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Globalização - Capítulo 1 Conceitos

Todo conceito em ciência social é dificilmente conceituado. A globalização não foge à regra. Trata-se
de sua ligação com a mudança social. Não é algo que ocorre de um momento para outro. Nem é algo
exatamente igual em todos os países. Nem é algo que possa ser exatamente situado no tempo e no
espaço. Em alguns países não há condições de que os efeitos da globalização venham a ser sentidos
em menos de dez anos. Em outros países, diversos efeitos já são notáveis há mais de dez anos.

1.1. O Processo da globalização

A idéia de globalização é mais abrangente que a simples internacionalização da economia. Pode-se


proceder a uma abstração, definindo-se a internacionalização como sendo um primeiro passo,
seguido da atuação multinacional, e, finalmente, da globalização.

A) A Internacionalização se iniciou com o fato puro e simples de uma companhia passar a exportar
seus produtos. O problema conceitual da internacionalização, no entanto, é complicado. É um
conceito dificilmente encontrado na realidade econômica. Apenas pequenas companhias podem
exportar produtos, sem se preocuparem com algum tipo de beneficiamento nos países importadores.

Nenhuma companhia pode simplesmente se dar ao luxo de continuar exportando a partir da sua
sede: surgem diversas pressões dos países importadores para que algo seja realizado nesses
mercados finais. Essas pressões são especialmente em termos de:  defesa das divisas fortes do país.
 aumento do conteúdo da produção local.  geração de empregos.  aumento de impostos.

B) A Atuação Multinacional significa a existência de bases de produção e comercialização em diversos


países. É um avanço em relação à internacionalização. É impossível que uma empresa mantenha
abastecidos os principais mercados de todo o mundo, apenas a partir de sua matriz.

A distância dos mercados internacionais mais importantes, ou a saturação dos mercados originais de
uma certa companhia, são fatores decisivos para viabilizar a implantação de unidades no exterior. A
Sandvik instalou sua primeira unidade no exterior em 1865. A Alfa Laval tinha fábricas nos EUA
também no século passado. Uma terceira companhia sueca, a SKF tinha uma unidade na Alemanha
em 1910, e já contava fábricas em cinco países, 20 anos depois (Porter, 1993) As grandes companhias
começaram exportando, e terminaram por possuir operações complexas no exterior: escritórios
comerciais, fábricas, centros de P&D. Para tanto, realizaram associações ou joint-ventures com
parceiros locais ou internacionais, ou abriram filiais totalmente controladas.
No entanto, normalmente, as diversas filiais atuam de forma bastante autônoma. Conforme Porter
(1993), o fato de ser uma multinacional não implica, de per si, uma estratégia global, pois se as filiais
são independentes, não existe o uso das possíveis vantagens competitivas que ocorreriam caso se
utilizasse uma coordenação global entre as unidades dispersas por todo o mundo.

C) A Globalização se refere a bens que utilizam componentes produzidos em todo o mundo, e que
visam atingir o mercado global, não apenas um mercado nacional. A globalização compreende
mudanças amplas no sistema produtivo pela utilização de métodos, meios e recursos que
transcendem as fronteiras nacionais. Finalmente, a globalização implica na existência de uma
estratégia global, para utilizar os recursos disponíveis da melhor forma, obtendo os menores custos,
e os melhores produtos para serem oferecidos a cada mercado.

1.2. Os Principais Agentes

Um outro conceito importante ao tratar de globalização é o das empresas multinacionais, e/ou


transnacionais. São os principais agentes do processo: condição sine qua non para que pudesse vir a
ser iniciado. Diversos autores colocam diferenças conceituais entre multinacionais e transnacionais. O
tema é complexo, e foge do escopo deste trabalho. Gostaria de apontar sucintamente que a
diferença não é significativa desde o ponto de vista do fenômeno empresarial, ou segundo a
estratégia da companhia.

A lógica empresarial mostrou que estar presente em diversos países torna-se mais interessante do
que manter-se restrito apenas ao mercado original da companhia. O tema da nacionalidade, com o
tempo, acaba se tornando secundário. O caso citado abaixo da Asea Brown Boveri é bastante
elucidativo neste sentido. Em outras palavras, uma companhia tem seus próprios objetivos, e,
procurará que a filial de cada país seja o mais nacional possível. A sobrevivência de grandes
companhias já durante a Segunda Guerra Mundial mostrou a possibilidade dessa harmonia. A filial
alemã da Coca-Cola, por exemplo, impossibilitada de fabricar o refrigerante, por falta de acesso ao
xarope devido às limitações da Guerra, inovou para poder sobreviver, lançando refrigerantes com
diversos sabores de frutas, criando a marca Fanta.

Portanto, as companhias não estão preocupadas apenas com seus países de origem. As suas
finalidades terminam necessariamente fazendo com que passem a levar em conta diversos países.
Logo, sua filial em cada país deve tratar de se tornar uma cidadã desse país, cooperando com o seu
crescimento econômico, e com o bem-estar de seus funcionários. O crescimento de diversas
companhias por todo o mundo, desde o início do século, permitiu que os elementos mais
importantes do conceito de globalização pudessem vir a ser gradualmente aplicados. É injusto falar
de globalização sem considerar o papel desempenhado por essas companhias.
Capítulo 2 - Algumas Companhias que lideraram o processo

1) A européia Shell nem precisou se preocupar com a busca de mercados internacionais: já nasceu
global. Desde o nascimento da inglesa Shell, suas operações estavam estendidas necessariamente
por diversos países: primeiramente havia uma rede comercial pelo Oriente, administrada desde
Londres. Surgiu o potencial do petróleo, mas faltava o produto. Os suprimentos foram obtidos na
Rússia. Parece simples, mas o óleo russo precisava ser transportado até os mercados finais. Superado
esse obstáculo, o próximo passo foi obter produção própria de óleo bruto o que foi conseguido em
Bornéo. O ciclo se encerrou com uma refinaria ao lado dos campos produtores. Paralelamente, surge
a Royal-Dutch, com capitais holandeses, base de produção de óleo bruto e uma refinaria em Sumatra.
Seu passo seguinte foi estabelecer redes comerciais no Oriente, para poder escoar seus produtos.

Houve uma interligação complexa, sob o ponto de vista acionário: já no início do século, fundem-se
as operações da inglesa Shell, com a holandesa Royal-Dutch fusão que se mantém até hoje. A
complexidade se acentua na medida em que a fusão não foi igualitária, mas à base de 60% para a
Royal-Dutch e 40% para a antiga Shell. Os próximos passos vieram rapidamente: obtenção de redes
de distribuição nos grandes mercados: EUA e Europa, ao mesmo tempo que novos países passaram a
sediar atividades de produção de óleo bruto, como o México, a Venezuela e a Romênia. Pode-se dizer
que em vinte anos, criou-se uma companhia globalizada: base acionária, produção, refino, transporte
e distribuição espalhados por diversos países.

