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4.

º Teste de avaliação – Objetivos

1. A ordem jurídica é uma realidade histórica que se exprime por normas


jurídicas.
Importa saber como e onde nascem, e como se formam e revelam essas
normas. Este é o problema das fontes do direito (ou seja, o problema das fontes do
direito consiste em precisamente saber como certos conteúdos normativos acederam à
juridicidade).

A expressão “fontes de direito” tem sido utilizada pelos diversos autores em


vários sentidos, de entre os quais salientamos:
➔ Sentido sociológico-material - são fontes do direito, todos os fatores ou
circunstancialismos sociais que estiveram na origem de determinada norma
jurídica;
➔ Sentido Histórico - são fontes do direito as origens históricas de um sistema
jurídico e as influências que sobre eles se exercem;
➔ Sentido político-orgânico - são fontes do direito os órgãos políticos que, em
cada sociedade, estão incumbidos de emanar normas jurídicas;
➔ Sentido instrumental - são fontes do direito os diplomas ou monumentos
legislativos que contém normas jurídicas;
➔ Sentido técnico jurídico - são fontes do direito os modos de formação e
revelação das normas jurídicas. Evidencia-se a maneira como é criada e se
manifesta socialmente a norma jurídica e este é o sentido que,
fundamentalmente, interessa ao nosso estudo.

De acordo com este significado, são consideradas, geralmente, fontes do direito:


➔ a lei e as normas corporativas;
➔ o costume;
➔ a jurisprudência;
➔ a doutrina.
De entre estas fontes é tradicional distinguir:
➔ Fontes imediatas - as que têm força vinculativa própria, sendo, portanto,
verdadeiros modos de produção do direito;
➔ Fontes mediatas do direito - não tendo força vinculativa própria, são, contudo,
importantes pelo modo como influenciam o processo de formação e revelação
da norma jurídica.
NOTA: São fontes imediatas do direito à lei e às normas corporativas. Todas as outras
são fontes mediatas.
2. A lei ocupa atualmente um lugar privilegiado na «teoria das fontes do direito»,
de tal modo que alguns escritores a consideram a única fonte admissível.
A lei é o processo mais vulgarizado da criação do direito, nos sistemas
continentais europeus, e é assim acolhida pelo nosso legislador no artigo 1º do Código
civil:
Artigo 1.º
(Fontes imediatas)
1. São fontes imediatas do direito as leis e as normas corporativas.
2.Consideram-se leis todas as disposições genéricas provindas dos órgãos estaduais
competentes; (...)
Os pressupostos da lei:
➔ Provir de uma autoridade competente;
➔ observar as formas prevista para essa atividade;
➔ introduzir um preceito genérico.

Pelo que o conceito de lei só se tornará verdadeiramente compreensível se tivermos


em conta a distinção entre lei em sentido formal e lei em sentido material:
➔ Lei em sentido formal é todo o ato normativo emanado de um órgão com
competência legislativa, quer contenha ou não uma verdadeira regra jurídica,
exigindo-se que se revistam das formalidades relativas a essa competência,
como as leis da Assembleia da República ou os decretos-leis do Governo;
➔ Lei em sentido material é todo o ato normativo, emanado de um órgão de
estado, mesmo que não incumbido da função legislativa, desde que contenha
uma verdadeira regra jurídica, como uma postura de uma Câmara Municipal.

Temos ainda:
➔ leis ordinárias que são consideradas atos normativos primários, ou seja, criam,
modificam ou extinguem direitos seguindo um processo legislativo e preceitos
expressos diretamente na Constituição Federal. Os demais atos normativos
primários são, emendas à Constituição.
➔ Leis Constitucionais que surgem por exigência da constituição. Onde a
constituição disser que alguma lei específica irá regulamentar a matéria em
questão, é necessário criar um projeto de lei complementar. Abrangem a
própria Constituição da República, as Leis Constitucionais avulsas e as Leis de
revisão constitucional.
NOTA:
Os projetos de lei complementar são aprovados pela maioria absoluta.

