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DIREITO EMPRESARIAL

Prof. BENEVENUTO S. DOS SANTOS


Estabelecimento empresarial

 CC, Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de


bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou
por sociedade empresária.

 Estabelecimento empresarial = fundo de comércio = fundo de


empresa

 Estabelecimento = universalidade de fato (universalidade de


direito não há escolha)
Estabelecimento

 Estabelecimento = conjunto de bens vinculados à


exploração econômica

 corpóreos (materiais/ imóvel, mercadorias)

 + incorpóreos (imateriais/ marcas, patentes, nome)

 nome de domínio = estabelecimento (enunciado 7,


jornada direito comercial Justiça federal)

 estabelecimento = imóvel em que se localiza;


Estabelecimento

 estabelecimento difere do conjunto de patrimônio da SE (ações,


imóveis alugados);

 P: imóvel (loja) de propriedade de uma sociedade empresária


(pessoa jurídica) que se encontre alugado faz parte do
estabelecimento?

 R: não, somente os bens vinculados à atividade >>>> valor do


aluguel pode ser receita para a SE; mas, não se trata de
estabelecimento empresarial.

 imóvel de soc. empresária alugado? Trata-se de patrimônio do


SE/E, não é estabelecimento da PJ;

 SE = estabelecimento + patrimônio
Natureza

 Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de


negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam
compatíveis com a sua natureza.

 
 Objeto unitário "pode ser objeto de universalidade dos bens"

 Trata-se de objeto de direito de atividade empresarial (empresa);

 UNIVERSALIDADE ( de fato) DE BENS


Natureza

 Pode ser objeto de negócio jurídico TRANSLATIVO = transferência de


domínio

 o sujeito de direito é a pessoa jurídica coletiva (sociedade empresária) ou


o empresário, quem realiza atividade empresarial;

 podem ser alienadas unidades que compõem o patrimônio da E/SE;


ALIENAÇÃO PARCIAL (locação, arrendamento do estabelecimento).
Natureza do estabelecimento

 o estabelecimento empresarial não se confunde com o empresário, sendo


este quem exerce a atividade empresarial. O estabelecimento não possui
personalidade jurídica.

 O estabelecimento empresarial é uma universalidade de fato integrante


do patrimônio do empresário individual ou coletivo (sociedade
empresária), sendo objeto de direito passível de alienação, oneração,
arresto, penhora ou sequestro.

 estabelecimento não é herança (universalidade de direito/lei),


podendo, assim, ser dividido conforme o negócio estabelecido.
Natureza do Estabelecimento

 estabelecimento empresarial é uma coisa coletiva ou estabelecimento de fato,


pois permite sua objeto de negociação no todo (unitário) ou em parte
(negociação isolada dos bens integrantes).

 Universalidade, conforme art. 90, CC, é uma pluralidade de bens singulares


que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária, podendo,
entretanto, ser objeto de relações jurídicas próprias.

 Assim, os bens integrantes do estabelecimento podem ser objeto de relações


jurídicas autônomas ou podem ser negociados de forma unitária, por meio do
trespasse, como um conjunto de bens.
Trespasse

contrato de compra/venda de estabelecimento empresarial.

 TRESPASSE = contrato translativo;

 TRESPASSE não é cessão de cotas de participação societária;

 cessão de cotas não é trespasse alienação de participação


societária.
Trespasse

 No trespasse, não se leva em conta somente os bens


corpóreos/materiais pertencentes no momento do trespasse,
deve-se incluir no valor do estabelecimento todos os
créditos futuros decorrentes de títulos de créditos
vinculados ao estabelecimento. 
Aspectos formais do trespasse

 Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto


ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto
a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do
empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público
de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
 
 registro na Junta Comercial + publicação no DOE.
Eficácia do trespasse

CC, Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para


solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento
depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento
destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua
notificação, 

 comunicação expressa aos credores da alienação do


estabelecimento, se não restarem bens suficientes

 A transferência de estabelecimento sem consentimento dos credores,


ou se o alienante não reservar bens suficientes para saldar dívidas, é
considerado ATO DE FALÊNCIA (art. 94, Lei 11.101/05)
Responsabilidade no trespasse

 Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo


pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que
regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos
créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do
vencimento.

