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ENCCEJA

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Exasiu EXTENSIVO

Exasiu
Aula 02 – Idade Média I
Civilização Islâmica, Império Bizantino e África Medieval

Profe Alê Lopes

AULA 02

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AULA 00: ANTIGUIDADE
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Sumário

1. Introdução aos estudos de Idade Média .................................................................. 4


Terminologia ................................................................................................................................................................ 4
Periodização................................................................................................................................................................. 6
Povos da Idade Média.................................................................................................................................................. 8

2. Império Bizantino ..................................................................................................... 9


2.1 - Economia, Política e Sociedade no mundo Bizantino.................................................................. 12
2.2 - Arte, Cultura e Religião no Império ............................................................................................. 17
2.3 - Política e Religião: as divergências religiosas entre Constantinopla e Roma .............................. 17
2.4 - Desagregação do Império Bizantino ............................................................................................ 22
3. Mundo Islâmico ..................................................................................................... 23
3.1 - Os Governos dos Califas (sec. VIII até XIII)................................................................................... 27
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3.2 – Cultura e arte Islâmica ................................................................................................................ 32


4. África na Idade Média ............................................................................................ 35
4.1 - Antecedentes: A África na Antiguidade ....................................................................................... 35
4.2 - A África na Idade Média............................................................................................................... 38
Gana ........................................................................................................................................................................... 42
Mali ............................................................................................................................................................................ 42
Songai......................................................................................................................................................................... 42

4. Questão Essencial – ENCCEJA ................................................................................ 45


5. Questões para Aprofundamento............................................................................ 46
6. Questões para Consolidação .................................................................................. 51
7. Gabarito ................................................................................................................. 77
8. Questão Essencial - ENCCEJA (comentários).......................................................... 78
9. Questões para Aprofundamento (comentários)..................................................... 79
10. Questões para Consolidação (comentários) ......................................................... 92
Considerações Finais das Aula ................................................................................. 148

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Queridas e Queridos Alunos,


Agora, começaremos a estudar a Idade Média. Um Período que se estende do
século V até o XV. Por isso, dividiremos nossa atenção aos temas desse período em duas
aulas.

 Nesta aula, veremos as civilizações da Idade Média, com destaque para o Império
Bizantino, a formação e a expansão do mundo Islâmico e a África. Temporalmente,
trata-se de experiências desenvolvidas no que chamamos de Alta Idade Média. Esse
é um assunto com média incidência nas provas. Por isso, vamos estudar de maneira
focada e objetiva possível
 Na aula seguinte veremos a Europa Ocidental e a formação do mundo feudal, ok!

Temos novidades: A partir desta aula, vamos organizar sua Lista de Questões em
3 partes:

# Questões essenciais, elaboradas pela sua Banca (quando não constar é porque não foram
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localizadas);
# Questões para aprofundamento, feitas pela Profe Ale;
# Questões para consolidação, que já caíram em outros vestibulares.
Com essa Nova Organização, pretendemos orientar melhor o tempo e o objetivo na
execução de questões – etapa crucial da sua preparação!!

Você, que está disputando uma vaga, sabe que não pode perder nenhuma questão.
Por isso, toda questão de história é imperdível! Vou repetir isso até o final do nosso curso.
Tatua na sua mente!!! Então, não vale pular essa aula, hein

Quero lembrar-lhe, também, de fazer seu controle de temporalidade. Atente-se


para o período que começamos a estudar e em que momento terminaremos na aula de
hoje.

Se tiver dúvidas, vá ao Fórum de Dúvidas! Eu vou responder bem rapidinho. Ah, não
existe pergunta boba, ok? Vamos começar? Pegue seu café, chá água, bolacha, energia e
alegria e vem!!

V X

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1. INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DE IDADE MÉDIA


A partir desta aula, tomaremos contato com o estudo das experiências humanas no período
chamado de Idade Média. Aposto que muitas imagens surgem na sua memória: o camponês, a
igreja, os castelinhos cheios de muralhas. Pois bem, vamos arrumar e aprofundar isso, está bem!
Para começar precisamos saber:
1- Porque Idade Média? Terminologia!
2- Periodização da Idade Média.
3- Povos da Idade Média

Terminologia
Idade Média é uma terminologia criada por historiadores do século XVIII. Convencionou-se que
seria um período entre o ano de 476, com o fim do Império Romano do Ocidente, e 1453 com o
fim do Império Bizantino (ou, Império Romano do Oriente).

Agora, acompanha essa “viagem”: se considerarmos que o Império Bizantino é o Antigo


Império Romano do Oriente, a Idade Média compreende o tempo inteiro que se levou para
colocar um fim definitivo ao antigo Império Romano, ou seja, entre os séculos V e XV. Assim, o
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período a Idade Média é o tempo do “meio”.


Entre outros motivos, é por isso que o termo Idade Média teria sido um termo pejorativo
para fazer referência a um tempo na história entre dois momentos brilhantes: o esplendor Romano
e o esplendor do Renascimento (que, como você aprenderá comigo, significou uma retomada da
cultura greco-romana).

Mas, Alê, por que pejorativo? Não saquei!

Porque o meio é meio termo. Não é a excelência. Então, Idade Média, não é média só
porque estaria no meio. Essencialmente porque seria um tempo histórico no qual não houve
grande esplendor econômico e político. Sacou?
Além disso, a periodização parte de uma perspectiva eurocêntrica, já que toma
exclusivamente as experiências ocorridas no Continente Europeu, já que essa noção parte da
formação, consolidação e desagregação da ordem feudal e cristã.
Contudo, a Idade Média não pode ser resumida ao modo de vida dos povos na Europa,
como veremos nesta aula.

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(ENEM 2018)
Para responder à(s) questão(ões), considere o texto abaixo.
O que singulariza o pessimismo de Machado de Assis é a sua posição antagônica em relação
ao evolucionismo oitocentista, ao culto do progresso e da ciência. Frente às ingenuidades
do cientificismo, o sarcasmo de Brás Cubas reabre a interrogação metafísica, a perplexidade
radical ante a variedade do ser humano. Um artista como Machado levou mais a sério do que
os arautos do evolucionismo cientificista o golpe que Darwin tinha desfechado contra as
ilusões antropocêntricas da humanidade.
MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a Euclides.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 171-172.
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A visão da Alta Idade Média como “Idade das Trevas”, pela historiografia, trazia uma
percepção desse período como o avesso do progresso e da ciência. A denominação “Idade
das Trevas” foi associada a alguns eventos e características desse período, caso
a) da superexploração dos camponeses, da expansão desenfreada das cidades, da
mortandade ocorrida ao longo da Guerra Santa.
b) das perseguições aos hereges, da proliferação das ordens mendicantes armadas, da
destruição sistemática de castelos e abadias.
c) do declínio da cultura antiga, a destruição do Império Romano pelas invasões bárbaras, do
controle da difusão do conhecimento pela Igreja Católica.
d) da Guerra dos Cem Anos, do processo de cercamento no campo, da violência dos servos
contra seus suseranos.
e) das consequências da Revolução Puritana, do fracasso das Cruzadas, da proliferação de
bandoleiros e foras da lei.
Comentário
Os Renascentistas deram à Idade Média a alcunha de Idade das Trevas porque, na visão
deles, durante tal período a humanidade teria retrocedido ao invés de evoluir. Vimos que a
historiografia mais moderna questiona a identificação da Idade Média com um período das
trevas. Nessas horas, queridos e queridas, não adianta brigar com a pessoa que elaborou a
questão, temos de resolvê-la. Esse suposto retrocesso da Idade Média teria sido marcado
pelo fim da cultura greco-romana promovido em função do declínio do Império Romano.

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Outra característica que estimula a opinião de que a Idade Média teria sido obscurantista
foram as invasões bárbaras e os elementos culturais desses povos. Na verdade, associar os
bárbaros às trevas da Idade Média prova um desconhecimento sobe algo que discutimos em
aula, a origem do termo bárbaro.
Feitas essas considerações, a alternativa mais correta é a C). Você que é esperto já
identificaria que: o item a) erra ao falar da expansão das cidades; que o item b) peca ao
generalizar a “destruição sistemática dos castelos”, na verdade eles estavam sendo
construídos; que o item d) põe a guerra dos cem anos fora do seu período histórico, isto é,
ela ocorreu entre 1337 a 1453; que a alternativa e), ao falar das cruzadas, também as retira
do seu contexto histórico. Veja, o comando da questão claramente menciona Alta Idade
Média, entre séculos V e IX. A primeira cruzada ocorreu no ano de 1095.
Gabarito: C

Periodização
Sobre a periodização desses mil anos de história, os especialistas subdividem a Idade Média
em blocos temporais tendo como princípio a formação, consolidação e desagregação do
feudalismo, ou seja, a história da Europa Cristã Ocidental. Percebam que é uma posição bem
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eurocêntrica, certo?
Há duas formas de periodizar. Acompanha:
1-Alta e Baixa Idade Média
2-Alta, Central e Baixa Idade Média
A Ordem Social Feudal, que é o feudalismo, formou-se na chamada Alta Idade Média, entre
os séculos V e X. Já a consolidação e a fragmentação do feudalismo foi o processo constituído na
chamada Baixa Idade Média. Na mesma linha, a respeito da dinâmica feudal, Perry Anderson
ensina que o
“feudalismo na Europa Ocidental, então, surgiu no século X, expandiu-se durante o século
XI e atingiu seu auge no final do século XII e no século XIII. (...) Pelo século XIII, o
feudalismo europeu já havia produzido uma civilização unificada e desenvolvida (...)”1.

Contudo, pensa comigo: como poderíamos dizer que a consolidação e a fragmentação de


uma ordem social se deram em um mesmo período, todo ele chamado de Baixa Idade Média?
Não seria um pouco simplista, arbitrário e até mesmo enganador?

1
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense. 1989, p. 177.
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Assim, o professor Jérôme Baschet2, cria mais um subperíodo e, assim, ficamos com 3
blocos de tempos: Eles são: A Alta Idade Média, a Idade Média Central e a Baixa Idade Média.
Na prática é como se ele tivesse pegado a divisão clássica e repartido a Baixa Idade Média
em dois. Com isso, ele consegue separar o processo de consolidação e de desagregação do
feudalismo, percebem?

Veja o esquema:

Idade Média
Central séc. XI-XIII
• Formação do • Crise e
feudalismo • apogeu e desagregação
dinamismo do do feudalismo
feudalismo
• Consolidação Baixa Idade Média
Alta idade média
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séc. V-X Séc. XIV-XV

Nessa perspectiva de periodização , temos que a mudança da Alta Idade Média (séc. V-X)
para a Idade Média Central (XI-XIII) foi a passagem de uma época de acúmulos, de avanços, e até
mesmo de recuos - cujos ganhos não poderiam ser observados senão com uma lupa - para outra
época de expansão, dinamismo e crescimento.
Já entre os séculos XI e XIII, a Europa Ocidental viveu a paz no seu território ao mesmo
tempo em que se tornou conquistadora de outras terras - as Cruzadas, no Oriente Médio, e as
Guerras de Reconquistas, na Península Ibérica. Esse expansionismo militar-religioso promoveu
outros dinamismos na área comercial e urbana – os renascimentos comercial e urbano – os quais,
pela sua natureza, tornaram-se elementos marcantes da desagregação do mundo feudal.
Evidentemente, essas mudanças não ocorreram sem seus efeitos colaterais sensíveis. Por
isso, a passagem do dinamismo dos séculos XI ao XIII, Idade Média Central, para a desagregação
dos séculos XIV e XV, Baixa Idade Média, foi marcada por uma grande crise – foi a Crise do século
XIV: a fome, a peste e a guerra.

2
BASCHET, J. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Ed. Globo livros,
2011. Ao longo dessa aula todas as referências ao professor Baschet será dessa fonte.
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Pegou a visão?
476 1453

1000

Durante todo esse período, a Igreja Católica foi a instituição agregadora – papel que
assumiu ao final do Império Romano do Ocidente, lembra-se? Por isso, verificamos sua
influência nos costumes, na mentalidade e moral, na filosofia, na justificação da
organização social, na explicação sobre as crises, entre outros. Por isso, a sociedade
que se desenvolveu na Europa é conhecida como “a cristandade”.

Povos da Idade Média


Este período é cenário de múltiplas experiências. Entre 476 e 1453, há muitas outras
experiências humanas que não podem ser resumidas ao feudalismo. E eu não estou falando de
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China, Japão ou Índia - todos importantes. Falo, então, da região conhecida como “Mundo do
Mediterrâneo”.
Nesse tempo da Idade Média, nessa região do “Mundo Mediterrâneo” interagiram, pelo
menos, 3 civilizações:

A Islâmica, representada A Bizantina, representada


pelo Império Islâmico, pelo Império Bizantino ou
localizada na Península Império Romano do
Arábica e norte da África. Oriente;

A Ocidental, representada
pelos Reinos Bárbaros;
originará a sociedadecristã-
feudal.

Todas essas civilizações se formaram, expandiram-se e fragmentaram-se no mesmo


período e, em muitas situações, disputando os mesmos espaços. Portanto, houve conflito entre
elas e, de certa forma, relações de influência umas sobre as outras.

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Além disso, não podemos deixar de mencionar os povos africanos. Por muito
tempo, os estudos de Idade Média não incluíam esses povos. Mas, se ampliarmos
os olhares, inclusive para o processo de expansão islâmica precisamos
compreender o papel da África na Idade Média. É errônea a ideia de que o
continente africano se desenvolveu isolado dos grandes processos históricos. Já
saiba que o norte e nordeste da África foram islamizados/arabizados e, por isso,
esteve conectada aos fluxos econômicos culturais no Mediterrâneo. Além disso, no restante do
continente, houve grandes fluxo migratórios no sentido de Leste à Oeste e depois ao Sul. Nesse
longo processo histórico, ocorreu a formação de importantes reinos, impérios, mestiçagem,
conflitos e sínteses culturais. Atente-se porque, cada vez mais, as provas de História cobram
conhecimento sobre a África, nos mais iversos momentos da história.

Agora que fizemos nossa introdução, você está preparado para seguir em frente. Faça suas
melhores anotações sem abandonar os aspectos cronológicos, de caracterização e
contextualização!

2. IMPÉRIO BIZANTINO
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O Império no Reinado de Justiniano

Conquistas de Justiniano

Chegamos à parte Oriental do grande ex-Império Romano, o Império Romano do Oriente


(IROR) ou Império Bizantino. Sua Capital é Constantinopla (também chamada de Bizâncio; essa

3
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas Histórico Básico. São Paulo: Ed. Ática, 2008, p 14.

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cidade é a atual Istambul, na Turquia). Lembra de que o imperador Teodósio dividiu o Império
Romano em duas partes, em 395 d.C.?
Pois bem, então, o que passamos a estudar agora é o que aconteceu com essa parte do
Império depois que a sua outra metade – o Império Romano do Ocidente (IROC) – desintegrou-
se e chegou ao fim com o ato derradeiro: a conquista de Roma e a queda de seu último imperador
Rômulo Augusto pelo povo germânico hérulos, em 476 d.C4. Vamos relembrar essa localização no
mapa acima?
É importante você saber aspectos gerais a fim de adquirir uma noção do que estava rolando
nesse momento histórico da Alta Idade Média e, principalmente, para entender as interações
entre os diversos povos que disputavam as terras e o legado do antigo Império Romano.

A história de formação, expansão, consolidação e decadência do Império


Bizantino ocorreu entre os séculos V e XV. Usa-se como marcos históricos
o ano de 476 d.C., fim do Império Romano do ocidente e o ano de 1453,
quando os turco-otomanos conquistaram a capital Constantinopla. Essa
data seria o fim da própria Idade Média. Memorizem essa localização
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temporal, ok?

No século V, para os bizantinos, não existia Império Bizantino, nem Império Romano do
Oriente. Para os homens e mulheres daquela época, existia apenas o IMPÉRIO ROMANO. Ponto.
Era assim que eles identificavam a si e o seu território.
Assim, de certa maneira, Bizâncio era a continuidade do mundo romano – claro, com várias
transformações que discutiremos agora. O escritor Isaac Asimov fez um estudo sobre
Constantinopla e defende a tese de que ela representou um esplendor cultural (leia o quadro
sobre cultura bizantina). Diferentemente da porção ocidental do Império Romano, Bizâncio
conteve a invasão de povos orientais por mais de mil anos, até ser derrotada em 1453 pelos
turcos-otomanos, como mencionamos. Veja o que diz o estudioso russo:

“Essa porção do Império Romano continuou sendo rica e poderosa durante os


séculos em que a Europa Ocidental estava debilitada e dividida. O Império
continuou sendo ilustrado e culto em um tempo em que a Europa Ocidental vivia
na ignorância e na barbárie. O Império, graças ao seu poderio, conteve forças cada
vez maiores dos invasores orientais durante mil anos; e a Europa Ocidental,

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Sete anos mais tarde Odoacro (476-483), que destronou Rómulo Augusto, foi vencido pelo ostrogodo Teodorico (483-526).

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protegida por essa barreira de força militar, pôde desenvolver-se em paz até que sua
cultura formou uma civilização especificamente sua.”5

Mas, Profe, então, nem precisamos estudar Império Bizantino, né? É só continuar aplicando
o mesmo modelo romano. É isso?

Não é bem assim, né, aluno e aluna? Articula aqui comigo algumas informações!
Por mais que os povos – especialmente, os imperadores – dessa região se reivindicassem
como verdadeiros herdeiros do antigo Império Romano, o contexto histórico em que ocorre o
processo de “continuidade” altera a organização daquele Império. Enumera comigo e reflete:
• Não contando mais com o desenvolvimento econômico na região da Europa central;
• Devendo se defender da invasão dos povos germânicos e, ao mesmo tempo, de alguns
povos que vinham do Oriente – como os persas;
• Enfrentando as consequências do crescimento do cristianismo;
Tudo isso em interação tornava impossível ao Império Bizantino manter-se como cópia fiel
do que foi Roma.
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Além disso, saiba que durante a experiência da expansão territorial romana, seja na
República, seja no Império, essa parte Oriental SEMPRE manteve grande contato econômico e
intelectual com a cultura helênica (fusão entre as culturas grega e oriental, lembra?). Por isso, os
elementos político-filosóficos gregos continuaram muito presentes na mentalidade oriental do
Império Romano.
É importante ressaltar isso para que você perceba que NUNCA essa parte do Império
Romano – mesmo na sua fase mais esplendorosa – foi uma cópia do Ocidente. Ao contrário, havia
muitos traços singulares nessa cultura oriental, especialmente determinado pela filosofia grega e
o contato econômico com os povos do oriente médio e, até mesmo, do sudeste asiático. Sacou a
reflexão?
Feitas essas considerações, vamos ver a “história da carochinha”? Bora lá, povo!

5
ASIMOV. Isaac. Constantinopla: el império olvidado. Madrid: Ed. Alianza 2011, p.4. (tradução livre). Observação:
Peço que tomem cuidado com essa noção de que havia paz na Europa Ocidental advogada por Asimov, pois, como
vimos, a formação dos Reinos Germânicos foi um processo de lutas, guerras e conquistas.

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2.1 - ECONOMIA, POLÍTICA E SOCIEDADE NO MUNDO BIZANTINO


Houve muitos imperadores importantes no Império Bizantino. Contudo, há um bom
“estudo de caso” para entendermos os desdobramentos desse império para a formação do
mundo medieval: o Governo do Imperador Justiniano (527-565).

Profe Alê, por que foram pegar logo esse cara, o que é que ele fez para entrar para história
desse jeito?

Queridos e queridas, durante o Governo do Imperador


Justiniano, as decisões e a política que ele adotavam podem ser
entendidas como um modelo de política seguido por vários outros
Justiniano - Shutterstock

imperadores bizantinos depois dele. E, por que isso? Porque o seu


governo foi marcado pelo esplendor econômico e territorial de
Bizâncio. Então, pode ser estudado como “um caso de sucesso”,
saca? Dito isso, vem comigo...

O Estado bizantino se caracterizava por seguir um regime político


teocrático centralizado na figura do Imperador CESAROPAPISMO.
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Os historiadores afirmam que havia uma relação perfeita


entre o poder temporal (da política, do mundo terreno) e o poder religioso (da igreja, ou secular,
ou espiritual). Assim, o Imperador era o chefe da igreja. Por isso, falamos que, no Império
Bizantino, a Igreja estava submetida ao poder político. A essa relação hierárquica damos no nome
de cesaropapismo. O imperador nomeava o Patriarca – bispo superior da Igreja – e, por meio dele
intervinha nos assuntos internos da Igreja.
Entre os séculos V e XI, essa situação gerou uma série de conflitos entre os chefes religiosos
do oriente e ocidente, afinal, no Ocidente a Igreja Católica se consolidou independente dos reis
germânicos e ganhou força especialmente quando o rei franco, Clóvis, se converteu ao
cristianismo. Guarde essa informação, pois vamos estudá-la mais profundamente na seção
específica.
Nesse sentido, Justiniano se considerava o verdadeiro e o único herdeiro do império
romano. Então, ele julgava que seria seu direito e, até mesmo, seu dever reconquistar as terras do
Ocidente e as do norte da África que haviam sido ocupadas pelos povos germânicos. Assim
RECONQUISTA é uma palavra que marcou o Império Bizantino.

E como ele conseguiu realizar essa empreitada, profe?

Fortalecendo a economia para aumentar a arrecadação de impostos e, assim, criar um


exército muito, muito forte!! Então, a outra palavra que marcou a política do Império Bizantino foi:
ARRECADAÇÃO. Há historiadores que falam em uma “sanha fiscal”. Bixoo, essa história do estado
cobrar impostos muito altos da população é velha!!!

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Então, vamos ver algumas características da economia, meus queridos?

Atenção!! A economia do Império Bizantino se caracterizava pelas relações comerciais com


os povos do Oriente. Enquanto na porção ocidental do antigo Império Romano houve o processo
de ruralização da sociedade e a decadência das atividades comerciais, em Constantinopla, no
mesmo período, o comércio ampliava-se a todo vapor tendo atingido grande prosperidade. O
Império controlava as rotas terrestres que ligavam Constantinopla à Ásia, chegando à China e
Índia. Pelo mar mediterrâneo controlava o comércio com o Egito e Síria.
Para conseguir tal intento, especialmente com a Ásia, é importante ressaltar os acordos
diplomáticos de paz que os bizantinos fizeram com os persas – povos que viviam nas fronteiras
orientais do império. Durante séculos, esse acordo de paz entre os dois povos permitiu um
crescimento econômico, artístico e cultural de ambos.
Além disso, Justiniano aprimorou a administração burocrática baseada em critérios
censitários, o que o tornou capaz de manter um recolhimento regular de impostos cada vez mais
altos. Por um lado, isso o tornou capaz de empreender várias missões de reconquista, melhorar a
estrutura de deslocamento e comunicação. Mas, por outro lado, a população não aguentava pagar
tantos impostos.
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Assim, em 532 d.C., em Constantinopla, eclodiu uma revolta popular de grande


envergadura conhecida como Revolta de Nika cuja organização ficou a cargo das chamadas demas
- uma espécie de partido popular inspirado nas ideias de liberdade civil, oriundas da filosofia
política grega.
Além das demas outros grupos participaram dos motins: os Verdes e os Azuis.

Ai Profe, o que é isso? Escola de samba? Partido? Fla X Flu? Mortadelas e coxinhas?

Calma, vou explicar: Assim como os times de futebol de hoje em dia que possuem
torcedores fanáticos, a corrida de biga bizantina, que ocorria em um lugar chamado hipódromo,
tinha os “times” Azul e o Verde – nomeados por causa da cor usada por suas equipes favoritas.

Uma Biga Bizantina


Esses “hooligans antigos” eram inimigos declarados. Mas, em 532, o descontentamento
com relação aos impostos altos e à tentativa de homicídio de dois de seus líderes os uniu na

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insurreição sangrenta. Diante da popularidade das lideranças desses grupos, em um contexto de


amplo descontentamento social, as demas em aliança com os Verdes e Azuis insuflaram a
população contra a rígida política fiscal do Governo de Justiniano. Metade dos edifícios da capital
foram incendiados e chegaram a proclamar, entre eles, um novo imperador. Justiniano fugiria se
não fosse a imperatriz Teodora que o impediu.
O plano para vencer os revoltosos foi armar uma emboscada. Pega a cena:
➢ Justiniano chamou-os para uma negociação em pleno hipódromo;
➢ Ali foram trancados;
➢ Foram atacados de surpresa por grupos mercenários;
➢ Segundo alguns historiadores, o número de executados conta mais de 30.000 pessoas

Depois disso, Justiniano mandou reformar toda a cidade de modo a transformá-la em uma
das Capitais mais ricas daquele momento. Nesse contexto, foi construída a bela e histórica
Catedral de Santa Sofia. (Depois, dá uma olhada no quadro sobre cultura e religião bizantina, mais
à frente)
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Com o fortalecimento do seu poder, o imperador ordenou a reorganização das Leis


Romanas. Isso era uma estratégia para demonstrar a legitimidade de sua política de reivindicação
sobre o legado romano. Além do que, era um apoio aos juristas do império no sentido de garantir
o cumprimento da vontade das classes mais abastadas já que, como vimos na aula 01, o conteúdo
das políticas romanas era aristocrático.
Esse trabalho de reorganização foi realizado entre 528 e 533 d.C e deu origem ao Corpus
Juris Civilis. Ele estava dividido em 4 partes, observe o esquema:

Corpus Juris Civilis


• Códigos - éditos imperiais antigos
• Novelas - editos imperiais recentes
• Digesto - jurisprudência (decisões tomadas pelos juristas)
• Institutas - manual de aplicação das leis

Com essa organização foi possível empreender as guerras para reconquistar os territórios
do antigo Império Romano do Ocidente. Justiniano fez isso. Morreu em 565 d.C. Outros depois
dele também empreenderam as tentativas de reconquista.
Contudo, o que se percebeu foi que essas guerras foram longas, custosas e sem grandes
efeitos já que parte significativa dessas terras – inclusive, a própria Península Itálica - tinha se
tornado terra arrasada depois de tantos conflitos. Ou seja, economicamente, conquistar o Império
Romano do Ocidente era um péssimo negócio para Constantinopla!!!

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Além de uma empreitada custosa, a “Reconquista Justiniana” foi breve. No final do século
VII os germânicos já tinhas tomado essas terras. Dá um bizu:

Balcãs, séc. VI
•Invadido pelos eslavos, ávaros e búlgaros
Península Itálica, final séc. VI
•Invadida pelos lombardos
Península Ibérica, sec. VII
•Invadida pelos visigodos

(Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)


“A posição do homem que, pelos gestos da homenagem, se tornou ‘moço’
(vassalus) de um ‘ancião’ (senior) é semelhante à do filho perante o pai: deve
‘servir’; mas em troca é remunerado: o afeto corresponde ao respeito, o
‘benefício’ ao ‘serviço’. Em tudo, os dois homens devem retribuir igualmente. [...]
Mutualidade, mas numa organização hierárquica. Os laços mais fortes não unem,
na verdade, iguais”.
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DUBY, G. As Três Ordens ou o Imaginário do Feudalismo. Lisboa: Editorial Estampa, 1982,


p. 90.
Predominante entre os reinos bárbaros que emergiram na Europa, no início da Idade Média,
a organização social descrita pelo texto era uma herança
a) da sociedade militar espartana remanescente da civilização grega.
b) dos costumes islâmicos introduzidos pela expansão árabe.
c) das tradições dos povos germânicos que migravam ou invadiam o império romano.
d) do helenismo difundido por todo o mundo mediterrâneo pela expansão macedônia.
e) da rigidez disciplinar característica das sociedades nazifascistas.
Comentários
A primeira coisa que você deve reparar é que o enunciado indica que a questão aborda o
início da Idade Média. Portanto, devemos considerar o período entre o século V e X d. C.,
chamado pelos estudiosos de Alta Idade Média. Nesse contexto, o Império Romano do
Ocidente estava em declínio por uma série de crises internas e pela onda de invasões de
povos estrangeiros, sobretudo aqueles de origem germânica, considerados bárbaros pelos
romanos. De fato, o golpe final foi dado por uma dessas invasões, realizada pelos ostrogodos
e que resultou na conquista de Roma, capital do império. Com isso, o império foi
fragmentado. Parte dos seus territórios se manteve controlada por patrícios e membros da
antiga elite romana que ainda detinham recursos para defendê-los. Entretanto, a maior parte
das terras se tornaram alvo de disputas entre os povos germânicos que circulavam pelo

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continente, fazendo emergir diversos reinos autônomos. As populações desses reinos eram
miscigenadas, contando com germânicos e romanos que se misturavam desde antes da
queda de Roma, uma vez que alguns povos já migravam para o interior de império de forma
pacífica, sendo incorporados como mão de obra. Com isso em mente, vejamos de qual
cultura a tradição descrita pelo texto provém:
a) Incorreta. A cultura espartana não teve influência na ordem medieval, pois já havia
sucumbido a povos estrangeiros (macedônios e romanos) a muitos séculos quando a Idade
Média se iniciou.
b) Incorreta. A expansão árabe teve início somente no século VII e a influência do islamismo
se manteve restrita à Península Ibérica, na Europa, pois foram impedidos de avançar pelo
exército franco na Batalha de Poitiers. A cultura islâmica só teve uma maior influência nas
sociedades europeias de modo geral quando as Cruzadas colocaram os dois mundos em
contato que, apesar de violento, proporcionou a circulação de mercadorias e bens culturais
entre ambos. Porém, as Cruzadas só ocorreram entre os séculos XI e XIII, na Idade Média
Central, quando o feudalismo já estava consolidado e, inclusive, dava seus primeiros sinais
de esgotamento.
c) Correta! Como ressaltei antes, germânicos e romanos já estavam se misturando antes da
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queda do império do ocidente. Muitos deles migravam pacificamente para os territórios


romanos, entre os séculos III e V. Para os romanos, sobretudo os proprietários de terras, era
interessante fazer contratos de colonato com essa população, uma vez que a expansão
romana havia cessado e o fornecimento de escravos estava prejudicado. Por outro lado, parte
dos germânicos invadiam os domínios romanos para saquear ou conquistar, o que enfim
levou ao fim do império e consolidou a miscigenação entre esses povos. Portanto, é
inquestionável que a sociedade medieval foi formada pela articulação de heranças culturais
romanas e germânicas. No primeiro caso, a manutenção da influência da Igreja Católica pode
ser citada como exemplo. No segundo, o comitatus era um antigo princípio germânico que
determinava obrigações recíprocas entre rei e guerreiros, justamente o que é descrito pelo
texto.
d) Incorreta. Apesar do helenismo ter influenciado profundamente a civilização romana
quando esta se apoderou dos territórios do Império Macedônio, não foi uma das heranças
romanas que mais ecoou nos tempos medievais. O espírito helenista só seria retomado pelos
humanistas renascentistas que se difundiram pela Europa entre a Baixa Idade Média e o início
da Idade Moderna.
e) Incorreta. O nazifascismo é um fenômeno político do século XX, muito posterior à Idade
Média.
Gabarito: C

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2.2 - ARTE, CULTURA E RELIGIÃO NO IMPÉRIO

É importante você saber que, diferentemente do Império Romano do Ocidente, que


adotou majoritariamente a cultura latina, os bizantinos foram influenciados principalmente pelos
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gregos. Na capital, Constantinopla, até a língua grega chegou a substituir o latim. Assim, a arte
bizantina bebe na fonte dos helenos. Podemos dizer que a arte produzida pelos bizantinos
englobava trabalhos de arquitetura, pintura, mosaicos e escultura.
Contudo, pela importância que a religião cristã teve na vida do Império, podemos afirmar
que a arte bizantina se caracterizou por possuir um conteúdo essencialmente religioso. Veja um
mosaico bizantino em uma das paredes da Catedral de Santa Sofia, na Turquia atual.

2.3 - POLÍTICA E RELIGIÃO: AS DIVERGÊNCIAS RELIGIOSAS ENTRE CONSTANTINOPLA E ROMA


Vimos que a Igreja Católica Romana (a Igreja Ocidental), desde os romanos, em particular
com Constantino, começou a se aliar politicamente com os governantes. No começo da Idade
Média tivemos a conversão (cristianização) dos reis germânicos ao cristianismo. Simbolicamente,
a unção de Pepino, o Breve, assinalou a aliança entre Reino Franco e Igreja, algo reafirmado por
Carlos Magno, 20 anos depois – veremos isso na aula seguinte, por hora, guarde essa informação.
Além disso, vimos também que o Império Bizantino se caracterizava por seguir um regime
político teocrático centralizado na figura do Imperador. Por isso, falamos que, no Império
Bizantino, a Igreja estava submetida ao poder político. O imperador nomeava o Patriarca – bispo
superior da Igreja – e, por meio dele intervinha nos assuntos internos da Igreja.
Portanto, a relação entre imperadores e reis com a Igreja foi algo muito importante para o
período medieval. Essa parceria pretendeu, entre outros objetivos, universalizar uma única religião
capaz de conduzir as pessoas à salvação das almas. A palavra-chave é UNIVERSALISMO CRISTÃO.

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UM projeto compatível com o tipo de divisão da sociedade em que não se vislumbrava a melhoria
material para todos, apenas saídas espirituais capazes de gerar conforto em meio à tanta desgraça
e miséria.
Compatível, também, com a própria ideia de Império e de Reino, pois se a proposta dos
governantes era expandir o poder político, nada melhor do que seus respectivos projetos de
poder serem acompanhados por uma religião capaz de contribuir para os interesses de expansão
universal dos governantes. Com isso, diminuía-se a probabilidade de conflitos com os povos
cristianizados, ou seja, reforçava-se o papel de conciliação do cristianismo.

Além disso, quero que você saiba: tanto o Reino Franco (na Europa Ocidental) como o Império
Bizantino (na Europa Oriental) tiveram pretensões de refundar o Império Romano. E nos dois casos
a Igreja Cristã teve papel importante ao assegurar a legitimidade dessa pretensão. Desse modo,
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em diversos momentos os interesses entre os dois impérios se chocaram, consequentemente, o


clero da igreja também.

Veja que interessante toda essa situação entre bizantinos e latinos:

✓ havia dois impérios com projetos universais de poder similar;


✓ os dois com uma base religiosa no cristianismo;
✓ os dois edificados sobre uma cultura e uma história também comum.

Agora sou eu que te pergunto, caro aluno e aluna: qual dos dois Impérios é o mais legítimo
para empreender o projeto universal de uma única religião?

Difícil responder isso, né! Por isso, ocorreu o afastamento entre o cristianismo sediado em
Roma e o cristianismo sediado em Constantinopla.

Humm, espera! Mas profe, me veio uma dúvida: era o Papa quem escolhia o Imperador ou
o Imperador quem escolhia o Papa? Afinal qual poder era maior: o espiritual ou o temporal?

Pois é querido e querida, outra questão complexa, já que, nos diversos reinos da
cristandade, os reis, imperadores e chefes políticos guerreiros tentavam impor o direito de indicar
autoridades eclesiásticas nos territórios que governavam. Ao mesmo tempo, Papas só
reconheciam como legítimos, os governantes que se convertessem ao cristianismo e se

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submetessem à Igreja. Vejam que, na prática, tivemos uma disputa entre poder espiritual (da
Igreja) e o poder temporal (poder político)

Por isso, é possível afirmar que o poder político (ou poder temporal) e o poder religioso
(poder espiritual), na Europa Ocidental, apesar de manterem inúmeras parcerias, eram
independentes um do outro. Ao longo dos séculos, no geral, entenda que o Papa
passou apenas a ratificar (confirmar) o Imperador que passaria a assumir a coroa.

Agora, atenção: na próxima aula, veremos a fragmentação territorial dos reinos e,


consequentemente, a descentralização do poder político. Os guerreiros, na
condição de senhores de terra agraciados com títulos de nobreza (títulos
nobiliárquicos) – os quais foram recebidos a partir da vassalagem- tinham poder
sobre suas terras e sobre tudo o que estivesse nela. Por isso, no feudo, o nobre
senhor feudal era o único a exercer o poder temporal sem interferência de
qualquer outro senhor, nem mesmo seu suserano (do rei).
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No Ocidente, a Igreja buscava certo distanciamento para resguardar sua autonomia. Já na


organização do mundo bizantino, o Imperador era o chefe do poder político e, também, a
autoridade religiosa (cesaropapismo). Por isso, o rei se recusava a reconhecer a autoridade do
Papa de Roma como chefe máximo da Igreja. Para o Imperador, o Papa era um bispo como
qualquer outro e não o chefe máximo da Igreja. Note que a disjunção entre rei e Igreja do
Ocidente não se repetiu no Império Bizantino.
Além da diferença do ponto de vista da organização do poder e dos projetos políticos, a
maneira com que a fé cristã era professada no Oriente também tinhas suas particularidades em
função da formação grego-oriental do Império Bizantino. Dessa particularidade emergiu o
movimento iconoclasta e o monofisismo.

Monofisismo, isto é, a crença de que Jesus Cristo teria uma existência unicamente divina. Essa
compreensão se distanciava da visão Ocidental segundo a qual Jesus teria natureza humana e
divina. Contrariavam ainda o dogma católico ocidental da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito
Santo) como representação de Deus.

O processo cultural-religioso do cristianismo estava influenciado pela iconolatria: a busca


por significados espirituais a partir de imagens religiosas representadas em pinturas, mosaicos,
esculturas, medalhas e entre outros.

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Só para vocês terem uma ideia, no mundo Ocidental, durante a Alta Idade Média,

“o culto dos santos torna-se um dos fundamentos da organização social, fazendo das
relíquias os bens mais preciosos que se pode possuir sobre a terra e os instrumentos
indispensáveis de contato com o mundo celeste”6.

Mas no Oriente, surgiram grupos que divergiam sobre a adoração de imagens. Atribuíam
um caráter de idolatria à iconolatria. Assim, o movimento de combate a idolatria atingiu o ápice
no século VIII, quando outro fenômeno político-religioso chamado iconoclastia toma as ruas do
Império Bizantino. Etimologicamente, ‘’eikon’’(ícone) significa imagem e ‘’klastein’’ significa
quebrar. Ou seja, ‘’quebrador de imagem’’. Conhecemos esse fenômeno por Movimento
Iconoclasta.
Quando isso ocorreu, a mera adoração das imagens foi proibida! Aqueles que ousassem
exigir e adorar as imagens sofriam castigos ou mesmo eram degolados. O movimento iconoclasta
se desenvolveu principalmente no reinado de Leão III, que governou de 717 a 741.
Vocês devem lembrar que esse conflito ocorreu no contexto mais amplo de disputas entre
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a Igreja do Oriente e do Ocidente.

6
BASCHET, 2006, p. 64.

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Adoração
Não confunda: de
imagens

Ocidente Oriente
hahaha À favor Contra

Permitiam e Proibiam e
hahaha ICONOLATRIA estimulava
m (santos)
ICONOCLÁSTIA destruiam
imagens

consideravam Tornado
idolatria, Oficial por
A ICONOCLASTIA foi um dos principais condenada Imperador
pela Bíblia Leão III, no
motivos da desestruturação da pretensa unidade séc. VIII
religiosa baseada no cristianismo..
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Nesse cenário de disputas de longas datas, em 1054, ocorreu o evento denominado Cisma
do Oriente. Pega a cena:
I. Em 1043, Miguel Cerulário tornou-se patriarca da Igreja em Constantinopla. Então,
ele mandou fechar todas as igrejas latinas na Capital do Império. Evidentemente, o
papa romano achou um absurdo tal decisão.
II. Assim, em 1054, o papa foi até Constantinopla com a intenção de fazer o patriarca
reconhecer a Igreja romana - consequentemente, o papado – como a instituição
mãe, acima de qualquer outra. Mas, o papa também foi buscar um apoio do Império
Bizantino para se defender de ataques de povos normandos na Península Itálica.
III. Mas Cerulário, o imperador patriarca, disse NÃO para as duas coisas. Por isso, o
Papa Humberto excomungou Cerulário, que fez o mesmo com o Papa.
IV. Então, o Imperador Bizantino proclamou a separação oficial entre as duas igrejas, já
que, para os orientais, teria sido Roma quem se afastou das pregações originais de
Jesus Cristo. A partir daí surgiu oficialmente a Igreja Ortodoxa, com sede em
Constantinopla, e a Igreja Católica Apostólica Romana, sediada em Roma.

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O impacto do Movimento iconoclasta na arte e cultura Bizantina


Por conta dos conflitos que envolveram o Movimento Iconoclasta, a pintura e a escultura
não se desenvolveram tanto no Império Bizantino. Já a arquitetura e os mosaicos sim.
Foram construídas diversas igrejas, basílicas e catedrais nas quais, no seu interior, é
possível observar muitas decorações em ouro nas cúpulas, semelhantes ao estilo grego.
Também há representações de Cristo e figuras sacras – como a bíblia - nas paredes das
Igrejas, ornados por meio dos mosaicos. A mais conhecida é a catedral de Santa Sofia, que está
localizada em Istambul, capital da Turquia.