E por fim distinguimos:


➔ Lei em sentido amplo - abrange toda e qualquer norma jurídica;
➔ Lei em sentido restrito - compreende apenas os diplomas emanados da
Assembleia da República.

3. Direito material ou direito substantivo é o conjunto de normas que regulam os


fatos jurídicos que se relacionam a bens e utilidades da vida, contrapondo-se,
neste sentido, ao direito processual ou formal.

O legislador tem que elaborar as normas que regulam as condutas de cidadãos


em sociedade, como as que integram o Direito civil, penal, comercial, do
trabalho, administrativo e fiscal - Direito substantivo

O legislador tem que elaborar as normas que visam, fundamentalmente, aplicar


os princípios gerais e abstratos formulados por aqueles ramos do Direito às
diversas situações concretas da vida real. Estas normas indicam os trâmites e as
entidades a que o cidadão tem de recorrer para exercer os seus direitos e
consubstanciam-se nos diversos ramos de Direito processual, tais como o civil,
penal e do trabalho. - Direito adjetivo

Direito adjetivo é o conjunto de leis que determinam a forma por que se


devem fazer valer os direitos; conjunto de leis reguladoras dos atos judiciários;

4. Podemos considerar que a construção de uma lei por iniciativa dos deputados
tem 7 passos principais:
➔ A ideia - O deputado tem uma ideia ou recebe-a através de sugestões dos
cidadãos;
➔ A apresentação do projecto - O deputado redige um projecto de lei e
apresenta-o (se se tratar de iniciativa do governo, chama-se proposta de lei). O
projecto de lei tem de ser aceite pelo Presidente da Assembleia da República
(PAR), que o envia para a Comissão Parlamentar respectiva;
➔ A apreciação na generalidade:
A Comissão aprova um parecer e o projeto de lei fica à espera de ser agendado.
Nesta fase morrem muitos projetos por ninguém tomar a iniciativa de os agendar. A
agenda é feita pelo PAR, podendo os grupos parlamentares fixá-la algumas vezes por
ano, conforme o seu número de deputados. Sendo agendado, o projeto de lei é
submetido à votação na generalidade.
➔ A apreciação na especialidade - Nesta fase, os deputados podem apresentar
alterações na especialidade aos textos aprovados. Ainda nesta fase as
Comissões podem promover audições e receber contributos dos cidadãos para
melhorar a lei. É uma fase decisiva da construção de uma lei, embora passe
muitas vezes despercebida porque não decorre no plenário. E é frequente o
processo arrastar-se nesta fase, podendo mesmo não chegar a termo e abortar
aqui;
➔ A votação final global - Terminada a apreciação na especialidade, o projeto de
lei inicial, com as alterações aprovadas na especialidade em Comissão, volta ao
plenário para que este ratifique a votação na especialidade e faça a votação
final global. Só os projectos que conseguem ultrapassar esta etapa têm hipótese
de vir a ser lei. Os projectos de lei aprovados passam a decretos da Assembleia
da República e são enviados ao Presidente da República para promulgação;
➔ A promulgação e a publicação:
A promulgação das leis é competência do Presidente da República, que pode
no entanto pode opor o seu veto.
Se houver veto político, com fundamento, o PR devolve o texto à Assembleia,
que tem de decidir se altera o texto ou se o mantém, precisando neste caso de
aprovação por maioria absoluta. O Presidente também pode vetar o texto por
inconstitucionalidade, devendo a Assembleia expurgá-lo das normas inconstitucionais
ou confirmar o texto por maioria de dois terços dos deputados.
➔ Publicação da lei em Diário da República - Só depois da devida decisão da
Assembleia, em caso de veto, é que o texto é promulgado pelo Presidente e
enviado para publicação no Diário da República, assumindo então o estatuto de
lei.