2) A igualmente anglo-holandesa Unilever, rapidamente preocupou-se em ocupar espaço em


mercados em outros países. Na Inglaterra, William Lever começa a produzir produtos de limpeza,
desde 1890. Em 1930, a Lever Brothers se funde com a Margarine Unie, da Holanda, para formar a
Unilever. O falecimento de Lever, em 1925, conduziu sua companhia a dificuldades, que apontaram o
caminho da fusão como uma excelente alternativa. A fusão foi seguida por uma profissionalização da
companhia recém-nascida, o que a preparou para o forte crescimento que viria.

É significativo o texto de um anúncio para o recrutamento de executivos, feito em 1961, por David
Ogilvy (Sampson, 1996):

"Avis Unileverensis (Managerialis) Plumage: highly variegated. Habits: too numerous to list. Habitat:
the world. Distinctive characteristics: a high flyer. The birds who run Unilever come in many shapes
and sizes..."
3) A BP nasceu com produção de óleo bruto no Irã, no início do século. Uma refinaria foi erguida em
Abadã, que se transformou na maior fornecedora de gasolina de aviação durante a Segunda Guerra.
A BP (então Anglo-Persian) formou redes de distribuição na Europa, ergueu novas refinarias, e, já nos
anos 20, preocupou-se em obter concessões em outros países, como a Argentina. Nos anos 30, em
conjunto com a Gulf, obteve a concessão no Kuwait, ensejando um rápido crescimento. O ciclo foi
fechado, quando obtém significativa produção no Alaska e no Mar do Norte, a partir dos anos 70,
substituindo a produção proveniente dos países árabes –que nacionalizaram a indústria do petróleo.

4) No século passado, a Singer fabricante de máquinas de costura sediada em New York tinha sua
maior fábrica na Escócia.

5) Alfred Nobel construiu fábricas de dinamite por toda a Europa. Pode parecer fácil, mas o produto
era visto como bastante estratégico. Em suas fábricas, foi necessário realizar delicadas alianças com
os governos de cada país, e associações com os principais fabricantes de armas de cada mercado.

6) Ford abriu uma fábrica no Canadá em 1909, um ano após o Modelo T começar a sair de sua linha
de produção. Apenas dois anos depois, Ford salta o Atlântico, estabelecendo uma fábrica na
Inglaterra.

7) A marca Bata está presente em calçados desde 1894, tendo passado a estabelecer fábricas por
todo o mundo. A partir da Segunda Guerra, a família controladora transferiu a sede da
Tchecoslováquia para o Canadá, onde ainda se encontra.

8) De acordo com John Reed (Citicorp Faces the World, 1990), o Citibank teve prejuízos nos EUA com
a Depressão dos anos 30, como praticamente todas as companhias. Os dividendos recebidos de
sua filial da China foram importantes para dar fôlego ao banco. Há décadas o Citibank conta com um
"International Staff", cujo papel é disseminar a cultura da companhia por todas as filiais. Quando
novas filiais domésticas foram criadas em Atlanta e Miami, o banco alocou também nesses locais
pessoas provenientes das operações do exterior. Do seu "Policy Comittee", formado por 30 pessoas,
em 1990, cerca de 75% delas já trabalharam fora dos EUA, mais de 25% trabalharam em três ou mais
países, 50% falam outra língua além do inglês, e sete deles eram nascidos fora dos EUA.

Capítulo 3 - Elementos que permitiram a aceleração da Globalização


A) Maior nível educacional dos Recursos Humanos, com a popularização do ensino superior ao longo
deste século

Em que pese a existência de índices elevados de analfabetos em diversos países, o número de


graduados é significativo, em especial, nos países mais importantes. Isso permite:  disseminação
rápida de novos conceitos, ou de novos avanços tecnológicos.  rápida adaptação de técnicas bem
sucedidas em outros países.  surgimento de uma classe governamental que goza de base técnica
para apoiar suas mais importantes decisões, e, para comunicar-se em alto nível com os organismos
internacionais.  surgimento de um elevado número de pesquisadores, tanto para as áreas técnicas,
quanto para as sociais. Isso permite que problemas novos encontrem pessoas preparadas para
compreendê-los e enfrentá-los. É o caso da consciência ambiental: em duas ou três décadas foram
obtidos rápidos avanços na evolução na mentalidade dos empresários, governos, e de alguns padrões
de consumo.  facilidade de comunicação, dado que existem muitos milhões de pessoas que são
fluentes em uma segunda língua, além da nacional.  administração suficientemente padronizada de
unidades empresariais espalhadas por todo o mundo. Respeita-se o que é próprio da cultura de cada
país, ao mesmo tempo que se mantem a empresa fiel aos seus próprios valores e formas de trabalho.

B) Tecnologia

Torna-se difícil falar da importância da tecnologia sem falar no óbvio. A tecnologia se popularizou de
tal forma, que possibilita baixos custos de produção em todos os principais mercados, para uma
imensa gama de produtos. Após apenas dois anos da invenção do fax, já se fazia presente na maior
parte das residências de classe média dos países desenvolvidos, e em grande parte das empresas de
todo o mundo. O principal trunfo tecnológico a permitir a explosão da globalização foi o avanço na
informática e nas telecomunicações. Por exemplo, uma interligação nos mercados financeiros
internacionais seria impensável sem uma ampla rede que utilize essas duas ferramentas. As
companhias ganharam em eficiência com o uso da informática, além de permitir à direção atuar
diretamente sobre o nível operacional, eliminando-se drasticamente diversas camadas de gerências
intermediárias.

O papel da Televisão não pode ser desprezado. Não faltam autores que a apontam como a surda
causa que levou à queda do muro de Berlim. Na medida em que atingiu os povos escondidos por trás
da Cortina de Ferro, levando algumas cenas do mundo ocidental, a TV criou condições propícias ao
desmantelamento da máquina autoritária que mantinha rigidamente cerrada a tal Cortina de Ferro, –
que, fortunadamente, revelou ser um pouco mais tênue.

C) Facilidade de Comunicação
Falar de “aldeia global” é um tremendo lugar-comum. Torna-se desnecessário frisar o que é isso,
justamente quando estamos assistindo à explosão da Internet, da TV a cabo, dos satélites privados e
da telefonia celular por todo o mundo. Certamente, esses fatores têm sido importantes para
possibilitar o avanço do que se entende por globalização, na medida em que encurtam as distâncias e
eliminam as barreiras entre produtores e consumidores das mais diversas procedências.

D) Facilidade de Transporte

A expansão da aviação possibilita uma segurança razoável nos deslocamentos de um a outro país ou
continente. Rapidez e confiabilidade também foi trazida ao transporte marítimo de mercadorias.
Trazer produtos do outro lado do planeta já não apresenta segredos nem receios especiais para os
principais mercados. Sem transportes rápidos e eficientes, ficaria difícil a expansão da globalização.

