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#LEGIS

Proposta do Curso Legis de Defensoria Pública

No Curso Legis, você receberá, semanalmente, um plano de leitura de leis. O Plano será dividido
em duas partes. A parte ALFA e parte BETA.

Na parte ALFA, haverá um programa montado por nossa equipe para você, em 7 dias, ler parte
da Constituição Federal e dos Códigos Civil; Processual Civil; Penal; Processual Penal; das principais Leis
Administrativas; e a legislação institucional de sua carreira (esta será iniciada a partir do dia 26 do Plano).

Na parte BETA, haverá um programa montado por nossa equipe para você, em 7 dias, ler parte
do Estatuto da Criança e do Adolescente; das principais Leis Penais; da Lei de Execução Penal; dos Remé-
dios Constitucionais; do Código de Defesa do Consumidor; e dos principais Tratados de Direitos Humanos
relevantes.

Isso se repetirá por 10 semanas, concluindo a leitura de todos os diplomas principais para sua
carreira em 70 dias.

Bons estudos!

Filippe Augusto
Defensor Público Federal
Mestre e Doutor em Direito
Coordenador do Legis
#LEGIS

SUMÁRIO

Dia 01: Do Art. 1º ao 5º da CF/88........................................................ P.4


Dia 02: Do Art. 1º ao 25 da LIA........................................................... P.22
Dia 03: LINDB e Arts. 1º ao 39 do Código Civil. �������������������������������� P.58
Dia 04: Do Art. 1º ao 69 de CPC......................................................... P.93
Dia 05: Do Art. 1º ao 42 de CP.......................................................... P.119
Dia 06: Do Art. 1º ao 62 de CPP........................................................ P.143
Dia 07: Do Art. 6º ao 28 da CF/88..................................................... P.170
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DIA 1 Forma de Estado: Federação.


Regime Político: Democrático.
Disciplina: Direito Constitucional.
Responsável: Prof. Filippe Augusto. A Federação brasileira é formada pela associa-
ção indissolúvel de União, Estados e Municípios.
Dia 01: Do Art. 1º ao 5º da CF/88.
Obs.: Por meio do plebiscito de 1993, o povo op-
tou por manter a forma e o sistema de governos
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 acima expostos, que foram previstos pelo Cons-
tituinte Originário.

PREÂMBULO Jurisprudência: “Lei 6.683/1979, a chamada


“Lei de Anistia”. (...) princípio democrático e
Nós, representantes do povo brasileiro, princípio republicano: não violação. (...) No Es-
reunidos em Assembleia Nacional Constituinte tado Democrático de Direito, o Poder Judiciário
para instituir um Estado Democrático, destina- não está autorizado a alterar, a dar outra re-
do a assegurar o exercício dos direitos sociais e dação, diversa da nele contemplada, a texto
normativo. Pode, a partir dele, produzir distin-
individuais, a liberdade, a segurança, o bem- tas normas. Mas nem mesmo o STF está auto-
-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a rizado a rescrever leis de anistia. Revisão de lei
justiça como valores supremos de uma socie- de anistia, se mudanças do tempo e da socieda-
dade fraterna, pluralista e sem preconceitos, de a impuserem, haverá – ou não – de ser feita
fundada na harmonia social e comprometida, pelo Poder Legislativo, não pelo Poder Judiciá-
na ordem interna e internacional, com a solução rio.” [ADPF 153, rel. min. Eros Grau, j. 29-4-2010,
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a P, DJE de 6-8-2010.]
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. ... o Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
Jurisprudência: “Preâmbulo da Constituição:
não constitui norma central. Invocação da I - a soberania;
proteção de Deus: não se trata de norma de re- II - a cidadania
produção obrigatória na Constituição estadual,
não tendo força normativa”. [ADI 2.076, rel. min. III - a dignidade da pessoa humana;
Carlos Velloso, j. 15-8-2002, P, DJ de 8-8-2003.] IV - os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa;
TÍTULO I V - o pluralismo político.
Dos Princípios Fundamentais
Comentários: esses são os chamados princí-
Art. 1º A República Federativa do Brasil, pios fundamentais do Estado brasileiro. São
formada pela união indissolúvel dos Estados e aquilo que, Carl Schmitt, em sua concepção polí-
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se tica de Constituição, chama de decisões políticas
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentais. São as decisões centrais do povo
fundamentos: brasileiro sobre o que orienta a sociedade e o Es-
tado brasileiros.
Comentários: O Art. 1º estabelece os aspectos
centrais do estado brasileiro. Assim, o Brasil pos- Anotações sobre os artigos anteriores:
sui:

