Você está na página 1de 6

Luane Silva Nascimento

PROFESSORA LUANE S. NASCIMENTO


DIREITO EMPRESARIAL I

Aula 03: Empresário Individual de Responsabilidade Limitada. Dos impedidos.


Aspectos.

Caríssimos alunos, neste material vocês estudarão essas disciplinas e seus principais
aspectos legais e doutrinários.
Aproveitem a leitura e contem comigo para esclarecimento de dúvidas no nosso Fórum de
Dúvidas.
Aguardo vocês!
Professora Luane Nascimento

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA


Pela análise do art. 966, do Código Civil/02, é empresário, em sentido amplo,
todo aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para produção
ou circulação de bens ou de serviços.
Ocorre, todavia, que o conceito de empresário deve ser entendido tanto para a
pessoa física que explora essa atividade econômica, na qualidade de empresário
individual, quanto sociedade empresária que também o faz. Assim, no caso de formação
de sociedade para exploração de atividade econômica organizada composta por dois ou
mais sócios, estes não serão considerados como empresários, uma vez que essa
característica ficará reservada à pessoa jurídica constituída que goza de personalidade
jurídica própria, autonomia e liberdade para adquirir direitos e assumir obrigações, logo, o
empresário será a própria sociedade empresária.
A maior distinção entre a sociedade empresária e o empresário individual está
no fato de que a primeira possui patrimônio próprio, distinto do patrimônio dos sócios que
a integram, assim, os bens dos sócios não podem ser executados por dívidas da
sociedade. (1024, CC)
De outra sorte, o empresário individual não goza dessa separação patrimonial
respondendo com todos os seus bens, inclusive os pessoais, pelo risco do
empreendimento e por isso não goza da prerrogativa de limitação de responsabilidade.
Assim sendo, a responsabilidade do empresário individual é ilimitada e direta,
enquanto a responsabilidade do sócio de uma sociedade empresária é limitada,
dependendo do tipo societário, e subsidiária (só casos de desconsideração da PJ).
Material Autoral – protegido. A reprodução ou veiculação deste material sem autorização da
Autora sujeitará o infrator às penalidades da Lei 9.610/1998 – Lei da Propriedade Intelectual.
Luane Silva Nascimento
Ressalte-se que a Lei 12.441/2011 criou a figura da Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada – EIRELI
A EIRELI é figura distinta do empresário individual e da sociedade empresária
unipessoal (que não foi adotada pelo legislador). Trata-se, pois, de nova espécie de
pessoa jurídica de direito privado prevista no art. 44, VI, do CC/02.
Exige para sua constituição averbação do registro no órgão competente e
capital mínimo igual ou superior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no país.
A empresa individual de responsabilidade limitada deverá, necessariamente,
adotar a expressão EIRELI ao final de seu nome empresarial (assunto visto adiante).
No que tange ao regramento da responsabilidade, será aplicada a EIRELI o
mesmo previsto para a sociedade limitada, conforme veremos adiante.
A V Jornada de Direito Civil entendeu que a EIRELI só poderá ser constituída
por pessoa natural, logo, em que pese não haja vedação legal, ela não poderá ser
composta por pessoa jurídica, nem as pessoas naturais impedidas de serem sócias.

DAS PESSOAS IMPEDIDAS DE EXERCER A ATIVIDADE EMPRESÁRIA


A liberdade do exercício de qualquer trabalho, bem como de iniciativa econômica, são
garantias constitucionais, vejamos:
Art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer;
(...)
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
(...)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos
públicos, salvo nos casos previstos em lei.
Como se vê, alem do permissivo constitucional, as regras de capacidade para o exercício
da atividade empresária, estão dispostas no Código Civil:
Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem
em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente
impedidos.
Material Autoral – protegido. A reprodução ou veiculação deste material sem autorização da
Autora sujeitará o infrator às penalidades da Lei 9.610/1998 – Lei da Propriedade Intelectual.
Luane Silva Nascimento
Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria
de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações
contraídas.
O CC/02 ainda traz um rol, exemplificativo, das pessoas proibidas de
exercerem a função de administrador de sociedades empresariais:
Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de
suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e
probo costuma empregar na administração de seus próprios
negócios.
§ 1o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas
por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que
temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime
falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato;
ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional,
contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de
consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os
efeitos da condenação.

As pessoas legalmente impedidas são:


1.7.1 Agentes políticos
A lei menciona expressamente alguns agentes políticos proibidos de comerciar, tais
como:
a) Membros do Ministério Público para o exercício da atividade como empresário
individual ou como participar de sociedade comercial (art. 128, par. 5º, II, c da CF/88),
salvo na condição de quotista (Art. 44, II a lei 8.625/93).
b) Magistrados (Lei Orgânica da Magistratura, LC 35/79, art. 35, I), também nas mesmas
condições e limites conferidos aos membros do Ministério Público.
c) Senadores e Deputados (art. 54, II da CF/88) não são proibidos de forma ampla pela
lei, pois têm restrição quando forem proprietários, controladores ou diretores de empresas
que gozem de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público.

1.7.2 Servidores Públicos


Os servidores públicos estão proibidos de exercer a atividade empresarial, por conta da
previsão de proibição de varias normas, desde a CF/88 (arts. 54, 95, par. único, art. 128,
par. 5º, II, etc.) até os estatutos dos servidores públicos, nas três esferas, Federal,
Material Autoral – protegido. A reprodução ou veiculação deste material sem autorização da
Autora sujeitará o infrator às penalidades da Lei 9.610/1998 – Lei da Propriedade Intelectual.
Luane Silva Nascimento
Estadual e Municipal. Lembrando que tal restrição não alcança o direito dos servidores
públicos serem simples quotistas ou acionistas.
Os militares também encontram restrições ao exercício da atividade empresarial, sejam
do exército, aeronáutica e marinha, além dos Efetivos militares dos Estados e do Distrito
Federal. Evidentemente, que militares reformados são excepcionados.
Os agentes auxiliares do comércio (leiloeiros , corretores, despachantes aduaneiros),
também encontram restrição quanto ao exercício da atividade empresarial por absoluta
incompatibilidade com a função que desempenham nitidamente revestidas de interesse
público.