  O adquirente de estabelecimento responderá por dívidas anteriores


à negociação desde que devidamente contabilizadas (art. 1.146,
CC)
Responsabilidade no trespasse

Alienante (devedor primitivo originário) permanecesse na


responsabilidade solidária por débitos anteriores ao negócio
pelo prazo 01 ano, da seguinte forma:

 a) 01 ano contado da publicação do trespasse (DOE), para


dívidas vencidas;

 b) 01 ano a contar da data de vencimento, para dívidas


vincendas.
Responsabilidade

 Caso: devedor do estabelecimento (padaria) não tem ciência da


mudança de novo proprietário e efetua pagamento na conta-
corrente do antigo EI/SE proprietário.

 Nesse caso, trata-se de devedor boa-fé tem sua obrigação


cumprida.

 Para o estabelecimento adquirido em processo falimentar não há


sucessão em dívidas pelo adquirente (arrematante).
Responsabilidade

Lei 11.101/05

 Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da


empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades
de que trata este artigo:
 [...]
 II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não
haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor,
inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do
trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho.
Responsabilidade

A liberação de dívidas, mencionadas no artigo anterior, não se aplica


em relação a dívidas trabalhistas (CLT, art. 448) e tributárias (CTN,
art. 133) na seguinte forma:

CTN

 Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de


outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento
comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração,
sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual,
responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido,
devidos até à data do ato:
Responsabilidade

 I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio,


indústria ou atividade;
 II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na
exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da
alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio,
indústria ou profissão. (observar cláusula de não concorrência)
Trespasse e concorrência

CC, Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento


não pode fazer concorrência ao adquirente, nos (05) cinco anos subseqüentes à
transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do
estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do
contrato.

 Obs: somente se houver autorização expressa do adquirente em


contrato, o alienante pode permanecer no ramo vinculado ao
estabelecimento
Penhorabilidade do estabelecimento

 EMENTA PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. EXECUÇÃO FISCAL. IMÓVEL
PROFISSIONAL. BEM ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEL. NÃO
CARACTERIZAÇÃO. ARTIGO 649, IV, DO CPC. INAPLICABILIDADE.
EXCEPCIONALIDADE DA CONSTRIÇÃO JUDICIAL.
 1. A penhora de imóvel no qual em que se localiza o estabelecimento
da empresa é, excepcionalmente, permitida, quando inexistentes
outros bens passíveis de penhora e desde que não seja servil à
residência da família.
 2. O artigo 649, V, do CPC, com a redação dada pela Lei 11.382/2006,
dispõe que são absolutamente impenhoráveis os livros, as máquinas,
as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis
necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão.
Penhora do estabelecimento

 3. A interpretação teleológica do artigo 649, V, do CPC, em observância aos


princípios fundamentais constitucionais da dignidade da pessoa humana e
dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (artigo 1º, incisos III e
IV, da CRFB/88) e do direito fundamental de propriedade limitado à sua
função social (artigo 5º, incisos XXII e XXIII, da CRFB/88), legitima a
inferência de que o imóvel profissional constitui instrumento necessário ou
útil ao desenvolvimento da atividade objeto do contrato social, máxime
quando se tratar de pequenas empresas, empresas de pequeno porte ou
firma individual.

 4. Ademais, o Código Civil de 2002 preceitua que: “Art. 1.142. Considera-se


estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.”
Penhorabilidade do Estabelecimento

 5. Consequentemente, o “estabelecimento” compreende o conjunto


de bens, materiais e imateriais, necessários ao atendimento do
objetivo econômico pretendido, entre os quais se insere o imóvel
onde se realiza a atividade empresarial.
 6. A Lei 6.830/80, em seu artigo 11, § 1º, determina que,
excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre o estabelecimento
comercial, industrial ou agrícola, regra especial aplicável à
execução fiscal, cuja presunção de constitucionalidade, até o
momento, não restou ilidida.
 7. Destarte, revela-se admissível a penhora de imóvel que constitui
parcela do estabelecimento industrial, desde que inexistentes outros
bens passíveis de serem penhorados.
Estabelecimento