Forma de Governo: República.


Sistema de Governo: Presidencialista.

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Mnemônica: Sociedade Civilizada e Plural Valo- Parágrafo único. Todo o poder emana do
riza a Dignidade.. povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Cons-
Jurisprudência: “Considerando que é dever do tituição.
Estado, imposto pelo sistema normativo, manter
em seus presídios os padrões mínimos de hu- Comentários: O parágrafo único revela que o
manidade previstos no ordenamento jurídico, é Povo é o único titular legítimo do Poder Consti-
de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, tuinte, bem como estabelece as espécies de de-
§ 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir mocracia presentes no texto constitucional:
os danos, inclusive morais, comprovadamen-
te causados aos detentos em decorrência da Representativa: Por meio de pessoas eleitas
falta ou insuficiência das condições legais de para as mais diferentes funções públicas, o que
encarceramento.” [RE 580.252, rel. p/ o ac. min. vai de Conselheiros Tutelares e Vereadores até a
Gilmar Mendes, j. 16-2-2017, P, DJE de 11-9-2017, Presidente da República;
Tema 365.] “Direito civil e constitucional. Ação
de investigação de paternidade cumulada com Direta: o próprio povo participando por meio de
petição de herança. Filho adulterino. Paternida- plebiscitos, referendos e da iniciativa popular de
de não contestada pelo marido. Direito de ter o leis, como será visto mais adiante.
filho reconhecido, a qualquer tempo, o seu pai
biológico. Prevalência do direito fundamental
à busca da identidade genética como direito Art. 2º São Poderes da União, independen-
de personalidade.” [AR 1.244 EI, rel. min. Cár- tes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Exe-
men Lúcia, j. 22-9-2016, P, DJE de 30-3-2017.] cutivo e o Judiciário.

Comentários: Os poderes são harmônicos e in-


Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de dependentes entre si, o que se costuma chamar
algemas em casos de resistência e de fundado de checks and balances.
receio de fuga ou de perigo à integridade física
própria ou alheia, por parte do preso ou de
terceiros, justificada a excepcionalidade por Súmula 649 do STF: É inconstitucional a criação,
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, por Constituição estadual, de órgão de controle
civil e penal do agente ou da autoridade e de administrativo do Poder Judiciário do qual parti-
nulidade da prisão ou do ato processual a que se cipem representantes de outros Poderes ou en-
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do tidades.
Estado.

Súmula Vinculante 56: A falta de estabeleci- Anotações sobre os artigos anteriores:


mento penal adequado não autoriza a manu-
tenção do condenado em regime prisional mais
gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese,
os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

Aprofundando: A dignidade da pessoa humana,


no mundo ocidental, encontra seu fundamento
mais sólido nas noções desenvolvidas por Kant.
A dignidade, sob essa perspectiva, não pode ser
suprimida pelo grupo, reforçando sua dimensão
individual, daí, poder se falar em dignidade da
pessoa humana e não apenas dignidade huma-
na, destacando que se trata de um atributo indi-
vidual e não do grupo. O ser humano é valoriza-
do enquanto indivíduo e não apenas como parte
de um todo.

