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Direitos e deveres funcionais da magistratura

1. Introdução

Existem aqueles direitos e deveres instituídos no plano constitucional, diretamente


expressos no texto da atual Constituição, como também os direitos e deveres
funcionais descritos em normas infraconstitucionais inseridos na Lei Orgânica da
Magistratura e em Resoluções esparsas do CNJ.

José Afonso da Silva divide as garantias do judiciário em:

(i) Institucionais: protegem o Judiciário como um todo, como instituição.


Dividem-se em: a) garantias de autonomia orgânico-administrativa
(organização interna estabelecida pelos regimentos de cada órgão
jurisdicional; cada tribunal possui autonomia para dimensionar sua
estrutura orgânica; os tribunais podem formular propostas para criação
de cargos de servidores e juízes – sob o crivo do CNJ e do CSJT); b)
garantias de autonomia financeira (os tribunais podem promover a
elaboração das propostas orçamentárias e a organização do uso das
finanças destinadas ao Poder Judiciário);

Obs.: a criação do CNJ e do CSJT mitigou a autonomia administrativa


dos tribunais, pois a EC 45/2004 atribui-lhes as funções de controle da
atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento
dos deveres funcionais dos magistrados.

Importante o candidato estar preparado para perguntas como essa: a


realização de concurso em âmbito nacional não ofende a garantia da
autonomia administrativa dos tribunais? Resposta sugerida: a realização
do concurso inicialmente pela ENAMAT e posteriormente pelo CSJT não
ofende a garantia de autonomia administrativa dos tribunais porque a EC
45-2004 atribui ao CSJT poderes administrativos, qualificando-o como
órgão central do sistema, o que alcança a possibilidade de organizar um
concurso de âmbito nacional, até mesmo para melhor distribuir as vagas
entre os Regionais, mormente em período de restrições orçamentárias. E
à ENAMAT a Constituição (na redação dada pela EC 45-2004) atribuiu a
função de regulamentar os cursos para ingresso na carreira, estando
subentendida a possibilidade de organizar o concurso nacional, até
mesmo porque a CR usa o termo “dentre outras funções” no inciso I do §
2º do artigo 111-A.
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do
Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos
oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na
forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e
patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como
órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.

(ii) Garantias funcionais ou de órgãos: asseguram a independência


(vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios) e a
imparcialidade dos membros do Poder Judiciário (vedações), previstas
tanto em razão do próprio titular mas em favor ainda da própria
instituição.

Artigo 95 da CF:

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:

I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de


exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença
judicial transitada em julgado;

II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art.


93, VIII;

III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,


39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

Parágrafo único. Aos juízes é vedado:

I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma


de magistério;

II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em


processo;

III - dedicar-se à atividade político-partidária.


IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em lei;

V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de


decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração (quarentena de saída).

2. Características da atividade jurisdicional

As características essenciais da atividade jurisdicional são apontadas como


garantias da jurisdição e dos juízes. Têm por fundamento a independência para o
exercício jurisdicional e o resguardo de pressões externas.

A finalidade da instituição de garantias é proteger os juízes das pressões advindas


de ambientes extrajudiciais que podem comprometer e afetar o desempenho
adequado e escorreito da sua função.

Qualquer garantia estabelecida para os magistrados não pode ser considerada um


privilégio, mas uma prerrogativa institucional assecuratória da democracia.

As garantias dos membros do Poder Judiciário possuem uma divisão quartenária


(quatro categorias): aspectos positivos (ativo) e negativos (passivo), que por sua
vez se reparte em direitos (atributos subjetivos) e garantias (atributos da jurisdição
– sejam institucionais ou de seus membros) e deveres (obrigações) e proibições
(vedações).

3. Garantias funcionais da magistratura

São garantias funcionais da magistratura: vitaliciedade, inamovibilidade e


irredutibilidade de vencimentos.

Tais atributos são erigidos em favor do destinatário da prestação jurisdicional e não


em benefício pessoal do juiz.

Vinicius de Toledo Piza Peluso e José Wilson Gonçalves:

“Prerrogativa, na correta acepção técnica, significa o direito especial,


inerente a cargo ou profissão, que atende a interesses públicos, ainda que
relacionados diretamente à pessoa do titular, não dizendo respeito, pois, a
simples privilégio que atenderia unicamente a interesses pessoais e que,
dessa forma, não estaria de acordo com a ordem constitucional.

Assim, as prerrogativas da Magistratura Nacional não são privilégios


concedidos exclusivamente à pessoa do Juiz, mas direitos especiais
concedidos em razão da vital e importante natureza do cargo que ocupa e
que visam unicamente ao interesse da própria sociedade, oferecendo
condições máximas para a dignidade e independência do exercício do cargo
e o desempenho imparcial da função jurisdicional”.

2.1 Vitaliciedade

Segundo Pedro Lenza, “a vitaliciedade significa dizer que o magistrado (...) só


perderá o cargo (uma vez vitaliciado) por sentença judicial transitada em
julgado, sendo-lhe asseguradas todas as garantias inerentes ao processo
jurisdicional”.

São vitalícios os juízes de carreira após o período de dois anos de exercício. No


período aquisitivo da vitaliciedade o magistrado está em verdadeiro estágio de
experiência. Pedro Lenza se refere a estágio probatório.

“Todos os membros dos tribunais têm a garantia da vitaliciedade,


independentemente da forma de acesso. Mesmo um advogado ou membro do MP
que integre a carreira da Magistratura, por exemplo, através da regra do quinto
constitucional ou o cidadão que preencha os requisitos constitucionais para ser
escolhido e nomeado Ministro do STF (art. 101, CF/88), no exato momento da
posse adquirirão a vitaliciedade, não tendo de passar por qualquer estágio
probatório” (Pedro Lenza).

O juiz não vitalício pode perder o cargo durante o biênio, em processo levado a
efeito perante o Tribunal a que se encontra vinculado, sempre assegurada a
amplitude da defesa.

- Exceções à regra da vitaliciedade:

(i) Ministros do STF: na hipótese de crime de responsabilidade serão julgados pelo


Senado Federal (artigo 52, II, da CF);
(ii) Conselheiros do CNJ (tem os mesmos direitos, prerrogativas, deveres,
impedimentos, suspeições e incompatibilidades que regem a carreira da
Magistratura, no que couber, enquanto perdurar o mandato): também são julgados
pelo Senado Federal por crime de responsabilidade;

(iii) Demissão: será aplicada em caso de caso de condenação por crime comum ou
de responsabilidade ou em virtude de processo judicial nos casos do artigo 26, II,
da LOMAN.

LOMAN, artigo 47:

Art. 47 - A pena de demissão será aplicada:

I - aos magistrados vitalícios, nos casos previstos no art. 26, I e II;

II - aos Juízes nomeados mediante concurso de provas e títulos, enquanto


não adquirirem a vitaliciedade, e aos Juízes togados temporários, em caso
de falta grave, inclusive nas hipóteses previstas no art. 56.

Artigo 26:

Art. 26 - O magistrado vitalício somente perderá o cargo:

I - em ação penal por crime comum ou de responsabilidade;

II - em procedimento administrativo para a perda do cargo nas hipóteses


seguintes (nota: com a CF/88, o juiz perde o cargo somente por sentença
judicial transitada em julgado, não tendo sido recepcionado o dispositivo
legal em voga. Logo, nos casos abaixo é imprescindível que as infrações
sejam apreciadas em processo judicial):

a) exercício, ainda que em disponibilidade, de qualquer outra função, salvo


um cargo de magistério superior, público ou particular;

b) recebimento, a qualquer título e sob qualquer pretexto, de percentagens


ou custas nos processos sujeitos a seu despacho e julgamento;

c) exercício de atividade político-partidária.

§ 1º - O exercício de cargo de magistério superior, público ou particular,


somente será permitido se houver correlação de matérias e compatibilidade
de horários, vedado, em qualquer hipótese, o desempenho de função de
direção administrativa ou técnica de estabelecimento de ensino.
§ 2º - Não se considera exercício do cargo o desempenho de função docente
em curso oficial de preparação para judicatura ou aperfeiçoamento de
magistrados.

Artigo 56 da LOMAN:

Art. 56 - O Conselho Nacional da Magistratura poderá determinar a


aposentadoria, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço, do
magistrado:

I - manifestadamente negligente no cumprimento dos deveres do cargo;

II - de procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de


suas funções;

III - de escassa ou insuficiente capacidade de trabalho, ou cujo proceder


funcional seja incompatível com o bom desempenho das atividades do Poder
Judiciário.

- Pode o CNJ declarar a perda do cargo de magistrados vitalícios?

Pedro Lenza: “Uma vez vitaliciados, a regra é clara: os magistrados só poderão


perder o cargo por sentença judicial transitada em julgado. Portanto, na
medida em que os atos do CNJ têm natureza administrativa, não nos parece
possível haver revisão de vitaliciamento do magistrado pelo Conselho”.

Mesmo no caso de processo administrativo que culmine com a anulação de


concurso público, não é possível ao CNJ determinar a perda do cargo dos juízes
aprovados no referido concurso: Neste sentido, veja-se o seguinte precedente do
CNJ:

“... após a vitaliciedade, apenas sentença judicial transitada em julgado


pode determinar a perda do cargo, o que subtrairia a competência deste
Conselho. Se os juízes não tivessem obtido a vitaliciedade, então a
deliberação de tribunal seria de natureza administrativa, o que permitiria a
apreciação pelo CNJ da matéria de invalidade do concurso. Todavia, parece-
me que a questão da eventual invalidade do concurso, que determinaria a
perda dos cargos dos juízes com vitaliciedade, apenas poderia ser
enfrentada em processo judicial, pois a regra constitucional atraiu para este
todos os atos que a antecederam. A garantia da vitaliciedade é inviolável por
decisão administrativa...” (PCA 267 – TO).

3.2 Inamovibilidade

Inamovibilidade é a garantia de permanecer no posto que titulariza enquanto


queira. A promoção, remoção ou permuta sempre dependem da vontade do juiz.

Pedro Lenza: “Pela regra da inamovibilidade (art. 95, II), garante-se ao juiz a
impossibilidade de remoção, sem seu consentimento, de um local para outro, de
uma comarca para outra, ou mesmo sede, cargo, tribunal, câmara, grau de
jurisdição”.

Portanto, o juiz somente pode ser removido em caso de pedido de sua parte ou
então por razões de interesse público.

No caso de remoção por interesse público, deve ser provida pela decisão do voto da
maioria absoluta do respectivo tribunal ou do CNJ.

- Juízes substitutos gozam da garantia da inamovibilidade?

O CNJ (PCA n. 2008.10.00.001873-3) decidiu que a prerrogativa da inamovibilidade


não se aplica aos juízes substitutos, mesmo que já vitaliciados.

Todavia, julgando o MS 27.958, o STF decidiu que a referida garantia também se


aplica aos juízes substitutos. Veja-se a ementa:

MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA QUE


CONSIDEROU A INAMOVIBILIDADE GARANTIA APENAS DE JUIZ TITULAR.
INCONSTITUCIONALIDADE. A INAMOVIBILIDADE É GARANTIA DE TODA A
MAGISTRATURA, INCLUINDO O JUIZ TITULAR E O SUBSTITUTO.
CONCESSÃO DA SEGURANÇA.

I – A inamovibilidade é, nos termos do art. 95, II, da Constituição Federal,


garantia de toda a magistratura, alcançando não apenas o juiz titular, como
também o substituto.

II - O magistrado só poderá ser removido por designação, para responder


por determinada vara ou comarca ou para prestar auxílio, com o seu
consentimento, ou, ainda, se o interesse público o exigir, nos termos do
inciso VIII do art. 93 do Texto Constitucional.

III – Segurança concedida.

(Julg.: 17/05/2012. PLENÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA 27.958


DISTRITO FEDERAL RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI).

Ainda acerca desta decisão, colaciona-se a notícia extraída do sítio eletrônico do


Pretório Excelso, para melhor ilustrar o caso:

Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, na


última quinta-feira (17/5), o Mandado de Segurança (MS) 27958 impetrado
por um magistrado mato-grossense para cassar decisão do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) que decidiu que a inamovibilidade não atinge os
juízes substitutos. O STF decidiu ainda anular a portaria do Tribunal de
Justiça de Mato Grosso (TJMT) que removeu o magistrado de sua comarca.

A maioria dos ministros entendeu que o juiz substituto tem direito à


inamovibilidade prevista no inciso II do artigo 95 da Constituição Federal,
como forma de garantir a independência e a imparcialidade dos magistrados.
Na avaliação dos ministros, excetuando-se os casos de concordância do
magistrado ou por interesse público, os juízes substitutos só podem ser
deslocados em sua circunscrição judiciária.

Além disso, os ministros apontaram que a remoção indiscriminada de juízes


poderia dar margem a perseguições ou a manipulações. O ministro Marco
Aurélio foi voto vencido por considerar que não se pode colocar no mesmo
patamar o juiz titular e o juiz substituto.

