Você está na página 1de 18

DIREITO

CONSTITUCIONAL II

Maytê Ribeiro Tamura


Meleto Barboza
Revisão técnica:

Renato Selayaram
Bacharel em Direito
Especialista em Ciências Políticas
Mestre em Direito

D597 Direito constitucional II [recurso eletrônico] / Cássio Vinícius


Steiner de Sousa... [et al.]; [revisão técnica: Renato
Selayaram] . – Porto Alegre: SAGAH, 2018.

ISBN 978-85-9502-621-6

1. Direito constitucional. I. Sousa, Cássio Vinícius Steiner


de.
CDU 342

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB -10/2147


Do Poder Judiciário
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Analisar as normas constantes na Constituição Federal acerca das


disposições gerais do Poder Judiciário.
 Explicar o quinto constitucional, as súmulas vinculantes, a reclamação
constitucional e o sistema de precatórios.
 Esquematizar a organização do Poder Judiciário de acordo com as
suas competências.

Introdução
Neste capítulo, você vai ler sobre o Poder Judiciário, um dos três Poderes
da União, independentes e harmônicos entre si, conforme o art. 2º da
Constituição Federal. Trata-se de um Poder indispensável e demasiada-
mente importante em todo Estado Democrático de Direito. Tal Poder é
incumbido de atribuições altamente relevantes, como, por exemplo, a
própria guarda da Constituição Federal.
Por ser o Poder Judiciário matéria de extrema importância para uma
nação, é importante o estudo da sua organização e respectivas compe-
tências. Serão abordados, neste capítulo, os dispositivos constitucionais
que tratam das disposições gerais acerca do Poder Judiciário. Você vai
ler também sobre o quinto constitucional, as súmulas vinculantes, a
reclamação constitucional e o sistema de precatórios.

Poder Judiciário na Constituição Federal de 1988


O Poder Judiciário é um dos três Poderes da União previstos pelo art. 2º da
Constituição Federal de 1988: “Art. 2º São Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (BRASIL, 1988,
documento on-line). É um Poder essencial para todo Estado Democrático de Direito.
Essa independência e autonomia conferidas ao Poder Judiciário fazem-no exercer
2 Do Poder Judiciário

plenamente a sua atribuição. Uma delas, talvez a mais importante, segundo o art.
102 da própria Carta Magna, é a guarda da Constituição Federal.
O Poder Judiciário é um dos três Poderes clássicos previstos pela doutrina
e consagrado como poder autônomo e independente de importância crescente
no Estado de Direito, pois, como afirma Sanches Viamonte:

[...] sua função não consiste somente em administrar a Justiça, sendo mais, pois
seu mister é ser o verdadeiro guardião da Constituição, com a finalidade de
preservar, basicamente, os princípios da legalidade e igualdade, sem os quais
os demais tornariam-se vazios. Esta concepção resultou da consolidação de
grandes princípios de organização política, incorporados pelas necessidades
jurídicas na solução de conflitos (MORAES, 2014, p. 520).

O Poder Judiciário também é uma cláusula pétrea, isto é, trata-se de matéria


que não pode ser alterada por meio de emenda à Constituição, conforme o
disposto no art. 60, § 4º, III (BRASIL, 1988). Conforme mencionado, os três
Poderes da União — Legislativo, Executivo e Judiciário — são independentes
entre si. Porém, de acordo com Paulo e Alexandrino (2015), essa independência
em relação aos Poderes Legislativo e Executivo não é pressuposto fundamental
para que se tenha um Estado de Direito, ao contrário do que ocorre com o
Poder Judiciário, uma vez que, independentemente da forma de governo,
seja ele presidencialista ou parlamentarista, esse Poder deve ser plenamente
independente, posto que lhe é atribuída a guarda da Constituição, além de dar
efetividade a princípios como o da legalidade e da igualdade.
O exercício da atividade jurisdicional do Estado é função típica do Poder
Judiciário, que é caracterizada pela aplicação do Direito ao caso concreto, com o
objetivo de solucionar conflitos. A jurisdição é um poder/dever do Estado, ou seja,
não se admite a justiça privada. O Poder Judiciário no Brasil é dividido de modo
complexo, considerando o fato de ser uma República Federativa, subdividida em
estados-membros. De modo básico, o Poder Judiciário no Brasil está dividido em
duas esferas: as justiças dos estados e a justiça da União, sendo que se subdi-
videm em justiças comuns, justiças especializadas e, ainda, juizados especiais.
De acordo com Lenza (2011), o Poder Judiciário exerce, ainda, funções
atípicas, como:

