Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Em que pese o ativismo judicial não seja muito aceito por parte da
doutrina, é fato que o Supremo Tribunal Federal supriu a lacuna legislativa no que
tange à regulamentação do direito de greve dos servidores públicos estatutários
civis, determinando, nos termos do voto retificado pelo Ministro Relator Eros Grau, a
aplicação da Lei 7783/89, conforme redação existente à época do julgamento,
possibilitando, porém, fixação de regime mais severo quando se tratar de serviços
ou atividades essenciais.
Ressalte-se que embora o Tribunal tenha buscado, por analogia,
inspiração na Lei Geral de Greve, não se trata de solução analógica, como
propriamente prevê o artigo 4 da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro.
A norma provisória inserida no ordenamento jurídico pelo Supremo
Tribunal Federal em sede de mandado de injunção não se confunde com as
medidas provisórias editadas pelo Poder Executivo. Nos termos do parágrafo
terceiro do artigo 62 da Constituição, as medidas provisórias do Executivo podem
perder sua eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de
sessenta dias, prorrogáveis uma vez por igual período, devendo o Congresso
Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
Não há falar em modulação dos efeitos das relações jurídicas estabelecidas na
vigência de decisões judiciais às quais o Poder Judiciário atribui efeito erga omnes.
Ao adotar a teoria concretista geral, concedendo efeito erga omnes
aos mandados de injunção nº 670/ES, 708/DF e 712/PA, a solução normativa
injungida pelo STF inovou de forma abstrata, genérica e categórica o ordenamento
jurídico brasileiro, ou seja, é lei, em que pese posteriormente a norma injungida no
MI 670/ES tenha sido julgada inconstitucional pela própria Corte, em controle difuso
de constitucionalidade (RCL 6568/SP).
Após essa histórica decisão do Supremo Tribunal Federal, não há
falar em lacuna na regulamentação do direito de greve dos servidores estatutários.
Caso o Congresso Nacional altere a Lei 7783/89, sem mencionar
expressamente os servidores estatutários, eventual controvérsia poderá surgir sobre
a aplicabilidade do futuro texto legal; ou do antigo texto existente na Lei 7783/89,
vigente à época do julgamento dos mandados de injunção supracitados.