No mandado de segurança, o magistrado relatou que foi removido diversas


vezes, em curto espaço de tempo, para diferentes comarcas, depois de ter
atuado dois anos e oito meses na comarca de Alto Araguaia (MT).

Pedro Lenza: “desde a posse, o juiz substituto deve ter a garantia de não ser
removido para fora da unidade judiciária em está formalmente lotado. (...) muito
embora o ‘papel’ do juiz substituto seja o de substituir, deverá exercer a sua função
dentro da sua circunscrição judiciária. (...) O que não se pode aceitar é a remoção
indistinta do juiz substituto para circunscrições diversas, com o risco de
perseguição do magistrado e flagrante violação, inclusive, do princípio do juiz
natural”.
Pergunta que pode ser feita ao candidato: e o caso do Juiz volante? Não haveria
ofensa à garantia da inamovibilidade em função de sua designação para diversas
unidades jurisdicionais, sucessivamente, sem seu consentimento?

Resposta sugerida: em que pese a garantia da inamovibilidade, é de se ver que ela


se destina a garantir que o juiz não seja removido por interesses escusos, de cunho
político ou mesmo de perseguição. Assim, observado o interesse público e a
necessidade jurisdicional de que alguns juízes substitutos atuem em diversas
unidades, para o fim de auxiliar os juízes titulares ou substituí-los nos seus
impedimentos, suspeições e afastamentos, não há ofensa à garantia da
inamovibilidade o ato do Tribunal que designa o juiz substituto (denominado de
volante) para atuar em diversas unidades jurisdicionais, sucessivamente, a fim de
substituir ou auxiliar os juízes titulares. Ademais, não é possível, por questões
orçamentárias e de política judiciária, manter um juiz substituto em cada Vara do
Trabalho. E, ainda que fosse possível, isso não afastaria a necessidade eventual de
designação de outro juiz substituto. Pense-se no exemplo em que o Juiz Titular
adoece quando o Juiz Auxiliar está em férias.

Em contraponto à inamovibilidade, há a possibilidade de remoção compulsória,


pena prevista na LOMAN para infrações graves, sempre observado o interesse
público (artigo 45, I, acima transcrito).

LOMAN, artigo 45:

Art. 45 - O Tribunal ou seu órgão especial poderá determinar, por motivo de


interesse público, em escrutínio secreto e pelo voto de dois terços de seus
membros efetivos:

I - a remoção de Juiz de instância inferior;

II - a disponibilidade de membro do próprio Tribunal ou de Juiz de instância


inferior, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço.

A remoção compulsória tem a natureza eminentemente administrativa e significa a


transferência, contra a vontade do Magistrado, do cargo que ocupa para outro de
igual entrância. É aplicada pelos órgãos censores competentes, em decisões sempre
motivadas e sessões públicas, com quórum constitucional da maioria absoluta de
seus membros (CR, artigo 93, VIII), não mais subsistindo o quórum qualificado de
2/3 previsto na LOMAN.

Pedro Lenza anota que a regra da inamovibilidade “não é absoluta, pois, como
estabelece o art. 93, VIII (da CF), o magistrado poderá ser removido (além de
colocado em disponibilidade e aposentado), por interesse público, fundando-se
tal decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho
Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa”

3.3 Irredutibilidade de vencimentos

A irredutibilidade de vencimentos garante ao juiz a percepção integral de seus


vencimentos, vedada a diminuição a qualquer título.

O STF já se pronunciou no sentido de tratar-se de garantia nominal, e não real, ou


seja, os magistrados não estão livres da corrosão de seus subsídios pela inflação.

O subsídio mensal dos membros do Judiciário, incluídas as vantagens pessoais ou


de qualquer natureza não poderá exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do STF.

Não serão computadas, para efeitos do limite do teto, as parcelas de caráter


indenizatório previstas em lei. (§ 11 do artigo 37 da CF).

Anote-se que é vedado ao magistrado perceber qualquer outro acréscimo em razão


de adicionais, abonos e outras espécies remuneratórias semelhantes.

Em julgamento liminar na ADI 3854, o STF diferenciou o subsídio máximo da


Magistratura estadual, corresponde a 90,25% do subsídio dos ministros do STF, do
teto de remuneração (subsídio mais alguma vantagem funcional), que, por
isonomia à magistratura federal (art. 93, V, da CF), corresponderá a 100% do
subsídio mensal dos Ministros do STF. A decisão teve por fundamentos, dentre
outros: ofensa ao princípio da isonomia, tratando de modo diferente magistrados
estaduais e federais; poder constituinte reformador ultrapassou os limites a ele
deferidos (art. 60, § 4º, IV, CR), uma vez que instituiu tratamento discriminatório
entre juízes; estrutura judiciária possui caráter nacional, com escalonamento
vertical de subsídios dos magistrados, sem qualquer distinção entre federais e
estaduais.
Paridade de subsídios: os ministros dos tribunais superiores devem receber o
equivalente a 95% do subsídio dos ministros do STF. Os desembargadores dos
TRT’s devem receber uma parcela única que corresponda a 95% do subsídio dos
ministros do TST. Os juízes titulares de Vara do Trabalho devem receber 95% do
subsídio dos desembargadores. E os juízes substitutos, 95% do subsídio dos
titulares.

Adicional por tempo de serviço (ATS): alguns tribunais continuaram pagando a


verba, que teria sido extinta a partir do subsídio pago em parcela única. STF
decidiu que houve a extinção da verba ATS em decorrência da instituição do
subsídio em parcela única (MS 24875/DF).

A posição do STF é, portanto, no sentido de que as gratificações, verbas de


representação e outras vantagens de caráter pessoal foram absorvidas por esse
valor único.

Todavia, o STF admitiu uma exceção, garantindo aos seus ex-ministros a percepção
de vantagem pessoal da gratificação por aposentadoria. Segundo o STF, pela
garantia da irredutibilidade dos vencimentos, os aposentados tem direito a
continuar recebendo o acréscimo de gratificação de aposentadoria (20%).

O artigo 65 da LOMAN confere um rol de vencimentos e vantagens pecuniárias a


serem pagos aos magistrados:

Art. 65 - Além dos vencimentos, poderão ser outorgadas aos magistrados,


nos termos da lei, as seguintes vantagens:
I - ajuda de custo, para despesas de transporte e mudança;
II - ajuda de custo, para moradia, nas localidades em que não houver
residência oficial à disposição do Magistrado. (Redação dada pela Lei nº
54, de 22.12.1986) auxílio-moradia
III - salário-família (absorvido pela instituição do teto remuneratório
constitucional; portanto, não recepcionado pela EC 45-2004);
IV - diárias;
V – representação (absorvido pela instituição do teto remuneratório
constitucional; não recepcionado pela EC 45-2004);
VI - gratificação pela prestação de serviço à Justiça Eleitoral (conforme
Resolução n. 13 do CNJ, essa verba, além de não estar absorvida pelo
subsídio, não se subordina ao teto constitucional);
VII - gratificação pela prestação de serviço à Justiça do Trabalho, nas
Comarcas onde não forem instituídas Juntas de Conciliação e Julgamento;
(absorvido pela instituição do teto remuneratório constitucional; não
recepcionado pela EC 45-2004);
VIII - gratificação adicional de cinco por cento por qüinqüênio de serviço, até
o máximo de sete; (absorvido pela instituição do teto remuneratório
constitucional; não recepcionado pela EC 45-2004);
IX - gratificação de magistério, por aula proferida em curso oficial de
preparação para a Magistratura ou em Escola Oficial de Aperfeiçoamento de
Magistrados (arts. 78, § 1º, e 87, § 1º), exceto quando receba remuneração
específica para esta atividade (conforme Resolução n. 13 do CNJ, essa
verba, além de não estar absorvida pelo subsídio, não se subordina ao teto
constitucional);
X - gratificação pelo efetivo exercício em Comarca de difícil provimento,
assim definida e indicada em lei (conforme Resolução CNJ n. 13, essa verba
não foi absorvida pelo subsídio único).
§ 1º - A verba de representação, salvo quando concedida em razão do
exercício de cargo em função temporária, integra os vencimentos para todos
os efeitos legais. (não recepcionado pela EC 45-2004)
§ 2º - É vedada a concessão de adicionais ou vantagens pecuniárias não
previstas na presente Lei, bem como em bases e limites superiores aos nela
fixados.

Parte destas parcelas foi absorvida pela instituição do teto remuneratório


constitucional. Conforme disciplinado na Resolução n. 13 do CNJ, o somatório de
subsídios, remuneração, proventos e pensões de qualquer origem encontram-se
submetidos ao teto remuneratório constitucional (artigo 6º).

Conforme artigo 4º da referida Resolução, estão compreendidas no subsídio dos


magistrados e por ele extintas as seguintes verbas do regime remuneratório
anterior:

I - vencimentos:

a) no Poder Judiciário da União, os previstos na Lei nº 10.474/02 e na


Resolução STF nº 257/03;

b) no Poder Judiciário dos Estados, os fixados nas tabelas das leis estaduais
respectivas.

II - gratificações de:

a) Vice-Corregedor de Tribunal;
b) Membros dos Conselhos de Administração ou de Magistratura dos
Tribunais;

c) Presidente de Câmara, Seção ou Turma;

d) Juiz Regional de Menores;

e) exercício de Juizado Especial Adjunto;

f) Vice-Diretor de Escola;

g) Ouvidor;

h) grupos de trabalho e comissões;

i) plantão;

j) Juiz Orientador do Disque Judiciário;

k) Decanato;

l) Trabalho extraordinário;

m) Gratificação de função.

III - adicionais:

a) no Poder Judiciário da União, o Adicional por Tempo de Serviço previsto


na Lei Complementar nº 35/79 (LOMAN), art. 65, inciso VIII;

b) no Poder Judiciário dos Estados, os adicionais por tempo de serviço em


suas diversas formas, tais como: anuênio, biênio, triênio, sextaparte,
"cascatinha", 15% e 25%, e trintenário.

IV - abonos;

V - prêmios;

VI - verbas de representação;

VII - vantagens de qualquer natureza, tais como:

a) gratificação por exercício de mandato (Presidente, VicePresidente,


Corregedor, Diretor de Foro e outros encargos de direção e confiança);
b) parcela de isonomia ou equivalência;

c) vantagens pessoais e as nominalmente identificadas (VPNI);

d) diferenças individuais para compensar decréscimo remuneratório;

e) gratificação de permanência em serviço mantida nos proventos e nas


pensões estatutárias;

f) quintos; e

g) ajuda de custo para capacitação profissional.

VIII - outras verbas, de qualquer origem, que não estejam explicitamente


excluídas pelo art. 5º.

De outro lado, não estão abrangidas pelo subsídio único, na forma do artigo 5º da
Resolução n. 13 do CNJ, as seguintes verbas:

I - de caráter permanente: retribuição pelo exercício, enquanto este


perdurar, em comarca de difícil provimento;

II - de caráter eventual ou temporário:

a) exercício da Presidência de Tribunal e de Conselho de Magistratura, da


Vice-Presidência e do encargo de Corregedor;

b) investidura como Diretor de Foro;

c) exercício cumulativo de atribuições, como nos casos de atuação em


comarcas integradas, varas distintas na mesma Comarca ou circunscrição,
distintas jurisdições e juizados especiais;

d) substituições;

e) diferença de entrância;

f) coordenação de Juizados;

g) direção de escola;

h) valores pagos em atraso, sujeitos ao cotejo com o teto junto com a


remuneração do mês de competência;
i) exercício como Juiz Auxiliar na Presidência, na Vice-Presidência, na
Corregedoria e no Segundo Grau de Jurisdição;

j) participação em Turma Recursal dos Juizados Especiais.

Parágrafo único. A soma das verbas previstas neste artigo com o subsídio
mensal não poderá exceder os tetos referidos nos artigos 1º e 2º,
ressalvado o disposto na alínea "h" deste artigo.

Acrescente-se que, nos termos do artigo 8º da citada Resolução:

Art. 8º Ficam excluídas da incidência do teto remuneratório constitucional as


seguintes verbas:

I - de caráter indenizatório, previstas em lei:

a) ajuda de custo para mudança e transporte;

b) auxílio-moradia;

c) diárias;

d) auxílio-funeral;

e) (Revogada pela Resolução nº 27, de 18.12.06)

f) indenização de transporte;

g) outras parcelas indenizatórias previstas na Lei Orgânica da Magistratura


Nacional de que trata o art. 93 da Constituição Federal.

II - de caráter permanente:

a) remuneração ou provento decorrente do exercício do magistério, nos


termos do art. 95, parágrafo único, inciso I, da Constituição Federal; e

b) benefícios percebidos de planos de previdência instituídos por entidades


fechadas, ainda que extintas.