2.4 - DESAGREGAÇÃO DO IMPÉRIO BIZANTINO


O declínio do Império Bizantino é um longo processo. Por isso, não há um evento, uma
década, um fenômeno único que explique. Bizâncio foi morrendo aos poucos, algo como uma
morte natural.
Para entendermos como foi essa longa desagregação quero que anote 3 pontos:
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1- Podemos pensar na essência da ideia que manteve o Império Bizantino em pé e o ideal


que perseguiram depois do fim do Império Romano do Ocidente: a ideia de
continuidade legítima, Bizâncio como a “Roma Eterna”! Esta é a característica definitiva
do Império Bizantino. Essa concepção justificou toda a política de expansão territorial,
como vimos com Justiniano e era motivo de disputas com o Ocidente, especialmente
com a Igreja Católica, já que, como vimos, esta foi uma instituição que sobreviveu ao
fim do Império Romano do Ocidente.
2- Além disso, como dissemos no começo da aula, o período que vai do século V ao X,
marca uma disputa pelo domínio e hegemonia em toda a extensão do antigo Império
Romano, ou ainda, no “mundo mediterrâneo”. Por isso, o Império Bizantino sempre
esteve ameaçado pelos processos do Ocidente e, especialmente, pela expansão
islâmica (que veremos na próxima seção).
3- Por fim, o declínio das estruturas políticas, fiscais e militares internas perdem a
capacidade de defender-se, no contexto de enfrentamentos com o Ocidente e com os
islâmicos. Sobra a manutenção. Aos poucos isso se torna insuficiente.
A historiografia conta que o Império Bizantino viveu momentos de crise e alguma
recuperação. Quero destacar um momento crítico para a história bizantina, antes da
sua desagregação:

Sec. XIII- Em 1204, durante a 4ª. Cruzada Cristã contra os muçulmanos, em


Jerusalém, cristãos ocidentais invadiram, saquearam e dividiram a capital bizantina.
Embora muito esfacelada, os bizantinos conseguiram recuperar o controle sobre a
capital em 1261. Infelizmente, Constantinopla não foi a mesma!
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Depois disso, fruto do processo de expansão islâmica (que estudaremos a seguir), em 1453,
houve a invasão de Constantinopla pelos Turco-Otomanos. Nesse momento, Constantinopla
passa a se chamar Istambul. Esse foi o marco factual da desagregação do Império Bizantino, e do
fim da Idade Média.

3. MUNDO ISLÂMICO
Até aqui, nosso olhar estava voltado para a Europa e para as experiências históricas
surgidas da desagregação do Império Romano.
Agora nosso olhar de coruja nos levará para a Península Arábica.

Península
Arábica
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Para a história, estudar o islamismo - uma religião monoteísta fundada no século VII - passa por
entender o povo árabe. Isso porque, o berço do islã é a Península Arábica e se deu por meio da
doutrinação de Maomé, o profeta, nascido em 570 e morto em 632.

O islamismo se tornou importante porque a crescente expansão dessa religião alterou,


em um primeiro momento, o cenário político, econômico, social e cultural de todo o mundo
árabe (Oriente Médio, norte da África até parte da Europa). Depois, disputou, conquistou e,
por isso, influenciou o mundo europeu durante toda a Idade Média, deixando muitos legados.
Além disso, atualmente, o islã impacta boa parte do mundo, não é verdade?

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Inclusive, fica ligado porque essa é a abordagem favorita das


questões: os legados do Mundo Árabe na Idade Média para o Mundo
Ocidental Moderno

Então, vamos à Península Arábica, antes do século VII. Antes da formação do islamismo,
pode-se afirmar que os povos da região da península arábica estavam organizados em tribos,
divididas entre aquelas que:
➢ ocupavam os territórios litorâneos – zonas mais férteis. Na parte litorânea,
também se localizavam as grandes cidades comerciais, dentre elas Meca e Iatreb, que mais
tarde teve o nome alterado para Medina. Em geral, as tribos desenvolviam atividades
comerciais a partir das caravanas que percorriam rotas comerciais.
➢ viviam no deserto. No deserto, em meio aos oásis, predominavam os nômades
beduínos, que se ocupavam da criação de gado, camelos, ovelhas e os cavalos árabes.
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As tribos árabes organizavam-se por núcleos familiares e seus membros se referiam uns
aos outros como “irmãos”. Apesar de serem todas oriundas dos semitas, o povo árabe não se
constituía enquanto uma unidade, com identidade única, religião única.
Apesar dos conflitos característicos das
rivalidades tribais, no principal centro comercial, em
Meca, durante a feira da primavera, era estabelecida
uma espécie de paz religiosa. Afinal, com toda a
adversidade da vida no deserto, ninguém queria
perder a oportunidade de, pelo menos uma vez no
ano, fazer bons negócios. A feira ocorria em Meca.

Veja, no mapa, a posição geográfica da


Península Arábica com algumas rotas comerciais e os

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limites com o Império Bizantino. Localize especialmente Meca e Medina.7


Na cidade de Meca, além da importância comercial já destacada acima, havia a
importância religiosa.
Nessa cidade, foi construído um santuário chamado Caaba (cubo, na língua árabe, é ka’b).

A Caaba possui
quatro cantos, sendo que
cada tribo orava
direcionada ao ponto
focal correspondente ao
Caaba - Shutterstock

espaço reservado a seus


ídolos. Nesse local, a
maioria das tribos da
península arábica
depositava imagens de
diferentes ídolos
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representando os deuses.
Veja a imagem da Caaba8.
Assim, em meio às centenas de tribos predominava o politeísmo.
Como não poderia deixar de ser, a cidade de Meca também era alvo de disputas de
poder. Nesse sentido, a tribo dos coraixitas era a detentora do controle da cidade mais
importante da Península Arábica. O cenário político também contava com as constantes
ameaças de invasão dos povos que faziam fronteira com a região da Península: de um lado o
Império Bizantino e, do outro, Império Persa.
Nesse contexto, por volta de 610, Maomé surge com uma proposta de unificar todas
as tribos em torno de uma única religião monoteísta, o Islã (rendição, em árabe). Os partidários
do islamismo se chamavam, em árabe, de muslimas (“submissos a Deus”) e tinham a obrigação
de seguir a vontade de Alá (Deus). Mulçumanos, portanto, vem de muslimas.
O Islã de Maomé foi fundado a partir das influências do cristianismo e do judaísmo e os
ensinamentos, posteriormente, foram redigidos no texto sagrado Corão ou Alcorão. Alá seria
o único Deus dos homens. Por isso, seria necessária uma expansão territorial para que todos se
convertessem ao islamismo. Há, também uma certa noção de Universalismo.

7
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas Histórico Básico. São Paulo: Ed. Ática, 2008, p 14.
8
https://www.islamreligion.com/pt/articles/3282/caaba-casa-sagrada-de-deus/. Acesso em: 17/02/2019.
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Essa expansão passou a ser chamada de jihad, que significa dedicação e a luta por
conseguir fé, a própria fé e a fé daqueles que ainda não eram adeptos do Islã. Mais tarde, a
expressão jihad passou a ser sinônimo de “guerra santa”. Esse dever religioso de defender o
islã poderia, então, ser cumprido como diziam: pelo coração, pela língua e pela espada.
Os beduínos, aos poucos, aderiram à proposta de Maomé. Mas, os ricos comerciantes
de Meca consideravam que a religião pregada por Maomé era uma ameaça aos negócios da
cidade. Os coraixitas temiam que a nova religião acabasse com o significado da paz e com a
peregrinação em torno da Caaba, que lhes servia para o comércio.
Assim, em 622 Maomé foi perseguido pelos coraixitas de Meca e, por isso, teve que
fugir para Iatreb. Na história árabe-islâmica essa foi a Hégira. Por sinal, para o calendário
islâmico esse evento é considerado o ponto zero da cronologia.
Em Iatreb, batizada de Medina em homenagem a Maomé, os grupos poderosos
ajudaram a expandir o islamismo na cidade e região. Com isso, Maomé organizou um exército.
Em 630, o profeta e seu exército invadiram e se apoderaram de Meca e impôs-se o
islamismo. Mesmo após construir um único culto aos povos árabes, a Caaba foi mantida como
um ponto de veneração religiosa - mas de apenas uma religião e de um único Deus. O texto
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sagrado dos mulçumanos assim passou a considerar: “Deus designou a Caaba como Casa
Sagrada, como local seguro para os humanos.” (Alcorão 5:97).
Maomé morre em 632. Nesse momento, quando parte da Arábia já se encontrava
unificada, iniciou-se o processo de expansão territorial, ou jihad.

Perceba que a conquista de povos tinha o sentido da conversão religiosa. De fato, existia uma
política de respeitar os elementos culturais, intelectuais e econômicos valorizando-os. Mas, a
conversão era uma opção atraente ante o pagamento de tributos por indivíduos de outras
religiões. Assim, o islamismo cresce em territórios antes dominados pelos cristãos e, em menor
dimensão, com influência do zoroastrismo (na Pérsia). Em algum momento, a Igreja Católica vai se
dar conta disso e querer inverter a situação. Guarda essa informação pelo amor de deuxxxssss!!!!

Após a morte de Maomé, surgiram conflitos entre as lideranças. A grande questão era
o critério de sucessão para liderar os muçulmanos. Além disso, outras divergências ocorriam
em torno dos dogmas e escritos.
Como em outras religiões, houve a divisão inicial do Islã após Sunitas e Xiitas.
Vejamos as diferenças entre esses dois grupos:

 Sunitas: qualquer seguidor poder ser líder, desde que reúna certas virtudes (califas). Eles
seguem o Alcorão (livro sagrado); o exemplo do profeta (registrado em um livro conhecido
por Sunna), as normas definidas pelas escolas teológicas e o “consenso” da comunidade
islâmica. O califa líder, chefe religioso, político e militar deveria ser eleito pela comunidade
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islâmica. Para os sunitas, o califa era o símbolo da unidade da “comunidade islâmica global
(UMMA)
 Xiitas: defendiam que a liderança legítima eram os descendentes de sangue de Maomé,
assim, não precisavam seguir a Sunna ou qualquer outra norma. Sua ligação de sangue com
o Profeta era elemento suficiente espiritual para liderar os muçulmanos. Aqui o líder religioso
tem a função de interpretar e revelar a verdade.
Os sunitas elegeram Abu Bakr, conselheiro de Maomé, como seu sucessor. Já os Xiitas
não concordaram e defenderam o respeito à linhagem familiar. Nesse sentido, ainda no século
VII, os Xiitas indicaram Ali Bin Abu Talib, primo e genro de Maomé, como sucessor imediato.

Desde então, essa passou ser a principal divisão entre os islâmicos e, por isso,
travaram lutas sangrentas. A história conta que em 680 d.C ocorreu uma grande
Guerra entre os dois grupo no local onde hoje é o Iraque, foi o combate de Karbal. O
filho de Ali, Husayn, neto de Maomé, foi morto. Ali, a cisão foi definitiva.
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Apesar dessas diferenças, naquele contexto, havia um consenso de que a religião não
deveria ser usada como opressão dos povos das terras conquistadas.

3.1 - OS GOVERNOS DOS CALIFAS (SEC. VIII ATÉ XIII)


Califa significa sucessor. Assim, depois da morte de Maomé e da divisão entre sunitas
e xiitas, uma série de famílias assumiram o poder nos Califados. Na prática ocorreu uma
descentralização do Império Islâmico.
Observe o desenrolar dessa expansão:

 Dinastia dos Omíadas (661-750)


Entre 661 e 750, os omíadas assumem o poder e instalam a capital do Império em
Damasco, na região da atual Síria, uma vez que eles eram dessa região. Nesse momento, há
uma mudança na forma de organizar o Império e de conduzir as conquistas e a relação com os
povos conquistados. Baseando-se em métodos e estruturas políticas dos Romanos e dos
Persas, os islâmicos omíadas, impõem o árabe como língua obrigatória e cunham sua própria
moeda. Para você ter uma noção dessa forma mais agressiva, em 692 um califa ordenou a
construção de uma Mesquita em cima de um templo Judaico, em Jerusalém. Com isso, buscava-
se afirmar a supremacia da religião islâmica!

Olha essa fita, bixo! Você achando que o problema entre Israel e Palestina é de agora, né! Daquela
notícia que você leu no seu feed de notícias... bobinho! A parada vem de muito tempo. Jerusalém
importa para as 3 religiões monoteístas existentes: os judeus, os cristãos e os islâmicos. Então,

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nas aulas de Geo, quando você for estudar a formação do estado de Israel, lembra dessa cena
aqui, porque isso vai te fazer ficar alguns passos na frente do seu concorrente que vai achar que
a treta começa só em 1948. Mas, você é coruja. Tá sacando tudo, 360º.

Dentre as conquistas do Império dos Califas Omíadas, destaca-se a chegada dos


mulçumanos na Europa:
 Em 711, os árabes mouros cruzaram o estreito de Gibraltar e tomaram boa parte
das terras dos visigodos na Península Ibérica. Veja como eles estão perto da cristandade. Estão
em plena Europa – dominada por reinos germânicos cristãos.
 Posteriormente os árabes rumaram para os Pirineus na tentativa de derrubarem o
Reino Cristão dos Francos. Porém, um guerreiro franco, Carlos Martel, derrotou os árabes na
Batalha de Poitiers, em 732. Recuados na Península Ibérica, os árabes ali permaneceram.
 Um dos grandes califados foi o de Córdoba, no sul da Espanha. Com isso,
influenciaram socialmente e culturalmente a região que viria a ser Portugal e Espanha. Tanto é
que até hoje ainda é possível notar a influência árabe (chamada de moura, na Península ibérica)
na arquitetura portuguesa e, principalmente, no sul da Espanha.
O sucesso dos
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califados e a
força do
islamismo
fizeram com
que os árabes
chegassem a
dominar uma
área superior
aos romanos no
ápice da fase
imperial. Veja:

ARRUDA, José Jobson de A. Atlas Histórico Básico. São Paulo: Ed. Ática, 2008, p 14.

Em 750 ocorre uma revolta contra os omíadas, liderada pelos persas que defendiam a
renovação. O poder passa para as mãos dos abássidas.
 Dinastia dos Abássidas (750-945)

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Os Abássidas fundam um Califado no Iraque, em Bagdá. Desenvolve-se uma rica


agricultura e a aclimatação de culturas de origem subtropical, como arroz, cana-de-açúcar,
melão. Além disso, o comércio no Mediterrâneo é controlado pelos muçulmanos. É uma cultura
rica e baseada em grande desenvolvimento do conhecimento e das artes.
Eles também incorporaram ao exército muitos soldados que não eram árabes
(principalmente turcos). Mas, em 945 forma derrotados pelos Buaálidas.
No século XI, os turcos começaram sua ascensão ao poder. Em 1055, os turcos
seldjúcidas dominaram os principais califados. Em 1071, tomaram Jerusalém e se recusaram a
permitir que os cristãos visitassem locais sagrados nas terras dominadas por eles. Como
resposta veremos o movimento das Cruzadas (assunto da próxima aula).
No século XIII, os Otomanos começaram a tomar califados importantes até a unificação
no que conhecemos como Império Turco-Otomano. Conquistando várias regiões, no século XV,
atingem as fronteiras do Império Bizantino. Em 1453, já na Era Moderna, tomam a Capital
Constantinopla. Bizâncio cai! E os turcos-otomanos aproveitam todo o esplendor do
conhecimento filosófico, político e científico da cultura helênica e romana mantida pelo Império
Bizantino (lembra que eles se achavam a “Roma Eterna”? Então, isso fez muito diferença!).
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Veja alguns Califado importantes ao longo de toda essa História.


➢ Bagdá
➢ Mesopotâmia
➢ Egito
➢ Norte da África
➢ Córdoba, na Península Ibérica

Veja que, os islâmicos exerceram poder e esplendor no “Mundo Mediterrâneo”, durante


Idade Média. De toda forma, a jihad continuou regionalmente. Veja o que diz o professor
Jeróme Baschet9

“Apesar da divisão do califado Omíada, e em seguida, abássida, e da alternância entre


fases de poderio e dificuldade, o Islã constitui, sem nenhuma dúvida, a civilização mais
brilhante do Mediterrâneo na época medieval. Ela caracteriza-se por um urbanismo
plenamente desenvolvido, que retoma parcialmente os modelos romanos, completando-
os com fundações e inovações importantes.”

9
BASCHET, J. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Ed. Globo livros.
2014,p. 83.
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(Estratégia Vestibulares/Profe. Alê Lopes/2021)


A Shari’a é o nome que se dá a uma série de prescrições jurídicas e morais –
doutrina seguida pela sociedade islâmica. Mas, para uma parte da opinião
mundial, o Islam tem sido identificado com uma ordem social arcaica, brutal e
aterrorizante, na qual a mulher é um ser inferior e oprimido, os adúlteros são apedrejados, o
ladrão tem as mãos amputadas, os escritores polêmicos merecem sentenças de morte, os
jovens estão prontos a se suicidar em nome de Deus e os assassinos de mulheres e crianças
estão convencidos de que merecem o paraíso.
Contudo, não era assim há algumas décadas. Nos últimos 30 anos, o Islam se transformou de
uma religião parada no tempo, mas serena e santificante, exótica, mas admirável, em algo
percebido como um perigo ou uma ameaça para o mundo todo. Nem no tempo das
Cruzadas, a imagem do Islam foi tão negativa. Se antes, o que assustava a maioria das
pessoas era o espectro do comunismo e o temor dos russos e dos chineses adeptos deste
regime, agora é o espectro do Islam e dos mulçumanos extremistas que muitos temem.
(CATTANI, Roberto. Islam e Islamismo. São Paulo: Ed. Claridade. Coleção Saber de Tudo.
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2008, pp 9-10)
A percepção do texto apresenta duas imagens que, em geral, o mundo ocidental construiu
em torno do islamismo e seus seguidores. Essas conotações negativas do islã contrastam,
a) com o surgimento do islamismo de Maomé, o qual não pregou guerra para expandir sua
fé.
b) com o califado de Córdoba em Al-Andaluzia, entre os séculos VIII e XII, momento que se
tornou um exemplo de convivência bem-sucedida entre mulçumanos, judeus e cristãos.
c) com o período de abstinência intelectual dos árabes, entre os séculos VII e XVIII, quando
a religião proibia leitura de textos gregos, estudos aritméticos, enfim, um maior contato com
a ciência.
d) com o pacifismo pregado pela Igreja Católica quando da expansão em direção a
Jerusalém, entre 1096 e 1270.
Comentários
Em geral, a cobrança sobre o Oriente Médio é em torno dos acontecimentos no século XX,
como a Revolução Iraniana. Questões que exigem uma boa compreensão sobre a história do
islamismo são mais raras, mas quando caem é para derrubar os vestibulandos mal
preparados. Além disso, o perfil do vestibular da Unicamp é crítico, no sentido de cobrar que
o candidato questione a visão que o senso comum tem “das coisas”. Nesta questão explorei
esse aspecto, pois, em geral, além de não se conhecer a história da religião islâmica, o que

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se sabe é carregado de preconceito. Pois bem, algumas notas sintéticas e partirmos para a
resolução.
Por volta de 610, Maomé surge com uma proposta de unificar todas as tribos em torno de
uma única religião monoteísta, o Islã (rendição ou submissão a Deus, em árabe a grafia é
Islam). Os partidários do islamismo se chamavam, em árabe, de muslimas (“submissos a
Deus”) e tinham a obrigação de seguir a vontade de Alá (Deus). Mulçumanos, portanto, vem
de muslimas.
Os beduínos, aos poucos, aderiram à proposta de Maomé. Mas, os ricos comerciantes de
Meca consideravam que a religião pregada por Maomé era uma ameaça aos negócios da
cidade. Os coraixitas temiam que a nova religião acabasse com o significado da paz e com a
peregrinação em torno da Caaba, que lhes servia para o comércio.
Assim, em 622 Maomé foi perseguido pelos coraixitas de Meca e, por isso, teve que fugir
para Iatreb. Na história árabe-islâmica essa foi a Hégira. Por sinal, para o calendário islâmico
esse evento é considerado o ponto zero da cronologia. Em Iatreb, batizada de Medina em
homenagem a Maomé, os grupos poderosos ajudaram a expandir o islamismo na cidade e
região. Com isso, Maomé organizou um exército.
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Em 630, o profeta e seu exército invadiram e se apoderaram de Meca. Impôs-se o islamismo


na cidade. Então, repare que não houve pacifismo, mas um conflito regional para que o islã
assumisse a fé regional e se estabelecesse. Meca, até então, era uma cidade que permitia o
culto de diversos deuses. Repare, que a alternativa a) está errada, já que Maomé organizou
um exército para expandir a religião que criara.
b) correta a afirmação. Em 711, os árabes atravessaram o Estreito de Gibraltar em direção à
Espanha. Em quatro anos, os árabes impuseram derrotas militares ao reino visigótico e
conquistam quase toda a Península Ibérica, chegando até a França, onde foram derrotas na
batalha de Poitiers, em 732. Passados os conflitos iniciais, a conquista muçulmana da região
da Espanha foi o campo de experiências para o choque e a mistura de três culturas,
representadas pelas três grandes religiões: Cristianismo, Islamismo e Judaísmo. O Califado
estabelecido no território denominado de Al-Andauz, embora tivesse levado o islã como fé,
passou a respeitar culturas locais e demais religiões. Contudo, Judeus e moçárabes (cristãos
ibéricos) tinham que pagar uma espécie de imposto de proteção, não podiam exercer cargos
políticos nem se casar com uma muçulmana. O período de maior tolerância religiosa com as
minorias ocorreu com a ascensão de Abderrahman 3º, em 912, e se estendeu pelo califado
de seu filho, Al Hakam 2º. O declínio do hegemonia árabe-moura em Al-Andaluz começou a
partir do século XII e terminou definitivamente em 1492, com a vitória dos reis católicos.
c) está errada a afirmação. De acordo com o historiador Kominsky10:

10
KOSMINSKY, E. A. História da Idade Média. Lisboa: Ed. Centro do Livro Brasileiro. 1979, p.65-66.
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Os árabes assimilaram a ciência dos gregos antigos, dos iranianos e dos indianos. Traduziram
para a sua língua as obras dos famosos sábios da antiguidade. Os sábios árabes estudavam
as obras filosóficas de Aristóteles e assimilavam os ensinamentos geográficos e astronômicos
de Ptolomeu. Adquiriram conhecimentos de medicina, química, aritmética e geometria nas
obras dos sábios gregos e indianos. À base desses conhecimentos, criaram sua ciência e sua
filosofia. Fizeram progredir notavelmente o estudo da astronomia e da química.
Desenvolveram a álgebra. No entanto, buscavam frequentemente na ciência o insólito e o
maravilhoso. Acreditavam que se podia profetizar o destino dos homens pelas estrelas;
queriam, por meio de análises e sínteses químicas, transformar metais comuns em ouro. A
ciência dos árabes estava submetida aos ensinamentos religiosos do islamismo, e por isso
não podia desenvolver-se livremente.
Convém reforçar que Bagda foi um centro intelectual e cultural do Império mulçumano e
contou com diversos intelectuais árabes, como Al-Gazalli (1058-1111). Este, por sinal, chegou
a influenciar Tomas de Aquino e René Descartes, que menciona o intelectual árabe em
diversas passagens no livro Discurso do Método.
Córdoba, no sul da Espanha, a maior cidade da Europa no século 10, com uma população
estimada em 500 mil habitantes, se transformou em um centro cultural, econômico e
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científico da Idade Média. Traduções do árabe para o latim, feitas em Córdoba, tiveram forte
influência sobre intelectuais europeus, em especial da escolástica.
d) falso, pois as Cruzadas foram marcadas por violência e guerra. A Igreja Católica convocava
guerreiros medievais para a Guerra Santa e a retomada de Jerusalém.
Gabarito: B

3.2 – CULTURA E ARTE ISLÂMICA


A arte islâmica está relacionada à Deus. Há uma busca por expressar a beleza e a
perfeição. Em geral, como no judaísmo, não admite imagens naturalistas do mundo (como
fotografias). Essa noção, ao longo do tempo, marcou uma limitação à arte islâmica no que
se refere às artes plásticas. Por isso, a expressão da arte islâmica se encontra na arquitetura,
no arabesco, nos tapetes e na caligrafia.

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Basílica Azul – Turquia.

 Na arquitetura, predomina o princípio do aspecto exterior pouco relevante em


contraste com a suntuosidade interna. Há sempre uma fonte de água no pátio central.

 A caligrafia é uma forma artística


de celebração do Alcorão, já que o árabe
é o idioma sagrado do Islã. Nos edifícios,
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a escrita é um ornamento.
 O arabesco e o entrelaçamento
geométrico são parte central do
ornamento dos edifícios (como vemos na
imagem ao lado
 Tapetes são uma forma tecida de
arabesco.
Detalhe do Castelo de Alhambra – Granada, Espanha

Santuário Cúpula do Templo da Rocha, em Jerusalém, foi construído durante o califado Omíada.

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Alguns pensadores importantes da Cultura Árabe:

1- Avicena (980). Conhecido por seus estudos da área da Medicina, escreveu sobre
matemática, lógica, cosmologia, meteorologia, geologia, botânica, zoologia. Foram mais
de 250 obras. O curioso é que ele escrevia Poemas para ajudar na aprendizagem e
memorização. Ele ocupou cargos políticos e gostava de festas.
2- Al-Gazalli (1058) foi estudioso do direito islâmico e tornou-se professor na maior
Universidade do Império, em Bagdá. Dava aula para plateias de 300 alunos. Ficou
conhecido em todo o mundo islâmico como o homem mais erudito de sua época. Para o
pensamento árabe, comparam-no com a importância de Santo Agostinho para o
cristianismo que, inclusive afirmou que foi influenciado pelos escritos de Al-Gazalli. René
Descartes afirmou que seus escritos eram parecidos com o do autor árabe no que diz
respeito ao ceticismo epistemológico
É muito importante você saber que foram os árabes muçulmanos que
contribuíram para o Movimento de renascimento Cultural que ocorreu na
Europa no século XV. Eles beberam na fonte dos clássicos gregos,
mantiveram esse pensamento vivo e em debate até que os Europeus, no
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contexto das Cruzadas, do Renascimento Comercial e Urbano passaram a


ter mais contatos e recuperar essas obras e escritos. Esse legado é
fundamental para a formação do pensamento renascentista, como veremos
nas próximas aulas.

Para finalizar, leia um trecho do historiador Kominsky :


“Os árabes assimilaram a ciência dos gregos antigos, dos iranianos e dos indianos.
Traduziram para a sua língua as obras dos famosos sábios da antiguidade. Os sábios
árabes estudavam as obras filosóficas de Aristóteles e assimilavam os ensinamentos
geográficos e astronômicos de Ptolomeu. Adquiriram conhecimentos de medicina,
química, aritmética e geometria nas obras dos sábios gregos e indianos. À base desses
conhecimentos, criaram sua ciência e sua filosofia. Fizeram progredir notavelmente o
estudo da astronomia e da química. Desenvolveram a álgebra. No entanto, buscavam
frequentemente na ciência o insólito e o maravilhoso. Acreditavam que se podia profetizar
o destino dos homens pelas estrelas; queriam, por meio de análises e sínteses químicas,
transformar metais comuns em ouro. A ciência dos árabes estava submetida aos
ensinamentos religiosos do islamismo, e por isso não podia desenvolver-se livremente.”

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4. ÁFRICA NA IDADE MÉDIA


A História da África poderia ser contada separada de toda a história do resto do mundo.
Mas nós optamos por apresentar os pontos centrais desse continente na medida em que ele se
conecta com os fluxos sociais, econômicos e culturais daqueles processos apresentados como
“centrais”. A África não se desenvolveu isolada e, por isso, vamos apresentando, ao longo do
nosso curso,
essa conexão.
De todo modo,
tenha em
mente, que
podemos
pensar a
periodicidade
da África da
seguinte forma:
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4.1 - ANTECEDENTES: A ÁFRICA NA ANTIGUIDADE


Quando pensamos na África na Antiguidade – período que vai de 4000 a.C. até o século V
d.C – logo vem à cabeça o Egito. De um modo geral, a cultura do Egito é para a África o que o
mundo greco-romano é para a cultura Ocidental (europeia).
Contudo, não podemos simplificar a situação. A África tem muitos outros povos
importantes. Há algo que, inclusive explica a dispersão dos povos pelo continente: a mudança
climática que expandiu o Deserto do Saara. Entre 4000 a.C. e 2000 anos a.C., na medida em que
o clima na África Setentrional se transformava, o deserto do Saara se expandia. Nesse contexto,
diferentes povos dessa região aos poucos emigraram para o norte, o leste e o sul. Os povos ao
Sul do Saara são chamados de Sudaneses. Essa denominação foi atribuída pelos árabes que
chamavam os africanos de pele negra de sudan.
Mas, nem todos emigraram, não! Alguns permaneceram e se adaptaram de modo a viver
com pouca água: seus descendentes são os Tuaregues ou berberes do deserto (os homens que
vestem véus azuis). Estes berberes criaram muitas rotas de comércio no Saara e acabaram, ao
longo do tempo, fazendo uma ligação entre os povos do Norte e da África Subsaariana (ou África
Negra. Observe o mapa abaixo:

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Povos berberes

Povos sudaneses

Quando se trata da Antiguidade, nosso olhar se foca mais na África Oriental, ao Sul do
Egito. Ali há uma região chamada de Núbia. Nessa região dois importantes Reinos se
desenvolveram: Primeiro o Reino Cuxe (ou KUSH) entre VIII e VI a.C.. Bem depois, já na Era Cristã,
na mesma região, desenvolveu-se o Reino de Axum .
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No que se refere ao Reino Cuxe, sabemos que houve importantes trocas culturais com os
Egípcios. Arqueólogos já encontraram estátuas de faraós negros. Assim, há aspectos similares na
política, na escultura, na arquitetura, na religião e na escrita.

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Do ponto de vista dos aspectos


econômicos, eram um povo agropastoril e,
nas principais cidades (Napata e Meroé),
desenvolveram o comércio, sobretudo, com
povos do Oriente Médio. Algo inovador era
sua habilidade com a metalurgia. Há um
elemento muito interessante que vale
ressaltar: o papel centras das mulheres
kushitas. Elas eram conhecidas como rainhas-
mães e fizeram governos importantes.
 Os produtos que eles vendiam era
ouro, pele, marfim!
 Os produtos que eles compravam era
madeira, tecido, joias, objetos de vidro!
O Reino Cuxe manteve sua atuação, mas
acabou por ser conquistado pelos Axum no
século IV d.C..
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Veja, que, fazendo um paralelo com a


História Geral esse era um momento de crise
do Império Romano e de transição para a
Idade Média.

Guarde esses pontos centrais sobre Axum:

✓ Localização: Chifre da África – região estratégica para o comércio com o Oriente Médio,
Índia e China (Índico)
✓ Forte influência no Sul da Península Arábica
✓ Comércio monetizado, combate à pirataria e intensa vida urbana.
✓ Aliado comercial de Constantinopla no séc. V
✓ Organizou ampla rede de navegação
✓ Adotou o cristianismo ortodoxo

O poderio do Reino Axum se estende até a chegada dos Árabes Islâmicos no continente, a
partir do século VII, momento em que ocorre o processo de arabização/islamização do norte e
nordeste do continente.

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4.2 - A ÁFRICA NA IDADE MÉDIA


Quando olhamos para a África na Idade Média, de um ponto de vista geral, localizados dois
processos diferentes, embora conectados: o que se passa no Norte da África e o que se passa ao
Sul do Saara. Mas não esqueça de que, apesar das diferenças entre Norte e Sul do Saara, sempre
houve trocas comerciais, culturais e sociopolíticas.
A porção Norte do território, de certa maneira, sempre esteve conectado às atividades de
navegação e comércio no mediterrâneo. Acontece que, a partir do século VII, os árabes
islamizados avançaram sobre essa região. Isso impactou profundamente a cultura, a língua e a
religião desses povos, uma vez que ocorreu a expansão da religião no que conhecemos como
jihad.
Esse processo teve como consequências:

✓ Radical e permanente alteração na estrutura política e econômica no mundo


mediterrâneo.
✓ Maior conexão do continente africano com o mundo do mediterrâneo
✓ Os berberes foram islamizados e disseminaram a religião, inclusive para povos
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sudaneses.
✓ Desenvolveram-se importantes centros de cultura, como Timbuktu
✓ Mercadores muçulmanos introduziram os camelos como meio de transporte e
impulsionaram as rotas no Saara (Rotas Transaarianas).

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Devido a essas condições teremos a expansão dos Reinos na África Ocidental.

Por falar em Reinos Africanos, na Idade Média, estes se formaram ao Sul do Saara; e a
primeira coisa a saber é que, naquele momento, essa porção do Continente era marcada por dois
elementos: grandes dimensões territoriais e pouca população concentrada.

Dessa maneira, os especialistas afirmam que os sistemas agrícolas eram móveis, as


migrações eram constantes e o controle sobre as pessoas era mais importante que o controle
sobre a terra (tal como vemos na Europa, por exemplo). Daí tiramos duas características
importantes:

1- O Impérios Africanos da Idade Média não se constituíram como unidades territoriais,


com fronteiras bem definidas (também como aprendemos a vida toda quando
estudamos Europa)
2- O controle de pessoas (e rebanhos) estava na base das relações de poder.
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A partir da observação do mapa vemos a formação de vários reinos. Na Idade Média,


devemos lembrar de três desses reinos que, inclusive se sucederam no tempo porque ocuparam,
mais ou menos a mesma região:
Gana Songai
IV-XII XVII-XVIII

Mali
XIII-XVII
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A unidade de base da organização social era o vilarejo. Cada vilarejo tinha um chefe
político. É bom ressaltar que a base política desses império era a família estendida. Alguns
historiadores também falam que havia uma organização por meio de castas e especialização de
funções. De todo modo, como já falamos, a migração era intensa e o controle dos povos era
elementos fundamental na formação de grandes reinos. Esses reinos controlavam muitos povos
e, também as rotas comerciais que levavam produtos como, sal, marfim, ouro e escravizados até
os portos do Norte.
A região dos reinos de Gana, Mali e Songai constituiu a “Costa do Ouro”. Veja o mapa a
seguir, aplicado a uma questão de prova:

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(FUVEST 2020)

A imagem a seguir
refere‐se às
principais rotas de
comércio da África
do Norte e
Ocidental, no século
XV.
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Em relação às rotas comerciais representadas no mapa, é correto afirmar que elas


(A) indicam que a melhoria das condições ambientais do Saara permitiu a construção de
estradas pelo deserto.
(B) foram construídas pelo poder islâmico do Cairo, que promoveu a unificação de toda a
África do Norte.
(C) mostram a decadência econômica do comércio do Saara oriental, em razão da crise do
Império Egípcio.
(D) atingem a região ao sudoeste do Saara, local de origem do ouro que chegava aos portos
do Mediterrâneo.
(E) representam o poder do Império de Songai, cuja capital era Timbuctu, que unificou todo
o território entre o Atlântico e o mar Vermelho.
Comentários:
- A alternativa A está incorreta, pois as rotas comerciais representadas pelo mapa não eram
estradas construídas. Além disso, o processo de desertificação observado na região não foi
amenizado.
- A alternativa B está incorreta. A região contemplada pelo mapa foi islamizada nos séculos
anteriores, mas não contava com um centro religioso centralizado. Ademais, a crise do
Império Egípcio se deu durante a Antiguidade.

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- A alternativa C está incorreta, pois as múltiplas rotas expressas pelo mapa evidenciam a
intensidade do comércio praticado na região.
- A alternativa D é a resposta. Foi a partir do estabelecimento de feitorias na costa atlântica
da região sudeste do Saara que portugueses tiveram acesso ao rico mercado conduzido
pelos povos islamizados da região, por meio do qual eram obtidos produtos como o ouro, o
marfim e a pimenta malagueta.
- A alternativa E está incorreta, pois o Império de Songai não chegou a unificar todo o deserto
do Saara. Além disso, sua capital era situada em Gao.
Gabarito: D

Vejamos um pouco mais sobre cada um desses reinos:

Gana
Foi fundado, provavelmente, no século V d.C, por um povo berbere. A maior parte da
população era agricultora, mas participava ativamente do comércio transaariano transportando
ouro e trocando por sal. Essa atividade econômica enriqueceu e fortaleceu o reino. Atingiu seu
esplendor em 900 e, por isso, chamou muito a atenção dos árabes. Depois de muitas lutas entre
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famílias distintas, o reino de gana entrou em declínio no século XIII e a região foi dominada pelo
povo Mali.

Mali
O povo Mali fundou um primeiro e pequeno reino chamado Kangaba. Um importante
guerreiro e chefe dos Mali conquistou áreas da costa do ouro e, aos poucos disputou o controle
das rotas transaarianas. Uma importante conquista foi a rica cidade de Timbuktu e Gao. Assim, o
povo Mali conquistou todo o Reino de Gana. O reino do Mali foi esplendoroso e a região mais
rica da África
No século XIV, um importante do Império Mali, Mansa Musa, convertido ao islamismo fez
sua peregrinação até Meca. Como é parte da tradição religiosa islâmica a doação de esmolas, o
Rei doou 100 camelos e toneladas de ouro. Com isso, o Mali ficou conhecido em todo o
Mediterrâneo, entre Europeus, Árabes e Asiáticos.
Uma importante marca de Mansa Musa foi transformas a cidade de Timbuktu em um
importante centro de estudos islâmicos, por volta de 1337.
Já, por volta do século XV, já no comecinho da Idade Moderna, a Dinastia Songai se torna
independente do Império Mali

Songai
Um importante líder dos Songai foi Sunni Ali (observe que já tem um nome bem
arabizado).A Organização política-militar deles era muito maior e mais complexa que a dos Mali.
O sucessor de Sunni foi Askia Mohammed, que criou um exército profissional. Além disso, libertou
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o povo. Sim!!!! Fez diferente: deixou-os livres para trabalhar na agricultura, artesanato e comércio.
Passou a cobrar impostos sobre essas atividades. Mas, não deixou de explorar as minas de ouro,
sal, marfim, óleo de palma (e de outros vegetais) e escravos. Ainda continuaram controlando as
rotas transaarianas, mas estabeleceram uma segunda rota que passava pelo Saara e atingia o
Mediterrâneo pela Argélia.

(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Na imagem a seguir, a parte que retrata o norte da África se refere a peregrinação de Mansa
Musa pelas cidades de Tagaza, Tuat, Cairo, Meca e Medina, no século XIV.
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Atlas catação [detalhe], de Abraão e Jahuda Cresques, 1375. Fonte: Bridgeman Arte
Library/Keystone-Biblioteca Nacional da França, Paris.

Em relação às rotas existentes na região pelas quais passou o imperador do Mali, é correto
afirmar que elas
a) eram bem pouco utilizadas, pois o comércio era rudimentar entre as nações africanas
naquele período.
b) faziam parte de um amplo emaranhado de rotas que davam vida a um intenso comércio
por todo Saara e além dele.
c) foram traçadas somente após o contato com os europeus, sobretudo portugueses, a partir
do século XV.
d) eram percorridas por caravanas de mercadores que utilizavam cavalos como principal meio
de transporte.
e) foram desativadas por conta da expansão islâmica, pois os muçulmanos isolaram os
africanos do comércio internacional.

