal.
Por exemplo: alguém quer o divórcio, essa pessoa tem de alegar razões, isto é,
situações de conceitos jurídicos (dever de fidelidade; dever de respeito). É relatado
no documento a opinião das testemunhas pelo que, não se pode narrar com termos
jurídicos mas factos jurídicos que serão usados como prova. O que é o pedido? São
os efeitos jurídicos que o autor pretende obter através da decisão judicial/ ação
judicial. Neste caso, o divórcio teria um efeito jurídico extintivo (termina com a
relação dos sujeitos). Os efeitos jurídicos podem ser:
o Condenatório: efeito possível de obter em Tribunal, isto é, pode-se requerer
em Tribunal a condenação de uma pessoa a pagar uma indemnização a outro.
Portanto, é um dever de prestar um facto relacionado, na maioria dos casos, com o
património.
o Efeitos de Declaração: pedir em Tribunal para que declare que um não deve
nada a outro.
o Constitutivo/ Modificativo/ Extintivo: pede-se a modificação/ extinção de
uma relação que por mero efeito da sentença altera-se.
Nota: não é o juiz que tem de descobrir os factos jurídicos, é o autor ou o réu
quando é feito o pedido. Os factos são aqueles que olhando para a previsão da
norma, retira os seus determinados efeitos da estatuição. Assim, tem que alegar os
factos para se obter os efeitos. Por exemplo, a ação de despejo. O senhorio quer
retirar o seu inquilino da casa, que paga sempre a tempo, pois quer habitar na
casa. A solução seria esperar que o contrato terminasse mas geralmente, o
contrato de arrendamento pode durar até à morte do inquilino. Assim, o senhorio
pode denunciar o contrato para habitação própria desde que mostre a sua
necessidade, não tenha casa própria ou arrendada no mesmo Concelho. Se não
alegar um conjunto destes factos, não pode denunciar o contrato.
O Réu também tem que se defender e defende-se por impugnação (dizendo que é
mentira, falso, descrevendo a sua versão e alegando exceções que são meios de
defesa, isto é, circunstâncias extintivas, modificativas ou impeditivas). Portanto,
os efeitos essenciais são a divergência e o que se pretendia.

 Princípio Inquisitório
Artigo 411º: incube ao juiz realizar todas as diligências para apurar a verdade e tem o
poder para seguir a sequência desses atos. É portanto um princípio contrário ao do
dispositivo.
O Juiz tem o princípio da descoberta (da verdade material), tendo autonomia para
ordenar diligências com vista a descobrir a verdade do objeto que lhe foi dado ou
conformado pelas partes, ou seja o juiz tem o poder e direção do processo.
Nas manifestações do Inquisitório, nenhuma das partes pede uma prova pericial, o
juiz tem essa legitimidade para pedir a prova pericial, isto é, não foi pedido ao juiz
que verificasse os factos se são verdade ou não, mas tem a faculdade de ir
verificar/confirmar, de sua livre vontade (ir ele ao local, ou mandar alguém em seu
lugar).
 Princípio da Cooperação
Artigo 7ºdo CPC, este princípio serve para descobrir a verdade material, para descobrir
qual das partes está a dizer a verdade, as partes têm que cooperar com o tribunal e vice-
versa como?
 Fornecendo os documentos relevantes e outras informações relevantes
 Comparecendo aos interrogatórios

Não é um princípio Inter processual, isto é, também pode atingir pessoas que não estão
no processo, podem ser chamadas a cooperar, ou seja, um terceiro também tem o dever
de cooperar se for convocado para apurar a verdade.
Por exemplo: numa ação de partilha (divorcio), um dos ex. cônjuges está no meio da
partilha mas devido à falta de informações bancárias não se sabe o que é de quem. O
banco, que é terceiro, tem o dever de cooperar e fornecer essas informações, não
podendo alegar sigilo. Assim, um dos ex. cônjuges não pode transferir dinheiro para
terceiros. Se o Banco não cooperar é multado por impedir a descoberta da verdade.

 Princípio do direito à prova


As partes têm o direito de usar todos os meios de prova disponíveis para demonstrar os
factos que narram, exceto se o juiz as considerar dilatórias ou impertinentes. Portanto, o
direito à prova não pode violar o núcleo essencial de certos direitos fundamentais de
terceiros que não são partes.

Como por exemplo, o autor apresenta cópia de uns emails, que tirou do computador do
cônjuge para meio de prova.
Como o direito de propriedade é um direito fundamental, mas não é um direito absoluto,
é valida a prova devido ao dever de respeitar a fidelidade.
 Princípio da livre apreciação de prova
Presente no artigo 607º nº5.

No princípio da livre apreciação de prova, as provas são apreciadas livremente pelo juiz.
O juiz forma a sua convicção sob a realidade dos factos não tabelados, não está
vinculado e não pode ficar vinculado sob uma prova, ou seja o juiz pode decidir à luz de
qualquer prova apresentada. Só que há factos, que só podem ser provadas por
documentos como:
 Direito real de gozo
 Direito real de garantia
 Direito real de propriedade.

 Princípio da Oralidade

É uma fase muito importante, para a fase processual de prova, isto porque o juiz vai
ouvir os depoimentos das testemunhas, do autor, do réu de forma oral, onde consegue
detetar pelos sinais físicos se estão nervosos, a mentir, aflitos etc… Portanto, quer o
conteúdo das perguntas quer o conteúdo das respostas não pode ser reduzido a escrito.
O oficial de justiça não regista os depoimentos, isto é, não há agora redução a escrito
dos julgamentos, o oficial de justiça só está a tirar apontamentos para no fim da
audiência fazer a ata.
 Classificação de direitos
No processo civil conseguimos distinguir dois tipos de direitos:
 Direitos subjetivos - poder ou faculdade de exigir ou pretender de alguém um
determinado comportamento positivo. Divide-se em dois outros direitos:
o Direito Potestativo- poder ou faculdade de por ato de livre vontade, só
de per si ou integrado por uma decisão judicial, produzir efeitos jurídicos
que se impões à contraparte.
o Direito Subjetivo em Sentido Estrito - poder ou faculdade, que a
ordem jurídica reconhece a uma pessoa, de exigir ou pretender de outra,
determinado comportamento negativo ou positivo.
 Direitos Objetivos- direitos que integram a esfera jurídica do cidadão. Por
exemplo, os direitos parentais, isto é, o poder e dever. Como direitos objetivos
temos:
o Interesses individuais homogéneos- imaginando que, um medicamento
causa efeitos agressivos nos doentes. Uma ou duas pessoas podem intentar
uma ação popular contra a marca, pois afetou todas as pessoas que
compraram esse medicamento.
o Interesses difusos- são de todos e não são de ninguém e podem ser litigados
em Tribunal. Por exemplo: vou num túnel e encontro num sítio ainda por
explodir desenhos históricos muito antigos. Posso intimar uma ação popular
para que interrompam as obras e possam resguardar o património histórico.
Só podem propor ações as pessoas com interesse direto.
 Espécies de Ações
As ações podem ser classificadas quanto ao objeto, e neste contexto temos as ações
declarativas e as ações executivas (artigo 10º do código do processo civil). No entanto,
em organização judiciária as ações são sempre declarativas.