III - de caráter eventual ou temporário:

a) auxílio pré-escolar;

b) benefícios de plano de assistência médico-social;


c) devolução de valores tributários e/ou contribuições previdenciárias
indevidamente recolhidos;

d) gratificação pelo exercício da função eleitoral, prevista nos art. 1º e 2º da


Lei nº 8.350, de 28 de dezembro de 1991, na redação dada pela Lei nº
11.143, de 26 de julho de 2005;

e) gratificação de magistério por hora-aula proferida no âmbito do Poder


Público;

f) bolsa de estudo que tenha caráter remuneratório.

IV - abono de permanência em serviço, no mesmo valor da contribuição


previdenciária, conforme previsto no art. 40, § 19, da Constituição Federal,
incluído pela Emenda Constitucional nº 41, de 31 de dezembro de 2003.

Parágrafo único. É vedada, no cotejo com o teto remuneratório, a exclusão


de verbas que não estejam arroladas nos incisos e alíneas deste artigo.

Pergunta de prova: o que o candidato pensa acerca do auxílio-moradia?

Resposta sugerida: A LOMAN garante aos magistrados o direito ao auxílio moradia.


Segundo referida lei, a vantagem pode ser outorgada aos magistrados, sendo
vedada apenas se na localidade em que atua o magistrado houver residência oficial
à disposição.

Veja-se o art. 65, inciso II:

Art. 65 - Além dos vencimentos, poderão ser outorgadas aos magistrados,


nos termos da lei, as seguintes vantagens:

II - ajuda de custo, para moradia, nas localidades em que não houver


residência oficial à disposição do Magistrado.

Alguns tribunais regulamentaram o benefício, de modo que até 2014 alguns juízes
recebiam e outros não.

Naquele ano, três liminares proferidas pelo ministro Luiz Fux determinaram o
pagamento a todos os juízes do país. Fux destacou que o auxílio é direito dos
magistrados, pois se trata de verba de caráter indenizatório, previsto na LOMAN.
O pagamento do auxílio foi então regulamentado, em outubro de 2014, pelo CNJ,
por meio da resolução 199/14. A norma estabeleceu que o valor do benefício só
poderia ser pago em relação ao período iniciado em 15 de setembro de 2014 e não
acarretaria retroatividade.

Penso que o dispositivo da LOMAN acima mencionado foi recepcionado pela CF, pois
tem nítido caráter indenizatório, não sendo uma forma de aumento disfarçado.
Deve-se lembrar que a CR exige que o magistrado resida na comarca (artigo 93,
VII), de modo que a exigência de residência na jurisdição somada à ausência de
disponibilização de residência oficial deve possibilitar ao magistrado o recebimento
da indenização pela moradia, exigida pelo texto constitucional.

3.4 Outras prerrogativas/direitos dos magistrados

Outras prerrogativas previstas na LOMAN:

Art. 33 - São prerrogativas do magistrado:

I - ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados


com a autoridade ou Juiz de instância igual ou inferior;

II - não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especial
competente para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável,
caso em que a autoridade fará imediata comunicação e apresentação do
magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado;

III - ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado-Maior, por


ordem e à disposição do Tribunal ou do órgão especial competente, quando
sujeito a prisão antes do julgamento final (note-se que os magistrados não
ficam isentos de serem presos cautelarmente quando forem preenchidos os
requisitos para a prisão preventiva, mas apenas de que seja respeitada a
prerrogativa de instalações especiais para que sejam abrigados
adequadamente em caso de recolhimento prisional, até mesmo para evitar
contato com outros presos, que podem inclusive terem sido condenados pelo
juiz);

IV - não estar sujeito a notificação ou a intimação para comparecimento,


salvo se expedida por autoridade judicial;
V - portar arma de defesa pessoal (para tanto, é imprescindível que o
magistrado participe dos cursos e treinamentos exigidos para todos aqueles
que passarão a portar armas; o escopo de tal prerrogativa é prover maior
segurança pessoal aos juízes, que muitas vezes são ameaçados em virtude
da imensa responsabilidade decisória que possuem).

Parágrafo único - Quando, no curso de investigação, houver indício da


prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou
militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial
competente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação.

A finalidade do inciso I é de que, diante da peculiaridade da função que exerce, o


magistrado não pode se sujeitar, com sacrifício e a bem do serviço da Justiça, a
esperas, atrasos, adiamentos e outras disfuncionalidades dos atos procedimentais e
processuais, sendo, pois, conveniente o prévio ajuste das condições para seu
depoimento.

No que tange ao inciso IV, o STF já entendeu que configura verdadeiro


constrangimento ilegal, com clara e evidente ofensa ao princípio da separação dos
Poderes e à independência do Poder Judiciário, a convocação de Magistrado para
prestar depoimento em Comissões Parlamentares de Inquérito em razão de atos e
decisões jurisdicionais (HC 80593/PA).

Quanto à prisão, a falta de imediato controle de toda e qualquer prisão de


Magistrado poderá comprometer a independência do Poder Judiciário e colocar em
risco a dignidade e o prestígio do cargo, evitando-se, assim, demais disso,
perseguições.

Ainda que mantida a prisão, os Magistrados tem o direito de ser recolhidos à prisão
especial ou sala especial de Estado-Maior, por ordem e à disposição do Presidente
do Tribunal ou do Órgão Especial competente, evitando-se, pois, o contato com a
massa carcerária comum e vinganças, agressões, sevícias e humilhações daí
decorrentes, provocadas em razão do cargo ocupado pelos Juízes e das funções por
ele desempenhadas.

Anote-se que prisão especial é a distinta do ergástulo onde são recolhidos os presos
comuns. Já “Sala de Estado-Maior é o compartimento de qualquer unidade militar
que, ainda que potencialmente, possa ser utilizado pelo grupo de oficiais para
exercerem funções de assessoria do Comandante de uma organização militar”
(Vinicius de Toledo Piza Peluso e José Wilson Gonçalves).
Caso não exista na localidade estabelecimento especial para a prisão, o magistrado
deve ser colocado em prisão domiciliar, o que acontece também com o advogado
preso (STF – RCL 5212/SP, Carmem Lucia, 27/03/2008).

No que toca ao porte de arma de fogo, tal prerrogativa não necessita de


autorização ou licença de outras autoridades, inclusive da localidade territorial
diversa do Tribunal a que esteja vinculado, não estando, por sua vez, abarcado
pelas limitações previstas ao porte na legislação ordinária que rege a matéria
(Estatuto do Desarmamento).

Art. 34 - Os membros do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Federal de


Recursos, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral e do
Tribunal Superior do Trabalho têm o título de Ministro; os dos Tribunais de
Justiça, o de Desembargador; sendo o de Juiz privativo dos outros Tribunais
e da Magistratura de primeira instância.

Os Regimentos Internos de alguns Tribunais Regionais do Trabalho tem atribuído


aos seus membros o título de Desembargador Federal do Trabalho. Questiona-se se
tal alteração é válida, haja vista que os regimentos internos servem apenas para
estruturar administrativamente os tribunais e a designação privativa é algo
disciplinado por meio de Lei Complementar, havendo vilipêndio da hierarquia
normativa por meio dessa alteração. Não obstante, os tribunais continuam
alterando essa denominação e o CNJ ainda não atentou para regulamentar tais
designações que extrapolam os limites legais impostos pela LOMAN. Sobre o
assunto, pode-se defender que a designação visa conferir paridade aos membros da
magistratura de segundo grau, não sendo razoável nomear os membros da Justiça
Estadual de Desembargadores e os membros de segundo grau da Justiça do
Trabalho de Juízes, pois isso pode dar a impressão de que aqueles tem maior
importância na carreira, o que definitivamente não é verdadeiro.

Artigo 66. Os magistrados terão direito a férias anuais, por sessenta dias,
coletivas ou individuais.
§ 1º - Os membros dos Tribunais, salvo os dos Tribunais Regionais do
Trabalho, que terão férias individuais, gozarão de férias coletivas, nos
períodos de 2 a 31 de janeiro e de 2 a 31 de julho. Os Juízes de primeiro
grau gozarão de férias coletivas ou individuais, conforme dispuser a lei.
(texto não recepcionado pela EC 45-2004, que deu nova redação ao inciso
XII do artigo 93 da CR, determinando que a atividade jurisdicional seja
ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas nos juízos e tribunais de
segundo grau)
§ 2º - Os Tribunais iniciarão e encerrarão seus trabalhos, respectivamente,
nos primeiro e último dias úteis de cada período, com a realização de
sessão.

Vinicius de Toledo Piza Peluso e José Wilson Gonçalves: “Os sessenta dias de férias
são necessários ao bom e correto desempenho das funções jurisdicionais, que
devem ser exercidas com responsabilidade, serenidade, atenção, cuidado, aplicação
e eficiência, diante dos fundamentais interesses que se encontram em jogo. Assim,
para que a função jurisdicional seja corretamente desempenhada é necessário que
os Juízes estejam no gozo e na plenitude das capacidades psico-orgânicas”.

As férias individuais não podem ser cumuladas, nem fracionadas em períodos


inferiores ao legalmente estipulado, cabendo aos Tribunais negar a concessão de
gozo em razão da necessidade do serviço, evitando-se, assim, que a função
jurisdicional seja prejudicada ou comprometida pelo afastamento de diversos Juízes
ao mesmo tempo.

Art. 69 - Conceder-se-á licença:


I - para tratamento de saúde;
II - por motivo de doença em pessoa da família;
III - para repouso à gestante;

Art. 72 - Sem prejuízo do vencimento, remuneração ou de qualquer direito


ou vantagem legal, o magistrado poderá afastar-se de suas funções até oito
dias consecutivos por motivo de:
I - casamento;
II - falecimento de cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Art. 73 - Conceder-se-á afastamento ao magistrado, sem prejuízo de seus


vencimentos e vantagens:
I - para freqüência a cursos ou seminários de aperfeiçoamento e estudos, a
critério do Tribunal ou de seu órgão especial, pelo prazo máximo de dois
anos; (Redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979)
II - para a prestação de serviços, exclusivamente à Justiça Eleitoral.
III - para exercer a presidência de associação de classe (Presidente da
AMATRA, por exemplo).

Aposentadoria. Três hipóteses: (i) invalidez permanente; (ii) compulsoriamente


(critério etário: 75 anos); (iii) voluntariamente.

Na aposentadoria por invalidez permanente a regra é de que os proventos sejam


pagos segundo o critério da proporcionalidade ao tempo de contribuição do
magistrado. Exceção: aposentadoria decorrente de acidente em serviço, moléstia
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável.

Na aposentadoria compulsória (aos 75 anos de idade), o magistrado faz jus a


proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se o tempo máximo (de
contribuição) já tiver sido atingido.

Na aposentadoria voluntária é imprescindível que seja cumprido tempo mínimo de


10 anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em
que se dará a aposentadoria. A aposentadoria será concedida com proventos de
forma integral se o magistrado contar com 60 anos de idade e 35 de contribuição,
se homem, e 55 anos de idade e 30 de contribuição, se mulher. Será proporcional
ao tempo de contribuição no caso de o magistrado contar com 65 anos de idade, se
homem, ou 60, se mulher.

O magistrado que atenda às exigências para aposentadoria voluntária e opte por


continuar trabalhando tem direito ao abono de permanência em serviço (§ 19 do
artigo 40 da CR), correspondente ao valor monetária da sua contribuição
previdenciária.

§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as


exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III,
a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de
permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária
até completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas
no § 1º, II.

Sobre o aspecto veja-se o que dispõe o artigo 8º, IV, da Resolução n. 13 do CNJ:

Art. 8º Ficam excluídas da incidência do teto remuneratório


constitucional as seguintes verbas:
(...)

IV - abono de permanência em serviço, no mesmo valor da


contribuição previdenciária, conforme previsto no art. 40, § 19, da
Constituição Federal, incluído pela Emenda Constitucional nº 41, de
31 de dezembro de 2003.

Licenças: o artigo 69 da LOMAN prevê licenças para: (i) tratamento de saúde; (ii)
motivo de doença em pessoa da família; (iii) repouso de gestante.

Durante o período em que gozar a licença, seja qual for o fundamento legal da
concessão, o Magistrado não poderá exercer quaisquer funções jurisdicionais ou
administrativas, nem exercitar outra função pública ou particular, já que as
hipóteses que autorizam a interrupção dos serviços não se coadunam com tal
possibilidade, pois seria contrassenso autorizar a ausência, mas permitir que
atividades forenses ou estranhas fossem exercidas (Vinicius de Toledo Piza Peluso e
José Wilson Gonçalves).

Exceção: Salvo contraindicação médica, o magistrado licenciado poderá proferir


decisões em processos que, antes da licença, lhe hajam sido conclusos para
julgamento ou tenham recebido o seu visto como relator ou revisor (artigo 71, §
2º, da LOMAN).

