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DIREITO BRASILEIRO
E TEORIA DO
ESTADO
Cinthia Louzada
Do processo legislativo
como fonte legal: etapas
e procedimentos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A lei é o preceito jurídico documentado, emanado pelo legislador, que se
impõe em caráter geral e obrigatório na sociedade. É a principal fonte do
Direito, pois prevê a maioria das situações de conflito verificadas em um
grupo social, com a intenção de solucioná-las, caracterizando o nosso
sistema jurídico como civil law, ou sistema codificado. Para a elaboração
das leis, é necessária a observância de um processo legislativo complexo,
que compreende várias etapas e envolve, principalmente, o Congresso
Nacional e o Presidente da República, ressalvadas as especificidades de
cada espécie normativa.
Neste capítulo, você vai ler sobre a organização do processo legis-
lativo brasileiro, as fases para elaboração da lei ordinária e as etapas do
procedimento de formação de cada espécie normativa.
analogia;
costumes;
princípios gerais do Direito;
doutrina;
jurisprudência.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabi-
lidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
[...]
II — ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei;
autocrático;
direto;
indireto (ou representativo);
semidireto.
emendas à Constituição;
leis complementares;
leis delegadas;
medidas provisórias;
decretos legislativos;
resoluções.
introdutória;
constitutiva;
complementar.
Fase introdutória
O primeiro passo para a elaboração de uma lei é a iniciativa. Para Moraes
(2012, p. 675), “iniciativa de lei é a faculdade que se atribui a alguém ou
a algum órgão para apresentar projetos de lei ao Legislativo, podendo ser
parlamentar ou extraparlamentar e concorrente ou exclusiva”. A iniciativa
parlamentar se refere a todos os membros do Congresso Nacional, deputados
e senadores, enquanto que a iniciativa extraparlamentar é aquela atribuída ao
chefe do Poder Executivo, aos tribunais superiores, ao Ministério Público e
aos cidadãos, por meio da iniciativa popular de lei.
A iniciativa concorrente é aquela atribuída a vários legitimados, enquanto
que a inciativa exclusiva é reservada apenas a um cargo ou órgão, como aquelas
previstas no § 1º, do art. 61, da Constituição Federal.
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Fase constitutiva
Nessa fase, tendo sido apresentado o projeto de lei ao Congresso Nacional,
haverá ampla discussão e votação nas duas Casas, sendo que o objeto deve
ser aprovado ou rejeitado pelo Poder Legislativo.
Primeiro, o projeto seguirá para deliberação na Casa Legislativa cons-
titucionalmente designada, para que seja analisada sua constitucionalidade
e seu tema central na Comissão de Constituição e Justiça e nas comissões
temáticas. Aprovado nas comissões, o projeto seguirá para deliberação
e votação na casa deliberativa principal, sendo que, para a aprovação, é
necessária a maioria simples dos membros da casa, ou seja, somente haverá
aprovação pela maioria dos votos, presente a maioria absoluta dos seus
membros, nos termos do art. 47 da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
Do processo legislativo como fonte legal: etapas e procedimentos 7
A maioria absoluta é a metade de todos membros mais um, enquanto a maioria simples
é apenas a metade mais um dos membros presentes na sessão.
Uma vez aprovado, o projeto seguirá para a outra casa, que exercerá o papel
de casa revisora. A Constituição Federal determina que o projeto aprovado
por uma casa deverá ser revisto por outra, em um só turno de discussão e
votação e, se for aprovado, o projeto seguirá para o Presidente da República,
no entanto, se for rejeitado, a matéria nele constante somente poderá constituir
objeto de novo projeto na próxima sessão legislativa, salvo a exceção prevista
no art. 67 da Constituição Federal (BRASIL, 1988). Caso seja aprovado com
alterações, o projeto retornará à Casa Legislativa inicial para análise e votação
em um único turno. Na casa inicial, as alterações serão objeto de análise das
comissões, seguindo, novamente, para votação.
Para Moraes (2012, p. 684):
Fase complementar
A fase complementar do processo legislativo se refere à executoriedade e à
notoriedade da lei, representadas pelos atos de promulgação e publicação,
respectivamente.