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Comentários
Veja, o enunciado nos fornece informações importantes. O tempo de referência é o século
XIV e o espaço é o norte da África. O tema são as rotas que cruzavam essa região,
conectando o Mediterrâneo e o Oriente Médio à África subsaariana. O mapa retrata a
peregrinação do imperador do Mali à Meca. Localizado na África Ocidental, na fronteira sul
do deserto, esse império floresceu entre os séculos XIII e XVI, governado por dirigentes
chamados de mansas. No Mali, a islamização foi mais presente e muitos mansas fizeram
peregrinações à cidade de Meca, capital religiosa do Islã. Mansa Musa governou entre 1312
e 1337, sendo responsável pelo avanço da religião islâmica na região, pela expansão do
Império, pela reorganização das províncias governadas por emires e, por fim, pela conquista
das importantes cidades e Ualata, Timbuctu, Takedda e Gao. A economia se baseava na
agricultura e no comércio. Agora que te localizei no assunto, atente-se ao fato de que a
questão está perguntando justamente sobre as rotas que cruzavam o deserto conectando
várias cidades importantes.
a) Incorreta. Desde a Antiguidade já havia rotas comerciais que cruzava o Saara conectando
várias cidades e reinos africanos. Durante o período medieval, esses caminhos foram cada
vez mais utilizados, ainda mais após a expansão islâmica pelo norte do continente. Gana,
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reino do qual se originou o Mali, já era uma potência comercial na região desde o início da
Idade Média.
b) Correta! Como a própria peregrinação de Mansa Musa demonstra, essas rotas ligavam
várias cidades e reinos africanos, mas também chegavam até Meca e Medina na Península
Arábica e em portos importantes no Mediterrâneo. Os principais itens comercializados eram
sal, ouro, escravos e noz de cola.
c) Incorreta. Como disse acima, essas rotas existiam a muitos anos, desde a Antiguidade e
Idade Média. Portanto, muito antes de portugueses e outros europeus começarem a aportar
na costa africana em busca de novas mercadorias.
d) Incorreta. Realmente, o comércio e o transporte em geral eram realizados em caravanas
com vários mercadores nômades que circulavam entre as cidades e reinos levando
mercadorias e pessoas. No entanto, eles não usavam cavalos, mas sim camelos! Os cavalos
não aguentavam viagens longas em um ambiente como o deserto. Os camelos estavam
muito mais adaptados a esse cenário.
e) Incorreta. Na verdade, com a expansão islâmica essas rotas foram ainda mais utilizadas,
pois os muçulmanos tinham grande interesse em conquistar e/ou converter as sociedades
africanas. No mínimo queriam comercializar com elas, por isso usaram bastante essas rotas
e até tentaram controlar algumas delas.
Gabarito: B

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Bem, queridas e queridos alunos, chegamos ao final de mais uma aula.


Agora é hora de fazer seu controle de temporalidade. É hora, também, de arrasar nas
questões. Faça todas!!! Cada comentário foi preparado com muita atenção e carinho para te
ajudar na “missão gabaritar”!
Se rolar dúvidas, já sabe onde me encontrar, né. Fórum de Dúvidas!
Me segue no insta @profe.ale.lopes e, se quiser, pode entrar no meu grupo exclusivo do
Telegram https://t.me/profealopes
Um beijo apertado e um suspiro dobrado, de amor sem fim!
Alê :)
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4. QUESTÃO ESSENCIAL – ENCCEJA


(ENCCEJA 2018/2019) 4000119915
Elixir do mundo moderno
A fruta vermelha que nasce da flor branca do pé de café foi descoberta por volta do ano 525
no interior da Etiópia. Os etíopes se alimentavam de sua polpa doce, por vezes macerada,
ou misturada em banha, para refeição. O café da Etiópia atravessou o Mar Vermelho e foi
levado para a Península Arábica, onde era consumido como bebida após a torrefação.
Impregnado na cultura do mundo islâmico, o café foi incluído até mesmo na legislação turca,
segundo a qual as esposas podiam pedir divórcio caso os maridos não provessem a casa com
uma cota de café. Porém, o uso excessivo do café, libertador de emoções, levou o
governador de Meca a proibi-lo em casas públicas e mosteiros em 1511.
MARTINS, A. L. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 57, jun. 2010.
A história do fruto mencionado o apresenta como uma iguaria
a) considerada originalmente sagrada.
b) apropriada de diferentes maneiras pelas sociedades.
c) conhecida em vários países pelo seu valor medicinal.
d) valorizada internacionalmente por seu potencial econômico.

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5. QUESTÕES PARA APROFUNDAMENTO


(Estratégia Vestibulares/Profe. Alê Lopes/ 2021)

Após a morte de Maomé, em 632, o mundo islâmico se dividiu em diferentes califados,


ordem política na qual o califa (governante) possuía um caráter divino. Os califas organizaram
fortes exércitos e empreenderam uma grande expansão pelo Oriente Médio e pelo litoral
do Mediterrâneo. Quanto as motivações dessa expansão, é correto afirmar que
a) o fortalecimento do Império Bizantino obrigou muitos califados a migrar para fugir de
suas campanhas militares.
b) a doutrina da jihad inspirava motivação em guerreiros e conquistadores ao prometer
o paraíso àqueles que morressem lutando pelo Islã.
c) as Cruzadas empreendidas pelos cristãos europeus forçaram os muçulmanos a reagir
realizando suas próprias campanhas militares de expansão.
d) os árabes foram obrigados a iniciar sua expansão para o ocidente devido às invasões
bárbaras lideradas pelos hunos de Átila e outros povos bárbaros.
e) a expansão foi desencadeada após a vitória muçulmana na batalha de Poitiers contra
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as tropas de Carlos Martel.


(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Alê Lopes)

“Este senhor negro é aquele muito melhor senhor dos negros de Guiné. Este rei é o mais
rico e o mais nobre senhor de toda esta parte, com abundância de ouro na sua terra. Embaixo
do globo de ouro que o imperador Mansa Musa segura na mão direita está a representação
da cidade de Tumbuctu.”
Atlas Catalão, de Abraão e Jahuda Cresques, [1375]. In: DAVIDSON, Brasil. “Os impérios
africanos”. In: História em Revista (1300-1400). A era da calamidade. Rio de Janeiro: Abril
Livros/Time Life, 1992, p. 149.
O Atlas catalão foi feito por Abraão e Jahuda Cresques, judeus da Espanha. Os escritos que
nele aparecem são de autoria do escritor árabe Al-Umari, o qual produziu uma série de
registros sobre a África Pré-Colonial. Com base no fragmento, é possível concluir que a
sociedade africana abordada
a) trata-se do Reino do Congo, governado por dirigentes chamados de mansas, alguns deles
famosos por suas peregrinações a Meca e a Medina.
b) é o Reino de Benin, localizado na porção sul da atual Nigéria e cuja capital é a cidade de
Tumbuctu. A agricultura em seu território era pobre em virtude do rápido desgaste do solo.
Por isso, essa sociedade se dedicou à mineração e ao comércio.

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c) compunha o reino do Zimbábue, região onde havia muito ouro e marfim. Com a expansão
islâmica pela costa oriental da África, seu comércio floresceu e a sua volta também acabaram
surgindo várias cidades independentes que eram centros comerciais.
d) constituía o Império Mali, cujos governantes se converteram ao islamismo, apesar de
muitas populações camponesas e trabalhadores urbanos continuarem com suas práticas
religiosas anteriores.
e) integrava a União Sul Africana, um estado africano expansionista, que acabou se aliando
aos europeus a partir do século XVIII para realizar seus objetivos econômicos e militares no
sul da África.
(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
"Assim se realizam, no correr do século IV, a transformação do cristianismo de religião
perseguida em religião do estado e a transformação de um deus rejeitado em um Deus
oficial. Os homens e as mulheres que vivem na Europa ocidental passam, em poucos
decênios, do culto de uma multiplicidade de deuses a um Deus único".
(LE GOFF, J. O Deus da Idade Média. Conversas com Jean-Luc Pouthier. rio de Janeiro:
Civilização,2007. p. 19-20).
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Esse lugar ocupado pela religião no fim do Império Romano e início da sociedade medieval
decorreu, dentre outros motivos,
a) da rápida descentralização da sociedade em direção ao meio rural, fato que dificultou a
interação entre distintas religiões e favoreceu o protestantismo.
b das revoltas religiosas lideradas por leigos que incentivavam a morte pública dos fieis das
religiões pagãs.
c) da conversão de germânicos e do reconhecimento oficial da Igreja Católica pelos
Imperadores de Roma.
d) da aliança entre Igreja e senhores feudais, de modo que estes últimos se submeteram ao
poder político religioso.
e) da fuga dos cristãos em direção ao meio rural em razão das guerras religiosas contra os
árabes mulçumanos.
(Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

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A expansão do Império Macedônico, liderada por Alexandre Magno, deu origem à civilização
helenística caracterizada pela
a) fusão de elementos culturais oriundos da civilização romana e dos povos germânicos nos
primeiros séculos da era cristã.
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b) adoção de símbolos e rituais africanos à religião cristã, por meio do sincretismo de deuses
pagãos e santos católicos.
c) difusão do islamismo sunita por toda a costa mediterrânea, que foi capaz de subjugar os
bizantinos no leste e os ibéricos no oeste durante o medievo.
d) disseminação da cultura grega pelo oriente enquanto promovia a abertura do mundo
grego às culturas orientais.
e) derrota dos romanos, que passaram a ter sua cultura discriminada e perseguida,
obrigando-os a adotar a religião do conquistador.
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
Considere o mapa para responder à questão.

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No que diz respeito à história do islamismo e do povo árabe-mulçumano,


a) apesar de terem ocupado a Península Ibérica, os árabes-mulçumanos não se
estabeleceram na Europa, pois o objetivo era a realização de saques.
b) a identidade étnico-cultural do povo árabe, baseada em um único tribalismo, facilitou a o
processo de expansão.
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c) o islã foi fundado a partir das influências do cristianismo e do judaísmo e os ensinamentos


foram redigidos no texto sagrado Corão ou Alcorão.
d) a partir da segunda metade do século VIII, a força da expansão islâmica atingiu o Reino
dos Francos, assegurando a dominação árabe na Europa central.
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
Uma equipe de brilhantes tradutores, muitos deles cristãos nestorianos, mas também judeus
e muçulmanos, fez com que os textos gregos fossem acessíveis em árabe. E quando os
árabes entraram em contato com a ciência e a filosofia gregas, começou um florescimento
cultural que alguns autores compararam a um híbrido de Renascimento e Iluminismo. Os
estudos de astronomia, alquimia, medicina e matemática desenvolvidos pelos muçulmanos
árabes permitiram que nos séculos IX e X fossem feitas no Império abássida mais descobertas
científicas do que em qualquer outro período anterior da história. A influência das traduções,
somada à produção própria dos árabes, fez florescer nas principais cidades muçulmanas
centros de estudos que adquiriram renome, alguns dos quais existem ainda hoje, como a
Universidade Al-Azhar, no Egito, onde lecionou Ibn Khaldun. A riqueza da produção cultural
passou a ser uma das principais características do período clássico do Império islâmico.
(Beatriz Bissio, O mundo falava árabe. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.)
Considerando o texto acima sobre o Islã Medieval e seus conhecimentos, assinale a
alternativa correta.

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a) A extensão do território sob domínio islâmico e a perseguição dos povos não muçulmanos
estimulou o surgimento de uma classe de intelectuais laicos, responsáveis pela disseminação
de conhecimentos científicos e elementos culturais.
b) O Islã Medieval incentivou a formação de centros de estudo em zonas urbanizadas,
responsáveis por avanços científicos e culturais a partir do intercâmbio com elementos de
culturas de povos dominados, entre eles bizantinos e judeus.
c) O fundamentalismo religioso fez com que os territórios atingidos pela Civilização do Islã
fossem privados do intercâmbio de saberes com os povos conquistados, de maneira que
todos os avanços científicos do período foram promovidos exclusivamente por muçulmanos.
d) Apesar do apreço demonstrado pela ciência e cultura, o papel do Islã Medieval se
restringiu ao de mero assimilador das contribuições dos povos dominados a partir do século
VII, sem promover esforços pela construção de novos conhecimentos.
(/Estratégia Vestibulares/Profe. Alê Lopes/2020)
A Shari’a é o nome que se dá a uma série de prescrições jurídicas e morais – doutrina seguida
pela sociedade islâmica. Mas, para uma parte da opinião mundial, o Islam tem sido
identificado com uma ordem social arcaica, brutal e aterrorizante, na qual a mulher é um ser
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inferior e oprimido, os adúlteros são apedrejados, o ladrão tem as mãos amputadas, os


escritores polêmicos merecem sentenças de morte, os jovens estão prontos a se suicidar em
nome de Deus e os assassinos de mulheres e crianças estão convencidos de que merecem o
paraíso.
Contudo, não era assim há algumas décadas. Nos últimos 30 anos, o Islam se transformou
de uma religião parada no tempo, mas serena e santificante, exótica, mas admirável, em algo
percebido como um perigo ou uma ameaça para o mundo todo. Nem no tempo das
Cruzadas, a imagem do Islam foi tão negativa. Se antes, o que assustava a maioria das
pessoas era o espectro do comunismo e o temor dos russos e dos chineses adeptos deste
regime, agora é o espectro do Islam e dos mulçumanos extremistas que muitos temem.
(CATTANI, Roberto. Islam e Islamismo. São Paulo: Ed. Claridade. Coleção Saber de Tudo.
2008, pp 9-10)
A percepção do texto apresenta duas imagens que, em geral, o mundo ocidental construiu
em torno do islamismo e seus seguidores. Essas conotações negativas do islã contrastam,
a) com o surgimento do islamismo de Maomé, o qual não pregou guerra para expandir sua
fé.
b) com o califado de Córdoba em Al-Andaluzia, entre os séculos VIII e XII, momento que se
tornou um exemplo de convivência bem-sucedida entre mulçumanos, judeus e cristãos.

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c) com o período de abstinência intelectual dos árabes, entre os séculos VII e XVIII, quando
a religião proibia leitura de textos gregos, estudos aritméticos, enfim, um maior contato com
a ciência.
d) com o pacifismo pregado pela Igreja Católica quando da expansão em direção a
Jerusalém, entre 1096 e 1270.

6. QUESTÕES PARA CONSOLIDAÇÃO


(UFPR 2018)
Para muitos pesquisadores, é correto assinalar que durante a Idade Média foram os árabes,
não os cristãos, os herdeiros e sucessores da ciência helênica, uma herança que fez com que
toda a extensão dos seus domínios, da Espanha ao Afeganistão, o mundo muçulmano, fosse
cenário de uma atividade intelectual intensa, não só em filosofia, mas também em
matemática, astronomia e medicina. Nem sempre conhecida ou traduzida no Ocidente, essa
produção está preservada em uma grande quantidade de manuscritos.
(BISSIO, Beatriz. O mundo falava árabe. A civilização árabe-islâmica clássica através da obra
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de Ibn Khaldun e Ibn Battuta. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 36.)
Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre o mundo muçulmano na Idade Média,
assinale a alternativa correta.
a) Foi justamente em função do seu caráter religioso fragmentado que o mundo muçulmano
e a sua civilização distinguiram-se mais vigorosamente do Ocidente cristão, fortemente
homogêneo. A existência, no seio do Império Muçulmano, de numerosas tendências
religiosas teve consequências consideráveis na produção de manuscritos.
b) Apesar da sua hegemonia nas ciências durante o período medieval, a civilização
muçulmana era, afinal, um simples conjunto díspar de empréstimos culturais, o qual não
conseguia refletir o novo universalismo e a nova ordem social que se instaurou com o
surgimento do Islã.
c) Durante esse período, cidades como Córdoba, Bagdá e Alexandria, entre outras, se
tornaram centros de intercâmbio de conhecimentos. Tratava-se de um circuito cosmopolita
do qual a Europa, periférica e tragada por diversas crises religiosas, não participou.
d) A Idade Média foi um período caraterizado pelo domínio efetivo, militar e político, dos
países muçulmanos sobre os países cristãos. Um domínio caracterizado, entre outras coisas,
pela presença hegemônica da língua árabe nos espaços comerciais, políticos e acadêmicos
da Europa.
e) Existe consenso entre a maioria dos historiadores que estudam o período de que a
emergência do horizonte renascentista deve muito ao trabalho dos sábios e acadêmicos
muçulmanos, conhecidos pelo mundo cristão, sobretudo, através da Península Ibérica.

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(Unicentro 2011)
Os conhecimentos sobre as três maiores religiões monoteístas que existem no mundo
contemporâneo permitem afirmar:
a) As religiões estão articuladas ao mesmo tronco comum, responsável pela organização do
pensamento judaico-cristão do pecado original e do projeto de salvação, bem como do
pensamento islâmico da não reprodução da imagem de seres vivos.
b) O cristianismo, religião monoteísta que conta com o maior número de adeptos no mundo,
apresenta-se dividido em dois grandes ramos: catolicismo romano e protestantismo.
c) O poder político instalado no Estado de Israel exige que todos os seus habitantes
obedeçam às rigorosas práticas religiosas, observadas desde a antiguidade bíblica.
d) A Igreja Ortodoxa representa uma síntese entre crenças judaicas, cristãs e os antigos
rituais gregos do período clássico.
e) A religião islâmica, predominante no Oriente Médio, mantém-se unificada em torno dos
princípios tradicionais registrados no livro sagrado Corão.
(IF/Sul-riograndense)
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“A Igreja Ortodoxa resultou da ruptura com a Igreja de Roma, em 1054. Até ocorrer o Cisma,
duas grandes tradições conviviam no interior do cristianismo: a latina, no Império Romano
do Ocidente, com sede em Roma, e a bizantina, no Império Romano do Oriente, sediada em
Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul, na Turquia).
A Igreja Ortodoxa adota os mesmos sacramentos da Igreja Católica. No entanto, os rituais
ortodoxos são cantados sem o acompanhamento de instrumentos musicais e as imagens
esculpidas de santos são proibidas, exceto o crucifixo e os ícones sagrados.
Os ortodoxos não admitem o conceito de infalibilidade do papa e do purgatório, lugar
intermediário entre o Céu, reservado aos crentes, e o Inferno, destinado aos pagãos.
Também rejeitam a doutrina católica da Imaculada Conceição segundo a qual Maria teria
nascido sem pecado e concebido seu filho virgem. De acordo com os ortodoxos, esse dogma
não faz parte da narrativa bíblica e contraria a doutrina tradicional do pecado original.”
BRAICK, Patrícia e Ramos. MATA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio.
2ª ed. - São Paulo, Moderna, 2010. p. 175.
O Cisma do Oriente, referido no texto acima resultou
a) na divisão do cristianismo em Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Ortodoxa.
b) no surgimento das religiões protestantes, como a Igreja Luterana e a Anglicana, na Europa
Ocidental.
c) no fortalecimento do cristianismo, com a criação da Companhia de Jesus, do militar Inácio
de Loiola.

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d) na organização do Concílio de Trento, com o intuito de reafirmar os dogmas católicos


abalados pelo protestantismo.
e) no surgimento do islamismo.
(IF/2017)
Restritos à Península Arábica até a primeira metade do século VII, os árabes chegaram a
diferentes regiões até o ano de 750 d.C., entrando em contato com outros povos.
Observe o mapa que apresenta o alcance desse movimento no período citado.
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Sobre esse período e com o auxílio das informações do mapa, é correto afirmar que
a) durante o domínio do Império Romano do Ocidente, a expansão árabe facilitou a difusão
da língua latina na região norte da África.
b) os povos árabes conseguiram alcançar regiões além do oceano Atlântico fazendo uso dos
seus conhecimentos cartográficos.
c) durante a Antiguidade, bizantinos, francos e indianos permitiram o avanço dos povos
árabes, tanto no continente europeu, quanto no asiático.
d) o domínio árabe alcançou cidades como Bizâncio, Poitiers e Roma, sobre as quais exerce
influência cultural, política e econômica até o presente.
e) a expansão árabe levou para a Europa, sobretudo a partir da Península Ibérica,
transformações culturais e inovações na Álgebra, na Astronomia, na Medicina entre outras
áreas.
(UNIVESP 2018)
No mundo islâmico medieval, se mantinham numerosos elementos não muçulmanos na
população e, dentre eles, judeus e cristãos se beneficiavam de um estatuto particular: “povos
da Bíblia”. Eram considerados como sendo crentes do mesmo deus, ainda que lhes faltasse
a revelação suprema e derradeira, a de Maomé. (George Tate. O Oriente das Cruzadas. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2008. Adaptado)

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O trecho apresenta uma característica fundamental do mundo árabe islâmico no contexto da


expansão muçulmana, corretamente identificada como
a) obscurantismo dogmático.
b) preconceito racial.
c) comportamento xenofóbico.
d) intolerância religiosa.
e) coexistência com a diferença.
(UECE - 2020)
A contribuição dos árabes para o mundo moderno ocidental entre os séculos VII e XI é
significativa, especialmente porque alguns valores culturais da Antiguidade clássica foram
difundidos por meio da
A) tradução e difusão, entre os europeus, de importantes obras gregas.
B) distribuição de obras proféticas sobre o destino da humanidade através das estrelas.
C) introdução de novas técnicas de cultivo e de métodos inovadores da medicina.
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D) valorização da ciência experimental não submetida ao pensamento religioso.


(UECE 2015)
No ano de 2006, os líderes religiosos, o Papa Católico Bento XVI e o Patriarca Ecumênico
Ortodoxo Bartolomeu I, encontraram-se em Istambul, na Turquia. O encontro marcou a
reaproximação entre Católicos e Ortodoxos, e renovou os compromissos em continuar o
caminho da unidade dos cristãos e o diálogo entre ambas as religiões. A ruptura entre
Católicos e Ortodoxos
a) ocorreu em 330 com a transferência da capital do Império Romano para Constantinopla.
b) foi conduzida pelo Imperador bizantino Justiniano, que governou entre 527 e 565.
c) deu-se devido às desavenças entre católicos e o poder imperial, pela cobrança de
indulgências.
d) aconteceu em 1054 e ficou conhecida como Cisma do Oriente.
(UECE 2008)
Sobre os fundamentos do Islã ou Islame, assinale o correto.
a) É uma religião politeísta que surgiu no final do século IV d.C. e tem em Maomé seu
principal mártir. Seu livro sagrado é o Talmude.
b) É uma religião monoteísta que surgiu no século X d.C.. Sua sede religiosa é a cidade de
Medina e seu livro sagrado é a Kaaba.

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c) É uma religião politeísta que surgiu no século I d.C.. Sua sede é Jerusalém, Maomé seu
fundador e não tem um livro sagrado.
d) É uma religião monoteísta que surgiu no século VII d.C. Seu profeta é Maomé e seu livro
sagrado é o Alcorão.
(UFMS 2004)
Sobre o Império Bizantino, durante algum tempo também chamado de Império Romano do
Oriente, é correto afirmar que:
01) as Cruzadas contribuíram para sua decadência, pois causaram a reabertura do
Mediterrâneo aos mercados ocidentais, um maior contato entre os mundos cristão ocidental,
muçulmano e bizantino e o aumento do anti-semitismo na Europa.
02) a herança da filosofia grega, de enorme influência na sociedade bizantina, contribuiu para
a existência de um ambiente de debates em torno de temas religiosos, a exemplo da origem
e natureza de Jesus Cristo.
04) a civilização bizantina exerceu poquíssimas influências culturais sobre as sociedades
medievais, principalmente sobre as eslavas.
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08) a arte bizantina foi marcada pela fusão de elementos culturais asiáticos, gregos e latinos,
condicionados pelo Cristianismo.
16) em 1453, Constantinopla foi conquista pelos turcos otomanos liderados pelo sultão
Maomé II, sendo transformada na capital do Império Otomano, momento em que seu nome
foi mudado para Istambul.
(UFJF 2018)
A notícia abaixo, publicada em uma revista semanal brasileira, informa acerca de um
importante problema contemporâneo. Observe:

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"Homem carrega cartaz com a inscrição "terrorista não é muçulmano" durante marcha a
favor da paz que reuniu 10 mil pessoas em Toulouse, na França, em 21 de novembro de
2015."
"Os atentados terroristas em Paris serviram de estopim para uma nova onda de discurso de
ódio direcionado ao islã. Na França, a desconfiança e a hostilidade aos muçulmanos se
solidificam, enquanto nos Estados Unidos a islamofobia ganha legitimidade no debate
político e, até no Brasil, muçulmanos são alvos de agressões físicas."
Carta Capital, 01/12/2015
O problema evocado na notícia possui uma raiz histórica profunda e secular. Em que cenário
histórico podemos situar essa raiz?
a) nas sucessivas guerras entre cidades-estado gregas no século V a.C.
b) nos conflitos provocados pelas chamadas expansões bárbaras no século V.
c) na relação entre mundo árabe e cristão desde a expansão árabe no século VIII.
d) na expansão marítima europeia no século XV.
e) na ocupação dos territórios americanos pelos europeus no século XVI.
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(UPE 2018)

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O Saltério de Chludov, hoje na Rússia, é um dos mais importantes documentos provenientes


do Império Bizantino. Essa iluminura, em especial, retrata um importante movimento
sociopolítico ocorrido nesse Estado, denominado de
a) Cesaropapismo, a aliança entre o Imperador e o Patriarca.
b) Iconoclasmo, o movimento pela destruição dos ícones religiosos.
c) Bizantinismo, a discussão interminável sobre temas exotéricos.
d) Cisma, a excomunhão mútua entre as igrejas Católica Romana e Ortodoxa Oriental.
e) Iluminismo, a política em prol da ilustração dos manuscritos.
(ESPM 2017)
Um ano depois de terem saído das fronteiras da Arábia, em 633, os árabes já tinham
atravessado o deserto e derrotado o imperador bizantino Heráclio, nas margens do rio
Yarmuk; em três anos tinham tomado Damasco; cinco anos mais, Jerusalém; passados oito
anos controlavam totalmente a Síria, a Palestina e o Egito. Em 20 anos, todo o Império Persa,

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até ao Oxus, tinha caído sob a espada árabe; em 30 era o Afeganistão e a maior parte do
Punjab.
Jaime Nogueira Pinto. O Islão e o Ocidente: a grande discórdia.
A impressionante velocidade da expansão islâmica, tratada no texto, deve ser relacionada
com:
a) a solidariedade entre os povos;
b) jejum do Ramadã;
c) Jihad e Guerra Santa;
d) rituais da Ashura;
e) peregrinação a Meca.
(UFPE)
O Cisma do Oriente, em 1054, trouxe o surgimento de duas Igrejas, uma delas subordinada
ao patriarca de Constantinopla. O Cisma foi resultado sobretudo:
a) das pressões exercidas pelos seguidores da heresia monofisista que negavam o dogma da
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Santíssima Trindade.
b) das instabilidades políticas causadas pelas manobras políticas de Justiniano.
c) das divergências existentes entre as duas formas de viver o Cristianismo, uma ligada ao
Ocidente e outra, aos costumes culturais bizantinos.
d) das pressões feitas pelos iconoclastas, defensores de uma religião sem clero, apenas
influenciada por uma leitura direta das santas escrituras.
e) de uma mera luta política por mais poder, desencadeada pelo patriarca de Constantinopla,
Miguel Celurário.
(UNICAMP 2019)
Os estudiosos muçulmanos adaptaram a herança recebida dos povos arabizados. Entre os
domínios conquistados pelos muçulmanos estavam a Mesopotâmia e o antigo Egito,
civilizações que desde cedo observaram os fenômenos astronômicos. O estudo dos
fenômenos naturais no Crescente Fértil possibilitou a agricultura e perdurou por milênios.
Nas costas do Mar Egeu, na região da Jônia, surgiram no século VI a.C. as primeiras
explicações dos fenômenos naturais desvinculadas dos desígnios divinos. E as conquistas de
Alexandre permitiram o início do intercâmbio entre o conhecimento grego, de um lado, e o
dos antigos impérios egípcio, babilônico e persa, de outro. Além disso, houve trocas
científicas e culturais com os indianos. O império árabe-islâmico foi, a partir do século VII, o
herdeiro desse legado científico multicultural, ao qual os estudiosos muçulmanos deram seus
aportes ao longo da Idade Média.

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(Adaptado de Beatriz Bissio, O mundo falava árabe. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2012, p. 200-201.)
Considerando o texto acima sobre o Islã Medieval e seus conhecimentos, assinale a
alternativa correta.
a) A extensão do território sob domínio islâmico e a liberdade religiosa e cultural
implementada nessas áreas aceleraram a construção de novos conhecimentos pautados na
cosmologia ocidental.
b) A partir do século VII, o avanço dos exércitos islâmicos garantiu a expansão do império de
forma ditatorial sobre antigos núcleos culturais da Índia até as terras gregas do Império
Bizantino, chegando à Espanha.
c) Os conhecimentos sobre os fenômenos naturais construídos pelos mesopotâmicos,
egípcios, macedônicos, babilônicos, persas, entre outros povos, foram ignorados pelo Islã
Medieval, marcado pelo fundamentalismo religioso.
d) A difusão de saberes multiculturais foi uma das marcas do Império árabe-islâmico, sendo
ele a via de transmissão do sistema numérico indiano para o Ocidente e de obras da filosofia
greco-romana para o Oriente.
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(UNICAMP 2012)
A longa presença de povos árabes no norte da África, mesmo antes de Maomé, possibilitou
uma interação cultural, um conhecimento das línguas e costumes, o que facilitou
posteriormente a expansão do islamismo. Por outro lado, deve-se considerar a superioridade
bélica de alguns povos africanos, como os sudaneses, que efetivaram a conversão e a
conquista de vários grupos na região da Núbia, promovendo uma expansão do Islã que não
se apoia na presença árabe.
(Adaptado de Luiz Arnaut e Ana Mônica Lopes, História da África: uma introdução. Belo
Horizonte: Crisálida, 2005, p. 29-30.)
Sobre a presença islâmica na África é correto afirmar que:
a) O princípio religioso do esforço de conversão, a jihad, foi marcado pela violência no norte
da África e pela aceitação do islamismo em todo o continente africano.
b) Os processos de interação cultural entre árabes e africanos, como os propiciados pelas
relações comerciais, são anteriores ao surgimento do islamismo.
c) A expansão do islamismo na África ocorreu pela ação dos árabes, suprimindo as crenças
religiosas tradicionais do continente.
d) O islamismo é a principal religião dos povos africanos e sua expansão ocorreu durante a
corrida imperialista do século XIX.

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(UVA 2011)
Do grande Cisma, sofrido pelo Cristianismo no século XI, resultou:
a) o estabelecimento dos Tribunais da Inquisição pela Igreja Católica.
b) a Reforma protestante, que levou à quebra da unidade da Igreja Católica na Europa
ocidental.
c) a “Querela das Investiduras”, que proibia a investidura de clérigos por leigos.
d) a divisão da Igreja em Católica Romana e Ortodoxa Grega.
(UVA 2011)
A doutrina islâmica ou muçulmana baseia-se no livro sagrado Corão ou Alcorão e nos atos,
ditos e ensinados de Maomé, considerado pelos muçulmanos o último e maior profeta
enviado por Alá, o Deus único. Com mais de 1,2 bilhão de adeptos, o islamismo é a crença
que mais cresce no mundo. A religião que seduz tantos corações e mentes tem seu nome
derivado do termo árabe islam, que significa “submissão” (a Deus).
Para explicar a rápida expansão muçulmana, ou do islã, há vários fatores. Analise as
afirmativas abaixo e escreva a letra V nas frases verdadeiras e letra F nas frases falsas.
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( ) A fraqueza defensiva do Ocidente, devido à política de paz e tolerância da Igreja Católica.


( ) No Ocidente a expansão árabe soube aproveitar as fraquezas dos Estados bárbaros
descentralizados, que sucederam o Império Romano.
( ) O estímulo muçulmano à Guerra Santa, coordenado pelos califas, em nome da expansão
da fé islâmica.
( ) O crescimento demográfico da população árabe, que pressionava o povo a procurar terras
favoráveis à agricultura.
A sequência correta, de cima para baixo é:
A) V-V-F-F
B) F-V-F-V
C) F-V-V-V
D) V-F-F-F
(UVA 2010)
Maomé nasceu em Meca, em 570, e tornou-se o nome mais importante da religião dos
árabes depois de Alá. Estava ele com 40 anos quando disse ter sido iluminado por uma visão
do anjo Gabriel, que lhe ordenou que saísse pregando uma nova religião, na qual, “só Alá é
Deus e Maomé é o seu profeta”.
Sobre o Islamismo, religião fundada por Maomé, não é correto afirmar:

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a) A Hégira, fuga de Maomé de Meca para Latreb no dia 16 de julho de 622, marca o início
do calendário maometano.
b) Monoteísmo, fatalismo e resignação são princípios do Islamismo.
c) Quando Maomé morreu, parte da Arábia já se encontrava unificada.
d) O Corão, livro sagrado dos maometanos, não teve grande importância na história do
pensamento muçulmano.
(ACAFE 2022) 4000253911

“O antigo Mali foi criado por diversos povos aparentados que viviam na região situada
entre o rio Senegal e o rio Níger. Os mais importantes deles eram conhecidos como mandingas
(ou malinquês, ou manden). [...] Sundjata Keita (1230-1255) estendeu a influência do Mali às
unidades políticas menores da vizinhança, lançando as bases de um Estado unificado que se
manteria hegemônico até a metade do século XV.” (MACEDO, José Rivair. História da África. São
Paulo: Contexto, 2015. p.55)

Considerando o contexto abordado, no excerto, e os conhecimentos relacionados ao tema,


assinale a alternativa CORRETA.
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a) Grande parte do que se conhece da história do Mali chegou até nossos dias graças aos
sábios e viajantes europeus, que circulavam pela região, registrando por escrito suas observações,
além de terem recuperado antigos escritos na cidade de Timbuktu, datados do século X.

b) Sundjata Keita se converteu ao cristianismo para ampliar sua participação no comércio


aurífero com os europeus e, ignorando os costumes e as tradições de seu povo, obrigou que todos
aderissem à religião monoteísta cristã

c) As conquistas territoriais do Mali foram favorecidas pelo processo de islamização pelo


qual esse reino passou a partir do século XIII, além de sua significativa participação nas rotas
comerciais transaarianas.

d) Mesmo sendo um importante reino, o fato de o Mali se localizar, geograficamente,


próximo ao deserto do Saara impossibilitou sua relação com outros povos e limitou sua
participação no comércio da África Ocidental.

(UNITAU 2022) 4000251998


Os muçulmanos desembarcaram na península Ibérica em 711, onde permaneceram, em
distintas regiões, até 1492. Introduziram inovadoras técnicas agrícolas, desenvolveram as
atividades comerciais, cunharam moedas, construíram estradas e edificaram cidades que
foram autênticos símbolos da riqueza da sociedade urbana andaluza, como Granada, Sevilha,

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Córdoba e Toledo. A longa permanência dos conquistadores muçulmanos deixaria marcas


definitivas no Ocidente.
YAZBEK, Mustafa. A Espanha muçulmana. São Paulo: Ática, 1987. Adaptado.
A cultura muçulmana, presente na península Ibérica desde o século VIII, agiu no Ocidente
como uma força sintetizadora, levando para as regiões conquistadas o que havia de mais
significativo no conhecimento árabe, chinês, indiano e grego.
Sobre a herança deixada pelos islâmicos medievais para a cultura ocidental, leia as
afirmativas abaixo.
I. Introduziram no Ocidente os algarismos hindus, hoje chamados arábicos, desenvolveram a
álgebra e a astronomia.
II. Imortalizaram nomes como os dos médicos e filósofos Averróis e Avicena, sendo que este
teve sua obra enciclopédica utilizada durante muito tempo nas escolas europeias de
Medicina.
III. Traduziram e difundiram o conhecimento clássico grego, recuperando e entregando aos
europeus da Idade Média, um vasto saber.
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IV. As divisões sociais e religiosas estabelecidas pelos muçulmanos na península Ibérica


medieval impediram que o conhecimento científico lá produzido se propagasse pelas demais
regiões da Europa.
Está CORRETO o que se afirma em:
a) I, apenas
b) I e II, apenas
c) II, III e IV, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II e III, apenas.
(ENCCEJA 2018/2019) 4000119915
Elixir do mundo moderno
A fruta vermelha que nasce da flor branca do pé de café foi descoberta por volta do ano 525
no interior da Etiópia. Os etíopes se alimentavam de sua polpa doce, por vezes macerada,
ou misturada em banha, para refeição. O café da Etiópia atravessou o Mar Vermelho e foi
levado para a Península Arábica, onde era consumido como bebida após a torrefação.
Impregnado na cultura do mundo islâmico, o café foi incluído até mesmo na legislação turca,
segundo a qual as esposas podiam pedir divórcio caso os maridos não provessem a casa com
uma cota de café. Porém, o uso excessivo do café, libertador de emoções, levou o
governador de Meca a proibi-lo em casas públicas e mosteiros em 1511.

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MARTINS, A. L. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 57, jun. 2010.


A história do fruto mencionado o apresenta como uma iguaria
a) considerada originalmente sagrada.
b) apropriada de diferentes maneiras pelas sociedades.
c) conhecida em vários países pelo seu valor medicinal.
d) valorizada internacionalmente por seu potencial econômico.
(UNAERP 2020) 4000249836
A Hégira, que ocorreu no ano de 622 a.C., marca o início do calendário islâmico e simboliza
o início da expressão Islã. Assinale a opção que faz referência ao evento histórico que está
por trás desse episódio.
a) Maomé é visitado pelo arcanjo Gabriel, que então lhe ordena como profeta e o incube de
levar a palavra de Deus, Alá, à humanidade.
b) O início do jihad, a guerra santa muçulmana, deflagrada após a morte do profeta Maomé.
c) Enquanto Maomé realizava um de seus retiros espirituais, em uma das cavernas do monte
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Hira, foi visitado e incumbido por Alá de propagar sua palavra.


d) Perseguido em Meca, Maomé migra para Iatreb, uma cidade a cerca de 350 km a norte
de Meca, que mais tarde passaria a ser conhecida por Medina.
e) Maomé, em Meca, conquista acesso ao santuário da Caaba e destrói todos os ídolos dos
quais as tribos árabes daquela região eram devotas.
(FACISB 2016) 4000162303
A queda do Império Romano do Ocidente representou a desagregação do quadro político
do Estado, cujo aparato administrativo e militar entrou em colapso no século V. A
organização social da época tardia persistiu, com a permanência de instituições como o
patrocínio e o colonato. A economia existente no século IV não sofreu de imediato uma
grande transformação. Ao lado dos dominadores bárbaros, a velha aristocracia romana de
latifundiários manteve boa parte de seus privilégios. A força militar dos bárbaros contribuiu
para perpetuar a exploração da massa de colonos, ligando-os estreitamente à terra e
submetendo-os a seus senhores ou seus bispos.
A Igreja garantiu um mínimo de unidade cultural no então fragmentado mundo ocidental.
(Maria Luiza Corassin. Sociedade e política na Roma antiga, 2001.)
Para a historiadora, houve
a) um lento processo de assimilação de instituições romanas, como a estrutura militar, e de
costumes bárbaros, como a servidão dos camponeses.

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b) uma radical transformação política com a organização de exércitos bárbaros, que se


mostraram incapazes de defender as fronteiras do Império Romano.
c) uma transição da economia agrária romana, fundamentada na grande propriedade, para
a atividade mercantil de colonos bárbaros, submetidos aos senhores.
d) uma tentativa fracassada de manter a identidade cultural do Império Romano, uma vez
que a Igreja latina triunfou sobre a religião dos cristãos e dos bárbaros.
e) uma relativa continuidade nas formas de dominação social após a queda do Império
Romano, apesar da descentralização do poder nos reinos bárbaros.
(UEA – 2014 / Segunda Fase)
O Islão não seria nada sem as rotas. As rotas são sua riqueza, sua razão de ser, sua civilização.
Durante séculos, ele ocupou graças a elas uma posição “dominante”. Até a descoberta da
América, ele domina o Velho Mundo, o que constitui, de fato, a sua história “mundial”.
Somente ele coloca em contato as grandes áreas culturais entre as quais se divide o Velho
Mundo: o extremo Oriente, a Europa, a África Negra. Ele é o intermediário. (Fernand
Braudel. Gramática das civilizações, 1987. Adaptado.)
O historiador alude à importância comercial das populações islâmicas no período histórico
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anterior à descoberta da América. A história da economia europeia pode ilustrar a afirmação


do texto, considerando que
(A) os árabes islamizados levaram para a Europa a moeda, as letras de câmbio e os
empréstimos bancários a juros módicos.
(B) as especiarias vindas do Oriente eram adquiridas pelas cidades italianas em portos
muçulmanos da Ásia Menor e do Norte da África.
(C) os califados árabes mantiveram relações comerciais permanentemente pacíficas e
desmilitarizadas com as sociedades cristãs da Europa.
(D) o ganho comercial era considerado pecaminoso na Europa cristã, diferentemente do que
se passava no mundo islâmico.
(E) as técnicas de navegação desenvolvidas pelas sociedades muçulmanas foram assimiladas
pelos navegantes portugueses.
(UNCISAL 2011)
A religião islâmica:
a) tem por base o monoteísmo absoluto que impunha ao crente a sujeição à vontade divina,
segundo o que está expresso no Corão.
b) é original; nela não se percebem marcas ou influências de quaisquer outras religiões
monoteístas.

