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Fontes/Direito

Fontes do Direito

De que modo se constitui e manifesta o


Direito positivo vigente numa determinada
comunidade histórica.

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O termo “Fontes do Direito” é utilizado em


vários sentidos:
Sentido sociológico - material

Sentido histórico
Sentido instrumental

Sentido político - orgânico

Sentido técnico - jurídico


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1 – Em sentido sociológico-material

São fontes do Direito todos os fatores ou


circunstancialismos sociais que estiveram na
origem de determinada norma jurídica.

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2 – Em sentido histórico

São fontes do Direito as origens históricas de


um sistema e as influências que sobre ele se
exercem.

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3 – Em sentido instrumental

São fontes do Direito os diplomas ou


instrumentos legislativos que contêm normas
jurídicas.

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4 – Em sentido político-orgânico
São fontes do Direito os órgãos políticos que,
em cada sociedade, estão incumbidos de
emanar normas jurídicas.

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5 – Em sentido técnico-jurídico

São fontes do Direito os modos de formação


e revelação das normas jurídicas.

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Fontes de Juridicidade

a lei, a jurisprudência, o costume e a doutrina;

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Classificações das Fontes do Direito:


I – Fontes Secundárias e Fontes Primárias

- Fontes Secundárias (ou de 2º grau) = são as normas


sobre as Fontes – arts. 1º a 4º do CC;

Fontes Primárias (ou de 1º grau) = são as fontes diretas


do direito – outras normas além dos arts. 1º a 4º do CC,
exemplos: art. 2101º, art.473º, art. 877º, ....;
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II – Fontes Imediatas e Fontes Mediatas


- Fontes Imediatas (art. 1.º do C.C.)
1 – São fontes imediatas do direito as leis e as normas
corporativas;
2 – Consideram-se leis todas as disposições genéricas
provindas dos órgãos estaduais competentes; são
normas corporativas as regras ditadas pelos
organismos representativos das diferentes categorias
morais, culturais, económicas ou profissionais (...)
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- Fontes Mediatas

Art. 3.º C.C. – Os Usos;


Art. 4.º C.C. – A Equidade;

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III – Fontes Voluntárias e Fontes Involuntárias

- Voluntárias – as que exprimem uma vontade


expressamente dirigida à criação de uma norma
jurídica;
São: a Lei, a Jurisprudência e a Doutrina;

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- Involuntárias - são fontes que não


exprimem uma vontade expressamente
dirigida à criação de uma norma jurídica;

São: os Princípios Normativos ou Fundamentais


do Direito e o Costume;

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1ª Fonte - A LEI

A Lei é o processo mais vulgarizado da


criação do Direito.

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Noção = Lei é toda a declaração solene com valor


normativo, emanada por órgãos com poder
legislativo, mediante a observância da forma
estabelecida.

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A dinâmica da lei:

Corresponde às fases de
Publicação
Vacatio Legis
Cessação da Vigência da Lei;

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O início e o termo de vigência da Lei

O legislador baseia-se rigidamente no


pressuposto de que a lei é conhecida, e nem
sequer admite que se prove o seu
desconhecimento.

“A ignorância da lei não aproveita a ninguém”

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Então:

A vigência da lei não depende do seu


conhecimento efetivo.
(já que se presume o seu conhecimento).

Qual o meio utilizado para tornar a Lei


conhecida? – A Publicação

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Art. 119º CRP – manda publicar no DR:

- As leis constitucionais, as convenções


internacionais e respetivas ratificações, as
leis da AR, os decretos-leis do Gov., os
decretos-legislativos regionais.

Falta de publicação  ineficácia jurídica do


ato.

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Publicação  obrigatoriedade da Lei


Não significa que entre imediatamente em vigor

Vacatio legis – intervalo de tempo entre a


publicação e a sua entrada em vigor – art. 5.º,
n.º 2 C.C.

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Vacatio Legis


É o período de tempo que decorre entre a
publicação e a entrada em vigor da Lei,
considerado necessário para que dela se tome
conhecimento.

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Art. 5.º, n.º 2 CC – “ entre a publicação e a vigência


da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na
falta de fixação, o que for determinado em legislação
especial” 

Art. 2º da Lei n.º 74/98 de 11/11 na redação que lhe


foi dada pela Lei n.º 26/2006 de 30/06, diz que …

- No território nacional e no estrangeiro a lei


entra em vigor no 5º dia após a publicação.
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O prazo de 5 dias após publicação só se


aplica quando o legislador nada diz porque
pode acontecer que ele próprio estabeleça em
cada diploma a sua própria vacatio legis.
- Verificam-se duas situações:

1) encurta-se o prazo, impondo-se a imediata


entrada em vigor do diploma – caráter urgente.

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Exemplo:
A Portaria nº 288/2005 de 21/03 que fixa os
critérios de prova e de apreciação da
insuficiência económica para a concessão da
protecção jurídica, determinou que a mesma
entrasse em vigor no dia seguinte ao da sua
publicação.

