Você está na página 1de 9

Introdução ao direito

O direito traduz-se em normas de conduta social que regulam com caracter de


generalidade a convivência dos homens em sociedade, mediante a imposição de
ações.
A lei é imperativa, logo tem cárter obrigatório
A estrutura da lei:

 Previsão: contem o modelo que a norma jurídica pretende regular.


 Estatuição: consagra a ação ou omissão.
 Sanção: suscetibilidade de se aplicar a punição, corresponde à violação ou não
do comportamento.
Formação da lei:
1º Formação
 Art 167 CRP, são os deputados da AR que tomam iniciativas, logo, criam os
projetos de lei
 Nos termos do art 168 CRP este projeto é discutido e votado na AR
2º Promulgação
 Poder do PR art 134 CRP, pode vetar a lei (justificando os seus motivos, volta
para a AR para ser alterada e depois tem de ser aprovada), encaminhar para o
tribunal constitucional ou aprovar a lei
3º Publicação
 A lei é publicada no DR
4º Entrada em vigor
 Se tiver data, será no dia previsto, caso contrário 5 dias após a publicação
vacatio legis.
Nulidade art 286- são atos inexistentes, pode ser invocada a todo o tempo e por
qualquer interessado, também pode ser declarada oficiosamente pelo tribunal.
Anulabilidade art 287- só certas pessoas podem arguir a anulabilidade, no prazo de
um ano.
Classificação das normas jurídicas:

 Percetíveis- as que impõem uma conduta


 Proibitivas- proíbem uma certa conduta a outras pessoas ou ao património
 Permissíveis- 1366 CC, permite uma certa conduta
 Interpretativas- são normas jurídicas que se limitam a fixar/ clarificar o sentido
juridicamente relevante
 Normas inovadoras- destinam-se a inovar, criar novos comportamentos, criar
novos modelos que alteram a ordem jurídica.
 Autónomas
 Não autónomas- dependem de outras regras
 Injuntivas- são as que se aplica haja ou não declaração de aceitação ex:
impostos
 Comuns- aplicam-se a todos, generalidade das pessoas
 Particulares- só se aplicam a um determinado número de pessoas
 Universais ou gerais- aplicam-se a todo o território nacional
 Regional- aplicam-se nas regiões autónomas
 Locais- normas da camara municipal
 Leis reforçadas- são reforçadas as leis que carecem de aprovação por maioria
de 2/3
Principais características da regra jurídica

 Generalidade- não se refere a pessoas determinadas, é para todas as


pessoas. Com exceção de determinadas regras que só se aplicam a
determinadas pessoas membros do governo, PR PM.
 Abstratas- contrapõe ao concreto
 Bilateralidade- aplica-se entre duas pessoas ou mais
 Coercibilidade- suscetibilidade de aplicar sanções se a norma for violada, pode
ou não ser através da força
 Normas jurídicas qualificativas- atribui uma qualificação a uma pessoa ex: art
122
 Normas jurídicas facultativas- faculdade atribuída às pessoas ex: art 74

Fontes de direito
Imediatas: produzem diretamente normas jurídicas, sem subordinação a outra fonte.
São as leis e as normas corporativas. As leis são ‘’as disposições genéricas provindas
dos órgãos estaduais competentes’’; as normas corporativas são as ‘’regras ditadas
pelos organismos representativos das diferentes categorias morais, culturais,
económicas ou profissionais’’ ex ordem dos advogados, médicos etc. Estas impõem
direitos e obrigações e são aplicáveis a todas as pessoas.
Lei- é a primeira fonte de direito prevista no art 1 CC regra jurídica decidida e imposta
por uma autoridade com poder para o fazer na sociedade política. Esta provem dos
órgãos competentes e destina-se a todos os cidadãos.
Mediatas: necessitam da existência de leis, não criam normas jurídicas. São a
jurisprudência, a doutrina e o costume. 
Jurisprudência
Conjunto das decisões em que se exprime a orientação seguida pelos tribunais ao
julgarem os casos concretos que lhes são submetidos. 
A jurisprudência não é considerada fone de direito, mas é importante na formação do
ambiente necessário a elaboração das leis e do direito art 203 CRP e art 8 CC.
Somente são fontes de direito os acórdãos do tribunal constitucional que declarem
inconstitucionalidade ou ilegalidade de normas e os acórdãos dos tribunais
administrativos que declarem, com força obrigatória geral, a ilegalidade de regras
administrativas
Sistema anglo-saxónico: verificam os casos passado, as decisões do passado
servem de fonte para a decisão do presente; a jurisprudência é uma fonte de direito. 
Sistema romano-germânico: os tribunais decidem livremente e não estão
subjugados a outros tribunais; a jurisprudência não é uma fonte de direito (deixa de o
ser com a eliminação dos assentos no código civil), uma decisão não é aplicável a
todos os casos, apenas a aquele caso em particular. 
- A jurisprudência uniformiza situações nos tribunais em que há duas decisões
contraditórias para a mesma questão de direito a que é aplicada a legislação, uma das
partes do processo pode pedir ao supremo tribunal um acórdão uniformizador de
jurisprudência. 
- Através do acórdão, o tribunal define uma nova decisão - decisão uniformizadora que
pode ter peso num caso análogo.
Costume

