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EXTENSIVO 2022

História para EsPCEx


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Idade Média
Sociedade Feudal e Renascimento Urbano e Comercial

Profe. Alê Lopes

AULA 00 – V2
Março de 2021

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Profe. Alê Lopes
Aula 00 - Idade Média - Sociedade Feudal e Renascimento Urbano e Comercial

Sumário
Apresentação da Aula 3

Você conhece o Exame Intelectual? 4

E como é a prova de História no Exame Intelectual? 5

Cronograma de Aulas 7

Apresentação do curso e da metodologia 9

Como aprender história: comentários preliminares 11

Antes de tudo: a periodização histórica 13


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1. Introdução: A Idade Média e o modo de vida feudal 18

2. A Alta Idade Média: A Formação da Ordem Feudal na Europa ocidental 20

2.1 – O Papel da Igreja Católica na formação do Mundo Feudal 26

2.2 - O Reino dos Francos 29


2.2.1 – Dinastia Merovíngia (451-751) 30

2.3 – O apogeu do feudalismo 38


2.3.1 – O Feudo 39
2.3.2 – Sociedade, Política, Economia 40

3. Baixa Idade Média: As transformações no Feudalismo 48

3.1 – A Igreja Católica, Heresias e o Movimento Cruzadístico 53

3.2 – As Cruzadas Católicas 56

3.3 – Renascimento Comercial e Urbano 61

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4. Baixa Idade Média - séculos XIV e XV 71

4.1 – Crise do século XIV 71


4.1.1 – Crise econômica 71
4.1.2 - Fome 72
4.1.3 – Peste 72
4.1.4 – Guerra e rebelião camponeses 74

5. À guisa de uma conclusão 77

6. Lista de Questões 79

6.1 Mais questões para treinar – com comentários 90

7. Gabarito 104

8. Questões Comentadas 105


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8.1 Mais questões para treinar – com comentários 139

Considerações Finais 173

Versões e Alterações de aula 174

Olá queridos alunos e alunas, futuros cadetes


É com imenso prazer que apresentamos a você o nosso curso de História para o Exame
Intelectual da Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Sejam bem-vindos! Na sequência,
conheça um pouquinho da trajetória da sua nova professora!

Apresentação da Aula

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Meu nome é Alessandra Lopes e pode me chamar de Alê. Permita-


me uma breve apresentação da minha trajetória. Sou formada pela
UNICAMP, Mestra em Ciência Política também pela UNICAMP e
nessa mesma universidade iniciei meus estudos de doutorado.
Desde 2004, dou aulas de História, Sociologia e Humanidades em
cursos preparatórios para vestibulares e para o ENEM. Aqui no
Estratégia Militares, dou aulas desde 2019. Conheço praticamente
todos os sistemas de ensino, materiais e abordagens que existem
nesse “mundo das provas de alto rendimento”. Já escrevi muitos
materiais preparatórios. Posso afirmar, com segurança, que já
contribui para a aprovação de muitos alunos nas mais variadas e
instituições e órgãos públicos.
Essa experiência toda me permitiu criar um método de ensino capaz de fazer você APRENDER
História e GABARITAR as questões de provas.
É com grande alegria que faço um convite para você conhecer a primeira aula do Livro
Digital e se somar ao time de alunos do Estratégia Militares. Vem ser Coruja!!
Com foco, força, fé e café você chega lá!!!! Já aproveita para me seguir nas redes sociais.
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Você conhece o Exame Intelectual?


Para você ingressar na EsPCEx terá que enfrentar duas etapas:
1ª etapa: é o Exame Intelectual, aplicado em 2 dias;
2ª etapa: é a Inspeção de Saúde, o Exame de Aptidão Física, a Avaliação Psicológica e a
Comprovação dos Requisitos para a Matrícula.
O Exame Intelectual visa à seleção intelectual e à classificação dos candidatos. Nesse
sentido, a EsPCEx quer garantir que os melhores candidatos demonstrarem capacidade
intelectual e conhecimentos fundamentais, que lhes possibilitem acompanhar os estudos
durante a realização do curso da EsPCEx.
E como e o Exame?
O Exame Intelectual é composto de provas escritas, realizadas em dois dias consecutivos,
sendo:

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1º dia – módulo aplicado em um único período de tempo, sem intervalos,


composto das provas de Português (com 20 questões objetivas e peso 2), Redação
(questão discursiva), Física (com 12 questões objetivas e peso 1) e Química (com
12 questões objetivas e peso 1).
2º dia – módulo aplicado num único período de tempo, sem intervalos, composto
das provas de Matemática (com 20 questões objetivas e peso 2), Geografia (com
12 questões objetivas e peso 1), História (com 12 questões objetivas e peso 1) e
Inglês (com 12 questões objetivas e peso 1).

E como é a prova de História no Exame Intelectual?


Conforme o Edital, o programa de História que é cobrado nas questões é basicamente
todo o conteúdo do Ensino Médio. Digo basicamente por que, na verdade, ele é cobrado da
Sociedade Feudal (século V ao VI) em diante. Será preciso estudar a História até “O Mundo no
Final do Século XX e Início do Século XXI”, tal como consta no Edital.
Se você olhar todo esse conteúdo no Edital, ficará assustado. Por isso, vou simplificar e
demonstrar, em dados, o que mais é cobrado. Mais abaixo, você verá que o cronograma de
aulas deste curso cobre todo o conteúdo necessário para você fazer uma excelente prova de
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História.
Levantei dados de questões aplicadas nos últimos 15 anos, em um total de 115 questões.
As informações estão organizadas em: História Geral (HG); História do Brasil (HB); História da
América (HÁ); e, “Outros Assuntos”.

Vamos melhorar essa análise e verificar o quê, em HG, é mais cobrado:

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E em Mundo Moderno Alê, o que o Exame Intelectual costuma cobrar? Veja só:
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Perceba, caro aluno, que não dá para você ir para o Exame Intelectual sem estar afiado
os assuntos TOP FIVE cobrados no Exame, ou seja:
Expansão Marítima
Iluminismo
Independência dos EUA
Revolução Francesa
Reforma Religiosa na Europa
Sacou como devemos construir a Estratégia para a sua aprovação?

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Outra coisa: Em 2020, a prova veio super específica. Algumas questões difíceis, conteudistas;
algumas pediram relações entre diferentes experiências histórias e a influência dos fatores
internacionais nos processos da história do Brasil.

Pois bem, foi a partir de todas essas informações que montei o curso: focado no que
mais cai e na forma de cobrança da prova. Trata-se da melhor maneira de ajudar você a
GABARITAR em História.
Com isso, apresento-lhe o Cronograma de Aulas, as quais cobrem 100% do conteúdo
programático cobrado no Edital/Manual do Candidato.

Cronograma de Aulas

Abaixo segue o cronograma do nosso curso feito conforme o conteúdo


programático cobrado no Edital/Manual do Aluno.
Aproveite e experimente essa aula demonstrativa. Depois dela, espero
que você fique mais motivado ainda para estudar História e para se preparar conosco nesta
caminhada. Dedique-se durante alguns meses para ser aprovado. Vale à pena!!!
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Mestra, não dá pra resumir? Não dá não, meu querido e querida! Você precisa sair na frente
e varrer seu Edital. Bora lá que a jornada é longa, mas vai compensar tudo.

IDADE MÉDIA
Aula 0 A Sociedade Feudal (Século V ao XV). O Renascimento Comercial e Urbano. (Referente aos
pontos A e B)
MODERNA I
Aula 1 Os Estados Nacionais Europeus da Idade Moderna, o Absolutismo e o Mercantilismo. O
Renascimento Cultural, o Humanismo e as Reformas Religiosas. (Referente aos pontos C e E)
MODERNA II
Aula 2 A Expansão Marítima Europeia. A Montagem da Colonização Europeia na América. Os Sistemas
Coloniais Espanhol e Inglês. (Referente aos pontos D e F)
BRASIL COLÔNIA I
Aula 3 O Sistema Colonial Português na América. Estrutura Político-Administrativa; estrutura
socioeconômica; invasões estrangeiras. (Referente ao ponto G)
MODERNA III
Aula 4 As Revoluções Inglesas (Século XVII). O Iluminismo e o Despotismo Esclarecido. A Independência
dos Estados Unidos. (Referente aos pontos H, I e J)

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BRASIL COLÔNIA II
Aula 5 Expansão territorial; rebeliões coloniais. Movimentos Emancipacionistas: Conjuração Mineira e
Conjuração Baiana. (Referente ao ponto G)
CONTEMPORÂNEA I
Aula 6 A Revolução Industrial. A Revolução Francesa e a Restauração (o Congresso de Viena e a Santa
Aliança). (Referente aos pontos ponto I e K)
BRASIL IMPÉRIO I
Aula 7 O processo da independência do Brasil: o Período Joanino; Primeiro Reinado; Período Regencial.
(Referente ao ponto L)
CONTEMPORÂNEA II
O Pensamento e a Ideologia no Século XIX. O Idealismo Romântico; o Socialismo Utópico e o
Aula 8 Socialismo Científico; o Cartismo; a Doutrina Social da Igreja; o Liberalismo e o Anarquismo; o
Evolucionismo e o Positivismo. O imperialismo e os antecedentes da Primeira Guerra Mundial.
(Referente aos pontos M e N)
BRASIL IMPÉRIO II
Aula 9
Segundo Reinado; Crise da Monarquia e Proclamação da República. (Referente ao ponto L)
CONTEMPORÂNEA III
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Aula 10 A Primeira Guerra Mundial; consequências da Primeira Guerra Mundial. O Mundo na Época da
Segunda Guerra Mundial. O “entreguerras”; a Segunda Guerra Mundial. (Referente aos pontos
N e O)
BRASIL REPÚBLICA I
Aula 11 A República Velha no Brasil; conflitos brasileiros durante a República Velha. (Referente ao ponto
N)
BRASIL REPÚBLICA II
Aula 12 O Brasil na Era Vargas; A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. A República Entre
1945-1964. (Referente ao ponto O)
CONTEMPORÂNEA IV
O Mundo no Auge da Guerra Fria. A reconstrução da Europa e do Japão e o surgimento do mundo
Aula 13 bipolar; os principais conflitos da Guerra Fria – a Guerra da Coréia (1950 – 1953), a Guerra do
Vietnã (1961 – 1975), os conflitos árabes-israelenses entre 1948 e 1974; A descolonização da
África e da Ásia. (Referente ao ponto P)
BRASIL REPÚBLICA III
Aula 14
A República Brasileira entre 1964 até os dias atuais. (Referente aos pontos P e Q)
CONTEMPORÂNEA V
Aula 15 O Mundo no Final do Século XX e Início do Século XXI. Declínio e queda do socialismo nos países
europeus (Alemanha, Polônia, Hungria, ex- Tchecoslováquia, Romênia, Bulgária, Albânia, ex-

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Iugoslávia) e na ex-União Soviética; os conflitos do final 45 do Século XX – a Guerra das Malvinas


(1982), a Guerra Irã-Iraque (1980 – 1989), a Guerra do Afeganistão (1979 – 1989), a Guerra Civil
no Afeganistão (1989 – 2001), a Guerra do Golfo (1991), a Guerra do Chifre da África (1977 –
1988); a Guerra Civil na Somália (1991); o 11 de Setembro de 2001 e a nova Guerra no
Afeganistão. (Referente aos pontos Q)

Bem, visto o Cronograma, chegou a hora de começar. Vamos juntos?

“Uma palavra escrita não pode nunca ser apagada. Por mais que o desenho tenha sido feito a
lápis e que seja de boa qualidade a borracha, o papel vai sempre guardar o relevo das letras
escritas. Não, senhor, ninguém pode apagar as palavras que eu escrevi."

Carolina Maria de Jesus


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Apresentação do curso e da metodologia


Vamos conhecer a proposta do curso?
Nossa metodologia parte da análise estatística da incidência dos conteúdos para
desenvolver a teoria com foco nos assuntos mais cobrados na disciplina de História. As aulas
dos Livros Digitais estão baseadas nos trabalhos dos principais pesquisadores de cada área e
que constam no Edital 2020:
HISTÓRIA:
a. ARRUDA, José Jobson de; PILETTI, Nelson. Toda a História – História Geral e História
do Brasil. 13.
ed. São Paulo: Ática, 2007.
b. AZEVEDO, Gislaine Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História. Ensino Médio – volume
único. São Paulo: Ática, 2013.
c. BOULOS JUNIOR, Alfredo. História, sociedade e cidadania. Ensino Médio. Volume
único (partes 1,2 e 3). 2. ed. São Paulo: FTD, 2015.
d. COTRIM, Gilberto. História global. Volume único. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.e.
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. Ensino Médio. São Paulo:
Scipione, 2011.

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Esse curso intensivo vai no alvo e prioriza o que realmente cai. Foi pensado para você
estudar até o dia do seu exame intelectual.
Atenção desde já: manter a linha cronológica é FUNDAMENTAL para você não perder a
sequência histórica e cronológica dos conteúdos. Até mesmo porque você precisará alinhar a
História geral com História do Brasil.
Assim, na disciplina de história, temos que fazer sempre o controle da temporalidade.
Por isso, sugiro que você monte sua linha do tempo: durante a leitura da aula, cada data que
aparecer você anote e completa sua linha do tempo. Para facilitar sua vida, as datas ficam
sempre grifadas em amarelo.
Você faz o controle dessa linha por meio da marcação do exato momento histórico que
você está estudando. Assim, você nunca mais vai ficar “perdido no tempo” (acreditem: essa é
a principal dificuldade para quem estuda história – mas não será para você!).
Além disso, faremos muitas questões divididas em dois momentos:
➢ 1º. Ao longo da teoria - para memorizar.
➢ 2º. Ao final do material na Lista de exercícios. Nesta lista constam as questões da EsPCEx,
autorais e adaptadas.
Quero enfatizar que todas as questões da lista são comentadas item a item. No
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comentário, eu explico o conteúdo, mas também mostro os macetes e os caminhos que você
precisa fazer para chegar na resposta certa. Ou seja, eu faço uma análise comentada e com
estratégias de respostas para cada questão.
Esse é o caminho para gabaritar o conteúdo e sair para o abraço .
Na composição do nosso curso, também temos as videoaulas. Dinâmicas e interativas,
elas têm o conteúdo completo que também consta nos Livros Digitais, especialmente, naqueles
assuntos mais espinhosos que quase todo mundo esquece na hora H. Nas videoaulas dou dicas
e macetes preciosos para você resolver as questões objetivas.
Há também o Fórum de Dúvidas, que será nosso mecanismo de contato permanente.
Estaremos sempre perto! Além de o Fórum permitir que você tire dúvidas rapidamente, o curso
EAD permite que você estude conforme suas necessidades e potencialidades. Aliás, essa é uma
das principais vantagens do ensino EAD, pois quem monta o horário de estudos é você. Tem
quem mande bem pela manhã, outros à tarde, e tem o estudante “super noturno”.
Além disso tudo, para você avaliar como está seu desenvolvimento e, replanejar a rota
de estudos, se for o caso, teremos Simulados Periódicos, com correção de todas as disciplinas.
Ao longo da preparação, também fazemos revisões e aprofundamentos, a depender das
demandas, dificuldade e sugestões dos alunos. Isso pode ocorrer no Canal do Youtube, ao vivo,
ou em Salas Vip – um ambiente virtual de aprendizagem com no máximo 50 alunos. A
disponibilização dessas aulas, quando ocorrem ficam disponíveis na área do aluno.

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Esse é o diferencial da nossa proposta: fazer do seu jeito, conforme as suas necessidades
e com nossa orientação por meio dos nossos materiais e videoaulas! O que importa é sua
APROVAÇÃO!