E) Interligação dos Mercados Financeiros Mundiais

Os computadores aliados ao avanço das telecomunicações interligaram os mercados financeiros. As


principais bolsas de valores mundiais encontram-se ao alcance da mão dos grandes investidores:
fundos de pensão, fundos mútuos e seguradoras. Os fundos de pensão no Brasil apresentam um
patrimônio de US$ 65 bilhões, ou 11% do PIB. Os fundos de investimentos em nosso país já
superaram a clássica caderneta de poupança, contando com ativos de mais de US$ 100 bilhões em
meados de 1996 contra cerca de US$ 70 bilhões nas cadernetas. Nos EUA, segundo Drucker (1991) o
patrimônio dos fundos de pensão é de US$ 2,5 trilhões sendo a grosso modo 50% em ações, e 50%
em títulos.

O excesso de informações faz com que os investidores possam caminhar mais rapidamente em
direção aos seus objetivos. Um resultado excessivamente negativo na administração de uma grande
companhia terá rápidas repercussões globais: a equipe administrativa será cobrada pelos acionistas
que nela confiaram. Medidas terão que ser rapidamente implementadas. O sistema está longe de ser
perfeito, no entanto, evita que muitas situações difíceis cheguem até um fracasso total.

Um exemplo recente: a Olivetti apresentava problemas há muitos anos. No entanto, fez uma grande
chamada de capital três anos atrás –subscrita pelo mercado internacional. A persistência desses
problemas levou a que os investidores exigissem e obtivessem mudanças dos gestores da companhia.
Tudo isso parece prosaico, mas não o é, em se tratando da Itália, onde a transparência administrativa
definitivamente não é uma virtude.
F) Possibilidade de atingir consumidores através de Mídias de Alcance Mundial

Alguns veículos informativos com alcance global:  TV: CNN (atingia em 1992 quase 80 milhões de
lares, em mais de 100 países) e MTV (no mesmo ano, calculava sua audiência em 210 milhões de
pessoas de 78 países; na Europa, em cinco anos, chegou a 39 milhões de consumidores). O canal HBO
diz em 1995 possuir 25 milhões de assinantes.  Jornais: The European; The Wall Street Journal (tem
edições também na Europa e Ásia), Financial Times, tem uma edição internacional. A Gazeta
Mercantil há alguns anos possui edição em inglês, e em 1996, lançou uma edição para os países do
Mercosul, em associação com os principais diários econômicos dos outros países.  Revistas: National
Geographic, Time, Seleções do Reader’s Digest e Business Week são publicações com penetração em
diversos países há vários anos.

A existência dessas mídias globais permite que algumas campanhas voltadas para nichos de mercado,
possam ser igualmente globais. Isso pode ser oportuno no caso de encontrar-se semelhança em
termos de estilos de vida. Nos produtos voltados ao público jovem, há uma facilidade de comunicar
mensagens. Os jovens de Paris, Los Angeles, Londres, São Paulo ou Tóquio se assemelham em termos
de preferências e valores culturais. Com a queda do muro de Berlim, também a Europa do Leste vem
se aproximando culturalmente do Ocidente.

Alguns exemplos de campanhas publicitárias de alcance global:  A campanha do sabonete Dove, da


Unilever, apresenta a mesma linguagem, mas é produzida localmente, usando depoimentos de
usuárias locais do produto. Isso ajuda o público-alvo a se identificar com os depoimentos
apresentados. (Gazeta Mercantil. 17/9/1992)  A campanha do Lux, “Nove entre dez estrelas”, foi
veiculada em 23 países, sem sofrer adaptações.  Em 1995, a Alpargatas lança na Argentina o tênis
Rainha com a mesma campanha usada no Brasil.

Finalmente, o patrocínio de eventos é outra chave para que se possa obter alcance global nas
estratégia de comunicação com o consumidor. O público que assiste à Copa do Mundo, à Fórmula
Indy, à Fórmula-1 ou às Olimpíadas é imenso, formado por milhões de consumidores de todo o
mundo. A TV necessita de patrocinadores comprometidos com grande antecedência, e dispondo-se a
pagar pesadas cotas de patrocínio. É uma ocasião perfeita para as grandes empresas com penetração
global obterem uma ocasião de divulgação maciça de seus produtos e de suas marcas.

G) Existência de consumidores em todo o mundo com elevada homogeneidade de estilo de vida


Existem múltiplas culturas em países grandes como o Brasil ou os EUA, e ainda uma grande diferença
cultural entre os diversos países em geral. Apesar disso, notam-se grandes semelhanças em termos
de padrões de consumo, ou de estilo de vida. Em outras palavras, os jovens dos diversos países da
Europa, do Japão, da América Latina ou dos EUA, apresentam inúmeros pontos em comum.
Continuam sendo marcadamente diferentes. No entanto, assistem MTV, gostam de usar jeans, tênis
e camisetas, consomem os refrigerantes famosos em todo o mundo, e assim por diante. Trata-se,
sem dúvida, de um mercado global. Isso não significa que exatamente os mesmos produtos podem
ser vendidos em todo o mundo aos mesmos preços, e com os mesmos métodos de divulgação e
promoção. Algumas décadas de crescimento das grandes corporações internacionais foram
extremamente úteis em termos de apontar as diferenças culturais, e como elas devem ser tratadas.
No entanto, levando-se essas diferenças culturais em consideração, temos um mercado global
formidável, que vem efetivamente consumindo uma série de marcas a nível global.

Um exemplo ajuda a ilustrar: em 1995, uma campanha da Mercedes-Benz nos EUA usou uma
conhecida música de Janis Joplin, de 1970: “Oh, Lord, won’t you buy me a Mercedes-Benz? My
friends all drive Porsches, I must make amends. Worked hard all my lifetime, no help from my friends.
Oh, Lord, won’t you buy me a Mercedes-Benz?” 1Essa mesma mensagem publicitária pode ser
perfeitamente adequada em diversos mercados, pois a artista em questão foi conhecida pelos jovens
de todo o mundo, em sua época. (Gazeta Mercantil. 17/3/1995) Outro exemplo é o do Citibank,
conforme relata John Reed (Citicorp Faces the World, 1990). Ao buscar o consumidor final nos anos
70, desde o início procurou iniciar operações globais, diferentemente de iniciar na matriz e ir
crescendo paulatinamente para outros mercados. Constatou-se que as atitudes das pessoas a
respeito das suas finanças eram muito semelhantes em todo o mundo, devido à sua educação e a
seus valores. A nacionalidade não era relevante, quer a dos consumidores, quer a dos prestadores de
serviços.

1 Tradução: “Oh, Senhor, não gostaria de me comprar um Mercedes-Benz? Meus amigos todos
guiam Porsche; preciso ser recompensada. Trabalhei duro toda a minha vida, não tive ajuda dos
amigos. Oh, Senhor, o Senhor me compraria uma Mercedes-Benz?”

