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MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Direito Constitucional


Professor: Flávio Martins
Aulas: 05 e 06

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL


1. Conceitos de Constituição
2. Elementos das Constituições

TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Conceitos de Constituição:

1.1. Sentido Sociológico;


Aulas 03 e 04
1.2. Sentido Político;

1.3. Sentido Jurídico: Hans Kelsen/Teoria Pura do Direito (1933). Constituição é a lei mais importante de todo o
ordenamento jurídico (sentido jurídico-positivo). Trata-se do pressuposto de validade de todas as leis. Para
que uma lei seja válida, precisa ser compatível com a Constituição. Possui a finalidade de isolar o Direito
das demais ciências, estudando-se suas especificidades. O Direito é um sistema hierárquico de normas (a
norma inferior obtém sua validade na norma superior).

PIRÂMIDE DE KELSEN
Tratados Internacionais
sobre Direitos Humanos

Constituição

TIDH não aprovados nos


Convenção sobre os direitos
termos do art. 5º, §3º, CF das pessoas com deficiência
(Dec. 6949/09)

Leis Ordinárias, Leis Complementares,


Leis Delegadas, Medidas Provisórias, etc.

Atos infralegais: Decretos, Portaria, Resoluções, etc.

Observação: segundo o STF, Lei Complementar e Lei Ordinária possuem a mesma hierarquia.

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Qual o procedimento de incorporação de tratados internacionais? Ocorre em três etapas/fases:
a. Celebração do tratado (Presidente da República – Chefe de Estado);
b. Referendo do Congresso Nacional: aprovação do CN (art. 49, I, CF - Decreto Legislativo);
c. Decreto Presidencial. É com este decreto que o tratado efetivamente ingressa no Direito brasileiro
(exemplo: Pacto de São José da Costa Rica – Dec. 678/92);

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio nacional;

Qual a hierarquia dos tratados internacionais?


a. Em regra, os tratados internacionais ingressam no Direito brasileiro com Força de Lei Ordinária;
b. Os tratados internacionais sobre Direitos Humanos aprovados nas duas casas do CN, em 02 turnos, por
3/5 dos seus membros, ingressam no Direito brasileiro com força de Emenda Constitucional – art. 5º, §
3º, CF/88 – EC 45/2004 – Reforma do Poder Judiciário.

Art. 5º (...)
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste
parágrafo)

E os tratados sobre direitos humanos não aprovados pelo procedimento do art. 5º, §3º da CF/88?
Exemplo: Pacto de São José da Costa Rica (na década de 1990 não havia previsão do referido dispositivo
constitucional).

a. Posição minoritária: (Ministro Celso de Mello e Flávia Piovesan) estes tratados também tem força de
norma constitucional, com fundamento no art. 5º, §2º da CF.

Art. 5º (...)
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.

b. Posição majoritária: (STF) estes tratados possuem força de norma supralegal (acima das leis) e
infraconstitucional (abaixo da CF).

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Como verificar a validade das leis e atos normativos: Atualmente, para verificar a validade das leis existem
dois controles:
a. Controle de Constitucionalidade: verificação da compatibilidade das leis e atos normativos com a
CF/88. Está regulamentado pela Lei 9.868/99;
b. Controle de Convencionalidade: é a verificação da compatibilidade e atos normativos com os tratados
supralegais. Não está regulamentado em lei (é muito recente), mas qualquer ou juiz ou tribunal (Pleno
ou órgão fracionário) poderá fazê-lo.

Para Kelsen existem dois sentidos jurídicos de Constituição:


a. Sentido Jurídico-positivo: a Constituição é a lei mais importante de todo o ordenamento jurídico;
b. Sentido Lógico-jurídico: acima da Constituição escrita há uma norma não escrita, que Kelsen chamou de
“NORMA FUNDAMENTAL HIPOTÉTICA”, cujo único mandamento é “obedeça a Constituição!”.

1.4. Sentido Culturalista: (Meirelles Teixeira) o objetivo é combinar os três sentidos anteriores numa espécie de
“Conceito Total de Constituição”. A Constituição é fruto da cultura de um país, mas também, com força
normativa, é capaz de alterar esta cultura. Inspirada na Teoria da Força Normativa da Constituição de
Konrad Hesse.

2. Elementos das Constituições:

2.1. Elementos orgânicos: aqueles que organizam a estrutura do Estado. Exemplos: art. 2º/CF (tripartição de
poderes), art. 18/CF (federação), art. 92/CF (Judiciário), art. 144/CF (segurança pública);

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o


Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

2.2. Elementos limitativos: aqueles que limitam o poder do Estado, fixando direitos à população (exemplo: art.
5º/CF);

2.3. Elementos sócio-ideológicos: fixam uma ideologia estatal. São dispositivos de cunho principiológico.
Exemplos: art. 1º/CF (fundamentos da República), art. 4º/CF (princípios que regem as relações
internacionais), art. 170/CF (princípios que regem a ordem econômica);

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;

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II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.

2.4. Elementos formais de aplicabilidade: aqueles que auxiliam na aplicação de outros dispositivos
constitucionais. Exemplo: art. 5º, §1º, CF (as normas definidoras dos direitos fundamentais tem aplicação
imediata);
Art. 5º: (...)
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicação imediata.

2.5. Elementos de estabilização constitucional: aqueles que buscam a estabilidade em caso de tumulto
institucional. Exemplos: art. 134/CF (Intervenção Federal), art. 136/CF (Estado de Defesa;), art. 137/CF
(Estado de Sítio);

Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da


República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de
defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais
restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por
calamidades de grandes proporções na natureza.
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo
de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará,
nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem,
dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e
custos decorrentes.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a
trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se
persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:

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I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da
medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso
requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade,
do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior
a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente
da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a
respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por
maioria absoluta.
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado,
extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias
contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando
enquanto vigorar o estado de defesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.

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