Como aprender história: comentários preliminares


Há algo que eu gostaria de comentar com você antes de iniciarmos nossos estudos: como
se aprende História?
Você deve estar achando perda de tempo esse tópico, afinal já passou 12 anos na escola
e estudou História “pra caramba”. Então eu pergunto: você se lembra de tudo?
Talvez os mais fissurados na disciplina mandem muito bem. No entanto, a grande maioria
só vai lembrar daquele cara chamado Napoleão – e seu cavalo branco -, o Dom Pedro – que
também tinha aquele cavalo branco -, Júlio César - o imperador romano -, a Joana d’Arc – que
se vestiu de homem para lutar contra... (não se lembra, né?).
E se eu te perguntar coisas como:
➢ qual o significado histórico da revolução cultural chinesa?
➢ quais as diferenças entre a independência da América espanhola e a portuguesa?
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➢ quais as reformas de Dom João VI, no Brasil?


➢ qual mesmo era a proposta do Hypólito da Costa para a imprensa brasileira?
➢ quando essas coisas aconteceram? O que você diria?
Veja, há dois mitos que precisamos derrubar:
➢ Mito 1: datas não são importantes
➢ Mito 2: desnecessidade de decorar fatos.
Em se tratando de prova de PREP tudo é importante e deve ser bem articulado, meu
bem!

Veja alguns cuidados que você deve ter ao estudar essa disciplina:

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analisar
contexto

ter visão ampla


determinar as dos períodos
relações causais históricos -
cronologia

Processo
histórico

Primeiro: é preciso analisar o contexto no qual um acontecimento ou fato ocorreu. Todo


acontecimento esteve dentro de um contexto geral – como se fosse um quadro de parede
mesmo. É aquilo que é comum para o espaço que está sendo observado. Em geral, o contexto
influencia os processos.
Segundo: é necessário ter uma visão ampla sobre os períodos históricos. Isso significa
que tem que saber data sim!!! Maior mentira do mundo esse negócio de que data não importa.
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Então, a tradicional linha do tempo é um exercício fundamental para quem quer gabaritar
história. Em estatística, chamamos isso de série histórica. Para entender tendências mais gerais
do mercado de trabalho, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
pega os dados de períodos grandes de tempo. Assim, consegue-se perceber o movimento, as
transformações, as tendências e as variáveis constantes. É isso que fazemos com a História,
como qualquer outra ciência.
Terceiro: é fundamental desvendar as relações causais dos processos – causas e
consequências. São elas que ligam os fios e fatos da História. Quando estamos diante de um
acontecimento precisamos fazer as perguntas: quando, onde, por que, por quem, resultou em
que, para quem? Vamos diagramar essa ideia?

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Quando?

Para
Onde?
quem?

Fato
Histórico

Resultou
Por quê?
em quê?

Por
quem?

Ou seja, querida/querido aluno, ao encontrarmos as causas e as consequências de fatos


e fenômenos, dentro de contextos amplos, conseguimos explicar os processos históricos.
Consegue entender? Não é fácil fazer isso, eu sei, pois você, provavelmente, passou a
vida tentando APENAS decorar as coisas. Fez suas provas e depois esqueceu o conteúdo.
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Normal!! Contudo, isso não vale mais quando o que você quer entrar em uma das melhores
Universidade do País. Mesmo você, que já fez cursinho antes, que já leu e releu as apostilas e,
mesmo assim, não conseguiu gabaritar, devo dizer: estava com o método errado.
É preciso mudar a perspectiva, e é isso que nós propomos com nosso material. A
COMPREENSÃO DOS PROCESSOS DEPENDE DA MEMORIZAÇÃO e NÃO EXISTE
MEMORIZAÇÃO SEM COMPREENSÃO. Essas coisas são complementares, sacaram?
Ou seja, a decoreba e a compreensão dos porquês são complementares e não
excludentes.
Se você topa o desafio, vamos que vamos, juntos, até a sua APROVAÇÃO!

Antes de tudo: a periodização histórica


O estudo da história está dividido por periodização. Se você observar o cronograma do
nosso curso, verá que ele está organizado segundo uma lógica cronológica. Às vezes, alguns
alunos se confundem nessas marcações. Vamos pensar um pouco sobre isso?
O calendário que rege a organização da vida social é como um plano cartesiano: o ano
ZERO é o nascimento de Cristo.
Assim, antes desse evento, os anos são contados em ordem decrescente, depois, em
ordem crescente.

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Veja a seguir:

Decrescente: a.C Crescente: d.C.

.........4000................. 1200 ............. 3 2 1 0 1 2 ...476


.......1453....1789..............2019
___________________________________|___________________________________
0
Nascimento de Cristo
E essa cronologia toda foi subdividida pela historiografia com objetivos didáticos para
podermos comparar períodos, processos e fenômenos, uma vez que a história é o estudo da
vida dos homens no seu devido tempo. Sacou? A subdivisão é a seguinte:

 Idade Antiga: 4000 a.C até 476 d.C (da invenção da escrita até queda do
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Império Romano)
 Idade Média: 476 d.C até 1453 d.C (até a queda de Constantinopla, capital
do Império Bizantino)
 Idade Moderna: 1453 d.C até 1789 d.C (até a Revolução Francesa)
 Idade Contemporânea: 1789 até os dias atuais

Idade
Idade Antiga: Idade Moderna:
Idade Média: 476 Contemporânea:
4000 a.C até 476 1453 d.C até
d.C até 1453 d.C 1789 até os dias
d.C 1789 d.C
atuais

Mas lembre-se: o fluxo histórico é CONTÍNUO. Não tem um dia no qual os homens acordaram
e se deram conta de que “tinha acabado a Idade Média e começado a Moderna...” e disseram:
“Aí, querido, agora somos Modernos!!! :P......
Por isso, a divisão é um recurso pedagógico e de pesquisa, feito por diversos historiadores ao
longo dos últimos séculos e a mais aceita nas provas de História. Outras existem e em momentos
oportunos, comento com você, ok?
Se tiver dúvida, já sabe, é só mandar no Fórum de Dúvidas!

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Você está começando do zero? Tem dificuldade com história e vive ficando perdido
no tempo?
Então, faz esses dois treininhos aqui para aquecer e tomar o primeiro contato com a
disciplina.
E não esquece: toda longa jornada começa com o primeiro passo. Seja humilde e
bora buscar o 12/12. Gabaritar é possível!

Treino 1: (História Ale Lopes)

O estudo da história está dividido por periodização organizada pela historiografia com
objetivos didáticos para podermos comparar períodos, processos e fenômenos. Dessa
forma, existe uma linha do tempo que marca uma cronologia aceita cientificamente.
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A periodicidade, compreendida entre a criação da escrita e os dias atuais, está correta em:
a) Idade Média, Idade Antiga, Idade Moderna e Idade Contemporânea.

b) Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.

c) Antiguidade, Medievo, Contemporaneidade e Modernidade.

d) Pré-História, História Literária, Negação da história

e) Pré-História, Idade Média, Moderna e Contemporânea.

Comentários:
O estudo da história está dividido por periodização. Por exemplo, o cronograma do nosso
curso, está organizado segundo uma lógica cronológica. Às vezes, alguns alunos se
confundem nessas marcações. Atenção.
Essa cronologia foi organizada pela historiografia com objetivos didáticos para podermos
comparar períodos, processos e fenômenos, uma vez que a história é o estudo da vida dos
homens no seu devido tempo. Sacou? A subdivisão é a seguinte:
 Idade Antiga: 4000 a.C até 476 d.C (da invenção da escrita até queda do Império
Romano)

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 Idade Média: 476 d.C até 1453 d.C (até a queda de Constantinopla, capital do
Império Bizantino)

 Idade Moderna: 1453 d.C até 1789 d.C (até a Revolução Francesa)

 Idade Contemporânea: 1789 até os dias atuais

Idade
Idade Antiga: Idade Moderna:
Idade Média: 476 Contemporânea:
4000 a.C até 476 1453 d.C até
d.C até 1453 d.C 1789 até os dias
d.C 1789 d.C
atuais

Sendo assim, a única alternativa possível é a letra B


Gabarito: B

Treino 2 - (História Ale Lopes)

Idade Média é uma terminologia criada por historiadores do século XVIII. Convencionou-se
que seria um período entre o ano de 476, com o fim do Império Romano do Ocidente, e o
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ano de 1453, com o fim do Império Bizantino (ou, Império Romano do Oriente).
Levando esse texto em consideração, a Idade Média ocorreu entre os séculos:
a) V e XV

b) IV e XIV

c) III e XIII

d) V e XVI

e) V e XIV

Comentários:
Datas são elementos importantes na História. Mas nem sempre elas aparecem com a data
por extenso (quatrocentos e setenta e seis) ou o número cardinal (476). Em história, muitas
vezes nos referimos aos séculos para narrar um processo, fazer comparações e localizar um
acontecimento. Representamos os séculos pelos algarismos Romanos (I, II, III, IV, V, VI, VII,
VIII, IX, X, XI, etc.....) – isso vocês aprendem em matemática.
Por exemplo, a Independência do Brasil foi no ano começo do século XIX.
Assim, saber o tempo a que se refere o século é muito importante; vejamos:
O Século tem 100 anos:

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 O século 1 começa no ano 1 e vai até o ano 100 100 anos século I

 O século 2 começa no ano 101 e vai até o ano 200 100 anos século II

E assim sucessivamente....
Perceba, então, que um século sempre começa com 1 e termina com 00, ou seja:
1 até 100
101 até 200
201 até 300...
Então, vamos lá:
 476 estão entre 401 e 500, logo é o século V (cinco).
 1453 está entre 1401 e 1500. Logo século XV (quinze).
Há uma continha que fazemos para facilitar a vida:
Sempre você pega a data e despreza a primeira e a segunda casas (unidade e dezena).
Exemplo:
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476 476 soma 1 ao 4 4+1=5 Século V

476
1
5

Agora, se a data termina em 0/00/000, então, você não faz nenhuma conta. Apenas corta
os zeros. O século será o exato número que sobra.
Exemplo:

700 700 7 Século VII (sete)

Sendo assim, podemos dizer que a Idade Média ocorreu entre os séculos V e XV (entre
476 e 1453).
Gabarito: A

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1. Introdução: A Idade Média e o modo de vida


feudal
A partir dessa aula tomaremos contato com o estudo das experiências humanas no
período chamado de Idade Média. Aposto que muitas imagens surgem na sua memória: o
camponês, a igreja, os castelinhos cheios de muralha. Pois bem, vamos arrumar e aprofundar
isso!
Idade Média é uma terminologia criada por historiadores do século XVIII. Convencionou-
se que seria um período entre o ano de 476, com o fim do Império Romano do Ocidente e 1453
com o fim do Império Bizantino (ou, Império Romano do Oriente).
Agora, observe: se considerarmos que o Império Bizantino é o Antigo Império Romano
do Oriente, a Idade Média compreende o tempo inteiro que se levou para colocar um fim
definitivo ao antigo Império Romano, ou seja, entre os séculos V e XV. Assim, o período a Idade
Média é o tempo do “meio”
Entre outros motivos, é por isso que o termo Idade Média teria sido um termo pejorativo
para fazer referência a um tempo na história entre dois momentos brilhantes: o esplendor
Romano e o Renascimento (que, como você aprenderá comigo, significou uma retomada da
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cultura greco-romana).

Mas, Alê, por que pejorativo? Não saquei!

Porque o meio é meio termo. Não é a excelência. Já viu alguém passar em Medicina
sendo um aluno mediano? Difícil, né? Então, Idade Média, não é média só porque estaria no
meio. Essencialmente porque seria um tempo histórico no qual não houve grande esplendor
econômico e político. Sacou?
Contudo, repare que essa visão historiográfica é eurocêntrica, uma vez que se coloca
como centro da Idade Média a formação da ordem social feudal – que se deu, sobretudo, na
porção Ocidental da Europa.
Mas, entre 476 e 1453 há muitas outras experiências humanas que não podem ser
resumidas ao feudalismo. E eu não estou falando de China, Japão ou Índia, tampouco dos povos
do centro ou do sul do continente africano. Falo da região que nesta aula chamarei de “Mundo
do Mediterrâneo” ou o lugar onde se localizou o Império Romano.
Nesse tempo da Idade Média, nessa região do “Mundo Mediterrâneo” concorreram pelo
menos 3 civilizações:

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A Islâmica,
A Bizantina, representada
representada pelo Império
pelo Império Bizantino ou
Islâmico, localizada na
Império Romano do Oriente;
Península Arábica.

A Ocidental, representada
pelos Reinos Bárbaros;
originará a sociedade feudal.

Observe o mapa abaixo. Preste atenção como elas convivem nas terras do antigo Império
Romano.
Todas essas civilizações se formaram, expandiram-se e fragmentaram-se no mesmo
período e, em muitas situações, disputando os mesmos espaços. Portanto, houve conflito entre
elas e, de certa forma, relações de influência umas com as outras. Nesta aula tomaremos contato
com as três civilizações.
Para efeitos pedagógicos, os historiadores acordaram dividir a Idade Média em 3 blocos.
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Veja:

Idade Média

Alta Idade Idade Média Baixa Idade


Média Central Média
476 1453

1000

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Vestibulares.
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2. A Alta Idade Média: A Formação da Ordem Feudal


na Europa ocidental
A primeira coisa que você deve ter em mente é que a experiência histórica que iremos
estudar agora está localizada na porção ocidental do Império Romano. (Na próxima seção,
estudaremos o que ocorreu na porção oriental do Império – Império Bizantino, certo)
O alvorecer da Idade Medieval está marcado por um ato inaugural: as invasões bárbaras,
afirma o professor Jacques Le Goff, no seu livro A Civilização do Ocidente Medieval1. Assim, se
as ocupações germânicas são o ato inicial desse processo, como afirmam os medievalistas,
teremos a missão de estudar a formação dos reinos bárbaros procurando os elementos que
impulsionam a formação do mundo feudal!

1
LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editorial Estampa. Vl. 1. 1983, p. 29.

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Assim, para Le Goff, o mundo medieval nasceu sobre as ruínas do mundo romano, pois
Roma teria alimentado o surgimento do Idade Média2. Esse estudioso e vários outros
medievalistas, como Giorgani, defendem a tese de que:

“A invasão é o fato inicial da Idade Média. Nenhum fato da mesma amplitude ou de


consequências comparáveis se produziu depois, e a História subsequente, entendida
corretamente, nada mais foi que a evolução da sociedade resultante da invasão. É necessário
entender por invasão a compenetração desses dois elementos até então separados: o civilizado
grego ou latino, helenizado ou latinizado, e o bárbaro recém-chegado sobre o solo imperial.”
(GIORGANI, 1968, p.21).

Veja, segundo o argumento acima, o ato inicial não é simplesmente a chegada dos povos
não-romanos em terras do Império Romano, mas a compenetração e fusão destes dois
elementos: romanos e germânicos.
No mesmo sentido, o professor inglês Perry Anderson, no seu livro Passagens da
Antiguidade ao Feudalismo3, elabora a tese de que a ordem feudal, ou o mundo feudal, foi a
síntese da interação entre os modos de vida dos romanos e dos germânicos.

Conclusão: Essa interação se deu em um contexto de decadência dos dois modos de


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vida. Nem romanos e nem germânicos podiam mais sustentar seus velhos padrões
de reprodução material e subjetiva a partir do século V. Era preciso buscar superar
suas crises! Ambos estavam nessa busca.

