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DIREITO EMPRESARIAL I

Professor:

Francisco Valdece Ferreira de Sousa

valdece@gmail.com
DIREITO EMPRESARIAL I Aula nº. 04
PESSOA JURÍDICA. DEFINIÇÃO.
DIREITO EMPRESARIAL I Aula nº. 04
01.- PESSOA JURÍDICA. DEFINIÇÃO.
 É o ente personalizado, composto por duas ou mais pessoas físicas, unidas por
um objetivo comum e especifico, a quem a lei confere personalidade jurídica
para atuar na ordem civil, tendo direitos e obrigações, como uma pessoa natural,
entretanto, embora sendo formada por pessoas, a personalidade destas não se
mistura com a da entidade, que tem sua personalidade própria independente da
dos componentes do grupo, esta é, inclusive, a principal característica da pessoa
jurídica. O empresário individual (EI) e uma exceção a regra, pois regramento
especial lhe permite adquirir personalidade jurídica.
 É a União Federal, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios, os Municípios, os
entes da administração indireta (Autarquias), fundações públicas criadas ou
instituídas por lei.
 E o acervo de bens com destinação especial, qual serão administrados e geridos
separadamente aqueles bens, dando-lhes a lei personalidade jurídica, surgindo
assim uma fundação.
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02.- PESSOA JURÍDICA. CARACTERÍSTICAS.
Contudo, para a constituição ou o nascimento da pessoa jurídica é necessária a
conjunção de três requisitos:
I - Vontade humana criadora - È a vontade gregária que marca o surgimento das
pessoas jurídicas, vontade eminentemente criadora que, para ser eficaz, deve
emitir-se na conformidade do que prescreve o direito positivo.
II - Observância das condições legais – É a lei que determina a forma a que
obedece aquela declaração de vontade, franqueando aos indivíduos a adoção de
instrumento particular ou exigindo o instrumento público.
III - Liceidade de seu propósito - Por óbvio não é possível reconhecer validade a
um ente que atue em descompasso com o ordenamento jurídico que possibilitou
seu surgimento, daí porque a liceidade é imprescindível à vida da pessoa
jurídica.
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03.- A PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA.
A personalização da PJ realiza-se em duas fases. A primeira através da exteriori-
zação da vontade humana em instrumento escrito, também conhecido como
contrato social; a segunda por meio do registro no órgão competente.
O início se dá com o registro, pois o Código Civil dispõe em seu artigo 45, que a
existência da PJ começa a partir da inscrição do ato constitutivo no órgão
próprio, onde serão averbadas todas as alterações implementadas ao ato
constitutivo.
04.- DIVISÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS.
Assim dispõe o Código Civil, art. 40 – As pessoas jurídicas são de direito público,
interno ou externo, e de direito privado.
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DIVISÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS.
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05.- AS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO.
I – União Federal,
II – Os Estados, o Distrito Federal e os Territórios,
III – Os Municípios,
IV – As autarquias e as associações públicas,
V – Demais entidades de caráter público criadas por lei.
06.- AS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO.
I – As associações (religiosas, pias, morais, culturais, científicas, literárias, recreativas, desportivas, etc.),
II – As sociedades (não personificadas ou personificadas; simples e empresárias; de pessoas e de capital),
III – As fundações (Tem por objeto um fim de utilidade pública ou beneficente),
IV – As organizações religiosas,
V – Os partidos políticos,
VI - As empresas individuais de responsabilidade limitada.
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07.- O REGISTRO DA EMPRESA E SUA FUNÇÃO.
Se empresária, a sociedade será inscrita no Registro Público de Empresas
Mercantis (Juntas Comerciais). Se não for empresária será inscrita no Registro
Civil das Pessoas Jurídicas e não estará sujeita à falência, que há de atingir
apenas as sociedades empresárias.
O registro tem por objetivo dar conhecimento ao público da existência da
empresa e de seus momentos mais importantes, de tal que mesmo o registro de
uma ata de reunião da sociedade ou da assembleia, possibilita a divulgação e
publicidade dos atos da empresa.
A transferência de controle importa em transferência de patrimônio, portanto a
incidência de tributos. O registro das mudanças internas serve de meio para
averiguar a exação fiscal.
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08.- SOCIEDADE EMPRESÁRIA. PRINCÍPIOS.
A sociedade empresária, como espécie do gênero empresário, é um contrato
(acordo de duas ou mais partes para constituir, regular ou extinguir entre elas
uma relação jurídica de direito patrimonial — nesse sentido é o teor do art.
1.321 Código Civil italiano).
Sócios podem ser pessoas físicas ou jurídicas. Não existe sociedade que envolva
apenas uma pessoa. Uma sociedade pressupõe no mínimo duas partes. A s partes
que firmam um contrato de sociedade passam a ser sócias.
Há dois princípios básicos que norteiam a sociedade empresária: princípio da
separação patrimonial e princípio da limitação da responsabilidade.
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08.- SOCIEDADE EMPRESÁRIA. PRINCÍPIOS.
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No primeiro princípio, separação patrimonial (ou autonomia patrimonial), o
patrimônio da empresa é diferente do patrimônio pessoal dos sócios, pois estes
ao constituírem uma sociedade fazem um aporte de bens ou capital para formar
o patrimônio da empresa. Isso faz com que o seu patrimônio de sócio (pessoa física
ou jurídica) seja diferente do patrimônio da empresa (sociedade), sendo que, em
geral, seu patrimônio pessoal não poderá ser afetado por dívidas da sociedade
(abstração do CPC, art. 795) [Vide CPC/73, art. 596, caput].
Já no segundo princípio, o da limitação da responsabilidade, a responsabilidade
dos sócios é limitada ao valor de sua participação na sociedade, ou seja, ao
valor de suas quotas ou ações (dependendo do tipo societário, pois em alguns casos isso não
acontece). Assim, ao se constituir uma sociedade a responsabilidade dos sócios é
limitada se ocorrer insucesso da atividade.tas de cada sócio do capital social da sociedade (o
do art. 1.052 do Código Civil, sobretudo para o caso das sociedades limitadas)
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08.- SOCIEDADE EMPRESÁRIA. PRINCÍPIOS.
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Vale destacar que, enquanto um ente dotado de personalidade jurídica, com
direitos, deveres e patrimônio próprios, a sociedade responde por suas dívidas com
todo o seu patrimônio empresarial (que muitas vezes torna-se maior do que o capital social
previsto em seu contrato societário).