Assim, nas ações declarativas aquilo que o autor pretende é que o tribunal profira uma
declaração final de direito, isto é, uma sentença que ponha cobro ao conflito que o
separa do réu e que, dessa forma, componha definitivamente tal litígio. A ação
declarativa pode ser:

 Ação declarativa de condenação: presente no art.10º\2 alínea b) do código do


processo civil, que nos diz que as de condenação têm por fim “exigir a prestação
de uma coisa ou de um facto, pressupondo ou prevendo a violação de um direito
“, ou seja, estas ações destinam-se a exigir a prestação de uma coisa ou de um
facto, prevendo ou supondo a violação de um direito. São ações inerentes ao
Direito Subjetivo em sentido estrito: poder ou faculdade, que a ordem jurídica
reconhece a uma pessoa, de exigir ou pretender de outra, determinado
comportamento negativo ou positivo.

 Ação declarativa de simples apreciação: visam obter unicamente a declaração


da existência ou inexistência de um direito ou de um facto, conforme estabelece
a alínea a) do nº3 do artigo 10º do código do processo civil, sendo de simples
apreciação positiva as primeiras e de simples apreciação negativa as segundas.
Portanto, nas de simples apreciação, o autor apenas solicita que o tribunal
aprecie essa situação de incerteza jurídica e ponha cobro a tal insegurança,
declarando se determinado direito ou facto existe ou não, conforme o que se
peticionou.

 Ação declarativa constitutiva: visam autorizar uma mudança na ordem jurídica


existente, conforme estabelece o artigo 10º\2 alínea c). Estas ação são inerentes
ao Direito Potestativo: poder ou faculdade de por ato de livre vontade, só de per
si ou integrado por uma decisão judicial, produzir efeitos jurídicos que se
impões à contraparte. Estas ações podem ser:

 Constitutivas- constituição de uma nova situação jurídica. Exemplo


(servidão de passagem , ação de preferência)

 Modificativas- modificação de uma situação jurídica preexistente.


Exemplo (art 830º CC e 1410º)

 Extintivas- extinção de uma situação jurídica preexistente. Exemplo


(divórcio)
Portanto,

Ações executivas

Condenatória

Negativa

Declarativa Simples apreciação

Positiva

Constitutiva Constitutiva
Modificativa
Extintiva

 Procedimentos cautelares

Presente no Artigo 362º e seguintes do código do processo civil.


Porque não se chama ações? Afinal os procedimentos cautelares não deixam de ser
sequências cautelares, começam por iniciativa do requerente e terminam com a decisão.
Alguns destes procedimentos visam a antecipação da tutela, e não só a cautelação. Há
uma coisa em comum a todos os procedimentos que os distingue das ações: a tendencial
instrumentalidade e dependência do procedimento cautelar relativamente á ação, por
exemplo alguém acha que é credor de outra pessoa entretanto suspeita que o devedor
está a fazer preparativos para a venda dos seus bens, o que o credor poderá fazer? Pode
pedir ao tribunal que este apreenda os bens do devedor (chamado arresto), assim o
devedor não pode dispor dos bens. Este procedimento judicial visou permitir que caso
aquela dívida venha a ser reconhecido em Tribunal e o devedor condenado a pagar ao
credor, haja bens suficientes para serem vendidos para fazer face á dívida.
A noção de procedimento cautelar encontra-se no art.362º\1 do código do processo
civil.

 Requisitos para poder ser decretada uma providência cautelar


 Fumus boni iuris: art.368º\1 do CPC, significa fumo do bom direito, é preciso
convencer o juiz de que existe a probabilidade de o requerente possuir o direito, ou
seja, o requerente tem que demonstrar a forte possibilidade de ser titular do direito.
 Periculum in mora: significa perigo na demora da resolução. A providência
deverá ser decretada porque caso não seja na situação concreta mesmo que o autor
ganhe a ação esse ganho nunca será vantajoso. Por exemplo, no arresto, o juiz deve
ficar convencido de que senão decretar a providência cautelar o autor quando ganhar
não será vantajoso porque os bens do devedor já foram despachados.

 Procedimento Cautelar pode ser:


 Procedimento Cautelar Comum (caso regra): presente no art. 362º do CPC, ocorrem
quando a resolução em processo normal, devido ao tempo que levaria, faria com que o
direito desaparecesse, isto é, devido á demora não permitiria que o interesse do titular do
direito fosse cumprido. Para evitar ou reduzir este risco, existem procedimentos cautelares
que visam que o tribunal, ainda que não observadas determinadas regras processuais, decida
de forma rápida para assegurar a efetividade do direito ameaçado.
Estes procedimentos podem ser:
o Conservatórios: visam apenas conservar uma situação para que o direito não seja
alterado, ou seja quer conservar uma situação jurídica, para impedir que os bens
sejam vendidos (proibir uma venda), e só depois vão disputar em tribunal, como por
exemplo: arresto, arrolamento Ou seja, permitem manter a situação tal como se
encontra no momento atual.
o Antecipatórios: visam antecipar uma situação, ou seja, visa antecipar um efeito
jurídico, que só poderíamos ganhar no final da ação principal, o que queríamos na
ação principal, é a mesma que na providência, só que na providência temos logo o
resultado que teríamos no final da ação principal. Ou seja, evita que determinado
comportamento ativo ou passivo ponha em causa o direito.
 Procedimento Cautelar Especificado (recorre-se primeiro, se não couber aqui a situação
vai-se ao comum) : São procedimentos específicos para situações concretas, temos que
verificar se o nosso caso é específico, se for a lei obriga a conduzir-nos pelas regras
especiais. Assim, quais são os procedimentos cautelares na lei, nominados de
específicos do CPC: art. 377º; 380º; 384º; 388º; 391º; 397º; 403º (Procedimentos
Cautelares Especiais)
Quando a situação real se subsumir num destes especiais, usam-se estes (especiais).
Se não, usam-se os procedimentos cautelares comuns.

 Inversão do Contencioso (artigo 369º)


O novo CPC inverteu o contencioso, isto é, há agora situações em que é o requerido
na providência cautelar quem tem que propor a ação principal. Deixa de ser o ónus
do autor e passa a ser o ónus do réu (364º - contraditório nos procedimentos
cautelares) e ver 368º.