Nesse cenário de ruína do Império Romano do Ocidente e da chegada dos povos


bárbaros, houve o encontro, a interação e o choque de civilizações. Assim, dessa experiência
histórica nasceu uma nova forma de ver o mundo, de reproduzir as condições materiais que
permitiam a sobrevivência, de se relacionar uns com os outros e, também, de representar o
mundo espiritual.
A esse novo mundo damos o nome de “Mundo Feudal”.

2
LE GOFF, Jacques, Idem. p. 27.
3
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.

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Assim, para compreender o Mundo Feudal é preciso esboçar a estrutura constitutiva


do modo de produção feudal, ou seja, entender os elementos que interagiram e qual
foi o resultado dessa interação.
Então: preciso que você tenha uma postura de historiador agora, pois o estudo desse
período demanda análise dos elementos colocados nos seus contextos específicos (lembra do
método do processo histórico que conversamos na aula 00?)!!!

Esses momentos de transição entre o velho mundo e a formação do novo são os mais
difíceis de estudar porque é tudo muito fluido, é a desintegração do velho e a formação do
novo. E mesmo quando o Novo parece já estar lá imponente e forte, conseguimos perceber
que o Velho insiste em lembrar que ele continua existindo. Por isso, quando falamos em “mundo
feudal” estamos tratando de economia, sociedade, política, cultura e religião, ou seja, do
homem e do seu modo de viver.
Portanto, o feudalismo (ordem feudal) é uma tipologia criada pelos historiadores a partir
da generalização dos aspectos político, econômicos, sociais e religiosos. É essa tipologia que
você deve levar para prova (veja a questão 3 da lista de questões). Mas, sem NUNCA perder
seu senso crítico sobre o processo, pois, em questões mais difíceis, a banca vai testar sua
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capacidade analítica de mostrar que você sabe a tipologia, mas consegue ver suas contradições
e diversidades – ou seja, os furos do “tipo ideal”. Sacou?

Vamos partir desse pressuposto: a formação dos reinos germânicos foi produto da
desagregação do Império Romano do Ocidente e do movimento de ocupação dos germânicos
nessa região que, até então, era dominada pelos romanos. A síntese desses dois processos teve
como consequência o impulso para a formação da Ordem Feudal, no centro da Europa.

Se as ocupações germânicas são o ato inicial desse processo, como afirmam os


medievalistas, teremos a missão de estudar a formação dos reinos bárbaros procurando os
elementos que impulsionam a formação do mundo feudal!

Então, vamos relembrar algumas coisas daquele momento de desagregação do


Império Romano ocorrido entre os séculos III e V d.C.?

Embora saibamos que a marca factual do fim da Antiguidade seja o fim do Império
Romano do Ocidente, quero alertar-lhe para o fato de que as migrações dos povos germânicos
para as regiões que antes formavam o Império Romano do Ocidente não pararam em 476. Na
Alta Idade Média, ou seja, entre os séculos V e X, os germânicos continuaram se deslocando
por toda a Europa Ocidental.

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Observe o mapa das principais migrações desses povos:


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As constantes disputas territoriais entre esses povos, no contexto da desagregação do


mundo romano, promoveram:
Vestibulares

1- Declínio das rotas


comerciais;
2- Produção agrícola
ao nível da
subsistência;
3- Concentração
populacional em
agrupamentos ou
comunidades rurais.
4- Construção de
castelos e moradias
fortificadas, cercadas
por muralhas para
garantir a proteção às
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agressões externas.

Perceba que estamos descrevendo o fenômeno da ruralização da sociedade, que marcou


o que viria a se consolidar como feudalismo. Mas, afinal, você sabe o que significa esse
fenômeno que já apareceu diversas vezes no nosso Livro?

Claro que sei, Profe! Quer dizer “o eclipse da cidade diante do campo”. Ou seja, as cidades
perderam importância e o ambiente rural se fortaleceu!

- Uau, arrasou!!! Bingo! Agora, pensemos nas consequências desse processo para a organização
da vida.

A vida se tornou privada ou reclusa! As relações sociais, econômicas e políticas


passaram a se desenvolver no espaço privado da organização familiar, dos seus
castelos fortificados, guardados por leais cavaleiros. Por isso, falamos que no
processo de formação da nova ordem social (que será a feudal) não se tratava mais
da res-publica, daquele espírito do bem comum. E se não havia mais o espaço para
esse tipo de organização social, a política também se tornou privada.

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Michel Rouche4 afirma:

“Antes a alegria de viver estava nas ruas e nos grandes monumentos urbanos; agora se refugia nas casas
e nas cabanas. Antes, com suas leis, tropas e edis*, o Império se honrara em facilitar a vida pública como
ideal de vida; agora, com os reinos germânicos, dilui-se o culto da urbanidade em proveito da vida
privada. Para os recém-chegados, os germanos, quase tudo é de domínio privado.” (*Administradores
públicos plebeus)

Lembra do que o estudioso francês Jean-Pierre Vernant falava sobre o diálogo como
instrumento da política da antiguidade clássica? E vimos que, primeiro na Grécia e depois em
Roma, as instituições políticas eram abertas à participação dos cidadãos. Elas foram tão
importantes que ficavam localizadas no ponto mais alto da cidade-estado – a Acrópole!

Pois bem, a ruralização da sociedade, naquele Espaço


contexto, levou à falência desse modelo político Privado
do espaço público. Houve uma alteração do
espaço em que se tomavam as decisões, veja o
esquema: Espaço
Público
Alguns historiadores interpretam essa
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mudança como um regresso no desenvolvimento da política pública. Leia um trecho do


professor Le Goff que demonstra essa visão:

“(...) sobretudo no domínio da organização política e no domínio da cultura, .... eles precipitaram,
agravaram, exageraram a decadência que se tinha iniciado sob o Baixo Império. De um declínio,
eles fizeram uma regressão.” Regressão quantitativa, regressão técnica, regressão do gosto e dos
costumes e regressão da administração e da majestade de governo, eis o saldo das invasões dos
Bárbaros.5

Esse cenário rural e privado era propício para a adaptação dos povos germânicos devido
às suas características culturais.
Vamos ler um trecho do texto escrito por Tácito, um historiador Romano, sobre os povos
germânicos. Perceba a relação que o autor estabelece entre a política, a guerra e a família.

4
ROUCHE, Michel. Alta Idade Média Ocidental, p. 403.
5
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval, 2005.

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“Os reis são escolhidos segundo sua nobreza, os chefes segundo sua coragem. Mas
o poder dos reis não é ilimitado, nem arbitrário e os chefes, mais pelo exemplo do
que pela autoridade, tomam as decisões, atraem os olhares, combatem na primeira
linha, impõem-se pela admiração. Além disso, ninguém tem o direito de tirar a vida,
de acorrentar, mesmo de fustigar, a não ser os sacerdotes, não a título de castigo,
nem sob a injunção de um chefe, mas como se a ordem viesse do deus que eles
acreditam estar presente ao lado dos combatentes. Os germanos levam à batalha
imagens e emblemas que tiram dos bosques sagrados, mas o que estimula
singularmente a bravura, não é nem o acaso, nem a disposição fortuita que constitui
o esquadrão, nem os cantos, mas sim as famílias e os parentes.” 6

Segundo Tácito – e diversos medievalistas concordam com ele - o espaço privado das
relações domésticas e familiares era o lugar privilegiado das decisões importantes para os povos
germânicos. Assim, podemos concluir que havia uma tendência de se constituir uma
sociabilidade mais ligada às relações pessoais e familiares em que os olhares públicos não eram
capazes de alcançar. Se liga nessa cena, hein?
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O que levava os povos não-romanos a se deslocarem tanto pelo território


europeu?
Veja, até aqui falamos que os deslocamentos desses povos foram motivados
pelo nomadismo e pelas expulsões das terras que um povo provocava no
outro. Contudo, há algo que ajuda a entender mais profundamente esse comportamento dos
“bárbaros”. Sobre isso, uma parte dos historiadores, como E. A. Kosminsky, explica que eles se
dedicavam a um tipo de agricultura predatória e cultivavam mal a terra. Segundo este
historiador, eles “queimavam os bosques ou cultivavam a camada superficial da terra virgem,
nas planícies, faziam a colheita e logo abandonavam essa terra por muitos anos e iam cultivar
outras terras virgens”. Até que, em algum momento, foi inevitável chegarem na zona fronteiriça
do Império Romano. Ou seja, tratava-se de falta de conhecimento de como trabalhar melhor a
terra, sacou? Com sua chegada às terras do império romano, um dos resultados da interação
cultural entre romanos e germânicos foi essa aprendizagem.

6
TÁCITO. A Germânia. In: PINSKY, Jaime (org.). 100 textos de História Antiga. São Paulo: Contexto, 1988. p. 74-75

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Outros historiadores colocam mais ênfase nas perseguições de um povo bárbaro sobre o outro,
ou na atração por territórios mais ricos, ou mesmo no crescimento demográfico dos povos
bárbaros. Independentemente da causa das invasões bárbaras, ou dos deslocamentos sobre a
Europa Ocidental, fato foi que elas foram importantíssimas e é isso que você deve levar para a
prova.

2.1 – O Papel da Igreja Católica na formação do Mundo Feudal


Ao mesmo tempo em que ocorria o processo de ruralização, de aprofundamento da
economia rural de subsistência e da privatização da vida social e política, o cristianismo e a
Igreja Católica enquanto instituição se fortalecia. Vamos ver como isso ocorreu.
Articula comigo: Nos últimos séculos do Império Romano, vimos que alguns imperadores
se converteram ao cristianismo e, com isso, estabeleceram relações entre religião cristã e a
política. Como consequência, houve crescimento do cristianismo e fortalecimento da instituição
religiosa. Lembram da sequência? Dá um bizu:

380 - Teodósio decreta o


Édito da Tessalônica
para fazer do
325 - Constantino cristianismo a religião
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organiza o Concílio de oficial do Império


Niceia - primeira
313 - Constantino se reunião oficial da Igreja
converte ao cristianismo Cristã para organizar os
e decreta o Édito de dogmas religiosos
Milão dando liberdade
de culto aos cristãos

Assim, no final do Império Romano, a Igreja Cristã formava uma superburocracia,


segundo Perry Anderson. Os membros do clero eram funcionários do Estado em número maior
que os demais funcionários públicos e seus salários também eram superiores aos daqueles. Esse
era o poder da Igreja que, de certa forma, contribuiu para o desequilíbrio fiscal da máquina
estatal romana.
Mas, sua capacidade material de resistir ao esfacelamento do Império Romano estava
relacionado à cristandade que a sustentava financeiramente. Em especial, os senhores ricos que
se convertiam ao cristianismo. Dessa maneira, ela manteve sua capacidade de atuar, mesmo no
contexto pouco favorável das invasões bárbaras. Além disso, vamos ver que muitos bárbaros se
converteram ao cristianismo e, em algumas situações, doavam terras à Igreja nessa ocasião
Por isso, muitos historiadores afirmam que a Igreja Católica foi a única instituição
sobrevivente do Império de Roma. Apesar dos conflitos teológicos que marcaram toda a Idade
Média e que foram fruto das divergências de interpretação doutrinária, como veremos em seção

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específica, a Igreja de Niceia ou a Católica se firmou como a representante de Roma,


especialmente, na porção ocidental do antigo império.

Ok, Profe, entendi. Mas, qual foi o papel da Igreja nesse processo entre os séculos V e IX até a
ordem feudal se consolidar?

Veja: na formação do feudalismo há um suporte estrutural, algo como uma ponte que
liga os elementos desse processo. Quem cumpre essa “função de ponte” na transição da
antiguidade para o estabelecimento da ordem feudal é a Igreja Católica. Essa instituição
assumiu uma posição de continuidade e manutenção do antigo Império Romano e, por isso, foi
a “ponte” entre o passado e o futuro! Segundo Perry Anderson,

Ela foi, realmente, o principal e frágil aqueduto sobre o qual passavam agora as reservas culturais do
Mundo Clássico ao novo universo da Europa Feudal, onde a escrita se tornara clerical... A Igreja foi a
indispensável ponte entre duas épocas, numa passagem “catastrófica” e não “cumulativa” entre dois
modos de produção.7 (grifo nosso)

Mesmo com o colapso do Estado Romano, a cristandade sustentou a estrutura e a


hierarquia eclesiástica da Igreja. Por isso, ela continuava sendo o baluarte de uma Roma que se
desfazia no horizonte. Sua mentalidade, rituais e penetração social permitiam exercer esse
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papel de continum no tempo.


Mas, simultaneamente, havia uma flexibilidade na percepção e na reelaboração das novas
demandas. Assim, a necessidade de converter germânicos e, ao mesmo tempo, firmar-se entre
os cristãos, colocava a Igreja longe de uma postura intransigente. De toda maneira, foi essa
Instituição que ficou no centro do processo de síntese da interação entre romanos e germânicos
e entre passado e futuro. É por isso que a questão religiosa tem um espaço muito grande nas
explicações da formação desse “Novo Mundo Feudal”.
Por tudo isso, o papel da Igreja na transição da Antiguidade para o Feudalismo se
localizou na esfera cultural. De certa forma, ela foi responsável pela criação de uma
“superestrutura mental”, ou simplesmente pela formulação de uma mentalidade medieval
marcada por uma característica: a de conciliar. Nessa difícil transição, o que marcou a atuação
da Igreja foi sua flexibilidade e não o seu rigor. Por isso, ela reorganizou a interpretação sobre
alguns assuntos caros quer fosse para os romanos, quer fosse para os germânicos.
Por exemplo, a doutrina cristã criou uma noção de justiça que buscava uma harmonia
entre os homens. Assim, era possível enfrentar a escravidão exigindo que os senhores fossem
justos com seus escravos. Da mesma forma, a cristianismo correspondia ao sentimento de

7
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989, p.
131.

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injustiça da massa da população miserável que vivia tanto do lado dos romanos quanto do lado
dos bárbaros. Por essa razão, é comum a historiografia afirmar que a Igreja Católica possuía um
sentido universal, isto é, conquistar adeptos independentemente do povo a que a pessoa
pertencesse.
Com isso, foi se formando um contexto de relações em que se pretendiam anular as
tensões e os conflitos. Percebe, então, a estrutura mental que formou um dos pontos desse
novo mundo cultural? Na próxima aula, nós veremos que essa mentalidade dará suporte para a
formação de uma sociedade estamental de três ordens: clerical; nobre; e, servil.
Outro exemplo está relacionado com a expansão da língua latina e, portanto, com a
cultura clássica. Durante o Império Romano, a grande massa não conhecia o latim – língua dos
governos e das elites intelectuais. Desse modo, a expansão do cristianismo subverteu essa
ordem.
Alguns autores afirmam que isso vulgarizou e corrompeu a cultura clássica por meio de
um processo de assimilação e adaptação dos elementos clássicos por uma população mais
vasta. Estes, especialmente os povos germânicos, teriam a arruinado. Argumento forte,
polêmico e até aristocrático, não acha?
De qualquer maneira, a cultura surgida nesse processo foi uma fusão de elementos
romanos e germânicos e a Igreja foi a responsável por salvaguardar e transmitir a herança
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clássica. Assim, as novas línguas (espanhol, português, francês) que se consolidaram nesse
momento foi a expressão dessa experiência histórica.
Também quero enfatizar que, nesse momento de transição,
como parte das interações socioculturais ocorridas entre os povos
romanos e germânicos, houve a conversão de muitos não-romanos ao
cristianismo. Veja o que diz o especialista em cultura medieval Georges
Duby:

“Entretanto, a cultura romana conservou o seu prestígio. Fascinou os


invasores. Foi para se alçarem ao seu nível, para participarem dessa espécie de felicidade que julgavam
partilhada pelos romanos, que os germanos atravessaram as fronteiras, que seus chefes, agora
detentores do poder, não hesitaram em se autodenominar cônsules* que moravam nas cidades, que
favoreciam o desabrochar das letras latinas, que arrastavam os companheiros e, como Clovis,
mergulhavam nas águas do batismo. Tinham apenas um desejo: integrar-se. Para se integrarem, de
verdade, precisavam virar cristãos.”8

8
DUBY, Georges. História artística da Europa: A idade Média. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1997.

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Percebe que estudar a aproximação entre a Igreja Católica e alguns povos


germânicos é de máxima importância para compreendermos a formação da
mentalidade e da organização social e política do que virá se constituir como a
ordem feudal?