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c) rejeitava qualquer tipo de exposição pública de fé, mais especificamente aquelas coletivas,
pelo que proibia a construção de templos.
d) obrigava a todos os convertidos o pagamento de um tributo para ajuda aos pobres, o que
contribuiu para o aumento do poder dos chefes tribais.
e) obteve imediata acolhida dos grupos mais abastados da sociedade árabe, pois Maomé
era de origem aristocrática.
(UNCISAL 2010)
O Império Bizantino teve importância histórica na Idade Média, mostrando que não apenas
a Europa produz cultura e tampouco existe um centro de poder que domina toda a vida
social. A economia possuía intensa movimentação financeira, para a época, com fábricas e
um dinâmico comércio. A sociedade desse Império:
a) era marcada pelo igualitarismo, devido aos princípios religiosos dos governantes mais
tradicionais.
b) conseguiu atingir grandes níveis de luxo e ostentação por parte da sua aristocracia,
formada pela minoria da população.
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c) tinha a presença dos latifundiários como dominantes e controladores da maior parte das
riquezas e da administração pública.
d) assemelhava-se à sociedade romana, pela divulgação de ideias republicanas e exaltação
de deuses com poder nos lares mais ricos.
e) garantia a presença de uma hierarquia de poder rígida, embora não houvesse escravos,
nem pessoas muito pobres.
(UNCISAL 2009 / adaptada)
As religiões foram importantes para construir a cultura humana, responder aos anseios e às
indagações de cada época vivida. Na Antiguidade, as religiões:
a) tiveram seus fundamentos baseados na observação da natureza, questionando mistérios
e também o seu envolvimento com a força política.
b) trouxeram unidade cultural para os povos mais primitivos, com seus deuses portadores de
mensagens éticas e libertadoras.
c) firmaram princípios importantes para a vida social, além de estarem articuladas com as
relações de poder da época.
d) restringiram-se a construir rituais de oferendas às divindades, sem preocupação com
princípios morais e políticos.
(UFRR 2019)

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Em 610 surgiu o islamismo com Maomé, um mercador que vivia em Meca e que afirmou ter
recebido, por meio de uma visão, a missão de proclamar a grandeza de Alá. Sua mensagem
atraiu seguidores, mas também despertou a desconfiança e a hostilidade por parte das
autoridades locais. Tal situação fez com que o referido pregador fugisse para poupar a
própria vida.
Tomando como base o exposto anteriormente, leia as alternativas a seguir e assinale a
CORRETA.
A) Está fuga aconteceu em 16 de julho de 622 e ficou conhecida como Hégira, fazendo com
que o calendário islâmico tivesse início nesta data.
B) Esta fuga aconteceu em 14 de julho de 612 e promoveu o início das vertentes Sunita
(responsável pela criação da Sharia) e Xiita (responsável pela composição do Corão).
C) Esta fuga aconteceu em 17 de setembro de 620, sendo Maomé auxiliado por seu tio,
Abbas, que o levou para Murak-Al-Banim e o protegeu em sua propriedade.
D) Esta fuga aconteceu em meados de 618 e imediatamente causou o surgimento dos
califados de Abássida, de Fatímida e de Aiúbidas, fortes protetores do islamismo no Médio
Oriente.
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E) Esta fuga aconteceu em 13 dezembro de 610 quando Maomé foi para Medina e construiu
ali a mesquita de Al-Khebah.
(UFRR 2016)
O Estado Islâmico destrói estátuas milenares de civilizações passadas, cristãos protestantes
brasileiros atiram pedras em adeptos de candomblé e umbanda, cristãos coptas são
assassinados no norte da África, Judeus impedem com violência a cidadania de muçulmanos
no Oriente Médio e, ao mesmo tempo, sofrem preconceito em outros cantos do mundo
inteiro. São apenas alguns exemplos do avanço da intolerância religiosa.
Pires, Yuri. “Nós, idade média e tolerância religiosa.” 05/03/2015. Disponível em
http://www.ideafixa.com/nos-idade-media-e-tolerancia-religiosa. - ADAPTADO.
São comuns, na atualidade, associações entre os eventos de intolerância religiosa e uma
suposta “mentalidade medieval”. Em se tratando de religião na chamada Idade Média,
assinale o que for INCORRETO.
A) Parte da associação entre intolerância religiosa e Idade Média provém do surgimento,
naquele período, dos Tribunais da Inquisição Católica para investigar e punir possíveis
atitudes heréticas na Europa Ocidental.
B) Com dez séculos de duração, a Idade Média foi o período em que ocorreu a expansão e
consolidação do poder da Igreja Católica na Europa Ocidental, o surgimento da Igreja
Ortodoxa no Império Bizantino e o avanço do Islão pelo norte da África.

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C) A perseguição de cristãos estendeu-se na Europa até o século X, quando o imperador


Constantino finalmente proibiu o sacrifício de cristãos no Império Romano.
D) Fundada no século VII pelo profeta Maomé, a religião islâmica tem como livro sagrado o
Alcorão e prega, entre outras coisas, a fidelidade de adoração a Alah e a prática da caridade.
E) Após a queda do Império Romano, diversos povos bárbaros converteram-se ao
cristianismo, influenciando no fortalecimento da Igreja Católica na Europa
(URCA 2011)
O Alcorão (ou Corão) é o livro sagrado da religião Islâmica. Segundo a tradição, é a palavra
de Deus revelada a Maomé. Sobre o Alcorão é INCORRETO afirmar:
a) Os islamitas não admitem que o Alcorão tenha interpretações. Acreditam ser um texto
que qualquer crente pode ler e seguir. Esse integrismo representa um dos maiores
problemas do Islamismo, pois obriga os crentes a seguirem à risca, na atualidade, normas,
regras e condutas pensadas para um contexto de guerra do século VII.
b) O Alcorão aborda a obediência a Deus como caminho para o Paraíso; regras rigorosas
para a vida social e política de natureza teocrática; e instrui os crentes a combater em Guerra
Santa os infiéis a Deus.
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c) O Alcorão reinterpreta acontecimentos fundamentais da Tora dos judeus e dos Evangelhos


dos cristãos, se afirmando superior aos dois.
d) O Alcorão somente é seguido pelos povos muçulmanos residentes na Arábia.
e) Com base no Alcorão são determinadas obrigações e dogmas islamitas, tais como a
necessidade de jejuar no Ramadã fazer cinco orações diárias e a peregrinação anual à Meca.
(URCA 2013)
Judaísmo, Cristianismo e Islamismo são as três grandes religiões de fé monoteísta,
principalmente no Ocidente e Oriente Próximo, e fundadas na crença da revelação histórica
de um deus único registrada nos seus respectivos livros sagrados.
Sobre as três religiões citadas é correto afirmar:
a) Apesar do monoteísmo como princípio comum, não podemos estabelecer relações
históricas de continuidade entre elas.
b) Os princípios básicos do Islamismo surgiram entre os chineses sob a liderança de Maomé
com seus ensinamentos em busca de um caminho superior (Alá) como forma de viver bem e
em equilíbrio entre as vontades da terra e as do céu.
c) No Judaísmo não existe um deus criador do mundo, nem uma igreja organizada ou
sacerdotes, apenas os princípios de que existe um povo, os hebreus, hoje judeus, que tem
uma mesma origem.

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d) Numa sequência cronológica histórica, podemos dizer que o judaísmo e o islamismo


surgiram antes do cristianismo.
e) O Islão é uma fé religiosa e uma comunidade social e política, cuja doutrina enfatiza: o
patriarca Abraão e o maior de seus profetas Maomé; a crença em anjos bons e maus; e a
existência de um Deus único, transcendente e onipotente.
(UESB 2016)
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C identifica a expansão migratória dos árabes no século VII d.C., resultante


01) das migrações de povos africanos para a península arábica, aprofundando a escassez de
alimentos.
02) de profundas alterações climáticas na região, levando a uma seca severa, que exterminou
metade da população da península arábica.
03) da propagação do cristianismo na península arábica, alterando a estrutura familiar das
comunidades locais.
04) da pressão do governo egípcio, a partir da sua expansão em direção da península de
Sinai.
05) da relação desequilibrada entre explosão demográfica, escassez de terras férteis e o
avanço do fervor religioso.
(UESB 2016)
Nós condenamos todos os tipos de atentados realizados contra inocentes, já que o Islã deixa
claras todas as leis em estado de guerra e em estado de paz. Portanto, quando alguém
comete um atentado, como o de Londres, nós repudiamos e também instruímos nossa

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comunidade sobre os fatos. Muitas vezes não sabemos se realmente os autores são
muçulmanos, mas, se forem, somos contra da mesma maneira. Cabe aqui um alerta. É um
erro generalizar e transformar um ato terrorista perpetrado por um grupo de pessoas em
algo que difame a imagem de toda uma nação ou de uma religião. A palavra Islã significa
paz, justiça. Ou, em outra interpretação, submissão total à vontade de Deus. Se uma pessoa
se submete voluntariamente à vontade de Deus, ela jamais terá envolvimento com
terrorismo. (ABDOUNI. In: BARELLA, 2005, p. 11).
O texto e as informações sobre o Estado Islâmico (ISIS), que assusta a política internacional
nos dias atuais, permitem concluir:
01) O fundamentalismo sectário de sunitas e xiitas se dirige contra os próprios povos
islâmicos que, acusados de infiéis, são vítimas indiscriminadas da violência e da intolerância.
02) Os conceitos de paz e justiça, contidos na mensagem do Islã, estão restritos aos textos
sagrados, sendo desconhecidos pelos povos islâmicos da atualidade, que orientam sua
prática pela linha da violência e do terrorismo.
03) A expansão muçulmana na península Ibérica no século VIII d.C. concorreu para a
destruição da cultura local e para o atraso secular da região, no que se refere às práticas
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comerciais e agrícolas.
04) O sectarismo interno e o fundamentalismo terrorista, aliados às disputas territoriais, têm
desvirtuado a prática do Islã por grupos sectários, afastando a mensagem religiosa do seu
significado original.
05) A expansão territorial do ISIS no Oriente Médio segue os mesmos padrões da expansão
árabe muçulmana no século VII d.C., quando populações inteiras foram dizimadas pelo
vandalismo árabe.
(UDESC 2015)
Analise as proposições sobre o Islamismo e a cultura ocidental.
I. O Islamismo é uma religião que se propagou no Oriente Próximo e Norte da África logo
após a morte de Maomé, sobretudo entre os povos que viviam como pastores nômades e
comerciantes das regiões desérticas.
II. Os mouros islamizados do Norte da África ocuparam diversos territórios da Península
Ibérica, do início do século VIII ao final do século XV, permitindo que cristãos e judeus, que
viviam em Portugal e na Espanha, mantivessem suas crenças e cultos, embora oferecessem
vantagens àqueles que se convertessem ao Islã.
III. A Revolução Islâmica no Irã, em 1979, instituiu um estado fundamentalista xiita, no qual
as leis do país passaram a ser inspiradas em preceitos religiosos. Com isso, aqueles que
praticavam o ateísmo, as religiões politeístas, bem como a prostituição, o adultério feminino
e o homossexualismo podiam ser punidos com a pena de morte.

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Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
d) Somente a afirmativa I é verdadeira.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
(UEL 2000)
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(Adaptado de Murilo Cisalpino. "Religiões". São Paulo: Scipione, 1994. p. 49.)


O Islamismo se expandiu tanto, a partir do século VII, que hoje é uma das três religiões mais
difundidas no mundo. A sua grande difusão deve-se sobretudo
a) ao seu vínculo com a etnia árabe e com a raça semita, marginalizadas pelo judaísmo e
cristianismo.
b) a sua oposição ao monoteísmo, característico do judaísmo e cristianismo, mas ausente nas
religiões tribais africanas.
c) a sua tradição de não usar a força para converter os povos conquistados, ao contrário do
que faziam os cristãos.
d) a sua maior flexibilidade moral, se comparada com o rigor da moralidade judaica e cristã.
e) ao respeito às diferenças raciais e capacidade de absorver elementos das culturas dos
povos onde se instalou.
(UEM 2017)
Em relação ao uso dos arcos, das abóbadas e das cúpulas nas construções de diferentes
períodos, assinale o que for correto.

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01) As abóbadas de berço e as de arestas foram utilizadas pela arquitetura românica. Ambas
consistiam em um semicírculo, e as de arestas promoviam uma intersecção, em ângulo reto,
de duas abóbadas de berço.
02) A abóbada de nervuras é um dos componentes construtivos mais importantes da
arquitetura gótica, possível graças ao uso do arco ogival, que permitiu a construção de
igrejas mais altas em relação às da arquitetura românica.
04) A cúpula da antiga basílica de Santa Sofia, em Constantinopla, exemplar marcante da
arquitetura bizantina, é formada por quatro arcos e equilibra-se sobre uma planta quadrada.
08) A arquitetura barroca reflete a ordem, a clareza e a simetria, rompendo com o período
anterior ao perseguir os ideais de racionalidade e de simplicidade nos arcos, nas abóbadas
e nas cúpulas.
16) Os aquedutos romanos foram criados para levar água às cidades por meio da gravidade,
e sua edificação foi possível graças ao uso dos arcos.
(UEM 2015)
O Mundo Muçulmano sempre foi pouco conhecido pelos países ocidentais. A imagem
construída sobre ele foi, em muitos casos, negativa.
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Sobre o passado e as imagens negativas da atualidade dessa cultura, todas as alternativas


estão corretas, exceto a:
a) A presença muçulmana na Europa deixou uma herança cultural muito ampla. A Espanha,
que permaneceu sob domínio muçulmano por boa parte da Idade Média, é o melhor
exemplo disso.
b) Apesar de identificada com a etnia árabe, da qual se origina, a cultura muçulmana está
presente em muitos outros povos, como turcos, habitantes da África e mesmo asiáticos, da
Indonésia.
c) Para grande parte do mundo ocidental, os muçulmanos são identificados como
defensores de uma religião fundamentalista, fanática e intolerante.
d) A cultura muçulmana distingue-se da cultura islâmica pelo fato de que no primeiro caso
há a utilização apenas do Corão, livro sagrado dos muçulmanos e no segundo, aceita-se o
Velho Testamento, base da cultura hebraico-islâmica.
e) Apesar da riqueza do petróleo, que atinge apenas alguns dos países muçulmanos, as
condições de vida da maioria dos países são bastante difíceis, com indicadores sociais muito
baixos.
(UFMS 2004)
Sobre o Império Bizantino, durante algum tempo também chamado de Império Romano do
Oriente, é correto afirmar que:

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01) as Cruzadas contribuíram para sua decadência, pois causaram a reabertura do


Mediterrâneo aos mercados ocidentais, um maior contato entre os mundos cristão ocidental,
muçulmano e bizantino e o aumento do anti-semitismo na Europa.
02) a herança da filosofia grega, de enorme influência na sociedade bizantina, contribuiu para
a existência de um ambiente de debates em torno de temas religiosos, a exemplo da origem
e natureza de Jesus Cristo.
04) a civilização bizantina exerceu poquíssimas influências culturais sobre as sociedades
medievais, principalmente sobre as eslavas.
08) a arte bizantina foi marcada pela fusão de elementos culturais asiáticos, gregos e latinos,
condicionados pelo Cristianismo.
16) em 1453, Constantinopla foi conquista pelos turcos otomanos liderados pelo sultão
Maomé II, sendo transformada na capital do Império Otomano, momento em que seu nome
foi mudado para Istambul.
(UFSC 2000)
Entre as civilizações da antiguidade, que tiveram o Mar Mediterrâneo como cenário do seu
desenvolvimento, destacaram-se os hebreus (Judeus, Israelitas), por terem sido o primeiro
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povo conhecido que afirmou sua fé em um único Deus. As bases da história, da filosofia, da
religião e das leis hebraicas estão contidas na Bíblia, cujos relatos, em parte confirmados por
achados arqueológicos, permitem traçar a evolução histórica e cultural do povo hebreu e
identificar suas influências sobre outras civilizações.
Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) nas suas referências à cultura hebraica.
01) Entre os princípios religiosos contidos na Bíblia está o politeísmo, isto é, a crença em
muitos deuses.
02) O vínculo visível das influências do judaísmo sobre o cristianismo está na pessoa de Cristo,
considerado 'O Messias' pelas duas religiões.
04) Os hebreus destacaram-se em diferentes áreas do conhecimento humano e nos legaram
os livros do Antigo Testamento (Tora).
08) O cristianismo e o islamismo, religiões que têm hoje milhões de seguidores, receberam
influências do judaísmo.
16) O Pentateuco, o Talmud e o Alcorão representam o conjunto dos escritos que reúnem
os preceitos do judaísmo.
(UFSC 1999)
Numa sexta-feira, 8 de agosto de 1998, dois atentados aterrorizaram o mundo. Bombas
explodiram nas embaixadas dos Estados Unidos em Nairobi e Dar es-Salaan, deixando 248

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mortos. Os atentados foram reivindicados pelo grupo "Exército de Libertação dos Santuários
Islâmicos".
Sobre o Islão e os grupos islâmicos fundamentalistas que aterrorizam o ocidente, assinale
a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S).
01) O Islão surgiu a partir das pregações de Maomé.
02) No "Alcorão", que segundo a tradição foi transmitido a Maomé, estão as leis e
ensinamentos da religião islâmica.
04) Os fundamentalistas islâmicos pretendem um Estado dirigido pelas leis do Alcorão.
08) Um número expressivo de fundamentalistas islâmicos prega a guerra santa contra a
sociedade ocidental, principalmente contra os Estados Unidos.
(FGV/2020)
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Sobre a expansão e as rotas comerciais islâmicas, é correto afirmar:


a) Constituída a partir de antigos centros urbanos, como Cairo e Damasco, a expansão foi
marcada pela centralização do poder e pelo estabelecimento de um circuito mercantil
articulado à Europa medieval.
b) Impulsionada simultaneamente com a difusão da religião muçulmana, a expansão foi
sucedida pela fragmentação política nos séculos subsequentes, a despeito do rico mercado
que articulava o Oriente ao continente europeu.
c) Estabelecida devido à crise do mundo romano, a expansão permitiu aos árabes o
restabelecimento de algumas instituições políticas de Roma e o restabelecimento do
Mediterrâneo como Mare Nostrum.

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D) Tributária do desenvolvimento da economia europeia, a expansão islâmica manteve as


características das estruturas sociais e políticas do Norte da África e estimulou um processo
inédito de urbanização na Mesopotâmia.
e) Vinculada à proliferação das práticas religiosas pagãs e animistas, reativas ao cristianismo,
a expansão islâmica esteve imbricada à religião que defendia as práticas mercantis e a
ascensão social como sinal da bênção dos deuses.
(FGV 2019)
Entre 1100 e 1500, a África foi um parceiro privilegiado nas relações intercontinentais do
Velho Mundo. Tanto através do Mediterrâneo como através do oceano Índico, um comércio
intenso, mais frequentemente intermediado pelos muçulmanos, ligava a Europa e a Ásia ao
continente africano. Deve-se enfatizar que vários tipos de comércio organizado no interior
da África já existiam desde a pré-história.
[...] Parece que no plano econômico e comercial a África estava em plena expansão nos
séculos XIV e XV [...]. Grandes correntes de intercâmbios culturais através saram o continente
em todas as direções, confundindo-se por vezes com as correntes de comércio. Não havia
mais regiões isoladas [...].
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(Djibril Tamsir Niane, Relações e intercâmbios entre as várias regiões. Em: História geral da África, IV: África do
século XII ao XVI / editado por Djibril Tamsir Niane)

A partir das considerações do excerto, é correto concluir que


a) o isolamento africano da civilização europeia na transição do mundo medieval para o
moderno, especialmente as regiões subsaarianas, impediu que se desenvolvessem grandes
cidades ou organizações políticas mais sólidas, resultando na preponderância de sociedades
primitivas.
b) as variadas portas de entrada do continente africano, como o Mediterrâneo e o Índico,
estabeleceram importantes contatos com outras regiões do mundo conhecido, mas apenas
com a presença portuguesa no Atlântico o desenvolvimento político-econômico se tornou
duradouro na África.
c) a leitura dos filósofos do Iluminismo acerca da África como um continente sem História foi
confirmada, em grande parte, porque os efetivos saltos econômicos africanos apenas
ocorreram após os contatos estabelecidos pelos europeus, com a expansão marítima iniciada
no século XV.
d) o desenvolvimento econômico africano se efetivou com a consolidação do tráfico
negreiro, porque o continente recebeu recursos em alta escala, dando início a um processo
de forte urbanização, condição necessária para a ampliação dos negócios com as nações
europeias.
e) a ideia de que o isolamento da África negra em relação ao mundo mediterrâneo provocou
o atraso de grande parte do continente é equivocada, porque o deserto do Saara não se

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constituiu uma barreira que impedisse a circulação de pessoas, mercadorias e culturas na


região.
(FGV 2018)
O cristianismo foi difundido nos territórios da Núbia, a partir do século IV, por meio da língua
copta, que passou a ser língua-matriz religiosa de um cristianismo africano, que diferia da
versão oficial romana, e depois da versão bizantina. Essa versão do cristianismo que se
afirmou ao longo dos séculos num processo intricado de amálgamas entre a doutrina
monofisita e os costumes das religiões tradicionais da África negra. A igreja axumita (e,
depois, a igreja etíope) adotou para si o calendário e o rito litúrgico copta, retirado do
modelo praticado pelo clero de Alexandria. Havia costumes, como as danças e os tambores,
os sacrifícios de cabras e, nos primeiros tempos, a admissão da poligamia. Além disso, havia
a distinção entre o consumo de carne pura e impura, a proibição das mulheres de entrarem
nos templos no dia seguinte ao que tiveram relações sexuais e a observação do sábado e
não do domingo como dia consagrado.
(José Rivair Macedo. História da África, 2013. Adaptado)

Nessa versão do cristianismo, há


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a) uma simpatia pelas práticas religiosas externas e restrições à religiosidade tradicional da


África.
b) uma aversão à religiosidade monoteísta de origem oriental, especialmente ao islamismo.
c) a influência do cristianismo primitivo associado ao paganismo do Norte da Europa, que
marcava os principais rituais.
d) uma certa antecipação das práticas cristãs presentes nas religiões pós-Reforma, como a
ligação direta entre Deus e o fiel.
e) um complexo processo de mistura e ressignificação de uma série de tradições religiosas,
caso das africanas e do judaísmo.
(FGV 2016)
“Em muitos reinos sudaneses, sobretudo entre os reis e as elites, o islamismo foi bem
recebido e conseguiu vários adeptos, tendo chegado à região da savana africana,
provavelmente, antes do século XI, trazido pela família árabe-berbere dos Kunta.
(...) O islamismo possuía alguns preceitos atraentes e aceitáveis pelas concepções religiosas
africanas, (...) associava as histórias sagradas às genealogias, acreditava na revelação divina,
na existência de um criador e no destino. (...) O escritor árabe Ibn Batuta relatou, no século
XIV, que o rei do Mali, numa manhã, comemorou a data islâmica do fim do Ramadã e, à
tarde, presenciou um ritual da religião tradicional realizado por trovadores com máscaras de
aves.”
(Regiane Augusto de Mattos, História e cultura afro-brasileira. 2011)

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Considerando o trecho e os conhecimentos sobre a história da África, é correto afirmar que


a) a penetração do islamismo nas regiões subsaarianas mostrou-se superficial porque atingiu
poucos setores sociais, especialmente aqueles voltados aos negócios comerciais, além de
sofrer forte concorrência do cristianismo.
b) a presença do islamismo no continente africano derivou da impossibilidade dos árabes em
ocupar regiões na Península Ibérica, o que os levou à invasão de territórios subsaarianos,
onde ocorreu violenta imposição religiosa.
c) o desprezo das sociedades africanas pela tradição árabe gerou transações comerciais
marcadas pela desconfiança recíproca, desprezo mudado, posteriormente, com o abandono
das religiões primitivas da África e com a hegemonia do islamismo.
d) o comércio transaariano foi uma das portas de entrada do islamismo na África, e essa
religião, em algumas regiões do continente, ou incorporou-se às religiões tradicionais ou
facilitou uma convivência relativamente harmônica.
e) as correntes islâmicas mais moderadas, caso dos sunitas, influenciaram as principais
lideranças da África ocidental, possibilitando a formação de novas denominações religiosas,
não islâmicas, desligadas das tradições tribais locais.
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(FGV 2009)

Durante a Antiguidade e a Idade Média, a África permaneceu relativamente isolada do


resto do mundo. Em 1415, os portugueses conquistaram Ceuta, no norte do continente, dando
início à exploração de sua costa ocidental.

(José Jobson de A. Arruda e Nelson Piletti, Toda a História)

Acerca da África, na época da chegada dos portugueses em Ceuta, é correto afirmar que

a) nesse continente havia a presença de alguns Estados organizados, como o reino do Congo, e a
exploração de escravos, mas não existia uma sociedade escravista.

b) assim como em parte da Europa, praticava-se a exploração do trabalho servil que, com a
presença europeia, transformou-se em trabalho escravo.

c) a população se concentrava no litoral e o continente não conhecia formas mais elaboradas de


organização política, daí a denominação de povos primitivos.

d) os poucos Estados, organizados pelos bantos, encontravam-se no Norte e economicamente


viviam da exploração dos escravos muçulmanos.

e) a escravidão e outras modalidades de trabalho compulsório eram desconhecidas na África e


foram introduzidas apenas no século XVI, pelos portugueses e espanhóis.

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(FGV 2002)
"Inspiramos-te, assim como inspiramos Noé e os profetas que o sucederam; assim, também
inspiramos Abraão, Ismael, Isaac, Jacó e as tribos, Jesus, Jonas, Aarão, Salomão, e
concedemos os Salmos a Davi. E enviamos alguns mensageiros, que te mencionamos, e
outros, que não te mencionamos; e Allah falou a Moisés diretamente... Ó adeptos do Livro,
não exagereis em vossa religião e não digais de Allah senão a verdade. O Messias, Jesus,
filho de Maria, foi tão-somente um mensageiro de Allah e o seu Verbo, que Ele enviou a
Maria, e um Espírito d'Ele."
(Alcorão, 4:163-164 e 171. "O significado dos versículos do Alcorão Sagrado com comentários", p.137-
138.)

A respeito do Islão é CORRETO afirmar:


a) A religião muçulmana, apesar das influências do judaísmo e do cristianismo, significou uma
ruptura com a tradição monoteísta ao estabelecer Alá como divindade superior a um
conjunto de gênios e divindades secundárias.
b) A religião muçulmana surgiu no século VII, a partir das pregações de Maomé realizadas na
Palestina, entre as tribos judaicas que haviam renegado o Livro Sagrado.
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c) A pregação de Maomé, registrada no Alcorão, ajudou a reverter a tendência à


fragmentação política e cultural dos povos árabes, fornecendo as bases religiosas para a
expansão islâmica, a partir do século VII.
d) A pregação de Maomé foi registrada no Alcorão, primeiro livro sagrado escrito em
hebraico e traduzido para o árabe, grego e latim, o que facilitou sua divulgação na Península
Arábica, Palestina, Mesopotâmia e Ásia Menor.
e) A transferência da capital do império islâmico para Damasco, durante a dinastia Omíada,
e para Bagdá, com a dinastia Abássida, provocou uma revalorização da cultura tribal árabe
e a retomada dos valores panteístas dos primeiros califas.

7. GABARITO
10. A
1. B 11. A
2. B 12. E
3. D 13. E
4. C 14. A
5. D 15. D
6. C 16. D
7. B 17. 27
8. B 18. C
9. E 19. B

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20. C 39. E
21. C 40. 05
22. D 41. 04
23. B 42. E
24. D 43. E
25. C 44. 23
26. D 45. D
27. C 46. 27
28. E 47. 12
29. B 48. 15
30. D 49. B
31. E 50. E
32. B 51. E
33. A 52. D
34. B 53. A
35. C 54. C
36. A
37. C
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38. D

8. QUESTÃO ESSENCIAL - ENCCEJA (COMENTÁRIOS)


(ENCCEJA 2018/2019) 4000119915
Elixir do mundo moderno
A fruta vermelha que nasce da flor branca do pé de café foi descoberta por volta do ano 525
no interior da Etiópia. Os etíopes se alimentavam de sua polpa doce, por vezes macerada,
ou misturada em banha, para refeição. O café da Etiópia atravessou o Mar Vermelho e foi
levado para a Península Arábica, onde era consumido como bebida após a torrefação.
Impregnado na cultura do mundo islâmico, o café foi incluído até mesmo na legislação turca,
segundo a qual as esposas podiam pedir divórcio caso os maridos não provessem a casa com
uma cota de café. Porém, o uso excessivo do café, libertador de emoções, levou o
governador de Meca a proibi-lo em casas públicas e mosteiros em 1511.
MARTINS, A. L. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 57, jun. 2010.
A história do fruto mencionado o apresenta como uma iguaria
a) considerada originalmente sagrada.
b) apropriada de diferentes maneiras pelas sociedades.

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c) conhecida em vários países pelo seu valor medicinal.


d) valorizada internacionalmente por seu potencial econômico.
Comentários
Aqui temos uma questão interpretativa, uma vez que o comando requisita que indiquemos como
o café é apresentado pelo texto selecionado. Neste, o autor se debruça sobre a descoberta e os
usos do café pelas civilizações árabe e islâmica durante a Idade Média (séculos V ao XV). Sabendo
disso, vejamos como esse fruto é apresentado pelo texto:
a) Incorreta. O texto não menciona nada sobre o café ser considerado sagrado nos primeiros anos
de sua descoberta e uso pelos árabes e islâmicos.
b) Correta! Repare que ao longo do texto, autor menciona várias formas de uso do café pelos
árabes e pelos muçulmanos, seja como alimento, ingrediente ou bebida. Além disso, o texto
explora os impactos sociais e políticos que o café causou conforme ganhou mais importância nas
sociedades árabes e muçulmanas, como no caso de sua adoção como condição para o divórcio e
na proibição do governador de Meca.
c) Incorreta. Não é mencionado nenhum uso medicinal do café no texto.
d) Incorreta. O café era valorizado devido sua importância cultural, não econômica.
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Gabarito: B

9. QUESTÕES PARA APROFUNDAMENTO (COMENTÁRIOS)


(Estratégia Vestibulares/Profe. Alê Lopes/ 2021)

Após a morte de Maomé, em 632, o mundo islâmico se dividiu em diferentes califados,


ordem política na qual o califa (governante) possuía um caráter divino. Os califas organizaram
fortes exércitos e empreenderam uma grande expansão pelo Oriente Médio e pelo litoral
do Mediterrâneo. Quanto as motivações dessa expansão, é correto afirmar que
a) o fortalecimento do Império Bizantino obrigou muitos califados a migrar para fugir de
suas campanhas militares.
b) a doutrina da jihad inspirava motivação em guerreiros e conquistadores ao prometer
o paraíso àqueles que morressem lutando pelo Islã.
c) as Cruzadas empreendidas pelos cristãos europeus forçaram os muçulmanos a reagir
realizando suas próprias campanhas militares de expansão.
d) os árabes foram obrigados a iniciar sua expansão para o ocidente devido às invasões
bárbaras lideradas pelos hunos de Átila e outros povos bárbaros.
e) a expansão foi desencadeada após a vitória muçulmana na batalha de Poitiers contra
as tropas de Carlos Martel.
Comentários

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A expansão árabe teve início por volta do século VII. Partindo da Península Arábica, os
muçulmanos realizaram uma série de conquistas no Oriente Médio, no norte da África e mesmo
parte da Europa, a Península Ibérica. Durante sua expansão, eles tomaram controle também sobre
Jerusalém, uma cidade que era sagrada tanto para eles quanto para cristãos e judeus. Com isso,
os cristãos europeus começaram a operar várias expedições, as Cruzadas, entre os séculos XI e
XIII, para recuperar a cidade. Além disso, até o século XV, espanhóis ainda estariam lutando para
expulsar os últimos muçulmanos da Península Ibérica. Assim como o cristianismo, o islamismo era
uma religião monoteísta, marcada por uma disciplina moral rígida e detentora de um livro sagrado.
Com base nessas considerações, vejamos quais foram as motivações para a expansão árabe.

a) Incorreta. Na realidade, o Império Bizantino estava em crise por uma série de fatores interno
naquele período. Isso facilitou que as tropas muçulmanas se proliferassem no Oriente Médio e,
inclusive, contribuíssem para o declínio definitivo dos bizantinos.

b) Correta! O conceito de jihad pode ser traduzido como “esforço de conversão”, era o preceito
que nutria e justificava as guerras santas entre muçulmanos por questões doutrinárias. A rivalidade
entre xiitas e sunitas, por exemplo, frequentemente desembocava em conflitos sustentados pela
jihad. Entretanto, esse princípio também inspirava a expansão, na medida que legitimava a
conversão de outros povos e regiões para o islã. Além disso, a expansão também era motivada
por outros fatores como: a necessidade por mais terras férteis, para sustentar o crescimento
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populacional; o enfraquecimento dos dois maiores império próximos aos árabes, o bizantino e o
persa; a resistência esparsa entre as populações dominadas devido à flexibilidade cultural dos
califados que muitas vezes se limitavam a cobrar impostos dos não-muçulmanos após garantir a
conquistar militar e econômica.

c) Incorreta. Na verdade, como mencionei no comentário, a Cruzadas foram uma reação dos
cristãos à expansão árabe e sua conquista da cidade de Jerusalém. As expedições foram
idealizadas pelo papa Urbano II, que acreditava que tornar os islâmicos inimigos comuns de toda
a cristandade reverteria a cisão causada pelo Cisma do Oriente e mitigaria as disputas por terras
entre as aristocracias europeias.

d) Incorreta. Átila já estava morto a muito tempo quando os árabes deram início a sua expansão,
que não estava relacionada à invasão de povos bárbaros, como vimos na letra “b”.

e) Incorreta. A Batalha de Poitiers se deu em 732, portanto, depois da expansão ter se iniciado.
Na realidade, essa batalha foi responsável por parar a expansão árabe que havia penetrado a
Europa pela Península Ibérica. Os francos saíram vitoriosos, mas os muçulmanos permaneceram
controlando grande parte da Península Ibérica até os séculos XIV e XV, quando portugueses e
espanhóis os expulsaram da região.

Gabarito: B

(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Alê Lopes)

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“Este senhor negro é aquele muito melhor senhor dos negros de Guiné. Este rei é o mais
rico e o mais nobre senhor de toda esta parte, com abundância de ouro na sua terra. Embaixo
do globo de ouro que o imperador Mansa Musa segura na mão direita está a representação
da cidade de Tumbuctu.”
Atlas Catalão, de Abraão e Jahuda Cresques, [1375]. In: DAVIDSON, Brasil. “Os impérios
africanos”. In: História em Revista (1300-1400). A era da calamidade. Rio de Janeiro: Abril
Livros/Time Life, 1992, p. 149.
O Atlas catalão foi feito por Abraão e Jahuda Cresques, judeus da Espanha. Os escritos que
nele aparecem são de autoria do escritor árabe Al-Umari, o qual produziu uma série de
registros sobre a África Pré-Colonial. Com base no fragmento, é possível concluir que a
sociedade africana abordada
a) trata-se do Reino do Congo, governado por dirigentes chamados de mansas, alguns deles
famosos por suas peregrinações a Meca e a Medina.
b) é o Reino de Benin, localizado na porção sul da atual Nigéria e cuja capital é a cidade de
Tumbuctu. A agricultura em seu território era pobre em virtude do rápido desgaste do solo.
Por isso, essa sociedade se dedicou à mineração e ao comércio.
c) compunha o reino do Zimbábue, região onde havia muito ouro e marfim. Com a expansão
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islâmica pela costa oriental da África, seu comércio floresceu e a sua volta também acabaram
surgindo várias cidades independentes que eram centros comerciais.
d) constituía o Império Mali, cujos governantes se converteram ao islamismo, apesar de
muitas populações camponesas e trabalhadores urbanos continuarem com suas práticas
religiosas anteriores.
e) integrava a União Sul Africana, um estado africano expansionista, que acabou se aliando
aos europeus a partir do século XVIII para realizar seus objetivos econômicos e militares no
sul da África.
Comentários
Antes de tudo, repare que estamos falando aqui de uma sociedade da África Pré-Colonial,
mais especificamente de uma daquelas que existiram durante o período medieval, uma vez que o
texto destacado foi produzido em 1375, como consta na referência abaixo dele. Antes do contato
com os europeus, o continente africano já era lar de grandes Estados e sociedades altamente
organizadas, com comércio próspero, universidades e uma cultura pujante. Com isso em mente,
vejamos:
a) Incorreto. A principal liderança do reino do Congo era chamada de Mani Congo, que
controlava o comércio, a justiça e era também o chefe espiritual. Além disso, o Congo não foi
convertido ao islã, mantendo várias crenças nativas até o contato com os portugueses no século
XV, quando parte considerável de suas elites se converteram ao catolicismo.
b) Incorreto. Tumbuctu, ou Timbuctu, fica no atual território do Mali. Já Benin era o nome
do reino e de sua capital, sendo um importante centro comercial. Estava localizado ao sul do

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antigo Império Mali, no sul da Nigéria. O Benin realmente tinha uma agricultura pobre, em virtude
do rápido desgaste do solo em áreas de floresta tropical devastada. Mesmo assim, plantavam o
inhame, pimenta malagueta, amendoim, melão, noz-de-cola, feijões, dendê e algodão. O reino
não se dedicada à mineração como seu vizinho Mali.
c) Incorreto. Realmente, essa descrição sobre o Reino do Zimbábue está correta, contudo
o título do governante não era Mansa. Ademais, esse reino ficava na África Oriental, bem longe
do deserto do Saara, onde estava localizada a cidade de Timbuctu.
d) Correto! O Império do Mali foi um estado grande e rico que existiu na África ocidental
do século XIII ao XVI, governado por dirigentes chamados mansas. Expandiu-se a partir de um
pequeno reino chamado Cangaba, às margens do rio Níger, para uma vasta área que incluía
algumas das mais importantes regiões comerciais da época. O comércio e a mineração de ouro
foram responsáveis pela riqueza do Mali. Além disso, o Império passou por um processo de
islamização. Mansa Musa, foi o mais importante imperador do Mali, governando de 1307 à 1337.
Sua grande peregrinação à Meca e Medina, em 1324, fortaleceu a diplomacia do Mali, tornando-
o conhecido em regiões distantes. Somente no séc. XV é que o império encontrou seu declínio.
A conversão de certos monarcas africanos fez não apenas o Islã avançar, como proporcionou o
surgimento de uma cultura florescente. Por exemplo, a cidade de Timbuktu, no Mali atual, era no
séc. XIV um centro urbano conhecido pelo alto nível de suas escolas islâmicas, atraindo
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muçulmanos do mundo todo. Apesar de uma maior islamização da sociedade, os mansas não
conseguiram impedir que todo o povo cultuasse seus deuses tradicionais.
e) Incorreto. Na verdade, a União Sul Africana foi criada em 1910. Essa região foi colonizada
por holandeses (bôeres e africânderes) e britânicos em diferentes momentos. Em 1899, foram
descobertas jazidas de ouro no território africânder, o que deu início a uma guerra entre eles e os
britânicos. Eles se reconciliaram em 1910, criando a União Sul Africana, mais tarde chamada de
República da África do Sul. Ironicamente, os nativos africanos da região, negros e mestiços,
continuaram sendo discriminados. Mesmo com a consolidação da independência, em 1931, as
desigualdades entre brancos e negros persistiram.
Gabarito: D

(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


"Assim se realizam, no correr do século IV, a transformação do cristianismo de religião
perseguida em religião do estado e a transformação de um deus rejeitado em um Deus
oficial. Os homens e as mulheres que vivem na Europa ocidental passam, em poucos
decênios, do culto de uma multiplicidade de deuses a um Deus único".
(LE GOFF, J. O Deus da Idade Média. Conversas com Jean-Luc Pouthier. rio de Janeiro:
Civilização,2007. p. 19-20).
Esse lugar ocupado pela religião no fim do Império Romano e início da sociedade medieval
decorreu, dentre outros motivos,

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a) da rápida descentralização da sociedade em direção ao meio rural, fato que dificultou a


interação entre distintas religiões e favoreceu o protestantismo.
b das revoltas religiosas lideradas por leigos que incentivavam a morte pública dos fieis das
religiões pagãs.
c) da conversão de germânicos e do reconhecimento oficial da Igreja Católica pelos
Imperadores de Roma.
d) da aliança entre Igreja e senhores feudais, de modo que estes últimos se submeteram ao
poder político religioso.
e) da fuga dos cristãos em direção ao meio rural em razão das guerras religiosas contra os
árabes mulçumanos.
Comentários
a) falso, pois a ruralização não foi rápida, tampouco naquele momento havia as religiões
protestantes.
b) errado, pois essas revoltas não ocorreram.
c) é o nosso gabarito. São dois elementos que atuaram favoravelmente ao crescimento e à
expansão da fé cristã. Vale lembrar do Edito de Milão, de 313 d.C., que formalmente
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estabeleceu a tolerância do Estado Romano em relação a todas as religiões; e do Édito da


Tessalônica, 380 d.C., declarando o Credo Niceno-Trinitário como a única religião legítima
do Império Romano e a única passível de ser considerada “católica” (universal), bem como
determinando que cessasse todo apoio estatal às demais religiões politeístas.
d) errado, pois a tensão entre os poderes dos senhores feudais e o poder religioso perdurou
durante a Idade Média, de modo que um não queria se subjugar ao outro. Não por menos,
em determinado momento, teremos a crise das investiduras. Além disso, do ponto de vista
cronológico, no início da transição para a Idade Média – conforme o comando da questão
- a categoria “senhor feudal” ainda era diminuta, o feudalismo começa a se desenvolver no
século V e se estende até o final do XIII, com apogeu no século XI.
e) errado, mais uma atenção cronológica. No momento histórico levantado por esta
questão não havia islamismo. A religião surge no século VII.
Gabarito: C

(Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

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A expansão do Império Macedônico, liderada por Alexandre Magno, deu origem à civilização
helenística caracterizada pela
a) fusão de elementos culturais oriundos da civilização romana e dos povos germânicos nos
primeiros séculos da era cristã.
b) adoção de símbolos e rituais africanos à religião cristã, por meio do sincretismo de deuses
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pagãos e santos católicos.


c) difusão do islamismo sunita por toda a costa mediterrânea, que foi capaz de subjugar os
bizantinos no leste e os ibéricos no oeste durante o medievo.
d) disseminação da cultura grega pelo oriente enquanto promovia a abertura do mundo
grego às culturas orientais.
e) derrota dos romanos, que passaram a ter sua cultura discriminada e perseguida,
obrigando-os a adotar a religião do conquistador.
Comentários
Antes de tudo, note que o mapa exposto pela questão representa a própria expansão do Império
Macedônio no século IV a. C. Lembre-se que a Macedônia era um reino a nordeste da Grécia, mas
que a conquistou e se expandiu rumo ao oriente, subjugando fenícios, hebreus, persas, egípcios,
chegando até as fronteiras da Índia e da China. Alexandre Magno, ou Alexandre, o Grande, foi o
principal imperador macedônico que mais expandiu seus territórios. Com isso em mente, vejamos,
o que caracterizava a civilização helenística por ele promovida:
a) Incorreta. Esse processo ocorreu depois da queda e incorporação do Império Macedônico pelos
romanos, marcando o final da antiguidade e o início da Idade Média.
b) Incorreta. Ainda não existia cristianismo quando a civilização helenística foi concebida. Porém,
de fato, o helenismo envolvia incorporação de elementos culturais africanos, sobretudo egípcios,
mas não só, como veremos.