A inversão do contencioso, é a mais profunda alteração em matéria de procedimentos


cautelares é, sem dúvida, a introdução do mecanismo de inversão do contencioso,
nos termos do qual o juiz da providência cautelar terá a possibilidade de a pedido do
Requerente, deduzido até ao encerramento da audiência final decidir, a “título
definitivo”, sobre a existência do direito acautelado, ficando o Requerente
dispensado da instauração da correspondente ação principal.
A inversão do contencioso deverá ser ordenada se a matéria adquirida no
procedimento permitir ao juiz formar convicção segura sobre a existência do direito
acautelado e a natureza da providência for adequada a realizar a composição
definitiva do litígio (o que não sucede nas providências cautelares de arresto e
arrolamento, razão pela qual a inversão está afastada nestes casos).
Se o pedido de inversão do contencioso for indeferido, a decisão não é recorrível. Já
se este for consentido, a decisão só é impugnável com a impugnação da decisão da
providência cautelar.
Com o pedido de inversão do contencioso interrompe o prazo de caducidade a que
estiver sujeito o direito acautelado, reiniciando-se a sua contagem com o trânsito em
julgado da decisão que negue o pedido de inversão do contencioso.
Decidida a providência cautelar com inversão do contencioso, pode o Requerido
impugnar sem prejuízo das regras sobre a distribuição do ónus da prova a existência
do direito acautelado através de ação a instaurar nos 30 dias subsequentes à
notificação do trânsito em julgado daquela decisão, sendo que, caso não o faça, a
providência consolida-se como composição definitiva do litígio, podendo ser
executada.
Caso a ação revogatória da inversão do contencioso proceda e a respetiva decisão
transite em julgado, a providência cautelar caduca.
 Pressupostos da Inversão do Contencioso (artigo 369º):
Tem de ser requerido pelo requerente (Princípio do Dispositivo). Só ele tem legitimidade.
- Limite temporal pode ser requerido até ao encerramento da audiência final. Tem que ser
pedido a tempo por ser admitida processualmente. Tudo tem que acontecer antes que seja
vinculado o Direito do Requerente.
- Limite material tem de haver uma convicção segura da existência do Direito por parte do
Juíz.
NOTA: o Juíz não pode permitir que durante a audiência se acrescentem meios de prova
para que no fim possa saber se existe o Direito para inverter o contencioso. Tem que
conhecer os meios de prova.

A natureza da providência tem que ser adequada à que se peça algo definitivamente. Passa o
ónus da confirmação do procedimento cautelar do requerente para o requerido, por exemplo: A
pede uma providência cautelar contra B. A tem de depois por ação principal senão a providência
cautelar caduca. Invertido o contencioso B tem de propor a acção principal senão a providência
cautelar fica permanente (371º/1).
A passa a ser réu e B quer que o Juíz declare que A não tem o direito e B não tem a obrigação.
B pede uma declaração negativa (369º/3 – caducidade).

 Trânsito em julgado
A decisão não é suscetível de recurso (artigo 370º e 371º). A negação feita pelo juíz da inversão
do contencioso não possui recurso. Caso contrário o autor que agora é réu pode recorrer.
Na inversão do contencioso desaparece provisoriedade e a instrumentalidade da providência
cautelar (autor tem de pedir ação). Quando inverte o contencioso há recurso. Quando não
inverte não há recurso.

 Pressupostos Processuais

A instância é uma situação jurídico-processual, através da qual se estabelece a relação


triangular entre as partes e o tribunal durante a pendência da causa.
Uma vez formada a instância, ela pode conduzir o tribunal a conhecer do mérito da
causa, faz-se com a verificação de certas condições de admissibilidade, como os
pressupostos processuais.
Quando se instaura uma ação em juízo, aquilo que se espera, antes de mais, é que a
questão seja objeto de uma sentença que aprecie materialmente a pretensão deduzida e
ponha cobro ao litígio subjacente à ação.

Pressupostos Processuais VS Condições da Ação


Verificados os Pressupostos Processuais só depois é que condicionam o julgamento.
Dão a conhecer o mérito da causa ao juíz, têm que estar todos preenchidos
cumulativamente.

Competência dos Tribunais


Há consequências para o não cumprimento de cada uma delas. Quando uma não se
verificar pode ser de conhecimento oficioso ou invocado pelas partes. A lei diz que
além de quem pode suscitar o não cumprimento dos Pressupostos Processuais tem que
se ver até quanto se pode suscitar o incumprimento dos pressupostos, isto é, ver se há
solução, se é possível suprir o vício.
A competência dos Tribunais é referida em primeira mão por regra. O poder
jurisdicional está por vários Tribunais: Jurisdição Civil; Administração Fiscal;
Constitucional; de contas.
Jurisdição significa poder de julgar/apreciar os conflitos de interesses que são atribuídos
ao conjunto de Tribunais do Estado.
Competência: fração do poder maior que é jurisdição.
Tem-se que ver qual é a parcela da função jurisdicional que é competente para resolver
o conflito de interesses. Ver qual é o Tribunal competente consoante os critérios da lei.
Há em certos casos a faculdade das partes escolher a fração jurisdicional, mas essa
faculdade resulta da lei.

Competência Internacional VS Competência Interna


Há conflitos internos cuja ordem jurisdicional competente é o estrangeiro (nos casos
práticos é sempre em Portugal que se resolve). Se houver ligação com o estrangeiro
tem-se de verificar quais as fontes que resolveram conflitos.
 Regulamento da Comunidade Europeia: se o litígio for com um francês tem de ser
com países que reconhecem a força deste regulamento.
 Código do Processo Civil (artigo 62º al)c ): país que está em competição connosco
e não está vinculado à comunidade europeia.
 Diz qual a jurisdição competente. Dá a resposta.

Conflitos de Competência:
Positivos: 109º e ss do CPC
Negativos: 62º lei - organização dos serviços judiciais

Competência Internacional dos Tratados Portugueses nas ações declarativas


(62º CPC e/ou Regulamento da União Europeia nº44/2011
Nos tratados portugueses: o réu reside de fora da União Europeia. Vemos aqui a
resposta: se o Tratado Português é internacionalmente competente.
No Regulamento da União Europeia: réu tem residência num dos Estados membros da
União Europeia ou se for uma das situações de competência exclusiva (22º
Regulamento 44/2011).
A competência internacional põe-se em causa quando o litigo apresentado ao juiz tem
elementos que o ligam a outros ordenamentos jurídicos. Quando o litígio é todo ele
internacional não há que falar em competência internacional. A nacionalidade das partes
não suscita problemas de competências. Quando uma Pessoa Coletiva tem sede em
Portugal essa sociedade tem nacionalidade portuguesa.

 Competência Internacional
Uma questão litigiosa pode estar em contacto com mais do que uma ordem jurídica,
caso em que se torna necessário determinar os limites da competência internacional dos
tribunais de cada um dos Estados. Assim, é necessário determinar se os próprios
tribunais portugueses têm competência internacional em face dos estrangeiros. Portanto,
o primeiro passo consiste em fixar a competência internacional dos tribunais
portugueses. Se tal competência se verificar, o passo seguinte é apurar o tribunal
internamente competente. No entanto, para que Portugal tenha competência
internacional é necessário que TODOS os tribunais portugueses tenham essa
competência internacional. Assim para se verificar a competência internacional:
1. Art. 59º (os tribunais portugueses têm competência internacional quando se
verifica os elementos do art.62º e 63º, ou quando as partes atribuem essa
competência art.94º)
2. Art.62º refere três critérios através dos quais os tribunais portugueses gozam de
competência internacional, sendo que basta a verificação de um dos critérios
para que haja tal competência.
a) Princípio da coincidência, verificar art.70º
b) Princípio da causalidade
c) Princípio da necessidade
3. Art.63º temos a competência exclusiva dos tribunais portugueses, o que significa
que todas as situações aqui previstas têm que ser propostas em tribunais
portugueses.
4. Art.94º em conformidade com o princípio da consensualidade ou vontade das
partes, admite-se que as partes atribuam aos tribunais portugueses competência
internacional para determinadas matérias (pacto atributivo de jurisdição) ou as
vontades os privem dessa competência (pacto privativo de jurisdição).