Por isso, de maneira bem focada, vamos tomar o exemplo de um dos reinos romano-
germânico cristãos que nos ajudará a entender o processo que estou descrevendo. Trata-se
do Reino Franco. Sigamos fortes amores!

2.2 - O Reino dos Francos


No período final do Império Romano, na região central do que conhecemos hoje como
França, povos germânicos ali se instalaram e deram início à construção do Reino dos Francos.
Este Reino se tornou o mais importante da Alta Idade Média. Localize-o no mapa:
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9
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas Histórico Básico. São Paulo: Ed. Ática, 2008, p 13.

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2.2.1 – Dinastia Merovíngia (451-751)

Um cavaleiro franco, Meroveu, considerado o herói da batalha dos Campos Catalúnicos,


em 451, deu início ao que ficou conhecida como a Dinastia Merovíngia. Seu neto o príncipe
Clovis foi considerado o fundador do Reino Franco. Foi ele quem arquitetou, entre 481 e 511,
o Estado Franco - fruto das vitórias militares que ele e seu exército obtiveram nas disputas
territoriais com os romanos, com os visigodos, com os burgúndios, alamanos, entre outros
povos bárbaros.
Elemento fundamental para a formação do Reino Franco foi a conversão ao cristianismo
de Clóvis, em 496. Pare! Olhe! Não está vindo nenhum trem, mas o trem da história, para não
passar por cima de você, exige uma reflexão... Logo acima fiz questão de destacar que um dos
motivos da permanência do cristianismo foi a conversão de povos bárbaros. Ualá! Aqui está um
exemplo sensacional e importantíssimo.
Clóvis estaria numa batalha – perdendo - quando pediu ajuda aos santos da religião de
sua esposa, que era católica. Nesse momento, inverteu-se sua posição na batalha e seu exército
teria saído vitorioso. A partir desse momento, Clóvis adere ao cristianismo. Com essa decisão,
o príncipe conquistou a simpatia dos povos de origem romana, bem como adquiriu apoio da
população da Gália e da Igreja Católica. Em troca da aliança que se iniciaria no Reino dos
Francos, a Igreja recebeu terras, muitas terras.
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Começava, assim, uma relação específica da Europa Ocidental: a Igreja Romana


reconheceu a legitimidade política dos reis e de suas conquistas territoriais. Por
gratidão, os reis doavam terras e garantiam proteção à Igreja. Perceba que a
relação entre o chefe religioso e o chefe político-militar não foi de subordinação,
mas de interação – pelo menos, nesse primeiro momento. Guardem isso, pois
quando estudarmos o Império Bizantino, você perceberá que há uma
importante diferença!
Dá uma olhada em alguns documentos relacionados com o tema:
• Carta de Pepino de 754: marca a passagem da dinastia Merovíngia para a dinastia
Carolíngia. Pepino, o Breve, fez aliança entre o reino franco e o papado, que ficou selada,
simbolicamente, pela unção, recebida por Pepino, das mãos do Papa Estevão II.
• Carta de doação de Constantino: durante o reinado de Carlos Magno, o Papa Adriano I
apresentou um documento forjado nas oficinas da própria Igreja. Esse documento seria uma
antiga carta em que o Imperador Constantino teria doado terras da Itália Central à Igreja. Carlos
Magno anuiu o documento, baseado na Carta de Pepino e na Carta de Constantino, elaborou
outro documento que cedia mais terras ao papado.
• Documento Capitular de 817: intitulada Ordinatio Imperii: documento redigido no
reinado de Luís o Piedoso, três anos depois da morte de Carlos Magno. Com esse documento,

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buscou-se delinear, com maior precisão, os mecanismos de sucessão imperial no Ocidente,


associando-os a um único herdeiro, de modo que a coroa deveria ser posta na cabeça do
imperador pelo Papa.

Nesse momento, apesar de o início do Reino Franco ter sido marcado por um Estado
centralizado, as constantes disputas pela sucessão do trono somada à baixa autoridade dos reis
seguintes a Clóvis enfraqueceram o poder real. Com isso, desencadeou-se um processo de
descentralização do poder em direção aos senhores proprietários de terra, pois estes
começaram a assumir tarefas políticas e militares para protegerem suas terras, famílias e
agregados (já, já esses senhores serão os senhores feudais que estudaremos no momento da
consolidação da ordem feudal, acompanhe com atenção).

Mas, quem eram os senhores proprietários de terras?

Eram os antigos patrícios da época do Império Romano do Ocidente e/ou os


bárbaros que invadiam as terras dos próprios patrícios. Lembra-se do processo de
fusão entre elementos romanos e germânicos? Pois bem, essa fusão, na prática,
tinha a propriedade da terra como elemento factual. Assim, germânicos ocuparam
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terras romanas pacificamente, ao trabalhar para romanos como colonos, ou violentamente


pilhando e invadindo terras dos patrícios. A seguir reproduzo um trecho que usamos na aula
sobre a desagregação do Império romano para que você reforce essa ideia e a tatue na sua
mente!!!
“Houve vários episódios sangrentos, conflitos militares, incursões violentas e ocupações de
cidades – certamente, aqueles aos quais as narrativas dos cronistas deram maior relevo.
Entretanto, a instalação dos povos germânicos deve ser imaginada sobretudo como uma
infiltração lenta, durando vários séculos, como uma imigração progressiva e muitas vezes
pacífica, durante a qual, os recém chegados se instalaram individualmente, aproveitando-se
dos seus talentos artesanais ou pondo sua força física a serviço da armada romana; ou também
em grupos numerosos, beneficiando-se, então, de um acordo com o Estado Romano que lhes
concedia o estatuto de “povo federado.” O Império soube, então, em um primeiro momento,
absorver essa imigração ou compor com ela, antes de desaparecer sob o efeito de suas
próprias contradições, exacerbadas à medida que a infiltração estrangeira se ampliava.” (p.
50)10(grifos nossos)

10
BASCHET, J. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Ed. Globo Livros,
2014

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Com muita indefinição nas sucessões do trono Franco, a organização político-


administrativa desse reino, entre os séculos VI e VII, passou a contar com o major domus – ou,
o “prefeito do palácio”. Esses foram uma “espécie de primeiro-ministro”.
Um desses prefeitos, Carlos Martel, se destacou por conter a expansão dos árabes na
Europa. Em 732, Carlos Martel venceu os árabes nos montes Pireneus, na famosa Batalha de
Poitiers. Os árabes vinham do Sul da Península Ibérica, cruzaram o estreito de Gibraltar em 711,
venceram os visigodos e tomaram conta de quase toda a península.
Interessante também notarmos as inovações sociais que foram aparecendo nas
experiências de contatos entre os homens e mulheres de civilizações diferentes daquela época.
Na batalha com os árabes, começou a surgir uma relação importante que marcou o período
feudal, a do cavaleiro com o seu senhor. Isso porque, para derrotar o famoso exército de
cavaleiros árabes, Carlos Martel também precisou organizar uma forte cavalaria, algo até então
pouco comum naquela Europa.

Em função do sucesso dos cavaleiros, daí em diante essa figura passou a ser central
na vida medieval. A relação entre o cavaleiro que oferecia proteção e serviços
militares em troca de receber terra dos senhores viria a constituir o que iremos
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estudar como “relação de vassalagem”. Note que essa era uma relação estabelecida
entre nobres e não entre nobres e servos. No começo, recebia-se do Rei, depois era
de outro senhor de terra. Ou seja, a partir da importância militar do exército de
cavalaria, fruto de um aprendizado no enfrentamento com os árabes, estava instituída
as bases da relação de vassalagem. Tá aí um achado que é muito louco, é
praticamente a arqueologia da história!!!

Dessa experiência, Carlos Martel tomou medidas decisivas para consolidar a força militar
dos francos. Uma delas foi estabelecer uma forte cavalaria, a qual passou a ser formada pelos
principais guerreiros. Os membros da cavalaria, juntamente com a Igreja, eram os que mais se
beneficiavam da partilha das terras após as vitórias em campo de batalhas.

2.2.2 – Dinastia Carolíngia

Com a morte de Carlos Martel, e como parte da disputa de poder interno, seu filho,
Pepino - o Breve, obteve o apoio do Papa e depôs o último rei da dinastia merovíngia, em 751.
Com isso, Pepino iniciou a Dinastia Carolíngia. Em troca do decisivo apoio da Igreja, Pepino
cedeu ao Papa imensas extensões de terra no centro da Península Itálica, que ficaram
conhecidas como Terras de São Pedro – embrião do que hoje conhecemos como Vaticano.
Parece uma espécie de vassalagem, né?

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Depois da morte de Pepino, em 768, seu filho Carlos Magno assumiu o trono. Governou
até 814. Foi considerado o maior rei da Alta Idade Média, pois organizou um eficiente sistema
administrativo capaz de suportar a expansão territorial.
O período que governou é conhecido na história como Renascimento Carolíngio.
Renascimento porque Carlos Magno tentou um projeto para fazer renascer o antigo Império
Romano do Ocidente. O “Renascimento Carolíngio” foi caracterizado pelo incentivo à cultura
e ao desenvolvimento do saber. O Imperador chegou a formar um círculo de eruditos em sua
corte ao qual denominava de Academia. Mas, com a morte de Carlos Magno, em 814, pouco a
pouco, o saber ficou concentrado nas mãos da Igreja Católica.
Independentemente da vontade dos reis e do clero, percebemos que, na realidade, os
elementos básicos e estruturais do feudalismo estavam em pleno desenvolvimento nesse
momento. Parte dessa explicação, está diretamente relacionada com as decisões tomadas por
Carlos Magno para a montagem do seu sistema de governo. Daqui a pouco veremos essa
estrutura.
Os territórios eram administrados pelos “emissários do senhor”, os Missi Dominici. Dessa
maneira, parte desse sistema funcionava por meio da designação de cargos aos senhores de
terra na burocracia estatal.
Além disso, com esse modo de administrar o reinado, Carlos Magno conseguiu
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reequilibrar as relações entre o poder do rei, o poder da Igreja e o poder da nobreza. Ou seja,
ele restabeleceu a ideia de conciliação que, anteriormente, estava a cargo da Igreja. Lembra de
que os ricos senhores de terras se enfrentavam com os reis francos – pelo menos até a ascensão
de Pepino? Uma das formas de controlar a disputa pelo poder entre esses senhores foi reforçar
as doações de terras conquistadas em guerras. Em troca, o Rei cobrava lealdade dos senhores.

Ou seja, caro aluno e aluna, Carlos Magno impulsionou o uso das relações de
vassalagem!!!

Para selar esse compromisso, o Rei emitia uma espécie de documento de


propriedade de terra. Esses documentos dependiam do tamanho da terra que era dividida
(marcas, condados e até principados). Por sua vez, os senhores que recebiam as terras e seus
documentos viravam marqueses, condes, príncipes.

Ou seja, estamos falando da formação da classe social dos NOBRES.


Sim, queridas e queridos, aqueles nobres que a gente passa a vida
inteira ouvindo que os títulos de nobreza são hereditários e tem a ver
com sangue azul. Afff, sangue azul? É mais tudo tem sua razão
histórica, mesmo que não faça muito sentido.

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Título de nobreza tem origem nos títulos de propriedade doados pelos reis no
momento histórico da Alta Idade Média. No começo eram vitalícios, depois se
tornaram hereditários. Ao se tornarem hereditários, não podiam ser transferidos
porque, naquele momento, a terra não era um bem material monetizado.
Ao contrário, seu valor estava na relação de lealdade e de proteção que se
estabelecia entre quem doa a terra e quem a recebe. Sacou?

Assim, Carlos Magno dividiu o poder entre os nobres, tendendo à descentralização


política. Percebe? Esses seus leais vassalos ajudavam a controlar o domínio territorial porque
tinham imunidade jurídica e tributária. Ou seja, tinham o poder de criar algumas leis e, ainda
por cima, não pagavam impostos. Galera, quem aí não ia querer ser um nobre vassalo?
Mas, durante o governo de Carlos Magno ainda havia algum controle sobre o território.
Os nobres eram inspecionados pelos Missi Dominici.
Tanto com Clovis quanto com Carlos Magno os nobres arrecadavam tributos e as multas
em benefício do rei, bem como recrutavam guerreiros entre os grupos um pouco mais
abastados. Com efeito, ainda com Carlos Magno, foi ampliada a distribuição dos benefícios da
terra, de modo que os beneficiados precisavam participar das expedições militares.
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Por sua vez, os guerreiros beneficiados, para assegurar a presença de homens armados
em seus próprios destacamentos, também concediam benefícios a outros homens, os vassalos.
Dessa forma, os senhores próximos a Carlos Magno constituíam seus próprios vassalos. Meu,
era quase uma reação em cadeia de vassalagem!!! Do rei para o senhor, do senhor para o
cavaleiro, do cavaleiro para outro cavaleiro e sucessivamente.

vassalo
2

vassalo
3
rei vassalo
1

vassalo
4

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Atenção: Olho de Coruja na transição, querido!

Os vassalos eram donos de suas terras mediante a condição de prestar o serviço


militar: tinham a obrigação de apresentar-se, juntamente com seus senhores,
para ir à guerra. Como falamos acima, os benefícios eram distribuídos em forma
de posses vitalícias. Desde a segunda metade do século IX, porém,
transformaram-se em hereditários. Essas posses territoriais hereditárias, que os vassalos
desfrutavam em troca da prestação do serviço militar, receberam o nome de FEUDOS.
Assim, foi se organizando a classe dominante da Idade Média: a consolidação da nobreza e o
crescimento do principal meio de produção, o feudo, comandado pela nobreza.
Com o fortalecimento da nobreza, gerou-se outra característica do mundo feudal, a qual já
estava em pleno vapor desde o século V: a descentralização do poder político.

No ano de 800 ocorreu um evento muito representativo das relações que se constituíram
durante a idade média e que tinha começado lá com o Rei Franco Clóvis, em 496: Carlos Magno
foi coroado pelo papa Leão III como o Imperador do “Novo Império Romano do Ocidente”!
Veja como o esplendor da Roma Antiga continuava iluminando e inspirando reis muitos séculos
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depois de ter sucumbido, a ponto de ser refundado! Contudo, perceba que, nesse momento,
a instituição que legitimou o poder foi a Igreja Católica! Dali em diante, a Monarquia e a Igreja
fizeram parte de um mesmo arranjo político que permitiu aos nobres permanecerem como
classe dominante por muitos séculos!
Mas, em 814, a morte do Imperador representou o fim da expansão territorial e a
fragmentação do último reino unificado da Europa Ocidental no período medieval. Novamente,
a disputa pela sucessão do trono vem para alterar os rumos da história.
Com efeito, após a morte de Carlos Magno o trono passou a ser ocupado por seu filho,
Luís - o Piedoso. Este, por sua vez, teve três filhos:
➢ Luís, o Germânico;
➢ Lotário;
➢ Carlos, o Calvo.
A disputa pelo poder não parou. Em 843 buscou-
se uma solução e o Império foi divido, era o Tratado de
Verdun. Com esse tratado, o império ficou dividido
assim:
➢ Luís, o Germânico, ficou com a Germânia
(para guardar essa informação não precisa
nem de dica!!!);
➢ Lotário ficou com a região da Itália;

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➢ Carlos, o Calvo, ficou com a França.