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2) Dilata-se o prazo de vacatio legis – por


necessidade de adaptação e pela complexidade
de matéria.

Exemplo:
A Lei n.º 23/2004 de 22/06 que aprovou o
Regime Jurídico do Contrato Individual de
Trabalho da Administração Pública, fixou a
sua entrada em vigor 30 dias apôs a
publicação.
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Termo de vigência

Passado o período da vacatio legis, se este


existir, a lei ficará, em princípio,
ilimitadamente em vigor.

Art. 7º CC – “Cessação de vigência da Lei”

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Há duas formas de cessação de vigência da Lei:

(Ambas previstas no art. 7.º do C.C.)

-Caducidade – a Lei cessa devido à ocorrência


de determinado facto;
A Lei deixa de vigorar quando ocorre o facto que ela
própria prevê ou desaparece a realidade que ela
regulava;
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-Revogação – A Lei cessa por força de uma


outra Lei;
A Lei deixa de vigorar por efeito duma lei posterior de
valor hierárquico igual ou superior;

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Art. 7.º CC – Cessação da vigência da Lei


1 – Quando se não destine a ter vigência temporária, a
lei só deixa de vigorar se for revogada por outra lei;
2 – A revogação pode resultar de declaração expressa,
da incompatibilidade entre as novas disposições e as
regras precedentes ou da circunstância de a nova lei
regular toda a matéria da lei anterior;
3 – A lei geral não revoga lei especial, exceto se outra
for a intenção inequívoca do legislador;
4 – A revogação da lei revogatória não importa o
renascimento da lei que esta revogara;
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Caducidade (como forma de cessão de vigência


da Lei):
- Pode resultar de cláusula expressa pelo legislador,
contida na própria lei, de que esta só se manterá em
vigor durante determinado prazo ou …
… enquanto durar determinada situação e, …

… pode ainda resultar do desaparecimento dos


pressupostos de aplicação da lei

(Nos termos da 1ª parte do n.º 1 do art. 7º do CC)


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Exemplos:
1 – A lei que estabelece para cada ano o preço de
certos produtos alimentares;

2 – A lei que se destina a vigorar durante uma situação


de guerra entre dois países;

3 – A lei sobre a caça ao javali que cessa com o


desaparecimento deste animal;

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Em resumo:

Dá-se a Caducidade da Lei

Quando a respetiva vigência termina em virtude


da superveniência de um facto com força
bastante para desencadear tal consequência.

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Revogação (como forma de cessão de vigência


da Lei):

Resulta de uma nova manifestação de vontade do


legislador contrária à anterior. A lei deixa de vigorar
por efeito de uma lei posterior, que tem de ter valor
hierárquico igual ou superior.


A nova lei daí resultante denomina-se Lei Revogatória.

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Quanto à forma como opera a Revogação pode


ser :
Expressa – quando a nova lei declara que revoga uma
determinada lei anterior (que identifica);

Tácita – quando resulta da incompatibilidade entre as


normas da lei nova e as da lei anterior; A lei nova não
declara que revoga a lei velha mas verifica-se que as
normas daquela são incompatíveis com as desta.

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Sistemática – quando a revogação abrange todo os


conteúdo das leis antigas, independentemente de este
estar em todos os aspectos em contradição com a lei
nova;

(A intenção do legislador é que certo diploma seja o


único a disciplinar certa matéria, cessando a vigência
das leis que a regulavam).

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Quando à sua extensão a Revogação pode ser:


Total – quando todas as disposições de uma lei são
atingidas (é o que se chama ab-rogação);

Parcial – quando só algumas disposições de uma lei são


revogadas pela lei nova (é o que se chama derrogação);

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Análise do nº 3 do art. 7.º CC:


“A lei geral não revoga a lei especial, exceto se outra
for a intenção inequívoca do legislador”
- Quando a lei altera o regime geral presume-se que
não altera as suas especialidades.
O n.º 3 do art. 7ºC.C. refere-se às relações entre a lei
geral e a lei especial.
A lei diz-se especial quando, embora a sua previsão se insira no
âmbito da previsão da lei geral, a sua estatuição estabelece um
regime diferente do estabelecido pela estatuição da lei geral.

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Análise do nº 4 do art. 7.º CC:


“A revogação da lei revogatória não importa o
renascimento da lei que esta revogara”

O n.º 4 do art. 7º do CC proíbe, em regra, o


fenómeno da repristinação.

Repristinação – é quando a lei, que se chama, lei


repristinatória, que revoga uma outra, recoloca em
vigor uma terceira que tinha por esta sido revogada.
A lei revogada só revive através de uma disposição
repristinatória. 38
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Exemplo:
Entra em vigor a lei B que revoga a lei A.
Posteriormente surge a lei C que revoga a lei B.
De acordo com o n.º4 do art.7.º C.C., a lei A não é
reposta em vigor; Mas se a lei C for uma lei
repristinatória já a lei A é recolocada em vigor,
verificando-se neste caso um fenómeno de
repristinação da lei A. Esta que tinha cessado a sua
vigência, volta a vigorar.

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