 Competência Interna dos Tribunais Judiciais


Pressupostos processuais do tribunal
Em razão de:

 Hierarquia (saber para que tribunal vai em concreto)

 Matéria (saber se vai para um tribunal especializado ou genérico)

 Valor (aqui verificamos se vai para instancia central ou local)

 Território (saber qual a cidade para onde vai o processo)

 Hierarquia

A ordem de jurisdição constituída pelos tribunais judiciais é dotada de uma hierarquia


de tribunais, na qual temos como pirâmide judiciária: os tribunais judiciais de 1ª
instância, os Tribunais da Relação (tribunais judiciais de 2ª instância) e o Supremo
Tribunal de Justiça
Deste pressuposto processual resulta a ideia segundo a qual as ações devem ser
propostas nos tribunais de 1ª instância, independentemente do valor económico
atribuído pela lei, desfrutam de plenitude de jurisdição em matéria cível e criminal ,
independentemente do valor da causa

Basicamente vai sempre para os tribunais da 1ª instância, só que temos que justificar
isso. Assim, verificamos o art 67º CPC. Vamos de seguida ao art 73º da LOSJ e vemos
se nesses termos está excluído (muito provavelmente estará) e dizemos que não é da
competência dos tribunais de Relação

De seguida vemos também o 55º da LOSJ e tal como no ponto anterior, também não
deverá ser da competência neste caso do Supremo Tribunal de Justiça

Desta forma, regressamos ao art 67º e dizemos que vigora o Principio de plenitude de
Jurisdição

 Matéria

Em razão da matéria por norma terá de ser proposta nos tribunais judiciais (art 64º CPC)
pois são da competência destes tribunais as causas que não sejam atribuídas a outra
ordem jurisdicional (tribunal de contas, administrativo/fiscal e constitucional)

Deste modo, e num primeiro plano, a competência em razão da matéria distingue os


tribunais judiciais relativamente aos tribunais de outras ordens de jurisdição em função
da especialização das matérias em causa, tal como foram peticionadas pelo autor, no
julgamento dos conflitos de interesses sobre os diferentes objetos processuais

Verificamos o art 65º para descartar a ideia de tribunais e secções de competência


especializada, assim temos que remeter para o art 111º e ss da LOSJ, e verificar-se-á
que é da competência de algum destes, provavelmente não será, como tal:

 O art 40º nº1 LOSJ determina que as causas que não sejam da competência de
outra ordem de jurisdição são da competência dos tribunais judiciais.

Assim , a competência será de um tribunal judicial de primeira instância (art 79º e ss da


LOSJ)

É nesta fase que verificamos que se trata de uma Comarca , e verificamos também o art
81 nº2 , e será Cível (alínea a) se não for matéria das alíneas seguintes ( b,c,d,e,f, g).

 Valor

Em razão de valor tem de ser atribuído um valor à causa (art 296 nº1 CPC) e ss

Importa averiguarmos quantos pedidos temos e que tipo são , ou seja ,ver o art 297 e ver
o que se pretende em concreto no caso prático, se uma quantia certa em dinheiro, se um
beneficio diverso , se uma reconstituição natural (art 297 nº1 2ª parte), etc
É importante analisar bem o tipo de pedidos , e situa-lo de acordo com este referido
artigo , e com o art 298º que confere os critérios especiais

Posto isto, o valor da causa pode determinar o tribunal em que a ação deve ser
instaurada (art 41 LOSJ). Assim sabemos se será instaurada numa instância central ou
loca. Isto é:

 Superior a 50.000,00euros- instancia central (art 117 nº1 al a) LOSJ

 Inferior a 50.000,00euros-instancia local (art130 LOSJ)

 Território

Art 70º e ss CPC

No domicilio do réu- Quando a ação é destinada a exigir o cumprimento de obrigações,


a indemnização pelo não cumprimento ou pelo cumprimento defeituoso e a resolução do
contrato por falta de cumprimento podendo o credor optar pelo tribunal (art 71º)

Quando se trata de um bem imóvel , será na cidade onde se situa esse imóvel (art 70º)

Se tivermos presente vários imoveis , será na cidade onde estiver o imóvel de maior
valor (art 70º nº3)

 Pressuposto processual relacionado com as


partes

Personalidade Judiciária
As partes têm de ter personalidade judiciária (artigo 11º CPC). Para haver personalidade
judiciária tem de haver personalidade jurídica (nº2), pois através da personalidade
jurídica distingue-se pessoas (para o direito) de coisas.
A personalidade judiciária consiste na possibilidade de requerer ou de contra si ser
requerida qualquer das providências de tutela jurisdicional reconhecidas na lei.
Conforme estabelece no artigo 66º nº1 do CC, a personalidade jurídica adquire-se no
momento do nascimento completo e com vida. Adquirida a personalidade jurídica, a
pessoa passa a ter personalidade judiciária, isto é, passa a ter capacidade civil de gozo
de direito, que qualquer pessoa, maior ou menor, capaz ou incapaz pode ser parte numa
causa.
Dito de outra forma, numa ação temos que ter duas partes (polo ativo e polo passivo) –
alguém que pede e alguém contra quem é pedido.
Uma ação tem que ser sempre contra alguém, nem que seja contra um incerto, na
medida que uma ação nunca é proposta contra ninguém.
Estas pessoas têm que ter personalidade judiciária – art.º 11º/1 e consequentemente
personalidade jurídica.

Quem tem personalidade jurídica?


 Todos os seres humanos após o nascimento completo e com vida.
 Pessoa Coletiva depois do ato de Constituição (escritura pública).
 Sociedades Comerciais depois do registo na conservatória.

Quem não tem personalidade jurídica e pode ser parte? Exceções


Só pode ser parte, isto é, ter personalidade jurídica se estiver abrangido pelo 12º e 13º
(exemplo: condomínio, navios). A falta de personalidade judiciária gera a falta de parte:
absolvição do “réu” da instância. Processo termina com a falta de partes.

 Capacidade Jurídica (art. 15º)


A capacidade judiciária traduz-se na possibilidade de a parte, por si, tomar diversas
decisões relativas à lide, seja a de propor ou não propor a ação, a de contestar ou não
contestar a ação, a de desistir da instância ou do pedido, a de confessar o pedido e a de
conceder. Dada a repercussão destes atos, na esfera jurídica da parte, as respetivas
decisões implicam que a parte possa dispor da sua esfera jurídica, ou seja, que tenha
capacidade de exercício de direitos.

Todos podem conduzir o seu processo?


Não, porque há quem não pode, na medida em que existem pessoas que não têm
capacidade de exercício de direitos (art.15º nº2 parte final).

