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CONSTITUCIONAL II
Renato Selayaram
Bacharel em Direito
Especialista em Ciências Políticas
Mestre em Direito
ISBN 978-85-9502-621-6
Introdução
Neste capítulo, você vai ler sobre o Poder Judiciário, um dos três Poderes
da União, independentes e harmônicos entre si, conforme o art. 2º da
Constituição Federal. Trata-se de um Poder indispensável e demasiada-
mente importante em todo Estado Democrático de Direito. Tal Poder é
incumbido de atribuições altamente relevantes, como, por exemplo, a
própria guarda da Constituição Federal.
Por ser o Poder Judiciário matéria de extrema importância para uma
nação, é importante o estudo da sua organização e respectivas compe-
tências. Serão abordados, neste capítulo, os dispositivos constitucionais
que tratam das disposições gerais acerca do Poder Judiciário. Você vai
ler também sobre o quinto constitucional, as súmulas vinculantes, a
reclamação constitucional e o sistema de precatórios.
plenamente a sua atribuição. Uma delas, talvez a mais importante, segundo o art.
102 da própria Carta Magna, é a guarda da Constituição Federal.
O Poder Judiciário é um dos três Poderes clássicos previstos pela doutrina
e consagrado como poder autônomo e independente de importância crescente
no Estado de Direito, pois, como afirma Sanches Viamonte:
[...] sua função não consiste somente em administrar a Justiça, sendo mais, pois
seu mister é ser o verdadeiro guardião da Constituição, com a finalidade de
preservar, basicamente, os princípios da legalidade e igualdade, sem os quais
os demais tornariam-se vazios. Esta concepção resultou da consolidação de
grandes princípios de organização política, incorporados pelas necessidades
jurídicas na solução de conflitos (MORAES, 2014, p. 520).
vitaliciedade;
inamovibilidade;
irredutibilidade de subsídio.
que os salários dos juízes sejam reduzidos, com exceção do disposto nos arts.
37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I (BRASIL, 1988).
O art. 96 trata sobre a competência privativa (BRASIL, 1988):
dos tribunais;
do STF;
dos Tribunais Superiores;
dos Tribunais de Justiça.
Art. 95 [...]
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I — exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo
uma de magistério;
II — receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III — dedicar-se à atividade político-partidária;
IV — receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em lei;
V — exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes
de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração (BRASIL, 1988, documento on-line).
Quinto constitucional
O art. 94 da Constituição Federal diz respeito ao quinto constitucional. É uma
inovação trazida pela Carta Magna de 1988 e possui o seguinte enunciado:
Art. 94 Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros,
do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
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Súmula vinculante
Abordaremos, agora, a súmula vinculante. O art. 103-A da Constituição Federal
versa a respeito da função exercida pela súmula:
Podemos dizer que as súmulas vinculantes têm força de lei. Tal tema foi
regulamentado pela Lei nº. 11.417, de 19 de dezembro de 2006.
A súmula vinculante foi inserida na Constituição Federal pela Emenda nº.
45, de 30 de dezembro de 2004. É um enunciado do STF, que surge após várias
decisões reiteradas sobre determinada matéria constitucional. Dizemos que essas
súmulas possuem efeito vinculante, pois passam a vincular os outros órgãos do
Poder Judiciário, que deverão, necessariamente, segui-las em suas decisões. A
partir de sua publicação, também passa a vincular os órgãos da Administração
Pública direta e indireta, em todas as esferas: federal, estadual e municipal.
O surgimento das súmulas vinculantes se deu pela necessidade de unifor-
mização das jurisprudências, pois os tribunais, de acordo com o princípio da
igualdade, devem decidir casos semelhantes de forma igualitária, o que gera
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Somente as súmulas editadas pelo STF terão efeito vinculante. Os demais tribunais
podem editar súmulas, mas elas apenas documentarão o sentido das decisões da
referida Corte, sem vincular demais órgãos do Poder Judiciário. Ainda, ressaltamos
que, para que a súmula do STF se torne vinculante, é necessária a aprovação de, ao
menos, oito dos 11 ministros que integram a Corte em questão.
Reclamação constitucional
A reclamação constitucional é um instrumento jurídico que visa resguardar
a competência do STF, de forma a garantir a supremacia de suas decisões.
Existem três hipóteses de cabimento, sendo que as duas primeiras são (BRA-
SIL, 2014):
https://goo.gl/QLc543
Precatório judicial
O precatório judicial está disposto no art. 100 da Constituição Federal, que
já foi alterado algumas vezes por meio de algumas emendas constitucionais.
O caput do art. 100 disserta que:
Existe uma ordem a ser cumprida para o pagamento dos precatórios: pri-
meiramente, devem ser pagos os de natureza alimentícia especiais, que são
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o STF;
o CNJ;
o STJ;
o Tribunal Superior do Trabalho;
os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
os Tribunais e Juízes do Trabalho;
os Tribunais e Juízes Eleitorais;
os Tribunais e Juízes Militares;
os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
Justiça Federal;
Justiça do Distrito Federal e territórios;
Justiça Estadual Comum.
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Justiça do Trabalho;
Justiça Eleitoral;
Justiça Militar da União;
Justiça Militar dos estados, do Distrito Federal e territórios.
Desde sua origem, nos anos 80, os Juizados mostraram que é fundamental
e viável trabalhar com um novo modelo de Justiça, orientado pelos princí-
pios da eficiência, da oralidade, da informalidade e da busca de solução de
conflitos pela conciliação. Seu surgimento não significou a mera criação
de novos órgãos judiciais, mas a consagração de uma nova cultura, de um
novo modelo, que prioriza uma atuação dos órgãos jurisdicionais voltada
estritamente para sua finalidade última e essencial: a superação de contro-
vérsias. Assim, os Juizados trazem, em realidade, uma nova metodologia
de fazer Justiça, um novo sistema processual, com suas próprias bases
principiológicas, com seus próprios institutos dogmáticos, que marcam
a superação da processualística clássica e tradicional e de uma estrutura
ensimesmada, com notáveis dificuldades para exercer suas funções típicas.
Porém, foi a partir da Lei Federal nº. 9.099, de 26 de setembro de 1995, que
os Juizados Especiais foram estendidos a todo o território nacional. De acordo
com o art. 2º da referida lei: “Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios
da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação”.
12 Do Poder Judiciário
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nível em: <https://www.tjrs.jus.br/site/poder_judiciario/comarcas/juizados_especiais/
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da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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