O juiz também pode receber concessões (artigos 72 e 73 da LOMAN), podendo


ausentar-se do trabalho por oito dias nos casos de (i) casamento e (ii) falecimento
de cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Pode o magistrado afastar-se do trabalho, sem prejuízo dos subsídios, para (i)
frequência a cursos ou seminários de aperfeiçoamento e estudos pelo período
máximo de dois anos; (ii) prestação de serviços exclusivos à Justiça Eleitoral; (iii)
exercer a presidência de associação de classe.

O afastamento para aperfeiçoamento e estudos se justifica tendo em vista a


necessidade do aprimoramento intelectual dos Juízes e as inegáveis vantagens daí
decorrentes para todos os jurisdicionados diante do indispensável aprimoramento
da prestação jurisdicional, sem contar o fato de que o aperfeiçoamento intelectual é
critério para promoção por merecimento (artigo 93, II, c, da CR).
O afastamento para exercer a presidência de associação de classe tem um alcance
mais abrangente, pois compreende não apenas o exercício da presidência de
algumas das associações de magistrados, mas também a presidência de qualquer
associação que diga respeito a interesse, ou a interesses de alguma ou algumas
das diversas espécies de magistratura (STF, MS 28140-DF, Cezar Peluso, 13-08-
2009).

- Prerrogativa de foro do magistrado aposentado?

Segundo Pedro Lenza, não.

Argumentos favoráveis: Enquanto juiz de direito (ou do trabalho), mesmo


aposentado, continua com vitaliciedade, não perdendo o cargo, mantida estaria a
prerrogativa de foro.

Há previsão nesse sentido no artigo 48 do Estatuto de Roma (TPI): “2. Os juízes, o


Procurador, os Procuradores-Adjuntos e o Secretário gozarão, no exercício das suas
funções ou em relação a estas, dos mesmos privilégios e imunidades reconhecidos
aos chefes das missões diplomáticas, continuando a usufruir de absoluta imunidade
judicial relativamente às suas declarações, orais ou escritas, e aos atos que
pratiquem no desempenho de funções oficiais após o termo do respectivo
mandato”.

Eros Grau diferencia a prerrogativa que decorre da função, como no caso do


mandato eletivo temporário, da prerrogativa que decorreria do cargo, no caso do
magistrado que é vitalício.

Argumentos contrários: findo o exercício da função, a prerrogativa de foro deixa de


existir.

Min. Lewandowski (RE 291.485/RJ): “o foro especial por prerrogativa de função


tem por objetivo o resguardo da função pública; que o magistrado, no exercício do
ofício judicial, goza de prerrogativa de foro especial, garantia que está voltada não
à pessoa do juiz, mas aos jurisdicionados; e que, não havendo mais o exercício da
função judicante, não há de perdurar o foro especial, haja vista que o resguardo
dos jurisdicionados, nesse caso, não é mais necessário. O provimento vitalício é o
ato que garante a permanência do servidor no cargo, aplicando-se apenas aos que
integram as fileiras ativas da carreira pública”.
Prevaleceu no STF a posição do Min. Lewandowski, sendo reafirmada a orientação
jurisprudencial no sentido de que os magistrados que se aposentam perdem a
prerrogativa de foro, mesmo em relação a atos praticados no exercício da função e
em virtude desta (RE’s 546.609 e 549.560).

4. Garantias de imparcialidade da magistratura (vedações)

José Renato Nalini: “O intuito das proibições é liberar o juiz de qualquer outra
preocupação que não seja solucionar problemas submetidos à sua apreciação. O
exercício da judicatura é ônus de tempo integral. A dedicação plena, exclusiva e
devotada à causa da justiça é imposição natural, ínsita ao desempenho da função”.

Tassos Lycurgo e Lauro Ericksen: “As imposições passivas determinadas pela


Constituição da República e pelas normas infraconstitucionais se bipartem em
deveres funcionais e proibições. Tais implicações são limitações ao exercício da
atuação jurisdicional dos magistrados e possuem como escopo regulamentar a sua
escorreita atividade, essencial à consecução da justiça”.

Vinicius de Toledo Piza Peluso e José Wilson Gonçalves: “as vedações formais
impostas aos Juízes objetivam, de um lado, proteger o próprio Poder Judiciário, de
modo que seus integrantes dotem-se de condições de total independência, e, de
outra parte, garantir que os Magistrados se dediquem, integral e exclusivamente,
às funções inerentes ao cargo, proibindo que a dispersão de atividade deixe em
menor valia e cuidado com desempenho que é função essencial do Estado e de
direito fundamental do jurisdicionado”.

Ao magistrado é vedado (artigo 95, p. ún., da CF):

I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de


magistério.

II – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

III – dedicar-se à atividade político-partidária;

IV – receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas


físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei
(dentre estas exceções legais inclui-se os valores advindos da participação
societária do magistrado, que é plenamente possível);
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração
(quarentena de saída).

Segundo Pedro Lenza, trata-se de rol taxativo, exaustivo, por restringir direitos.

Todavia, além das vedações previstas na CF, a LOMAN indica outras vedações no
seu artigo 36, abaixo transcrito:

Art. 36 - É vedado ao magistrado:

I - exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de


economia mista, exceto como acionista ou quotista;

II - exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou


fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe,
e sem remuneração;

III - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo


pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre
despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos
autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.

O STF entende que o artigo 36 da LOMAN foi recepcionado pela CF/88.

O CNJ regulamentou o exercício da atividade de magistério pela Resolução n.


34/2007, que sofreu alterações substanciais pela Resolução n. 226/2016.

Conforme dita Resolução, o exercício da docência por magistrados pressupõe


compatibilidade entre os horários fixados para o expediente forense e para a
atividade acadêmica, o que deverá ser comprovado perante o Tribunal (artigo 1º,
parágrafo único).

A resolução admite o exercício de cargos ou funções de coordenação acadêmica,


como tais considerados aqueles que envolvam atividades estritamente ligadas ao
planejamento e/ou assessoramento pedagógico (artigo 2º). Todavia, é vedado o
desempenho de cargo ou função administrativa ou técnica em estabelecimento de
ensino (§ 2º).

Dispõe o artigo 3º que “O exercício de qualquer atividade docente por magistrado


deverá ser comunicado formalmente ao órgão competente do Tribunal, mediante
registro eletrônico em sistema por ele desenvolvido, com a indicação da instituição
de ensino, do horário e da(s) disciplina(s) ministrada(s)”.

Nos termos do artigo 4º-A, é considerada atividade docente a “participação de


magistrados na condição de palestrante, conferencista, presidente de mesa,
moderador, debatedor ou membro de comissão organizadora”.

Por outro lado, o artigo 5º-A veda a realização de coaching, similares e congêneres,
destinadas à assessoria individual ou coletiva de pessoas, inclusive na preparação
de candidatos a concursos públicos, por não serem consideradas atividade docente.

Quanto à atividade político-partidária, veda-se ao juiz o exercício de qualquer tarefa


relacionada aos partidos políticos, inclusive a filiação. Não se afigura adequado ao
juiz em seu ambiente de trabalho se prestar a emitir juízos de valor acerca dos
desígnios políticos, pois a atividade política não pode se imiscuir na atividade
jurisdicional.

Regulamentando a questão, o CNJ editou o provimento n. 31/2018, cujo artigo 2º


dispõe que “A liberdade de expressão, como direito fundamental, não pode ser
utilizada pela magistratura para afastar a proibição constitucional do exercício de
atividade político-partidária (CF/88, art. 95, parágrafo único, III)”.

O § 1º do mesmo artigo ressalta que “A vedação de atividade político-partidária aos


membros da magistratura não se restringe à prática de atos de filiação partidária,
abrangendo a participação em situações que evidenciem apoio público a candidato
ou a partido político”.

Ressalva o § 2º que “A vedação de atividade político-partidária aos magistrados


não os impede de exercer o direito de expressar convicções pessoais sobre a
matéria prevista no caput deste artigo, desde que não seja objeto de manifestação
pública que caracterize, ainda que de modo informal, atividade com viés político-
partidário”.

E o § 3º normatiza que: “Não caracteriza atividade político-partidária a crítica


pública dirigida por magistrado, entre outros, a ideias, ideologias, projetos
legislativos, programas de governo, medidas econômicas. São vedados, contudo,
ataques pessoais a candidato, liderança política ou partido político com a finalidade
de descredenciá-los perante a opinião pública, em razão de ideias ou ideologias de
que discorde o magistrado, o que configura violação do dever de manter conduta
ilibada e decoro”.
No que toca à quarentena de saída, o escopo da vedação é o de evitar situações de
um estado de suspeição quanto ao bom funcionamento do Poder Judiciário,
prevenindo que o (ex) juiz se valha de sua influência política no tribunal onde já
atuou para lograr êxito em suas ações, agora como causídico. Lembre-se que a
vedação deve incidir apenas no órgão em que o magistrado atuou.

Quanto ao exercício do comércio, o juiz pode ser sócio de uma sociedade


empresária, desde que não exerça nenhum cargo de direção ou atividade de
gerência.

A Resolução n. 34 do CNJ não permite ao juiz assumir atividades de coordenação


administrativa em instituições de ensino, podendo apenas assumir atividade de
coordenação técnica ou pedagógica.

Essas vedações tem por escopo teleológico impedir que o magistrado se imiscua no
que se costuma denominar de “ética comercial”, pois “no plano dos negócios e dos
comércios existe uma sistemática totalmente diversa daquela perpetuada nos
meandros do Poder Judiciário” (Lycurgo), existindo “diversas operações comerciais
que mesmo consideradas imorais, segundo o ponto de vista da ética comum
aplicável ao senso de justiça do homem médio, em sede estritamente econômica
não são consideradas como um desvio ético, segundo a referida ética comercial”.
(ibidem).

Assim, “não há como o juiz participar desses dois segmentos: da inclinação


comercial das sociedades empresarias e do resguardo ético da justiça”, já que “São
atividades deontologicamente incompatíveis, de maneira que o escopo da LOMAN é
apartar os magistrados da ‘promiscuidade’ das relações comerciais para que
mantenham seu senso ético em conformidade com o justo e o correto em termos
genéricos de acepção moral” (ibidem).

No mesmo sentido, Vinicius de Toledo Piza Peluso e José Wilson Gonçalves


assentam que “tais atividades [comércio] não se harmonizam com o cargo e
conduzem à indesejável dispersão de esforços, decerto em sacrifício das funções
jurisdicionais do Magistrado; estatui-se, assim, o regime de dedicação exclusiva às
funções jurisdicionais cujo dever de abstenção tem fonte ética e objetivo de
resguardar a independência e imparcialidade do magistrado, além de preservar sua
dedicação primordial à judicatura”.

Acrescento que a participação no meio empresarial faria com que o juiz se


relacionasse com diversas outras pessoas da sociedade, o que seria irremediável
fonte de suspeições, em prejuízo à função jurisdicional, já que o magistrado se
veria impedido de atuar em boa parte dos feitos.

Por fim, no que concerne à manifestação de opinião sobre processo pendente de


julgamento, ressalva-se a possibilidade de o juiz formular crítica nos autos, em
obras técnicas ou no exercício do magistério. Em tais hipóteses o juiz atua como
um cientista do direito que examina os meandros técnicos da norma.

Neste sentido, a lição de Orlando Gomes:

“a simples, porém valiosa, premissa de que o juiz (enquanto doutrinador)


possui a capacidade de influenciar os provimentos jurisdicionais exarados
por outros juízes e tribunais, pois termina, indissociavelmente, sendo a fonte
de influência dos conteúdos ministrados nas faculdades de Direito”.

E de Tassos Lycurgo e Lauro Ericksen:

“Nessa condição peculiar de intérprete e de analista do Direito, pode o


magistrado comentar, criticar ou assentir com julgamentos exarados por
outros colegas magistrados, nada impedindo, por exemplo, que o
magistrado leve a conhecimento de seus alunos casos por ele julgados”.

Todavia, ressalvam os autores, “nesses casos em que o magistrado comenta os


seus próprios processos, ele deve resguardar as partes em questão, omitindo seus
nomes, ou valendo-se de alcunhas fictícias, para explicitar, de maneira científica, os
pontos relevantes da causa em análise”.

Vinicius de Toledo Piza Peluso e José Wilson Gonçalves:

“os magistrados integram uma carreira política de Estado e como tal


encarnam a instituição e formam a vontade correspondente ao Poder do qual
pertencem. A manifestação dos Magistrados é tida como a própria vontade
estatal e qualquer ato por eles praticado, enquanto tal, é atribuído ao
Estado. E, assim, por manterem uma relação jurídica própria com o Estado,
desempenhando suas atribuições com prerrogativas e responsabilidades
próprias estabelecidas na Constituição e em leis especiais, estão submetidos
às regras que regem sua carreira, sob pena de injustificada indisciplina”.

Há, segundo os autores acima, restrição de parcela do direito constitucional de livre


manifestação do pensamento, restrição parcial, pois os juízes não são impedidos de
exercê-lo nas demais situações da vida cotidiana.
Pergunta de prova: pode o magistrado participar de movimentos sociais
democráticos, nas ruas e nas redes sociais, como, por exemplo, os protestos contra
a reforma da previdência?