O costume é a prática de uma conduta social reiterada com convicção de


obrigatoriedade. Para estamos perante o costume tem de possuir estes elementos.
Secundum legem (segundo a lei): a norma que a interpretação retira do costume tem
o mesmo sentido da norma extraída da lei. Costume é igual à letra da lei.
Praeter legem (para lá da lei): a norma consuetudinária (habitual) disciplina matérias
que a lei não previu. O costume vai para além da letra da lei art 10 CC.
Contra legem (contra lei): a norma jurídica, que o costume oferece, está em oposição
à norma legal.  O costume está para além da letra da lei.
O costume está previsto no art 348, o que significa que este poderá existir mesmo
sendo contra uma lei, levando o caso a tribunal, expondo a situação e que o tribunal
considere que naquele caso em concreto o costume deve prevalecer sobre a lei,
quando isto acontece pode dizer se que o costume é uma fonte de direito imediata.

Doutrina

Opiniões ou pareceres dos jurisconsultores acerca de uma questão de direito,


expostas em tratados, manuais e outros. A doutrina não é fonte de direito.
Sendo a doutrina o estudo científico do direito a que se dedicam os jurisconsultores, a
sua influência na vida jurídica é importante: na construção de institutos jurídicos,
determinação dos princípios gerais do direito, na interpretação das leis, na codificação
do material normativo e na formação de juristas. 
Doutrina- opinião de jurisconsultos (pessoas que tem bastante conhecimento científico
ou jurídico pessoal que dá aulas na faculdade e dão pareceres estes pareceres não
criam direito mas podem influenciar e contribuir para uma boa formulação das leis.)
não é vinculativa, , meramente indicativa. opiniões de especialistas

Coercibilidade: é a suscetibilidade de aplicação pela força das sanções prescritas


pelo direito. A coercibilidade é a possibilidade de aplicar uma determinada sanção a
quem violar uma norma jurídica. Ao direito cabe legitimar e impor limites à força,
coação moral e coação física.

Vacatio legis

Tempo que decorre entre a publicação e a entrada em vigor da lei. A vacatio legis é de
5 dias; o prazo conta-se a partir do dia imediato ao da sua disponibilização no sítio da
internet gerido pela imprensa nacional da casa da moeda. Quanto aos diplomas das
autarquias locais, o código administrativo determinou imperativamente que a vacatio
legis não pode ser inferior a 8 dias contados da afixação da mesma.
A lei 74/98

Esta pode entrar em vigor entre 5 a 10 dias ou até mais tempo.


Retificações são feitas quando há um erro na lei e tem que ser corrigido até 60 dias
após a publicação da lei, se o prazo não for cumprido é como se não tivesse sido
retificada.
Uma lei só é aplicada se for publicada, quando isto acontece a lei não é aplicável no
mesmo dia que é publicada no diário da república, no entanto a lei pode entrar em
vigor no dia da publicação, mas apenas acontece em casos extremos.
Cessação da vigência da lei, é o que acontece quando uma lei deixa de vigorar, isto
pode acontecer pela caducidade que é quando acaba o período de tempo previsto
(ex: a lei deve vigorar 2 anos até que se de a reconstrução de Lisboa, passado 2 anos
esta lei já não é válida, logo em 2021 a lei é cessada por motivos de caducidade.)
Invalidade superveniente, é quando uma lei é considerada inválida, ou seja
inconstitucional em certos casos declarado pelo tribunal constitucional.
Revogação é a forma mais típica, ato pelo qual se dá a cessão da lei. A lei velha é
substituída por uma lei nova.