H) Existência de necessidades mercadológicas específicas

Um exemplo dado por Porter (1993) pode auxiliar na compreensão do tema. O aumento do comércio
por todo o mundo multiplicou a frota mercante. Os navios se movimentam por diversos países,
necessitando lubrificantes. Ora, necessitam utilizar o mesmo lubrificante em todos os portos onde
abastecem, de modo a manter o mesmo padrão de desempenho. É um mercado para fornecedores
globais, e, de fato, os líderes em lubrificantes para motores de navios são Shell, Exxon e British
Petroleum, que atuam globalmente há diversas décadas.
Isso não implica em que companhias líderes em seus mercados estejam com seus dias contados. Nos
EUA, Quaker State e Pennzoil lideram o competitivo mercado de lubrificantes para uso automotivo.
Esse resultado foi obtido em competição aberta com as grandes companhias de petróleo integradas.
À medida em que se especializaram nesse nicho do mercado, puderam obter vantagens competitivas.
Suas posições não estão ameaçadas face à globalização, mesmo porque foram obtidas justamente
tendo em vista a concorrência frente a companhias globais.

I) A globalização permite altos volumes, viabilizando pesados investimentos em marcas e P&D

À medida que aumentam as exportações de uma companhia de sucesso, surgem filiais no exterior em
um primeiro momento. Seus produtos e suas marcas passam a ser conhecidas nos principais
mercados. Isso viabiliza pesados investimentos para manter contínuos aperfeiçoamentos nos
produtos, bem como, para fixar a imagem da marca nos veículos de comunicação. Apenas uma
atuação forte em diversos países permite que surjam volumes de produção que viabilizem uma
escala ampla o suficiente para que esses investimentos sejam realizados.

J) Abertura das fronteiras nacionais: eliminação de diversas barreiras protecionistas

O clima político propiciado pela queda do muro de Berlim, pelo surgimento de governos
democráticos em diversos países, e por algumas décadas de paz após a II Guerra permitiu que
houvesse uma queda de barreiras protecionistas nos principais mercados. Em um primeiro momento,
alguns empresários locais são prejudicados, há empregos perdidos, e aumentam exageradamente as
importações de alguns setores. São problemas, no entanto, o benefício final para o país pode ser
resumido em termos de acesso a produtos de maior qualidade a menores preços. Há uma relação
custo-benefício vantajosa para a sociedade como um todo.

Aí surgem algumas vantagens da globalização. O déficit na balança comercial não precisa


necessariamente ser coberto com futuras exportações em níveis que exijam grande sacrifício da
população. Empréstimos internacionais, receitas com turismo ou serviços, e a entrada recursos para
investimentos, permitem um saldo negativo por um período de tempo considerável. O caso argentino
tem demonstrado isso: nos anos 90, o país recebeu grande afluxo de investimentos estrangeiros, e
alguns déficits na balança comercial não foram problema para a manutenção da abertura econômica.
Algumas empresas locais sucumbiram à abertura, no entanto, as vantagens da mesma para a
população não podem ser desprezadas. O desemprego não pode ser todo creditado na conta da
globalização: o Estado deixou de sustentar imensos benefícios que se arrastavam há décadas.

K) Limitações devidas à legislação


A expansão internacional pode se constituir na única forma de crescimento, quando barreiras à
atuação no país de origem obrigam à busca de mercados desprotegidos: “As leis alemãs sobre a
pesquisa em biotecnologia são tão rigorosas que Basf e Hoechst conduzem os programas de pesquisa
em suas
subsidiárias nos EUA, enquanto outras empresas alemãs baseiam seus programas na Inglaterra.”
(Porter, 1993. Pg. 800)

L) Causas Históricas

Houve um grande aprendizado em função da Depressão dos Anos 30. Os instrumentos criados após a
Segunda Guerra Mundial tiveram em conta a correção de alguns dos erros cometidos pelos dirigentes
nacionais durante a Depressão, e que apenas a aceleraram. Notadamente, houve a preocupação em
criar mecanismos de proteção ao comércio internacional, ao lado de bancos internacionais de
fomento ao desenvolvimento.

Nas palavras do secretário do Tesouro, Henry Morgenthau: “Todos nós presenciamos a grande
tragédia econômica da nossa época. Vimos a depressão mundial dos anos 30. Vimos distúrbios
monetários crescerem espalhando-se de país para país, destruindo as bases para os investimentos
internacionais, para o comércio internacional e, até mesmo, para a confiança internacional. Em seu
rastro, vimos o desemprego e a miséria (...) Vimos suas vítimas sucumbirem (...) aos demagogos e aos
ditadores. Vimos como a incompreensão e a amargura se tornaram as raízes do fascismo e,
finalmente, da guerra.” (Kapstein, 1996)

Foi criado o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) para expandir e liberalizar o comércio entre
países-membros. Diversas salvaguardas foram criadas para proteger os trabalhadores de práticas
comerciais injustas e para prestar auxílio aos desempregados. O GATT colaborou para o forte
crescimento que vem sendo observado no comércio internacional. Criou-se o FMI (Fundo Monetário
Internacional) como provedor de empréstimos de última instância no caso de emergências de
balanços de pagamentos. Finalmente, o BIRD e o Banco Mundial foram constituídos, tendo tido
importante papel em termos de investimentos para países em desenvolvimento.

Além desses mecanismos internacionais, a ordem mundial assistiu a outros fatos significativos. Um
exemplo é o socorro rápido que os EUA concederam ao México, após a dura crise de 1994. Mais
significativo é o fato, na medida em que se constituiu no quarto socorro em menos de vinte anos.
Pode-se falar dos possíveis males causados pela globalização, mas estamos aqui diante de um
legítimo benefício trazido para um país que está ainda longe de poder ser chamado de globalizado,
na medida em que o México ainda apresenta mecanismos políticos extremamente atrasados –o que
pôde ser verificado pela própria sucessão dessas recentes crises.

M) Criação de Mini Mercados Globais: Nafta, Comunidade Européia, Mercosul

Em que pesem as barreiras nacionalistas, a Comunidade Européia permitiu às grandes corporações


uma atuação em um mercado a grosso modo do tamanho do mercado norte-americano. Isso
permitiu o crescimento dessas empresas por toda a Europa. Diversas marcas ganharam penetração
em todo o Velho Continente. Grandes companhias começaram a conviver com executivos
provenientes dos principais países europeus aprendendo com essa convivência de diversas culturas
e pontos de vista. Isso constituiu um grande laboratório para um mercado globalizado. De certa
forma, inclusive, podese dizer que o atual panorama não constitui para algumas dessas companhias
nada de novo: apenas um aprofundamento de algo que já vinham praticando desde os anos 50.

N) Surgimento de diversas oportunidades de investimento causadas por programas de privatização


em andamento em inúmeros países

Esses programas de privatização vieram a atrair empresas de reconhecido alcance global, que, dessa
forma, passam a estar presentes em mais um mercado. Em muitos casos, o ingresso em um novo
país,
ainda mais no caso de uma privatização, requer associações com parceiros locais, já familiarizados
com as autoridades, a legislação, e os hábitos de um certo mercado. Desse modo, além de a
privatização acelerar a entrada de investimentos externos, termina também propiciando maior
volume de novos empreendimentos, frutos de diversos tipos de associações.