Esses princípios não são aplicáveis ao empresário individual. Neste caso não há a
separação de patrimônio (civil e empresarial) nem limitação de responsabilidade (seu
patrimônio é único e responde por todas as dívidas de qualquer natureza, civil ou empresarial).

O certo é que a constituição de uma sociedade empresária garante, via de regra, a


separação patrimonial dos bens da empresa em relação aos bens dos sócios, bem
como a limitação de responsabilidade dos sócios pelas dívidas da empresa ao valor
de suas respectivas quotas (salvo em caso de desconsideração da personalidade jurídica). Essas
são razões relevantes que levam algumas pessoas a constituírem sociedades
empresárias em detrimento da figura do empresário individual.
do art. 1.052 do Código Civil, sobretudo para o caso das sociedades limitadas)
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09.- EIRELI EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA.
Instituída pela Lei 12.441, de 11/07/2011, a EIRELI – Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada se assemelha à empresa de responsabilidade limitada,
possibilitando ao empreendedor individual utilizar-se dos princípios da separação
patrimonial e da limitação de responsabilidade, que eram exclusivos das
sociedades.
No que se refere aos requisitos, a EIRELI será constituída observando os seguintes
critérios (CC, art. 980-A):
a) formada por uma única pessoa;
b) a pessoa natural não pode constituir mais de uma EIRELI;
c) a pessoa deverá ser a titular da totalidade do capital social;
d) o capital não pode ser inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no País38;
e) o capital deve ser totalmente integralizado (integralizado de fato e de direito, não meramente
documental);
f) o nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão “EIRELI” após a firma ou a
denominação.itadas
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10.- FUNDO DE EMPRESA E AVIAMENTO.
Nos termos do art. 1.142 do Código Civil, o estabelecimento comercial é todo o
complexo de bens, corpóreos ou incorpóreos, organizado para exercício da
empresa, seja por empresário, seja por sociedade empresária, sem o qual não é
possível exercer a atividade empresarial.
É, portanto, um conjunto de meios destinados ao exercício da atividade
comercial, que constitui uma universalidade de fato, pois é composto pela
reunião de bens, não decorrente de determinação legal, mas sim de vontade do
seu titular.
Neste contexto, tudo aquilo que o empresário ou a sociedade empresária utiliza
para exercer a sua atividade comercial, como os imóveis, os computadores, os
móveis, o estoque, as ferramentas, as marcas, os sinais distintivos, os
empregados, e etc., faz parte do estabelecimento comercial.
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10.- FUNDO DE EMPRESA E AVIAMENTO.
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Como ensina Fábio Ulhoa Coelho, "ao organizar o estabelecimento, o empresário
agrega aos bens reunidos um sobre valor. Isto é, enquanto esses bens permane-
cem articulados em função da empresa, o conjunto alcança, no mercado, um
valor superior à simples soma de cada um deles em separado".
Esse valor agregado é chamado de goodwill, goodwill of trade, fundo de comér-
cio, fundo de empresa ou aviamento.
Em suma, o estabelecimento comercial é o conjunto de bens materiais ou não
de que o empresário se utiliza para exercer a sua atividade comercial. Por outro
lado, o valor desse conjunto de bens é o fundo de comércio.
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PONTO COMERCIAL.
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11.- PONTO COMERCIAL.
Dependendo do tipo de atividade empresarial a ser exercida pelo empresário ou
pela sociedade empresária, o local em que o estabelecimento empresarial está
localizado é de suma importância. Este local é chamado de ponto comercial ou de
propriedade comercial.
Em razão da importância do ponto comercial para a atividade empresarial, este
