Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As Acções Declarativas
– A Tutela Processual Declarativa
71
M IGU EL M ESQU I TA
72
AS ACÇÕES DECLARATIVAS ‒ A TUTELA PROCESSUAL DECLARATIVA
73
M IGU EL M ESQU I TA
Pode, no entanto, dizer-se que, apesar das diferenças, todos os meios proces-
3
74
AS ACÇÕES DECLARATIVAS ‒ A TUTELA PROCESSUAL DECLARATIVA
609º, nº 1 e 615º, nº 1, al. e)). Se, por exemplo, o autor pede o reconhe-
cimento do seu direito de propriedade sobre certa coisa, o juiz não
poderá declarar a existência, na esfera desse sujeito, de um direito
de usufruto; se o autor pede a condenação do réu no pagamento de
€ 1000, o juiz não poderá atribuir-lhe nem mais um cêntimo, e por
aí fora.
Mas que pedidos podem ser deduzidos no âmbito de uma acção declarativa?
O Código de Processo Civil, no artigo 10º, nº 2, autoriza a dedução de
três espécies de pedidos. Alguma doutrina designa por pedido imediato a
providência requerida pelo autor no plano estritamente processual 4.
Vejamos, pois, que pedidos imediatos são esses, sempre originados por
um litígio ou conflito de interesses:
75
M IGU EL M ESQU I TA
Código de Processo Civil anotado, vol. I, p. 22. Proto Pisani, Lezioni di diritto
5
processuale civile, pp. 334 e s., chama a atenção, acerca das «azioni di mero accerta-
mento», para a necessidade de se associar, à afirmação da existência ou inexistên-
cia de uma relação jurídica, um «stato di giuridica incertezza».
6
Zanzucchi, Diritto processuale, I, Milano Giuffrè, 1955, p. 227.
76
AS ACÇÕES DECLARATIVAS ‒ A TUTELA PROCESSUAL DECLARATIVA
7
Ver, sobre este último caso, o Acórdão da Relação de Lisboa de 4/3/2010
(Gilberto Jorge), in www.dgsi.pt/.
8
Cfr. Colectânea de Jurisprudência, 2014, t. IV, pp. 58 e 154.
77
M IGU EL M ESQU I TA
78
AS ACÇÕES DECLARATIVAS ‒ A TUTELA PROCESSUAL DECLARATIVA
9
O problema é analisado por Zanzucchi, Diritto processuale I, pp. 230 e ss.
O processualista italiano acentua que o entendimento negativo predomina na dou-
trina alemã, austríaca e inglesa. Mas assinala a diferente posição de Chiovenda,
aderindo a ela. É aceitável que ao autor assista a liberdade de opção entre os dois
caminhos: o caminho da acção de mera apreciação, menos agressivo; ou a via da
acção condenatória. Para Proto Pisani, Lezioni di diritto processuale civile, pp. 148
e s., é difícil impedir, no plano teórico, o autor de formular pedidos de mera apre-
ciação. Mas defende, apesar de tudo, que o juiz, na «audiência prévia», num plano
prático, pode dar ao autor a possibilidade de alterar o pedido (acrescentando um
pedido condenatório), concretizando-se, assim, a finalidade publicística da eco-
nomia processual («allo scopo di soddisfare le exigenze anche pubblicistiche di economia
dei giudizi»). Parece-nos acertado este entendimento. É de aceitar, entre nós, à luz
do artigo 6º, esta autêntica gestão material do pedido que aparece formulado, de
forma possivelmente incompleta, na petição inicial.
80
AS ACÇÕES DECLARATIVAS ‒ A TUTELA PROCESSUAL DECLARATIVA
10
O autor terá de provar, no entanto, a existência de uma situação de incerteza
objectiva e grave.
11
Cfr. Alberto dos Reis, Código de Processo Civil anotado, vol. I, p. 22.
81
M IGU EL M ESQU I TA
82
AS ACÇÕES DECLARATIVAS ‒ A TUTELA PROCESSUAL DECLARATIVA
12
Se, no âmbito da execução para entrega de coisa certa, a coisa não aparecer, a
lei prevê a conversão da execução (artigo 931º).
83
M IGU EL M ESQU I TA
84
AS ACÇÕES DECLARATIVAS ‒ A TUTELA PROCESSUAL DECLARATIVA
16
Vide Luiz Marinoni, Técnica processual e tutela dos direitos, pp. 174 e ss.
17
Ob. cit., p. 177.
85
M IGU EL M ESQU I TA
lhante não tenha sido praticado»; mas pode servir também para
«impedir a repetição de ato contrário ao direito» 18.
É claro, diremos nós, que nestas acções condenatórias, o autor
terá de convencer o juiz da existência de interesse processual (interesse
em agir), alegando e provando factos reveladores da efectiva (não
inventada) ameaça.
Código de Processo Civil anotado, vol. 2º, 2ª ed., 2008, anotação ao artigo 472º (actual
artigo 557º). O regime previsto no artigo 557º, nº 1, do CPC, não faz sentido
naqueles casos de dívidas a prestações em que o incumprimento de uma prestação,
nos termos do artigo 781º do C.C., acarreta o vencimento das restantes presta-
ções. Eis um singelo exemplo: A vendeu a B, em Dezembro de 2020, um quadro
pelo preço de € 1500, obrigando-se o comprador a pagar em três prestações de
€ 500 (1ª, no dia 1/4/21; 2ª, no dia 1/08/21; 3ª, no dia 1/12/21). Imaginando que B
não procede ao pagamento da 1ª prestação, a A assiste o direito de pedir, na acção
de condenação, não apenas o pagamento da prestação já vencida, mas também
das prestações que, por força do artigo 781º do C.C., passam a considerar-se ven-
cidas (o incumprimento de uma prestação pode conduzir à perda do benefício do
prazo).
86
AS ACÇÕES DECLARATIVAS ‒ A TUTELA PROCESSUAL DECLARATIVA
20
Processo de conhecimento, pp. 83 e s.
21
Assim se pronuncia, com clareza, Lebre de Freitas/Montalvão
Machado, ob. cit., anotação ao artigo 673º.
22
Ob. cit., p. 414. Como explicam, a sentença pode regular um negócio jurí-
dico que contenha uma condição (por exemplo, a venda um automóvel fica depen-
87
M IGU EL M ESQU I TA
88
AS ACÇÕES DECLARATIVAS ‒ A TUTELA PROCESSUAL DECLARATIVA
89
M IGU EL M ESQU I TA
Note-se que esta mudança tanto pode ser requerida pela pessoa que é titular
25
do direito de servidão, como pela pessoa que se encontra onerada com a servidão.
90
AS ACÇÕES DECLARATIVAS ‒ A TUTELA PROCESSUAL DECLARATIVA
26
Anselmo de Castro, Direito processual civil declaratório, vol. I, p. 110.
92
AS ACÇÕES DECLARATIVAS ‒ A TUTELA PROCESSUAL DECLARATIVA
27
Código de Processo Civil anotado, vol. I, p. 23.
28
Como, aliás, Anselmo de Castro acaba por reconhecer, ob. cit., p. 111,
«a sentença nas acções constitutivas é (...) causa da própria modificação que se
vai operar na ordem jurídica; entra como um facto gerador do direito na própria
ordem material, ao lado dos factos jurídicos voluntários».
29
Seguimos de muito perto Anselmo de Castro, ob. cit., p. 111.
93
M IGU EL M ESQU I TA
Ob. cit., p. 110. Em Itália, Zanzucchi, Diritto processuale, I, pp. 227 e s.,
30
94