Capítulo 4 - Alguns exemplos recentes de companhias que obtiveram bons resultados com base na
globalização

 Benetton: investiu no exterior, expondo-se à mais forte concorrência e aos mais exigentes
consumidores: “Sempre consideramos fundamental, desde 1969, a expansão de nossas atividades
fora da Itália. Abrimos nossa primeira loja em Paris em 1969, e isso foi um grande desafio para nós.
Não era fácil penetrar no mercado francês. Eu me senti como um escolar passando por um exame
difícil quando decidi levar a moda italiana para Paris. Começamos tentando satisfazer o consumidor
parisiense, que é realmente muito exigente, lembra Luciano Benetton acrescentando que, quando a
Benetton teve êxito em Paris, compreendeu que podíamos ter êxito em qualquer lugar.” (Porter,
1993. Pg. 680)  O consultor de empresas Kenichi Ohmae, especialista no mercado japonês, relata:
(Além das Fronteiras Nacionais. Pg. 95) “A Fujitec, fabricante de elevadores, é menor do que
qualquer de seus principais concorrentes no Japão –Mitsubishi, Hitachi, Toshiba e Toyo Otis. Isso não
a impediu de conquistar muitos clientes no EUA e toda a Ásia. O resultado de sua expansão
internacional é que a Fujitec transferiu sua sede de Tóquio para New York em 1980.”  A Ford
investiu no seu modelo Mondeo um total de US$ 6 bilhões. O veículo pode ser considerado um
produto mundial. O valor dos investimentos pode parecer excessivo, mas incluiu dois novos motores
e câmbios, um novo automóvel, e fábricas modernizadas na Europa e EUA. O produto teve rápida
aceitação, tanto a nível de crítica quanto de consumidor. A Ford preocupou-se em utilizar nesse
veículo o melhor know-how de suas instalações em todo o mundo: procurou integrar globalmente
suas operações. A montagem do produto começou sendo feita na Bélgica e nos EUA, valendo-se de
componentes provenientes de suas fábricas de diversos países, bem como de fornecedores de todo o
mundo.  O MX-5 da Mazda foi projetado na Califórnia, financiado com recursos captados em Tóquio
e New York, seu protótipo foi construído na Inglaterra, sua montagem é feita em Michigan e no
México utilizando componentes desenhados em New Jersey e fabricados no Japão.  A associação
que possibilitou o largo emprego do aspartame como adoçante pode ser vista como uma aliança
global desde seu início: a Searle patenteara o aspartame para o uso como adoçante. Criou a
Nutrasweet para atuar nessa área. Não dominava totalmente as técnicas de produção do produto em
larga escala. Associou-se à Ajinomoto, companhia de alimentos japonesa, líder mundial na pesquisa e
produção de aminoácidos. “A Ajinomoto demonstrou ser uma sócia formidável. Ela estava capacitada
a oferecer à Searle o primeiro processo de fabricação completo para o aspartame, que mais tarde
recebeu o nome de processo-Z. A Searle podia dispor da patente de uso do aspartame como
adoçante, mas a Ajinomoto dispunha da tecnologia do processo na escala necessária para produzi-lo.
Esta é a base óbvia de uma joint-venture. O acordo básico eventualmente negociado tinha grandes
implicações a longo prazo. Em troca do acesso à tecnologia do processo, a Searle pagaria royalties à
Ajinomoto e cada uma participaria da pesquisa da outra envolvendo o Processo-Z. A companhia
japonesa teria uma licença de exclusividade para o Japão. Elas concordaram com uma
comercialização conjunta do aspartame na Europa e em alguns países no norte da África. A
Nutrasweet ficaria com os EUA e o Canadá. O resto do mundo seria uma zona de livre comércio onde
ambas competiriam.” (Mc Cann, Joseph. Doce Sucesso. Pg. 33)  A Caloi passou a produzir apenas
ítens nos quais tem competitividade mundial. O restante começou a ser trazido dos melhores
fornecedores existentes. Passou a encarar-se como uma montadora. Ficou mais ágil. Tem maior
rapidez no lançamento de novos produtos. Tem menores
custos. A partir da abertura da economia ao mercado exterior, a Caloi mudou sua própria visão do
negócio. A ênfase deixou de estar na área industrial, passou para a busca de parceiros confiáveis e de
custos competitivos a nível global. A abertura do mercado, longe de constituir uma ameaça à Caloi,
auxiliou-a a competir globalmente, e a crescer junto com o forte crescimento ocorrido no mercado
interno. Com a queda das alíquotas das peças, de 80% para 20%, aumentou inclusive a fatia de
mercado dos pequenos montadores. Monark e Caloi detinham 98% até 1990. Em 1994, as
importadoras e pequenas fábricas tomaram um terço do mercado. No entanto, no mesmo período, o
mercado saltou de 2,3 milhões de bicicletas anuais para 4,5 milhões. Apenas a Caloi produziu 1,9
milhões de bicicletas em 1994, com receitas de US$ 300 milhões. “Estamos nos preparando há cinco
anos para um mercado mais competitivo, com economia aberta”, diz Bruno Caloi Júnior, diretor
industrial. A Caloi exporta 6% de sua produção: foram 100 mil bicicletas em 1994. Aos EUA foram 20
mil. Inclusive, ainda há muito potencial: no Brasil há 20 bicicletas por 100 habitantes. Na Holanda há
77, na Itália há 61, nos EUA há 45. (Gazeta Mercantil. 1/2/1995)  A Warner-Lambert associou-se à K.
Hattori, que distribui os relógios Seiko. Apesar da Gillette ser a líder mundial, no Japão, as lâminas
Schick feitas pela Warner-Lambert possuem 70% do mercado. (Kotler; Fahey; Jatusripitak. Pg. 128) A
fatia da Gillette no Japão é de apenas 10%. Sua estratégia foi escolher 150 distribuidores nesse
mercado; a fragmentação impediu que se fizesse uma imagem coerente com os varejistas. (Peters.
Prosperando no Caos. Pg. 128)  A Boeing envolveu oito empresas aéreas no projeto do 777. Apenas
a British Airways conseguiu mais de 200 mudanças.  A Embraer associou-se a quatro fornecedores
de componentes para aviação, no projeto do bemsucedido EMB-145. São eles: a espanhola Gamesa
(asas e coberturas dos motores), a chilena Enaer (leme, empenagem e estabilizador), a belga Sonaca
(parte da fuselagem e portas) e a norteamericana C&D Interiors (interior da cabine).  Em 1987,
fundem-se duas centenárias companhias européias: a sueca Asea e a suíça Brown Boveri. A
companhia resultante, Asea Brown Boveri, fica sediada na Suíça, e dirigida por Percy Barnevik,
anteriormente presidente da Asea. Além de um imenso trabalho de racionalização das unidades
operacionais, a ABB adquiriu posições majoritárias ou minoritárias em 60 companhias em todo o
mundo, com investimentos de US$ 3,6 bilhões inclusive duas grandes aquisições nos EUA: as
operações de transmissão e distribuição de eletricidade da Westinghouse com 25 fábricas, e a
compra da Combustion Engineering por US$ 1,6 bilhões. Essa racionalização implicou em manter a
produção de componentes nas unidades com as melhores vantagens, eliminando-se duplicidades: o
processo permitiu redução de custos com a especialização, ao lado do apoio da rede comercial global
da ABB, para a colocação dos produtos. Em 1990, a companhia contava 240.000 empregados,
gerando receitas globais de US$ 25 bilhões, através de 1.200 companhias espalhadas por todo o
mundo, com 200 empregados em média por companhia. Barnevik (The Logic of Global Business,
1991) define a ABB como uma federação de companhias nacionais, com uma coordenação central na
Suíça, feita por apenas cem profissionais. A língua adotada nos encontros de dirigentes da companhia
é o inglês, sendo o dólar a moeda usada nas demonstrações financeiras publicadas. Barnevik aponta
um exemplo de atuação global: a Índia necessita locomotivas, com o máximo de conteúdo local, e
precisa também de crédito para a compra dos equipamentos. A Alemanha e a Itália são os países com
a melhor oferta de crédito para os equipamentos que exportam, portanto, a ABB conta com suas
companhias italianas e alemãs para enviar componentes à Índia, e realizar a montagem final. Com
toda essa engenharia, é possível obter o menor custo, e fazer frente à concorrência que também
age globalmente.