Resposta sugerida: a CF, no parágrafo único do artigo 95, apresenta as vedações


aos magistrados. Trata-se de rol exaustivo, segundo a doutrina. Assim, não
havendo vedação expressa na Constituição, em tese seria possível a participação
nestes atos, por se tratar de livre exercício da cidadania.

Todavia, deve-se atentar para que o exercício de cidadania não se confunda com o
exercício de atividade político-partidária (essa sim vedada pela CF), o que
ocorreria, por exemplo, se o movimento fosse liderado por um partido político,
inclusive com o uso de suas bandeiras e demais sinais identificadores.

De todo modo, ainda que não haja a vedação, penso que o Juiz deve ter uma
postura mais reservada, mormente no atual momento político, evitando-se que a
sociedade em geral possa criar desconfianças quanto à sua imparcialidade.

5. Deveres dos magistrados

Vinicius de Toledo Piza Peluso e José Wilson Gonçalves: “para que a imparcialidade
seja a mais completa possível não basta a instituição de garantias, é necessário
complementá-las com proibições, vedações, impedimentos e deveres voltados aos
próprios Magistrados e que os impeçam de se expor a outros riscos que poderiam
levar à perda da imparcialidade, protegendo-os, assim, contra si mesmos, pois a
atuação impessoal dos Juízes é absolutamente necessária e indispensável à sua
independência, inclusive moral”.

Os deveres do juiz consistem numa evidente positivação de um preceito ético. Além


disso, a LOMAN exige que o juiz seja virtuoso, ao determinar que ele tenha conduta
irrepreensível na vida pública e particular.

Os deveres dos magistrados estão expostos na CR, na LOMAN e no CPC.

O juiz titular tem o dever de residir na respectiva comarca (CR, artigo 93, VII).
Essa exigência pode ser ressalvada caso haja autorização do tribunal respectivo
para que o magistrado possa residir em localidade diversa daquela em que ele
labora.
Conforme Resolução n. 37 do CNJ, as autorizações para o juiz residir fora da
comarca só devem ser concedidas em casos excepcionais, desde que não causem
prejuízo à efetiva prestação jurisdicional. Conforme artigo 3º da referida Resolução,
caso o magistrado fixe residência fora da comarca em que atua, sem a devida
autorização do tribunal a que está vinculado, caracteriza-se como infração
funcional, sujeita a procedimento administrativo disciplinar.

O juiz tem, ainda, o dever de assegurar a publicidade dos atos processuais (CR,
artigo 93, IX). Todos os julgamentos devem ser públicos, excetuando os casos de
segredo de justiça, para assegurar o direito de intimidade das partes.

Nos termos do mesmo dispositivo constitucional, é dever do juiz fundamentar as


suas decisões, sob pena de nulidade.

No plano infraconstitucional, a LOMAN trata dos deveres funcionais no artigo 35:

Art. 35 - São deveres do magistrado:

I - Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as


disposições legais e os atos de ofício;

O Magistrado, mais do que qualquer outro cidadão, deve observância às normas


legais e regulamentares, cumprindo o que determina a lei e exigindo o mesmo de
seus subordinados.

Deve fazê-lo com independência, que constitui, mais do que dever jurídico, dever
moral que decorre da natureza da própria função pública, agindo livremente, sem a
necessidade de outro impulso senão o da própria ordem legal, ou seja, sem a
interferência de outra vontade externa a influir em sua ação.

O magistrado deve cumprir esse dever com serenidade, com imperturbabilidade,


com a tranquilidade exigida pela função e que o conduzirá à certeza da correta
prática do ato.

Deve cumprir, ainda, o dever com exatidão, o que diz respeito à justeza, precisão e
concordância plena do comportamento adotado com a vontade da lei.

II - não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar;

Cabe ao magistrado observar e cumprir os chamados prazos impróprios para


despachos, sentenças e decisões interlocutórias, ante o inegável prejuízo às partes
decorrente da tardia prestação jurisdicional, que causa o descrédito e desprestígio
do Poder Judiciário.

O atraso, para configurar falta funcional, deve ser injustificado, não configurando o
descumprimento do dever o atraso decorrente de justo motivo, como o excessivo
número de demandas.

III - determinar as providências necessárias para que os atos processuais se


realizem nos prazos legais;

Não basta o magistrado observar os prazos a que está submetido, cabendo-lhe


também as providências decorrentes de seu poder administrativo correicional, de
forma que os servidores sob a sua chefia também observem os prazos processuais
e deem a máxima eficiência, propiciando o regular andamento dos processos.

IV - tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os


advogados, as testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e
atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quanto se trate de
providência que reclame e possibilite solução de urgência;

Cabe ao juiz tratar com respeito, cortesia e civilidade todos aqueles com os quais
tenha contato no desempenho de sua função jurisdicional, resguardando a imagem
pública e a dignidade do próprio Poder Judiciário.

Incumbe ao juiz atender, a qualquer tempo, a todos que o procurarem quando se


tratar de providência que reclame urgente solução, ainda que fora do horário
normal de expediente forense.

Segundo Lycurgo, “é imprescindível que o juiz tente ter o máximo de presteza ao


atender os que o procuram, a qualquer momento, principalmente quando se tratar
de providência que reclame e possibilite solução de urgência”.

V - residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que


estiver subordinado;

Tal dever é ponderado pela própria norma em comento e também pela CR (artigo
93, II), ante a possibilidade de o Tribunal autorizar a residência em local diverso,
diante das inúmeras peculiaridades existentes no território nacional, bem como
diante dos avanços da modernidade, onde os meios de comunicação facilitam a
pronta atuação do juiz e a sua presença imediata, ficando, assim, a salvo a ratio
legis desse dever, que é a pronta entrega da prestação jurisdicional.
VI - comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a
sessão, e não se ausentar injustificadamente antes de seu término;

Por expediente deve-se entender o período em que, na primeira instância, se


realizam as audiências e, na segunda instância, em que se realizam as sessões de
julgamento, não se tratando do mesmo horário rígido de expediente dos
funcionários do Poder Judiciário, tendo em vista a natureza jurídica do cargo,
cuidando-se de agente político.

Impossível, assim, adotar-se uma forma restritiva de controle de frequência que,


apesar de potencialmente ser capaz de solucionar eventuais dificuldades, não crie
transtornos maiores, na medida em que retire a liberdade do Magistrado de definir,
sem prejuízo do interesse público, qual a melhor forma e horário de trabalho, em
homenagem à produtividade, à celeridade e à eficiência (Vinicius de Toledo Piza
Peluso e José Wilson Gonçalves).

VII - exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no


que se refere à cobrança de custas e emolumentos, embora não haja
reclamação das partes;

Dever vinculado ao poder-dever administrativo correicional, mediante a frequente e


oficial supervisão da atuação de seus subordinados, evitando-se abusos e
negligências que possam trazer reflexos aos serviços do Poder Judiciário.

VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.

Do magistrado é exigido um comportamento exemplar, seja no exercício do cargo,


seja como cidadão, por se tratar de um membro de Poder da República, atendendo
ao decoro que deles se exige e preservando a sua indispensável independência e
imparcialidade.

O termo conduta irrepreensível trata de um elemento normativo social de difícil


conceituação por sua ampla carga sociocultural, devendo ser interpretado,
analisado e avaliado com base em cada caso concreto, mas que, de qualquer
forma, significa conduta contra a qual nada se pode arguir em termos de censura.

Outros deveres previstos no artigo 139 do CPC:

(i) assegurar às partes igualdade de tratamento;


(ii) velar pela duração razoável do processo;

(iii) prevenir ou reprimir qualquer ato atentatório à dignidade da justiça e


indeferir postulações meramente protelatórias;

(iv) determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou


sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem
judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

(v) promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com


auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;

(vi) dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios


de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir
maior efetividade à tutela do direito;

(vii) exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força


policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais;

(viii) determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes,


para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a
pena de confesso;

(ix) determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento


de outros vícios processuais;

(x) quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar


o MPT e os demais órgãos a quem cabe promover o ajuizamento da ação
coletiva respectiva.

Afirma Marinoni (et al) que: “A condução do processo pelo juiz tem de ser
cooperativa (art. 6º do CPC). Isso quer dizer que o juiz tem o dever de conduzir o
processo de forma paritária, dialogando com as partes a fim de permitir que elas o
influenciem nas suas decisões (arts. 9º, 10 e 11 do CPC), legitimando-se a sai
postura assimétrica apenas quando prolata o julgamento da causa. O juiz tem
deveres de esclarecimento, de diálogo, de prevenção e de auxílio para com os
litigantes. (...). O dever de esclarecimento constitui ‘o dever de o tribunal se
esclarecer junto das partes quanto às dúvidas que tenha sobre as suas alegações,
pedidos ou posições em juízo’ (Miguel Teixeira de Sousa). O de prevenção, o dever
de o órgão jurisdicional prevenir as partes do perigos de o êxito de seus pedidos
‘ser frustrado pelo uso inadequado do processo’ (idem). O de consulta, o dever de o
órgão judicial consultar as partes antes de decidir sobre qualquer questão,
possibilitando antes que essas o influenciem a respeito do rumo a ser dado à causa.
O dever de auxílio, ‘o dever de auxiliar as partes na superação de eventuais
dificuldades que impeçam o exercício de direitos ou faculdades ou o cumprimento
de ônus ou deveres processuais’”.

Prossegue o referido autor: “Ao conduzir o processo, o juiz deve velar pela
igualdade entre as partes, (...), pela duração razoável do litígio (...) e tentar a
qualquer tempo estimular as partes à autocomposição (...)”. Acrescenta que o juiz
“tem, ainda, o dever de utilizar todas as técnicas processuais disponíveis (...) para
a obtenção da tutela dos direitos (art. 537), prevenindo e reprimindo atos
atentatórios à dignidade da justiça (art. 80)”. Complementa que o juiz “tem o dever
de promover a adequação do processo às especificidades da causa, dilatando
prazos processuais e alterando a ordem de produção das provas, por exemplo, a
fim de conferir maior efetividade à tutela do direito (art. 139, VI). Cumpre-lhe, por
fim, exercer o poder de polícia no processo, requisitando, quando necessária, força
policial para tanto (art. 139, VII)”.

Finaliza MARINONI: “Respeitando os limites fático-jurídicos estabelecidos pelas


partes (...), o juiz tem o dever de decidir conforme o direito (...), justificando as
suas decisões observando a lógica (justificação interna) e a argumentação apoiada
na Constituição e na legislação (art. 489) – em sendo o caso, tal como
interpretadas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça (ou
o TST, no caso do juiz do trabalho) em seus precedentes (justificação externa)”.

ANEXO I

RESOLUÇÃO Nº13, DE 21 DE MARÇO DE 2006

Dispõe sobre a aplicação do teto remuneratório constitucional e do subsídio mensal


dos membros da magistratura.

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições,


tendo em vista o decidido em Sessão de 21/03/2006,

CONSIDERANDO o disposto na Lei nº 11.143, de 26 de julho de 2005,

CONSIDERANDO o disposto no art. 37, inciso XI, da Constituição Federal, com a


redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003,
CONSIDERANDO o disposto no art. 103-B, § 4º, II, da Constituição Federal,
introduzido pela Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004,

CONSIDERANDO o decidido pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Processo


nº 319269, conforme Ata da 1ª Sessão Administrativa realizada em 5 de fevereiro
de 2004,

RESOLVE:

Art. 1º No âmbito do Poder Judiciário da União, o valor do teto remuneratório, nos


termos do art. 37, inciso XI, da Constituição Federal, combinado com o seu art. 93,
inciso V, é o subsídio de Ministro do Supremo Tribunal Federal e corresponde a R$
24.500,00 (vinte e quatro mil e quinhentos reais). Atualmente R$ 37.476,93

Art. 2º Nos órgãos do Poder Judiciário dos Estados, o teto remuneratório


constitucional é o valor do subsídio de Desembargador do Tribunal de Justiça, que
não pode exceder a 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento)
do subsídio mensal de Ministro do Supremo Tribunal Federal. (Eficácia suspensa -
vide ADI 3854)

Art. 3º O subsídio mensal dos Magistrados constitui-se exclusivamente de parcela


única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
verba de representação ou outra espécie remuneratória, de qualquer origem.

Art. 4º Estão compreendidas no subsídio dos magistrados e por ele extintas as


seguintes verbas do regime remuneratório anterior:

I - vencimentos:

a) no Poder Judiciário da União, os previstos na Lei nº 10.474/02 e na Resolução


STF nº 257/03;

b) no Poder Judiciário dos Estados, os fixados nas tabelas das leis estaduais
respectivas.