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Art. 3º Constituem objetivos fundamentais VI - defesa da paz;


da República Federativa do Brasil: VII - solução pacífica dos conflitos;
I - construir uma sociedade livre, justa e so- VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
lidária; IX - cooperação entre os povos para o
II - garantir o desenvolvimento nacional; progresso da humanidade;
III - erradicar a pobreza e a marginalização X - concessão de asilo político.
e reduzir as desigualdades sociais e regio-
nais; Parágrafo único. A República Federativa do
IV - promover o bem de todos, sem precon- Brasil buscará a integração econômica, políti-
ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e ca, social e cultural dos povos da América La-
quaisquer outras formas de discriminação. tina, visando à formação de uma comunidade
latino-americana de nações.

Comentários: Para fins de memorização e para


Comentários: Todos os dispositivos são, de fato,
não confundir com os princípios fundamentais
bem relacionados com uma atuação na ordem
(Art. 1º) ou com os princípios da ordem interna-
internacional. Atente, todavia, com ainda mais
cional (Art. 4º), note que, diferente dos outros ar-
cuidado, para o parágrafo único, quando fala
tigos, são todos verbos.
que o Brasil buscará a formação de uma comu-
nidade latino-americana de nações, pois já caiu
Note que são objetivos. São metas a serem al-
em prova e alguns alunos costumam estranhar
cançada, tal como você tem suas metas de estu-
por ser uma meta bastante ousada e, alguns, em
do, o país possui suas metas sociais, que estão
uma leitura mais apressada, podem achar que
neste artigo.
seria incompatível com a soberania nacional, o
Por serem metas para o futuro, esses disposi-
que não é o caso, pois soberania e integração re-
tivos são o que se costuma chamar de normas
gional podem ser conciliadas.
programáticas.

Jurisprudência: “Raça e racismo. A divisão dos


Mnemônica: Prova Errada Gabarito Confuso (ou
seres humanos em raças resulta de um pro-
Com Garra Erra Pouco)
cesso de conteúdo meramente político-social.
Desse pressuposto origina-se o racismo que, por
Jurisprudência: “Não se pode permitir que a sua vez, gera a discriminação e o preconceito
lei faça uso de expressões pejorativas e discri- segregacionista. (...) Adesão do Brasil a trata-
minatórias, ante o reconhecimento do direito à dos e acordos multilaterais, que energicamente
liberdade de orientação sexual como liberdade repudiam quaisquer discriminações raciais,
existencial do indivíduo. Manifestação inadmis- aí compreendidas as distinções entre os ho-
sível de intolerância que atinge grupos tradicio- mens por restrições ou preferências oriundas
nalmente marginalizados.” [ADPF 291, rel. min. de raça, cor, credo, descendência ou origem
Roberto Barroso, j. 28-10-2015, P, DJE de 11-5- nacional ou étnica, inspiradas na pretensa su-
2016.] perioridade de um povo sobre outro, de que
são exemplos a xenofobia, ‘negrofobia’, ‘isla-
mafobia’ e o antissemitismo.” [HC 82.424, rel.
Art. 4º A República Federativa do Brasil re- p/ o ac. min. Maurício Corrêa, j. 17-9-2003, P, DJ
ge-se nas suas relações internacionais pelos de 19-3-2004.]
seguintes princípios:

I - independência nacional; Anotações sobre os artigos anteriores:

II - prevalência dos direitos humanos;


III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;

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Para Fixação: D) redução das desigualdades regionais.

Ano: 2019/ Banca: CESPE/ Órgão: CGE – CE E) inviolabilidade do direito à segurança.

Acerca da organização contemporânea do Esta-


do brasileiro, é correto afirmar que
Ano: 2019/ Banca: FCC/ Prefeitura de Recife/
Assistente de Gestão Pública
A) a forma de Estado vigente é denominada Esta-
do unitário.
Segundo o artigo 4° da Constituição Federal bra-
sileira, a República Federativa do Brasil rege-se
B) a forma de governo adotada é a presidencia-
nas suas relações internacionais por diversos
lista.
princípios, NÃO sendo um desses princípios a
C) o presidente da República é o chefe de Estado,
A) garantia do desenvolvimento nacional.
mas não o chefe de governo.
B) independência nacional.
D) a forma de Estado vigente é o Estado demo-
crático de direito.
C) autodeterminação dos povos.
E) a forma de governo adotada é a república e o
D) não intervenção.
regime político é o democrático.
E) concessão de asilo político.