Capítulo 5 - Companhias Nacionais Buscando Estabelecer Unidades no Exterior

A) Indústrias

 Freios Varga tem fábrica na Argentina e nos EUA.  Tintas Coral adquiriu uma fábrica na Argentina e
outra no Uruguai. Tintas Renner adquiriu fábricas no Uruguai, Argentina, e Chile.  Embraco tem
fábricas na China e na Itália.  Brahma tem fábricas na Argentina e Venezuela. Através de um acordo
com a norte-americana Miller, passou a produzir no Brasil produtos com essa marca, ao mesmo
tempo que uma unidade da Miller produz com a marca Brahma nos EUA, para venda no pico do
consumo de verão no Brasil.  Aracruz Celulose conta com depósitos na Europa e EUA, de modo a
suprir mais adequadamente seus clientes desses mercados dado que 90% de suas receitas vêm de
exportações.  White Martins adquiriu fábricas na Argentina, Colômbia, Paraguai e Uruguai. Através
da aquisição da Liquid Carbonic, ampliou sua presença em alguns desses mercados, e ingressou nos
demais países da América do Sul.  Iochpe Maxion construiu uma fábrica de motores na Argentina
para equipar os automóveis da Rover, e adquiriu uma fábrica de longarinas nos Estados Unidos. 
Duratex tem uma sociedade na Argentina com a Piazza Hermanos para produzir louças sanitárias. 
Cofap chegou a ter fábricas nos Estados Unidos e na Argentina. Ao ser adquirida, teve que se desfazer
da fábrica norte-americana, por exigência do organismo regulador daquele país.  Staroup iniciou
fábricas na Rússia e em Portugal, vindo ela mesma a ser adquirida pelo seu associado no
empreendimento de Portugal.  Ceval, Sadia e Arisco produzem alimentos na Argentina.  Água de
Cheiro, Natura e O Boticário estão iniciando operações internacionais há alguns anos. A primeira
buscou a Arábia Saudita, enquanto que as outras duas buscaram o mercado latinoamericano e os
países ibéricos.

B) Prestadores de serviços

 O Banco Real tem uma extensa rede de agências no exterior, tendo sido o banco brasileiro pioneiro
na busca desse tipo de expansão.  A TAM adquiriu a companhia estatal de aviação do Paraguai. A
Varig e a Vasp adquiriram posições minoritárias em companhias aéreas de países da América Latina
recém-privatizadas.  O Banco Itaú tem uma rede de agências na Argentina, além de adquirir em
1998 o Buen Ayre.  A Sul-América vendeu suas empresas na Argentina, após alguns anos de
resultados negativos.  A Amil já iniciou operações na Argentina, bem como nos Estados Unidos.  As
construtoras Odebrecht, Mendes Júnior e Camargo Corrêa possuem ampla experiência em termos de
realização de obras no exterior. A Odebrecht inclusive adquiriu uma construtora em Portugal, e
apresentou grande crescimento em suas atividades nos EUA.  A Tenenge possui instalações para
produção de equipamentos off-shore na Inglaterra e em Portugal.

Capítulo 6- Surgimento de Problemas Globais

Nem tudo são rosas: atuar globalmente pode trazer problemas globais. Alguns são novos, outros são
velhos conhecidos das grandes companhias.
A) Nacionalismo

 Em 1993, um projeto de vários anos, envolvendo a fusão entre a sueca Volvo e a francesa Renault,
fracassou. O nacionalismo foi uma das causas do insucesso. A Renault é maior que a Volvo, portanto,
obviamente teria maior participação na empresa resultante da fusão. Sendo a Renault uma estatal
francesa, houve legítimos temores dos acionistas da Volvo no sentido de que seus interesses
poderiam passar a um segundo plano. O governo francês não se deu ao trabalho de procurar
esclarecer rapidamente essas dúvidas. Além disso, não foi claro em dizer ao público algo sobre as
datas da possível privatização da Renault, ou sobre o próprio processo de privatização. Como
resultado, a fusão foi cancelada, a partir do crescente descontentamento dos minoritários da Volvo.

B) Fatores Culturais

 Um exemplo pode ser o arroz no Japão: "A Rice Millers Assoc. (RMA) registrou em 1986 uma queixa
junto à U.S.Trade Representative (USTR). A reclamação era no sentido de que práticas, por parte dos
japoneses, no comércio de arroz, haviam causado aos americanos a perda de um mercado no valor
de US$ 1,7 bilhões. Cultivamos o arroz, no Japão, há de 20 séculos e sempre fomos autosuficientes e
diante disso perguntamos: por que devemos comprar arroz americano? Se a competitividade, por si
só, é justificativa suficiente para penetrar em novos mercados, por que não podemos vender mais
chips e automóveis? (...) Será difícil a RMA entender que arroz é uma questão de religião para os
japoneses (...) Mas é verdade que o Partido Democrata Liberal, do [ex-] primeiro ministro Nakasone,
poderia perder se abríssemos o mercado de arroz por completo. Os fazendeiros ainda representam
cerca de 25% dos votos, apesar de contarem com apenas 6% da população. Só mesmo os japoneses
agüentam disparates como esse de que os residentes de Tóquio, por exemplo, têm apenas uma
quarta parte do poder de voto dos habitantes rurais (...) A maioria dos japoneses acha que é falta de
educação os EUA ignorarem sua promessa tácita de nunca levanteram a questão do arroz entre os
dois países. Por que nós? Por que não pedir aos franceses para abrirem seus mercados para os vinhos
da Califórnia? Arroz não é vinho, dizem os americanos. É apenas um carboidrato, igualzinho ao trigo
ou ao milho." (Ohmae, 1989. Pg. 52-3) Mais difícil fica entender os japoneses, sabendo que o subsídio
estatal foi cortado na produção do carvão, gerando desemprego a 400 mil mineiros, segundo o
mesmo autor. Em 1994, diante de uma inédita falta de arroz, houve importação, e a imprensa
mostrava a população procurar o produto japonês, garantindo ser melhor que o importado.  A
franquia da Água de Cheiro na Arábia Saudita irá ter apenas elementos masculinos trabalhando nas
lojas. (Gazeta Mercantil. 15/6/1994)