Veja no mapa a partilha após o Tratado de Verdun:
11

Em 987 chega ao fim a dinastia Carolíngia no território da França. Hugo Capeto foi
coroado na região pertencente a Carlos, o Calvo. Iniciou-se a Dinastia Capetíngia. Nessa altura
da história, no século X, uma nova onda de invasões assolou a Europa Ocidental. De novo???

Meu Deuxsss, e o que aconteceu com uma nova onda de invasões, Profe? De onde esses caras
vieram, agora? Gente, eles não cansam?

Pois é, gente, eles não cansam! Dessa vez, foram os temidos vikings e os normandos.
Alguns historiadores dizem que eles se aproveitaram das lutas fratricidas pelo poder no Império
Franco para adentrar as fronteiras enfraquecidas. Além disso, essas incursões acentuaram o
processo de feudalização da sociedade europeia ocidental, tal como estamos vendo até aqui!!!
Os processos de descentralização e de isolamento de grupos, famílias e comunidades
se aprofundaram mais ainda. Os senhores de terras abrigavam as populações que fugiam desses
povos e suas incursões violentas. Em troca de proteção, nos castelos fortificados, as pessoas se
submetiam ao poder dos nobres. Em troca dessa proteção, o homem livre trabalhava para o
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proprietário da terra e se tornava camponês.


Os reis perdem a importância porque não conseguiam mais organizar a proteção e a
resistência da população.
Aí eu te pergunto:
➢ e qual o nome que passaremos a dar a esses senhores das terras protegidas?
Senhores feudais!!!
➢ E qual o nome que daremos aos arruinados que conseguiram proteção nas terras
do senhor feudal em troca de trabalhar para ele? Servo!!!
➢ E qual o nome que passaremos dar a relação que se desenvolveu entre nobres e
camponeses que aos poucos foram se submetendo ao mando dos senhores
poderosos? Servidão!!!
➢ Agora, e se somarmos essa servidão ao que vimos acima sobre a vassalagem? Vai
dar no quê? Isso mesmo, na relação de servidão e vassalagem. Porém, tudo isso
veremos de forma mais sistemática quando entrarmos na ordem feudal
propriamente dita.

11
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2008. p.15.

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Por fim, é nesse momento, nobre aluno e aluna, em pleno século IX, que o feudalismo
se consolida como modo de vida, como sistema econômico, enfim, como uma Nova
Ordem “mundial” (europeia, né? hehe 😊). Agora, guarde esse conhecimento todo
com o máximo carinho, pois, esse assunto continuará na próximo nossa próxima aula
do Livro Digital, ok?

Sobre essa relação de servidão é preciso explicar um elemento


importante das relações sociais que foram construídas ao longo dos séculos na
transição da Idade Antiga para a Idade Média.

Lembre-se de que tanto o fim do Império Romano do Ocidente quanto a presença dos povos
bárbaros na Europa foram determinantes para o surgimento do feudalismo.
Pois bem, como os povos de origem bárbara passaram a dominar do século V em diante, seria
natural que as práticas e costumes desses bárbaros adentrassem com eles nos próximos
capítulos da história, concorda?
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Uma dessas práticas era a forma com que os “escravos” bárbaros eram tratados. Diferente da
maneira com que os romanos lidavam com seus escravos, os germânicos mantinham relações
que mais se aproximavam do que foram os “servos”.
Leia um trecho do livro Costumes dos Germanos, do historiador Tácito (de fins do século I d.C.).
Nesta passagem fica evidente essa diferença:
“Não se servem dos demais escravos como nós [romanos], empregando cada um em seu trabalho de
casa: deixam cada um viver separado e trabalhando para si próprio; e o senhor os faz pagar certa
quantidade de cereais, gado e roupa como um lavrador, e com isso em mais nada tem que lhe obedecer
o escravo. Os outros trabalhos domésticos são feitos pela mulher e pelos filhos. Poucas vezes açoitam
os escravos; não os põem em cadeias nem os condenam a trabalhos. Costumam matá-los, não por
castigo, mas quando os cegam o aborrecimento e a cólera, como o poderiam fazer com um inimigo,
porém sem receber pena por isso. Os libertos são pouco mais estimados que os escravos, e poucas
vezes têm lugar de mando na casa dos senhores e nunca nas cidades, salvo naqueles povos governados
por reis” .

Veja, então, querida e querido, que o modelo de relação de servidão não brotou do nada, ele
é resultado dos costumes dos povos bárbaros e dos processos de formação política dos
territórios que, em razão da descentralização do poder e da formação de comunidades
comandadas por senhores, acabaram submetidos a eles. Ahhh, esses pobres vulneráveis...só
poderiam virar os servos da gleba mesmo...

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Com o Tratado de Verdun, e com os desdobramentos seguintes, a


descentralização política se acelerou mais ainda. Fique de olho!!! Já viu uma
coruja observar tudo ao redor? Ela dá um 360º em torno do pescoço e não deixa
de notar nada, absolutamente nada. Você também não pode deixar passar
nada. Querido e querida aluna, a disputa pela vaga em uma das melhores
universidades do país é brava. Vamos que vamos.

2.3 – O apogeu do feudalismo

Profe, quando falamos de feudalismo tratamos exatamente do quê?

Bem, até o presente momento


estamos nos referindo ao “Mundo
Medieval”. Este é um termo genérico
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para designar a forma como os homens e


mulheres do período da Idade Média
viviam.
Contudo, nessa aula estamos dando
um passo a mais para afirmar que na
Idade Média, na Europa Ocidental,
desenvolveu-se um modo específico de
organizar a sociedade: o modo de
produção feudal – o FEUDALISMO. Pega
o Bizu ao lado:
Faço questão de insistir nessa sistematização para que você não confunda e trate Idade Média
como sinônimo de feudalismo. Trata-se de conceitos diferentes. Agora, presta atenção nas
palavras do professor Jacques Le Goff. Repara nos destaques:
“Feudalismo é um sistema de organização econômica, social e política, no qual
uma camada de guerreiros especializados – os senhores –, subordinados uns
aos outros por uma hierarquia de vínculos de dependência, domina uma massa
campesina que trabalha na terra e lhes fornece com que viver.”12

12
LE GOFF, Jacques. A civilização ocidental medieval. Lisboa: Ed. Estampa, 1983.

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2.3.1 – O Feudo

O feudo é o lugar, no feudalismo, onde tudo acontecia. Os grandes historiadores, como


Perry Anderson e Jacques Le Goff, costumam defini-lo como “unidade produtiva
autossuficiente”. Olha que definição interessante. Vamos nos debruçar um pouco sobre ela?

O feudalismo é o único sistema político econômico e social no qual o espaço físico é,


ao mesmo tempo, a unidade produtiva e o lugar onde as pessoas moram, rezam,
trabalham, festejam, casam-se, celebram a vida e a morte. Por isso, os historiadores
chamam o feudo de unidade produtiva – porque é nele que tudo se produz ou toda
forma de riqueza se constitui. E é autossuficiente porque além de servir para produzir
serve também para outras atividades sociais, políticas, culturais e religiosas necessárias
para a vida em sociedade. Para você comparar, é como se, no capitalismo, tudo
ocorresse dentro de uma fábrica. A fábrica é uma unidade produtiva porque produz
mercadorias, mas não é autossuficiente. Sacou?

Ao longo do tempo, para que o feudo se tornasse uma unidade produtiva


autossuficiente, ele foi organizado de maneira que cada um dos seus espaços cumprisse uma
função determinada e, assim, pudesse ser ocupado por grupos sociais específicos. Veja a
imagem abaixo:
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Feudo. Mansos

A partir da imagem, podemos identificar alguns lugares chamados de mansos. Veja que em
cada espaço existem relações de produção e sociais específicas.
Atente para o fato de que podemos estabelecer uma série de ligações entre economia,
sociedade e política no feudo.

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2.3.2 – Sociedade, Política, Economia

2.3.2.1 - Sociedade
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Os aspectos políticos, econômicos e sociais do feudalismo – que se concretizam no feudo


– devem ser pensados de maneira relacional. Você sabe o que isso significa, querida e querido
aluno?

Significa que precisamos estabelecer pontes de causa e efeito entre


aqueles elementos. Assim, a seguir, eu vou descrever as
características e, ao mesmo tempo, estabelecer as relações.

A sociedade feudal era estamental, ou seja, estava dividida em estamentos. Cada estamento
era composto por um grupo ou classe social. A participação de cada indivíduo, em cada grupo
social, era determinada pelo seu nascimento e\ou pela função que o indivíduo executava na
sociedade. Isso formava uma pirâmide social.
No feudalismo havia 2 classes sociais divididas em 3 ordens sociais estabelecidas.

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Veja o esquema: Classes sociais Ordens Sociais

Assim, os historiadores concordam que a sociedade feudal estava dividida em 3 ordens


principais, conforme o esquema acima, as quais estavam determinadas pelo nascimento. Essa
lógica definia as funções dos membros de cada estamento na organização da sociedade.
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Cuidado com uma singularidade: o clero! Observe que as pessoas não nasciam
membros do clero, elas nasciam no seio da nobreza. Por isso, quem nasceu nobre, no
feudalismo, executava duas atividades diferentes: guerrear ou orar.
Já quem nasceu plebeu - sem propriedades, sem herança e sem status – eram os
trabalhadores. Eles estavam, majoritariamente, submetidos à relação de servidão, por
isso, são conhecidos como servos.

NOBREZA (ou bellatores - palavra latina que significa guerreiros): ordem dos detentores
de terra, que se dedicavam, principalmente, às atividades militares. Sobre eles não recaia
nenhum imposto, apenas a obrigação de guerrear. Ao contrário, recebiam taxas devido ao fato
de serem os proprietários das terras e dos instrumentos de trabalho. Portanto, eram
privilegiados.
Clero (ou oratores – palavra latina que significa rezadores): ordem dos membros da Igreja
Católica. Havia o Baixo Clero, que eram os membros sacerdotes e diáconos e, o Alto Clero, que
eram os bispos, arcebispos e sacerdotes e o próprio Papa. As famílias nobres mais ricas ficavam
com os cargos mais altos da Igreja, estes detinham poder e influência política sobre os nobres
donos de terra. Os de pouco riqueza, os que não tinham tantas terras ficavam no baixo clero.
Essa ordem também era isenta de pagamento de taxas e impostos. Portanto, também eram
privilegiados.
Servos (ou laboratores, palavra latina que significa trabalhadores): ordem composta pela
população camponesa os quais realizavam as atividades de subsistência material para todas as

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classes sociais do feudo. Ser servo significava estar preso à terra vitaliciamente – a pessoa e
toda a família. Os servos deviam produzir 3 dias por semana no manso senhorial e nos outros 3
dias recebiam o manso servil no qual podiam plantar para si e sua família, desde que pagassem
as determinadas taxas aos senhores feudais. No 7º dia da semana realizavam suas atividades
religiosas e culturais. Por isso, não tinham privilégio algum.

Notou que cada uma das ordens sociais tinha uma função que, na verdade, era entendida
como obrigação!
Profe, mas porque era uma obrigação? Assim.... não tinha jeito de mudar isso?
Não querido aluno, não mesmo! Não há mobilidade social em sociedades estamentais,
porque o critério de pertencimento ao estamento é o nascimento. Além disso, a mentalidade
feudal era muito influenciada pela Igreja Católica e esta instituição pregava que a divisão
desigual fazia parte da ordem divina criada por Deus, por isso, deveria ser aceita por todos, sob
pena de castigos divinos terríveis. Veja abaixo um texto de um clérigo, Eadmer de Canterbury
(ou Cantuária), do século XI:
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A razão de ser dos carneiros é fornecer leite e lã, a dos bois é lavrar a terra; e a dos cães é proteger
os carneiros e os bois dos ataques dos lobos. Se cada uma destas espécies de animais cumprir a
sua missão, Deus protegê-la-á. Deste modo, fez ordens, que instituiu em vista das diversas missões
a realizar neste mundo. Instituiu uns – os clérigos e os monges – para que rezassem pelos outros
e, cheios de doçura, como as ovelhas, sobre eles derramasem o leite da pregação e com a lã dos
bons exemplos lhes inspirassem um ardente amor à Deus. Instituiu os camponeses para que eles
– como fazem os bois, com seu trabalho – assegurassem a sua própria subsistência e a dos outros.
A outros, por fim – os guerreiros -, instituiu-os para que mostrassem a força na medida do
necessário e para que defendessem dos inimigos, semelhantes a lobos, os que oram e os que
cultiva a terra13.

13
Eadmer de Cantebury. Apud. COTRIM, Gilberto. História Global. Brasil e Geral. São Paulo: Ed.
Saraiva, 2012, p. 179.

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Bispo Eadmer de Caterbury, sec. XI


Iluminura representando o trabalho servil

14

#desafio: Você conseguiria estabelecer a relação entre as ideias do


documento acima e o contexto histórico que estamos estudando?

PAPEL DA MULHER NA IDADE MÉDIA


Normalmente, tem-se um pensamento negativo quando se relaciona o contexto medieval com
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o modo de vida da mulher. E, de fato, a sociedade era misógina em todas as esferas. O


casamento era, na prática, um sistema que criava relações político-econômicas entre os feudos.
Era outra forma de consolidar as relações entre suseranos e vassalos.
A mulher, quando casada, era destinada à família do marido e não tinha o direito de herança e
sucessão. Além disso, recebia dotes, mas eles eram administrados pelo marido.
Já o cotidiano da mulher nobre não era tão passivo: ela tinha a função, por exemplo, de
administrar as despesas da casa, monitorar os ajudantes e responsabilizar-se pelos vestuários.
Isso era um papel importante, porque as famílias naquela época eram muito maiores.
Por sua vez, as mulheres camponesas possuíam outro dia-a-dia. Os homens camponeses
trabalhavam na agricultura e as mulheres os acompanhavam e ajudavam. Também, existiam as
profissões de cozinha e de confecção que eram consideradas “femininas”.
Vale ressaltar, que a Igreja era a instituição mais influente na vida dos indivíduos. Dessa forma,
ela impunha certos preceitos que construíram a cultura e a forma de pensar medieval,
principalmente em relação à mulher.

14
COTRIM, G. Gilberto. História Global. Brasil e Geral. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012, p. 178.

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Por causa do pecado da Eva, por exemplo, as pessoas não viveriam no reino dos céus e as
mulheres teriam que viver para sempre com a dor do parto. Já Maria, era considerada a Virgem
e Santa que veio para redimir os homens. Ou seja, naquele momento histórico também persistia
a dualidade da visão masculina sobre o feminino.
Outro fato interessante era a visão que se tinha da menstruação. As mulheres eram proibidas
de participar dos ritos sacerdotais e tocar os ornamentos sagrados pelo medo de contaminação
que a menstruação poderia causar. Entretanto, ironicamente, era dentro dos conventos que as
mulheres poderiam conquistar maior liberdade, pois, ali tinham a oportunidade da
aprendizagem.
Outro ponto muito importante para ser levantado é o impacto sobre as mulheres acerca da
compreensão mistifica da Idade Média segundo a qual o período medieval teria sido atrasado
e a Antiguidade Clássica avançada. De fato, o período medieval era muito conservador,
principalmente para as mulheres. Porém, foi nele que elas tiveram um avanço: a tentativa de
libertação através do trabalho, e em alguns casos, da educação formal. Isso não existia no
contexto clássico, pois o feminino apenas tinha algum papel na clandestinidade, especialmente,
as mulheres de Atenas.
Além disso, foi com o avanço da Idade Moderna e da retomada do direito romano que se
começou a restringir a pequena liberdade da mulher e sua capacidade de ação. A famosa caça
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às bruxas, por exemplo, aconteceu na Idade Moderna durante os séculos XV e XVII e executou
40 a 100 mil mulheres na fogueira.