Quem tem capacidade de exercício de direitos?


 As pessoas maiores de 18 anos, (ou emancipados ou por via do 127º do CC fruto
do trabalho)
 Os inabilitados ou interditos as suas incapacidades têm que ser decretadas por
um juiz
 As pessoas com menos de 18 anos a sua incapacidade é sanável por via do artigo
27º nº1 cita-se os representantes legais, que segundo o artigo 27º nº2 podem
ratificar ou não (sanar ou não). Se os pais não forem citados ou nada fizerem
aplica-se o artigo 27º nº3. Senão ratificarem todos os atos processuais ficam sem
efeito.

Artigo 16º
Quando a pessoa não pode estar por si em juízo, a sua intervenção judicial deverá fazer-
se através de representante legal, nos termos do artigo 16º, assim ficando suprida a
incapacidade, sob pena de violação do pressuposto processual em análise.

Artigo 29º
Enquanto não vier a autorização suspendem-se as causas.

Artigo 29º nº2


Refere-se às consequências – falta de autorização é deliberada. O tribunal de família
pode suprir ou não o conflito discutido em tribunal.

Patrocínio Judiciário (art. 40º)


O pressuposto do patrocínio judiciário implica que, em determinadas ações, as partes
estejam representadas por um advogado. O advogado é um profissional forense que tem
a responsabilidade de conduzir técnica e processualmente a lide, em nome e em
representação do respetivo constituinte.
Pode definir-se o patrocínio judiciário como a assistência técnica e profissional que o
advogado presta à parte, tendo em vista uma adequada e correta condução processual de
ação.

Atende-se que o patrocínio judiciário só constitui um pressuposto processual quando é


obrigatório, ou seja, quando é imposto por lei, a que permite concluir pela existência de
causa em que as partes podem litigar por si.

Às vezes é um pressuposto processual e outras não, quando é? Quando for obrigatório,


quando a lei o exigir que a parte esteja assistida por um advogado e que as peças sejam
assinadas por este.

É preciso saber as que exigem e não exigem patrocínio judiciário:

 Artigo 40º a nossa norma, só aqui é que sabemos se e obrigatório ou não, se é


pressuposto processual ou não.
a) Que causas são? São ações superiores a 5 mil euros uma ação de condenação
de 5,000,01 é preciso advogado.
b) E nº2 e 3 do 629º, ações de despejo, valor de rendas x 30 meses, por obras
não autorizadas etc… o valor da ação é de 1500euros – num caso normal não
haveria recurso, mas neste caso é uma exceção, e tem que ser subscrita por
um advogado, porque e suscetível a recurso.
c) São as especiais, procuração forense – é a parte que atribuir a um advogado,
de este conduzir os interesses do cliente, procuração ao advogado só quando
for obrigatório.
O que gera? Se a falta, disser respeito ao autor é sanável, por via do artigo
48º nº2, o juiz convida a parte a colocar a procuração forense, irá ratificar ou
não o advogado, se a situação não for ratificada, é ineficaz pelo mandatário.

Consequência (art. 41º):


 Se a falta disser respeito ao autor
É Sanável, no prazo de dez dias absolve-se o reu da instância e não do pedido
 Se a falta disser respeito ao réu
Não é Sanável, no prazo de dez dias o réu não pode contestar mais.

Legitimidade Processual (art. 30º)


O autor para além de propor a ação no tribunal competente, tem que ser parte legítima
do processo, isto é, tem que ter interesse direto de demandar (quando dessa ação retirar
vantagens\utilidades económicas), e o reu interesse direto de contradizer (quando caso
perca a ação tem um prejuízo)

Perante um litígio são partes legitimas quem seja o titular da relação material em litígio.
A legitimidade processual traduz a posição da parte perante um litígio em termos dessa
parte ser um dos sujeitos dessa situação em litígio. Não é um mero observador, “está
metido ao barulho”.

O autor tem de relatar os factos de forma credível para que o juíz se convença (pela
petição) da legitimidade processual das partes.
No artigo 39º o legislador permite que se proponha uma ação contra vários réus (não se
sabe ao certo quem é o réu) – pluralidade das partes (art. 32º e ss).

Pluralidade das Partes


A Pluralidade das Partes pode assumir várias modalidades nomeadamente:
 Litis Consórcio (art. 32º e ss): o autor formula um pedido contra várias pessoas. O
pedido traduz uma única relação material contravertida. O pedido tem várias naturezas:
é passivo quando tem vários réus, ativo quando tem vários autores e misto quando tem
vários autores e vários réus. O Litis Consórcio pode ser ainda, voluntário (e é, por
regra) ou necessário (art. 33º: a ação tem de ser proposta contra vários réus ou por
vários autores. Assim, pode ser:
o Legal: quando a lei obriga a que haja a intervenção como partes várias pessoas e/ou
réus (art. 34º - cônjuges). A sentença só vincula as partes se a mulher não fosse parte
não vinculava a sentença sobre por um exemplo: um imóvel dela.
o Convencional: a pluralidade de partes é obrigatória porque as partes o
convencionaram num contrato que deu origem ao litígio.
o Natural: a pluralidade de partes é imposta pela natureza específica da relação
material controvertida (art. 33º/2). Para a sentença produzir efeitos a ação tem de
possuir pluralidade de partes, por exemplo: bem em copropriedade – a sentença tem
de vincular os dois e esta só produz efeitos para as partes.

Consequências da não verificação do pressuposto


É uma exceção dilatória (art. 577º/e); 578º; 261º/1 e 2; 38º; 316º).
Interesse processual: não está previsto expressamente na lei mas ocorre da tutela
jurisdicional efetiva. Só quem tem carência de tutela jurisdicional é que satisfaz estes
pressupostos. Quando o interesse do reu poder ser satisfeito sem tutela jurisdicional este
não tem interesse processual. Este pressuposto processual diz respeito ao autor, isto é,
diz respeito a uma parte ativa. Só pode propor uma ação quem tenha carência de tutela
jurisdicional, quem só satisfaz o seu interesse por Direito recorrendo aos Tribunais,
carência de tutela jurisdicional. Ter em atenção o art. 533º, nº4 – referente ao reflexo do
interesse processual.

 Meios alternativos de resolver litígios

 Mediação
 Conciliação
 Julgados de Paz (Lei 78\2001- pág.899)
 Tribunais Arbitrais (Lei 63\2011)

Mediação e Conciliação
Estes dois meios tentam aproximar as partes, não julgam.

Julgados de Paz
Não são tribunais da ordem judicial, nem administrativa, nem fiscal. São tribunais do
Estado, mas com uma organização própria.