 a de natureza executivo-administrativa (que seria a organização de


suas secretarias — art. 96, I, b; concessão de férias a seus membros e
servidores — art. 96, I, f );
 a de natureza legislativa (como a criação de regimento interno — art.
96, I, a).
Do Poder Judiciário 3

Os artigos que tratam do Poder Judiciário estão presentes no Título IV,


Capítulo III, Seção I a VIII, entre os arts. 92 e 126 do Texto Constitucional.
As disposições gerais a respeito do Poder Judiciário correspondem à Seção
I do Capítulo III, do Título IV, de modo que passamos agora a analisar os
principais artigos. O art. 92 trata sobre os órgãos do Poder Judiciário:

Art. 92 São órgãos do Poder Judiciário:


I — o Supremo Tribunal Federal;
I-A — o Conselho Nacional de Justiça;
II — o Superior Tribunal de Justiça;
II-A — o Tribunal Superior do Trabalho;
III — os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV — os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V — os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI — os Tribunais e Juízes Militares;
VII — os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios
(BRASIL, 1988, documento on-line).

A competência desses órgãos, entretanto, será estudada em tópico específico.


O art. 93 da Constituição Federal dispõe sobre o Estatuto da Magistratura,
dizendo que deverá ser criada Lei Complementar de iniciativa do Supremo
Tribunal Federal (STF) para regular esse assunto, bem como os princípios
que devem ser observados. O art. 94, por sua vez, trata a respeito do quinto
constitucional, que será visto em tópico específico (BRASIL, 1988).
O art. 95 dispõe sobre as garantias dos juízes, que, basicamente, são três
(BRASIL, 1988):

 vitaliciedade;
 inamovibilidade;
 irredutibilidade de subsídio.

A vitaliciedade se refere ao fato de que os juízes não podem perder seus


cargos por decisão administrativa, devendo, para tanto, haver sentença judicial
com trânsito em julgado. Lembramos que, no primeiro grau, a vitaliciedade
só se adquire após dois anos no exercício da função, período no qual a desti-
tuição do juiz dependerá de decisão do tribunal ao qual esteja vinculado. A
inamovibilidade impede que os juízes sejam retirados de seus cargos de modo
compulsório, exceto em caso de interesse público, de decisão tomada pela
maioria absoluta de votos do tribunal que os vincula ou, ainda, do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ). Por fim, a irredutibilidade de subsídio impede
4 Do Poder Judiciário

que os salários dos juízes sejam reduzidos, com exceção do disposto nos arts.
37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I (BRASIL, 1988).
O art. 96 trata sobre a competência privativa (BRASIL, 1988):

 dos tribunais;
 do STF;
 dos Tribunais Superiores;
 dos Tribunais de Justiça.

O art. 97 enuncia que: “Art. 97 Somente pelo voto da maioria absoluta de


seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”.
O art. 98 dispõe sobre a criação de Juizados Especiais e de justiça de paz.
O art. 99 afirma que é assegurada autonomia administrativa e financeira ao
Poder Judiciário. O art. 100, por fim, dispõe sobre o sistema de precatórios,
que será analisado mais adiante.
O parágrafo único do art. 95 da Constituição Federal impõe certas vedações
aos juízes. São elas:

Art. 95 [...]
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I — exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo
uma de magistério;
II — receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III — dedicar-se à atividade político-partidária;
IV — receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em lei;
V — exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes
de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração (BRASIL, 1988, documento on-line).