2.3.2.2 – Política

Uma dúvida, Profe: aonde foi parar o rei? Falamos de nobres, senhores feudais, cavaleiros,
clero...mas e cadê o rei nisso tudo?

O rei existia sim, pois esse era título de nobreza mais importante e antigo. Ele provém
de Carlos Magno, seus filhos e os filhos de seus filhos.

Contudo, articula uma coisa comigo:


A origem do poder político na Baixa Idade Média era a terra, certo??
Na verdade, já era assim antes. Lembra de que os patrícios, na Roma
Antiga, eram donos de terra e, por isso, tinham mais poder?
Especialmente, no contexto das invasões bárbaras, entre os séculos V e IX,
conquistar e deter terras era atividade fundamental para obter poder
político. Esse processo fazia parte da formação dos Reinos Germânicos, como o Reino Franco
existente entre os séculos V e VIII d.C.

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No entanto, a partir da fusão do comitatus (estabelecimento de laços de fidelidade entre


o chefe militar e os seus comandados guerreiros) com o beneficium (os chefes militares
concediam a seus guerreiros posses de terras), gerou-se a relação de Suserania e Vassalagem.
Ou seja, o REI, em troca de fidelidade oferecia terra aos guerreiros. Veja que estamos frente à
formação da cavalaria medieval.

Para esclarecer, SUSERANO é diferente de vassalo. O suserano é quem doa a terra e o


vassalo é quem a recebe.

Iluminura que representa relações de


suserania e vassalagem

SUSERANO VASSALO
- Doa terra - Recebe a terra
- Recebe - Oferece a
proteção proteção
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O resultado dessas relações foi a fragmentação territorial dos reinos e, consequentemente, a


descentralização do poder político. Os guerreiros, agora senhores de terra e agraciados com
títulos de nobreza (títulos nobiliárquicos), tinham poder sobre suas terras e sobre tudo o que
estivesse nela. Por isso, no feudo, o nobre senhor feudal era o único a exercer o poder
temporal sem interferência de qualquer outro senhor, nem mesmo seu suserano. Veja o que
diz a professora Mônica Amim15:

Visto que as invasões marcaram um período essencial para a formação das sociedades feudais do
Ocidente, verifica-se então a consolidação do poder dos castelães16 que podiam oferecer abrigo
fortificado [...]. Consequentemente, instalou-se uma nova ordem baseada em laços de dependência e
juramentos que, aliada à emancipação dos principados regionais, constituía-se em verdadeiro obstáculo
à autoridade real. (p. 123 – grifo nosso)

15
AMIM, Mônica. Idade Média:um tempo de fazer cristão. In: Revista ComparArte, Rio de Janeiro,
Volume 01, Número 01, Jan-Jun 2017, pp. 12116-142.
16
Castelães, nesse caso, era o dono do castelo ou o senhor de terra.

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Lembro mais uma vez de que relação de suserania e vassalagem se trata de uma relação entre
dois membros da nobreza. Não confunda com as relações de servidão estabelecidas
entre o senhor feudal e um servo!!

Essa descentralização política pode ser exemplificada pela lógica “o vassalo


do meu vassalo, não é meu vassalo”, ou seja, os laços de dependência e juramentos
era uma relação entre dois nobres apenas. Quando o vassalo morria, o feudo ficava
de herança para seu primeiro filho homem (direito de primogenitura). Mesmo assim, o herdeiro
precisava refazer o ritual da relação de suserania e vassalagem para, assim, tornar-se o vassalo
do suserano de seu falecido pai. Entendeu? Leia um trecho do estudioso E.A. Kosminsky17:

“O rei não tinha poder algum sobre os domínios dos duques e condes. Seus vassalos não eram
considerados súditos dos reais. Vigora um princípio segundo o qual “o vassalo de meu vassalo não é
meu vassalo”. Cada um dos duques e condes administrava os assuntos do governo interno, fazia a guerra
e firmava tratados, sem consultar o rei. Os duques e condes tinham seus próprios vassalos, os quais por
sua vez, podiam ter os seus cavalheiros de menor categoria. [...]O vassalo recebe do senhor um feudo.
O feudo se transmitia por herança ao filho mais velho Depois da morte do vassalo, seu filho mais velho
se apresentava perante o senhor, ajoelhava-se, punha suas mãos nas mãos do senhor e se declarava seu
vassalo: jurava fidelidade ao senhor e se comprometia a servir-lhe daí em diante. Então, o senhor lhe
transmitia a posse do feudo.” (grifo nosso)
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Dito isso, concluímos que o título de rei continuava existindo, mas sem um grande reino
com poder centralizado. O rei é, também, um importante senhor feudal. Entendeu?

Por isso, no feudalismo, a relação política fundamental era a de SUSERANIA e


VASSALAGEM.

2.3.2.3 – Economia
De um ponto de vista mais geral, a economia na Europa Ocidental era rural, com graus
diferentes a depender da região. Em especial, na Baixa Idade Média, a economia europeia ficou
isolada em relação aos outros continentes. Em muitas regiões, ocorreu o desaparecimento da
moeda devido ao desuso. Além disso, os pesos e medidas se regionalizaram. Tudo isso se
transformou em um obstáculo maior à atividade mercantil.

17
KOSMINSKY, E.A. História da Idade Média. Centro do Livro Brasileiro. Sem Data. p.35.

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É verdade que, durante o Império Carolíngio, no Governo de Carlos Magno, houve uma
abertura de rotas para a exploração mercantil, mas elas não foram suficientes para reverter a
dinâmica estrutural do empobrecimento do Ocidente Europeu desde o século V, com a
desintegração do Império Romano do Ocidente. Dessa forma, o feudo foi a unidade produtiva
que resultou dessa experiência multissecular.
Nos feudos, a economia era autossuficiente, ou seja, produzia-se o necessário para a
sociedade que ali vivia. Até o século X, dificilmente ocorria excedente de produção. Isso
acontecia porque as técnicas de produção eram rudimentares e existia grande preocupação
com as invasões de povos de fora dos feudos. Como não havia grandes atividades econômicas,
porque a produção era de subsistência, e como não havia moeda, as trocas e o pagamento de
taxas e impostos eram realizados por meio da própria produção. Um bom exemplo, foram as
taxas que os servos tinham que pagar aos senhores feudais. Essas eram, majoritariamente, em
víveres18.
E você lembra quais foram as taxas que os servos tinham que pagar
OBRIGATORIAMENTE?
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18
Víveres eram os mantimentos ou alimentos necessários à sobrevivência.

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3. Baixa Idade Média: As transformações no


Feudalismo
Se no século IX a Europa Ocidental estava ameaçada pelas incursões dos vikings e
normandos e, por isso, a população se refugiava nos feudos, no século XI ela se encontrava
superpovoada e em paz. Muita atenção, Coruja!!!
Esse novo cenário teve como 2 causas essenciais e 2 consequências diretas. Observe o
esquema:
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C O N S E Q U ÊN C I A S

Fim das
C Invasões
Bárbaras
A 1- explosão
demográfica –
U excedente
populacional
S
2- aumento da
A produção –
excedente de
S produção.
Novas
Técnicas
Produtivas

Interessante notar que quanto mais a tecnologia avançava no sentido de melhorar a


produção e aumentar sua capacidade, mais e melhor ficava a alimentação da população. Desse
processo, também se geravam aumento da expectativa de vida e diminuição da mortalidade. É
como um ciclo vital! Veja o que diz o professor Perry Anderson sobre isso:

“A dramática aceleração das forças de produção detonou uma correspondente explosão demográfica.
A população total da Europa Ocidental provavelmente foi além do dobro entre 950 e 1348, indo de uns

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20 milhões de habitantes para 54 milhões. Tem sido calculado que a expectativa média de vida, que
seria de uns 25 anos no Império Romano, teria subido para 35 anos pelo século XIII, na Inglaterra feudal”

Observe nas tabelas abaixo o crescimento demográfico em algumas regiões da Europa


Ocidental, durante a Idade Média Central:

País Sec. XI Séc. XIV

Inglaterra 2 milhões 5 milhões

Itália 5 milhões 10 milhões

França 6 milhões 16 milhões

Crescimento Demográfico na Europa Ocidental entre os


anos 1000 e 1300
60
população em milhões

50
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40

30

20

10

0
1000 1100 1200 1500

Série 1

Fonte19

Observados os dados acima, podemos afirmar que realmente houve uma grande
expansão demográfica. Disso decorreu como primeira consequência: a necessidade de
aumentar a produção
para evitar fenômenos de fome, como o que ocorreu em 1033. Assim, foi necessário ampliar as
áreas agricultáveis e melhorar as técnicas de produção.

19
LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editorial Estampa. 1983, pp. 87-139.

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Então, vamos dar um bizu nas novas tecnologias


agrícolas desenvolvidas as quais permitiram o
aumento da produção de alimentos.

Mudança na forma de uso da terra:

➢ Uso de sistema de rotação de culturas:


rotação entre 3 campos que propiciava cultivos
diferentes e o descanso a cada dois anos de
cultivo (pousio).
➢ Ampliação das áreas de cultivo agrícola:
inicialmente vimos que havia espaços certos para
o plantio: os mansos senhorial e servil. O manso
comunal – composto por pântano, pasto e
bosque não eram utilizados na plantação. Então
a expansão territorial se deu nesses espaços.
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Aperfeiçoamento das técnicas e instrumentos de produção:

➢ Charrua: instrumento de arado feito de ferro. Antes eram feitos de madeira


e se quebravam com frequência, além de não conseguirem arar áreas mais
pedregosas.
➢ Peitoral: peça feita de couro e almofadada que era colocada no cavalo para
ele puxar melhor a charrua.
➢ Ferradura: peça fixada nas patas do cavalo para proteger seu casco e
conseguir andar mais e em terrenos mais pedregosos.
➢ Moinho hidráulico: equipamento usado para moer cereais e esmagar olivar,
quebrar minérios (ou para assustar Dom Quixote de la Mancha, heheh )
utilizando a força das águas dos rios.

Todo esse melhoramento na produção não apenas evitou a fome como gerou excedente
de produção. Isso criou novas demandas no sentido da dinamização das atividades econômicas.
Era necessária uma atividade comercial mais robusta e vigorosa.
Porém, essa demanda esbarrava nos interesses dos senhores feudais que aumentavam
cada vez mais as taxas cobradas dos servos, colocavam barreiras para o avanço das inovações
agrícolas e, também, para as atividades comerciais que extrapolassem os muros dos feudos.
Além disso, o aumento da circulação de grãos, aves, gado, lã, ferramentas impulsionou
os setores do artesanato e do comércio. Assim, muitos servos acabaram por se envolver nessas

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atividades e, então, dois grupos econômicos importantes voltaram à cena: os artesãos e os


mercadores. Segundo o historiador Perry Anderson, o desfecho desse processo foi a crescente
diferenciação social nos feudos.20.

É verdade que os artesãos permaneceram ativos durante todo esse tempo que
estamos estudando, especialmente, aqueles que serviam aos nobres: os armeiros,
nas batalhas medievais; ourives, na construção e ornamento dos castelos e igrejas.
Mas, o artesanato se diversificou e muitas outras atividades foram criadas, sobretudo,
aquelas ligadas às atividades mercantis.

Os mercadores foram muito importantes nas transformações ocorridas no feudalismo


durante a Idade Média Central. Eles semearam mudanças de mentalidade ao realizar atividades
e necessitar de uma estrutura econômica, política e social mais fluida, livre e dinâmica – ou seja,
fora dos valores, da moral e da mentalidade do Mundo Feudal.
Contudo, apesar desse dinamismo, não houve espaço para todo mundo. Muitos foram
os excluídos da estrutura social feudal! O aumento populacional, a escassez de terras
agricultáveis e as elevadas taxações impostas pelos senhores feudais fez aumentar o custo de
vida e deixou uma parte muito significativa dos servos fora do dinamismo. Alguns foram
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expulsos ou fugiram do feudo, esconderam-se nos bosques ou foram para os centros das
antigas cidades abandonadas (não vem à mente de vocês aquele carinha, Robin Hood? hehe).
Acontece que a escassez de terras agricultáveis não atingiu apenas servos. Os filhos de
senhores feudais também. Lembra-se de que as terras eram sempre doadas em troca de
proteção, né? Portanto, não estavam monetizadas. Assim, em um contexto de paz, sem terras
a serem doadas e estando proibidas as investiduras leigas (que vocês aprenderão na próxima
seção), o que é que o filho do senhor feudal ia fazer da vida? É daí que surge a figura de Dom
Quixote de La Mancha - o cavaleiro andante que luta contra os velhos moinhos de vento...

Guardem essas informações sobre os excluídos, pois o excedente populacional em


um contexto de esgotamento dos recursos feudais, será fundamental para você
entender e justificar o Movimento Cruzadista da Igreja Católica que veremos a
seguir.

20
ANDERSON, Perry, op. cit. P. 181.

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Essas mudanças que estamos discutindo estão relacionadas com o esgotamento do modelo de
autossuficiência do feudo. O feudo não respondeu às novas exigências e demandas de um
cenário que começava a mudar.
Portanto, querida e querido aluno, estamos diante do processo de desagregação do feudalismo
e de todas as relações que se desenvolveram e se consolidaram nesses séculos, desde o V.
Assim como foi com o Império Romano, a desagregação do feudalismo foi um processo lento,
que enfrentou a transição do velho mundo para um novo mundo.
Cabe-nos, agora, descrever o desenrolar esse processo e as consequências dessas
transformações.
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Os especialistas em demografia histórica são mais ou menos concordes em estimar que a


população global do reino da França no mínimo duplicou entre os anos mil e 1328,
passando de cerca de 6 milhões de habitantes para 13,5 milhões, e de 16 a 17 milhões,
considerando as regiões que desde então se tornaram francesas.
LE GOFF, Jacques. O apogeu da cidade medieval. Trad. Antônio Danesi, São Paulo:
Martins Fontes, 1992, p. 4. (Adaptado).
De acordo com a citação, pode-se afirmar que o principal fator que permitiu o crescimento
da população europeia foi
a) o controle da Peste Negra por meio da implantação de medidas de saneamento das
grandes cidades europeias.
b) o fim dos conflitos entre os reinos, especialmente o da “Guerra dos Cem Anos”, entre
França e Inglaterra.
c) a relativa estabilidade política e econômica, que fomentou a expansão dos burgos e o
aumento da produção agrícola nos campos.
d) o incremento da agricultura, que impulsionou o sistema de trocas de mercadorias
promovendo a prosperidade nos feudos.
Comentário
Como vimos, a partir do século X, na Europa, acabaram as incursões germânicas, o que
proporcionou ao homem medieval maior estabilidade social e política resultando em

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crescimento demográfico com o índice de natalidade superando o de mortalidade. Por


isso, o item correto é o C. O aumento da população exigiu produzir mais surgindo a
inovação de técnicas agrícolas com novas áreas de plantio e um relativo progresso técnico.
Neste contexto, surgiu a burguesia que dinamizou a economia tornando-a mais urbana e
monetizada.
Portanto, a explosão do crescimento demográfico se deu antes da epidemia de peste
bubônica, do século XIV, por isso não poderia ser o item A. A Guerra dos Cem anos
também ocorreu depois do boom populacional, e foi causa de mortes e ruínas econômicas,
por isso o item B está errado. Por fim, o item D está errado porque a consequência é o
oposto do que está na questão.