Ano: 2019/ Banca: CESPE/ Órgão: TJ-DFT/ Ti- Anotações:


tular de Serviços de Notas e de Registros

É fundamento da República Federativa do Brasil

A) a dignidade da pessoa humana.

B) o desenvolvimento nacional.

C) a independência nacional.

D) a erradicação da pobreza.

E) a solidariedade.

Ano: 2019/ Banca: CESPE/ Órgão: TJ-DFT


Titular de Serviços de Notas e de Registros

O Estado brasileiro deve obediência irrestrita à


própria Constituição, mas, ainda assim, assumiu,
nos termos desse estatuto político, o compro-
misso de reger-se, nas suas relações internacio-
nais, pelo princípio da

A) prevalência dos direitos humanos.

B) erradicação de todas as formas de discrimina-


ção.

C) dignidade da pessoa humana.


Gabarito: 1 - E | 2 - A | 3 - A | 4 - A

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Proposta do Curso Legis de Defensoria Pública

No Curso Legis, você receberá, semanalmente, um plano de leitura de leis. O Plano será dividido
em duas partes. A parte ALFA e parte BETA.

Na parte ALFA, haverá um programa montado por nossa equipe para você, em 7 dias, ler parte
da Constituição Federal e dos Códigos Civil; Processual Civil; Penal; Processual Penal; das principais Leis
Administrativas; e a legislação institucional de sua carreira (esta será iniciada a partir do dia 26 do Plano).

Na parte BETA, haverá um programa montado por nossa equipe para você, em 7 dias, ler parte
do Estatuto da Criança e do Adolescente; das principais Leis Penais; da Lei de Execução Penal; dos Remé-
dios Constitucionais; do Código de Defesa do Consumidor; e dos principais Tratados de Direitos Humanos
relevantes.

Isso se repetirá por 10 semanas, concluindo a leitura de todos os diplomas principais para sua
carreira em 70 dias.

Bons estudos!

Filippe Augusto
Defensor Público Federal
Mestre e Doutor em Direito
Coordenador do Legis
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SUMÁRIO:

Dia 01: Do Art. 1º ao art. 17 de ECA.................................................... P.4


Dia 02: Artigos 1º ao 12-C da Lei Maria da Penha ��������������������������� P.17
Dia 03: Do Art. 1º ao 37 de LEP.......................................................... P.28
Dia 04: Do Art. 1º ao 29 da LMS......................................................... P.43
Dia 05: Do Art. 1ª ao 11 de CDC......................................................... P.61
Dia 06: Do Art. 1ª ao 4º de CADH....................................................... P.69
Dia 07: Do Art. 18 ao 35 de ECA......................................................... P.76
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DIA 1 resse da criança. 2. Ressalvado o risco evidente


à integridade física e psíquica, que não é a hipó-
tese dos autos, o acolhimento institucional não
Estatuto da Criança e do Adolescente representa o melhor interesse da criança. 3. A
(ECA) observância do cadastro de adotantes não
Responsável: Prof. Tatiana Mesquita. é absoluta porque deve ser sopesada com o
Dia 01: Do Art. 1º ao art. 17 de ECA. princípio do melhor interesse da criança, fun-
damento de todo o sistema de proteção ao
menor. 4. Ordem concedida". [STJ, HC 564.961/
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 19/05/2020, DJe
27/05/2020]