II - gratificações de:

a) Vice-Corregedor de Tribunal;

b) Membros dos Conselhos de Administração ou de Magistratura dos Tribunais;

c) Presidente de Câmara, Seção ou Turma;


d) Juiz Regional de Menores;

e) exercício de Juizado Especial Adjunto;

f) Vice-Diretor de Escola;

g) Ouvidor;

h) grupos de trabalho e comissões;

i) plantão;

j) Juiz Orientador do Disque Judiciário;

k) Decanato;

l) Trabalho extraordinário;

m) Gratificação de função.

III - adicionais:

a) no Poder Judiciário da União, o Adicional por Tempo de Serviço previsto na Lei


Complementar nº 35/79 (LOMAN), art. 65, inciso VIII;

b) no Poder Judiciário dos Estados, os adicionais por tempo de serviço em suas


diversas formas, tais como: anuênio, biênio, triênio, sextaparte, "cascatinha", 15%
e 25%, e trintenário.

IV - abonos;

V - prêmios;

VI - verbas de representação;

VII - vantagens de qualquer natureza, tais como:

a) gratificação por exercício de mandato (Presidente, Vice- Presidente, Corregedor,


Diretor de Foro e outros encargos de direção e confiança);

b) parcela de isonomia ou equivalência;

c) vantagens pessoais e as nominalmente identificadas (VPNI);

d) diferenças individuais para compensar decréscimo remuneratório;


e) gratificação de permanência em serviço mantida nos proventos e nas pensões
estatutárias;

f) quintos; e

g) ajuda de custo para capacitação profissional.

VIII - outras verbas, de qualquer origem, que não estejam explicitamente excluídas
pelo art. 5º.

Art. 5º As seguintes verbas não estão abrangidas pelo subsídio e não são por ele
extintas:

I - de caráter permanente: retribuição pelo exercício, enquanto este perdurar, em


comarca de difícil provimento;

II - de caráter eventual ou temporário:

a) exercício da Presidência de Tribunal e de Conselho de Magistratura, da Vice-


Presidência e do encargo de Corregedor;

b) investidura como Diretor de Foro;

c) exercício cumulativo de atribuições, como nos casos de atuação em comarcas


integradas, varas distintas na mesma Comarca ou circunscrição, distintas
jurisdições e juizados especiais;

d) substituições;

e) diferença de entrância;

f) coordenação de Juizados;

g) direção de escola;

h) valores pagos em atraso, sujeitos ao cotejo com o teto junto com a remuneração
do mês de competência;

i) exercício como Juiz Auxiliar na Presidência, na Vice-Presidência, na Corregedoria


e no Segundo Grau de Jurisdição;

j) participação em Turma Recursal dos Juizados Especiais.


Parágrafo único. A soma das verbas previstas neste artigo com o subsídio mensal
não poderá exceder os tetos referidos nos artigos 1º e 2º, ressalvado o disposto na
alínea "h" deste artigo.

Art. 6º Para efeito de percepção cumulativa de subsídios, remuneração ou


proventos, juntamente com pensão decorrente de falecimento de cônjuge ou
companheira(o), observar-se-á o limite fixado na Constituição Federal como teto
remuneratório, hipótese em que deverão ser considerados individualmente.
(Redação dada pela Resolução nº 42, de 11.09.07)

Art. 7º Não podem exceder o valor do teto remuneratório, embora não se somem
entre si e nem com a remuneração do mês em que se der o pagamento:

I - adiantamento de férias;

II - décimo terceiro salário;

III - terço constitucional de férias.

Art. 8º Ficam excluídas da incidência do teto remuneratório constitucional as


seguintes verbas:

I - de caráter indenizatório, previstas em lei:

a) ajuda de custo para mudança e transporte;

b) auxílio-moradia;

c) diárias;

d) auxílio-funeral;

e) (Revogada pela Resolução nº 27, de 18.12.06)

f) indenização de transporte;

g) outras parcelas indenizatórias previstas na Lei Orgânica da Magistratura Nacional


de que trata o art. 93 da Constituição Federal.

II - de caráter permanente:

a) remuneração ou provento decorrente do exercício do magistério, nos termos do


art. 95, parágrafo único, inciso I, da Constituição Federal; e
b) benefícios percebidos de planos de previdência instituídos por entidades
fechadas, ainda que extintas.

III - de caráter eventual ou temporário:

a) auxílio pré-escolar;

b) benefícios de plano de assistência médico-social;

c) devolução de valores tributários e/ou contribuições previdenciárias


indevidamente recolhidos;

d) gratificação pelo exercício da função eleitoral, prevista nos art. 1º e 2º da Lei nº


8.350, de 28 de dezembro de 1991, na redação dada pela Lei nº 11.143, de 26 de
julho de 2005;

e) gratificação de magistério por hora-aula proferida no âmbito do Poder Público;

f) bolsa de estudo que tenha caráter remuneratório.

IV - abono de permanência em serviço, no mesmo valor da contribuição


previdenciária, conforme previsto no art. 40, § 19, da Constituição Federal, incluído
pela Emenda Constitucional nº 41, de 31 de dezembro de 2003.

Parágrafo único. É vedada, no cotejo com o teto remuneratório, a exclusão de


verbas que não estejam arroladas nos incisos e alíneas deste artigo.

Art. 9º As retribuições referidas no artigo 5º mantêm a mesma base de cálculo


anteriormente estabelecida, ficando seus valores sujeitos apenas aos índices gerais
de reajuste, vedada, até que sobrevenha lei específica de iniciativa do Poder
Judiciário, a adoção do subsídio como base de cálculo.

Art. 10. Até que se edite o novo Estatuto da Magistratura, fica vedada a concessão
de adicionais ou vantagens pecuniárias não previstas na Lei Complementar nº
35/79 (LOMAN), bem como em bases e limites superiores aos nela fixados.

Art. 11. Os Tribunais publicarão, no Diário Oficial respectivo, até 15 de janeiro de


cada ano, os valores do subsídio e da remuneração de seus magistrados, em
cumprimento ao disposto no § 6º do art. 39 da Constituição Federal.

Art. 12. Os Tribunais ajustar-se-ão, a partir do mês de junho de 2006, inclusive,


aos termos desta Resolução.
Parágrafo único. Os Presidentes dos tribunais enviarão ao Conselho Nacional de
Justiça, no mês de julho de 2006, relatório circunstanciado das medidas efetivadas,
constando os subsídios dos membros do Poder Judiciário e os vencimentos de seus
servidores.

Art. 13. O Conselho Nacional de Justiça editará resolução específica para os


servidores do Poder Judiciário e para a magistratura dos Estados que não adotam o
subsídio.

Art. 14. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Anexo II

Resolução nº 37, de 06 de junho de 2007

Dispõe sobre a obrigatoriedade de os Tribunais regulamentarem os casos


excepcionais de Juízes residirem fora das respectivas comarcas.

A PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições,


e

CONSIDERANDO que o disposto no inciso VII do art. 93 da Constituição Federal e


no inciso V do art. 35 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional - LOMAN
determinam aos Juízes que residam nas respectivas comarcas, salvo autorizações
expressas dos Tribunais;

CONSIDERANDO o que foi decidido no Procedimento de Controle Administrativo nº


152 e nos Pedidos de Providências nº 559 e 883, que tramitaram neste Conselho;

CONSIDERANDO que alguns Tribunais ainda não expediram os atos administrativos


regulamentando a matéria;

CONSIDERANDO que a competência para as autorizações, em face do novo texto


constitucional, é de cada Tribunal, por meio de seu Pleno ou Órgão Especial, onde
houver;

CONSIDERANDO que o controle da atuação administrativa e do fiel cumprimento do


Estatuto da Magistratura é atribuído a este Conselho pelo § 4º do art. 103-B da
Constituição Federal, com a redação da Emenda Constitucional nº 45/04;

RESOLVE:
Art. 1º Determinar aos Tribunais que ainda não o tenham feito que, por seus
órgãos Plenário ou Especial, no prazo de 60 (sessenta) dias, editem atos
normativos regulamentando as autorizações para que Juízes residam fora das
respectivas comarcas.

Art. 2º Explicitar que tais autorizações só devem ser concedidas em casos


excepcionais e desde que não causem prejuízo à efetiva prestação jurisdicional.

Art. 3º Registrar que a residência fora da comarca, sem autorização, caracterizará


infração funcional, sujeita a procedimento administrativo disciplinar.

Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Anexo III

RESOLUÇÃO Nº 30 DO CNJ, DE 07 DE MARÇO DE 2007.

Dispõe sobre a uniformização de normas relativas ao procedimento administrativo


disciplinar aplicável aos magistrados.

A PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições,


tendo em vista o decidido em Sessão de 06 de março de 2007, e com base no § 2º
do artigo 5º da Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004;

CONSIDERANDO que as normas relativas ao procedimento administrativo


disciplinar dos magistrados são muito diversificadas, não obstante tenham de
observar as disposições constitucionais e da Lei Orgânica da Magistratura em vigor;

CONSIDERANDO a promulgação da Constituição vigente e das emendas que a


alteraram;

CONSIDERANDO que a Lei Complementar no 35, de 1977, é anterior a vigente


Constituição Federal;

CONSIDERANDO que as leis de organização judiciária dos Estados, os regimentos


dos tribunais e resoluções em vigor sobre a matéria são discrepantes, achando-se
muitas normas antes referidas superadas por outras de superior hierarquia;

CONSIDERANDO a necessidade de sistematizar as regras em vigor sobre a matéria,


com observância das normas constitucionais e legais em vigor;
RESOLVE:

Art. 1° São penas disciplinares aplicáveis aos magistrados da Justiça Federal, da


Justiça do Trabalho, da Justiça Eleitoral, da Justiça Militar, da Justiça dos Estados e
do Distrito Federal e Territórios:

I - advertência;

Il - censura;

III - remoção compulsória;

IV - disponibilidade;

V - aposentadoria compulsória;

VI - demissão.

§ 1° Aos magistrados de segundo grau não se aplicarão as penas de advertência e


de censura, não se incluindo nesta exceção os Juízes de Direito Substitutos em
segundo grau.

§ 2° As penas previstas no art. 6º, § 1°, da Lei nº. 4.898, de 9-12-1965, são
aplicáveis aos magistrados, desde que não incompatíveis com a Lei Complementar
nº. 35, de 1979.

§ 3° Os deveres do magistrado são aqueles previstos na Constituição Federal, na


Lei Complementar n° 35, de 1979, no Código de Processo Civil (art. 125) e no
Código de Processo Penal (art. 251).

§ 4° Na instrução do processo serão inquiridas no máximo oito testemunhas de


acusação e até oito de defesa.

§ 5° O magistrado que estiver respondendo a processo administrativo disciplinar só


será exonerado a pedido ou aposentado voluntariamente após a conclusão do
processo ou do cumprimento da pena.

Art. 2° O magistrado negligente no cumprimento dos deveres do cargo está sujeito


a pena de advertência. Na reiteração e nos casos de procedimento incorreto, a
pena será de censura, se a infração não justificar punição mais grave.
Art. 3° O magistrado será removido compulsoriamente, por interesse público,
quando incompatibilizado para o exercício funcional em qualquer Órgão fracionário,
na seção, na turma, na câmara, na vara ou na comarca em que atue.

Art. 4° O magistrado será posto em disponibilidade com vencimentos proporcionais


ao tempo de serviço, ou, se não for vitalício, demitido por interesse público, quando
a gravidade das faltas não justificar a aplicação de pena de censura ou remoção
compulsória.

Art. 5° O magistrado será aposentado compulsoriamente, por interesse público,


quando:

I - mostrar-se manifestamente negligente no cumprimento de seus deveres;

II - proceder de forma incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas


funções;

III - demonstrar escassa ou insuficiente capacidade de trabalho, ou apresentar


proceder funcional incompatível com o bom desempenho das atividades do Poder
Judiciário.

Art. 6° Para os processos administrativos disciplinares e para a aplicação de


quaisquer penalidades previstas nos artigos anteriores, é competente o Tribunal
Pleno ou o Órgão Especial a que pertença ou esteja subordinado o magistrado.
Parágrafo único. Instaurado o processo administrativo disciplinar, o Tribunal Pleno
ou o Órgão Especial, onde houver, poderá afastar preventivamente o magistrado,
pelo prazo de noventa dias, prorrogável até o dobro. O prazo de afastamento
poderá, ainda, ser prorrogado em razão de delonga decorrente do exercício do
direito de defesa.

Art. 7° O processo terá início por determinação do Tribunal Pleno ou do seu Órgão
Especial por proposta do Corregedor, no caso de magistrados de primeiro grau, ou
do Presidente do Tribunal, nos demais casos.

§ 1° Antes da instauração do processo, ao magistrado será concedido um prazo de


quinze dias para a defesa prévia, contado da data da entrega da cópia do teor da
acusação e das provas existentes, que lhe remeterá o Presidente do Tribunal,
mediante ofício, nas quarenta e oito horas imediatamente seguintes a apresentação
da acusação.
§ 2° Findo o prazo da defesa prévia, haja ou não sido apresentada, o Presidente
convocará o Tribunal Pleno ou o seu Órgão Especial para que decida sobre a
instauração do processo.

