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Regionalização do espaço mundial

Antes de começar a regionalizar o mundo, vamos recordar o significado de região que é um


importante conceito geográfico. Compreendemos a regionalização como o agrupamento de
elementos semelhantes do espaço geográfico a partir de critérios, é como dividir o espaço em
partes que abrigam elementos iguais ou semelhantes, e ao dividir o espaço em partes
formamos as regiões.

Existem diferentes possibilidades de regionalizar o mundo, podemos estabelecer critérios e


dividir o nosso planeta de acordo com os interesses ou as necessidades de análise do agente
regionalizador é possível estabelecer critérios físicos, sociais, econômicos, políticos, entre
outros. Observe a seguir algumas regionalizações do espaço geográfico.

Continentes

As massas continentais são as terras que não estão cobertas pelas águas dos oceanos e são
onde a maioria dos seres humanos estabelecem as suas moradias. Atualmente o planeta Terra
está dividido em seis continentes, levando em consideração critérios de localização geográfica
e histórico- cultural. Veja:

Figura I: Continentes. Fonte: Encyclopædia Britannica, Inc. Disponível em:


<https://cdn.britannica.com/27/145627-073-F6D53204.gif>. Acesso em 06 de Maio de 2021.

Na Figura I observamos os seis continentes: América, Europa, África, Ásia, Oceania e Antártida
que também pode ser chamada de Antártica. Destacamos que a Europa e Ásia estão
conectadas formando uma única massa de terras, é como se a Europa fosse uma península
asiática, essa massa continental é conhecida como Eurásia que é ligada à África por uma
estreita faixa de terra.

Por isso, essa proposta de regionalização também considera aspectos históricos e culturais.
Europa, Ásia e África apresentam povos, língua, costumes e tradições bem diferentes, sendo
assim a Europa é considerada um continente. Há quem diga que essa separação também é
política, dado a influência da Europa que durante muitos anos abrigou países que dominaram
a economia e a política mundial extrapolando seus interesses para além das suas fronteiras.

Os continentes também podem ser regionalizados de acordo com a visão que os europeus
tinham do mundo ao longo da história. Essa proposta é eurocêntrica, pois privilegia a Europa
e desconsidera a história dos povos antes do contato com os europeus, os continentes são
classificados de acordo com sua integração ao “mundo” europeu e são divididos em Velho
Mundo (Europa, Ásia e África), Novo Mundo (América) e Novíssimo Mundo (Oceania e
Antártida).

Hemisférios

A Linha do Equador e o Meridiano de Greenwich (GMT) divide a Terra em hemisférios (metade


de uma esfera), as linhas imaginárias traçadas na horizontal são as latitudes que tem seu ponto
de partida na Linha do Equador (0°), já as linhas verticais são as longitudes e tem Greenwich
(0°) como principal meridiano. Veja a Figura II:

Figura II: Hemisférios. Disponível em:


<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:World_map_Winkel_Tripel_proj-
0deg_centered.svg>. Acesso em: 06 de Maio de 2021. (Adaptado)

Como exposto na Figura II, o mundo está dividido em quatro hemisférios a Linha do Equador
divide a Terra em dois hemisférios: Norte e Sul, o hemisfério Norte também é conhecido por
Setentrional ou Boreal e o Sul por Austral ou Meridional. O Meridiano de Greenwich divide a
Terra em mais dois hemisférios: Leste (Oriental) e Oeste (Ocidental).

Há quem compreenda o mundo em ocidental e oriental considerando aspectos históricos e


culturais, determinando como ocidentais os países desenvolvidos com forte presença do
cristianismo e orientais países asiáticos (com exclusão ao Japão) e demais nações que
apresentem características culturais diferentes dos europeus e dos Estados Unidos.