Título I Jurisprudência: “Consoante entendimento ju-


Das Disposições Preliminares risprudencial desta Corte, salvo risco evidente à
integridade física e psíquica da criança, não é do
seu melhor interesse o acolhimento institucio-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção in- nal, cuja legalidade pode ser examinada na via
tegral à criança e ao adolescente. estreita do habeas corpus” [(STJ, HC 520.226/SP,
Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, jul-
Comentários: a doutrina da proteção integral gado em 17/12/2019, DJe 19/12/2019)]. O rito do
relaciona-se ao art. 227, da CF/88, que estabe- habeas corpus não comporta dilação probatória,
lece ser dever da família, da sociedade e do Es- sem embargo do exame de questões de fato de-
tado assegurar à criança, ao adolescente e ao monstradas em prova pré-constituída. Preceden-
jovem, com absoluta prioridade, seus direitos tes. O julgamento de ações e recursos envolven-
fundamentais, como o direito à vida, à saúde, à do interesses de menores pressupõe seja eleita
educação, ao lazer, à cultura, à dignidade, ao solução da qual resulte maior conformação aos
respeito, à liberdade, que consagram a criança princípios norteadores do Direito da Infância
e o adolescente como sujeitos de direitos, in- e da Adolescência, notadamente a proteção
cluindo alguns assegurados especialmente pela integral e o melhor interesse dos infantes, de-
sua condição de pessoa em desenvolvimento, rivados da prioridade absoluta apregoada pelo
como a convivência familiar e comunitária e a art. 227, caput, da Constituição Federal. 4. Ordem
proteção contra toda forma de negligência, dis- concedida".[STJ, HC 548.918/RS, Rel. Ministro AN-
criminação, exploração, violência, crueldade e TONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, jul-
opressão. gado em 03/03/2020, DJe 09/03/2020]

Jurisprudência: HABEAS CORPUS. [...] EXCE-


Jurisprudência: "A proteção integral abrange o ÇÃO. INTEGRIDADE FÍSICA E PSÍQUICA DO ME-
princípio do melhor interesse da criança e do NOR. RISCO. INEXISTÊNCIA. MELHOR INTERES-
adolescente, pelo qual, no caso concreto, den- SE DA CRIANÇA. FAMÍLIA SUBSTITUTA. VÍNCULO
tre as opções possíveis, deve ser adotada a so- AFETIVO. BOA-FÉ. PANDEMIA. COVID-19. ABRIGA-
lução que mais proteja os direitos e interesses MENTO. RISCO DE CONTAMINAÇÃO. 1. O Estatu-
da criança e do adolescente. O STJ aplica esse to da Criança e do Adolescente - ECA -, ao pre-
princípio em diversos julgados: “O Estatuto da conizar a doutrina da proteção integral (art. 1º
Criança e do Adolescente - ECA -, ao preconizar da Lei nº 8.069/1990), torna imperativa a ob-
a doutrina da proteção integral (art. 1º da Lei nº servância do melhor interesse da criança. 2.
8.069/1990), torna imperativa a observância Ressalvado o risco evidente à integridade física e
do melhor interesse da criança."” [AgInt no psíquica, que não é a hipótese dos autos, o aco-
REsp 1667105/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS lhimento institucional não representa o melhor
BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em interesse da criança. 3. A observância do cadas-
14/10/2019, DJe 17/10/2019] tro de adotantes não é absoluta porque deve ser
sopesada com o princípio do melhor interesse da
Jurisprudência: "1. O Estatuto da Criança e do criança, fundamento de todo o sistema de prote-
Adolescente - ECA -, ao preconizar a doutrina da ção ao menor. 4. O risco de contaminação pela
proteção integral (art. 1º da Lei nº 8.069/1990), Covid-19 em casa de acolhimento justifica a
torna imperativa a observância do melhor inte- manutenção da criança com a família substi-