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c) Incorreta. O islamismo também não existia no período em que Alexandre Magno expandiu seus
territórios. Lembre-se que Maomé fundou a religião islâmica apenas no século VII d.C., mais de
mil anos depois de os macedônios terem sucumbido aos romanos.
d) Correta! Um dos primeiros povos que foram conquistados pela expansão macedônica foram os
gregos, que já estavam sob seu domínio quando Alexandre foi coroado. Inclusive, o novo
imperador tinha tido professores gregos e mantinha um deles ainda como seu conselheiro:
Aristóteles. De fato, ele e seu povo se encantaram pela cultura grega clássica, incorporando vários
elementos à sua própria civilização. Mais que isso, eles promoveram valores e costumes gregos
por todos os territórios que tomaram. Igualmente, permitiram-se ser influenciados pela cultura
desses territórios na medida que se mostrava fascinante e conveniente para a manutenção de seus
domínios. Desse intercâmbio cultural surgiu o helenismo.
e) Incorreta. Na realidade, foram os macedônicos que sucumbiram aos romanos, conforme estes
expandiam seus territórios por meio da conquista militar desde o século VI a. C. Por volta do
século III e II a. C., os romanos tomaram controle sobre toda a costa do Mediterrâneo.
Gabarito: D

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Considere o mapa para responder à questão.
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No que diz respeito à história do islamismo e do povo árabe-mulçumano,


a) apesar de terem ocupado a Península Ibérica, os árabes-mulçumanos não se
estabeleceram na Europa, pois o objetivo era a realização de saques.
b) a identidade étnico-cultural do povo árabe, baseada em um único tribalismo, facilitou a o
processo de expansão.
c) o islã foi fundado a partir das influências do cristianismo e do judaísmo e os ensinamentos
foram redigidos no texto sagrado Corão ou Alcorão.
d) a partir da segunda metade do século VIII, a força da expansão islâmica atingiu o Reino
dos Francos, assegurando a dominação árabe na Europa central.

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Comentários
Para a história, estudar o islamismo - uma religião monoteísta fundada no século VII - passa por
entender o povo árabe. Isso porque, o islã surgiu no berço da península arábica a partir da
doutrinação de Maomé, o profeta, nascido em 570 e morto em 632.
O islamismo se tornou importante porque a crescente expansão dessa religião alterou, em um
primeiro momento, o cenário político, econômico, social e cultural de todo o mundo árabe
(Oriente Médio, norte da África até parte da Europa). Depois, disputou, conquistou e, por isso,
influenciou o mundo europeu durante toda a Idade Média, deixando muitos legados.
Antes da formação do islamismo, pode-se afirmar que os povos da região da península arábica
estavam organizados em tribos, divididas entre:
➢ aquelas que ocupavam os territórios litorâneos – zonas mais férteis. Na parte
litorânea, também se localizavam as grandes cidades comerciais, dentre elas
Meca e Latreb, que mais tarde teve o nome alterado para Medina. Em geral, as
tribos desenvolviam atividades comerciais a partir das caravanas que percorriam
rotas comerciais.
➢ aquelas que viviam no deserto. No deserto, em meio aos oásis, predominavam
os nômades beduínos, que se ocupavam da criação de gado, camelos, ovelhas e
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os cavalos árabes.

As tribos árabes organizavam-se por núcleos familiares e seus membros se referiam uns aos outros
como “irmãos”. Apesar de serem todas oriundas dos semitas, o povo árabe não se constituía
enquanto uma unidade, com identidade única, religião única. Por isso, a alternativa b) está errada.
Por volta de 610, Maomé surge com uma proposta de unificar todas as tribos em torno de uma
única religião monoteísta, o Islã (rendição, em árabe). Os partidários do islamismo se chamavam,
em árabe, de muslimas (“submissos a Deus”) e tinham a obrigação de seguir a vontade de Alá
(Deus). Mulçumanos, portanto, vem de muslimas.

O Islã de Maomé foi fundado a partir das influências do cristianismo e do judaísmo e os


ensinamentos, posteriormente, foram redigidos no texto sagrado Corão ou Alcorão. Alá seria o
único Deus dos homens. Por isso, seria necessária uma expansão territorial para que todos se
convertessem ao islamismo. Essa expansão passou a ser chamada de jihad, que significa dedicação
e a luta por conseguir fé, a própria fé e a fé daqueles que ainda não eram adeptos do Islã. Mais
tarde, a expressão jihad passou a ser sinônimo de “guerra santa”.
Esse dever religioso de defender o islã poderia, então, ser cumprido como diziam: pelo coração,
pela língua e pela espada.

Os beduínos, aos poucos, aderiram à proposta de Maomé. Mas, os ricos comerciantes de Meca
consideravam que a religião pregada por Maomé era uma ameaça aos negócios da cidade. Os
coraixitas temiam que a nova religião acabasse com o significado da paz e com a peregrinação
em torno da Caaba, que lhes servia para o comércio.

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Assim, em 622 Maomé foi perseguido pelos coraixitas de Meca e, por isso, teve que fugir para
Latreb. Na história árabe-islâmica essa foi a Hégira. Por sinal, para o calendário islâmico esse
evento é considerado o ponto zero da cronologia.
Em Iatreb, batizada de Medina em homenagem a Maomé, os grupos poderosos ajudaram a
expandir o islamismo na cidade e região. Com isso, Maomé organizou um exército.
Em 630, o profeta e seu exército invadiram e se apoderaram de Meca e impôs-se o islamismo.
Mesmo após construir um único culto aos povos árabes, a Caaba foi mantida como um ponto de
veneração religiosa - mas de apenas uma religião e de um único Deus. O texto sagrado dos
mulçumanos assim passou a considerar: “Deus designou a Caaba como Casa Sagrada, como local
seguro para os humanos.” (Alcorão 5:97).
Repare, então, que a alternativa c) está correta.

 Em 711, os árabes mouros cruzaram o estreito de Gibraltar e tomaram boa parte das
terras dos visigodos na Península Ibérica. Veja como eles estão perto da cristandade.
Estão em plena Europa – dominada por reinos germânicos cristãos, lembram?
 Posteriormente os árabes rumaram para os Pirineus na tentativa de derrubarem o Reino
Cristão dos Francos. Porém, como já mencionado nesta aula, Carlos Martel derrotou os
árabes na Batalha de Poitiers, em 732. Recuados na Península Ibérica, os árabes ali
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permaneceram. Alternativa d) está errada.


 Um dos grandes califados foi o de Córdoba, no sul da Espanha. Com isso, influenciaram
socialmente e culturalmente a região que viria a ser Portugal e Espanha. Tanto é que até
hoje ainda é possível notar a influência árabe (chamada de moura, na Península ibérica) na
arquitetura portuguesa e, principalmente, no sul da Espanha.

O sucesso dos califados e a força do islamismo fizeram com que os árabes chegassem a
dominar uma área superior aos romanos no ápice da fase imperial.

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Por fim, a alternativa a) também está errada porque os árabes se fixarem em diversas cidades
conquistadas e promoveram trocas culturais. Conforme o historiador Mustafa Yazbek, estudioso
dos povos árabes, ao ocuparem o território espanhol, conhecido então como Al Andalus, os
muçulmanos controlaram as terras dos reis visigodos e da Igreja. Obrigavam os camponeses a
pagar um terço da produção. Ao mesmo tempo introduziram inovadoras técnicas agrícolas, que
beneficiaram os agricultores. Desenvolveram as atividades comerciais; cunharam moedas;
exploraram minérios; influenciaram a arquitetura; dentre outros. Além de Córdoba (mencionada
acima), no sul da Espanha, a cidade de Granada passou a contar com uma importante arquitetura
moura, o Palácio d’Alhambra. Veja abaixo.
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Gabarito: C

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Uma equipe de brilhantes tradutores, muitos deles cristãos nestorianos, mas também judeus
e muçulmanos, fez com que os textos gregos fossem acessíveis em árabe. E quando os
árabes entraram em contato com a ciência e a filosofia gregas, começou um florescimento
cultural que alguns autores compararam a um híbrido de Renascimento e Iluminismo. Os
estudos de astronomia, alquimia, medicina e matemática desenvolvidos pelos muçulmanos
árabes permitiram que nos séculos IX e X fossem feitas no Império abássida mais descobertas
científicas do que em qualquer outro período anterior da história. A influência das traduções,
somada à produção própria dos árabes, fez florescer nas principais cidades muçulmanas
centros de estudos que adquiriram renome, alguns dos quais existem ainda hoje, como a
Universidade Al-Azhar, no Egito, onde lecionou Ibn Khaldun. A riqueza da produção cultural
passou a ser uma das principais características do período clássico do Império islâmico.
(Beatriz Bissio, O mundo falava árabe. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.)

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Considerando o texto acima sobre o Islã Medieval e seus conhecimentos, assinale a


alternativa correta.
a) A extensão do território sob domínio islâmico e a perseguição dos povos não muçulmanos
estimulou o surgimento de uma classe de intelectuais laicos, responsáveis pela disseminação
de conhecimentos científicos e elementos culturais.
b) O Islã Medieval incentivou a formação de centros de estudo em zonas urbanizadas,
responsáveis por avanços científicos e culturais a partir do intercâmbio com elementos de
culturas de povos dominados, entre eles bizantinos e judeus.
c) O fundamentalismo religioso fez com que os territórios atingidos pela Civilização do Islã
fossem privados do intercâmbio de saberes com os povos conquistados, de maneira que
todos os avanços científicos do período foram promovidos exclusivamente por muçulmanos.
d) Apesar do apreço demonstrado pela ciência e cultura, o papel do Islã Medieval se
restringiu ao de mero assimilador das contribuições dos povos dominados a partir do século
VII, sem promover esforços pela construção de novos conhecimentos.
Comentários
a) errado, pois os intelectuais árabes mantiveram vínculos religiosos. Os abássidas do oriente
e os omíadas da Espanha criaram dentro do islamismo um desenvolvimento racional e
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científico.
b) perfeito, pois sintetiza a contribuição dos islâmicos para a difusão das ciências, em
particular, aquelas fundadas na Antiguidade. A exemplo, vale mencionar o papel do Califado
de Córdoba (Espanha) entre os séculos X e XII, um centro cultural de reunião de inúmeros
volumes de obras. Dentre os gregos traduzidos pelos árabes islâmicos está Aristóteles.
c) errado, pois a afirmação contraria o texto do enunciado.
d) falso, pois houve avanços na medicina, por exemplo.
Gabarito: B

(/Estratégia Vestibulares/Profe. Alê Lopes/2020)


A Shari’a é o nome que se dá a uma série de prescrições jurídicas e morais – doutrina seguida
pela sociedade islâmica. Mas, para uma parte da opinião mundial, o Islam tem sido
identificado com uma ordem social arcaica, brutal e aterrorizante, na qual a mulher é um ser
inferior e oprimido, os adúlteros são apedrejados, o ladrão tem as mãos amputadas, os
escritores polêmicos merecem sentenças de morte, os jovens estão prontos a se suicidar em
nome de Deus e os assassinos de mulheres e crianças estão convencidos de que merecem o
paraíso.
Contudo, não era assim há algumas décadas. Nos últimos 30 anos, o Islam se transformou
de uma religião parada no tempo, mas serena e santificante, exótica, mas admirável, em algo
percebido como um perigo ou uma ameaça para o mundo todo. Nem no tempo das
Cruzadas, a imagem do Islam foi tão negativa. Se antes, o que assustava a maioria das

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pessoas era o espectro do comunismo e o temor dos russos e dos chineses adeptos deste
regime, agora é o espectro do Islam e dos mulçumanos extremistas que muitos temem.
(CATTANI, Roberto. Islam e Islamismo. São Paulo: Ed. Claridade. Coleção Saber de Tudo.
2008, pp 9-10)
A percepção do texto apresenta duas imagens que, em geral, o mundo ocidental construiu
em torno do islamismo e seus seguidores. Essas conotações negativas do islã contrastam,
a) com o surgimento do islamismo de Maomé, o qual não pregou guerra para expandir sua
fé.
b) com o califado de Córdoba em Al-Andaluzia, entre os séculos VIII e XII, momento que se
tornou um exemplo de convivência bem-sucedida entre mulçumanos, judeus e cristãos.
c) com o período de abstinência intelectual dos árabes, entre os séculos VII e XVIII, quando
a religião proibia leitura de textos gregos, estudos aritméticos, enfim, um maior contato com
a ciência.
d) com o pacifismo pregado pela Igreja Católica quando da expansão em direção a
Jerusalém, entre 1096 e 1270.
Comentários
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Em geral, a cobrança sobre o Oriente Médio é em torno dos acontecimentos no século XX, como
a Revolução Iraniana. Questões que exigem uma boa compreensão sobre a história do islamismo
são mais raras, mas quando caem é para derrubar os vestibulandos mal preparados. Além disso,
o perfil do vestibular da Unicamp é crítico, no sentido de cobrar que o candidato questione a visão
que o senso comum tem “das coisas”. Nesta questão explorei esse aspecto, pois, em geral, além
de não se conhecer a história da religião islâmica, o que se sabe é carregado de preconceito. Pois
bem, algumas notas sintéticas e partirmos para a resolução.
Por volta de 610, Maomé surge com uma proposta de unificar todas as tribos em torno de uma
única religião monoteísta, o Islã (rendição ou submissão a Deus, em árabe a grafia é Islam). Os
partidários do islamismo se chamavam, em árabe, de muslimas (“submissos a Deus”) e tinham a
obrigação de seguir a vontade de Alá (Deus). Mulçumanos, portanto, vem de muslimas.
Os beduínos, aos poucos, aderiram à proposta de Maomé. Mas, os ricos comerciantes de Meca
consideravam que a religião pregada por Maomé era uma ameaça aos negócios da cidade. Os
coraixitas temiam que a nova religião acabasse com o significado da paz e com a peregrinação
em torno da Caaba, que lhes servia para o comércio.
Assim, em 622 Maomé foi perseguido pelos coraixitas de Meca e, por isso, teve que fugir para
Iatreb. Na história árabe-islâmica essa foi a Hégira. Por sinal, para o calendário islâmico esse
evento é considerado o ponto zero da cronologia. Em Iatreb, batizada de Medina em homenagem
a Maomé, os grupos poderosos ajudaram a expandir o islamismo na cidade e região. Com isso,
Maomé organizou um exército.

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Em 630, o profeta e seu exército invadiram e se apoderaram de Meca. Impôs-se o islamismo na


cidade. Então, repare que não houve pacifismo, mas um conflito regional para que o islã assumisse
a fé regional e se estabelecesse. Meca, até então, era uma cidade que permitia o culto de diversos
deuses. Repare, que a alternativa a) está errada, já que Maomé organizou um exército para
expandir a religião que criara.
b) correta a afirmação. Em 711, os árabes atravessaram o Estreito de Gibraltar em direção à
Espanha. Em quatro anos, os árabes impuseram derrotas militares ao reino visigótico e conquistam
quase toda a Península Ibérica, chegando até a França, onde foram derrotas na batalha de Poitiers,
em 732. Passados os conflitos iniciais, a conquista muçulmana da região da Espanha foi o campo
de experiências para o choque e a mistura de três culturas, representadas pelas três grandes
religiões: Cristianismo, Islamismo e Judaísmo. O Califado estabelecido no território denominado
de Al-Andauz, embora tivesse levado o islã como fé, passou a respeitar culturas locais e demais
religiões. Contudo, Judeus e moçárabes (cristãos ibéricos) tinham que pagar uma espécie de
imposto de proteção, não podiam exercer cargos políticos nem se casar com uma muçulmana. O
período de maior tolerância religiosa com as minorias ocorreu com a ascensão de Abderrahman
3º, em 912, e se estendeu pelo califado de seu filho, Al Hakam 2º. O declínio do hegemonia árabe-
moura em Al-Andaluz começou a partir do século XII e terminou definitivamente em 1492, com a
vitória dos reis católicos.
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c) está errada a afirmação. De acordo com o historiador Kominsky11:

Os árabes assimilaram a ciência dos gregos antigos, dos iranianos e dos indianos. Traduziram para
a sua língua as obras dos famosos sábios da antiguidade. Os sábios árabes estudavam as obras
filosóficas de Aristóteles e assimilavam os ensinamentos geográficos e astronômicos de Ptolomeu.
Adquiriram conhecimentos de medicina, química, aritmética e geometria nas obras dos sábios
gregos e indianos. À base desses conhecimentos, criaram sua ciência e sua filosofia. Fizeram
progredir notavelmente o estudo da astronomia e da química. Desenvolveram a álgebra. No entanto,
buscavam frequentemente na ciência o insólito e o maravilhoso. Acreditavam que se podia profetizar
o destino dos homens pelas estrelas; queriam, por meio de análises e sínteses químicas, transformar
metais comuns em ouro. A ciência dos árabes estava submetida aos ensinamentos religiosos do
islamismo, e por isso não podia desenvolver-se livremente.
Convém reforçar que Bagda foi um centro intelectual e cultural do Império mulçumano e contou
com diversos intelectuais árabes, como Al-Gazalli (1058-1111). Este, por sinal, chegou a influenciar
Tomas de Aquino e René Descartes, que menciona o intelectual árabe em diversas passagens no
livro Discurso do Método.
Córdoba, no sul da Espanha, a maior cidade da Europa no século 10, com uma população
estimada em 500 mil habitantes, se transformou em um centro cultural, econômico e científico da
Idade Média. Traduções do árabe para o latim, feitas em Córdoba, tiveram forte influência sobre
intelectuais europeus, em especial da escolástica.

11
KOSMINSKY, E. A. História da Idade Média. Lisboa: Ed. Centro do Livro Brasileiro. 1979, p.65-66.
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d) falso, pois as Cruzadas foram marcadas por violência e guerra. A Igreja Católica convocava
guerreiros medievais para a Guerra Santa e a retomada de Jerusalém.
Gabarito: B

10. QUESTÕES PARA CONSOLIDAÇÃO (COMENTÁRIOS)


(UFPR 2018)
Para muitos pesquisadores, é correto assinalar que durante a Idade Média foram os árabes,
não os cristãos, os herdeiros e sucessores da ciência helênica, uma herança que fez com que
toda a extensão dos seus domínios, da Espanha ao Afeganistão, o mundo muçulmano, fosse
cenário de uma atividade intelectual intensa, não só em filosofia, mas também em
matemática, astronomia e medicina. Nem sempre conhecida ou traduzida no Ocidente, essa
produção está preservada em uma grande quantidade de manuscritos.
(BISSIO, Beatriz. O mundo falava árabe. A civilização árabe-islâmica clássica através da obra
de Ibn Khaldun e Ibn Battuta. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 36.)
Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre o mundo muçulmano na Idade Média,
assinale a alternativa correta.
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a) Foi justamente em função do seu caráter religioso fragmentado que o mundo muçulmano
e a sua civilização distinguiram-se mais vigorosamente do Ocidente cristão, fortemente
homogêneo. A existência, no seio do Império Muçulmano, de numerosas tendências
religiosas teve consequências consideráveis na produção de manuscritos.
b) Apesar da sua hegemonia nas ciências durante o período medieval, a civilização
muçulmana era, afinal, um simples conjunto díspar de empréstimos culturais, o qual não
conseguia refletir o novo universalismo e a nova ordem social que se instaurou com o
surgimento do Islã.
c) Durante esse período, cidades como Córdoba, Bagdá e Alexandria, entre outras, se
tornaram centros de intercâmbio de conhecimentos. Tratava-se de um circuito cosmopolita
do qual a Europa, periférica e tragada por diversas crises religiosas, não participou.
d) A Idade Média foi um período caraterizado pelo domínio efetivo, militar e político, dos
países muçulmanos sobre os países cristãos. Um domínio caracterizado, entre outras coisas,
pela presença hegemônica da língua árabe nos espaços comerciais, políticos e acadêmicos
da Europa.
e) Existe consenso entre a maioria dos historiadores que estudam o período de que a
emergência do horizonte renascentista deve muito ao trabalho dos sábios e acadêmicos
muçulmanos, conhecidos pelo mundo cristão, sobretudo, através da Península Ibérica.
Comentário

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Entre a morte do Profeta Maomé e o século VII, durante a chamada Alta Idade Média, a civilização
árabe atingiu seu apogeu, expandindo-se para além do Oriente, em especial pela Península
Ibérica. Portanto, não se tratou de uma civilização e caráter religioso fragmentado como sugere o
item A.
Tão pouco “era um conjunto díspar de empréstimos culturais”, como consta no item B, ao
contrário, tratou-se de uma cultura brilhante e própria.
O item C está corretíssimo na primeira parte. Realmente Córdoba, Bagdá e Alexandria foram
centos culturais de fazerem inveja a qualquer grego ateniense, mas a segunda parte anula a
primeira porque não é correto afirmar que a Europa não participou disso. Olha o que diz o
professor Jérôme Baschet “ O Ocidente apropriou-se, então, de um conjunto de técnicas materiais
e intelectuais, forjadas ou difundidas no mundo árabe para fortificar uma sociedade e uma cultura
totalmente diferentes” 2014, p. 2014).
O item D está errado em vários pontos. Primeiro que não temos países na Idade Média. No
máximo são reinos, impérios ou feudos. Além disso, apesar do esplendor da sociedade islâmica,
os muçulmanos nunca dominaram militarmente os cristãos, tão pouco impuseram a língua árabe,
salvo nos seus territórios conquistados a partir de 661 com o governo dos califas omíadas.
Grandes estudiosos e conhecedores de ciências importantes, como a Matemática e a Medicina, a
filosofia, a poesia, a astronomia, a interação de várias culturas... tudo isso contribuiu para que os
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árabes deixassem muitos legados para o crescimento do conhecimento no Ocidente,


influenciando, inclusive, o Renascimento Cultura.
Gabarito: E

(Unicentro 2011)
Os conhecimentos sobre as três maiores religiões monoteístas que existem no mundo
contemporâneo permitem afirmar:
a) As religiões estão articuladas ao mesmo tronco comum, responsável pela organização do
pensamento judaico-cristão do pecado original e do projeto de salvação, bem como do
pensamento islâmico da não reprodução da imagem de seres vivos.
b) O cristianismo, religião monoteísta que conta com o maior número de adeptos no mundo,
apresenta-se dividido em dois grandes ramos: catolicismo romano e protestantismo.
c) O poder político instalado no Estado de Israel exige que todos os seus habitantes
obedeçam às rigorosas práticas religiosas, observadas desde a antiguidade bíblica.
d) A Igreja Ortodoxa representa uma síntese entre crenças judaicas, cristãs e os antigos
rituais gregos do período clássico.
e) A religião islâmica, predominante no Oriente Médio, mantém-se unificada em torno dos
princípios tradicionais registrados no livro sagrado Corão.
Comentários

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As três maiores religiões monoteístas são o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. As três também
são conhecidas como religiões abraamicas, pois todas veem no personagem bíblico Abraão como
um de seus ancestrais e principais profetas. Podemos dizer que as três nasceram no mesmo lugar:
o Oriente Médio. A mais antiga delas é o judaísmo, que existe desde pelo menos o século XX a.
C., época em que os hebreus ocupavam o Oriente Médio. Nesse período, parte deles também
migrou para o Egito, onde foram escravizados. Ao retornar para a Palestina, as tribos hebraicas
que retornaram e as que nunca saíram passam por um período de conflitos entre elas, mas acabam
se unificando e fundando um Império centralizado, com capital em Jerusalém. O Reino de Israel
foi destruído pelos babilônicos e, então, os hebreus começaram a se espalhar pelo mundo.
O cristianismo foi fundado por Jesus Cristo e seus seguidores, no século I d. C. nessa mesma
região. Inclusive, Jesus era hebreu e judeu. Ele propunha uma revisão do Antigo Testamento, além
de pregar o pacifismo, a caridade, o amor ao próximo e criticar a escravidão romana. Como
resultado, os romanos executaram Jesus e passaram a perseguir seus seguidores intensamente.
Mesmo assim, as ideias de Cristo logo se tornaram religião que se espalhou pela sociedade
romana, sobretudo entre os mais pobres, mas também entre alguns setores das elites. No século
IV, os imperadores romanos começaram a perceber que era mais vantajoso se aliar ao cristianismo
do que continuar a persegui-lo. Assim, em 313, Constantino se converte e legaliza o culto cristão.
Mais tarde, Teodósio, em 380, torna essa a religião oficial do Império Romano. A partir de então,
a Igreja Católica como a conhecemos, com suas hierarquias e riqueza começa a ser edificada, com
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a função de legitimar o poder do Império Romano. E mesmo após o fim deste, a Igreja continuou
exercendo influência na Idade Média e muitos reis germânicos viram vantagem em utilizá-la como
ponto de apoio para seu fortalecimento político, assim como os romanos um dia tinham feito. A
Igreja cristã passou a exercer a função de legitimadora da ordem social feudal.
O islamismo, por fim, foi fundado em 622 d. C., pelo profeta árabe Maomé. Após o contato
com o cristianismo e o judaísmo, Maomé formulou uma nova religião monoteísta que chamou de
Islã. Ele foi à principal cidade árabe de sua época, Meca, e tentou convencer seu povo a se
converter. De início, ele foi rejeitado e expulso da cidade, refugiando-se em Latreb. De lá, Maomé
aumentou seus seguidores e conseguiu invadir Meca, conquistando-a. Com isso, ele unificou as
tribos árabes sob seu governo e instaurando o Islã como religião oficial do seu recém-fundado
Estado teocrático. Contudo, Maomé morreu em 632. A partir de então, começaram a ser eleitos
califas para exercer a função de líder político, militar e religioso. Além disso, iniciou-se a expansão
árabe que conquistou e converteu ao Islã diversos territórios no Oriente Médio, no Norte da África
e na Península Ibérica.
Essas três religiões têm alguns pontos em comum que é importante conhecermos: 1) As
três acreditam em um deus único, criador e universal com o qual o homem faz uma aliança. 2) As
três possuem cada uma um livro sagrado. 3) Elas também creem uma lei moral universal. 4) As três
consideram Jerusalém uma cidade sagrada, cada uma por motivos diferentes. Os judeus, por lá
ter sido a capital do reino de Salomão e lá estar o Muro das Lamentações, ruína do palácio daquele
rei. Os cristãos, por lá estar o santo sepulcro, onde Jesus foi sepultado. E os islâmicos por lá estar
o Monte do Templo.

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Com essa explicação, já dá para perceber que a alternativa correta é a letra “a”.
As demais estão incorretas pelos seguintes motivos:
b) Na verdade, o cristianismo pode ser dividido em três ramos principais: catolicismo romano,
ortodoxia grega e protestantismos.
c) O Estado de Israel que a alternativa cita não é o mesmo que o Reino de Israel da Antiguidade.
Trata-se do país atual chamado Israel que é uma democracia republica e no qual há liberdade
religiosa prevista pela lei.
d) Não há influências judaicas na Igreja Ortodoxa.
e) O livro Corão continua sendo o livro sagrado do islamismo, contudo a religião não é unificada,
existindo desde a morte de Maomé diferentes vertentes islâmicas, que inclusive disputam entre
si. Um exemplo é a rivalidade entre sunitas e xiitas.
Gabarito: A

(IF/Sul-riograndense)
“A Igreja Ortodoxa resultou da ruptura com a Igreja de Roma, em 1054. Até ocorrer o Cisma,
duas grandes tradições conviviam no interior do cristianismo: a latina, no Império Romano
do Ocidente, com sede em Roma, e a bizantina, no Império Romano do Oriente, sediada em
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Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul, na Turquia).


A Igreja Ortodoxa adota os mesmos sacramentos da Igreja Católica. No entanto, os rituais
ortodoxos são cantados sem o acompanhamento de instrumentos musicais e as imagens
esculpidas de santos são proibidas, exceto o crucifixo e os ícones sagrados.
Os ortodoxos não admitem o conceito de infalibilidade do papa e do purgatório, lugar
intermediário entre o Céu, reservado aos crentes, e o Inferno, destinado aos pagãos.
Também rejeitam a doutrina católica da Imaculada Conceição segundo a qual Maria teria
nascido sem pecado e concebido seu filho virgem. De acordo com os ortodoxos, esse dogma
não faz parte da narrativa bíblica e contraria a doutrina tradicional do pecado original.”
BRAICK, Patrícia e Ramos. MATA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio.
2ª ed. - São Paulo, Moderna, 2010. p. 175.
O Cisma do Oriente, referido no texto acima resultou
a) na divisão do cristianismo em Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Ortodoxa.
b) no surgimento das religiões protestantes, como a Igreja Luterana e a Anglicana, na Europa
Ocidental.
c) no fortalecimento do cristianismo, com a criação da Companhia de Jesus, do militar Inácio
de Loiola.
d) na organização do Concílio de Trento, com o intuito de reafirmar os dogmas católicos
abalados pelo protestantismo.

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e) no surgimento do islamismo.
Comentários
Essa questão é para revisarmos, brevemente, a Igreja Católica durante os séculos V e IX da Idade
Média. Nos capítulos 2 e 3 da aula, vimos que no início da Idade Média, a Europa Ocidental foi se
distanciando dos valores do Império Romano do Oriente conhecido como Império Bizantino e vice
e versa. Havia diferenças de prática religiosa em si (em relação à adoração das imagens, por
exemplo) e no que se referia à proximidade com o poder (em Bizâncio, o Imperador reunia as
funções de chefe do Império e chefe da Igreja, bem como não reconhecia a autoridade do Papa;
no Ocidente, havia uma separação de poderes entre a Igreja e o Imperador). As divergências
acumuladas ao longo da Alta Idade Média provocaram o Cisma do Oriente. Com isso, a alternativa
correta só pode ser a a).
As demais alternativas estabelecem relações de causa e consequência infundadas. Veja as
divergências entre Igreja Católica do Ocidente e do Oriente não levou ao surgimento das religiões
protestantes – item b). As Igrejas Luterana e a Anglicana começaram a se desenvolver nos séculos
XV e XVI. A Companhia de Jesus de Inácio de Loyola, também foi algo do século XVI, e mais, no
Brasil (veremos isso mais adiante no curso).
O Concílio de Trento – item d)- foi uma ação da Igreja Católica no século XVI, em torno do
combate às Igrejas Protestantes (luteranismo e anglicanismo) e às então chamadas Reformas
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Protestantes.
Por fim, vimos que o islamismo surgiu na Península Arábica e sua fundação não foi consequência
direta das Igrejas Católicas do Ocidente e do Oriente, embora saibamos que a jihad islâmica
colocou cristãos e mulçumanos em confronto aberto.
Gabarito: A

(IF/2017)
Restritos à Península Arábica até a primeira metade do século VII, os árabes chegaram a
diferentes regiões até o ano de 750 d.C., entrando em contato com outros povos.
Observe o mapa que apresenta o alcance desse movimento no período citado.

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Sobre esse período e com o auxílio das informações do mapa, é correto afirmar que
a) durante o domínio do Império Romano do Ocidente, a expansão árabe facilitou a difusão
da língua latina na região norte da África.
b) os povos árabes conseguiram alcançar regiões além do oceano Atlântico fazendo uso dos
seus conhecimentos cartográficos.
c) durante a Antiguidade, bizantinos, francos e indianos permitiram o avanço dos povos
árabes, tanto no continente europeu, quanto no asiático.
d) o domínio árabe alcançou cidades como Bizâncio, Poitiers e Roma, sobre as quais exerce
influência cultural, política e econômica até o presente.
e) a expansão árabe levou para a Europa, sobretudo a partir da Península Ibérica,
transformações culturais e inovações na Álgebra, na Astronomia, na Medicina entre outras
áreas.
Comentário
Mais uma questão sobre o legado dos árabes para a cultura ocidental. Veja a importância de você
entender isso. A questão faz referência à expansão do império árabe islâmico sobre o Oriente
Médio, Norte da África e boa parte da Península Ibérica durante o período da dinastia Omíadas,
660-750. Os árabes faziam uma ponte entre Oriente e Ocidente no campo econômico e cultural.
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Possuíam uma gama de conhecimento sobre diversas áreas do saber como Matemática, Física,
Química, Medicina, entre outras. Vale lembrar que neste cenário, a Europa estava um caos social
devido à difícil amálgama de povos como os romanos e os bárbaros germânicos.
Gabarito: E

(UNIVESP 2018)
No mundo islâmico medieval, se mantinham numerosos elementos não muçulmanos na
população e, dentre eles, judeus e cristãos se beneficiavam de um estatuto particular: “povos
da Bíblia”. Eram considerados como sendo crentes do mesmo deus, ainda que lhes faltasse
a revelação suprema e derradeira, a de Maomé. (George Tate. O Oriente das Cruzadas. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2008. Adaptado)
O trecho apresenta uma característica fundamental do mundo árabe islâmico no contexto da
expansão muçulmana, corretamente identificada como
a) obscurantismo dogmático.
b) preconceito racial.
c) comportamento xenofóbico.
d) intolerância religiosa.
e) coexistência com a diferença.
Comentários

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Diferentemente do que o senso comum pensa nos dias autuais, o islamismo original era
extremamente tolerante com outras religiões, pois, como explicado, a islã seria a revelação final.
Nesse sentido, os fiéis de outras religiões ainda não teriam chegado a esse estágio final da
interpretação islâmica sobre Deus. Parte dessa tolerância se explica por que elementos do
judaísmo e do cristianismo estão na fundação do islã, e são reconhecidos como tal. Quando os
árabes ocuparam a Península Ibérica, por exemplo, a disputa principal era motiva por terras, assim
como os bárbaros as disputavam e deram origem aos reinos. Por isso, nosso gabarito é a letra E.
Gabarito: E

(UECE - 2020)
A contribuição dos árabes para o mundo moderno ocidental entre os séculos VII e XI é
significativa, especialmente porque alguns valores culturais da Antiguidade clássica foram
difundidos por meio da
A) tradução e difusão, entre os europeus, de importantes obras gregas.
B) distribuição de obras proféticas sobre o destino da humanidade através das estrelas.
C) introdução de novas técnicas de cultivo e de métodos inovadores da medicina.
D) valorização da ciência experimental não submetida ao pensamento religioso.
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Comentários:
Essa é uma questão sobre o mundo árabe. Até o século VII, os povos da arábicos estavam diluídos
por toda a península arábica e dividida em pequenas tribos familiares. Cada uma delas cultuavam
seus próprios deuses, e brigavam entre si. Porém, existia uma data do ano que todas as tribos
paravam de guerrear para cultuar seus deuses em paz, com as outras tribos, em um local sagrado,
chamado de Caaba, na cidade de Meca. Nesse mesmo lugar, por volta de 610, surge um homem
que defende a fé em um único deus e propõe a unificação de todos aqueles povos em torno de
uma única religião monoteísta, o Islã (que significa “rendição”, em árabe). Os partidários do
islamismo se chamavam, em árabe, de muslimas (“submissos a Deus”) e tinham a obrigação de
seguir a vontade de Alá (Deus). Mulçumanos, portanto, vem de muslimas. Esse homem que
pregou isso era o profeta Maomé.
Diante de suas pregações, os adeptos de Maomé entraram em conflito com os poderosos locais
de Meca, e isso gerou um conflito que em 630 foi vencido pelos seguidores do profeta. Isso
unificou os povos árabes, porém o principal expoente da religião islâmica morreu dois anos
depois, e a religião teve uma grande cisão, entre os seguidores muçulmanos sunitas, que seguiam
o que estava escrito na Sunas, e que acreditavam que qualquer um poderia ser um líder do
islamismo. E os seguidores xiitas, que acreditavam que apenas descendentes familiares do profeta
Maomé podiam ser lideranças, ou seja, com vínculos e parentesco. Além disso, defendem a
manutenção da interpretação tradicional do Alcorão.
É nesse contexto que surge os Califados, que nada mais é que a expansão da fé islâmica para
outros territórios de origem não árabe. Esse movimento migratório foi chamado de Jihad, e

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posteriormente seria usado como sinônimo de uma “guerra santa.” Os califados foram crescendo
e se espalhando por todo o Oriente Próximo, Norte da África e até mesmo a Península Ibérica. O
último grande deles foi o do Império Turco-Otomano, que durou até 1924. Estes no século XV
conseguiram tomar a cidade de Constantinopla dos Bizantinos e tiveram de herança todos os
conhecimentos guardados da antiga civilização greco-romana. Ensinamentos esses todos
submetidos a fé religiosa do islamismo, e que por isso não podia se desenvolver livremente.
Visto isso, passamos as alternativas:
A) Correto. Os árabes tiveram importante papel de traduzir e guardar obras clássicas das
civilizações antigas em suas bibliotecas, e que posteriormente seriam retomadas pela sociedade
ocidental.
B) Incorreto. Mesmo que esse povo tivesse muito interesse no estudo dos astros, seus
ensinamentos eram de caráter astronômico e não astrológico.
C) Incorreto. Essas contribuições não foram atribuídas aos povos árabes.
D) Incorreto. A maior parte do conhecimento muçulmano tem vínculo e ligação com a fé islã.
Gabarito: A

(UECE 2015)
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No ano de 2006, os líderes religiosos, o Papa Católico Bento XVI e o Patriarca Ecumênico
Ortodoxo Bartolomeu I, encontraram-se em Istambul, na Turquia. O encontro marcou a
reaproximação entre Católicos e Ortodoxos, e renovou os compromissos em continuar o
caminho da unidade dos cristãos e o diálogo entre ambas as religiões. A ruptura entre
Católicos e Ortodoxos
a) ocorreu em 330 com a transferência da capital do Império Romano para Constantinopla.
b) foi conduzida pelo Imperador bizantino Justiniano, que governou entre 527 e 565.
c) deu-se devido às desavenças entre católicos e o poder imperial, pela cobrança de
indulgências.
d) aconteceu em 1054 e ficou conhecida como Cisma do Oriente.
Comentários
A questão remete à divisão dentro do cristianismo que ocorreu no século XI. Vamos lembrar: em
linhas gerais, no início da Idade Média, a Europa Ocidental foi se distanciando dos valores do
Império Romano do Oriente, conhecido como Império Bizantino. Dessa forma, no ano de 1054,
ocorreu o Cisma do Oriente quando o império Bizantino criou a religião Ortodoxa. Esta divisão
do cristianismo não foi bem aceita pela Igreja católica, que por meio das Cruzadas tentou (sem
sucesso) a unificação do cristianismo. Na atualidade, a religião Ortodoxa é seguida por grande
parte do povo Grego e da Rússia.
Quando começou a Idade Média em 476 com a queda do Império Romano do Ocidente, havia
uma diferença significativa entre o Ocidente e o Império Romano do Oriente, o Império Bizantino.