Socioeconômico

Uma das possibilidades de regionalização que consideram os aspectos socioeconômicos é a


divisão dos países do globo em países do Norte e do Sul. Essa proposta surgiu após a Segunda
Guerra Mundial (1939 – 1945), mas se popularizou depois da Guerra Fria (1939 – 1989), no
período da Nova Ordem Mundial, algumas alterações nesse intervalo foram propostas para
reduzir as distorções na classificação dos países. Observe a Figura III, que apresenta a
regionalização do mundo durante a Guerra Fria:
Figura III: Regionalização no período da Guerra Fria. Fonte: ADAS, M; ADAS, S. Expedições
Geográficas: 8° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. p.31.

Durante o período da Guerra Fria o mundo estava regionalizado em Primeiro Mundo (Países
capitalistas desenvolvidos), Segundo Mundo (Países socialistas), Terceiro Mundo (Países
capitalistas subdesenvolvidos). Essa divisão considera o contexto político da época, onde os
Estados Unidos e a União Soviética travavam uma guerra política e ideológica. Após o conflito
e a dissolução da União Soviética tal regionalização perde o sentido, mesmo assim não é
incomum ouvir a expressão país de terceiro mundo para se referir a uma nação com
fragilidade econômica.

Figura IV: Países do Norte e do Sul. Fonte: ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 8° ano.
3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. p. 32.
A localização geográfica, como podemos observar na Figura II, não é levada em consideração
na Figura IV. Os países não estão divididos em Norte e Sul pela Linha do Equador, estão
classificados de acordo com seus indicadores sociais e econômicos.

Os Países do Norte também são conhecidos como Desenvolvidos e apresentam economia


forte, altos índices de desenvolvimento tecnológico e bons indicadores de qualidade de vida.
Ressaltamos que acesso à saúde, saneamento básico, longevidade, educação (baixos índices
de analfabetismo) e soberania alimentar indicam qualidade de vida da população.

Os Países do Sul apresentam acentuados problemas sociais, industrialização tardia,


dependência tecnológica dos desenvolvidos e muita das vezes economia ligada ao setor
primário. Devido a heterogeneidade desse grupo, alguns países foram classificados como
Emergentes pois apresentam bons indicadores econômicos e indicadores sociais com índices
questionáveis.

Visão Eurocêntrica

A Europa foi durante muitos anos uma região de forte influência sobre as demais nações, seu
poderio econômico e militar a colocou em condição favorável para tanto. Por isso, algumas
regionalizações que ainda utilizamos atualmente são eurocêntricas ao colocar a Europa em
posição de destaque e utilizá- la como referência para estabelecer outras regiões.

A divisão do mundo em dois hemisférios como observamos na Figura II, considera a Inglaterra
como ponto de partida para estabelecer o meridiano 0°, em Greenwich, cidade próxima a
Londres, qualquer outra longitude poderia ser escolhida, mas não ao acaso essa localidade
ficou em território europeu e inglês.

Em 1884 foi realizada a Conferência Internacional do Meridiano, em Washington, capital dos


Estados Unidos, a escolha demonstra o poderio da Inglaterra, que naquele período era a maior
potência econômica do globo, e o poder de influência da Europa em cenário mundial, já que
até os mapas, como o da Figura I, trazem esse continente no centro da representação.

A divisão do mundo em Oriente e Ocidente deveria apenas apontar em qual lado do horizonte
o sol nasce (oriente) e se põem (ocidente), durante o período das grandes navegações, a
Europa utilizou essa possibilidade de regionalização para determinar Oriente Próximo, Oriente
Médio e Extremo Oriente. Atualmente ainda classificamos a região da Península Arábica como
Oriente Médio, mesmo que ela não esteja na direção oriental do Japão, Austrália e de outros
países, reforçando a Europa como centro do mundo ou referência para localização geográfica
na Terra.

Atividade

Questão 1 – Procure na internet mapas ou gráficos que apresentem outras possibilidades de


regionalização socioeconômica do espaço mundial.

Questão 2 – Responda as questões abaixo e registre as respostas no seu caderno.

a) De acordo com a Figura II o Brasil está presente em quantos hemisférios?


b) Em qual grupo o Brasil se enquadra na regionalização proposta na Figura IV? Justifique a sua
resposta.

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