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tuta. 5. Ordem concedida. (HC 572.854/SP, Rel. socioeducativa em curso, inclusive na liberdade
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA assistida, enquanto não atingida a idade de 21
TURMA, julgado em 04/08/2020, DJe 07/08/2020) anos. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/03/2018,
DJe 19/03/2018.
Art. 2º Considera-se criança, para os efei-
tos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade Para fixação:
incompletos, e adolescente aquela entre doze
e dezoito anos de idade. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-
-AC Prova: VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Di-
reito Substituto
Criança Adolescente
O Estatuto da Criança e do Adolescente é orienta-
0 a 12 anos incomple- 12 a 18 anos do pelo princípio da proteção integral da criança
tos incompletos e do adolescente, que tem como marco legal o
artigo 227 da Constituição Federal. Sob tal ótica,
Atenção: A pessoa com 11 anos e 11 meses é uma quanto à técnica empregada pelo diploma me-
criança. A pessoa com 12 anos completos já é norista para definir criança e adolescente, bem
adolescente! Da mesma forma, a pessoa com 17 como para considerá-los sujeitos de direitos e
anos e 11 meses é adolescente, mas ao comple- obrigações frente à família, à sociedade e ao Es-
tar 18 anos, a pessoa alcança a maioridade ci- tado, é correto afirmar que
vil e penal (adulto).
A) a condição psíquica pode ser considerada de
Essas distinções têm importantes reflexos jurídi- forma complementar à biológica porque a ida-
cos, já que o menor de 18 anos é penalmente ini- de, isoladamente considerada, pode não levar à
mputável (art. 228, da CF/88) e, no âmbito cível, segura qualificação do menor como criança ou
pode ser considerado absolutamente (menor de adolescente, adotando-se critério cronológico
16 anos - art. 3º, CC/02) ou relativamente inca- mitigado.
paz (art. 4º, I, CC/02 - acima de 16 e abaixo de 18
anos). B) ao se permitir que o maior de 18 (dezoito) anos
permaneça no pólo passivo de ação de execução
de medida socioeducativa, o Estatuto da Criança
Parágrafo único. Nos casos expressos em e do Adolescente não restou adstrito ao critério
lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto cronológico absoluto.
às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de
idade. C) é de diferenciação e tem por objetivo impedir
a tipificação de condutas perpetradas por pessoa
menor de 12 (doze) anos como infração penal,
Comentários: De acordo com a doutrina majori- nos termos da legislação aplicável.
tária, esse parágrafo único não foi revogado pelo
Código Civil de 2002 (que estabeleceu a maiori- D) de acordo com o artigo 2° , caput, criança é
dade para 18 anos - art. 5º, CC/02). O ECA aplica- pessoa com até 12 (doze) anos incompletos, e
-se na adoção de maior de 18 anos quando o adolescente aquela que tiver entre 12 (doze) e 18
adotando já estiver sob a guarda ou tutela dos (dezoito) anos, adotando-se critério cronológico
adotantes (art. 40, do ECA). absoluto.
Uma outra hipótese de aplicação do ECA ao Anotações:
maior de 18 anos consiste na imposição de me-
didas socioeducativas após a apuração de ato
infracional, já que se considera a idade do me-
nor à época do fato e somente quando completa
21 anos é que será obrigatoriamente liberado.

Súmula 605 do STJ: A superveniência da maio-


ridade penal não interfere na apuração de ato
infracional nem na aplicabilidade de medida Gabarito: D.

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Art. 3º A criança e o adolescente gozam de cor, religião ou crença, deficiência, condição


todos os direitos fundamentais inerentes à pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,
pessoa humana, sem prejuízo da proteção inte- condição econômica, ambiente social, região e
gral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, local de moradia ou outra condição que diferen-
por lei ou por outros meios, todas as oportunida- cie as pessoas, as famílias ou a comunidade em
des e facilidades, a fim de lhes facultar o desen- que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
volvimento físico, mental, moral, espiritual e
social, em condições de liberdade e de digni- Art. 4º É dever da família, da comunidade,
dade. da sociedade em geral e do poder público as-
segurar, com absoluta prioridade, a efetivação
Comentários: A dignidade da pessoa humana dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimen-
(art. 1º, III, da CF/88) é assegurada às crianças e tação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profis-
adolescentes em todos os aspectos. sionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
à liberdade e à convivência familiar e comunitá-
- Superada a doutrina da situação irregular - ria.
Código de Menores -> Atualmente - ECA - criança
e adolescente com direitos específicos por serem Parágrafo único. A garantia de prioridade
pessoas em desenvolvimento, não mais como
objetos. compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro


Jurisprudência: "O princípio do melhor interes- em quaisquer circunstâncias;
se da criança prescrito no art. 227 da Constituição
Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescen- Comentários: ATENÇÃO! Geralmente são utiliza-
te (Lei 8.069/90) e na Convenção sobre os Direi- dos termos genéricos, como “em qualquer caso,
tos da Criança, incorporada ao ordenamento em todas as situações” para tornar a alternativa
pátrio pelo Decreto nº 99.710/90, consagra errada em provas objetivas, por isso DECORE
que, a partir do caso concreto, os aplicadores do quando a própria lei utilizar expressões assim
direito devem buscar a solução que proporcio- (quaisquer circunstâncias), caso em que a al-
ne o maior benefício possível para a criança, ternativa estará correta!
vulnerável por natureza". [HC 522.557/MT, Rel.
Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado
em 18/02/2020, DJe 12/03/2020] b) precedência de atendimento nos servi-
ços públicos ou de relevância pública;
Jurisprudência: "O Ministério Público é parte c) preferência na formulação e na execu-
legítima para, em ação civil pública, defender os ção das políticas sociais públicas;
interesses individuais, difusos ou coletivos em re-
lação à infância e à adolescência. Por não serem d) destinação privilegiada de recursos pú-
absolutos, a lei restringe o direito à informação e blicos nas áreas relacionadas com a prote-
a vedação da censura para proteger a imagem e ção à infância e à juventude.
a dignidade das crianças e dos adolescentes.
No caso, constatou-se afronta à dignida- Anotações gerais sobre os artigos anteriores:
de das crianças com a veiculação de ima-
gens contendo cenas de espancamento e
tortura praticada por adulto contra infante".
[(STJ, REsp 509.968/SP, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 06/12/2012, DJe 17/12/2012)]

Parágrafo único. Os direitos enunciados


nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e ado-
lescentes, sem discriminação de nascimento,
situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou

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Para Fixação: Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente


será objeto de qualquer forma de negligência,
01 - Ano: 2020/ Banca: CESPE/ Órgão: MP – CE discriminação, exploração, violência, cruelda-
de e opressão, punido na forma da lei qualquer
De acordo com as disposições do Estatuto da atentado, por ação ou omissão, aos seus direi-
Criança e do Adolescente, a garantia da priorida-
de absoluta compreende tos fundamentais.

A) a corresponsabilidade da família, do Estado e Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-


da sociedade em assegurar a efetivação dos di- -ão em conta os fins sociais a que ela se dirige,
reitos fundamentais a crianças e adolescentes. as exigências do bem comum, os direitos e de-
veres individuais e coletivos, e a condição pe-
B) a primazia de receber proteção e socorro em culiar da criança e do adolescente como pessoas
quaisquer circunstâncias. em desenvolvimento.
C) a efetivação de direitos especiais em razão da
condição peculiar de pessoa em desenvolvimen- 01 - Ano: 2016 Banca: IDECAN Órgão: Prefeitu-
to. ra de Natal - RN Provas: IDECAN - 2016 - Prefei-
tura de Natal - RN - Advogado
D) o alcance dos direitos a todas as crianças e
adolescentes, sem qualquer distinção. Sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente,
analise as afirmativas a seguir.
E) a implementação de políticas públicas de for-
ma descentralizada. I. Considera-se criança, para os efeitos do Estatu-
to da Criança e do Adolescente, a pessoa até doze
Anotações: anos de idade incompletos, e adolescente aquela
entre doze e dezoito anos de idade.
II. É dever da família, da comunidade, da socie-
dade em geral e do poder público assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos re-
ferentes à vida, à saúde, à alimentação, à educa-
ção, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.
III. Na interpretação desta Lei levar-se-ão em con-
ta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências
do bem comum, os direitos e deveres individuais
e coletivos, e a condição peculiar da criança e do
adolescente como pessoas em desenvolvimento.
IV. Os estabelecimentos de atendimento à saúde
deverão proporcionar condições para a perma-
nência em tempo integral de um dos pais ou res-
ponsável, nos casos de internação de criança ou
adolescente.