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Entre as diferenças podemos citar: na política, a Europa estava fragmentada no feudalismo


enquanto o Império Bizantino possuía um poder centralizado não mãos do imperador. Na
economia, a Europa era agrária e de subsistência enquanto havia um comércio forte no Império
Bizantino. Na língua, na Europa predominava o latim e no Império Bizantino o grego. Na religião,
na Europa o Papa possuía muito poder enquanto no Império Bizantino o Patriarca era submisso
ao imperador. Devido a estas diferenças, iniciou uma grande rivalidade entre estas duas
civilizações.
Em 1043, Miguel Cerulário tornou-se patriarca da Igreja em Constantinopla. Então, ele mandou
fechar todas as igrejas latinas na Capital do Império. Evidentemente, o papa romano achou um
absurdo tal decisão.
Assim, em 1054, o papa foi até Constantinopla com a intenção de fazer o patriarca reconhecer a
Igreja romana - consequentemente, o papado – como a instituição mãe, acima de qualquer outra.
Mas, o papa também foi buscar um apoio do Império Bizantino para se defender de ataques de
povos normandos na Península Itálica.
Mas Cerulário, o imperador patriarca, disse NÃO para as duas coisas. Por isso, o Papa Humberto
excomungou Cerulário, que fez o mesmo com o Papa.
Então, o Imperador Bizantino proclamou a separação oficial entre as duas igrejas, já que, para os
orientais, teria sido Roma quem se afastou das pregações originais de Jesus Cristo. A partir daí
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surgiu oficialmente a Igreja Ortodoxa, com sede em Constantinopla, e a Igreja Católica Apostólica
Romana, sediada em Roma. Dessa forma, em 1054, ocorreu o Cisma do Oriente com a criação da
Igreja Ortodoxa no Império Bizantino. Apesar de muitas tentativas de unificar as duas religiões,
até hoje existe a divisão. A religião Ortodoxa é praticada na Grécia, na Rússia, entre outras
regiões.
a) errado, pois, como explicado, o Cisma foi em 1054.
b) errada, pois o racha entre as Igrejas foi em 1054 e Justiniano governo de 527-565.
c) as desavenças foram entre os católicos de Roma e os de Constantinopla.
Gabarito: D

(UECE 2008)
Sobre os fundamentos do Islã ou Islame, assinale o correto.
a) É uma religião politeísta que surgiu no final do século IV d.C. e tem em Maomé seu
principal mártir. Seu livro sagrado é o Talmude.
b) É uma religião monoteísta que surgiu no século X d.C.. Sua sede religiosa é a cidade de
Medina e seu livro sagrado é a Kaaba.
c) É uma religião politeísta que surgiu no século I d.C.. Sua sede é Jerusalém, Maomé seu
fundador e não tem um livro sagrado.

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d) É uma religião monoteísta que surgiu no século VII d.C. Seu profeta é Maomé e seu livro
sagrado é o Alcorão.
Comentários
a) politeísta? Falso, o islamismo é monoteísta.
b) a data de fundação do Islã está errada, pois a religião provém do século VII. Outra coisa: Kaaba
é a “Pedra Sagrada” do islamismo e não o livro sagrado.
c) politeísta? Falso, de novo.
d) Bingo, informações corretas.
Gabarito: D

(UFMS 2004)
Sobre o Império Bizantino, durante algum tempo também chamado de Império Romano do
Oriente, é correto afirmar que:
01) as Cruzadas contribuíram para sua decadência, pois causaram a reabertura do
Mediterrâneo aos mercados ocidentais, um maior contato entre os mundos cristão ocidental,
muçulmano e bizantino e o aumento do anti-semitismo na Europa.
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02) a herança da filosofia grega, de enorme influência na sociedade bizantina, contribuiu para
a existência de um ambiente de debates em torno de temas religiosos, a exemplo da origem
e natureza de Jesus Cristo.
04) a civilização bizantina exerceu poquíssimas influências culturais sobre as sociedades
medievais, principalmente sobre as eslavas.
08) a arte bizantina foi marcada pela fusão de elementos culturais asiáticos, gregos e latinos,
condicionados pelo Cristianismo.
16) em 1453, Constantinopla foi conquista pelos turcos otomanos liderados pelo sultão
Maomé II, sendo transformada na capital do Império Otomano, momento em que seu nome
foi mudado para Istambul.
Comentários
O Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino, nasceu da divisão do Império Romano em
dois, no ano de 395. Com isso, essa parte do império ficava com os territórios da Península
Balcânica, da Ásia Menor e posteriormente conseguiria reconquistar partes do Oriente Médio e
do Egito. Diferente do Império do Ocidente, os orientais conseguiram sobreviver as crises e
invasões bárbaras. Isso porque estavam localizados em lugares estratégicos para o comércio
terrestre e marítimo entre Europa, África, Oriente Médio e Ásia. Assim, podiam cobrar tributos e
direitos sobre esse comércio, o que lhes rendia um bom dinheiro para sustentar exércitos,
construir edificações e subornar invasores. O Império Bizantino, tinha capital em Constantinopla,
antigamente chamada de Bizâncio pelos gregos, e durou desde sua separação de Roma até 1453,
quando a capital foi conquistada pelos turco-otomanos. sabendo disso, vejamos:

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01) Correto! As Cruzadas foram um movimento de expedições militares incentivadas pelo Papa
romano para reconquistar Jerusalém dos muçulmanos. Essa cidade era considerada sagrada pelos
cristãos, mas também por islâmicos e judeus. O Papa prometeu que qualquer um que empenhasse
esforços nas Cruzadas seria recompensado com a salvação de sua alma. Muitos nobres, servos e
povo em geral atendeu ao chamado. Contudo, além dos motivos religiosos, também havia
motivações econômicas. Algumas cidades na costa da Península Itálica haviam conseguido
prosperar comercialmente, mesmo com a queda do Império do ocidente, devido à sua
proximidade com o mar Mediterrâneo, por onde todo o comércio transcontinental ocorria. Para
obter mais pontos estratégicos desse comércio, os comerciantes dessas cidades italianas
investiram muito nas Cruzadas sob o pretexto religioso. Inclusive, foi com seus exércitos que os
cristãos ocidentais conseguiram conquistar Constantinopla durante um curto período, o que
desestabilizou muito o Império Bizantino. Mesmo recuperando a capital posteriormente, os
bizantinos tiveram uma grande perda, pois agora os europeus ocidentais tinham acesso às rotas
que eles mantiveram por tanto tempo monopólio. Por outro lado, o anti-semitismo é o ódio aos
judeus, que se alastrou pela Europa nessa época, justamente porque judeus também pleiteavam
Jerusalém como sua cidade sagrada, portanto os cristãos passaram a persegui-los.
02) Correto! O Império Bizantino estava localizado no coração do que tinha sido o Império
Macedônio, o qual um dia foi governado por Alexandre, o Grande. Este, em seus tempos de
governo, promoveu a difusão da cultura grega em seus vastos domínios, que iam dos Balcãs até
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as fronteiras da Índia, incluindo o Egito. Por isso, nessa área foi se formando a cultura helenística,
que mistura elementos gregos com outros de origem oriental e africana. Por conta disso, também,
a região tinha um histórico de liberdade religiosa, pois mesmo sob o governo de diferentes
impérios, todos estes sempre respeitaram a diversidade religiosa e cultural dos povos,
promovendo inclusive a incorporação dos mais variados elementos culturais. Além disso, mesmo
entre os cristãos havia diversidade. No caso bizantino, havia os monofisistas, que defendia que
Cristo tinha apenas uma natureza divina, e não a fusão de duas naturezas, uma divina e uma
humana. Havia também, os ortodoxos, que além de defender o contrário dos monofisistas eram
contra a produção e culto às imagens. Dessa forma, nota-se que os cristãos bizantinos debatiam
a origem de Jesus e seu significado.
04) Errado. A civilização bizantina exerceu muita influência sobre as sociedades medievais, pois
disputou a hegemonia religiosa, política e econômica na Europa com elas. Por séculos, os
bizantinos controlaram as principais rotas de comércio do mar mediterrâneo, por tanto os
europeus que tinham acesso ao comércio com certeza tiveram produtos e moedas bizantinos em
suas mãos. Por outro lado, os eslavos, povos bárbaros de origem euroasiática, estavam instalados
nas fronteiras entre Europa e Ásia, em regiões hoje que são a Ucrânia, a Suécia, nos Balcãs e na
Ásia Menor, ou seja, justamente na região do Império Bizantino. Era impossível eles viverem ali
sem sofrerem influência desta civilização.
08) Correto! Pelas mesmas razões que a letra “b”. Apesar da coexistência de tantas influências
culturais, o Cristianismo era a religião oficial do Império Bizantino, portanto, direta ou
indiretamente condicionava a coexistência dessas culturas, ditando o que era mais ou menos
aceitável. A arte foi muito influenciada por tudo isso, incluindo o cristianismo.
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16) Correto! Nos seus últimos anos, o Império Bizantino passava por uma crise aguda. Os altos
impostos descontentavam a grande parte da população, que era pobre; as Cruzadas tiraram o
monopólio bizantino sobre importantes rotas comerciais, fonte de arrecadação do Estado;
constantes invasões dos povos islâmicos do Oriente Médio contribuíram para torrar os recursos
do Império e o fazer perder territórios. O ato final dessa tragédia foi a invasão de Constantinopla
pelos turco-otomanos, povo islâmico, em 1453.
Gabarito: 27

(UFJF 2018)
A notícia abaixo, publicada em uma revista semanal brasileira, informa acerca de um
importante problema contemporâneo. Observe:
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"Homem carrega cartaz com a inscrição "terrorista não é muçulmano" durante marcha a
favor da paz que reuniu 10 mil pessoas em Toulouse, na França, em 21 de novembro de
2015."
"Os atentados terroristas em Paris serviram de estopim para uma nova onda de discurso de
ódio direcionado ao islã. Na França, a desconfiança e a hostilidade aos muçulmanos se
solidificam, enquanto nos Estados Unidos a islamofobia ganha legitimidade no debate
político e, até no Brasil, muçulmanos são alvos de agressões físicas."
Carta Capital, 01/12/2015
O problema evocado na notícia possui uma raiz histórica profunda e secular. Em que cenário
histórico podemos situar essa raiz?
a) nas sucessivas guerras entre cidades-estado gregas no século V a.C.
b) nos conflitos provocados pelas chamadas expansões bárbaras no século V.
c) na relação entre mundo árabe e cristão desde a expansão árabe no século VIII.
d) na expansão marítima europeia no século XV.
e) na ocupação dos territórios americanos pelos europeus no século XVI.

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Comentário
Essa questão tem a mesma natureza na de número 8 que você acabou de fazer. É uma pergunta
recorrente: qual a raiz da natureza dos conflitos entre islâmicos e cristãos? Vou responder
objetivamente pois você já sabe discutir esse assunto. Na chamada Alta Idade Média, em especial
a partir do século VII, quando a civilização árabe, após o estabelecimento do Islamismo, passou a
se expandir pela Europa Ocidental, árabes e cristãos passaram a se enfrentar em diversos
territórios, o que levou a algumas guerras, como as Cruzadas e a Guerra de Reconquista.
Gabarito: C

(UPE 2018)
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O Saltério de Chludov, hoje na Rússia, é um dos mais importantes documentos provenientes


do Império Bizantino. Essa iluminura, em especial, retrata um importante movimento
sociopolítico ocorrido nesse Estado, denominado de
a) Cesaropapismo, a aliança entre o Imperador e o Patriarca.
b) Iconoclasmo, o movimento pela destruição dos ícones religiosos.

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c) Bizantinismo, a discussão interminável sobre temas exotéricos.


d) Cisma, a excomunhão mútua entre as igrejas Católica Romana e Ortodoxa Oriental.
e) Iluminismo, a política em prol da ilustração dos manuscritos.
Comentários
O processo cultural-religioso do Império Romano do Oriente estava influenciado pela iconolatria:
a veneração de imagens religiosas representadas em pinturas, mosaicos, esculturas, medalhas e
entre outros. Já a iconografia (do grego, pintura de retratos) é o estudo dessas imagens.
Porém, para os bizantinos, em sua maioria cristãos ortodoxos, não se tratava de uma veneração
decorativa das imagens, mas o estímulo a uma linguagem de pregação. A iconolatria, a veneração
às imagens, era uma prática característica da Igreja Católica Ocidental e das religiões politeístas
oriundas do mundo grego-romano.
Por isso, diferentemente dos católicos ocidentais, a veneração pura e simples, denominada de
idolatria, desconectada de linguagem específica concebida pelos ortodoxos, passou a ser
condenada. Assim, a diferença entre a iconolatria ocidental e a forma como os cristãos ortodoxos
passavam a conceber o significado das imagens tornou-se motivo de grandes disputas.
Os chefes da Igreja do Oriente tentaram, de diferentes formas, estimular a compreensão por meio
do significado das imagens, o que, de fato, elas representavam. Além disso, a iconolatria gerava
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muito capital com a comercialização de imagens, fato que estimulava trocas constantes com o
Ocidente.
O movimento de combate a idolatria atingiu o ápice no século VIII, quando outro fenômeno
político-religioso chamado iconoclastia toma as ruas do Império Bizantino. Etimologicamente,
‘’eikon’’(ícone) significa imagem e ‘’klastein’’ significa quebrar. Ou seja, ‘’quebrador de imagem’’.
Isso ocorreu, pois, a mera adoração das imagens foi proibida! Aqueles que ousassem exigir e
adorar as imagens sofriam castigos ou mesmo eram degolados. O movimento iconoclasta se
desenvolveu principalmente no reinado de Leão III, que governou de 717 a 741. Vocês devem
lembrar que esse conflito ocorreu no contexto mais amplo de disputas entre a Igreja do Oriente
e do Ocidente, tal como já vimos. Contudo, em 787, a iconoclastia foi revista e condenada no
Segundo Concílio de Niceia, na Itália.
Gabarito: B

(ESPM 2017)
Um ano depois de terem saído das fronteiras da Arábia, em 633, os árabes já tinham
atravessado o deserto e derrotado o imperador bizantino Heráclio, nas margens do rio
Yarmuk; em três anos tinham tomado Damasco; cinco anos mais, Jerusalém; passados oito
anos controlavam totalmente a Síria, a Palestina e o Egito. Em 20 anos, todo o Império Persa,
até ao Oxus, tinha caído sob a espada árabe; em 30 era o Afeganistão e a maior parte do
Punjab.
Jaime Nogueira Pinto. O Islão e o Ocidente: a grande discórdia.

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A impressionante velocidade da expansão islâmica, tratada no texto, deve ser relacionada


com:
a) a solidariedade entre os povos;
b) jejum do Ramadã;
c) Jihad e Guerra Santa;
d) rituais da Ashura;
e) peregrinação a Meca.
Comentário
A questão remete a expansão dos árabes muçulmanos para o Oriente Médio, norte da África e
Península Ibérica principalmente após a morte do profeta Maomé em 632. No capítulo 4 da aula,
sobre o Mundo Islâmico, vimos que os califas iniciaram a jihad após a morte de Maomé. Esta
expansão estava ancorada no livro sagrado denominado Alcorão. Jihad significa esforço ou
empenho para divulgar o islamismo, de modo que, com o passar do tempo ela foi ressignificada
para atitudes mais de confrontos, a Guerra Santa. Nesse sentido, a alternativa c) é correta e a a)
errada, pois afirma que houve uma solidariedade entre os povos. Infelizmente, quando se discute
expansionismo religioso o que menos existe é solidariedade, pois, como vimos, muita coisa
envolve poder e portanto, confronto físico.
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As alternativas b), d) e e) trazem elementos da prática religiosa. O jejum do Ramadã corresponde


ao nono mês do calendário islâmico, no qual a maioria dos muçulmanos pratica o seu jejum ritual.
Durante o Ramadã, espera-se do fiel uma maior proximidade dos valores sagrados, uma leitura
mais assídua do Alcorão e uma espécie de correção pessoal e autodomínio. Os rituais da Ashura
correspondem a mais um dia sagrado para os mulçumanos. A Ashura - o décimo, em árabe -
acontece no décimo dia do primeiro mês do calendário islâmico. É uma reverência ao neto do
profeta Maomé, Hussein, morto no ano de 680 pela dinastia sunita dos Omíadas. Desse evento,
nasceu o mártir Hussein e a dinastia dos xiitas. Ashura também significa um período de jejum
opcional de dois dias, instituído pelo profeta Maomé. Ocorreu que sua comemoração acabou se
tornando a base da identidade dos xiitas.
A peregrinação a Meca, item e), vimos em sala. No início era uma forma das diferentes religiões
da Península Arábica venerarem seus ídolos. Posteriormente, com o crescimento do islã e a
tomada de Meca, a peregrinação passou a ser majoritariamente dos mulçumanos.
Gabarito: C

(UFPE)
O Cisma do Oriente, em 1054, trouxe o surgimento de duas Igrejas, uma delas subordinada
ao patriarca de Constantinopla. O Cisma foi resultado sobretudo:
a) das pressões exercidas pelos seguidores da heresia monofisista que negavam o dogma da
Santíssima Trindade.

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b) das instabilidades políticas causadas pelas manobras políticas de Justiniano.


c) das divergências existentes entre as duas formas de viver o Cristianismo, uma ligada ao
Ocidente e outra, aos costumes culturais bizantinos.
d) das pressões feitas pelos iconoclastas, defensores de uma religião sem clero, apenas
influenciada por uma leitura direta das santas escrituras.
e) de uma mera luta política por mais poder, desencadeada pelo patriarca de Constantinopla,
Miguel Celurário.
Comentários
A ocorrência do Cisma está, de fato, ligada, em grande parte, às particularidades culturais tanto
do Ocidente quanto do Oriente europeu. Havia formas de governo diversas, como a que foi
adotada pelos reinos católicos ocidentais e aquela que vigorou em Constantinopla com a
continuidade do Império Romano. Essas particularidades estão, em outras questões, como a
centralidade da língua latina, no caso do Ocidente, e da língua grega, no caso do Oriente.
Gabarito: C

(UNICAMP 2019)
Os estudiosos muçulmanos adaptaram a herança recebida dos povos arabizados. Entre os
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domínios conquistados pelos muçulmanos estavam a Mesopotâmia e o antigo Egito,


civilizações que desde cedo observaram os fenômenos astronômicos. O estudo dos
fenômenos naturais no Crescente Fértil possibilitou a agricultura e perdurou por milênios.
Nas costas do Mar Egeu, na região da Jônia, surgiram no século VI a.C. as primeiras
explicações dos fenômenos naturais desvinculadas dos desígnios divinos. E as conquistas de
Alexandre permitiram o início do intercâmbio entre o conhecimento grego, de um lado, e o
dos antigos impérios egípcio, babilônico e persa, de outro. Além disso, houve trocas
científicas e culturais com os indianos. O império árabe-islâmico foi, a partir do século VII, o
herdeiro desse legado científico multicultural, ao qual os estudiosos muçulmanos deram seus
aportes ao longo da Idade Média.
(Adaptado de Beatriz Bissio, O mundo falava árabe. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2012, p. 200-201.)
Considerando o texto acima sobre o Islã Medieval e seus conhecimentos, assinale a
alternativa correta.
a) A extensão do território sob domínio islâmico e a liberdade religiosa e cultural
implementada nessas áreas aceleraram a construção de novos conhecimentos pautados na
cosmologia ocidental.
b) A partir do século VII, o avanço dos exércitos islâmicos garantiu a expansão do império de
forma ditatorial sobre antigos núcleos culturais da Índia até as terras gregas do Império
Bizantino, chegando à Espanha.

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c) Os conhecimentos sobre os fenômenos naturais construídos pelos mesopotâmicos,


egípcios, macedônicos, babilônicos, persas, entre outros povos, foram ignorados pelo Islã
Medieval, marcado pelo fundamentalismo religioso.
d) A difusão de saberes multiculturais foi uma das marcas do Império árabe-islâmico, sendo
ele a via de transmissão do sistema numérico indiano para o Ocidente e de obras da filosofia
greco-romana para o Oriente.
Comentário
Essa é uma boa questão que procura explorar o conhecimento do aluno sobre as interações entre
o conhecimento produzido durante a Antiguidade e seu legado para a Idade Média. Nesse
sentido, é a civilização árabe aquela que, durante o medievo, mais interagiu com esses
conhecimentos, mantendo-os vivos e os adaptando às novas demandas. O texto logo começa
com a seguinte ideia: “Os estudiosos muçulmanos adaptaram a herança recebida dos povos
arabizados.”. Ou seja, percebe-se que a autora quer expressar a dimensão de legado deixado
pelos povos que foram arabizados, ou conquistados pelos islâmicos, ao mesmo tempo que coloca
em relevo o aspecto cultural da civilização árabe-islâmica: formação de um saber multicultural.
Dessa forma, o crescimento da Civilização Árabe na chamada Alta Idade Média proporcionou uma
conexão e um intercâmbio entre Ocidente e Oriente não antes visto. Por isso, conhecimentos
orientais – como o sistema número indiano – chegaram ao Ocidente e conhecimentos ocidentais
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– como os livros de Ptolomeu – chegaram ao Oriente através dos árabes.


Dito isso, podemos afirmar que alternativa correta é a letra D.
Vejamos o que está incorreto nas demais:
a- Não estava pautado na cosmologia ocidental, mas oriental.
b- A expansão árabe-islâmica não foi ditatorial
c- Os conhecimentos legados pelos povos da Antiguidade Oriental não foram ignorados
pelos árabes, o próprio texto do enunciado deixa clara essa informação.
d- Corretíssima.
Garabito: D

(UNICAMP 2012)
A longa presença de povos árabes no norte da África, mesmo antes de Maomé, possibilitou
uma interação cultural, um conhecimento das línguas e costumes, o que facilitou
posteriormente a expansão do islamismo. Por outro lado, deve-se considerar a superioridade
bélica de alguns povos africanos, como os sudaneses, que efetivaram a conversão e a
conquista de vários grupos na região da Núbia, promovendo uma expansão do Islã que não
se apoia na presença árabe.
(Adaptado de Luiz Arnaut e Ana Mônica Lopes, História da África: uma introdução. Belo
Horizonte: Crisálida, 2005, p. 29-30.)
Sobre a presença islâmica na África é correto afirmar que:

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a) O princípio religioso do esforço de conversão, a jihad, foi marcado pela violência no norte
da África e pela aceitação do islamismo em todo o continente africano.
b) Os processos de interação cultural entre árabes e africanos, como os propiciados pelas
relações comerciais, são anteriores ao surgimento do islamismo.
c) A expansão do islamismo na África ocorreu pela ação dos árabes, suprimindo as crenças
religiosas tradicionais do continente.
d) O islamismo é a principal religião dos povos africanos e sua expansão ocorreu durante a
corrida imperialista do século XIX.
Comentários
a) Voltemos ao texto: no início do parágrafo, consta que a presença dos povos árabes no norte
da África possibilitou a interação cultural. Dessa forma, segundo o texto, a expansão do islamismo
por meio dos árabes se deu, em partes, pela interação cultural e pela superioridade bélica de
povos africanos (não-árabes), ou seja, métodos violentos. Então, não dá para generalizar o aspecto
da violência. Além disso, também não dá para generalizar que o islamismo foi aceito em todo o
continente africano.
b) Repare que, para responder a questão não é necessário o conhecimento específico sobre os
povos africanos e seu processo de islamização. Por conta de interesses comerciais, grupos árabes
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estabeleceram contato e se misturavam a povos africanos, num processo de interação cultural


que, mais tarde, contribuiu para a difusão da religião. Esses grupos mercantis eram minoritários e
existiram em diversas regiões da África, mesmo sob domínio de outros povos. O texto destaca
que alguns grupos africanos – e não árabes – foram, posteriormente, responsáveis pela expansão
do islamismo para diversas partes do interior do continente. Esse contato entre os povos existia
antes mesmo do surgimento do islã. Lembre-se, por exemplo, de que Maomé era comerciante
antes de ser profeta e fundador da religião.
c) O texto afirma que os não árabes tiveram papel fundamental para difundir o islamismo na África.
Também não há nada que comprove a supressão das crenças religiosas tradicionais.
d) A expansão do islamismo, principalmente, no Norte africano ocorreu antes do século XIX,
durante a Idade Média. Veja abaixo o mapa da expansão do islã, entre os anos de 632 e 750.

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Gabarito: B

(UVA 2011)
Do grande Cisma, sofrido pelo Cristianismo no século XI, resultou:
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a) o estabelecimento dos Tribunais da Inquisição pela Igreja Católica.


b) a Reforma protestante, que levou à quebra da unidade da Igreja Católica na Europa
ocidental.
c) a “Querela das Investiduras”, que proibia a investidura de clérigos por leigos.
d) a divisão da Igreja em Católica Romana e Ortodoxa Grega.
Comentários
Essa uma questão que aborda a virada do primeiro milénio no século X para o XI. Desse momento,
é importante entendermos que a Igreja Católica Romana (a Igreja Ocidental), desde os romanos,
em particular com Constantino, começou a se aliar politicamente com os governantes. No começo
da Idade Média tivemos a conversão (cristianização) dos reis germânicos ao cristianismo.
Simbolicamente, a unção de Pepino, o Breve, em 754, assinalou a aliança entre Reino Franco e
Igreja, algo reafirmado por Carlos Magno, 20 anos depois.
Porém, a Igreja de Constantinopla (Igreja Oriental) também havia se aliado ao Império Bizantino,
só que de outra forma, diferente da empregada no ocidente. Os diversos reinos bárbaros
independentes que se criaram a oeste da Europa, com ajuda e alianças da Igreja Romana,
dominaram a sociedade feudal, e os reis passaram a exercer o poder político enquanto os Papas,
o poder religioso. Entretanto na parte bizantina, a Igreja se caracterizava por seguir um regime
político teocrático centralizado na figura do Basileu (Imperador). Os historiadores afirmam que
havia uma relação perfeita entre o poder temporal (da política) e o poder religioso (da igreja).
Assim, o Imperador era o chefe de Estado e da igreja, e essa relação hierárquica do poder religioso

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submisso ao político ficou conhecido como cesaropapismo. O imperador nomeava o Patriarca


(“Papa oriental”) e, por meio dele intervinha nos assuntos internos da Igreja Cristã.
Note que independente da forma como as alianças foram feitas, seja em Roma ou Constantinopla,
a relação entre imperadores e reis com a Igreja foi algo muito importante para o período medieval.
Essa parceria pretendeu, entre outros objetivos, universalizar uma única religião capaz de conduzir
as pessoas à salvação das almas. Um projeto compatível com o tipo de divisão da sociedade em
que não se vislumbrava a melhoria material para todos, apenas saídas espirituais capazes de gerar
conforto em meio à tanta desgraça e miséria. Compatível, também, com a própria ideia de Império
e de Reino, pois se a proposta dos governantes era expandir o poder político, nada melhor do
que seus respectivos projetos de poder serem acompanhados por uma religião capaz de contribuir
para os interesses de expansão universal dos governantes. Com isso, diminuía-se a probabilidade
de conflitos com os povos cristianizados, ou seja, reforçava-se o papel de conciliação do
cristianismo.
Além disso, tanto o Reino Franco como o Império Bizantino tiveram pretensões de refundar o
Império Romano. E nos dois casos a Igreja Cristã teve papel importante ao assegurar a
legitimidade dessa pretensão. Desse modo, em diversos momentos os interesses entre os dois
impérios se chocaram, consequentemente, o clero da igreja também. Alguns desses choques
estavam ligados ao não reconhecimento do Papa Romano como chefe supremo da Igreja, pelo
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Basileu, visto que o Papas ocidentais buscam uma maior autonomia religiosa, enquanto o
Imperador Bizantino queria ser o chefe supremo da religião cristã no mundo. Outro ponto em
discordância era em torno da maneira com que a fé cristã era professada no Oriente, devido suas
particularidades em função da formação grego-oriental do Império Bizantino. Dessa
particularidade emergiu o movimento iconoclasta e o monofisismo, que repudiavam o culto a
imagens e divergia com o pontífice romano sobre a natureza de Jesus Cristo (se era divina ou
humana).
Nesse cenário de disputas ao longo de anos, o auge ocorreu em 1054, em um evento denominado
Cisma do Oriente. Nessa época o patriarca da Igreja de Constantinopla era Miguel Cerulário. Uma
de suas medidas marcantes foi mandar fechar todas as igrejas latinas na Capital do Império.
Evidentemente, o papa romano achou um absurdo tal decisão. Assim, em 1054, o papa foi até
Constantinopla com a intenção de fazer o patriarca reconhecer a Igreja romana -
consequentemente, o papado – como a instituição mãe, acima de qualquer outra. Ademais, o
papa também foi buscar um apoio do Império Bizantino para se defender de ataques de povos
normandos na Península Itálica. Mas Cerulário não aceitou os acordos. Isso fez com que o Papa
Humberto excomungasse patriarca, que fez o mesmo com o Papa. Então, o Imperador Bizantino
proclamou a separação oficial entre as duas igrejas, já que, para os orientais, teria sido Roma quem
se afastou das pregações originais de Jesus Cristo. A partir daí surgiu oficialmente a Igreja
Ortodoxa, com sede em Constantinopla, e a Igreja Católica Apostólica Romana, sediada em
Roma.
Dessa forma a resposta correta é a letra (D), “a divisão da Igreja em Católica Romana e Ortodoxa
Grega.”

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Gabarito: D
(UVA 2011)
A doutrina islâmica ou muçulmana baseia-se no livro sagrado Corão ou Alcorão e nos atos,
ditos e ensinados de Maomé, considerado pelos muçulmanos o último e maior profeta
enviado por Alá, o Deus único. Com mais de 1,2 bilhão de adeptos, o islamismo é a crença
que mais cresce no mundo. A religião que seduz tantos corações e mentes tem seu nome
derivado do termo árabe islam, que significa “submissão” (a Deus).
Para explicar a rápida expansão muçulmana, ou do islã, há vários fatores. Analise as
afirmativas abaixo e escreva a letra V nas frases verdadeiras e letra F nas frases falsas.
( ) A fraqueza defensiva do Ocidente, devido à política de paz e tolerância da Igreja Católica.
( ) No Ocidente a expansão árabe soube aproveitar as fraquezas dos Estados bárbaros
descentralizados, que sucederam o Império Romano.
( ) O estímulo muçulmano à Guerra Santa, coordenado pelos califas, em nome da expansão
da fé islâmica.
( ) O crescimento demográfico da população árabe, que pressionava o povo a procurar terras
favoráveis à agricultura.
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A sequência correta, de cima para baixo é:


A) V-V-F-F
B) F-V-F-V
C) F-V-V-V
D) V-F-F-F
Comentários
Essa questão, é de verdadeiro ou falso, então atenção. Mesmo que você não saiba todas as
alternativas, as afirmações que você tiver certeza de estarem certas, podem guiar para a
alternativa correta. Falado sobre o crescimento do islamismo no mundo, seu surgimento
aconteceu por volta do início do século VII, período em que a Europa já vivia sua Era Medieval, e
possuía diversos povos bárbaros espalhados e descentralizados entre si, diferentemente do que
ocorrerá na Antiguidade com o Império Romano. Visto isso, a afirmação dois está correta e isso
descarta que a alternativa (E) esteja certa. Assim, continuemos analisando as outras 3 afirmações
para confirmar a resposta:
- A primeira afirmação está incorreta, pois durante a Alta Idade Média, a Igreja Cristã fez diversas
parcerias com povos bárbaros, entre eles, os Francos, que ajudaram no processo de cristianização
de muitos povos ainda pagãos nessa primeira fase da Idade Média. Essa conversão não foi pacífica
e muitas guerras e mortes ocorreram por ela. Diante isso, já podemos descartar a alternativa (A)
também.

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- Já a terceira e quarta afirmações estão corretas. Essas políticas de expansão da fé islâmica


acontecem desde sua criação quando Maomé ainda era vivo. Os califas (líderes muçulmanos), a
fim de expandir suas fronteiras, por motivos religiosos, devido ao Jihad (que passou a virar
sinônimo para uma “Guerra Santa”) e por motivos socioeconômicos, uma vez que a população
árabe não parava de crescer e necessitava de mais terras agriculturáveis para o seu povo.
Explicado isso, a alternativa que contempla a resposta correta da questão é a letra (C), F-V-V-V.
Gabarito: C
(UVA 2010)
Maomé nasceu em Meca, em 570, e tornou-se o nome mais importante da religião dos
árabes depois de Alá. Estava ele com 40 anos quando disse ter sido iluminado por uma visão
do anjo Gabriel, que lhe ordenou que saísse pregando uma nova religião, na qual, “só Alá é
Deus e Maomé é o seu profeta”.
Sobre o Islamismo, religião fundada por Maomé, não é correto afirmar:
a) A Hégira, fuga de Maomé de Meca para Latreb no dia 16 de julho de 622, marca o início
do calendário maometano.
b) Monoteísmo, fatalismo e resignação são princípios do Islamismo.
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c) Quando Maomé morreu, parte da Arábia já se encontrava unificada.


d) O Corão, livro sagrado dos maometanos, não teve grande importância na história do
pensamento muçulmano.
Comentários
Maomé (MUHAMMAD) passou a pregar uma nova fé após anos de meditação. Reunindo
elementos judaicos e cristãos no corão, livro sagrado escrito após a morte de Maomé. Os
muçulmanos acreditam que o Alcorão (ou corão) é a palavra literal de Deus (alá) revelada ao
profeta Maomé. É um dos livros mais lidos e publicados no mundo. Dessa forma, é errado afirmar
que o Corão não teve importância para na história do pensamento mulçumano. Por isso, o
Gabarito é a alternativa D.
Sobre as demais alternativas, corretas, reforço os seguintes aspectos contidos na aula: por volta
de 610, Maomé surge com uma proposta de unificar todas as tribos em torno de uma única
religião monoteísta, o Islã (rendição, em árabe). Os beduínos, aos poucos, aderiram à proposta
de Maomé. Mas, os ricos comerciantes de Meca consideravam que a religião pregada por Maomé
era uma ameaça aos negócios da cidade. Os coaraxitas temiam que a nova religião acabasse com
o significado da paz e com a peregrinação em torno da Caaba, que lhes servia para o comércio.
Assim, em 622 Maomé foi perseguido pelos coraixitas de Meca e, por isso, teve que fugir para
Latreb. Na história árabe-islâmica essa foi a Hégira. Por sinal, para o calendário islâmico esse
evento é considerado o ponto zero da cronologia.
Em Iatreb, batizada de Medina em homenagem a Maomé, os grupos poderosos ajudaram a
expandir o islamismo na cidade e região. Com isso, Maomé organizou um exército.

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Em 630, o profeta e seu exército invadiram e se apoderaram de Meca e impôs-se o islamismo.


Mesmo após construir um único culto aos povos árabes, a Caaba foi mantida como um ponto de
veneração religiosa - mas de apenas uma religião e de um único Deus. O texto sagrado dos
mulçumanos assim passou a considerar: “Deus designou a Caaba como Casa Sagrada, como local
seguro para os humanos.” (Alcorão 5:97). Maomé morre em 632.
Gabarito: D
(ACAFE 2022) 4000253911

“O antigo Mali foi criado por diversos povos aparentados que viviam na região situada
entre o rio Senegal e o rio Níger. Os mais importantes deles eram conhecidos como mandingas
(ou malinquês, ou manden). [...] Sundjata Keita (1230-1255) estendeu a influência do Mali às
unidades políticas menores da vizinhança, lançando as bases de um Estado unificado que se
manteria hegemônico até a metade do século XV.” (MACEDO, José Rivair. História da África. São
Paulo: Contexto, 2015. p.55)

Considerando o contexto abordado, no excerto, e os conhecimentos relacionados ao tema,


assinale a alternativa CORRETA.

a) Grande parte do que se conhece da história do Mali chegou até nossos dias graças aos
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sábios e viajantes europeus, que circulavam pela região, registrando por escrito suas observações,
além de terem recuperado antigos escritos na cidade de Timbuktu, datados do século X.

b) Sundjata Keita se converteu ao cristianismo para ampliar sua participação no comércio


aurífero com os europeus e, ignorando os costumes e as tradições de seu povo, obrigou que todos
aderissem à religião monoteísta cristã

c) As conquistas territoriais do Mali foram favorecidas pelo processo de islamização pelo


qual esse reino passou a partir do século XIII, além de sua significativa participação nas rotas
comerciais transaarianas.

d) Mesmo sendo um importante reino, o fato de o Mali se localizar, geograficamente,


próximo ao deserto do Saara impossibilitou sua relação com outros povos e limitou sua
participação no comércio da África Ocidental.

Comentários
Em primeiro lugar, note que o tema da questão é o Império Mali, uma civilização que existiu na
África Ocidental, entre os séculos XIII e XV. Foi um dos impérios mais ricos de sua época,
produzindo sua riqueza a partir da mineração e do comércio transaariano. Com isso em mente,
vejamos qual é a alternativa correta:
a) Incorreta. De fato, o Mali teve muitas escolas e universidades que deixaram registros escritos
sobre sua história e cultura. No entanto, a maior parte de sua história era transmitida pela

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tradição oral. A importante função de memorizar e contar a história da família, do clã ou do


Império cabia aos griôs.
b) Incorreta. O cristianismo nunca alcançou o Império Mali durante sua existência. Somente a
partir do século XV, os europeus começaram a circular com mais frequência por aquela região
da África, levando consigo a religião cristã.
c) Correta! O Império Mali se converteu ao islã ainda no século XIII. Lembre-se que a expansão
árabe havia começado no século VII. Vindo da Península Arábica, os árabes mulçumanos
conquistaram e/ou converteram vários povos e civilizações no Norte da África, frequentemente
alcançando alguns localizados logo abaixo do deserto, como era o caso do Mali. Como uma
religião monoteísta, o islã oferecia várias vantagens ao Estado malinquê, como fabricar uma
maior unidade cultural e ideológica por meio da religião. Mais que isso, forneceu uma série de
mecanismos ideológicos para legitimar a expansão territorial do império.
d) Incorreta. Muito pelo contrário, o Mali estava em uma localização estratégica, mesmo que
grande parte do seu território fosse localizada no deserto do Saara. A questão é que ali tinha
muitas minas de ouro e de sal, uma importante especiaria naquele tempo. Além disso, havia
cidades que eram pontos de passagem importante para os viajantes que atravessavam o deserto.
Inclusive, todo o comércio entre o Norte da África e a África subsaariana era feito por caravanas
de comerciantes ambulantes, em camelos e carroças. Sendo assim, o Mali tinha controle sobre
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boa parte das cidades (e, portanto, das rotas) pelas quais esse comércio circulava, permitindo-
lhe taxar tudo que era comercializado. Tudo isso fez desse império o mais rico do mundo na
época.
Gabarito: C

(UNITAU 2022) 4000251998


Os muçulmanos desembarcaram na península Ibérica em 711, onde permaneceram, em
distintas regiões, até 1492. Introduziram inovadoras técnicas agrícolas, desenvolveram as
atividades comerciais, cunharam moedas, construíram estradas e edificaram cidades que
foram autênticos símbolos da riqueza da sociedade urbana andaluza, como Granada, Sevilha,
Córdoba e Toledo. A longa permanência dos conquistadores muçulmanos deixaria marcas
definitivas no Ocidente.
YAZBEK, Mustafa. A Espanha muçulmana. São Paulo: Ática, 1987. Adaptado.
A cultura muçulmana, presente na península Ibérica desde o século VIII, agiu no Ocidente
como uma força sintetizadora, levando para as regiões conquistadas o que havia de mais
significativo no conhecimento árabe, chinês, indiano e grego.
Sobre a herança deixada pelos islâmicos medievais para a cultura ocidental, leia as
afirmativas abaixo.
I. Introduziram no Ocidente os algarismos hindus, hoje chamados arábicos, desenvolveram a
álgebra e a astronomia.