 “PROCESSO CIVIL. PENHORA DE IMÓVEL DE PROPRIEDADE DO


EXECUTADO, NO QUAL ESTÁ INSTALADA SUA CLÍNICA MÉDICA.
ALEGAÇÃO DE IMPENHORABILIDADE DO BEM FUNDAMENTADA
NO ART. 649, VII, DO CPC. AFASTAMENTO. – Consoante
precedente da 3ª Turma do STJ, o imóvel onde se instala o
estabelecimento no qual trabalha o devedor - seja ele um
escritório de advocacia, uma clínica médica ou qualquer
outra sociedade - não está abrangido pela impenhorabilidade
determinada pelo art. 649, VI, do CPC (com a redação
anterior à Lei n. 11.382/2006). Tal dispositivo legal somente
atribui impenhorabilidade aos livros, máquinas, utensílios e
instrumentos necessários ou úteis ao desempenho de
qualquer profissão. Recurso especial conhecido e provido.”
(REsp 857.327/PR, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira
Turma, julgado em 21.08.2008, DJe 05.09.2008)
Estabelecimento

 “EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. ART. 11 DA LEI N. 6.830/80. IMÓVEIS.


PRECEDENTE. I - É assente nesta Corte o entendimento de que a
penhora sobre o estabelecimento comercial da empresa ou sobre
seu faturamento tem caráter excepcional, admitida somente
quando não houver outros bens que possam garantir a dívida. II -
Todavia, a hipótese dos autos deve ser examinada à luz da
ponderação feita pelos juízos de primeiro e de segundo graus, pois
os bens ofertados à penhora (167 toneladas de cartão 2.101 KWTL,
350 gr/m², ao preço de R$ 2.404,50 a tonelada, perfazendo um
valor total de R$ 401.551,50) são de difícil alienação, tornando
provável a frustração dos fins da execução. III - Ademais, a
constrição recaiu sobre dois imóveis da recorrida, sem que isso
signifi que o bloqueio de suas atividades. Precedente: REsp n.
153.771/SP, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, DJ de 10.09.2001. IV -
Recurso especial improvido.” (REsp 994.218/PR, Rel. Ministro
Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 04.12.2007, DJe
05.03.2008)
Contratos vinculados

CC, Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência


importa a sub-rogação do adquirente nos contratos
estipulados para exploração do estabelecimento, se não
tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato
em noventa dias a contar da publicação da transferência, se
ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade
do alienante.
Contratos vinculados

 exemplo: estabelecimento hortifrutigranjeiro possui diversos


fornecedores de produtos rurais que tornam atrativo a
atividade; os contratados/terceirizados podem romper tais
contratos de fornecimento? 

 Tem-se a sub-rogação dos contratos vinculados ao


estabelecimento, salvo caráter pessoal, rescisão dos
contratos de fornecimento somente 90 dias da publicação
(DOE), com alegação de justa causa.
Locação de imóvel e estabelecimento

Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário


terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que,
cumulativamente:
 I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com
prazo determinado;
 II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos
ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos;
 III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo,
pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
 [....]
 § 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação
no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo,
anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor.
Locação e estabelecimento

 Lei 8.245/91, Art. 54. Nas relações entre lojistas e


empreendedores de shopping center , prevalecerão as
condições livremente pactuadas nos contratos de locação
respectivos e as disposições procedimentais previstas nesta
lei.
Locação e Estabelecimento

 Locador pode rescindir o contrato de locação em caso de trespasse,


por conta de ser novo "empresário/ sócio/ empreendedor"?

 Lei 8.245/91: Art. 13. A cessão da locação, a sublocação e o


empréstimo do imóvel, total ou parcialmente, dependem do
consentimento prévio e escrito do locador.
Locação e Estabelecimento

 Instrumento processual: ação renovatória de


estabelecimento empresarial.

 A alienação de estabelecimento altera a parte contratante


na locação (locatário); estabelecimento é transferido para
outra PJ.
Aviamento
Potencial de lucratividade do estabelecimento, envolvendo o
conceito do empresa, a clientela (não se transfere), marca,
localização, etc.

 Este potencial é determinante para o valor do estabelecimento.

 Obs. trespasse de hospital: as especialidades ofertadas;


trespasse de hortifrutigranjeiro: a fertilidade do solo; fabricante
de automóveis: velocidade do veículo.

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