Estão corretas as afirmativas

A) I, II, III e IV.

B) I e II, apenas.

C) I e III, apenas.

Gabarito: B. D) II e III, apenas.

7
#LEGIS

02 - Ano: 2011 Banca: TJ-RO Órgão: TJ- D) Apenas a afirmativa IV.


-RO Prova: TJ-RO - 2011 - TJ-RO - Juiz Substi-
tuto E) Todas as afirmativas.

Sobre os direitos da criança previstos no Estatuto


da Criança e do Adolescente, avalie as afirmati-
03 - Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: DPE-
vas que seguem:
-ES Prova: FCC - 2016 - DPE-ES - Defensor Pú-
blico
I) Na interpretação do Estatuto da Criança e do
Adolescente serão levados em conta os fins so-
São aspectos que, entre outros, o próprio Estatu-
ciais a que ele se dirige, as exigências do bem
to da Criança e do Adolescente − ECA expressa-
comum, os direitos e deveres individuais e cole-
mente determina sejam observados na interpre-
tivos e a condição peculiar da criança e do ado-
tação de seus dispositivos:
lescente como pessoas em desenvolvimento.
A) As exigências do bem comum e os princípios
II) É assegurado atendimento integral à saú-
gerais e especiais do direito da infância.
de da criança e do adolescente, por intermé-
dio do Sistema Único de Saúde, garantido o
B) Os deveres individuais e a condição peculiar da
acesso universal e igualitário às ações e servi-
criança e do adolescente como pessoas em de-
ços para promoção, proteção e recuperação
senvolvimento.
da saúde.A criança e o adolescente portadores
de deficiência receberão atendimento espe-
C) Os direitos sociais e coletivos e o contexto so-
cializado. Incumbe ao poder público fornecer
cioeconômico e cultural em que se encontrem a
gratuitamente àqueles que necessitarem os
criança ou adolescente e seus pais ou responsá-
medicamentos, próteses e outros recursos rela-
vel.
tivos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
D) Os fins sociais a que se destina a lei e a flexibili-
III) A criança e o adolescente têm direito à pro-
dade e informalidade dos procedimentos.
teção à vida e à saúde, mediante a efetivação
de políticas sociais públicas que permitam o
E) O superior interesse da criança e do adolescen-
nascimento e o desenvolvimento sadio e har-
te e os usos e costumes locais.
monioso, em condições dignas de existência.
Anotações:
IV) Os estabelecimentos de atendimento à saú-
de deverão proporcionar condições para a per-
manência em tempo integral de um dos pais ou
responsável, nos casos de internação de crian-
ça ou adolescente; e, nos casos de suspeita ou
confirmação de maus-tratos contra criança ou
adolescente, serão obrigatoriamente comunica-
dos ao Conselho Tutelar da respectiva localida-
de, sem prejuízo de outras providências legais.

V) O poder público, as instituições e os emprega-


dores propiciarão condições adequadas ao alei-
tamento materno, inclusive aos filhos de mães
submetidas à medida privativa de liberdade.

Está(ão) CORRETA(S):

A) Apenas as afirmativas I e II.

B) Apenas as afirmativas I e III.

C) Apenas as afirmativas III e V. GABARITO: 01 - A | 02 - E | 03 - B

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