Promulgar é declarar que o ordenamento jurídico foi alterado com a
inserção de mais uma normativa. Em regra, o próprio Presidente da República
promulga a lei, mesmo quando seu veto for derrubado pelo Congresso Nacional.
Já a publicação consiste na comunicação oficial, dirigida a toda a sociedade,
da existência e do teor do novo ato normativo, por meio do Diário Oficial, para
que se torne de conhecimento público, tendo em vista que é uma condição
de eficácia da lei.
Emendas à Constituição
Assim explica Moraes (2012, p. 691):
Lei complementar
Para falarmos sobre lei complementar, é necessário tomar por paradigma a
lei ordinária: o processo legislativo da lei complementar é semelhante ao da
lei ordinária, porém mais rígido.
Há duas principais diferenças entre as espécies normativas. Quanto ao
quórum de aprovação do projeto de lei, enquanto a lei ordinária exige maioria
simples, a lei complementar exige maioria absoluta dos membros. Quanto às
hipóteses de regulamentação da lei complementar, a Constituição Federal é
taxativa, pois, sempre que o legislador pretender regular determinada matéria
por lei complementar, assim o expressará.
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Lei delegada
Como afi rma Lenza (2011, p. 534), a lei delegada “será elaborada pelo
Presidente da República, após prévia solicitação ao Congresso Nacional,
delimitando o assunto sobre o qual pretende legislar”. Caberá ao Congresso
Nacional, então, a apreciação da solicitação e, no caso de aprovação, será
emitida uma resolução, especificando o conteúdo da delegação e de que forma
será exercida, considerando a possibilidade de que o projeto seja analisado
pelo Congresso Nacional, ao que se chama de delegação atípica, ou não
analisado, chamada de delegação típica.
Algumas matérias não podem ser objeto de lei delegada, conforme preceitua
o art. 68 da Constituição Federal (BRASIL, 1988):
Medida provisória
A medida provisória é uma espécie normativa que requer relevância e ur-
gência, é editada pelo Presidente da República e possui eficácia de lei.
Deve ser submetida ao Congresso Nacional, mas perderá eficácia, desde a
sua edição, se não for convertida em lei no prazo de 60 dias, a partir da sua
publicação. A Constituição Federal prevê, ainda, a possibilidade de reedição
das medidas provisórias, desde que não seja na mesma sessão legislativa,
expressamente rejeitada no Congresso Nacional, ou que tenha perdido sua
eficácia por decurso de prazo, podendo ser adotada novamente na sessão
legislativa seguinte.
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Algumas matérias não podem ser objeto de medidas provisórias, nos termos
do art. 62 da Constituição Federal (BRASIL, 1988):
Decreto legislativo
O decreto legislativo disciplina as matérias de competência exclusiva do Con-
gresso Nacional, como, por exemplo, a decisão sobre tratados internacionais
e a autorização para que o Presidente da República declare guerra, celebre
paz e possa se ausentar do País por mais de 15 dias.
O processo legislativo dessa espécie normativa consiste na discussão e na
votação do projeto em ambas as casas do Congresso Nacional e, se aprovado,
é promulgado pelo presidente do Senado Federal.
Resoluções
Por meio das resoluções, são regulamentadas as matérias de competência pri-
vativa da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e algumas de competência
do Congresso Nacional. Assim, o regimento interno de cada casa estabelecerá
as regras sobre o processo legislativo, sendo que a discussão será na casa
pertinente ou no Congresso quando a matéria se referir a ambas as Casas.
Uma vez aprovado, será promulgado pelo presidente da casa e, no caso
de resolução do Congresso, pelo presidente do Senado Federal. Assim como
no decreto legislativo, não haverá manifestação do Presidente da República.
12 Do processo legislativo como fonte legal: etapas e procedimentos
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Dispo-
nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.
htm>. Acesso em: 20 fev. 2018.
BRASIL. Decreto-lei nº. 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às normas do
Direito Brasileiro. Rio de Janeiro, 1942. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/Del4657.htm>. Acesso em: 21 fev. 2018.
LENZA, P. Direito Constitucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
MORAES, A. Direito Constitucional. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
Leituras recomendadas
BONAVIDES, P. Curso de Direito Constitucional. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2009.
SARLET, I. W.; MARINONI, L. G.; MITIDIERO, D. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
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