5. O início e o termo de vigência da lei

- Início da vigência:
- Sendo que se pressupõe que o legislador conhece a lei, esta é publicada
no Diário da República, para que se seja divulgada e conhecida. O artigo
119.º da C.R.P. manda publicar em Diário da República os seguintes
diplomas:
- as leis constitucionais
- as convenções internacionais e respetivos avisos de ratificação
- as leis da Assembleia da República
- os decretos-lei do Governo
- os decretos legislativos regionais

- A falta de publicação oficial implica a ineficácia jurídica do ato. Com a


publicação, a lei passa a ser obrigatória, mas não significa que entre de imediato
em vigor. De acordo com o n.º 2 do artigo 5.º do Código Civil, decorrerá um
intervalo entre a publicação e a sua entrada em vigor - vacatio legis
- Vacatio Legis:
Prazo de jacência de uma lei denomina-se vacatio legis, e prende-se com a
necessidade de dar a conhecer as leis aos cidadãos, para que estes possam agir
em conformidade. Nessa perspetiva, é uma exigência da segurança jurídica no
sentido de certeza jurídica.
Os prazos da Vacatio Legis:
- as leis entram em vigor no dia nelas fixado: assim pode acontecer que o
legislador estabeleça em cada diploma a sua própria vacatio legis, sendo
recorrente verificaram-se duas situações:
- encurta-se o prazo, impondo-se a imediata entrada em vigor do diploma -
caráter urgente
- dilata-se o prazo de vacatio legis, por necessidade de adaptação e pela
complexidade da matéria

Na falta da fixação do dia, as leis entram em vigor em todo o território nacional


e no estrangeiro no 5.º dia após a publicação (na internet).

- Termo de vigência
Passado o período da vacatio legis, se este existir, a lei ficará, em princípio,
ilimitadamente em vigor. O decurso do tempo, por maior que seja, não é razão
suficiente para que a lei cesse a sua vigência.
Como formas de cessação de vigência da lei, o artigo 7.º do Código Civil prevê
unicamente a caducidade e a revogação.
A caducidade pode resultar da cláusula expressa pelo legislador, contida na
própria lei, de que esta só se manterá em vigor durante determinado prazo ou
enquanto durar determinada situação e pode, ainda, resultar do desaparecimento dos
pressupostos de aplicação da lei, nos termos da 1.ª parte do n.º 1 do artigo 7.º.

A revogação resulta de uma nova manifestação de vontade do legislador, contrária à


anterior. Neste caso, a lei deixa de vigorar por efeito de uma lei posterior, que tem de
ter valor hierárquico igual ou superior. A nova lei daí resultante denomina-se lei
revogatória.

A revogação pode classificar-se:


- Quanto à forma:
- expressa - quando a nova lei declara que revoga uma determinada lei
anterior
- tácita - quando resulta da incompatibilidade entre as normas da lei nova
e as da lei anterior
- Quanto à extensão:
- total - quando todas as disposições da lei são atingidas, também
conhecida por abrogação
- parcial - quando só algumas disposições da lei antiga são revogadas
pela lei nova, também conhecida por derrogação.

- Caducidade:
Distingue-se da revogação na medida em que esta resulta da nova lei, contendo
expressa ou implicitamente o afastamento da primeira, enquanto a caducidade se dá
independentemente de qualquer nova lei. Importa ainda salientar que a lei geral não
revoga a lei especial, exceto se outra for a intenção inequívoca do legislador.

6.