Vantagem: a queixa pode fazer-se ao balcão. Há uma mediação que é proposta pelo
tribunal. É informal. Pode haver recusa da mediação, e vai para julgamento. O
funcionário ouve o problema e reduz a escrito caso não queira mediação.
Depois de formalizada a petição com a devida causa, o funcionário cita a outra parte
para apresentar a contestação.
Após a apresentação da contestação (art. 41º e ss – página 913 – ver também art. 47º)
teremos o autor como demandante e o réu como demandado, trata-se de uma
informalidade.
Quando as partes não querem mediação, o juiz marca a audiência de julgamento (art.
57º), isto é, há uma rapidez no processo. As provas, documentos podem ser
apresentadas na audiência (art. 59º). Depois dos meios de prova serem produzidos há a
valoração (juiz julga, “pensa no assunto”).
As decisões proferidas pelos Julgados de Paz são igualmente vinculativas mas se não
forem voluntariamente executadas vão ser executadas por um Tribunal Judicial. Os
Julgados de Paz não podem executar as decisões que proferem, para que não percam a
sua rapidez.
A maior parte das decisões são voluntariamente cumpridas.

Competência dos Julgados de Paz


A competência dos Julgados de Paz é exclusiva? As competências das matérias do art.
9º são optativas. Nos casos do art. 9º pode-se escolher Julgados de Paz ou Tribunais
Judiciais. O Supremo Tribunal de Justiça decidiu a competência alternativa destes
Tribunais. Não tiveram em conta o art. 64º do CPC. Na altura, havia Julgados de Paz e
não era aceitável que as pessoas fossem obrigadas a ir para longe. Pode haver recursos
para Tribunais Judiciais.
O art. 10º, 11º, 12º e 13º são referentes à competência territorial.

O art. 8º é para a competência em razão de valor.

Estas competências têm de se verificar comutativamente. Se o Julgado de Paz não for


competente há incompetência relativamente absoluta como nos Tribunais Judiciais.
 Tribunais Arbitrais (lei 63/2011)

Sentença vinculativa e com ação executiva nos Tribunais Judiciais. Os Tribunais têm
juízes imparciais, independentes e inamovíveis, Tribunal Privado que funciona como
qualquer outro.

A origem do poder judicial está no autor e no réu. São as litigantes que combinam
dirimir o conflito num Tribunal Arbitral – cláusula num contrato.

A arbitragem pode ser: ad hoc (Tribunal constitui-se só para aquele litigio) e Tribunais
Arbitrais Institucionais.

Ações de direitos de natureza não patrimonial, não podem ser objeto de julgamento num
Tribunal Arbitral.
Parte Prática
Caso Prático 1:
Manuel celebrou com Joaquim um contrato mútuo em que aquele lhe emprestou a
quantia de 10.000€ com a obrigação de ser restituída dois meses depois. No fim do
prazo, o Joaquim não devolveu a quantia mutuada e Manuel apercebendo-se que
Joaquim está a liquidar todo o seu património propõe o procedimento cautelar de
arresto para que todos os seus bens fiquem apreendidos ao Tribunal (391º e ss).
Face aos argumentos de Manuel, o Tribunal decretou o arresto e posteriormente
cita a Joaquim para que este conteste o procedimento.
Faça a determinação escrita, pronunciando-se acerca da validade processual da
decisão.
Num primeiro momento tem-se um contrato mutuo, real, oneroso e bilateral entre
Manuel e Joaquim. Face a falta de cumprimento de uma obrigação, Manuel, através do
princípio do pedido, propõe um procedimento cautelar de arresto (artigo 3º, nº1). No
mesmo momento deveria ser requerido o princípio contraditório (artigo 3º, nº1 parte
final), o que não aconteceu, pelo que se está perante uma vicissitude.
Houve um pedido para uma ação judicial e entretanto houve uma decisão judicial.
Joaquim é informado por Manuel para contestar, mas já não podia ser assim, visto que,
o princípio contraditório defende que, as partes podem contestar antes de uma decisão
judicial. Neste caso, Joaquim foi informado após a tomada de uma decisão judicial, que
até é possível, como refere o artigo 3º, nº 2 e segundo o 393º como excepçao ao pedido.

Caso Prático 2:
Joaquim propôs contra Manuel uma ação para que este fosse condenado a pagar-
lhe o valor correspondente a cinco rendas vencidas, decorrentes de um contrato de
arredamento que entretanto cessou.
Manuel, citado, contesta, não impugnando os factos alegados por Joaquim.
A- O juiz analisando a matéria absolveu o réu do pedido uma vez que a
obrigação do pagamento das rendas em apreço já havia prescrito nos termos do
art.310º do CC.
B- Imagine que o juiz condena o réu ao pagamento das rendas acrescido do
pagamento de juros de mora devidas desde a data de vencimento de cada renda até
efetivo e integral pagamento.
Analise autonomamente cada uma das alíneas quanto á posição do juiz.

Primeiro devemos configurar a relação entre Joaquim e Manuel, trata-se de um contrato


de arrendamento bilateral com obrigações para ambas as partes, uma das obrigações é
uma obrigação periódica (rendas) onde o autor tem o direito subjetivo em sentido estrito
(direito de crédito), a outra obrigação pertence a Manuel que tem a obrigação de pagar
as rendas.
Na situação A devíamos mencionar e explicar:
 O princípio do pedido
 O princípio do contraditório, Manuel contestou mas não impugnou o direito de
crédito. O juiz prescreveu mas não devia faze-lo, quem podia invocar a prescrição era o
réu e não o juiz porque a prescrição não é de conhecimento oficioso, só é de
conhecimento provocado. O réu seria obrigado a pagar as cinco rendas porque não
alegou a prescrição em momento próprio, por isso não o pode fazer mais. Teria de pagar
as rendas sob pena de execução do seu património.
Na situação B devíamos mencionar e explicar:
 O princípio do dispositivo, são as partes que fixam o objeto em que o juiz se vai
pronunciar. A indemnização com taxas de juros não foram fixadas no princípio do
pedido por isso o juiz não pode condenar o réu ao pagamento de juros, logo esta
condenação sofre de anulidade.

Caso Prático 3:
Joaquim celebrou com Manuel um pacto de preferência para a venda da sua casa
nos termos do artigo 414º do Código Civil, ao qual foi atribuído eficácia real nos
termos do artigo 421º.
Passado algum tempo, Manuel aceitou a proposta de Bento para a aquisição
daquele imóvel, não tendo cumprido a obrigação de preferência de Joaquim, após
tomar conhecimento de tal facto propõe contra Manuel e Bento, uma ação de
preferência previsto no artigo 1410º do Código Civil, aplicável ao pacto de
preferência por força do disposto do artigo 421º, nº2.
Classifique a ação quanto à natureza e ao fim.
Pacto de preferência que é um contrato unilateral, só gera obrigações para uma das
partes (alguém se obriga a dar preferência a uma das pessoas). Quando o vendedor tem
a oportunidade de vender a terceiros deveria comunicar a pessoa com quem fez o pacto.
Está aqui subjacente o princípio da relatividade do negócio jurídico (só produz efeitos
para as partes do contrato). Se há eficácia real é porque os efeitos são oponíveis a
terceiros. Assim, Joaquim pode propor uma ação contra Manuel e Bento para que o
direito de propriedade seja transferido de Bento para Manuel. Portanto, tem-se uma ação
declarativa.
O Direito que Joaquim tem é um direito potestativo. Ele quer alterar a esfera jurídica de
Bento que vai novamente para Joaquim, pela mera sentença conseguiu-se a alteração da
propriedade, logo está-se perante uma ação constitutiva modificativa.