goza de tutela jurídica específica.
Quando o empresário é o dono do imóvel em que se localiza o comércio, o direito ao
ponto comercial lhe é assegurado pelo direito de propriedade. No entanto, quando
o empresário ou a sociedade empresária é locatária do imóvel em que está
localizado o estabelecimento comercial, a proteção do direito ao ponto comercial
decorre de uma disciplina jurídica específica de alguns contratos de locação não
residencial que assegura, dentre outros direitos, a prorrogação compulsória do
contrato.
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11.- PONTO COMERCIAL. DA INDENIZAÇÃO DECORRENTE DA PERDA.
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A questão do ponto comercial é tão importante que caberá indenização pela
perda do ponto em determinadas hipóteses. São elas:
a) Se a exceção de retomada for a existência de proposta de terceiro mais
vantajosa que a do locador;
b) Se o locador demorar mais de três meses da entrega do imóvel para dar-lhe o
destino alegado na exceção de retomada;
c) Se explorar no imóvel a mesma atividade do locatário; e
d) Não for sincero na exceção de retomada.
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11.- PONTO COMERCIAL.
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Nos termos do artigo 52, parágrafo 3º, da Lei de Locações, a indenização pela perda
do ponto deve ser suficiente para indenizar o empresário pela perda do lugar, bem
como pelos lucros cessantes em decorrência da paralisação de sua atividade.
10.- LUVAS.
No Direito Empresarial, luvas é o nome dado ao valor pago pelo locatário ao locador,
geralmente na assinatura do contrato de locação, além do valor do aluguel e das
demais despesas. Esse valor é um valor único e pré-determinado, que pode ser pago
à vista ou a prazo.
Tal valor garante a preferência do locatário quanto ao ponto comercial. Na prática,
funciona como uma espécie de "leilão", sendo cobrada uma quantia de entrada do
locatário para a garantia da locação. Também pode representar uma compensação
pelo ponto comercial.
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12.- LUVAS.
Nos contratos de shoppings center, essa quantia, também chamada de "res
sperata", é paga pelo lojista ao empreendedor como forma de contraprestação pela
estrutura, pelas condições técnicas, bem como pelos estudos de viabilidade
realizados pelo shopping. Ou seja, o lojista "paga" para poder participar de toda
aquela estrutura já pré-determinada e desenvolvida pelo empreendedor, tendo
acesso, inclusive, a informações relacionadas ao público esperado, ao tipo de
público, às características dos clientes do shopping, dentre outras.
A diferença das luvas pagas pelo locatário em favor do locador quando do aluguel de
um imóvel comercial fora de um shopping para a "res sperata" é que essa segunda
garante também o acesso à toda estrutura do shopping. Do ponto de vista prático as
luvas e a "res sperata" tem a mesma função, qual seja garantia ou compensação do
ponto comercial.
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12.- LEGALIDADE DE COBRANÇA DE LUVAS.
No passado, em alguns contratos de locação, as luvas eram cobradas pelos locadores
no momento da assinatura do contrato e também em suas eventuais renovações.
Em 1934, objetivando coibir determinados abusos, Getúlio Vargas editou o Decreto
24.150, mais conhecido como Lei de Luvas, que impedia expressamente a cobrança
de tal "taxa". A Lei de Luvas proibia, inclusive, a cobrança de qualquer valor
especial ou extraordinário, o que, se feito, configuraria crime de locupletamento,
nos termos do art. 29.
A Lei de Locações abrandou a vedação à cobrança de luvas, sendo mais permissiva
quanto a essa praxe mercantil. A Lei de Locações, em seu artigo 45, proíbe a
cobrança de luvas apenas nas renovações.
A jurisprudência tem admitido a cobrança de luvas, embora estabeleça que tal
cobrança apenas se dê no início da locação, ficando vedado a cobrança de luvas nas
renovações.

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