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II. Imortalizaram nomes como os dos médicos e filósofos Averróis e Avicena, sendo que este
teve sua obra enciclopédica utilizada durante muito tempo nas escolas europeias de
Medicina.
III. Traduziram e difundiram o conhecimento clássico grego, recuperando e entregando aos
europeus da Idade Média, um vasto saber.
IV. As divisões sociais e religiosas estabelecidas pelos muçulmanos na península Ibérica
medieval impediram que o conhecimento científico lá produzido se propagasse pelas demais
regiões da Europa.
Está CORRETO o que se afirma em:
a) I, apenas
b) I e II, apenas
c) II, III e IV, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II e III, apenas.
Comentários
A expansão islâmica ocorreu entre os anos 622 e 732 d.C. e avançou sobre toda a península da
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Arábia, Pérsia, norte da África e península Ibérica. Porém, no século VIII, foi interrompida quando
avançavam pela Europa Ocidental. Os principais motivos para a expansão eram: propagar o
islamismo como religião por meio da conversão e da guerra santa (jihad); necessidade de mais
terras férteis para produção de alimentos; o enfraquecimento dos Impérios Persa e Bizantino,
maiores potências do Oriente Médio na época; a baixa resistência dos povos conquistados, devido
ao respeito dos mulçumanos pelas culturas regionais, limitando-se a cobrar impostos dos não-
muçulmanos. Durante o governo dos quatro primeiros califas após a morte de Maomé, a capital
era em Meca e foram conquistadas a Síria, a Palestina, a Pérsia e o Egito. Ao assumir o poder, em
661, a dinastia Omíada transferiu a capital para a cidade de Damasco, na Síria. Nesse momento,
há uma mudança na forma de organizar o Império e de conduzir as conquistas e a relação com os
novos povos conquistados. Baseando-se em métodos e estruturas políticas dos Romanos e dos
Persas, eles impuseram o árabe como língua obrigatória e cunharam sua própria moeda. Nessa
época, também se iniciava a expansão rumo ao oeste, conquistando os territórios no norte da
África, chegando até o atual Marrocos. Em 711, os árabes cruzaram o estreito de Gibraltar e
tomaram boa parte das terras dos visigodos na Península Ibérica, onde hoje fica Portugal e
Espanha. Posteriormente, eles rumaram até a região dos Pirineus, local onde ocorreu a batalha
contra os francos, a famosa Batalha de Poitiers, em 732. Carlos Martel derrotou os árabes nessa
ocasião, forçando-os a se manterem recuados na Península Ibérica, onde permaneceram até o
século XIV, quando espanhóis e portugueses conseguem expulsá-los definitivamente. Nos anos
seguintes, o vasto território que conquistaram em menos de um século se dividiram em diferentes
califados. Agora que recapitulamos os principais pontos acerca da expansão islâmica, vejamos
quais afirmativas são corretas:

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I. Verdadeira! Por terem tomado controle sobre o Oriente Médio, até as fronteiras com a Índia, os
árabes acabaram reunindo e preservando grande parte da herança cultural de povos que
habitavam a região desde a Antiguidade, como hindus, fenícios, persas, acádios, sumérios, etc. A
matemática e a astronomia eram algumas das ciências mais desenvolvidas por esses povos e seu
acúmulo de conhecimento sobre elas, armazenados em bibliotecas, templos e palácios antigos
foram muito estudados pelos árabes, que levaram esse conhecimento para os demais territórios
que conquistaram à oeste. Vale destacar que o conceito de “0” não era conhecido pelos europeus
até o contato mais frequente com os islâmicos, na Idade Média.
II. Verdadeira! Avicena (980-1037) e Averróis (1126-1198) foram pensadores islâmicos dos tempos
medievais. Eles tiveram uma variada produção intelectual, abarcando áreas da filosofia, teologia,
astronomia, geografia, jurisprudência, matemática, física, entre outras. Todavia, de fato, seus
trabalhos de medicina foram aqueles que se imortalizaram tanto nas Universidades europeias
como islâmicas até o período moderno.
III. Verdadeira! Os árabes nunca conquistaram a Grécia, então, você deve se perguntar, como eles
poderiam ter traduzido e preservado conhecimentos da Grécia Antiga como fizeram com as
culturas do Oriente Médio? Ora, lembre-se que os gregos antigos eles próprios colonizaram e/ou
conquistaram boa parte do Leste europeu e do Oriente Médio, sobretudo durante a expansão
macedônica, sob o governo de Alexandre, o Grande. Nesse período, o imperador macedônico
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promoveu a difusão da cultura grega nas terras orientais e sua mistura com as culturas locais, o
que deu origem ao helenismo. Portanto, séculos depois, quando os árabes deram início à sua
expansão no Oriente Médio e no Norte da África, algumas das cidades mais antigas também
detinham uma herança cultural grega significativa que foi traduzida, estudada, preservada e
difundida pelos árabes nos territórios que conquistaram entre os séculos VII e VIII.
IV. Falsa. Apesar da fragmentação do império árabe após a estagnação da expansão e a rivalidade
entre os califados que emergiram a partir disso, havia um considerável trânsito de pessoas,
mercadorias e saberes entre eles. É importante lembrar que os muçulmanos migram para Meca
pelo menos uma vez na vida, o que por si só, naquela época, obrigaria qualquer um que partisse
da Península Ibérica a passar por vários territórios no Norte da África e na Península Arábica. Se
fosse por rota marítima, poderia passar pela Palestina, no Oriente Médio. Era comum também
que os islâmicos migrassem entre os califados para estudar nas famosas universidades localizadas
em alguns deles.
Portanto, a alternativa correta é a letra “e”.
Gabarito: E
(ENCCEJA 2018/2019) 4000119915
Elixir do mundo moderno
A fruta vermelha que nasce da flor branca do pé de café foi descoberta por volta do ano 525
no interior da Etiópia. Os etíopes se alimentavam de sua polpa doce, por vezes macerada,
ou misturada em banha, para refeição. O café da Etiópia atravessou o Mar Vermelho e foi
levado para a Península Arábica, onde era consumido como bebida após a torrefação.
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Impregnado na cultura do mundo islâmico, o café foi incluído até mesmo na legislação turca,
segundo a qual as esposas podiam pedir divórcio caso os maridos não provessem a casa com
uma cota de café. Porém, o uso excessivo do café, libertador de emoções, levou o
governador de Meca a proibi-lo em casas públicas e mosteiros em 1511.
MARTINS, A. L. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 57, jun. 2010.
A história do fruto mencionado o apresenta como uma iguaria
a) considerada originalmente sagrada.
b) apropriada de diferentes maneiras pelas sociedades.
c) conhecida em vários países pelo seu valor medicinal.
d) valorizada internacionalmente por seu potencial econômico.
Comentários
Aqui temos uma questão interpretativa, uma vez que o comando requisita que indiquemos como
o café é apresentado pelo texto selecionado. Neste, o autor se debruça sobre a descoberta e os
usos do café pelas civilizações árabe e islâmica durante a Idade Média (séculos V ao XV). Sabendo
disso, vejamos como esse fruto é apresentado pelo texto:
a) Incorreta. O texto não menciona nada sobre o café ser considerado sagrado nos primeiros anos
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de sua descoberta e uso pelos árabes e islâmicos.


b) Correta! Repare que ao longo do texto, autor menciona várias formas de uso do café pelos
árabes e pelos muçulmanos, seja como alimento, ingrediente ou bebida. Além disso, o texto
explora os impactos sociais e políticos que o café causou conforme ganhou mais importância nas
sociedades árabes e muçulmanas, como no caso de sua adoção como condição para o divórcio e
na proibição do governador de Meca.
c) Incorreta. Não é mencionado nenhum uso medicinal do café no texto.
d) Incorreta. O café era valorizado devido sua importância cultural, não econômica.
Gabarito: B

(UNAERP 2020) 4000249836


A Hégira, que ocorreu no ano de 622 a.C., marca o início do calendário islâmico e simboliza
o início da expressão Islã. Assinale a opção que faz referência ao evento histórico que está
por trás desse episódio.
a) Maomé é visitado pelo arcanjo Gabriel, que então lhe ordena como profeta e o incube de
levar a palavra de Deus, Alá, à humanidade.
b) O início do jihad, a guerra santa muçulmana, deflagrada após a morte do profeta Maomé.
c) Enquanto Maomé realizava um de seus retiros espirituais, em uma das cavernas do monte
Hira, foi visitado e incumbido por Alá de propagar sua palavra.

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d) Perseguido em Meca, Maomé migra para Iatreb, uma cidade a cerca de 350 km a norte
de Meca, que mais tarde passaria a ser conhecida por Medina.
e) Maomé, em Meca, conquista acesso ao santuário da Caaba e destrói todos os ídolos dos
quais as tribos árabes daquela região eram devotas.
Comentários
Olha só, essa questão é fácil e objetiva, pois pede apenas que assinalemos a alternativa que
apresenta a descrição correta do que foi o evento Hégira. É a famosa “decoreba”. Mas calma,
se estiver difícil se lembrar, recorde da nossa fórmula: tempo, espaço e tema. O tempo é 622 a.
C., o espaço é a Península Arábica, região de origem do Islã. O tema é a fundação da religião
islâmica e o início da expansão árabe. Portanto, estamos falando aqui do século VII d. C. Você
se lembra qual era a situação dessa região nesse momento?
Conforme vimos na aula, a Península Arábica não era unificada até esse século. Ela era
povoada por uma diversidade enorme de povos, organizados em tribos autônomas. Em termos
bem gerais, havia as tribos do litoral ao sul, onde havia as terras mais férteis e as cidades mais
prósperas em comércio. O interior e o norte da península eram e ainda são compostos por um
vasto deserto, com alguns oásis espalhados por ele. Essa parte da região, era ocupada por várias
tribos nômades de beduínos, que sobreviviam do pastoreio e do comércio de caravanas de
longas distâncias.
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Até então, a cidade mais próxima era Meca, na parte litorânea que mencionamos. Ela era
controlada pela tribo dos coraixitas, exímios comerciantes. Lá havia monumentos religiosos
importantes, a Caaba, em especial. As diversas tribos árabes também não tinham uma mesma
religião, mas havia uma grande liberdade religiosa entre elas, portanto são consideradas
politeístas. No principal templo da cidade havia imagens e estátuas de vários deuses com a
Caaba, um grande cubo negro, no centro. O templo era o símbolo a tolerância religiosa e da
boa convivência entre as tribos, unânimes em priorizar sempre o comércio. Por conta de ser um
centro religioso, peregrinações eram recorrentes e levavam muitas pessoas à cidade todos os
anos, favorecendo o comércio. Inclusive, mesmo quando havia guerra entre as tribos, havia uma
espécie de feriado religioso, a feira da primavera, que garantia um momento de paz uma vez ao
ano, para que as peregrinações e o comércio florescessem.
O cenário político também contava com as constantes ameaças de invasão dos povos que
faziam fronteira com a região da Península: de um lado o Império Bizantino e, de outro, o Império
Persa.
Nesse contexto, por volta de 610, Maomé surge com uma proposta de unificar todas as
tribos em torno de uma única religião monoteísta, o Islã (rendição, em árabe). Repare que o
cenário era marcado por tensões entre as tribos árabes e o risco constante de invasões externas.
Num cenário como esse, o que Maomé estava propondo era que uma religião que prega um
único Deus contribuiria para garantir a unidade das tribos para manter paz interna e se defender
de ameaças externas. Algo muito semelhante com o que os reis bárbaros europeus pensaram
quando se aliaram ao cristianismo, lembra?

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Mas voltando, Maomé ganhou gradativamente o apoio dos beduínos, mas os ricos
comerciantes de Meca consideravam que a religião pregada por ele era uma ameaça aos
negócios da cidade. Os coraixitas temiam que a nova religião acabasse com o significado da paz
e com a peregrinação em torno da Caaba, que lhes servia para o comércio. Assim, em 622,
Maomé foi perseguido pelos coraixitas de Meca e, por isso, teve que fugir para Latreb
(dependendo da tradução também pode ser Iatreb ou Yatreb). Esta foi a Hégira, portanto a
alternativa correta é a letra “d”.
Gabarito: D

(FACISB 2016) 4000162303


A queda do Império Romano do Ocidente representou a desagregação do quadro político
do Estado, cujo aparato administrativo e militar entrou em colapso no século V. A
organização social da época tardia persistiu, com a permanência de instituições como o
patrocínio e o colonato. A economia existente no século IV não sofreu de imediato uma
grande transformação. Ao lado dos dominadores bárbaros, a velha aristocracia romana de
latifundiários manteve boa parte de seus privilégios. A força militar dos bárbaros contribuiu
para perpetuar a exploração da massa de colonos, ligando-os estreitamente à terra e
submetendo-os a seus senhores ou seus bispos.
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A Igreja garantiu um mínimo de unidade cultural no então fragmentado mundo ocidental.


(Maria Luiza Corassin. Sociedade e política na Roma antiga, 2001.)
Para a historiadora, houve
a) um lento processo de assimilação de instituições romanas, como a estrutura militar, e de
costumes bárbaros, como a servidão dos camponeses.
b) uma radical transformação política com a organização de exércitos bárbaros, que se
mostraram incapazes de defender as fronteiras do Império Romano.
c) uma transição da economia agrária romana, fundamentada na grande propriedade, para
a atividade mercantil de colonos bárbaros, submetidos aos senhores.
d) uma tentativa fracassada de manter a identidade cultural do Império Romano, uma vez
que a Igreja latina triunfou sobre a religião dos cristãos e dos bárbaros.
e) uma relativa continuidade nas formas de dominação social após a queda do Império
Romano, apesar da descentralização do poder nos reinos bárbaros.
Comentários
Antes de tudo, repare que esta é uma questão interpretativa, ou seja, o comando requisita que
apontemos uma interpretação correta sobre o texto que foi apresentado. Agora, note que o texto
explora o período histórico de transição entre o declínio do Império Romano do Ocidente (s. IV-
V) e a Alta Idade Média (s. V-X). A autora aborda a coexistência de elementos culturais bárbaros
e romanos nesse momento. Lembre-se que povos bárbaros migravam ou invadiam os territórios
romanos desde pelo menos o século III. Por sua vez, Roma tinha abandonado a expansão territorial

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no século II, o que afetou a reprodução da escravidão, principal fonte de mão de obra do Império.
Apesar disso, grande parte da aristocracia romana mantinha suas propriedades fundiárias, mas
agora precisava recorrer à outras relações de trabalho que não a escravidão. Assim, no século IV
foi criado o colonato, que visava fixar os trabalhadores à terra. Nesse período, a Igreja Católica se
tornou a religião oficial de Roma, o que fez dela uma das principais instituições políticas e culturais
na Europa. Contudo, o Estado romano já não dava mais conta de manter tantos territórios unidos
e ainda lidar com as invasões bárbaras que só aumentavam. Alguns territórios foram tomados,
formando novos reinos independentes; outros se separaram por vontade própria; a Igreja
sobreviveu se aliando a determinados reis bárbaros ou grandes proprietários descendentes da
elite romana. Nesse processo, as guerras se tornaram frequentes e ocorreu uma ruralização da
sociedade. Os exércitos particulares predominaram, prevalecendo alianças e relações pessoais,
permeadas por algumas instituições romanas que sobreviveram. Com isso em vista, vejamos o que
houve segundo o texto da historiadora:
a) Incorreta. A autora menciona logo na segunda linha do texto que a estrutura militar romana
entrou em colapso junto com o sistema administrativo. Do ponto de vista militar, as tradições
bárbaras foram as que prevaleceram na maior parte da Europa ocidental. Por seu turno, o sistema
de servidão era de origem romana; tinha derivado o colonato, criado no século IV pelo imperador
Constantino.
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b) Incorreta. Os exércitos bárbaros não defendiam as fronteiras do Império Romano, mas sim as
atacavam.
c) Incorreta. A economia agrária romana persistiu, uma vez que já era baseada no colonato, cujo
colono podia ser um plebeu romano, um ex-escravo ou mesmo um migrante bárbaro. A economia
mercantil só se desenvolveu na Europa por volta do século XIII, na transição entre a Idade Média
Central e a Baixa Idade Média.
d) Incorreta. Na verdade, a identidade cultural do Império Romano sobreviveu, em grande parte,
graças à Igreja Católica (que é a Igreja latina) que persistiu como uma importante instituição
política e cultural no mundo medieval, como destaquei no comentário.
e) Correta! É exatamente isso que a historiadora argumenta ao afirmar que “organização social da
época tardia persistiu, com a permanência de instituições como o patrocínio e o colonato. A
economia existente no século IV não sofreu de imediato uma grande transformação.” O colonato
se transmutou em servidão e a Igreja se manteve como alicerce ideológico e cultural da nova
ordem medieval. Portanto, houve uma continuidade nas formas de dominação social, apesar das
transformações políticas (descentralização).
Gabarito: E

(UEA – 2014 / Segunda Fase)


O Islão não seria nada sem as rotas. As rotas são sua riqueza, sua razão de ser, sua civilização.
Durante séculos, ele ocupou graças a elas uma posição “dominante”. Até a descoberta da
América, ele domina o Velho Mundo, o que constitui, de fato, a sua história “mundial”.
Somente ele coloca em contato as grandes áreas culturais entre as quais se divide o Velho
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Mundo: o extremo Oriente, a Europa, a África Negra. Ele é o intermediário. (Fernand


Braudel. Gramática das civilizações, 1987. Adaptado.)
O historiador alude à importância comercial das populações islâmicas no período histórico
anterior à descoberta da América. A história da economia europeia pode ilustrar a afirmação
do texto, considerando que
(A) os árabes islamizados levaram para a Europa a moeda, as letras de câmbio e os
empréstimos bancários a juros módicos.
(B) as especiarias vindas do Oriente eram adquiridas pelas cidades italianas em portos
muçulmanos da Ásia Menor e do Norte da África.
(C) os califados árabes mantiveram relações comerciais permanentemente pacíficas e
desmilitarizadas com as sociedades cristãs da Europa.
(D) o ganho comercial era considerado pecaminoso na Europa cristã, diferentemente do que
se passava no mundo islâmico.
(E) as técnicas de navegação desenvolvidas pelas sociedades muçulmanas foram assimiladas
pelos navegantes portugueses.
Comentários:
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Sobre essa questão, se atente a pergunta. Ela pede para você falar qual das alternativas
reafirma o que está sendo dito no excerto. Algumas respostas estão corretas também, mas
não se referem ao que está sendo pedido. Então vamos analisar o escrito:
1. Ele menciona que as rotas comerciais entre os continentes, era a principal razão da
prosperidade islã na região que ia desde a Ásia, até norte da África e boa parte da Península
Ibérica.
2. Ele demonstra que essa política comercial dos islâmicos fizeram com que esse fosse um
dos poucos momentos de contato deles com o mundo ocidental.
Portanto, baseado nessas afirmações, qual era o contato que eles tinham com os
europeus durante o Período Medieval? Era por meio do comércio das especiarias orientais
com as cidades italianas nos portos muçulmanos na Ásia Menor e no Norte da África. Assim,
fazendo a alternativa (B) a correta, por se tratar especificamente do que foi pedido no
enunciado, diferente das outras opções.
Gabarito: B

(UNCISAL 2011)
A religião islâmica:
a) tem por base o monoteísmo absoluto que impunha ao crente a sujeição à vontade divina,
segundo o que está expresso no Corão.
b) é original; nela não se percebem marcas ou influências de quaisquer outras religiões
monoteístas.
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c) rejeitava qualquer tipo de exposição pública de fé, mais especificamente aquelas coletivas,
pelo que proibia a construção de templos.
d) obrigava a todos os convertidos o pagamento de um tributo para ajuda aos pobres, o que
contribuiu para o aumento do poder dos chefes tribais.
e) obteve imediata acolhida dos grupos mais abastados da sociedade árabe, pois Maomé
era de origem aristocrática.
Comentários
a) Correto. O monoteísmo pregado pela religião islâmica institui a sujeição dos fiéis à vontade
divina, conforme o expresso no seu livro sagrado, o Corão.
b) Falso, pois a religião não é original, nela se encontram traços do Judaísmo e do Cristianismo.
c) Incorreto. O crente era instado a orar voltado à direção de Meca, estando em qualquer espaço,
público ou privado.
d) Incorreto. O tributo era cobrado aos ricos, e essa medida contribuiu para o enfraquecimento
do poder dos chefes tribais.
e) Incorreto. Maomé não advinha da nobreza; era um mercador e não obteve imediata adesão da
aristocracia. O acolhimento por esse grupo ocorreu após vários conflitos.
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Gabarito: A

(UNCISAL 2010)
O Império Bizantino teve importância histórica na Idade Média, mostrando que não apenas
a Europa produz cultura e tampouco existe um centro de poder que domina toda a vida
social. A economia possuía intensa movimentação financeira, para a época, com fábricas e
um dinâmico comércio. A sociedade desse Império:
a) era marcada pelo igualitarismo, devido aos princípios religiosos dos governantes mais
tradicionais.
b) conseguiu atingir grandes níveis de luxo e ostentação por parte da sua aristocracia,
formada pela minoria da população.
c) tinha a presença dos latifundiários como dominantes e controladores da maior parte das
riquezas e da administração pública.
d) assemelhava-se à sociedade romana, pela divulgação de ideias republicanas e exaltação
de deuses com poder nos lares mais ricos.
e) garantia a presença de uma hierarquia de poder rígida, embora não houvesse escravos,
nem pessoas muito pobres.
Comentários
a) Errada. Não havia igualitarismo, mas uma concentração de riqueza e uma aristocracia poderosa.
b) Em oposição à alternativa A, certa resposta.

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c) Errada. Havia banqueiros, mercadores e outros grupos que também possuíam riquezas e gozava
de vida suntuosa. Lembre-se de que as atividades comerciais predominavam na Península Arábica.
d) Errada. Os romanos valorizavam a propriedade rural e estavam absorvidos por um outro
cotidiano e outras crenças religiosas, eram politeístas, por exemplo.
e) Errada. Havia uma hierarquia social bastante forte, como também um número expressivo de
escravos domésticos.
Gabarito: B

(UNCISAL 2009 / adaptada)


As religiões foram importantes para construir a cultura humana, responder aos anseios e às
indagações de cada época vivida. Na Antiguidade, as religiões:
a) tiveram seus fundamentos baseados na observação da natureza, questionando mistérios
e também o seu envolvimento com a força política.
b) trouxeram unidade cultural para os povos mais primitivos, com seus deuses portadores de
mensagens éticas e libertadoras.
c) firmaram princípios importantes para a vida social, além de estarem articuladas com as
relações de poder da época.
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d) restringiram-se a construir rituais de oferendas às divindades, sem preocupação com


princípios morais e políticos.
Comentários
a) Falso, a afirmação sugere que as religiões questionaram – no sentido de negação – a política,
quando, na verdade, religião e política caminharam juntos na Antiguidade, com destaque para a
formação de Idade Média.
b) Errada. As religiões criaram bases culturais para os povos, mas não de forma unitária. Basta
pensarmos nas diferentes tribos que seguiram o islamismo e nas divisões, como entre Sunitas e
Xiitas. Além disso, não dá para afirmar que os deuses apresentam mensagem éticas e libertadoras,
pois isso é relativo: se todos os deuses trazem uma mensagem libertadora, por que uma religião
nega a outra? É que veremos nas Guerras Santas e com as Cruzadas.
c) Certa. As religiões deram fundamentos para princípios morais e foram utilizadas para justificar
mecanismos de poder e soberania. Lembremos da formação dos Reinos e a concessão de terras
à Igreja a fim de os reis buscarem legitimação.
d) Errada. As religiões tiveram dimensões mais amplas, não ficaram restritas à formulação de rituais
de oferendas. O combate à pobreza e a ajuda ao próximo, por exemplo, é um princípio moral de
algumas religiões.
Gabarito: C

(UFRR 2019)

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Estratégia Vestibulares – Aula 02 – História Medieval I

Em 610 surgiu o islamismo com Maomé, um mercador que vivia em Meca e que afirmou ter
recebido, por meio de uma visão, a missão de proclamar a grandeza de Alá. Sua mensagem
atraiu seguidores, mas também despertou a desconfiança e a hostilidade por parte das
autoridades locais. Tal situação fez com que o referido pregador fugisse para poupar a
própria vida.
Tomando como base o exposto anteriormente, leia as alternativas a seguir e assinale a
CORRETA.
A) Está fuga aconteceu em 16 de julho de 622 e ficou conhecida como Hégira, fazendo com
que o calendário islâmico tivesse início nesta data.
B) Esta fuga aconteceu em 14 de julho de 612 e promoveu o início das vertentes Sunita
(responsável pela criação da Sharia) e Xiita (responsável pela composição do Corão).
C) Esta fuga aconteceu em 17 de setembro de 620, sendo Maomé auxiliado por seu tio,
Abbas, que o levou para Murak-Al-Banim e o protegeu em sua propriedade.
D) Esta fuga aconteceu em meados de 618 e imediatamente causou o surgimento dos
califados de Abássida, de Fatímida e de Aiúbidas, fortes protetores do islamismo no Médio
Oriente.
E) Esta fuga aconteceu em 13 dezembro de 610 quando Maomé foi para Medina e construiu
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ali a mesquita de Al-Khebah.


Comentários
A fundação do islamismo, foi na Península Arábica, pelo profeta Maomé, como falado no
enunciado. Visto isso, uma data importante para os muçulmanos é quando Maomé fugiu de Meca
para Medina. Isso aconteceu após os ricos comerciantes de Meca (coaraxitas) considerarem a
religião pregada por Maomé, uma ameaça aos negócios da cidade. Eles temiam que a nova
religião acabasse com o significado da paz e com a peregrinação em torno da Caaba, que lhes
servia para o comércio (lembrando que Meca era uma região sagrada para todos os povos
arábicos politeísta, até aquele momento, e mesmo que inimigos, em uma data do ano em
específico, todos os povos ficavam em paz para comemorar seus deuses, em frente a Caaba).
Assim, em 622, Maomé (que defendia a unificação de todo as tribos em torno de um Deus só) foi
perseguido pelos coraixitas de Meca e, por isso, teve que fugir para Latreb. Na história árabe-
islâmica essa foi a Hégira.
Ela também marca o início do calendário islâmico, como ponto zero da cronologia. Em Iatreb,
batizada de Medina em homenagem a Maomé, os grupos poderosos ajudaram a expandir o
islamismo na cidade e região. Com isso, o profeta organizou um exército. Em 630, os guerrilheiros
invadiram e se apoderaram de Meca e impôs-se o islamismo na cidade. Mesmo após a instituição
de um único culto aos povos árabes, a Caaba foi mantida como um ponto de veneração religiosa
dos mulçumanos.

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Essa é uma data importante para os seguidores da fé islâmica, e possui uma data histórica, então
temos que nos ater o ANO em que ela ocorreu. Assim, como falado, foi em 622 e a única resposta
que contém esse ano é a letra (A). Portanto, essa é a alternativa correta.
Gabarito: A

(UFRR 2016)
O Estado Islâmico destrói estátuas milenares de civilizações passadas, cristãos protestantes
brasileiros atiram pedras em adeptos de candomblé e umbanda, cristãos coptas são
assassinados no norte da África, Judeus impedem com violência a cidadania de muçulmanos
no Oriente Médio e, ao mesmo tempo, sofrem preconceito em outros cantos do mundo
inteiro. São apenas alguns exemplos do avanço da intolerância religiosa.
Pires, Yuri. “Nós, idade média e tolerância religiosa.” 05/03/2015. Disponível em
http://www.ideafixa.com/nos-idade-media-e-tolerancia-religiosa. - ADAPTADO.
São comuns, na atualidade, associações entre os eventos de intolerância religiosa e uma
suposta “mentalidade medieval”. Em se tratando de religião na chamada Idade Média,
assinale o que for INCORRETO.
A) Parte da associação entre intolerância religiosa e Idade Média provém do surgimento,
naquele período, dos Tribunais da Inquisição Católica para investigar e punir possíveis
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atitudes heréticas na Europa Ocidental.


B) Com dez séculos de duração, a Idade Média foi o período em que ocorreu a expansão e
consolidação do poder da Igreja Católica na Europa Ocidental, o surgimento da Igreja
Ortodoxa no Império Bizantino e o avanço do Islão pelo norte da África.
C) A perseguição de cristãos estendeu-se na Europa até o século X, quando o imperador
Constantino finalmente proibiu o sacrifício de cristãos no Império Romano.
D) Fundada no século VII pelo profeta Maomé, a religião islâmica tem como livro sagrado o
Alcorão e prega, entre outras coisas, a fidelidade de adoração a Alah e a prática da caridade.
E) Após a queda do Império Romano, diversos povos bárbaros converteram-se ao
cristianismo, influenciando no fortalecimento da Igreja Católica na Europa
Comentários:
Na Idade Média, diversas religiões conviveram simultaneamente. Algumas existem até hoje, como
o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Outras foram extintas, muitas de origem “bárbara.
Porém, vale destacar que tanto os cristãos quanto os muçulmanos foram os povos que mais
cresceram e se desenvolveram durante esse período.
Exposto isso, olhemos qual alternativa está ERRADA. Preste bastante atenção, é para marcar a
incorreta:
A) Correta. A intolerância religiosa ser associada a mentalidade medieval está ligada as prática
feitas pela Igreja Católica, no auge do Medievo, como perseguir quem pensasse diferente do Alto

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Clero Cristão. Essa era uma forma de fortalecer a instituição religiosa como principal força na
Europa, em meio as reformas estruturais e a fragmentação do seu poder com a Igreja Ortodoxa e
as constantes disputas de poder com os reis europeus. Uma dessas reformas, foi a criação dos
Tribunais de Inquisição, onde eram queimados os que eram considerados hereges.
B) Correta. Todas essas características fizeram parte da formação e desenvolvimento da sociedade
medieval europeia.
C) Incorreta. O imperador Constantino, foi um governante romano. Além disso, no século X já
faziam cinco séculos que o Império Romano do Ocidente tinha acabado. Portanto, essa é a
questão errada.
D) Correta. A religião islâmica tem como seu principal expoente Maomé, e durante séculos é a
religião que mais se expande pelo mundo.
E) Correta. Entre os reinos bárbaros mais conhecidos estão os Francos, que fundaram a dinastia
Merovíngia e a Carolíngia na Alta Idade Média, e foram importantes reinos que estabeleceram a
ordem feudal e o poder da Igreja no Período.
Gabarito: C

(URCA 2011)
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O Alcorão (ou Corão) é o livro sagrado da religião Islâmica. Segundo a tradição, é a palavra
de Deus revelada a Maomé. Sobre o Alcorão é INCORRETO afirmar:
a) Os islamitas não admitem que o Alcorão tenha interpretações. Acreditam ser um texto
que qualquer crente pode ler e seguir. Esse integrismo representa um dos maiores
problemas do Islamismo, pois obriga os crentes a seguirem à risca, na atualidade, normas,
regras e condutas pensadas para um contexto de guerra do século VII.
b) O Alcorão aborda a obediência a Deus como caminho para o Paraíso; regras rigorosas
para a vida social e política de natureza teocrática; e instrui os crentes a combater em Guerra
Santa os infiéis a Deus.
c) O Alcorão reinterpreta acontecimentos fundamentais da Tora dos judeus e dos Evangelhos
dos cristãos, se afirmando superior aos dois.
d) O Alcorão somente é seguido pelos povos muçulmanos residentes na Arábia.
e) Com base no Alcorão são determinadas obrigações e dogmas islamitas, tais como a
necessidade de jejuar no Ramadã fazer cinco orações diárias e a peregrinação anual à Meca.
Comentários:
Essa questão aborda a civilização islâmica, mais especificamente sobre a religião muçulmana.
Assim, é importante ressaltarmos que ela se iniciou a partir do século VII, com as pregações do
profeta Maomé. A partir de então foi se expandindo e obteve um alcance continental, que ia
desde o Oriente Médio até o Norte da África e Península Ibérica. Hoje, é a religião que mais cresce
no mundo, possuindo adeptos em todos os continentes. Com em relação ao seu livro sagrado,

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muito se assemelha ao Torá, dos judeus, e da Bíblia, dos cristãos. Porém, possui características
únicas como as que estão apontadas em algumas alternativas.
Atenção, a ordem que se pede no enunciado é para que indiquemos a alternativa INCORRETA.
Dessa forma vejamos as afirmações:
A) Incorreta. O Alcorão admite reinterpretações, como o Sunas, que deu origem uma vertente da
fé islâmica intitulada de sunitas. A linha que segue o livro sagrado à risca é dos islamitas Xiitas,
que utilizam somente do alcorão para o exercício de sua fé.
B) Incorreta. A política de Guerra Santa, foi empregado pelos líderes muçulmanos na Idade Média
em um contexto de expansão territorial e agraria em meio a um alto crescimento demográfico da
população árabe. Porém ela não é praticada hoje em dia, visto que a Jihad (expansão da fé
islâmica) não é mais feita por meio da guerra.
C) Incorreta. O Alcorão não se diz superior a nenhuma outra religião.
D) Incorreta. A fé islâmica é uma religião praticada no mundo inteiro.
E) Correta. Essas regras são uma das mais importantes da fé islâmica.
QUESTÃO ANULADA, pois se pede uma única alternativa incorreta, porém na visão da equipe
Estratégia, a pergunta possui mais de uma alternativa incorreta.
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Gabarito: D

(URCA 2013)
Judaísmo, Cristianismo e Islamismo são as três grandes religiões de fé monoteísta,
principalmente no Ocidente e Oriente Próximo, e fundadas na crença da revelação histórica
de um deus único registrada nos seus respectivos livros sagrados.
Sobre as três religiões citadas é correto afirmar:
a) Apesar do monoteísmo como princípio comum, não podemos estabelecer relações
históricas de continuidade entre elas.
b) Os princípios básicos do Islamismo surgiram entre os chineses sob a liderança de Maomé
com seus ensinamentos em busca de um caminho superior (Alá) como forma de viver bem e
em equilíbrio entre as vontades da terra e as do céu.
c) No Judaísmo não existe um deus criador do mundo, nem uma igreja organizada ou
sacerdotes, apenas os princípios de que existe um povo, os hebreus, hoje judeus, que tem
uma mesma origem.
d) Numa sequência cronológica histórica, podemos dizer que o judaísmo e o islamismo
surgiram antes do cristianismo.
e) O Islão é uma fé religiosa e uma comunidade social e política, cuja doutrina enfatiza: o
patriarca Abraão e o maior de seus profetas Maomé; a crença em anjos bons e maus; e a
existência de um Deus único, transcendente e onipotente.

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Comentários:
Essa é uma questão interdisciplinar. Ela aborda diferentes religiões e sua constituição. Visto isso,
podemos estabelecer alguns pontos em comum tanto no islamismo, quanto no cristianismo e no
judaísmo como os apontados no enunciado. Também podemos apontar que todas essas fés
surgiram na mesma região, o Oriente Médio. Outro fator importante, é que durante vários
períodos históricos elas se cruzaram em acontecimentos como a Batalha de Poitiers, em 732,
quando Carlos Martel deteve a expansão muçulmana na Europa, como nas Cruzadas, quando os
cristãos entraram em conflito com os islâmicos e os judeus em busca de da “terra santa” e o Santo
Sepulcro, como na época das perseguições inquisitivas na Península Ibérica na Idade Moderna e
como na Segunda Guerra Mundial, com o Holocausto.
Diante disso é evidente, vamos as alternativas:
A) Incorreta. Visto o exposto, fica evidente que essas três religiões possuem diversas relações
históricas.
B) Incorreta. Maomé era de uma tribo de origem arábica e não chinesa.
C) Incorreta. Os judeus são monoteístas como os seguidores cristãos e islâmicos
D) Incorreta. Dessas três, o judaísmo veio primeiro. Posteriormente veio o cristianismo e por último
o islamismo.
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E) Correta. Esse são preceitos da fé islã.


Gabarito: E

(UESB 2016)

C identifica a expansão migratória dos árabes no século VII d.C., resultante

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01) das migrações de povos africanos para a península arábica, aprofundando a escassez de
alimentos.
02) de profundas alterações climáticas na região, levando a uma seca severa, que exterminou
metade da população da península arábica.
03) da propagação do cristianismo na península arábica, alterando a estrutura familiar das
comunidades locais.
04) da pressão do governo egípcio, a partir da sua expansão em direção da península de
Sinai.
05) da relação desequilibrada entre explosão demográfica, escassez de terras férteis e o
avanço do fervor religioso.
Comentários
01 – errado, pois o movimento foi no sentido contrário, ou seja, os árabes é que foram em
direção ao Norte da África, porém, não em função de alimentos, mas para expandir o
islamismo.
02 – errado, porque o motivo do deslocamento migratório combinou a busca por terras
férteis e motivações religiosas, a expansão do islamismo.
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03- falso, pois não foi a propagação do cristianismo, mas do islamismo.


04 – errado, pois, esse acontecimento pertence ao século XX.
05 – é o nosso gabarito.
Gabarito: 05

(UESB 2016)
Nós condenamos todos os tipos de atentados realizados contra inocentes, já que o Islã deixa
claras todas as leis em estado de guerra e em estado de paz. Portanto, quando alguém
comete um atentado, como o de Londres, nós repudiamos e também instruímos nossa
comunidade sobre os fatos. Muitas vezes não sabemos se realmente os autores são
muçulmanos, mas, se forem, somos contra da mesma maneira. Cabe aqui um alerta. É um
erro generalizar e transformar um ato terrorista perpetrado por um grupo de pessoas em
algo que difame a imagem de toda uma nação ou de uma religião. A palavra Islã significa
paz, justiça. Ou, em outra interpretação, submissão total à vontade de Deus. Se uma pessoa
se submete voluntariamente à vontade de Deus, ela jamais terá envolvimento com
terrorismo. (ABDOUNI. In: BARELLA, 2005, p. 11).
O texto e as informações sobre o Estado Islâmico (ISIS), que assusta a política internacional
nos dias atuais, permitem concluir:
01) O fundamentalismo sectário de sunitas e xiitas se dirige contra os próprios povos
islâmicos que, acusados de infiéis, são vítimas indiscriminadas da violência e da intolerância.

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02) Os conceitos de paz e justiça, contidos na mensagem do Islã, estão restritos aos textos
sagrados, sendo desconhecidos pelos povos islâmicos da atualidade, que orientam sua
prática pela linha da violência e do terrorismo.
03) A expansão muçulmana na península Ibérica no século VIII d.C. concorreu para a
destruição da cultura local e para o atraso secular da região, no que se refere às práticas
comerciais e agrícolas.
04) O sectarismo interno e o fundamentalismo terrorista, aliados às disputas territoriais, têm
desvirtuado a prática do Islã por grupos sectários, afastando a mensagem religiosa do seu
significado original.
05) A expansão territorial do ISIS no Oriente Médio segue os mesmos padrões da expansão
árabe muçulmana no século VII d.C., quando populações inteiras foram dizimadas pelo
vandalismo árabe.
Comentários
01 – errado, pois não é possível generalizar sunitas e xiitas como correntes fundamentalistas
sectárias. Essa generalização é a crítica apresentada pelo texto do enunciado.
02 – errado, pois esses conceitos são majoritariamente aceitos e praticados pelos islâmicos na
atualidade, vide o argumento do texto do enunciado. Os grupos terroristas, embora desfiram
ações de grande repercussão, representam uma minoria mulçumana.
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03 – falso, pois os islâmicos que conquistaram territórios da Península Ibérica mantiveram em


seus domínios a permissão de outras religiões, como catolicismo e judaísmo. Ademais, aqueles
árabes, também chamados de mouros, eram incentivadores da cultura e do pensamento
intelectual produzido por diferentes civilizações, como ficou demonstrado no Califado de
Córdoba (Sul da Espanha).
04 – correto, pois a afirmação delimite a ação terrorista a grupos que usam do islã para pregar
a violência, contrariando a própria mensagem de paz da religião.
05 – falso, pois, os conflitos da expansão do século VII d. C. foram desenvolvidos, em geral,
entre militares e guerreiros, de modo que a população de religiões diferentes eram
preservadas. Mesmo quando os árabes conquistaram territórios da Península Ibérica cristãos
europeus tiveram vida e cultura polpados.
Gabarito: 04

(UDESC 2015)
Analise as proposições sobre o Islamismo e a cultura ocidental.
I. O Islamismo é uma religião que se propagou no Oriente Próximo e Norte da África logo
após a morte de Maomé, sobretudo entre os povos que viviam como pastores nômades e
comerciantes das regiões desérticas.
II. Os mouros islamizados do Norte da África ocuparam diversos territórios da Península
Ibérica, do início do século VIII ao final do século XV, permitindo que cristãos e judeus, que

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viviam em Portugal e na Espanha, mantivessem suas crenças e cultos, embora oferecessem


vantagens àqueles que se convertessem ao Islã.
III. A Revolução Islâmica no Irã, em 1979, instituiu um estado fundamentalista xiita, no qual
as leis do país passaram a ser inspiradas em preceitos religiosos. Com isso, aqueles que
praticavam o ateísmo, as religiões politeístas, bem como a prostituição, o adultério feminino
e o homossexualismo podiam ser punidos com a pena de morte.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
d) Somente a afirmativa I é verdadeira.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
Comentários
I – correto, pois após a morte de Maomé, em 632, ocorreu uma expansão do Islamismo por meio
da difusão da Guerra Santa para o Oriente Médio, norte da África e, posteriormente, Península
Ibérica.
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II – correto.
III - correto. Em 1979, ocorreu uma revolução fundamentalista xiita no Irã que impôs leis baseadas
no dogma religioso, fundando, assim, um Estado teocrático.
Gabarito: E

(UEL 2000)

(Adaptado de Murilo Cisalpino. "Religiões". São Paulo: Scipione, 1994. p. 49.)