Caso Prático 4:
Manuel celebrou com Joaquim um contrato de promessa de compra e venda da
fração autónoma deste. Na data marcada para a escritura, Joaquim falta e Manuel
dá a entrada de uma ação de execução específica – 830º CC.
a) Classifique a ação quanto à natureza e quanto ao fim.
b) Imagine que Manuel se apercebe que Joaquim, já na pendência da ação, está a
tentar vender o aludido apartamento, sendo que para o efeito quer propor uma
providência cautelar para impedir Joaquim de o fazer.
Sabendo que, a ação se encontra registada na conservatória predial para o aludido
imóvel, pronuncie-se acerca da viabilidade desta providência.
Está-se perante um contrato de promessa de compra e venda bilateral que gera a
obrigação de vender e de comprar. Uma das partes não cumpriu a sua obrigação (830º).
Com a transferência da propriedade dá-se determinados efeitos jurídicos. Quais efeitos
jurídicos? Efeitos reais – Direito de Propriedade e Efeitos Obrigacionais – Dever de
pagar e entregar a coisa.
Quanto à natureza, está-se perante uma ação declarativa constitutiva modificativa (altera
uma relação jurídica existente). O direito de propriedade passa da esfera jurídica do reu
para o autor. O reu está a tentar vender o seu apartamento, o que pode Manuel fazer
para evitar essa venda? Impor uma ação que o impeça – Providencia Cautelar.
Assim, Manuel tem de reunir indícios que mostrem que Joaquim quer fugir ao
cumprimento da sua obrigação. Para isso, tem de preencher determinados requisitos:
1º Fummus Boni Iuris: mostrar ao juiz que o reu poderá não cumprir a obrigação;
2º Periculum: a providência deverá ser decretada. Este requisito não foi cumprido. Um
terceiro não vai pôr em causa o efeito útil da sentença.
O que significa o registro? Significa que Joaquim não poderia vender a terceiros pois
seria uma venda alheia. O efeito do registro: independentemente do momento da
sentença, os efeitos representam-se ao momento do registro, o que acontece no meio é
nulo. Portanto, a providência cautelar é indeferida.

Caso Prático 5:
Manuel e Bento celebraram um contrato de compra e venda de um imóvel cito no
Porto. Manuel não procedeu ao pagamento do preço ficando acordado que o tal
pagamento se faria no prazo de 3 meses a contar do contrato de compra e venda.
Fim do prazo, Manuel não pagou e Bento interpolou para o respetivo
cumprimento da obrigação pecuniária no prazo de 15 dias sob pena de o contrato
se considerar resolvido, cessando desta forma os efeitos da compra e venda, tudo
aliás conforme clausula resolutiva lícita do próprio contrato de compra e venda.
Bento propõe esta ação na instância central da camara do Porto, sendo que na
contestação Manuel alega que as partes convencionaram que o Tribunal
competente seria Francês, uma vez que Manuel reside naquele país. Quid Iuris?
Temos Pressupostos Processuais que pode ser feitos pelo Tribunal que tem competência
Internacional ou Interna (valor, território, matéria) ou pelas Partes (caso julgado
formal).
Coloca-se a competência internacional pois um dos sujeitos não tem conexão com
território nacional, logo é preciso os dois ordenamentos jurídicos: Francês e Português.
Qual é a preponderância que se dá aos elementos de conexão: artigo 63º - Competência
exclusiva dos Tribunais Portugueses.
O que o autor quer? Quer a resolução do contrato de compra e venda, ou seja, quer o
direito de propriedade de volta à sua esfera jurídica. Trata-se de uma ação declarativa
(pretende ter declarado o direito) constitutiva extintiva (é como se o contrato não tivesse
existido). A ação está sobre a competência exclusiva dos Tribunais Portugueses porque
versa sobre efeitos reais de imoveis. E é assim porque os imoveis estão fixados em
Território Nacional (63º/a).