3.1 – A Igreja Católica, Heresias e o Movimento Cruzadístico


No período da Alta Idade Média, a Igreja Católica influenciou o poder político e as
relações sociais desde o século V. Ela também se tornou uma entidade detentora de boa parte
das terras da Europa medieval, por isso, tinha muitos vassalos.
Dessa forma, para além do aspecto espiritual religioso (evangelização), a Igreja se
conectou estruturalmente ao feudalismo. Afinal, uma das características do desse sistema foi a
divisão de imensas terras em feudos. O Papa e o alto clero (bispos, arcebispos e abades)
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passaram a controlar diretamente vastas extensões territoriais constituindo-se, assim, um


verdadeiro patrimônio eclesiástico feudal.
Não por menos que, além da nobreza, como já vimos, os clérigos compunham a classe
dominante durante o feudalismo. Além disso, a forma de organização da Igreja auxiliava no
controle das terras: alto clero, formado por membros oriundos da nobreza, os quais exerciam
cargos de direção na Igreja, como bispos; e, o baixo clero, os eclesiásticos originários dos
segmentos mais pobres, atuavam diretamente junto aos fiéis, nas paróquias.
Uma outra forma de a Igreja manter esse patrimônio sob seus domínios foi a criação do
celibato clerical, o qual passou a ser aplicado de modo mais efetivo a partir do século XI. O
celibato clerical proibia o casamento para os sacerdotes. Ele está em vigor até hoje. Dessa
forma, os membros da Igreja não teriam herdeiros, fato que, caso fosse diferente, poderia gerar
disputas pela herança das terras. Com o celibato, a Igreja mantinha permanentemente suas
propriedades.

Patrimônio de São Pedro: em 756, a Igreja recebeu de Pepino, o Breve,


rei dos Francos, uma grande extensão de terra. Com essa propriedade, o
papado constituiu seu próprio Estado, no centro da península Itálica,
território que constituiu o embrião do atual Vaticano.

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O crescente apego material da Igreja acabou gerando diferenças entre os religiosos. Os


membros pertenciam a dois grupos:
 clero secular: voltado para a administração das riquezas terrenas, é o clero
organizado conforme a hierarquia padre, cardeal, bispo, papa, de modo que ele
atuava junto aos fiéis, nas vilas.
 clero regular: defendia a vida em conformidade com as regras dos votos religiosos
(mais espirituais); em geral, exerciam as atividades religiosas afastadas dos fiéis,
nos mosteiros.

celibato clerical: de forma sintética, o celibato é a proibição do casamento para os padres.


Ele passou a ser estimulado desde o século III d.C para que os religiosos se dedicassem
exclusivamente a Deus e não se desviassem da conduta moral religiosa. A partir do momento
que a Igreja passou a deter grandes propriedades de terra, surgiu um problema: a herança
dos filhos dos clérigos. Para evitar a fragmentação do patrimônio da Igreja o celibato passou
a ser obrigatório. No Concílio de Latrão, de 1123, ficou decretado que clérigos não poderiam
casar ou mesmo se relacionar com concubinas.

Interessante que os devotos mais espirituais, a partir do século VI, acabaram se


organizando em mosteiros e abadias, justamente para se dedicarem à fé por meio do
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isolamento. Estes locais foram os principais centros de formação cultural da Idade Média, pois
eram espaços propícios para a reflexão e leituras, não somente de textos religiosos. Com efeito,
os mosteiros passaram a funcionar como escolas e bibliotecas, pois contribuíram para preservar
obras de diversas civilizações, como a greco-romana.
No Monte Cassino, na Itália, São Bento de Núrsia – famoso entre camponeses e todo o
povo por seus milagres - organizou a primeira ordem monástica no Ocidente, a ordem dos
beneditinos, baseado na regra orar e trabalhar, que significa viver, na prática, em estado de
obediência, pobreza e castidade (clero regular). Posteriormente, surgiram os franciscanos e
dominicanos, que pregavam voto de pobreza e por isso eram conhecidos como ordens
mendicantes. Em 910 foi fundada a abadia de Cluny, no sul da França. Essa abadia se tornou
importante porque ela alterou a estrutura de poder na Igreja na medida em que os abades
passaram a ser autônomos da tutela dos bispos e da influência dos nobres proprietários de
terras.
Além dessa fragmentação dentro da Igreja, havia o problema da nomeação dos clérigos.
Os bispos eram nomeados por leigos (aqueles que não eram formados nas teorias teológicas),
por reis, por imperadores, ou seja, sem a influência direta do papado.
Assim, no geral, os governantes eram os responsáveis pela investidura espiritual e, ao
mesmo tempo, detinham o poder político. Da mesma forma, nas paróquias os padres eram
praticamente controlados pelos senhores feudais. Isso teve como consequência um
empobrecimento da vida espiritual e a falta de independência da Igreja nos assuntos religiosos.

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Nesse contexto de buscar uma maior unidade organizativa e doutrinaria para a Igreja, o
papado, em Roma, começou a elaborar reformas. Uma delas, promovida pelo papa Gregório
VII, no século XI, em 1073, ficou conhecida como a reforma gregoriana, a qual buscou
reafirmar a supremacia do poder espiritual sobre o temporal.
Entre os pontos fundamentais dessa reforma estavam a consolidação do poder supremo
do Papa e a determinação para que os senhores feudais, e os leigos de uma forma geral, não
mais nomeassem os bispos de sua região. Em dois anos, o Papa Gregório derrubou vários
prelados (ordenações) concedidos em troca de alguma riqueza. Também instituiu o celibato
clerical como regra. Isso gerou grande insatisfação dos senhores feudais mais poderosos.
Por um lado, parte dos motivos que levaram a essa reforma estava ligada à resolução de
problemas internos da Igreja, ou seja, fazer com que a Instituição e a cristandade voltassem aos
tempos de Cristo, entendida como a época primitiva do cristianismo marcada pelos Apóstolos,
em busca de maior unidade doutrinária.
Por outro lado, os fins da reforma também visavam (re)estabelecer o poder do Papa
sobre o poder feudal. Esse último aspecto era importante para assegurar o comando sobre
mentes e corações dos cristãos.
Dessa iniciativa do Papado em controlar as nomeações dos bispos e dos padres nas
paróquias eclodiu a Querela das Investiduras, isto é, a disputa entre reis e senhores, de um lado,
e, do outro, Igreja, para nomear os clérigos.
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O conflito só se resolve em 1122 com a assinatura da Concordata de Worms cuja solução


mediada estabeleceu 2 formas de investidura:

Concordata
de Worms
1122

Investidura Investidura
Espiritual Leiga
feita pelo Papa feita pelo rei

Vimos que uma das primeiras grandes divergências na Igreja Católica foi aquela entre a Igreja
do Ocidente (Igreja Católica Apostólica Romana) e a Igreja do Oriente (Ortodoxa, em
Constantinopla e pertencente ao Império Bizantino). Dentre as divergências mostrei para você,
na aula passada, que a forma de culto as imagens (ícones) e a maior ou menor proximidade do
poder Imperial distinguiam as duas Igrejas (se tiver dúvidas, volta lá rapidinho e confere, OK?).
Dessa diferença, entre a Igreja com sede em Roma e a Igreja Bizantina, surgiu o Cisma do
Oriente (ano de 1054). Aqui, na Baixa Idade Média, também apareceram divergências quanto
às concepções doutrinárias. Além da Querela das Investiduras, que vimos anteriormente, houve

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diferenças mais fraticidas e com respostas mais duras e violentas por parte da Igreja. Vamos vê-
las?

Por volta dos séculos XII ao XIII, houve o surgimento de seitas e facções que, embora
baseadas no cristianismo, contrariavam a doutrina oficial da Igreja Católica no que se referia a
princípios mais estruturantes e, por isso, geravam incompatibilidades de doutrinamento. Essas
divergências passaram a ser denominadas de heresias. Surgiram como movimentos
espontâneos, mas, algumas delas, fundaram igrejas com hierarquias próprias. Elas foram
classificadas em 2 tipos:

caráter
dogmático e
filosófico
ORIENTAL
praticada por
doutores e
eruditos
Heresias

Caráter popular

OCIDENTAL
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praticada por
pessoas iletradas e
pouco instruídas

Os chamados hereges foram combatidos com extrema violência pela Igreja Católica,
principalmente após a criação e organização do Tribunal do Santo Ofício, no século XIII, em
1231 pelo Papa Gregório IX. O objetivo do Tribunal era descobrir e julgar os hereges e o
julgamento desses hereges chamava-se Inquisição do Santo Ofício. Os castigos iam de
excomunhão até morte na fogueira.

3.2 – As Cruzadas Católicas


Nesse processo de afirmação da Igreja Católica para resolver suas crises, para se impor no
mundo medieval e, ao mesmo tempo, ajudar a solucionar problemas estruturais do feudalismo,
surgiu o Movimentos das Cruzadas.

As Cruzadas foram as peregrinações - de caráter militar e religioso - dos cristãos da


Europa Ocidental para recuperarem Jerusalém, a Terra Santa, dos mulçumanos. Desde o século
IV, em razão de Jesus Cristo ter sido morto, crucificado e, segundo a crença bíblica, ressuscitado
em Jerusalém, a cidade palestina recebia fiéis que buscavam purificar seus pecados e adquirir
a salvação de Deus.

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Porém, as Cruzadas adquiriram contornos de grandes deslocamentos de massa,


verdadeiros exércitos. Elas partiam de diversos pontos da Europa e marchavam até a região da
Palestina. Para você ter uma ideia, na Primeira Cruzada, cerca de 60 mil guerreiros partiram em
direção a Jerusalém em um trajeto de 5 mil quilométricos que levou 3 anos para ser completado.

No total, entre o século XI e XIV, foram 8 cruzadas consideradas oficiais, isto é, organizadas pela
Igreja e pela nobreza. Fala-se em “cruzadas oficiais” porque em 1096, antes da primeira
cruzada, houve uma cruzada popular - a dos mendigos - não organizada pelo papado, mas por
alguns senhores feudais. Tal como essa cruzada popular, em 1212 houve a Cruzada das
Crianças, baseada na ideia de que a pureza dos cristãos inocentes poderia derrotar os infiéis
definitivamente. Tanto a Cruzada dos Mendigos quanto a das Crianças foram massacradas e,
como afirmam alguns historiadores, indiretamente, fez-se um controle populacional.

É verdade que a ideia de levar a guerra santa aos muçulmanos não era nova. O papa
Gregório VII já havia proposto uma força expedicionária para ajudar os bizantinos contra os
turcos seljúcidas. O Basílio Miguel VII (do Império Bizantino) pedira ajuda ao Papa, pois o
Império estava em conflito com os turcos no leste, com os pechenegues nos Bálcãs e com os
normandos no sul da Itália. No final de 1074, o Papa pensou em liderar esta expedição, pois
vislumbrava uma forma de articular o fim do Cisma de 1054. Porém, essas intenções não
vingaram. Gregório morreu em 1085.
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Em 1088 assume o papado da Igreja Urbano II, um líder que pretendia salvar a Igreja das
diversas crises. Em 1089, Urbano começou uma reaproximação diplomática com
Constantinopla, cujo Império necessitava conter o avanço dos turcos – já convertidos ao
islamismo - sobre a capital do Império Bizantino. Urbano II visualizou uma oportunidade política
para fortalecer a Igreja e expandir seus domínios.
Contudo, Urbano II ainda não tinha força e prestígio suficientes para organizar as
peregrinações. Em 1095, Urbano II convocou o Conselho de Clermont. Neste Conselho, o
número de participantes eclesiásticos era grande, 400 bispos e abades marcaram presença. Ao
final do evento, Urbano II fez um sermão aberto na praça para convocar reis, príncipes e plebeus
para promoverem uma Guerra Santa sob a bandeira da Igreja Católica. Neste sermão, Urbano
II teria dito:

“a todos aqueles que partirem para as Cruzadas e perecerem no caminho, seja por terra, seja por mar, ou que
perderem a vida combatendo os pagãos, será concedida a remissão de seus pecados”.

Após reunir forças clericais, Urbano II começou sua jornada no sul da França para recrutar
guerreiros. Por onde passava, os sermões do Papa reuniam milhares de fiéis que, após ouvirem
o chamado à purificação da terra de Cristo, aceitavam a missão. Os cavaleiros foram
convencidos pelo discurso da absolvição dos pecados. Como viviam da violência, caso
atingissem os objetivos da Cruzada, seriam perdoados.

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Veja como os fatos históricos fazem sentido: lembra-se de que havia os cavaleiros
andantes, os quais perambulavam por territórios de forma autônoma? Pois é, a França
concentrava inúmeros desses guerreiros.
Papa Urbano II chegando à França para pregar a cruzada,
miniatura no Romano de Godefroi de Bouillon , século XIV, BN,
Paris

Com efeito, o poder da pregação de Urbano II fez


com que os povos da Europa Oriental fossem
vistos como o mal na terra. Um banho de
sangue estava por vir, pois, para endossar o
massacre, a Igreja ressignificou um dos
mandamentos de Cristo: o de “não matarás”,
para “não matarás, salvo se for um infiel”.
Dessa forma, a Igreja transformou sua doutrina inicial de “não violência” para a sacralização do
uso das armas. Com essa gana, muitos não católicos foram mortos mesmo em solo Europeu
durante o caminho cruzadista, principalmente os judeus.
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As Cruzadas não tiveram somente motivação religiosa, outros motivos também


precisam ser destacados, pois eles ajudam a compreender a articulação entre as
intenções da Igreja com as da nobreza de uma forma geral. Vejamos a seguir.

Você lembra que por volta do ano 1000 houve um surto populacional na Europa
ocidental? O elemento da superpopulação, combinado com as crises de fome – como a ocorrida
no ano de 1033 – forçaram a busca por novas terras e por novas atividades econômicas. Esta
circunstância contribuiu para motivar tanto as Cruzadas, rumo à Palestina, quanto a expansão
para o Oeste Europeu, nas chamadas de Guerras de Reconquista - recuperar a Península Ibérica
dos mulçumanos.
Já os cavaleiros sem terras, os “dons quixotes da vida”, também tinham o interesse de
conquistar riquezas ao longo das Cruzadas. Por sinal, era sabido que o Oriente Médio, centro
das rotas comerciais, detinha as mais variadas riquezas daquela época (tecidos, ouro,
especiarias, etc.).

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• Primeira Cruzada (1096 a 1099): 60 mil cristãos da França, da Alemanha e da Itália


iniciaram a marca de 5 mil quilômetros. Essa cruzada ficou conhecida como a Cruza
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dos Nobres. Em 1 de julho de 1097 ocorreu uma das batalhas mais conhecidas de
todas as Cruzadas, a Batalha de Dorileia, local próximo a Niceia (cidade ao sul de
Constantinopla). 50 mil turcos de um lado e os cruzadistas do outro. Mais uma vez,
a cavalaria oriental surpreendeu os ocidentais: agora, além dos fortes cavalos
árabes e da espada, os cavaleiros turcos haviam desenvolvido a habilidade de
montar e, ao mesmo tempo, atirar flechas (arqueiros montados). Porém, a
superioridade numérica dos cristãos fez a diferença e os cristãos saíram vitoriosos
do confronto. Outro ponto importante dessa Primeira Cruzada foi que a tentativa
de aliança entre a Igreja Ocidental e a Ortodoxa para combater o islamismo foi
desfeita. Uma série de traições de ambos os lados inviabilizou esta aliança. No
final, vastas terras da região da Mesopotâmia passaram para o domínio da
cristandade europeia. Em junho de 1099, 13 mil cruzadistas chegaram às portas
de Jerusalém e a tomaram. O Duque Godolfredo se tornou o novo governante
cristão de Jerusalém após 400 anos de domínio mulçumano.
• Terceira Cruzada (1189-1192): ficou conhecida como a Cruzada dos Reis, pois
contou com a participação do Rei Ricardo Coração de Leão (Inglaterra), Rei Felipe
Augusto (França) e Frederico Barba Roxa (do Sacro Império Romano-Germânico).
• Quarta Cruzada (1202-1204): ficou conhecida como a Cruzada Comercial, pois foi
organizada e patrocinada pelos ricos comerciantes de Veneza.