O Islamismo se expandiu tanto, a partir do século VII, que hoje é uma das três religiões mais
difundidas no mundo. A sua grande difusão deve-se sobretudo
a) ao seu vínculo com a etnia árabe e com a raça semita, marginalizadas pelo judaísmo e
cristianismo.
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b) a sua oposição ao monoteísmo, característico do judaísmo e cristianismo, mas ausente nas


religiões tribais africanas.
c) a sua tradição de não usar a força para converter os povos conquistados, ao contrário do
que faziam os cristãos.
d) a sua maior flexibilidade moral, se comparada com o rigor da moralidade judaica e cristã.
e) ao respeito às diferenças raciais e capacidade de absorver elementos das culturas dos
povos onde se instalou.
Comentários
a) Falso. Essa afirmação é para pegar os candidatos que acham que mulçumano e árabe são
sinônimos. O judaísmo e o cristianismo nasceram em terras árabes e, ainda hoje, podemos falar
tranquilamente em árabes cristãos e árabes judeus. Por isso, é errado afirmar que as duas religiões
marginalizaram a etnia árabe.
b) falso, pois o islã também é monoteísta.
c) falso. Os mulçumanos também guerreavam e chegaram a utilizar a força para conversões, mas
não como principal estratégia, pois, na Península Ibéria, por exemplo, os califados permitiam a
livre pregação do cristianismo.
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d) errado. As três religiões, cada qual a sua maneira, têm rigorosidade moral.
e) é nosso Gabarito.
Gabarito: E

(UEM 2017)
Em relação ao uso dos arcos, das abóbadas e das cúpulas nas construções de diferentes
períodos, assinale o que for correto.
01) As abóbadas de berço e as de arestas foram utilizadas pela arquitetura românica. Ambas
consistiam em um semicírculo, e as de arestas promoviam uma intersecção, em ângulo reto,
de duas abóbadas de berço.
02) A abóbada de nervuras é um dos componentes construtivos mais importantes da
arquitetura gótica, possível graças ao uso do arco ogival, que permitiu a construção de
igrejas mais altas em relação às da arquitetura românica.
04) A cúpula da antiga basílica de Santa Sofia, em Constantinopla, exemplar marcante da
arquitetura bizantina, é formada por quatro arcos e equilibra-se sobre uma planta quadrada.
08) A arquitetura barroca reflete a ordem, a clareza e a simetria, rompendo com o período
anterior ao perseguir os ideais de racionalidade e de simplicidade nos arcos, nas abóbadas
e nas cúpulas.
16) Os aquedutos romanos foram criados para levar água às cidades por meio da gravidade,
e sua edificação foi possível graças ao uso dos arcos.

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Comentários
Nesta questão, o objetivo é chamar a atenção do item 04, que está correto, pois ele condiz com
o assunto da aula. Quanto ao item 16, já vencemos esse conteúdo e a alternativa também está
correta. O assunto dos demais itens serão abordados em aula futura. De toda forma, vou sinalizar
o que está errado.
08 – errada a afirmação, pois a arquitetura barroca surgiu no bojo da Contrarreforma com ode
reafirmar a imponência da Igreja Católica. Entre as principais características da arquitetura barroca
está uma reação à simetria, pois o barroco destaca traços irregulares para se aproximar do real.
Além disso, nos prédios eram aplicadas “curvas” para romper com a noção estática. Por fim, o
barroco é marcado por abóbodas e arcos.
Gabarito: 01 + 02 + 04 + 16 = 23.

(UEM 2015)
O Mundo Muçulmano sempre foi pouco conhecido pelos países ocidentais. A imagem
construída sobre ele foi, em muitos casos, negativa.
Sobre o passado e as imagens negativas da atualidade dessa cultura, todas as alternativas
estão corretas, exceto a:
a) A presença muçulmana na Europa deixou uma herança cultural muito ampla. A Espanha,
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que permaneceu sob domínio muçulmano por boa parte da Idade Média, é o melhor
exemplo disso.
b) Apesar de identificada com a etnia árabe, da qual se origina, a cultura muçulmana está
presente em muitos outros povos, como turcos, habitantes da África e mesmo asiáticos, da
Indonésia.
c) Para grande parte do mundo ocidental, os muçulmanos são identificados como
defensores de uma religião fundamentalista, fanática e intolerante.
d) A cultura muçulmana distingue-se da cultura islâmica pelo fato de que no primeiro caso
há a utilização apenas do Corão, livro sagrado dos muçulmanos e no segundo, aceita-se o
Velho Testamento, base da cultura hebraico-islâmica.
e) Apesar da riqueza do petróleo, que atinge apenas alguns dos países muçulmanos, as
condições de vida da maioria dos países são bastante difíceis, com indicadores sociais muito
baixos.
Comentários
Uma questão boa para revisarmos algumas coisas sobre a Expansão Árabe e suas consequências
nas sociedades contemporâneas. Vamos avaliar alternativa por alternativa. Lembre-se, é para
assinalar a alternativa errada!
a) Correta! Durante o início do século VIII d. C., os árabes atravessaram o estreito de Gibraltar,
após conquistar todo o norte da África. Ao fazer a travessia, eles chegaram na Península
Ibérica, onde hoje fica Portugal e Espanha. Eles dominaram boa parte da região até o século

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XIV, quando os portugueses os expulsaram de seus territórios, com isso fundando o reino
de Portugal. Porém, os muçulmanos só seriam expulsos definitivamente da Península em
1492 pelos espanhóis. Portanto, mesmo que tenha havido muita perseguição aos islâmicos
naquele território depois disso, a herança cultural deixada por eles na arquitetura, literatura,
arte, astronomia, matemática e ciência em geral é marcante.
b) Correta! A partir do momento que os árabes iniciaram sua expansão, no século VII, eles
disseminaram a religião e cultura muçulmanas por todos os territórios que conquistaram. E
mesmo que alguns deles tenha se libertado de seu domínio posteriormente, como Portugal
e Espanha, ainda restaram minorias islâmicas em seus territórios. Além disso, com a
expansão marítima europeia e o desenvolvimento do tráfico internacional de escravizados
africanos, a partir do século XIV, muitos islâmicos de origem africana foram feitos cativos e
foram espalhados pelo mundo, sobretudo nas Américas, levando com eles sua religião e
cultura. Não podemos esquecer também que nos últimos anos, com todos os conflitos
recentes no Oriente Médio e as guerras civis na África, muitos refugiados islâmicos
migraram para outros países disseminando ainda mais sua religião.
c) Correta! As sociedades ocidentais têm visões estereotipadas sobre o mundo islâmico
devido aos conflitos históricos entre cristão e muçulmanos desde a Idade Média. Essa
rivalidade se intensificou recentemente, com todos os conflitos no Oriente Médio
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envolvendo países europeus e EUA. À essa visão estereotipa chamamos de orientalismo,


conceito cunhado por Edward Said.
d) Errada! Ser islâmico e ser muçulmano são sinônimos. Além disso, essa religião não reivindica
o Antigo Testamento.
e) Correta. Mesmo em países que são os maiores produtores de petróleo, há uma grande
concentração de riqueza nas mãos de uma elite minoritária.
Gabarito: D

(UFMS 2004)
Sobre o Império Bizantino, durante algum tempo também chamado de Império Romano do
Oriente, é correto afirmar que:
01) as Cruzadas contribuíram para sua decadência, pois causaram a reabertura do
Mediterrâneo aos mercados ocidentais, um maior contato entre os mundos cristão ocidental,
muçulmano e bizantino e o aumento do anti-semitismo na Europa.
02) a herança da filosofia grega, de enorme influência na sociedade bizantina, contribuiu para
a existência de um ambiente de debates em torno de temas religiosos, a exemplo da origem
e natureza de Jesus Cristo.
04) a civilização bizantina exerceu poquíssimas influências culturais sobre as sociedades
medievais, principalmente sobre as eslavas.

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08) a arte bizantina foi marcada pela fusão de elementos culturais asiáticos, gregos e latinos,
condicionados pelo Cristianismo.
16) em 1453, Constantinopla foi conquista pelos turcos otomanos liderados pelo sultão
Maomé II, sendo transformada na capital do Império Otomano, momento em que seu nome
foi mudado para Istambul.
Comentários
O Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino, nasceu da divisão do Império Romano em
dois, no ano de 395. Com isso, essa parte do império ficava com os territórios da Península
Balcânica, da Ásia Menor e posteriormente conseguiria reconquistar partes do Oriente Médio e
do Egito. Diferente do Império do Ocidente, os orientais conseguiram sobreviver as crises e
invasões bárbaras. Isso porque estavam localizados em lugares estratégicos para o comércio
terrestre e marítimo entre Europa, África, Oriente Médio e Ásia. Assim, podiam cobrar tributos e
direitos sobre esse comércio, o que lhes rendia um bom dinheiro para sustentar exércitos,
construir edificações e subornar invasores. O Império Bizantino, tinha capital em Constantinopla,
antigamente chamada de Bizâncio pelos gregos, e durou desde sua separação de Roma até 1453,
quando a capital foi conquistada pelos turco-otomanos. sabendo disso, vejamos:
01) Correto! As Cruzadas foram um movimento de expedições militares incentivadas pelo Papa
romano para reconquistar Jerusalém dos muçulmanos. Essa cidade era considerada sagrada pelos
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cristãos, mas também por islâmicos e judeus. O Papa prometeu que qualquer um que empenhasse
esforços nas Cruzadas seria recompensado com a salvação de sua alma. Muitos nobres, servos e
povo em geral atendeu ao chamado. Contudo, além dos motivos religiosos, também havia
motivações econômicas. Algumas cidades na costa da Península Itálica haviam conseguido
prosperar comercialmente, mesmo com a queda do Império do ocidente, devido à sua
proximidade com o mar Mediterrâneo, por onde todo o comércio transcontinental ocorria. Para
obter mais pontos estratégicos desse comércio, os comerciantes dessas cidades italianas
investiram muito nas Cruzadas sob o pretexto religioso. Inclusive, foi com seus exércitos que os
cristãos ocidentais conseguiram conquistar Constantinopla durante um curto período, o que
desestabilizou muito o Império Bizantino. Mesmo recuperando a capital posteriormente, os
bizantinos tiveram uma grande perda, pois agora os europeus ocidentais tinham acesso às rotas
que eles mantiveram por tanto tempo monopólio. Por outro lado, o anti-semitismo é o ódio aos
judeus, que se alastrou pela Europa nessa época, justamente porque judeus também pleiteavam
Jerusalém como sua cidade sagrada, portanto os cristãos passaram a persegui-los.
02) Correto! O Império Bizantino estava localizado no coração do que tinha sido o Império
Macedônio, o qual um dia foi governado por Alexandre, o Grande. Este, em seus tempos de
governo, promoveu a difusão da cultura grega em seus vastos domínios, que iam dos Balcãs até
as fronteiras da Índia, incluindo o Egito. Por isso, nessa área foi se formando a cultura helenística,
que mistura elementos gregos com outros de origem oriental e africana. Por conta disso, também,
a região tinha um histórico de liberdade religiosa, pois mesmo sob o governo de diferentes
impérios, todos estes sempre respeitaram a diversidade religiosa e cultural dos povos,
promovendo inclusive a incorporação dos mais variados elementos culturais. Além disso, mesmo

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entre os cristãos havia diversidade. No caso bizantino, havia os monofisistas, que defendia que
Cristo tinha apenas uma natureza divina, e não a fusão de duas naturezas, uma divina e uma
humana. Havia também, os ortodoxos, que além de defender o contrário dos monofisistas eram
contra a produção e culto às imagens. Dessa forma, nota-se que os cristãos bizantinos debatiam
a origem de Jesus e seu significado.
04) Errado. A civilização bizantina exerceu muita influência sobre as sociedades medievais, pois
disputou a hegemonia religiosa, política e econômica na Europa com elas. Por séculos, os
bizantinos controlaram as principais rotas de comércio do mar mediterrâneo, por tanto os
europeus que tinham acesso ao comércio com certeza tiveram produtos e moedas bizantinos em
suas mãos. Por outro lado, os eslavos, povos bárbaros de origem euroasiática, estavam instalados
nas fronteiras entre Europa e Ásia, em regiões hoje que são a Ucrânia, a Suécia, nos Balcãs e na
Ásia Menor, ou seja, justamente na região do Império Bizantino. Era impossível eles viverem ali
sem sofrerem influência desta civilização.
08) Correto! Pelas mesmas razões que a letra “b”. Apesar da coexistência de tantas influências
culturais, o Cristianismo era a religião oficial do Império Bizantino, portanto, direta ou
indiretamente condicionava a coexistência dessas culturas, ditando o que era mais ou menos
aceitável. A arte foi muito influenciada por tudo isso, incluindo o cristianismo.
16) Correto! Nos seus últimos anos, o Império Bizantino passava por uma crise aguda. Os altos
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impostos descontentavam a grande parte da população, que era pobre; as Cruzadas tiraram o
monopólio bizantino sobre importantes rotas comerciais, fonte de arrecadação do Estado;
constantes invasões dos povos islâmicos do Oriente Médio contribuíram para torrar os recursos
do Império e o fazer perder territórios. O ato final dessa tragédia foi a invasão de Constantinopla
pelos turco-otomanos, povo islâmico, em 1453.
Gabarito: 27

(UFSC 2000)
Entre as civilizações da antiguidade, que tiveram o Mar Mediterrâneo como cenário do seu
desenvolvimento, destacaram-se os hebreus (Judeus, Israelitas), por terem sido o primeiro
povo conhecido que afirmou sua fé em um único Deus. As bases da história, da filosofia, da
religião e das leis hebraicas estão contidas na Bíblia, cujos relatos, em parte confirmados por
achados arqueológicos, permitem traçar a evolução histórica e cultural do povo hebreu e
identificar suas influências sobre outras civilizações.
Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) nas suas referências à cultura hebraica.
01) Entre os princípios religiosos contidos na Bíblia está o politeísmo, isto é, a crença em
muitos deuses.
02) O vínculo visível das influências do judaísmo sobre o cristianismo está na pessoa de Cristo,
considerado 'O Messias' pelas duas religiões.
04) Os hebreus destacaram-se em diferentes áreas do conhecimento humano e nos legaram
os livros do Antigo Testamento (Tora).

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08) O cristianismo e o islamismo, religiões que têm hoje milhões de seguidores, receberam
influências do judaísmo.
16) O Pentateuco, o Talmud e o Alcorão representam o conjunto dos escritos que reúnem
os preceitos do judaísmo.
Comentários
01 – errado, pois a bíblia prega uma religião monoteísta, isto é, um único Deus.
02 – falso, pois, para os judeus, Jesus não seria o Messias, mas apenas um devoto.
04 – correto, pois o Tora é o livro sagrado para os judeus.
08 – sim, a afirmação condiz com o argumento do texto do enunciado. Além disso, vimos que
Maomé se inspirou na religiões monoteístas existentes para desenvolver sua doutrina.
16 – falso, pois é o Tora o livro sagrado para os judeus. O Alcorão, por exemplo, é o livro sagrado
dos islâmicos.
Gabarito: 04 + 08 = 12

(UFSC 1999)
Numa sexta-feira, 8 de agosto de 1998, dois atentados aterrorizaram o mundo. Bombas
explodiram nas embaixadas dos Estados Unidos em Nairobi e Dar es-Salaan, deixando 248
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mortos. Os atentados foram reivindicados pelo grupo "Exército de Libertação dos Santuários
Islâmicos".
Sobre o Islão e os grupos islâmicos fundamentalistas que aterrorizam o ocidente, assinale
a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S).
01) O Islão surgiu a partir das pregações de Maomé.
02) No "Alcorão", que segundo a tradição foi transmitido a Maomé, estão as leis e
ensinamentos da religião islâmica.
04) Os fundamentalistas islâmicos pretendem um Estado dirigido pelas leis do Alcorão.
08) Um número expressivo de fundamentalistas islâmicos prega a guerra santa contra a
sociedade ocidental, principalmente contra os Estados Unidos.
Comentários
01 – correto, pois Maomé é o fundador da religião.
02 – sim, pois o Alcorão é o livro sagrado dos mulçumanos.
04 – sim, pois os grupos fundamentalistas não toleram outras religiões. O grupo fundamentalista
mais simbólico que ganhou expressão internacional nos últimos anos é o Estado Islâmico. O
objetivo desse grupo é destruir devotos de outras religiões e construer um Estado baseado
exclusivamente nas leis do Alcorão. Agora, atenção, não gerenalize para toda a religião islâmica,
pois, a maioria defende e pratica o convívio pacífico com demais religiões.

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08- correto, são os fundamentalistas que consideram os EUA como o “grande satã”.
Gabarito: 01 + 02 + 04 + 08 = 15

(FGV/2020)

Sobre a expansão e as rotas comerciais islâmicas, é correto afirmar:


a) Constituída a partir de antigos centros urbanos, como Cairo e Damasco, a expansão foi
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marcada pela centralização do poder e pelo estabelecimento de um circuito mercantil


articulado à Europa medieval.
b) Impulsionada simultaneamente com a difusão da religião muçulmana, a expansão foi
sucedida pela fragmentação política nos séculos subsequentes, a despeito do rico mercado
que articulava o Oriente ao continente europeu.
c) Estabelecida devido à crise do mundo romano, a expansão permitiu aos árabes o
restabelecimento de algumas instituições políticas de Roma e o restabelecimento do
Mediterrâneo como Mare Nostrum.
D) Tributária do desenvolvimento da economia europeia, a expansão islâmica manteve as
características das estruturas sociais e políticas do Norte da África e estimulou um processo
inédito de urbanização na Mesopotâmia.
e) Vinculada à proliferação das práticas religiosas pagãs e animistas, reativas ao cristianismo,
a expansão islâmica esteve imbricada à religião que defendia as práticas mercantis e a
ascensão social como sinal da bênção dos deuses.
Comentários

A expansão islâmica tem início no século XVII. Vamos retomar um trecho da aula que
falamos sobre esse tema:

Maomé morre em 632. Nesse momento, inicia-se um processo de expansão territorial,


ou jihad. Observe o desenrolar dessa expansão:

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Perceba que a conquista de povos tinha o sentido da conversão religiosa. De fato,


existia uma política de respeitar os elementos culturais, intelectuais e econômicos
valorizando-os. Mas, a conversão era uma opção atraente ante o pagamento de tributos
por indivíduos de outras religiões. Assim, o islamismo cresce em territórios antes
dominados pelos cristãos e, em menor dimensão, com influência do zoroastrismo (na
Pérsia). Em algum momento, a Igreja Católica vai se dar conta disso e querer inverter a
situação.

Entre 661 e 750, os omíadas assumem o poder e instalam a capital do Império em


Damasco, na região da atual Síria, uma vez que eles eram dessa região. Nesse momento,
há uma mudança na forma de organizar o Império e de conduzir as conquistas e a
relação com os povos conquistados. Baseando-se em métodos e estruturas políticas dos
Romanos e dos Persas, os islâmicos omíadas, impõem o árabe como língua obrigatória e
cunham sua própria moeda.

Dentre as conquistas do Império dos Califas omíadas, destaca-se a chegada dos


mulçumanos na Europa:

• Em 711, os árabes mouros cruzaram o estreito de Gibraltar e tomaram boa parte das
terras dos visigodos na Península Ibérica. Veja como eles estão perto da cristandade.
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Estão em plena Europa – dominada por reinos germânicos cristãos.

• Posteriormente os árabes rumaram para os Pirineus na tentativa de derrubarem o


Reino Cristão dos Francos. Porém, Carlos Martel derrotou os árabes na Batalha de
Poitiers, em 732. Recuados na Península Ibérica, os árabes ali permaneceram.

O sucesso dos califados e a força do islamismo fizeram com que os árabes chegassem a
dominar uma área superior aos romanos no ápice da fase imperial. Veja abaixo:

Em 750 ocorre uma Revolta contra os omíadas, liderada pelos persas que defendiam a
renovação. O poder passa para as mãos dos abássidas que fundam um Califado no
Iraque, em Bagdá. No coração do Império se desenvolve uma rica agricultura e a
aclimatação de culturas de origem subtropical, como arroz, cana-de-açúcar, melão. Além
disso, o comércio no Mediterrâneo é controlado pelos muçulmanos.

A exemplo do que sucedeu ao Império Alexandrino – guardadas as devidas proporções


–, o império constituído pela expansão árabe deu origem a um conjunto de importantes
rotas de comércio, as quais se ampliaram nos séculos seguintes, a despeito da
fragmentação do mundo islâmico em diversos Estados distintos.

Gabarito: B

(FGV 2019)

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Entre 1100 e 1500, a África foi um parceiro privilegiado nas relações intercontinentais do
Velho Mundo. Tanto através do Mediterrâneo como através do oceano Índico, um comércio
intenso, mais frequentemente intermediado pelos muçulmanos, ligava a Europa e a Ásia ao
continente africano. Deve-se enfatizar que vários tipos de comércio organizado no interior
da África já existiam desde a pré-história.
[...] Parece que no plano econômico e comercial a África estava em plena expansão nos
séculos XIV e XV [...]. Grandes correntes de intercâmbios culturais através saram o continente
em todas as direções, confundindo-se por vezes com as correntes de comércio. Não havia
mais regiões isoladas [...].
(Djibril Tamsir Niane, Relações e intercâmbios entre as várias regiões. Em: História geral da África, IV: África do
século XII ao XVI / editado por Djibril Tamsir Niane)

A partir das considerações do excerto, é correto concluir que


a) o isolamento africano da civilização europeia na transição do mundo medieval para o
moderno, especialmente as regiões subsaarianas, impediu que se desenvolvessem grandes
cidades ou organizações políticas mais sólidas, resultando na preponderância de sociedades
primitivas.
b) as variadas portas de entrada do continente africano, como o Mediterrâneo e o Índico,
estabeleceram importantes contatos com outras regiões do mundo conhecido, mas apenas
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com a presença portuguesa no Atlântico o desenvolvimento político-econômico se tornou


duradouro na África.
c) a leitura dos filósofos do Iluminismo acerca da África como um continente sem História foi
confirmada, em grande parte, porque os efetivos saltos econômicos africanos apenas
ocorreram após os contatos estabelecidos pelos europeus, com a expansão marítima iniciada
no século XV.
d) o desenvolvimento econômico africano se efetivou com a consolidação do tráfico
negreiro, porque o continente recebeu recursos em alta escala, dando início a um processo
de forte urbanização, condição necessária para a ampliação dos negócios com as nações
europeias.
e) a ideia de que o isolamento da África negra em relação ao mundo mediterrâneo provocou
o atraso de grande parte do continente é equivocada, porque o deserto do Saara não se
constituiu uma barreira que impedisse a circulação de pessoas, mercadorias e culturas na
região.
Comentários

Como é falado no excerto, o continente africano, ao final do período que se convencionou


chamar por Idade Média estava em pleno desenvolvimento econômico e comercial, diferente
da Europa, que atravessava a Crise do Século XIV. Nessa época, devido a expansão da religião
muçulmana em toda a parte Norte da África indo até o Sahel, essas áreas foram controladas
por reis e líderes islâmicos. Visto isso, é importante ressaltar que o comércio ocidental

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controlado por genoveses e venezianos (pelo lado europeu) passava necessariamente pelas
mãos dos árabes, que controlavam as rotas para o Oriente. Isso fez então com que as rotas
subsaarianas levassem entre elas várias tipo de mercadorias e pessoas livremente, já que seus
territórios eram islamizados, possibilitando assim interações culturais que acarretaram o
desenvolvimento de grandiosos centros urbanos como Audagoste, Kumbi Saleh, Walata,
Djené, Tombuktu, Gâo e Kano.

Baseado nisso, olhemos as alternativas, e apontemos a única correta:

a) Incorreto. Não houve um isolamento das sociedades africanas na passagem da Idade Média
pra Moderna. Ao contrário, esse período foi um momento vivo de interações dos povos do
continente africano com a Europa e a Ásia, como fica claro nos excertos acima.

b) Incorreto. Foi a partir do contato frequente com os portugueses na costa Atlântica da


África, que os europeus começaram a utilizar de uma prática já muito frequente no continente,
para explorar sua população e os subjugar, levando ao declínio econômico-político das
regiões africanas.

c) Incorreto. Como apontadas nos textos, a África estava em uma ascensão econômica e
comercial muito forte entre os períodos que se estenderam do século XI ao século XV. Os
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saltos econômicos africanos foram interrompidos devido as Grandes Navegações e a Era


Colonialista, e só foram voltar a ocorrer, a partir das guerras de Independência, após a 2ª
Guerra Mundial, porém nunca como antes.

d) Incorreto. O tráfico negreiro, com o passar dos anos, desenvolveu uma relação de
submissão dos povos africanos aos europeus, que se consideravam superiores. Os recursos
naturais da África e sua população foram utilizadas em prol dos desenvolvimentos das
metrópoles e não das colônias, e o continente passou a ser um dos mais pobres no cenário
atual, reflexo de uma cultura exploratória que durou do Período Moderno até a atualidade.

e) Correto. As rotas subsaarianas desde a Pré-História e sempre foram espaços vivos de


contato e trocas de mercadorias, culturas e pessoas. O desenvolvimento da região era notório
até o início da Modernidade, e a ideia de isolamento africano é errônea, como se pode
perceber nos trechos acima.

Gabarito: E

(FGV 2018)
O cristianismo foi difundido nos territórios da Núbia, a partir do século IV, por meio da língua
copta, que passou a ser língua-matriz religiosa de um cristianismo africano, que diferia da
versão oficial romana, e depois da versão bizantina. Essa versão do cristianismo que se
afirmou ao longo dos séculos num processo intricado de amálgamas entre a doutrina
monofisita e os costumes das religiões tradicionais da África negra. A igreja axumita (e,
depois, a igreja etíope) adotou para si o calendário e o rito litúrgico copta, retirado do
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modelo praticado pelo clero de Alexandria. Havia costumes, como as danças e os tambores,
os sacrifícios de cabras e, nos primeiros tempos, a admissão da poligamia. Além disso, havia
a distinção entre o consumo de carne pura e impura, a proibição das mulheres de entrarem
nos templos no dia seguinte ao que tiveram relações sexuais e a observação do sábado e
não do domingo como dia consagrado.
(José Rivair Macedo. História da África, 2013. Adaptado)

Nessa versão do cristianismo, há


a) uma simpatia pelas práticas religiosas externas e restrições à religiosidade tradicional da
África.
b) uma aversão à religiosidade monoteísta de origem oriental, especialmente ao islamismo.
c) a influência do cristianismo primitivo associado ao paganismo do Norte da Europa, que
marcava os principais rituais.
d) uma certa antecipação das práticas cristãs presentes nas religiões pós-Reforma, como a
ligação direta entre Deus e o fiel.
e) um complexo processo de mistura e ressignificação de uma série de tradições religiosas,
caso das africanas e do judaísmo.
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Comentários
O cristianismo é uma religião de origem monoteísta e que surgiu na região da Palestina, durante
a Antiguidade. Logo ela se expandiu por todo os territórios romanos, inclusive pelo Norte da
África e se consolidou. Porém, com a degradação do Império de Roma, o cristianismo começou a
se fragmentar, até um momento em que existiam dois tipos de cristianismo, com tradições já bem
diferenciadas: o cristianismo romano (católico) e o bizantino.
Esse último se expandiu por todos os territórios orientais do antigo Império Romano (que passou
a se chamar Império Bizantino), dentre eles, em uma região da Núbia (atual Egito) surgiu uma
outra versão do cristianismo bizantino, atrelado ao sincretismo de ritos e costumes dos povos
nativos da África. Desse processo de misturas surgiu o cristianismo copta.
Visto isso, olhemos as afirmações sobre essa religião:
a) Incorreto. Pelo que aponta o texto, há uma forte ligação dos costumes locais com o cristianismo
empregado no cristianismo presente na região.
b) Incorreto. Não é expresso nenhuma aversão ao monoteísmo e ao islamismo no texto.
c) Incorreto. O excerto não está relacionado ao paganismo praticado pelos povos germânicos no
Norte da Europa.
d) Incorreto. As reformas cristãs que aconteceram no século XVI são diferentes das empregadas
pelos povos africanos quando o cristianismo chegou na região.

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e) Correto. Devido ao forte apego dos povos da Nubia a suas crenças locais, e ao contato
frequente com judeus, isso fez com que a religião cristã copta fosse se constituindo por um
enorme processo de mistura dessas religiões.
Gabarito: E

(FGV 2016)
“Em muitos reinos sudaneses, sobretudo entre os reis e as elites, o islamismo foi bem
recebido e conseguiu vários adeptos, tendo chegado à região da savana africana,
provavelmente, antes do século XI, trazido pela família árabe-berbere dos Kunta.
(...) O islamismo possuía alguns preceitos atraentes e aceitáveis pelas concepções religiosas
africanas, (...) associava as histórias sagradas às genealogias, acreditava na revelação divina,
na existência de um criador e no destino. (...) O escritor árabe Ibn Batuta relatou, no século
XIV, que o rei do Mali, numa manhã, comemorou a data islâmica do fim do Ramadã e, à
tarde, presenciou um ritual da religião tradicional realizado por trovadores com máscaras de
aves.”
(Regiane Augusto de Mattos, História e cultura afro-brasileira. 2011)

Considerando o trecho e os conhecimentos sobre a história da África, é correto afirmar que


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a) a penetração do islamismo nas regiões subsaarianas mostrou-se superficial porque atingiu


poucos setores sociais, especialmente aqueles voltados aos negócios comerciais, além de
sofrer forte concorrência do cristianismo.
b) a presença do islamismo no continente africano derivou da impossibilidade dos árabes em
ocupar regiões na Península Ibérica, o que os levou à invasão de territórios subsaarianos,
onde ocorreu violenta imposição religiosa.
c) o desprezo das sociedades africanas pela tradição árabe gerou transações comerciais
marcadas pela desconfiança recíproca, desprezo mudado, posteriormente, com o abandono
das religiões primitivas da África e com a hegemonia do islamismo.
d) o comércio transaariano foi uma das portas de entrada do islamismo na África, e essa
religião, em algumas regiões do continente, ou incorporou-se às religiões tradicionais ou
facilitou uma convivência relativamente harmônica.
e) as correntes islâmicas mais moderadas, caso dos sunitas, influenciaram as principais
lideranças da África ocidental, possibilitando a formação de novas denominações religiosas,
não islâmicas, desligadas das tradições tribais locais.
Comentários

Essa questão trata-se da expansão do islamismo nos territórios africanos. Visto isso, após sua
criação no século VII, com a morte do Profeta Maomé, os islâmicos começaram um processo
conhecido como Jihad (expansão da fé islâmica) em territórios de infiéis. Isso no futuro passou
a se caracterizado como um motivo para dominar e conquistar territórios por meio de uma
“guerra santa”. Desse jeito os muçulmanos alcançaram territórios ao Norte da África e boa
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parte da Península Ibérica, formando califados como de Al-Andalus (na Europa) e de


Fatimídas, Cairo e Almóada (na África). Porém diferente, do que aconteceu na Europa, os
povos de origem africana, em sua maioria, assimilaram bem a fé muçulmana. O islão chegou
ao continente por meio das rotas de comércio do Saara, e alcançou uma extensa faixa que vai
desde o Leste até o Oeste do continente. Além de uma enorme circulação de produtos, as
rotas transaarianas foram importantes caminhos de migrações populacionais em atividades
comerciais, guerras de conquista, peregrinação e educação religiosa. Essas rotas existe desde
a Antiguidade, quando os egípcios começaram a utilizar os camelos para se locomover no
deserto e alcançar as terras do Sahel, na Savana africana, para comercializar produtos. Assim,
as rotas transaarianas impulsionaram as conquistas muçulmanas e a difusão do islamismo.
Quando a religião muçulmana se consolidou no continente, a maior parte do comércio
exercido nas rotas da região passou a ter o controle dos adeptos dos árabes. Uma expansão
comercial foi iniciada pelos muçulmanos, e esse sucesso contribuiu para a disseminação do
árabe como língua do comércio na África Ocidental e subsaariana. Além disso, o árabe tornou-
se a língua religiosa, do governo e das leis nas regiões de influência árabe.

Exposto isso, vejamos a afirmação que condiz com os textos acima:

a) Incorreto. Como falado nos comentários e evidente no texto, o islamismo penetrou


fortemente as sociedades africanas, se tornando a língua oficial de muitos reinos por todo o
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continente. Além disso, o cristianismo não era tão forte na região.

b) Incorreto. Os árabes conquistaram terras na Península Ibérica, formando o Califado de


Andaluzia (Al-Andalus). Também, a imposição religiosa não foi aplicada na maioria das
regiões, com a fé islâmica se expandindo principalmente por meio do comercio.

c) Incorreto. As sociedades africanas assimilaram a cultura mulçumana e passaram a cultuar a


fé monoteísta ao mesmo tempo que preservava seus ritos e religiosidades tradicionais. O
comércio prosperou e virou um negócio extremamente rentável nesse período.

d) Correto. As rotas transaarianas dominada pelos muçulmanos, virou a grande


impulsionadora do Islão na região, e não obteve muitos conflitos com os povos locais, vivendo
em sua maioria de forma harmônica e sincronizada.

e) Incorreto. As duas afirmações estão erradas, tanto que a religiosidade empregada na África
Ocidental não era o islamismo, quanto que não tem nenhuma relação com as crenças
tradicionais das regiões. Pelo contrário, o islamismo e a religiosidade ancestral daqueles
povos foi continuada.

Gabarito: D

(FGV 2009)

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Durante a Antiguidade e a Idade Média, a África permaneceu relativamente isolada do


resto do mundo. Em 1415, os portugueses conquistaram Ceuta, no norte do continente, dando
início à exploração de sua costa ocidental.

(José Jobson de A. Arruda e Nelson Piletti, Toda a História)

Acerca da África, na época da chegada dos portugueses em Ceuta, é correto afirmar que

a) nesse continente havia a presença de alguns Estados organizados, como o reino do Congo, e a
exploração de escravos, mas não existia uma sociedade escravista.

b) assim como em parte da Europa, praticava-se a exploração do trabalho servil que, com a
presença europeia, transformou-se em trabalho escravo.

c) a população se concentrava no litoral e o continente não conhecia formas mais elaboradas de


organização política, daí a denominação de povos primitivos.

d) os poucos Estados, organizados pelos bantos, encontravam-se no Norte e economicamente


viviam da exploração dos escravos muçulmanos.

e) a escravidão e outras modalidades de trabalho compulsório eram desconhecidas na África e


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foram introduzidas apenas no século XVI, pelos portugueses e espanhóis.

Comentários

A chegada dos portugueses em Ceuta iniciou a fase das Grandes Navegações europeias pela
mundo. Com a tomada e conquista da Ilha, os portugueses entraram em contato com um
povo sem uma presença forte estatal na ilha, e submeteu-os a um tipo de trabalho já comum
no continente, porém por uma lógica mercantil. Na África, a escravidão estava atrelada aos
seus laços locais e sua família, e os estrangeiros não eram bem-vistos nessas posições, devido
sua falta de raízes com a região. Então, a partir do contato dos portugueses com o habitantes
de Ceuta, essa passou a ser a primeira experiencia europeia de denominação escravista, que
seria frequente e normal no mundo Moderno que se prosseguiu durante séculos.

Dado essas informações, vejamos qual alternativa está correta:

a) Correta. Os poucos Estados organizados que existiam eram muito influentes, porém com
o passar dos anos, as negociações e comércio com os europeus deixaram de ser amigáveis e
passaram a ser impositivas as populações locais, fazendo com que muitos africanos fossem
levados a América, contra suas vontades para integrar a sociedade escravista que se construía
no Novo Mundo.

b) Incorreta. O trabalho escravo já era uma prática muito comum na África, e durante a
expansão islâmica, passou a ser mais frequente tanto a Oeste quanto a Leste do Continente.

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c) Incorreta. Uma das principais e mais famosas civilizações africanas se estabeleceu na parte
central do continente, o Reino do Congo, evidenciando que essa afirmativa está equivocada.

d) Incorreta. Assim como a alternativa acima, está afirmação esta errada por não terem se
estabelecidos Estados organizados somente ao norte do continente.

e) Incorreta. O modo de trabalho escravo já era conhecido pelos africanos, e a partir da Idade
Média é o mais utilizado na região, porém ele foi ressignificado e transformado a partir do
contato com os portugueses e os restantes dos europeus no continente.

Gabarito: A

(FGV 2002)
"Inspiramos-te, assim como inspiramos Noé e os profetas que o sucederam; assim, também
inspiramos Abraão, Ismael, Isaac, Jacó e as tribos, Jesus, Jonas, Aarão, Salomão, e
concedemos os Salmos a Davi. E enviamos alguns mensageiros, que te mencionamos, e
outros, que não te mencionamos; e Allah falou a Moisés diretamente... Ó adeptos do Livro,
não exagereis em vossa religião e não digais de Allah senão a verdade. O Messias, Jesus,
filho de Maria, foi tão-somente um mensageiro de Allah e o seu Verbo, que Ele enviou a
Maria, e um Espírito d'Ele."
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(Alcorão, 4:163-164 e 171. "O significado dos versículos do Alcorão Sagrado com comentários", p.137-
138.)

A respeito do Islão é CORRETO afirmar:


a) A religião muçulmana, apesar das influências do judaísmo e do cristianismo, significou uma
ruptura com a tradição monoteísta ao estabelecer Alá como divindade superior a um
conjunto de gênios e divindades secundárias.
b) A religião muçulmana surgiu no século VII, a partir das pregações de Maomé realizadas na
Palestina, entre as tribos judaicas que haviam renegado o Livro Sagrado.
c) A pregação de Maomé, registrada no Alcorão, ajudou a reverter a tendência à
fragmentação política e cultural dos povos árabes, fornecendo as bases religiosas para a
expansão islâmica, a partir do século VII.
d) A pregação de Maomé foi registrada no Alcorão, primeiro livro sagrado escrito em
hebraico e traduzido para o árabe, grego e latim, o que facilitou sua divulgação na Península
Arábica, Palestina, Mesopotâmia e Ásia Menor.
e) A transferência da capital do império islâmico para Damasco, durante a dinastia Omíada,
e para Bagdá, com a dinastia Abássida, provocou uma revalorização da cultura tribal árabe
e a retomada dos valores panteístas dos primeiros califas.
Comentários

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O islã surgiu no berço da península arábica a partir da doutrinação de Maomé, o profeta,


nascido em 570 e morto em 632. O islamismo se tornou importante porque a crescente
expansão dessa religião alterou, em um primeiro momento, o cenário político, econômico,
social e cultural de todo o mundo árabe (Oriente Médio, norte da África até parte da
Europa). Depois, disputou, conquistou e, por isso, influenciou o mundo europeu durante
toda a Idade Média deixando muitos legados. Além disso, nos dias atuais, o islã impacta boa
parte do mundo. Vejamos as alternativas:

A) Incorreta. O Islã é uma religião monoteísta.

B) Incorreta. A religião surgiu na Península Arábica.

C) Correta. Os ensinamentos de Maomé foram redigidos no texto sagrado Corão ou


Alcorão. O profeta propôs unificar todas as tribos em torno de uma única religião
monoteísta, o Islã.

D) Incorreta. O Alcorão foi escrito em árabe.

E) Incorreta. Entre 661 e 750, os omíadas assumem o poder e instalam a capital do Império
em Damasco, na região da atual Síria, uma vez que eles eram dessa região. Nesse momento,
há uma mudança na forma de organizar o Império e de conduzir as conquistas e a relação
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com os povos conquistados. Baseando-se em métodos e estruturas políticas dos Romanos e


dos Persas, os islâmicos omíadas, impõem o árabe como língua obrigatória e cunham sua
própria moeda. Para você ter uma noção dessa forma mais agressiva, em 692 um califa
ordenou a construção de uma Mesquita em cima de um templo Judaico, em Jerusalém.
Com isso, buscava-se afirmar a supremacia da religião islâmica.

Gabarito: C

CONSIDERAÇÕES FINAIS DAS AULA


Bem, querida e querido aluno chegamos ao final da nossa aula 02.
Espero que vocês estejam se dando bem. Busquem gabaritar no treino dos exercícios.

Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas
com afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Uma ótima professora, um excelente material e
um acertado planejamento individualizado, conforme sua necessidade e suas potencialidades,
podem ser o diferencial para quem vai disputar uma vaga para a Universidade. Nós estamos
JUNTOS nesse caminho!!!

Lembre-se de que cada questão acertada é como um degrau até a sua sonhada aprovação. E
nessa jornada eu orientarei você, sempre!

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Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas rapidinho! E não se esqueça de que
não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta, mais conversamos e mais você sintetiza o
conteúdo, certo!
Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te ajudar na sua preparação.
Um grande abraço estratégico,
Alê
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