§ 3° O Corregedor relatará a acusação perante o Órgão Censor, no caso de


magistrados de primeiro grau, e o Presidente do Tribunal nos demais casos.

§ 4° Determinada a instauração do processo, o respectivo acórdão conterá a


imputação dos fatos e a delimitação do teor da acusação. Na mesma sessão será
sorteado o relator, não havendo revisor.

§ 5° O processo administrativo terá o prazo de noventa dias para ser concluído,


prorrogável até o dobro ou mais, quando a delonga decorrer do exercício do direito
de defesa.

Art. 8° O Tribunal Pleno ou o Órgão Especial decidirá, na oportunidade em que


determinar a instauração do processo, sobre o afastamento ou não do magistrado
de suas funções, assegurados os subsídios integrais até a decisão final.

Art. 9° O relator determinará a citação do magistrado para apresentar defesa em


cinco dias, encaminhando-lhe cópia do acórdão do Tribunal Pleno ou do órgão
Especial, observando-se que:

I - havendo dois ou mais magistrados, o prazo para defesa será comum e de dez
dias;

II - o magistrado que mudar de residência fica obrigado a comunicar ao relator, ao


Corregedor e ao Presidente do Tribunal o endereço em que receberá citações,
notificações ou intimações;

III - estando o magistrado em lugar incerto ou não sabido, será citado por edital,
com prazo de trinta dias, a ser publicado, uma vez, no Órgão oficial de imprensa
utilizado pelo tribunal para divulgar seus atos;

IV - considerar-se-á revel o magistrado que, regularmente citado, não apresentar


defesa no prazo assinado;

V - declarada a revelia, o relator lhe designará defensor dativo, concedendo-lhe


igual prazo para a apresentação de defesa.

§ 1° Em seguida, decidirá sobre a produção de provas requeridas pelo acusado e


determinará as que de ofício entender necessárias, podendo delegar poderes, para
colhê-las, a magistrado de categoria superior a do acusado quando este for
magistrado de primeiro grau.

§ 2° O magistrado e seu defensor serão intimados de todos os atos.

§ 3° O relator poderá interrogar o acusado sobre os fatos imputados, designando


dia, hora e local, bem como determinando a intimação deste e de seu defensor.

§ 4° O relator tomará depoimentos das testemunhas, fará as acareações e


determinará as provas periciais e técnicas que entender pertinentes para a
elucidação dos fatos, aplicando-se subsidiariamente as normas do Código de
Processo Penal, da legislação processual penal extravagante e do Código de
Processo Civil, nessa ordem.

§ 5° Finda a instrução, o Ministério Público e o magistrado acusado ou seu defensor


terão vista dos autos por dez dias, para razões.

§ 6° Após o visto do relator, serão remetidas aos Magistrados que integrarem o


Órgão Censor cópias do acórdão do Tribunal Pleno ou do Órgão Especial, da defesa
e das razões do magistrado, além de outras peças determinadas pelo relator.

§ 7° Depois do relatório e da sustentação oral, serão colhidos os votos. A punição


ao magistrado somente será imposta pelo voto da maioria absoluta dos membros
do Tribunal Pleno ou do Órgão Especial.

§ 8° Da decisão somente será publicada a conclusão.

§ 9° Entendendo o Tribunal Pleno ou o Órgão Especial que existem indícios


bastantes de crime de ação pública, o Presidente do Tribunal remeterá ao Ministério
Público cópia dos autos.

Art. 10. A demissão do magistrado não-vitalício, na hipótese de violação das


vedações dos incs. I a IV do parágrafo único do artigo 95 da Constituição Federal,
será precedida de processo administrativo, observando-se o que dispõem os arts. 6
° a 10 desta Resolução.

Art. 11. Ao juiz não-vitalício será aplicada pena de demissão em caso de:

I - falta que derive da violação as proibições contidas na Constituição Federal e nas


leis;

II - manifesta negligência no cumprimento dos deveres do cargo;


III - procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas
funções;

IV - escassa ou insuficiente capacidade de trabalho;

V - proceder funcional incompatível com o bom desempenho das atividades do


Poder Judiciário.

Art. 12. O processo disciplinar será, a qualquer tempo, instaurado dentro do biênio
inicial previsto na Constituição Federal, mediante indicação do Corregedor ao
Tribunal Pleno ou ao Órgão Especial, seguindo, no que lhe for aplicável, o disposto
nesta Resolução.

Art. 13. O recebimento da acusação pelo Tribunal Pleno ou pelo Órgão Especial
suspenderá o curso do prazo de vitaliciamento.

Art. 14. Poderá o Tribunal Pleno ou o Órgão Especial, entendendo não ser o caso de
pena de demissão, aplicar as de remoção compulsória, censura ou advertência,
vedada a de disponibilidade.

Art. 15. No caso de aplicação das penas de censura ou remoção compulsória, o juiz
não-vitalício ficará impedido de ser promovido ou removido enquanto não decorrer
prazo de um ano da punição imposta.

Art. 16. O procedimento de vitaliciamento obedecerá as normas aprovadas pelo


Tribunal Pleno ou pelo Órgão Especial do respectivo Tribunal.

Art. 17. Somente pelo voto da maioria absoluta dos integrantes do Tribunal Pleno
ou do Órgão Especial será negada a confirmação do magistrado na carreira.

Art. 18. Negada a vitaliciedade, o Presidente do Tribunal expedirá o ato de


exoneração.

Art. 19. O Corregedor, no caso de magistrados de primeiro grau, ou o Presidente do


Tribunal, nos demais casos, que tiver ciência de irregularidade é obrigado a
promover a apuração imediata dos fatos.

§ 1° As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que


contenham a identificação e o endereço do denunciante e sejam formuladas por
escrito, confirmada a autenticidade.
§ 2° Apurados os fatos, o magistrado será notificado para, no prazo de cinco dias,
prestar informações.

§ 3° Mediante decisão fundamentada, a autoridade competente ordenará o


arquivamento do procedimento preliminar caso não haja indícios de materialidade
ou de autoria de infração administrativa.

§ 4° Quando o fato narrado não configurar evidente infração disciplinar ou ilícito


penal, a denúncia será arquivada de plano pelo Corregedor, no caso de magistrados
de primeiro grau, ou pelo Presidente do Tribunal, nos demais casos.

Art. 20. O Corregedor, no caso de magistrados de primeiro grau, ou o Presidente do


Tribunal, nos demais casos, poderá arquivar, de plano, qualquer representação.

Art. 21. Das decisões referidas nos dois artigos anteriores caberá recurso no prazo
de quinze dias ao Tribunal Pleno ou ao Órgão Especial por parte do autor da
representação.

Art. 22. A instauração de processo administrativo, bem como as penalidades


definitivamente impostas e as alterações decorrentes de julgados do Conselho
Nacional de Justiça serão lançadas no prontuário do magistrado a ser mantido pelas
Corregedorias.

Art. 23. Em razão da natureza das infrações objeto de apuração ou de processo


administrativo, nos casos em que a preservação do direito a intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público a informação, poderá a
autoridade competente limitar a publicidade dos atos ao acusado e a seus
advogados.

Art. 24. Aplicam-se aos procedimentos disciplinares contra magistrados,


subsidiariamente, as normas e os princípios das Leis n.°s 8.1 12/90 e 9.784/99.

Art. 25. Os procedimentos e normas previstos na presente Resolução aplicam-se na


persecução de infrações administrativas praticadas pelos magistrados que integram
a Justiça Federal, a Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral, a Justiça Militar, a
Justiça dos Estados e a do Distrito Federal e Territórios.

Art. 26. A presente Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Anexo IV
RESOLUÇÃO Nº 34, de 24 de abril de 2007.

Dispõe sobre o exercício de atividades do magistério pelos integrantes da


magistratura nacional.

A PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no exercício da competência


que lhe confere o inciso I do § 4º do art. 103-B da Constituição Federal, e

CONSIDERANDO que, nos termos do disposto no art. 103-B, §4º, I, da Constituição


Federal, compete ao Conselho zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares,
no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;

CONSIDERANDO a regra constitucional inscrita no inciso I do parágrafo único do


art. 95 da Constituição Federal, que permite ao magistrado o exercício do
magistério;

CONSIDERANDO a conveniência e oportunidade de uniformização da matéria no


âmbito do Poder Judiciário brasileiro, sobretudo em face do que dispõem os artigos
35, VI, e 36, II, e o § 1º do art. 26, todos da Lei Complementar nº. 35/79
(LOMAN);

CONSIDERANDO, ainda, a decisão proferida, em sede cautelar, pelo Excelso


Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI 3126-1/DF;

CONSIDERANDO, por fim, a decisão proferida pelo Plenário deste Conselho Nacional
de Justiça nos autos do Pedido de Providências nº. 814,

RESOLVE:

Art. 1º Aos magistrados da União e dos Estados é vedado o exercício, ainda que em
disponibilidade, de outro cargo ou função, salvo o magistério.

Parágrafo único. O exercício da docência por magistrados, na forma estabelecida


nesta Resolução, pressupõe compatibilidade entre os horários fixados para o
expediente forense e para a atividade acadêmica, o que deverá ser comprovado
perante o Tribunal.

Art. 2º O exercício de cargos ou funções de coordenação acadêmica, como tais


considerados aqueles que envolvam atividades estritamente ligadas ao
planejamento e/ou assessoramento pedagógico, será admitido se atendidos os
requisitos previstos no artigo anterior.
§ 1º É vedado o desempenho de cargo ou função administrativa ou técnica em
estabelecimento de ensino.

§ 2º O exercício da docência em escolas da magistratura poderá gerar direito a


gratificação por hora-aula, na forma da lei.

§ 3º Não se incluem na vedação referida no § 1º deste artigo as funções exercidas


em curso ou escola de aperfeiçoamento dos próprios Tribunais, de associações de
classe ou de fundações estatutariamente vinculadas a esses órgãos e entidades.

Art. 3º O exercício de qualquer atividade docente por magistrado deverá ser


comunicado formalmente ao órgão competente do Tribunal, mediante registro
eletrônico em sistema por ele desenvolvido, com a indicação da instituição de
ensino, do horário e da(s) disciplina(s) ministrada(s). (Redação dada pela
Resolução nº 226, de 14.06.16)

§ 1º As informações referidas no caput serão inseridas no sistema,


preferencialmente, no início de cada semestre letivo, devendo o magistrado
promover periodicamente a sua atualização, caso haja modificação de instituição,
disciplina ou carga horária. (Redação dada pela Resolução nº 226, de 14.06.16)

§ 2º O Conselho Nacional de Justiça e a Corregedoria Nacional de Justiça


promoverão o acompanhamento e a avaliação periódica das informações referidas
no caput deste artigo. (Redação dada pela Resolução nº 226, de 14.06.16)

§ 3º Verificado o exercício de cargo ou função de magistério em desconformidade


com a presente Resolução, e, excluída a hipótese do parágrafo anterior, o Tribunal,
por seu órgão competente, ouvido o magistrado, fixará prazo para as adequações
devidas, observado o prazo máximo de 06 (seis) meses.

Art. 4º A presente resolução aplica-se inclusive às atividades docentes


desempenhadas por magistrados em cursos preparatórios para ingresso em
carreiras públicas e em cursos de pós-graduação.

Art. 4º-A A participação de magistrados na condição de palestrante, conferencista,


presidente de mesa, moderador, debatedor ou membro de comissão organizadora,
inclusive nos termos do art. 4º da Resolução CNJ 170/2013, é considerada
atividade docente, para os fins desta Resolução. (Incluído pela Resolução nº 226,
de 14.06.16)
§ 1º A participação nos eventos mencionados no caput deste artigo deverá ser
informada ao órgão competente do Tribunal respectivo em até 30 (trinta) dias após
sua realização, mediante a inserção em sistema eletrônico próprio, no qual deverão
ser indicados a data, o tema, o local e a entidade promotora do evento. (Incluído
pela Resolução nº 226, de 14.06.16)

§ 2º O Conselho Nacional de Justiça e a Corregedoria Nacional de Justiça


promoverão o acompanhamento e a avaliação periódica das informações referidas
no §1º deste artigo. (Incluído pela Resolução nº 226, de 14.06.16)

§ 3º A atuação dos magistrados em eventos aludidos no caput deste artigo deverá


observar as vedações constitucionais relativamente à magistratura (art. 95,
parágrafo único, da Constituição), cabendo ao juiz zelar para que essa participação
não comprometa a imparcialidade e a independência para o exercício da jurisdição,
além da presteza e da eficiência na atividade jurisdicional. (Incluído pela Resolução
nº 226, de 14.06.16)

Art. 5º Os Tribunais deverão disponibilizar em seu sítio eletrônico base de dados


com as informações indicadas no art. 3º e no § 1º do art. 4º-A, acessível a
qualquer interessado, consoante as determinações da Resolução CNJ 215/2015,
inclusive para os fins de aferição de situações de impedimento, nos termos do art.
144, VII, do Código de Processo Civil. (Redação dada pela Resolução nº 226, de
14.06.16)

Parágrafo único. Caso o magistrado não reconheça seu impedimento para atuar no
processo, nas hipóteses previstas nesta Resolução, a parte interessada poderá
promover a respectiva arguição nos termos da lei processual correspondente.
(Incluído pela Resolução nº 226, de 14.06.16)

Art. 5º-A As atividades de coaching, similares e congêneres, destinadas à


assessoria individual ou coletiva de pessoas, inclusive na preparação de candidatos
a concursos públicos, não são consideradas atividade docente, sendo vedada a sua
prática por magistrados. (Incluído pela Resolução nº 226, de 14.06.16)

Art. 6º A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.