Quinto constitucional
O art. 94 da Constituição Federal diz respeito ao quinto constitucional. É uma
inovação trazida pela Carta Magna de 1988 e possui o seguinte enunciado:

Art. 94 Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros,
do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
Do Poder Judiciário 5

de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de


efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
representação das respectivas classes (BRASIL, 1988, documento on-line).

O art. 94 trata, portanto, do que chamamos de quinto constitucional. Embora


o referido artigo só faça menção a determinados tribunais, tal regra também
é válida para os tribunais do trabalho (arts. 111-A, I, e 115, I) e igualmente
para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme art. 104, parágrafo único.
Não podemos dizer, porém, que a regra do quinto constitucional abranja
todos os tribunais brasileiros, pois os tribunais não mencionados possuem
procedimentos próprios (LENZA, 2011).

Chamamos de quinto constitucional porque a Constituição Federal determina que


um quinto das vagas dos tribunais mencionados sejam preenchidas pelos membros
do Ministério Público e advogados que possuam os requisitos elencados, quais sejam:
 mais de 10 anos de carreira, no caso dos membros do Ministério Público;
 mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, no caso dos advogados, que
também devem possuir notório saber jurídico e reputação ilibada.

Segundo Paulo e Alexandrino (2015):

Temos, enfim, o seguinte procedimento: os órgãos de representação das


classes dos advogados ou do Ministério Público indicam seis nomes que
preencham os mencionados requisitos (lista sêxtupla); em seguida, o tribu-
nal para o qual foram indicados escolhe três dos seis nomes (lista tríplice);
nos vinte dias subsequentes, o Chefe do Executivo (Governador do Estado,
caso se trate de Tribunal de Justiça estadual; Presidente da República, nos
casos de Tribunal Regional Federal, Tribunal de Justiça do Distrito Federal
e Territórios e Tribunais de Justiça do Trabalho) escolherá um dos três para
nomeação (PAULO; ALEXANDRINO, 2015, p. 724).

Trata-se de um tema polêmico, de certa forma, pois envolve a indicação


de membros. Há pessoas que são contra e defendem o ingresso na magis-
tratura apenas por meio de concursos públicos, enquanto outras defendem
ser um bom sistema, visto que é necessário, em ambos os casos (membros
6 Do Poder Judiciário

do Ministério Público e advogados), que os indicados contem com mais de


10 anos de exercício em suas respectivas funções.

Súmula vinculante
Abordaremos, agora, a súmula vinculante. O art. 103-A da Constituição Federal
versa a respeito da função exercida pela súmula:

Art. 103-A O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,


mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre
matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de
normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos
judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegu-
rança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão
ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem
propor a ação direta de inconstitucionalidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicá-
vel ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal
Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a
decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem
a aplicação da súmula, conforme o caso (BRASIL, 1988, documento on-line).

Podemos dizer que as súmulas vinculantes têm força de lei. Tal tema foi
regulamentado pela Lei nº. 11.417, de 19 de dezembro de 2006.
A súmula vinculante foi inserida na Constituição Federal pela Emenda nº.
45, de 30 de dezembro de 2004. É um enunciado do STF, que surge após várias
decisões reiteradas sobre determinada matéria constitucional. Dizemos que essas
súmulas possuem efeito vinculante, pois passam a vincular os outros órgãos do
Poder Judiciário, que deverão, necessariamente, segui-las em suas decisões. A
partir de sua publicação, também passa a vincular os órgãos da Administração
Pública direta e indireta, em todas as esferas: federal, estadual e municipal.
O surgimento das súmulas vinculantes se deu pela necessidade de unifor-
mização das jurisprudências, pois os tribunais, de acordo com o princípio da
igualdade, devem decidir casos semelhantes de forma igualitária, o que gera
Do Poder Judiciário 7

maior segurança jurídica (MORAES, 2014) e, também, maior confiança por


parte da sociedade no Poder Judiciário.