7.
Regulamentos:
Um «regulamento» é um ato legislativo vinculativo, aplicável em todos os seus
elementos em todos os países da UE. Por exemplo, quando a UE quis garantir a
aplicação de medidas comuns de salvaguarda aos produtos importados de fora da UE,
o Conselho adotou um regulamento.
Diretivas:
Uma «diretiva» é um ato legislativo que fixa um objetivo geral que todos os
países da UE devem alcançar. Contudo, cabe a cada país elaborar a sua própria
legislação para dar cumprimento a esse objetivo. É disso exemplo a Diretiva sobre
direitos dos consumidores, que reforça esses direitos em toda a UE através
designadamente da eliminação de encargos e custos ocultos na Internet e da extensão
do período de que os consumidores dispõem para se retirar de um contrato de venda.
8. “Costumes”, são normas de comportamento que as pessoas obedecem de
maneira uniforme e constante, com a convicção de sua obrigatoriedade jurídica. As
normas de uma sociedade são criadas observando-se os costumes, de maneira que
possam orientar um convívio harmônico e saudável, observando-se as condutas e
incriminando aquelas que em um primeiro momento são consideradas imoral segundo
os costumes e evoluindo para o ilegal, após sua tipificação legal.
Uma vez verificados estes dois elementos: corpus (elemento material) - prática
social constante e animus (elemento espiritual) - convicção de obrigatoriedade, nada
mais é preciso para que se verifique o costume.
Assim, podemos definir costume como o conjunto de práticas sociais
reiteradas (que se repetem) e acompanhadas da convicção de obrigatoriedade.
O direito consuetudinário, ou seja, o direito formado através do costume, é,
como se vê, um direito não deliberadamente produzido, uma vez que não existe
qualquer órgão incumbido de o criar, contrariamente ao que se passa com a lei.
Tanto entre nós, como na maior parte dos países europeus, o costume
representa historicamente a fonte mais importante do direito.

9. A palavra jurisprudência é suscetível de mais do que um significado.


Usa-se frequentemente para designar a orientação geral seguida pelos tribunais nos
diversos casos concretos da vida social. Outras vezes, é entendida como o conjunto de
decisões dos tribunais sobre os litígios que lhe são submetidos.
Jurisprudência é, em poucas palavras, o conjunto de decisões dos tribunais
sobre uma matéria que apresenta similaridades entre diferentes disputas judiciais.
As decisões judiciais constituem a resolução, nomeadamente, de qualquer
problema processual, adjetivo ou de forma, ou a composição por acordo ou litigiosa
da controvérsia submetida ao tribunal. De acordo com o artigo 152º do código de
Processo Civil, as decisões podem assumir a forma de acordos, sentenças e
despachos.
Acrescenta-se que a jurisprudência é, atualmente, na ordem jurídica
portuguesa, uma fonte mediata do direito, embora até à reforma do C.P.C. de 1995
existissem decisões do supremo tribunal de justiça reunido em pleno, denominadas
assentos, que eram consideradas como fontes imediatas do direito.

10.
➔ O acórdão é uma decisão proferida por um tribunal colegial, tomada por
maioria e lavrado de acordo com orientação que tenha prevalecido, devendo o
vencido, quanto à decisão ou quanto aos simples fundamentos, assinar em
último, com sucinta menção das razões de discordância, como decorre, por
exemplo do artigo 663.º do C.P.C.
➔ A sentença é uma decisão proferida por um tribunal singular, sendo que,
incidindo esta sobre qualquer pedido controvertido ou sobre alguma dúvida
suscitada no processo, deverá ser sempre fundamentada conforme artigo 154.º
do C.PC.
➔ O despacho exprime uma decisão proferida pelo juiz, num processo sobre
matéria pendente ou para cumprimento de decisões dos tribunais superiores.

11. A doutrina é um conjunto de princípios, ideias e ensinamentos de autores e


juristas que, no caso, servem de base para o Direito e que influenciam e
fundamentam as decisões judiciais. É fonte do Direito, utilizada também para a
interpretação das leis, fixando as diretrizes gerais das normas jurídicas.

12. As fontes formais mediatas são os costumes, os princípios gerais do direito, a


jurisprudência e a doutrina. No artigo 4º. da Lei de Introdução ao Código Civil
temos que quando a lei for omissa , o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

13. Os tratados são considerados uma das fontes do Direito Internacional positivo e
podem ser conceituados como todo acordo formal, firmado entre pessoas
jurídicas de Direito Internacional Público, tendo por finalidade a produção de
efeitos jurídicos. De maneira geral, os tratados internacionais são a principal
fonte do Direito Internacional. Para a validação de um tratado, é necessária a
participação direta e democrática dos Estados envolvidos. Eles são fonte direta,
clara e de fácil comprovação pois é preciso a sua documentação escrita e
ratificada (assinada) por todos os Estados que se comprometem a cumprir as
suas normas.

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