Modalidades de revogação

Revogação expressa- verifica-se quando a lei posterior revoga a lei anterior. Art.7 nº2
Revogação Tácita- verifica-se quando existe incompatibilidade entre a lei posterior
(revogatória, a que revoga a outra) e a lei anterior (revogada, deixou de existir). Art.7
nº2
Revogação substitutiva- verifica-se quando a lei nova, além de fazer cessar a
vigência da lei anterior, também a substitui por um novo regime ex: fica revogado o
código civil e é apresentado um novo.
Revogação simples- verifica-se quando a lei nova se limita a declarar a cessão da
vigência da lei anterior.
Revogação total- verifica-se quando uma lei anterior, cessa integralmente a sua
eficácia. A lei Y, revoga a lei X.
Revogação parcial- verifica-se quando só uma parte da lei anterior perde a sua
eficácia. A lei Y, revoga os artigos 20,21,22 da lei X.
Revogação global ou por substituição- verifica-se quando uma nova lei regula
completamente todo um ramo do direito ex: toda a matéria do direito da família.
Encontra-se na parte final do artigo 7 número 2.
Revogação individualizada- verifica-se quando uma lei nova revoga especificamente
uma parte da matéria, ex: uma nova lei regula as formas de cessação do contrato de
arrendamento.
Artigo 7 nº 3 código civil
 A lei geral não revoga a lei especial, excepto se outra for a intenção inequívoca do
legislador.
ex: estatutos do aluno do ensino superior- 2005 é uma lei geral
Estatutos do aluno do ensino superior com deficiência – 2006 é uma lei especial que
provém da de 2005.
Em 2019 é criado um novo estatuto do aluno do ensino superior, revoga a de 2005,
mas não a de 2006 a não se seja a intenção inequívoca do legislador. Ou seja a lei
especial só deixa de existir se for essa a intenção do legislador, tendo em conta que a
cessação de uma não implica a cessação da outra. A não ser que o legislador tenha
como objetivo cessar ambos.
Artigo 7 nº 4
A revogação da lei revogatória não importa o renascimento da lei que esta revogara.

Lei 1 Lei 2 Lei 3

Se a lei de 2004 for revogada a de 1998 não “volta à vida”, a revogação dade 2004
não implica o renascimento da de 1998 a não ser que seja explicito. A lei revogatória é
a lei que revoga a outra, a lei revogada é a que deixa de ter efeito.

Sanção

Está relacionada com a coercibilidade. Esta é a suscetibilidade do uso da força para o


estabelecimento da ordem social como regra básica da governação e confere ao
estado o seu poder de autoridade.
Sanções Reconstitutivas: são as sanções que visam refazer a situação que existiria
se a norma jurídica não tivesse sido violada. Visa refazer uma situação como se não
tivesse sido violada qualquer regra jurídica. Art 562 CC.
Sanções compensatórias
Artigo 566 nº1 CC. Visam restituir uma situação que embora seja diferente à que
existia antes da violação da norma é, todavia, equivalente em termos pecuniários
(dinheiro). EX: no caso da morte de alguém é feita uma indeminização.
Acontece quando a restituição de algo não é suficiente pois a reconstituição não
repara integralmente os danos, logo haverá uma indeminização. Excessivamente
honrosa, quando o preço para a restituição de algo é excessiva.
Sanções Punitivas
Têm como principal objetivo aplicar um castigo ao violador da norma.
Ex: sanções criminais- visam cautelar os valores essenciais da comunidade, ordenar a
prisão a quem violou a regra. Sanções disciplinares- aplicam-se aos empresários que
violam as normas da empresa.
Sanções Preventivas
São as sanções que pretendem afastar posteriores violações do direito, cujo receio
existe devido ao facto de se ter praticado previamente um determinado ilícito.
Ex: alguém com uma perturbação mental e que demonstra um comportamento
perigoso é provável que este será admitido a um internamento de forma a prevenir
futuras sanções.
Sanções Compulsórias
Artigo 829 CC.
São as sanções que pretendem levar o infrator da norma a adotar a conduta devida,
de modo a que a sua violação não se prolongue por mais tempo.
Ex: Vendi o carro a alguém, mas não o entrego apesar de ser obrigado pelo tribunal a
faze-lo, assim a cada dia que passa sem o carro não ser entregue o infrator terá que
pagar 100€ por cada dia a mais com o carro na sua posse.
Danos não patrimoniais/ Danos morais
Refletem-se na própria pessoa, na parte psicológica, se o médico mata a mulher de
alguém cria uma dano psicológico e não um dano patrimonial. Artigo 496 CC.
Dano patrimonial
Artigo 564 nº1 CC. Reflete-se no património de alguém.
Danos emergentes
Artigo 564 nº1, 1ª parte.
Desvaloriza imediatamente o património do sujeito em virtude da violação da norma.
Lucros cessantes / benefícios que deixei de obter após a lesão
Artigo 564 nº1, 2ª parte.
São os ganhos que deixam de ser obter em virtude da violação da norma.
Deixei de trabalhar aqueles dias, logo não recebi o salário completo.