Anexo V

PROVIMENTO Nº 71 DE 13 DE JUNHO 2018.


Dispõe sobre o uso do e-mail institucional pelos membros e servidores do Poder
Judiciário e sobre a manifestação nas redes sociais.

O CORREGEDOR NACIONAL DE JUSTIÇA, usando das atribuições constitucionais,


legais e regimentais [Constituição Federal de 1988 (CF/88), art. 103-B, § 5º, e
Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça (RICNJ), art. 8º, X] e

CONSIDERANDO o poder do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de fiscalização e de


normatização dos atos praticados pelos órgãos do Poder Judiciário (CF/88, art. 103-
B, § 4º, I, II e III);

CONSIDERANDO o papel institucional do CNJ de aperfeiçoar o trabalho do sistema


judiciário brasileiro e cumprir o Estatuto da Magistratura, expedindo atos
normativos, provimentos e recomendações;

CONSIDERANDO a competência do Corregedor Nacional de Justiça de expedir


provimentos e outros atos normativos destinados ao aperfeiçoamento das
atividades do Poder Judiciário (RICNJ, art. 8º, X);

CONSIDERANDO a vedação imposta aos magistrados de “manifestar, por qualquer


meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de
outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos
judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do
magistério” [Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN), art. 36, III];

CONSIDERANDO o modelo de Estado Democrático de Direito definido pela CF/88,


fundamentado, entre outros, no princípio da dignidade da pessoa humana;

CONSIDERANDO a incumbência dada ao Poder Judiciário pela CF/88 de garantir os


direitos e deveres fundamentais;

CONSIDERANDO a imposição constitucional a todos os agentes públicos de


observância dos princípios da impessoalidade e da moralidade (CF/88, art. 37,
caput);

CONSIDERANDO a significativa quantidade de casos concretos relativos a mau uso


das redes sociais por magistrados e a comportamento inadequado em
manifestações públicas político-partidárias analisados pela Corregedoria Nacional de
Justiça, bem como o disposto no art. 95, parágrafo único, da CF/88, que veda
expressamente aos magistrados a dedicação a atividade político-partidária;
CONSIDERANDO a abordagem, no direito comparado (Estados Unidos, México,
Portugal, França, Itália, Inglaterra e outros), da manifestação nas redes sociais, do
uso do e-mail institucional e dos deveres e vedações impostos aos membros do
Judiciário;

CONSIDERANDO o direito fundamental constitucional de todo cidadão brasileiro de


liberdade de expressão e, portanto, dos membros do Poder Judiciário na esfera
privada, na condição de cidadãos, e na pública, na condição de agentes políticos do
Estado, devendo coexistir harmonicamente com os deveres e as vedações
funcionais que lhes são impostos constitucionalmente e com outros direitos e
garantias constitucionais fundamentais dos cidadãos (CF/88, arts. 1º, III, 5°, IV,
VI, IX e X);

CONSIDERANDO, de um lado, o direito de liberdade de expressão e de pensamento


e, de outro, o dever dos magistrados de manter conduta ilibada na vida pública e
privada, inclusive nas redes sociais, em respeito à dignidade da magistratura, pois
“a integridade de conduta do magistrado fora do âmbito estrito da atividade
jurisdicional contribui para uma fundada confiança dos cidadãos na judicatura”
(Código de Ética da Magistratura, art. 15);

CONSIDERANDO o amplo alcance das manifestações nas redes sociais e a


necessidade de preservação da imagem, da dignidade e do prestígio do Poder
Judiciário brasileiro e dos seus membros e servidores, pois “é atentatório à
dignidade do cargo qualquer ato ou comportamento do magistrado, no exercício
profissional, que implique discriminação injusta ou arbitrária de qualquer pessoa ou
instituição” (Código de Ética da Magistratura, art. 39);

CONSIDERANDO a divulgação exponencial e permanente de conteúdos pelas redes


sociais, ainda que compartilhados inicialmente com grupo restrito de usuários;

CONSIDERANDO a necessidade de os membros do Judiciário brasileiro adotarem


cautelas antes de publicar, comentar ou compartilhar conteúdo em perfis pessoais
nas redes sociais, tendo em vista as seguintes implicações: a) diversamente da
conversação direta, as comunicações nas redes sociais, na falta de sinais vocais e
visuais, podem ser mal interpretadas e divulgadas incorretamente; b) não é claro o
liame entre a esfera pública e a privada, bem como entre a pessoal e a profissional,
de modo que, mesmo que o usuário não se identifique como magistrado no perfil
pessoal, seus comentários podem ser facilmente vinculados à instituição a que
pertence por ser ele autoridade pública;
CONSIDERANDO a exigência de conduta compatível com os preceitos inscritos no
Código de Ética da Magistratura e no Estatuto da Magistratura para o exercício das
funções de magistrado, que deve nortear-se “pelos princípios da independência, da
imparcialidade, do conhecimento e capacitação, da cortesia, da transparência, do
segredo profissional, da prudência, da diligência, da integridade profissional e
pessoal, da dignidade, da honra e do decoro” (Código de Ética da Magistratura, art.
1º),

RESOLVE:

Art. 1º Dispor sobre o uso do e-mail institucional pelos membros e servidores do


Poder Judiciário e sobre a manifestação nas redes sociais.

Art. 2º A liberdade de expressão, como direito fundamental, não pode ser utilizada
pela magistratura para afastar a proibição constitucional do exercício de atividade
político-partidária (CF/88, art. 95, parágrafo único, III).

§1º A vedação de atividade político-partidária aos membros da magistratura não se


restringe à prática de atos de filiação partidária, abrangendo a participação em
situações que evidenciem apoio público a candidato ou a partido político.

§2º A vedação de atividade político-partidária aos magistrados não os impede de


exercer o direito de expressar convicções pessoais sobre a matéria prevista no
caput deste artigo, desde que não seja objeto de manifestação pública que
caracterize, ainda que de modo informal, atividade com viés político-partidário.

§3º Não caracteriza atividade político-partidária a crítica pública dirigida por


magistrado, entre outros, a ideias, ideologias, projetos legislativos, programas de
governo, medidas econômicas. São vedados, contudo, ataques pessoais a
candidato, liderança política ou partido político com a finalidade de descredenciá-los
perante a opinião pública, em razão de ideias ou ideologias de que discorde o
magistrado, o que configura violação do dever de manter conduta ilibada e decoro.

Art. 3º É dever do magistrado ter decoro e manter ilibada conduta pública e


particular que assegure a confiança do cidadão, de modo que a manifestação de
posicionamento, inclusive em redes sociais, não deve comprometer a imagem do
Poder Judiciário nem violar direitos ou garantias fundamentais do cidadão (da
CF/88, art. 37, caput, e Lei Complementar n. 35, de 14 de março de 1979, art. 35,
VIII).
Art. 4º O magistrado deve agir com reserva, cautela e discrição ao publicar seus
pontos de vista nos perfis pessoais nas redes sociais, evitando a violação de
deveres funcionais e a exposição negativa do Poder Judiciário.

Art. 5º O magistrado deve evitar, nos perfis pessoais nas redes sociais,
pronunciamentos oficiais sobre casos em que atuou, sem prejuízo do
compartilhamento ou da divulgação, por meio dos referidos perfis, de publicações
constantes de sites institucionais ou referentes a notícias já divulgadas oficialmente
pelo Poder Judiciário.

Art. 6º O magistrado deve evitar, em redes sociais, publicações que possam ser
interpretadas como discriminatórias de raça, gênero, condição física, orientação
sexual, religiosa e de outros valores ou direitos protegidos ou que comprometam os
ideais defendidos pela CF/88.

Art. 7º O magistrado deve utilizar o e-mail funcional exclusivamente para a


execução de atividades institucionais, preservando o decoro pessoal e tratando,
com urbanidade, não só os destinatários das mensagens, mas também os terceiros
a que elas façam referência.

Art. 8º As corregedorias dos tribunais devem dar ampla divulgação ao presente


provimento e fiscalizar seu efetivo cumprimento mediante atividades de orientação
e fiscalização, sem prejuízo da observância de outras diretrizes propostas pelos
respectivos órgãos disciplinares.

Art. 9º Cabe às escolas judiciais inserir nos cursos de ingresso na carreira da


magistratura e nos cursos de aperfeiçoamento funcional, assim como nas
publicações institucionais, a abordagem dos temas tratados neste provimento.

Art. 10 As recomendações definidas neste provimento aplicam-se, no que couber,


aos servidores e aos estagiários do Poder Judiciário.

Art. 11. Este provimento entra em vigor na data de sua publicação.

Anexo VI

Resolução Nº 199 de 07/10/2014

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ), no uso de suas


atribuições legais e regimentais,
CONSIDERANDO a notificação deste Colegiado para cumprimento de decisão
proferida em 2 de setembro de 2014 na Medida Cautelar da Ação Originária 1.773-
DF, em trâmite no Supremo Tribunal Federal;

CONSIDERANDO o caráter nacional do Poder Judiciário, a unicidade da magistratura


e a necessidade de se estabelecer parâmetros seguros ao cumprimento da aludida
decisão;

CONSIDERANDO que a Lei Orgânica da Magistratura (Lei Complementar 35, de 14


de março de 1979) prevê o direito à "ajuda de custo, para moradia, nas localidades
em que não houver residência oficial à disposição do magistrado" (art. 65, II);

CONSIDERANDO que a referida ajuda de custo vem sendo paga por diversos
tribunais em patamares díspares, acarretando injustificável tratamento diferenciado
entre magistrados;

CONSIDERANDO o conteúdo da Resolução 13, de 21 de março de 2006, do


Conselho Nacional de Justiça, que exclui da incidência do teto remuneratório
constitucional a ajuda de custo para moradia, entre outras verbas (art. 8º, I, "b");

CONSIDERANDO o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.783-RO,


que reconheceu o caráter indenizatório da ajuda de custo para moradia, desde que
não haja residência oficial, e, ainda, o decidido pelo Supremo Tribunal Federal na
Medida Cautelar da ADI 3854-1 e na ADI 3.367;

CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do CNJ no Pedido de Providências


0004500-56.2011.2.00.0000 e o que consta no Pedido de Providências 0001110-
78.2011.2.00.0000;

CONSIDERANDO o disposto no Processo de Comissão 0006164-25.2011.2.00.0000,


reunido ao Processo de Comissão 0005452-35.2011.2.00.0000;

CONSIDERANDO a decisão do Plenário do Conselho Nacional de Justiça, na 196ª


Sessão Ordinária, realizada em 7 de outubro de 2014;

RESOLVE:

Art. 1º A ajuda de custo para moradia no âmbito do Poder Judiciário, prevista no


art. 65, II, da Lei Complementar 35, de 14 de março de 1979, de caráter
indenizatório, é devida a todos os membros da magistratura nacional.
Art. 2º O valor da ajuda de custo para moradia não poderá exceder o fixado para
os Ministros do Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único. O valor devido a título de ajuda de custo para moradia não será
inferior àquele pago aos membros do Ministério Público.

Art. 3º O magistrado não terá direito ao pagamento da ajuda de custo para


moradia quando:

I - houver residência oficial colocada à sua disposição, ainda que não a utilize;

II - inativo;

III - licenciado sem percepção de subsídio;

IV – perceber, ou pessoa com quem resida, vantagem da mesma natureza de


qualquer órgão da administração pública, salvo se o cônjuge ou companheiro(a)
mantiver residência em outra localidade.

Art. 4º A ajuda de custo para moradia deverá ser requerida pelo magistrado, que
deverá:

I - indicar a localidade de sua residência;

II - declarar não incorrer em quaisquer das vedações previstas no art. 3º desta


Resolução;

III - comunicar à fonte pagadora da ajuda de custo para moradia o surgimento de


quaisquer dessas vedações.

Art. 5º As despesas para o implemento da ajuda de custo para moradia correrão


por conta do orçamento de cada Tribunal ou Conselho, gerando a presente
Resolução efeitos financeiros a partir de 15 de setembro de 2014.

Art. 6º A percepção da ajuda de custo para moradia dar-se-á sem prejuízo de


outras vantagens cabíveis previstas em lei ou regulamento.

Art. 7º Ficam revogadas as disposições regulamentares em contrário.

Art. 8º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

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