C) Fatores Lingüísticos
 Uma preocupação é facilidade da pronúncia das marcas no maior número possível de países, bem
com a possibilidade de transmitirem ou não algo ao consumidor. Assim, Longueur et Pointes no Brasil
foi lançado com sucesso pela L'Oreal como Cabelo e Pontas. Marcas bem sucedidas no exterior como
Mountain Dew e Feel Free não emplacaram no Brasil. (Whitaker Penteado. Marketing no Brasil não é
fácil. Pg. 28-29) O sucesso de marcas como Coca-Cola, Ford, Shell, Kodak, Xerox e Esso, contou com a
facilidade de sua pronúncia em diversos idiomas.

D) Características dos Consumidores

 A Sadia Trading Sur, de Buenos Aires, tem 70% do seu capital da Sadia e 30% da argentina Granja
Tres Arroyos. Após três anos no mercado, alcançou 1,5% do mercado de frios e embutidos. Para
adequar-se ao gosto e hábitos argentinos, a Sadia tem feito adaptações nos produtos e embalagens.
Por exemplo, são mais procuradas embalagens com 15 pedaços de frango, para atender uma família
típica, de 4 pessoas. Os argentinos consomem mais carne, e querem embalagens grandes para toda a
família. O mesmo raciocínio serve à Brahma. Passou a produzir garrafa de cerveja de um litro. O
argentino gosta de beber com a família e não no bar com garrafa de 630ml. (Gazeta Mercantil.
22/7/1994)  “No Japão é difícil encontrar um piano que não seja preto. Os pianos estavam presentes
nas escolas japonesas muito antes de chegarem aos lares e isto fixou a imagem do piano preto. Mas,
em outros
países, não é todo mundo que gosta de pianos pretos. Os americanos e europeus vêem o piano como
uma peça do seu mobiliário e, conseqüentemente, querem que seja de mogno, de cerejeira, ou de
outra madeira que combine com a decoração de suas casas (...) O que vale para pianos também se
aplica a equipamentos de som.” (Ohmae, 1989. Pg. 98)  Ao ingressar no Japão, a Wella criou uma
fórmula que se revelou acertada para o cabelo dos japoneses, e de qualidade superior à dos
concorrentes. A tecnologia resultante desse esforço de P&D passou a ser aplicada em produtos para
outros povos asiáticos e para os negros americanos cujos cabelos apresentam características
semelhantes ao do japonês. (Ohmae, 1989. Pg. 33)

E) Aumento da Instabilidade devido à interligação dos mercados financeiros

A interligação dos mercados financeiros apresenta desvantagens ao lado das evidentes vantagens. A
rapidez das comunicações transforma o nervosismo do mercado em uma bomba potencial,
multiplicando o efeito de problemas reais ou potenciais. Em outras palavras, pode criar
antecipadamente os problemas que o mercado espera. É o efeito tipo "previsão auto-confirmável".

Segundo Adler (1994), a última crise do México foi devida a três fatores: falhas nos mercados
externos; um crescimento no risco político do país; e um declínio da credibilidade nas autoridades. O
último fator não se refere ao que faziam as autoridades, mas diz respeito à impossibilidade vista pelo
mercado de atingir suas metas propostas. A imensa fuga de capitais verificada foi mais alarmante na
medida em que ocorreu sem mudanças nas perspectivas econômicas do país. Adler diz, que pelo
contrário, o México vivia um bom momento de crescimento:  Redução do déficit público.  Redução
das taxas de juros internacionais, beneficiando amplamente o país.  Ingresso maciço de novos
investimentos, devido à assinatura do Nafta, em novembro de 1993.

O nervosismo começou em fevereiro de 1994, devido a três fatores principais, novamente segundo
Adler, sendo os dois primeiros fora do controle das autoridades do país, e o terceiro possivelmente
contornável pelas autoridades caso percebessem e corrigissem o rumo a tempo:  Imperfeições no
mercado norte-americano de capitais. Para obter liquidez, administradores de fundos venderam
ativos, em especial os títulos do governo do México, recentemente lançados para lastrear a maciça
injeção de dólares na economia local.  Eventos políticos: a rebelião de Chiappas, a candidatura de
Manuel Camacho, o sequestro de Alfredo Harp (do Banamex), o assassinato do candidato
presidencial Donaldo Colosio, e a possibilidade de o PRI não apoiar o candidato Ernesto Zedillo. 
Uma depreciação da moeda local, o peso, em cerca de 8,2%, em relação ao dólar, prejudicou muitos
investidores. Esse evento minou a credibilidade das autoridades do país.

Capítulo 7 - Alguns Dados sobre o Mito do Poder da Globalização

Lawrence afirma que a globalização cresceu em uma época de fraco desempenho interno (das
economias desenvolvidas), mas que não seria uma causa desse fraco desempenho, apenas uma
testemunha inocente. Sua afirmação contradiz a de Kapstein, que afirma ser a globalização uma forte
causa dos persistentes problemas das economias mais desenvolvidas: baixos índices de crescimento,
aumento constante e dramático nos índices de desemprego, surgimento de perigosos desníveis
sociais –potencialmente causadores de colapsos idênticos aos que conduziram à Segunda Guerra
Mundial. O problema das afirmações de Kapstein, no entanto, é não aduzir quaisquer dados ou
provas para a tese de que a globalização possa ter vindo a causar esses problemas. Sua acusação,
portanto, se torna um problema de confiar em sua afirmação apriorística.

A ciência econômica apresenta inúmeras dificuldades em termos de apontar causas ou soluções a


problemas. É uma ciência que lida com o ser humano, e seu comportamento em relação a poupar,
gastar, investir... em última instância, confiar. É, no mínimo, ingrata a tarefa da economia.

Donahue sugere que o livre comércio e a abertura comercial não têm absolutamente nenhum
sentido, a não ser que se levem em conta os mercados de trabalho, as taxas cambiais, os
regulamentos governamentais e os fluxos de capitais. Em outras palavras, apenas uma abertura mal
planejada ou mal estruturada poderia vir a ser acusada de contribuir a possíveis problemas
econômicos nos países que a praticam. Temos à nossa vista o exemplo recente da criação do
Mercosul. Foram anos de diplomacia. Diversos setores econômicos foram ouvidos. Diversos setores
dos quatro países-membros tiveram especial consideração, em termos taxas de proteção durante um
prazo razoável de ajuste. O Mercosul passou a decolar após contar com uma relativa paz em termos
de inflação reduzida, tranqüilidade política, certo grau de abertura democrática, e crescimento
econômico facilitado pelo rápido incremento dos investimentos estrangeiros.