Somente as súmulas editadas pelo STF terão efeito vinculante. Os demais tribunais
podem editar súmulas, mas elas apenas documentarão o sentido das decisões da
referida Corte, sem vincular demais órgãos do Poder Judiciário. Ainda, ressaltamos
que, para que a súmula do STF se torne vinculante, é necessária a aprovação de, ao
menos, oito dos 11 ministros que integram a Corte em questão.

Reclamação constitucional
A reclamação constitucional é um instrumento jurídico que visa resguardar
a competência do STF, de forma a garantir a supremacia de suas decisões.
Existem três hipóteses de cabimento, sendo que as duas primeiras são (BRA-
SIL, 2014):

 preservar a competência do STF — quando algum juiz ou tribunal,


usurpando a competência estabelecida no art. 102 da Constituição
Federal, processa ou julga ações ou recursos de competência do STF;
 garantir a autoridade das decisões do STF — quando decisões mono-
cráticas ou colegiadas do STF são desrespeitadas ou descumpridas por
autoridades judiciárias ou administrativas.

A terceira hipótese de cabimento está relacionada aos casos de decisão


judicial ou ato administrativo contrário à súmula vinculante ou, ainda, que
venham a negar-lhe vigência ou sejam aplicadas de forma indevida. Nesses
casos, será cabível reclamação ao STF. Importante frisar que, nesse caso, não
há prejuízo dos demais recursos e meios de impugnação cabíveis. Havendo
omissão ou ato da Administração Pública, a reclamação é cabível após se
esgotarem as demais vias administrativas. Se o STF decidir pela procedência
da reclamação, anulará a decisão ou o ato reclamado, determinando que
outro seja tomado, com a aplicação da súmula ou não, a depender do caso
concreto (LENZA, 2011).
8 Do Poder Judiciário

Saiba mais sobre a reclamação constitucional, as suas hipóteses de cabimento e outros


detalhes no link abaixo.

https://goo.gl/QLc543

Precatório judicial
O precatório judicial está disposto no art. 100 da Constituição Federal, que
já foi alterado algumas vezes por meio de algumas emendas constitucionais.
O caput do art. 100 disserta que:

Art. 100 Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Esta-


duais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à
conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas
nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim
(BRASIL, 1988, documento on-line).

Segundo Lenza (2011), o precatório judicial consiste em um instrumento por


meio do qual se cobra um débito do Poder Público. Trata-se de um sistema criado
para que seja feito o pagamento dos débitos das Fazendas Públicas. De acordo
com o art. 100, § 5º, da Constituição Federal, as entidades de Direito Público são
obrigadas a incluir, nos seus orçamentos, a verba necessária para o pagamento
de seus débitos provenientes de sentenças transitadas em julgado constantes de
precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até
o final do exercício seguinte, quando terão os seus valores atualizados moneta-
riamente (BRASIL, 1988). De acordo com o § 3º do mesmo dispositivo legal:

Art. 100 [...]


§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios
não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno
valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial
transitada em julgado (BRASIL, 1988, documento on-line).

Existe uma ordem a ser cumprida para o pagamento dos precatórios: pri-
meiramente, devem ser pagos os de natureza alimentícia especiais, que são
Do Poder Judiciário 9

aqueles cujos titulares possuam 60 anos ou mais ou portem alguma doença


grave, até o valor que equivalha ao triplo fixado pela lei como obrigação de
pequeno valor; em segundo lugar, os demais débitos de natureza alimentícia
que não se enquadrem nas condições citadas. Por último, os que não possuam
natureza alimentícia (PAULO; ALEXADRINO, 2015).
O precatório é, portanto, a forma que o Poder Público tem para ver os
seus débitos cobrados. Além disso, é preciso respeitar a ordem mencionada
ao realizar seu pagamento.