Caso Prático 6:
Manuel é um colecionador de arte e acabou de herdar do seu tio um vaso do século
XV.
Encontrando-se o objeto algo danificado, Manuel entrega-o a Bento, perito em
restauro, para que este repare a peça. Dias volvidos, Manuel apercebe-se que está
marcado o leilão da peça, numa conhecida leiloeira, onde Manuel se apresenta
como dono do objeto.
Manuel apresenta um procedimento cautelar com o objetivo de cancelar o leilão e
evitar a venda da peça e que a mesma lhe seja entregue.
a) Se fosse advogado de Manuel, que procedimento cautelar intentaria e o que ia
requerer ao Tribunal.
b) Imagine agora que em consequência do seu procedimento cautelar, o juiz
decreta a providência sem a audição da parte contrária.
É necessário verificar se esta situação preenche todos os requisitos gerais (362º):
Periculum In mora: demonstrar que há probabilidade de os efeitos do autor não serem
realizados e Fumus boni iuris: demostrar a probabilidade de existir na esfera jurídica
do requerente. Neste caso, temos essa existência, pois foi feita a transferência do
direito de propriedade por sucessão.
Mas que efeitos? Ele tem de demonstrar que há um perigo para a coisa, o que foi o que
aconteceu, pois, Manuel viu que o seu vaso seria leiloado sem a sus vontade.
a) Qual seria a providência cautelar intentada? A acumulação de pedidos (tem-se dois
pedidos: cancelamento do leilão e a devolução do vaso). A pretensão da pessoa titular
da providência cautelar quer ver dois pedidos realizados. Assim, deveria ser intentada
uma providência cautelar indominada (antecipatória porque a existir a ação principal
pelo requerente da providencia, o peticionário seria o mesmo). Era requerido ao
Tribunal a inversão do contencioso. O efeito útil do procedimento cautelar (não se
monstra possível um pedido principal). Ele quer primeiramente o cancelamento do
leilão (Procedimento Cautelar de resolução definitiva – Pedido de Litígio), mas
também quer que seja devolvido o vaso (seria pedida a Inversão do Contencioso).
Assim, Manuel ou tem o direito real da coisa ou a posse. Ele pode inverter o
contencioso se quiser outra coisa, assim o primeiro pedido esgotou.
b) Violação do Principio do Pedido e consequentemente do contraditório.
Caso Prático 7:
Manuel é proprietário de um imóvel que prometeu vender a António. Na data
marcada por escritura de compra e venda, Manuel falta e António propõe uma
ação e execução específica contra aquela segundo o artigo 830º.
Imagine que Manuel vive em Lisboa, António em Braga, o imóvel situa-se no Porto
e o local para a escritura era Coimbra. Sendo o valor do imóvel de 100.000€, tendo
sido já pago um sinal de 50.000€.
a) Classifique a ação quanto à natureza e fim.
António e Manuel celebraram um contrato de promessa de uma compra e venda com
efeitos obrigacionais (vender e comprar). O artigo 830º respeita uma ação de execução
específica, pretende-se que pelo efeito da sentença se produzam os efeitos da compra e
venda prometida sentença vai transmitir o direito de propriedade. A coisa vai ter de ser
paga e entregue (efeitos de compra e venda).
Estamos perante uma ação declarativa constitutiva que, por mero efeito da sentença são
produzidos efeitos: Manuel está em sujeição.
b) Determine o Tribunal competente bem como o Tribunal competente em razão
do valor (hierarquia, valor e território).
Hierarquia: os tratados são hierarquizados para haver recursos das decisões. Assim,
tem-se os Tribunais Judiciais na Primeira Instancia, os Tribunais de Segunda Instancia e
os STJ. Todos os juízes têm igual poder. As instâncias é que se hierarquizaram. O
princípio da plenitude de jurisdição vigora no nosso caso: por regra qualquer ação dá
entrada em primeiro no Tribunal de 1ª Instância salvo exceções previstas da lei (lei
nº62/ 2013).
Território: artigo 70º, nº1 do CPC: Tribunal da Comarca do Porto.
Matéria: competência territorial alargada (só em Tribunal de 1ª Instância e prevista na
lei): Tribunal especializado em determinada matéria (lei 62/ 2013, 111º ss). Esta ação
não se subsume aqui (quase nunca se subsume). Vamos para Tribunais Civis:
competência não especializada: dividido em secções centrais ou locais, temos de ver
agora que vamos para a secção civil da instância central do Porto. Em que, na instância
central é mais 50.000€ (117º) e na instância local é menor ou igual a 50.000€.
Valor: CPC artigo 290º e ss. Incidente processual: utilidade económica da ação, incube
às partes a sua fração mas o juiz pode corrigir. O 297º é regra geral e o 298º e seguintes
é a regra especial (vê-se primeiro o artigo 301º: 100.000€: preço estipulado pelas partes
para o negocio jurídico.
Caso Prático 8:
Um inclino, no âmbito de um contrato de arrendamento decidiu alterar
estruturalmente o local. A senhoria sabendo deste facto e, para ainda de não ter
dado autorização para as obras, as mesmas encontram-se expressamente
realizadas.
A senhoria pretende portanto, que o inquilino reponha o imóvel no estado em que
se encontrava bem como uma indeminização correspondentes aos prejuízos do
contrato de arrendamento. Para o efeito fixa o valor dos danos em 5.000€, e quanto
Às obras necessárias são do mínimo 10.000€ mas não as pode quantificar uma vez
que será necessário o orçamento de um técnico personalizado depois de verificado
o imóvel quer ainda, os juros de mora vencidos desde a data de situação do reu,
bem como uma sanção pecuniária compensatória de pelo menos 50€ por cada dia
de atraso.
Imagine que o imóvel está avaliado em 120.000€ e a renda anual é de 12.000€, a
senhoria vive em Vila Real e o inquilino no Porto no local arrendado.
a) Classifique a ação quanto ao fim.
Está-se perante um contrato de arrendamento que gera obrigações para o inquilino, que
neste caso, não cumpriu as suas obrigações. Tem-se uma ação declarativa de
condenação.
b) Determine a competência do Tribunal.
Será de competência interna e não internacional. Por isso, relativamente à:
Hierarquia (artigo 67º): princípio da plenitude de jurisdição, refere que será um Tribunal
de 1ª Instancia, salvo o artigo 68º - 73º que poderá ser então, o Tribunal de Relação ou o
artigo 69º - 55º que seria do Tribunal Supremo. Como não se encontra na competência
destes Tribunais, será do Tribunal da 1ª Instancia.
Matéria (artigo 64º): a ação será de competência de um Tribunal de 1ª Instancia (109º) e
portanto, de um Tribunal de Comarca.
Valor (artigo 296º): os pedidos podem ser cumulativos/ subsidiários/ alternativos. Nesta
caso serão cumulativos (297º), quando existem vários pedidos e tem de se avaliar cada
um deles para determina-los. O primeiro pedido quanto ao valor: verifica-se em
primeiro lugar o critério especial 298º, como aí não se encontra será o critério geral
(297º/ 2ª parte). A senhoria quer que o inquilino pague as obras, o valor do benefício
será aprovado mais tarde, mas primeiramente será de 10.000€ (artigo 308º), onde se
requere ao Tribunal e mediante as diligências virá um técnico apurar o pedido para
corrigir o valor. O segundo pedido, relativo à indemnização, não há nenhum critério
especial, a senhoria pretende 5.000€ (1ª parte do 297º).
A nenhum destes pedidos é acrescido valores, pelo que será de 15.000€.
Será uma Instancia Central ou Local? É local (81º/1/b e 3).
Quanto ao território (artigo 70º): ou há regra especial e se aí não se inserir é regra geral.
Será uma Instancia de secção cível da Comarca do Porto.

Caso Prático 9:
Bento, 35 anos, comerciante de Coimbra adquiriu na telemarque SA (sede em
Espanha) um pote de telemóveis por 55.000€. A aquisição foi efetuada numa
agência no Porto. Bento apesar de ter pago à telemarque não enviou os telemóveis
para Coimbra, perante isto, Bento intentou uma ação na secção de competência
genérica da instância local da comarca do porto contra a agência requerendo que a
telemarque seja condenada a entregar os telemóveis. A petição foi subscrita por
um solicitador.
Analise os pressupostos processuais das partes.
Bento: personalidade judiciária: art. 13º - suscetibilidade de ser parte. Bento tem
personalidade jurídica porque beneficia do princípio da equiparação: se tem
personalidade jurídica tem personalidade judiciária e também tem plena capacidade
judiciária (15º). A capacidade judiciária é para pessoas com mais de 18 anos ou pessoas
com mais de 16 e estejam emancipadas pelo casamento, tendo incapacidade nos casos
de interdição e inabilitação. Os menores interditos tem de ser representados e por isso,
não tem capacidade judiciária nenhuma. Os inabilitados não podem estar livremente
mas podem estar pessoalmente, são assistidos. Não tem plena capacidade judiciária
porque é limitada.
Legitimidade singular ativa (autor): art. 30º - verificação se as partes são suscetiveis de
desencadeamento ou de destinatário dos efeitos. O réu tem de ser o titular do dever e o
autor o titular do direito, assim é o ator da ação quem tem interesse na procedência do
pedido (lado ativo) e o réu da ação é quem não tem interesse (lado passivo). Assim,
Bento tem legitimidade.
Legitimidade Plural: autor/réu pode precisar de mais alguém, por exemplo: dano da casa
para despejar alguém: (A) tem de chamar (B), mulher de (A) à ação.
Patrocínio Judiciário:
1. Ver valor da ação: 55.000€
2. Valor alçada Tribunal de 1ª Instância (117º LOSJ)
3. Ver 629º remitido para o 40º
O Juíz convida (B) a constituir advogado senão o reu é absolvido (art. 41º).
Telemarque: não tem personalidade jurídica mas, no art. 13º quando a agencia tem sede
no estrangeiro, a agência tem personalidade judiciária, se fosse em Portugal a agência já
não teria personalidade judiciária. O resto é tudo igual.

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