Eventuais problemas que existam na economia norte-americana dificilmente podem ser devidos à
globalização. Os seguintes dados são significativos (Lawrence, 1996):

88% dos produtos e serviços adquiridos pelos americanos são produzidos por eles próprios. 82% dos
americanos estão empregados em setores como governo, construção, organizações sem fins
lucrativos, serviços, concessionárias de serviços públicos, e comércio atacadista e varejista. Nesses
setores, o comércio internacional praticamente não exerce influência. Em 1994, as importações não-
petrolíferas procedentes de países em desenvolvimento, somaram apenas 3% do PIB, enquanto que
as exportações significaram apenas 2,5%. Esse dado é pertinente, pois os críticos da globalização
afirmam que o crescimento dos EUA se deve às importações de manufaturados de países em
desenvolvimento, que usam mão-de-obra barata. Os empregos nas subsidiárias estrangeiras de
companhias americanas nos países em desenvolvimento representam menos de 5% do total dos
empregos industriais nos EUA. A estagnação salarial ocorre em diversos setores não expostos à
concorrência internacional, mas que têm apresentado baixo crescimento de produtividade.

Quanto à Europa, Lawrence aponta que os mercados de trabalho excessivamente protegidos e


regulamentados, ao lado de uma economia fortemente controlada pelo Estado, são as principais
causas que têm inibido o crescimento econômico. No mesmo sentido, Krugman mostra que as
dificuldades atuais da Europa não são novas: o desemprego na França não pára de crescer desde os
anos 70. Seria injusto atribuí-lo à globalização.

Ainda em relação à Europa, Barnes afirma que na Escandinávia a renda ao longo de toda a vida de um
jovem que interrompe seus estudos aos 16 anos e começa a trabalhar como caixa de um
supermercado será igual à renda que um engenheiro terá. Conclui que a moderna economia sueca foi
construída por seus engenheiros, mas que hoje o país apresenta menos engenheiros per capita do
que a Coréia do Sul, e que a economia sueca está em acelerado declínio. Barnes conclui que pode
parecer uma afirmação fora de moda, ainda que corajosa: afinal de contas, as diferenças de renda
talvez tenham um papel no desenvolvimento econômico, e o excessivo paternalismo dos Estados
europeus pode ter atuado contra o crescimento ao super-proteger os aparentemente mais fracos.

Forbes sugere que os generosos sistemas previdenciários da Europa e dos EUA talvez estejam
minando as próprias qualidades que permitem às pessoas progredir.
Finalmente, Lawrence aponta que a crise atual do Japão se deve à conjugação de excessivos gastos
governamentais feitos na época áurea, com a infernal regulação da economia interna que impede a
concorrência entre as próprias firmas japonesas, sem dar ocasião ainda a problemas causados pela
globalização.

Para ilustrar o labirinto regulatório japonês, um empresário literalmente se expôs ao risco de ser
preso ao levar gratuitamente centenas de mulheres a Paris, com a contrapartida de que elas
comprassem a quota de perfumes a que têm direito como turistas. Isso foi levado a público, a nível
mundial, como sinal da impossibilidade de importação de perfumes, em um país que acumula
superávits imensos em dólar, e que dispõe de reservas nessa moeda na casa dos US$ 200 bilhões.

Capítulo 8 - O que a Globalização não eliminará

Um mercado global não implica em nivelamento das capacitações. Cada país continua existindo, com
sua própria cultura, seus pontos fortes e fracos, suas vantagens e desvantagens comparativas. Enfim,
é fácil perceber que com ou sem globalização, dificilmente o Japão seria um exportador de
matériasprimas, pelo simples motivo de não as possuir.

Porter (1993) aponta que os norte-americanos têm grande interesse pelo entretenimento, sendo
fortes, portanto, em esportes, e na indústria cinematográfica. Os italianos se destacam pela
sofisticação em design, nas roupas, comidas e gosto pelos carros velozes, sendo igualmente bem
sucedidos nessas áreas. Apenas com design, Porter estima em US$ 10 bilhões anuais as exportações
italianas. Os ingleses possuem uma secular tradição de jardinagem, possuindo, por conseguinte,
empresas mundialmente famosas em ferramentas para esse hobby. Em outro capítulo, o autor conta
que a inovação da suíça Cerberus em detectores de fumaça por ionização se deve à centenária busca
de segurança por parte dos suíços. Dificilmente esse produto poderia ter sido concebido e ter
chegado ao mercado, caso seus criadores estivessem em outro país, pois sua popularização contou
com o apoio das autoridades e das companhias de seguros.

A globalização não implicará em equalização, nem em eliminação das diferenças regionais. Não é
absurdo pensar que o vinho francês continuará com seu prestígio ao longo dos próximos séculos. Tal
prestígio não é gratuito: trata-se de um produto que reúne excepcionais condições, além de receber
a dedicação de milhares de pessoas, e de gozar da preferência de milhões de consumidores.

Finalmente, o sucesso em um determinado segmento industrial requer a proximidade do fabricante


com os mais exigentes consumidores, sua concorrência aberta frente aos mais experientes
produtores do setor, e um intenso intercâmbio com as universidades que desenvolvam pesquisas na
área. Novamente é Porter a apresentar que a única companhia não norte-americana a possuir algum
grau de sucesso em equipamentos de monitoração de pacientes foi a alemã Siemens, e que tal
desempenho apenas foi possível pelo fato de ter baseado essa sua divisão nos EUA, que foram a base
de quase todas as inovações dessa indústria, pressionadas pelos compradores sofisticados, indústrias
fornecedoras de classe mundial, rivalidade interna, e pesados investimentos em pessoal
especializado. Em outras palavras, a globalização não permitirá senão que os equipamentos
produzidos por essas indústrias venham a ser comercializados em todo o mundo. Mas, as razões que
baseiam a liderança de um determinado local, irão manter essa mesma liderança, ainda
provavelmente por muito tempo.

CONCLUSÕES

A globalização é um processo irreversível, com diversas vantagens e desvantagens associadas. Não é


um fenômeno recente: suas raízes começaram a ser firmemente criadas há mais de um século, e
puderam florescer nas últimas décadas, em função da conjugação de diversos fatores –conforme
apresentados acima. Como um longo processo de mudança, a globalização foi se estendendo de
modo gradual em diversos setores da economia, e nos principais países e companhias. Assim, a
globalização não é uma novidade recente, ou uma nova “receita de bolo”. A globalização é, portanto,
uma constatação da realidade, mais do que uma poção mágica para a resolução de todos os
problemas.

Nenhum processo é perfeito: a globalização não é uma exceção. Possíveis problemas que traz consigo
são difíceis de uma identificação clara em termos de causa e efeito, na medida em que esses mesmos
efeitos podem ser atribuídos não apenas à globalização, mas –principalmente– à mudança
tecnológica. De qualquer forma, é irrelevante a busca de culpados para os problemas. A vida
econômica e social não é um tribunal. É mais importante que se proceda ao aproveitamento das
potencialidades trazidas pelo fenômeno.

Bibliografia

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