Organização do Poder Judiciário


Conforme visto, de acordo com o art. 92 da Constituição Federal, são órgãos
do Poder Judiciário (BRASIL, 1988):

 o STF;
 o CNJ;
 o STJ;
 o Tribunal Superior do Trabalho;
 os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
 os Tribunais e Juízes do Trabalho;
 os Tribunais e Juízes Eleitorais;
 os Tribunais e Juízes Militares;
 os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

De acordo com Lenza (2011), o STF e os Tribunais Superiores (STJ, Tribunal


Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral e Superior Tribunal Militar)
são órgãos de convergência, visto que cada uma das justiças especializadas
possui o seu próprio Tribunal Superior. Todos os Tribunais Superiores conver-
gem apenas ao STF. Apesar de o STF e o STJ serem órgãos de convergência,
também são órgãos de superposição. Afinal, as suas decisões se sobrepõem às
proferidas pelos órgãos inferiores, quer sejam da Justiça Comum ou Especial.
Ou seja, além dos órgãos de superposição, que são o STF e o STJ, existem
também as demais justiças, que, a seu turno, subdividem-se em comum e especial.
A Justiça Comum é composta por (LENZA, 2011):

 Justiça Federal;
 Justiça do Distrito Federal e territórios;
 Justiça Estadual Comum.
10 Do Poder Judiciário

A Justiça Especial é composta por (LENZA, 2011):

 Justiça do Trabalho;
 Justiça Eleitoral;
 Justiça Militar da União;
 Justiça Militar dos estados, do Distrito Federal e territórios.

É importante mencionar, também, a criação do CNJ, por meio da Emenda


Constitucional nº. 45/2004. Tal órgão, apesar de integrar a estrutura do Poder
Judiciário, não é dotado de jurisdição. É composto por 15 membros, que pos-
suem mandato de dois anos, sendo admitida uma recondução. São membros
integrantes do CNJ, de acordo com o art. 103-B:

Art. 103-B [...]


I — o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
II — um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo
tribunal;
III — um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respec-
tivo tribunal;
IV — um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo
Tribunal Federal;
V — um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
VI — um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal
de Justiça;
VII — um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VIII — um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal
Superior do Trabalho;
IX — um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
X — um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-
-Geral da República;
XI — um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-
-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de
cada instituição estadual;
XII — dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Ad-
vogados do Brasil;
XIII — dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados
um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal (BRASIL, 1988,
documento on-line).

Segundo Paulo e Alexandrino (2015), cabe ao CNJ apenas a função de


realizar o controle da função administrativa e financeira do Poder Judiciário,
além de fiscalizar se os deveres funcionais são cumpridos.
Do Poder Judiciário 11

Também é válido mencionar acerca dos Juizados Especiais. Eles se sub-


dividem em Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Os Juizados Especiais
Cíveis se dedicam a julgamentos de pedidos de reparação por danos que
não ultrapassem 40 salários-mínimos; já os Juizados Criminais se dedicam
à resolução de delitos de pouca gravidade. Lenza (2011, p. 656) afirma que:

Em se tratando de Juizados Especiais, de acordo com a lei, o segundo grau


de jurisdição é exercido pelas Turmas Recursais, compostas por três juízes
togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do
Juizado (Colégio Recursal) (cf. arts. 41, § 1º, e 82 da Lei 9.099/95).

De acordo com Bottini (2006, documento on-line):

Desde sua origem, nos anos 80, os Juizados mostraram que é fundamental
e viável trabalhar com um novo modelo de Justiça, orientado pelos princí-
pios da eficiência, da oralidade, da informalidade e da busca de solução de
conflitos pela conciliação. Seu surgimento não significou a mera criação
de novos órgãos judiciais, mas a consagração de uma nova cultura, de um
novo modelo, que prioriza uma atuação dos órgãos jurisdicionais voltada
estritamente para sua finalidade última e essencial: a superação de contro-
vérsias. Assim, os Juizados trazem, em realidade, uma nova metodologia
de fazer Justiça, um novo sistema processual, com suas próprias bases
principiológicas, com seus próprios institutos dogmáticos, que marcam
a superação da processualística clássica e tradicional e de uma estrutura
ensimesmada, com notáveis dificuldades para exercer suas funções típicas.