1.7.3 Falidos
O falido tem prova inconteste da sua inabilidade para exercer atividade empresarial,
ficando por força de lei temporariamente incapacitado para tal, desde a declaração da
falência até a sentença que extingue suas obrigações, conforme preconiza o art. 102 da
(LFR).
Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da
decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o
disposto no § 1o do art. 181 desta Lei.
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da
falência que proceda à respectiva anotação em seu registro.

1.7.4 Penalmente proibidos


Também são proibidos do exercício da empresa aqueles que foram condenados pela
prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade empresarial (art. 35 da LRE). Exs.:
atividade securitária (lei 5.494/64); financeira (leis n. 4.595/64 e 6.385/76); transporte
rodoviário de bens (7.092/83); serviços de vigilância e transportes de valores (lei n.
7.102/83); administração de grupos de consórcios etc. Por obvio legal, após a reabilitação
penal, cessa-se a proibição.

1.7.5 Estrangeiros
Em regra podem exercer a atividade empresarial no território brasileiro, desde que
estejam regulares quanto à permanência no Brasil, nos termos do Estatuto do Estrangeiro
(lei 6.815/80).
Por questões de política econômica, ou segurança nacional, os estrangeiros têm algumas
limitações como:
Material Autoral – protegido. A reprodução ou veiculação deste material sem autorização da
Autora sujeitará o infrator às penalidades da Lei 9.610/1998 – Lei da Propriedade Intelectual.
Luane Silva Nascimento
a) a proibição de exploração de jazidas, lavras e demais recursos minerais (art. 176 da
CF/88);
b) a participação direta ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros na saúde (art.
199, par. 3º da CF/88);
c) a participação em jornais, rádios e televisões têm restrições parciais. Até 30% do
capital pode estar em mãos estrangeiras (Art. 222 da CF/88);
d) só pode ser administrador de sociedade anônima o estrangeiro com visto definitivo,
bem como participar do conselho fiscal se residir no Brasil (Arts.162, 251 e 265, par. 1º),
dentre outras proibições.
Nota:
• O Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA, art. 216) reserva os serviços de
transporte aéreo doméstico às pessoas jurídicas brasileiras. Isso constitui clara proibição
de exercício de atividade empresarial.

1.7.6 Devedores do INSS


A lei geral da Previdência, lei 8.212/91, em seu art. 95, § 2º, “d”, traz a proibição para o
exercício da atividade empresarial aqueles que estão na condição de devedores do INSS.

1.8 – Atividades Econômicas Civis

São quatro hipóteses de atividades econômicas civis. A primeira diz respeito às


exploradas por quem não se enquadra no conceito legal de empresário. Se alguém presta
serviços diretamente, mas não organiza uma empresa (não tem empregados, por
exemplo), mesmo que o faça profissionalmente (com intuito lucrativo e habitualidade), não
é empresário e seu regime será o civil. Aliás, com o desenvolvimento dos meios de
transmissão eletrônica de dados, estão surgindo atividades econômicas de relevo
exploradas sem empresa, em que o prestador de serviços trabalha sozinho em casa.

As demais atividades civis são as dos profissionais intelectuais, dos empresários rurais,
não registrados nas Juntas Comerciais e nas Cooperativas.

Profissional Intelectual: Não se considera empresário por força do parágrafo único do


art. 966 do CC/2002, o exercente de profissão intelectual, de natureza científica, literária
ou artística, mesmo que contrate empregados para auxiliá-lo em seu trabalho. Estes
profissionais exploram, portanto, atividades econômicas civis.
Material Autoral – protegido. A reprodução ou veiculação deste material sem autorização da
Autora sujeitará o infrator às penalidades da Lei 9.610/1998 – Lei da Propriedade Intelectual.
Luane Silva Nascimento

Há uma exceção, prevista no mesmo dispositivo legal, em que o profissional intelectual se


enquadra no conceito de empresário. Trata-se da hipótese em que o exercício da
profissão constitui elemento de empresa.

Empresário Rural: O Código Civil de 2002 reservou para o exercente da atividade rural
um tratamento específico (art. 971). Se ele requer sua inscrição no registro das empresas
(junta comercial), será considerado empresário e submeter-se-á às normas de Direito
Comercial. Esta deve ser a opção do agronegócio. Caso, porém, não queira a inscrição
neste registro, não se considera empresário e seu regime será o do Direito Civil.

Cooperativas: Desde o tempo em que a delimitação do objeto do Direito Comercial era


feita pela a teoria dos atos de comércio, há duas exceções a assinalar no contexto do
critério identificador desse ramo jurídico. De um lado a, sociedade por ações, que será
sempre comercial, independentemente da atividade que explora (LSA, art. 2º, § 2º,
CC/2002, art. 986). De outro as cooperativas, que são sempre sociedades civis (ou
“simples”, na linguagem do CC/2002), independentemente da atividade que exploram (art.
986).

Material Autoral – protegido. A reprodução ou veiculação deste material sem autorização da


Autora sujeitará o infrator às penalidades da Lei 9.610/1998 – Lei da Propriedade Intelectual.

Você também pode gostar