Tribunal Constitucional--- Supremo Tribunal de Justiça----- Tribunal da Relação ----


Tribunal da Comarca
Todas as normas jurídicas são hipotéticas- só se verificam quando se produz o facto
corresponde à sua previsão.
Perguntas teóricas:
Quando um médio receita uma aspirina está a criar direito?
Não, apenas a AR e o Governo possuem legitimidade para o fazer.
O que é a jurisprudência?
São as decisões dos tribunais. É uma fonte mediata.
Usos art 3
Costume como fonte de direito
O que é, tipos de costumes (contra ..) pode ser uma fonte imediata, tem de ser
declarada pelo tribunal art 348
Tipos de sanções
Em que medida é fundamental para esta entrar em vigor: dar conhecimento só apos a
publicação é que a lei ou decreto-lei é do conhecimento de todos.
Distinção de direito e moral
O que é a coercibilidade
2022

Ficam salvos os efeitos já produzidos pelos factos que a lei se destina a regular
o legislador pretende estabilidade. Os factos que ficam salvaguardados como
por exemplo os casos julgados, já não pode haver recurso da decisão.
Art 29 CRP- aplicação da lei criminal só posso ser sentenciado por um crime se
no momento em que pratiquei o ato estivesse previsto esse crime, não pode
surgir essa lei posteriormente. Tipificação penal
Crimes por ação (quando há a intenção de fazer algo) ou omissão (crime por não fazer
nada, como o crime de auxílio, deveres éticos e deontológicos, dever de ajuda).
Nº3 29 CRP- medidas preventivas também devem de estar tipificadas e nº4 aplicação
da lei posterior mais favorável. Art18
Caso:
Nos termos do antigo CC da estrada de 2006, o tempo necessário para se obter a
carta de condução é de 2 anos. Após a entrada em vigor do atual CC da estrada, o
tempo necessário para a obtenção da carta de condução é de 3 anos, alteração em
2007. João que tirou a carta de condução em 2005 pretende saber quando é que a
sua carta de condução passará a definitiva (resposta, passado os 2 anos da carta, não
se aplica a lei mais nova 1 porque não existia no momento me que este tirou a carta e
na possibilidade de se aplicar a lei posterior pois não é a mais benéfica art 12 nº1 e
nº2 não se aplica a esta relação jurídica e joao tira a carta em 2 anos.
Imagine que a lei 6/16 estabelece no art 56 o seguinte, nº1: todos os bares de
Portimão têm de oferecer uma bebida de graça aos clientes habituais uma vez por
mês; nº2 os clientes habituais podem exigir essa bebida a partir do dia 1 de cada mês;
dado que houve alguma confusão com o conceito de cliente habitual saiu uma nova lei
9/16 (5 de setembro, entra em vigor dia 10) que estabelece no seu art único o
seguinte: para os efeitos do art ? da lei 6/16 são clientes habituais aqueles que
frequentam o estabelecimento todos os dias. Marcelo cliente habitual do bar 101 onde
costuma aparecer duas vezes por semana ficou contente com a lei 6/16 (, por sua vez,
o Ivo proprietário do bar entende que Marcelo não é cliente habitual, quem terá razão.
Problema jurídico presente no caso, lei interpretativa, art 13, lei que visa esclarecer
conceitos que possam causar confusão tem de se ver as datas da entrada em vigor da
lei, porque se a lei interpretativa apenas sai depois, e houve um período de tempo em
que não estava esclarecido o cliente tinha o direito à bebida de graça, caso contrário
não.
O problema que se levanta no caso, a publicação da lei interpretativa, dividir a
resposta em 2 duas partes, ate à publicação da lei interpretativa o que legitima o
cliente como cliente habitual, e a segunda parte depois da publicação da lei
interpretativa, o cliente deixa de ter direito à bebida gratuita.
Teste 3 casos pequenos

Você também pode gostar