Na verdade, de acordo com o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande


do Sul:

Os Juizados Especiais Surgiram no Rio Grande do Sul em 1982 — por iniciativa


do Desembargador Antonio Guilherme Tanger Jardim, então Juiz de Direito
da Comarca de Rio Grande — entrando em funcionamento pela primeira vez
naquela Comarca com o nome de Juizados de Pequenas Causas.

Porém, foi a partir da Lei Federal nº. 9.099, de 26 de setembro de 1995, que
os Juizados Especiais foram estendidos a todo o território nacional. De acordo
com o art. 2º da referida lei: “Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios
da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação”.
12 Do Poder Judiciário

Ou seja, os Juizados Especiais visam simplificar a solução de conflitos,


dando preferência, sempre que possível for, à conciliação e à transação. Por
essa razão, prima pela oralidade, informalidade e celeridade, o que conse-
quentemente acaba gerando uma economia processual e acaba sendo bem
mais simples. Destacamos ainda que os Juizados Especiais têm competência
tanto na esfera estadual (Lei nº. 9.099/1995) quanto na federal (Lei nº. 10.259,
de 12 de julho de 2001), sendo que:

Há alguns pontos que diferenciam o Juizado Estadual do Federal, a exemplo


do valor da causa: no Juizado dos Estados, as causas que não ultrapassem
a vinte salários-mínimos, não necessitam de advogado; todavia, se maior
que vinte até quarenta salários-mínimos, a parte deverá ter advogado. Nos
Juizados Especiais Federais, as causas não podem ultrapassar a sessenta
salários-mínimos e, de conformidade com o art. 10, as partes poderão indicar,
“por escrito, representantes para a causa, advogado ou não”. Se no Juizado
Estadual há a exigência de advogado para causas acima de vinte salários-
-mínimos, na Justiça Federal não existe este requisito e a parte pode indicar
qualquer pessoa de sua confiança (CARDOSO, 2017, documento on-line).

Os Juizados Especiais são, portanto, importantes órgãos do Poder Judiciário,


pois visam proporcionar a todos os integrantes da sociedade que solucionem
seus conflitos de forma rápida e eficiente, a depender da complexidade do
conflito. Foi uma importante implementação ao sistema jurídico brasileiro,
pois alivia o Judiciário, fazendo as causas mais simples poderem ser resolvidas
com maior celeridade.
Do Poder Judiciário 13

BOTTINI, P. C. Juizado Especial trouxe um novo jeito de fazer justiça. Consultor Jurídico,
8 ago. 2006. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2006-ago-08/juizado_es-
pecial_trouxe_jeito_justica>. Acesso em: 3 set. 2018.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada em 5 de
outubro de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituição.htm>. Acesso em: 3 set. 2018.
BRASIL. Lei nº. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil, Brasília, DF, 27 set. 1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/L9099.htm>. Acesso em: 3 set. 2018.
BRASIL. Suprema Tribunal Federal. Reclamação constitucional garante a preservação
da competência do STF. Notícias STF, 30 jul. 2014. Disponível em: <http://www.stf.jus.
br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=271852>. Acesso em: 3 set. 2018.
CARDOSO, A. P. Juizado estadual e juizado federal. Migalhas, 26 jul. 2017. Disponível
em: <https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI262597,41046-Juizado+Estadual+e
+juizado+Federal> Acesso em: 27 ago. 2018.
LENZA, P. Direito Constitucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
MORAES, A. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
PAULO, V.; ALEXANDRINO, M. Direito Constitucional descomplicado. 14. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2015.
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Cartilha dos Juizados Especiais. 2010. Dispo-
nível em: <https://www.tjrs.jus.br/site/poder_judiciario/comarcas/juizados_especiais/
cartilha_je.html>. Acesso em: 3 set. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:

Você também pode gostar