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O espírito das Cruzadas, a ideologia criada em torno delas e todo o misticismo das
histórias dos cruzadistas foram importantes para os processos de expansão europeu,
tanto no próprio continente (retomada da Península Ibérica dos mulçumanos) quanto
para a expansão marítima nos idos do século XIV, em busca de rotas comerciais.

No mesmo sentido, também como saldo das Cruzadas, Jacques Le Goff afirma que

“os benefícios extraídos, não do comércio, mas sim do aluguel de barcos e de


empréstimos concedidos aos cruzados, enriqueceram rapidamente certas
cidades da península Itálica – sobretudo Gênova e Veneza”.
Esses desdobramentos das Cruzadas para o impulsionamento do
comércio foi um aspecto importantíssimo para evidenciar que o
surgimento do Renascimento Comercial também foi fruto de uma
tentativa de solucionar crises do sistema feudal.

A Cavalaria
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Em 732. Durante a batalha de Poitiers, entre católicos e muçulmanos, ocorreu uma experiência
militar na formação dos reinos germânicos a partir do enfrentamento com os árabes
mulçumanos. Tratou-se do uso de cavalos enquanto estratégia militar. O que era uma inovação.
Desde então, as cavalarias passaram a ser organizadas tal como uma instituição vinculada à fé
cristã dentro da lógica feudal. Lembre-se: formada por nobres senhores feudais.
Dessa forma, os cavaleiros combatiam por Cristo (considerado o grande suserano) e apoiados
na veneração a uma corte celeste, formada por anjos e santos como São Miguel e São Jorge.
Antes das Cruzadas, de acordo com o historiador Marc Bloch, os cavaleiros andantes ajudaram
na reconquista do norte da Espanha contra os mulçumanos, contribuíram para a formação do
Estado da Normandia (sul da Itália) e atuavam como mercenários para o Império Bizantino
contra os mulçumanos21.
Posteriormente, na iminência das Cruzadas, esses cavaleiros encontraram, finalmente, na
conquista e na defesa do Túmulo de Cristo o seu campo de ação preferido. Além disso,
conforme a historiadora Mônica Amim:
“A cavalaria foi um dos eventos mais notáveis da história da Europa entre a cristianização e os tempos
modernos, tanto que se transformou no tema de toda uma fase da literatura. A cavalaria como
instituição, com todos os aparatos que a distinguiam, assumiu sua forma definitiva por volta do século

21
BLOCH, Marc. Op. cit. p. 326.

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XI, quando também se estabeleceu o hábito da cerimônia de sagração para se armar o cavaleiro. Com
a crescente influência da Igreja, esta cerimônia foi, paulatinamente, transformada numa espécie de
sacramento, precedido pela vigília de armas, noite de preces e benção das armas. É importante, porém,
diferenciar dentro da cavalaria, instituição secular, as ordens cavaleirosas de caráter religioso: o grau de
cavaleiro podia ser conferido a alguém por qualquer senhor feudal, obviamente com a participação da
Igreja, enquanto as ordens de cavalaria eram criadas pelo Papa, e seus membros – misto de monges e
guerreiros – faziam o voto de castidade no ato da sagração. Nesse contexto, as ordens militares
responderam, por um lado, às necessidades de defesa; por outro lado, na Terra Santa, ordens como a
dos Templários e dos Hospitalários se colocaram, desde o início, a serviço dos peregrinos e cruzados. O
rápido aumento do número de irmãos e o grande afluxo de donativos tornaram essas ordens fortes e
poderosas, a ponto de reis e príncipes confiarem a elas a guarda dos principais castelos. Devido a seus
êxitos e ao seu prestígio essas ordens acumularam grandes fortunas, feudos e territórios que agruparam
em comandaturas, e mantiveram por um longo tempo a ideia de Cruzada e de ordem cavaleiresca no
Ocidente. (pp. 127-128).”
A Ordem dos Templários, formada por monges cavaleiros franceses para proteger Jerusalém,
era uma organização de caráter militar-religioso. Os membros ocupavam uma ala do palácio
real que supostamente fez parte do Templo de Salomão. Por isso, o nome Templários. Essa
ordem chegou a reunir 20 mil cavaleiros e foi fundamental para assegurar as conquistas da
cristandade nas regiões do Oriente. O Papa Clemente V dissolveu a Ordem em 1312.
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3.3 – Renascimento Comercial e Urbano


Essas transformações que descrevemos anteriormente são parte da experiência que a
historiografia costuma chamar de renascimento comercial e renascimento urbano.

Esses termos se referem ao processo de dinamização da vida nas cidades e das


atividades comerciais em um contexto em que a expansão agrícola atingiu seu
máximo potencial. Perry Anderson fala de um contexto marcado por uma
“impressionante produção agrícola e vitalidade urbana”

Você deve imaginar que esses processos não se deram de um dia para o outro. Como
demonstramos acima, as transformações no feudalismo são resultado do período que ocorre
entre os séculos XI e XIII. Assim, a retomada da vida urbana e mercantil é a resultante desse
processo e, por isso, devem ser compreendidas de maneira complementar uma com a outra.
No entanto, essa resultante é ao mesmo tempo a causa do aprofundamento das
transformações do feudalismo, como se fosse uma lógica retroalimentar. Tome nota de mais
uma colocação feita pelo professor Anderson:

A ascensão desses enclaves urbanos não pode ser separada da influência agrária que os cercava. É
bastante incorreto divorciar os dois em qualquer análise da Idade Média [...].” (idem, p. 185)

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Com o excedente de produção, o comércio ganhou um impulso decisivo. Inicialmente, o


comércio era local e se desenvolveu nas franjas (ao redor) dos feudos ou em terras feudais,
porém, não protegidas por muralhas. Era o comércio local de madeira (fruto do desmatamento
dos bosques), cerais, animais, lãs, artefatos para carregamento de produtos, entre outros. Eram
realizados, majoritariamente, por servos ou artesãos.
No entanto, esse crescimento mercantil não ficou restrito ao espaço local e, sobretudo,
devido às Cruzadas Cristãs, desenvolveram-se rotas comerciais que ligavam praticamente toda
a Europa e esta a algumas áreas do Oriente. Nesses casos, essas rotas foram desenvolvidas,
majoritariamente, pelos nobres e filhos de nobres – os cavaleiros andantes europeu. De
qualquer forma, eram empreendimentos de iniciativa privada. Portanto, não se tratou de um
projeto político expansionista de nenhum Estado centralizado.
Com certeza, a mais importante foi a Rota do Mediterrâneo, também conhecida como
Rota Comercial do Sul. Essa era uma rota marítima e foi controlada por mercadores da Península
Italiana das regiões de Gênova e Veneza. Os portos mais importantes dela ficavam, além de nas
cidades Italianas citadas, em Túnis, Trípoli e Constantinopla. Foi uma importante ponte para os
produtos luxuosos do Oriente, como seda, frutas secas, especiarias, perfumes, entre outros
produtos.
Outro importante lugar do reflorescimento comercial foi no Norte da Europa, na região
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onde hoje é a Bélgica, Holanda e Países Baixos. Ali se estabeleceu a chamada Rota Comercial
do Norte. Essa rota se desenvolveu por meio da ligação de várias associações de mercadores
dessa região. Essas associações eram conhecidas como hansas. Por isso, a Rota do Norte é
conhecida como Liga Hanseática.

A Liga Hanseática foi fundada no século XIII por mercadores germânicos das regiões de
Hamburgo, Lubeck, Brêmen, Dantizig, Brugues, Rostock. Durante a Baixa Idade Média se
constituiu como uma potência comercial europeia. Mas, era mais que isso. No século XV, era
uma confederação político-econômica que reunia quase 60 cidades, possuía uma das maiores
frotas marítimas, exército e governo centralizado. A Liga agrupou o que aprenderemos, daqui
há algumas aulas, como os príncipes burgueses. Eles formaram as monarquias europeias mais
dinâmicas e, com isso, impulsionaram o comércio marítimo e as reformas políticas e religiosas
da Época Moderna.

É possível perceber que existiam dois polos comerciais na Europa:

1- Italiano 2- Germânico

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Essas duas rotas eram marítimas e contavam com


vários portos que eram a porta de entrada para o
continente. A ligação entre as regiões desses dois
polos se dava uma série de rotas terrestres, como
também observamos nos mapas. Nos principais
pontos de cruzamento dessas vias os mercadores
e artesãos se encontravam para
articularem seus negócios, realizarem
trocas e oferecer seus produtos. Assim,
surgiram as FEIRAS.

O desenvolvimento das atividades


mercantis tornou as relações de troca mais
complexas. Isso significou que foi necessário a utilização da moeda em larga escala para mediar
as trocas. Nesse processo, apareceu uma importante instituição: as Casas Bancárias.
Inicialmente, elas tinham a função de uma casa de câmbio (sabe aqueles lugares que as
pessoas trocam seu dinheiro quando chegam em outro país? Era isso!). Posteriormente, com o
aumento do volume de negócios, as casas bancárias também viraram casas de depósito – lugar
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onde as pessoas poderiam guardar seu dinheiro. Não demorou muito para que as casas
bancárias também começassem a emprestar dinheiro à juros. Assim, cambistas viraram
banqueiros. Essa atividade foi desenvolvida especialmente por judeus, pelo fato de não serem
cristãos e não terem problema com a questão da usura – prática condenada pela Igreja Católica.

Oi? Profe, por que a Igreja condenava o fato de as pessoas emprestarem dinheiro
à juros?
Querida e querido, a Igreja condenava o empréstimo de dinheiro devido ao
conjunto de valores e dogmas que deveriam reger o comportamento e atitudes
dos cristãos. Nesse sentido, o dinheiro do lucro era indecente porque a pessoas
que o emprestava ganhava mais dinheiro somente por ter esperado o tempo
passar. Isso tinha dois problemas: primeiro, nenhum tipo de trabalho realizado;
segundo o tempo era um elemento divino que deveria ser manipulado e usado
apenas por deus – o tempo era o da vida e o da morte.
Esses preceitos morais da religião cristã geraram obstáculos para os cristãos se
envolverem em atividades bancárias, por isso, pessoas de outras religiões foram
os que aproveitaram a janela de oportunidades gerada nesse contexto. No caso,
foram os judeus.

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Ainda sobre a atividade financeira, segundo o historiador Jacques Le Goff22, o comércio


de dinheiro tornou-se uma atividade fundamental para o impulsionamento das atividades
econômicas ligadas ao comércio, já que permitiu crescimento escalar das transações mercantis.
Perry Anderson vai além e afirma que:

“O apogeu das fortunas estava na atividade banqueira, onde as taxas de juros astronômicas podiam ser ganhas de
empréstimos extorsivos à príncipes e nobres com pouco dinheiro vivo. [...] A volta da cunhagem de moeda à Europa
na metade do século XIII, com a fabricação simultânea em 1252 [...]

Percebe que a terra deixou de ser a única


fonte de riqueza? E se existem formas diferentes de
ganhar dinheiro também podemos pensar que
grupos econômicos diferentes se formam nesse
processo. Até aqui falamos de pelo menos 3 novos
grupos:

Essa dinamização das atividades econômicas


está inscrita no espaço físico da Europa Ocidental.
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Logo, ela foi capaz de promover uma mudança na


ocupação territorial e na organização social. Então, nas proximidades das rotas comerciais, dos
portos e das feiras surgiram novos núcleos urbanos: as cidades. Veja o que diz o professor Le
Goff23:

No mundo romano as cidades eram centros políticos, administrativos, militares e, secundariamente, econômicos
[...] a idade medieval nasce e se desenvolve a partir de sua função econômica. É criada pela renovação das trocas
e é assunto de mercadores. O que, bastantes vezes, revela a falsa continuidade da realidade urbana entre o
primeiro milênio e a Idade Média é que a cidade medieval se instala ao lado do núcleo antigo. [...] Veneza, Florenza,
Génova, Pisa, Milão, Paris, Londres, Hamburgo e Lubeck são criações medievais típicas [...] Este papel de guia, de
fermento e de motor, doravante, assumido pela cidade, afirma-se primeiramente na ordem econômica. Mas,
mesmo se a cidade, a princípio, foi um local de trocas, um nó comercial, um mercado, a sua função essencial este
domínio é a produção.”

Da leitura atenta do excerto acima, podemos verificar alguns elementos importantes sobre as
cidades medievais:
❖ Não eram uma simples continuidade das antigas cidades da antiguidade

22
LE GOFF, Jacques. A bolsa e a vida: economia e religião na Idade Média. São Paulo: Ed. Brasiliense,
1989.
23
LE GOFF, J. A civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editora Estampa, 1983, pp. 102, 103,107.

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❖ São formações tipicamente do período medieval, por isso, chamadas de cidades


medievais
❖ Tem uma função essencialmente econômica, o que a torna diferente das cidades da
antiguidade ligadas à função política, administrativa e militar.
❖ Nessa função econômica tem relevância a produção. Nisso entra o papel dos artesãos e
da manufatura – veremos que a mais importante foi a manufatura têxtil.

Em um primeiro momento esses espaços urbanos eram fortificados e construídos ao lado dos
antigos centros urbanos. Mas, as atividades ali dentro eram diferentes, pois predominava o
comércio. Esses espaços eram chamados burgos – palavra derivada da fusão do germânico e
latim burgs + burgu. e que significa “pequena fortaleza” Seus frequentadores eram os
burgueses.

Afresco de Ambrogio Lorenzetti, c. 1337-40. Representação de uma cidade medieval


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24

Portão de entrada da cidade de Hamburgo

Mas profe, por que frequentadores? Essas pessoas do burgo não moravam lá?

Querida e querido, inicialmente não moravam. O burgo era um lugar que servia para fazer
o comércio local, onde ficavam alguns locais para armazenagem e outros mercados. Mas, com
o tempo e a ampliação das atividades, as pessoas passaram a construir casas para morar mais
perto e economizar tempo e transporte. Jacques Le Goff afirma que o êxodo rural, ou seja, a
migração do campo para a cidade, foi um grande fenômeno durante a Idade Média Central.

24
VICENTINO, Claudio. Idem, p. 229.

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Assim, os vários elementos humanos que chegaram nesses espaços, ao longo desse tempo,
constituíram uma “sociedade nova”.
Pela própria configuração espacial da Europa feudalizada é possível imaginar que os
burgos, de alguma maneira, estavam localizados em terras feudais. Assim, essas transformações
econômicas, sociais e comportamentais se chocavam com o status quo dos nobres senhores
feudais. Nesse processo, surgiu um novo conjunto de taxas imposto pelo senhor feudal que
deveriam ser pagas pelos burgueses. Em contrapartida, eles exigiam liberdade de comércio e
de circulação.
Desses choques, derivou o movimento comunal organizado por burgueses para
conquistar a autonomia e independência das cidades e, assim, livrar-se do domínio e autoridade
do senhor feudal. Essa demanda poderia ser alcançada pacificamente por meio de uma carta
de emancipação, conhecida como Carta de Franquia, emitida por um nobre em troca do
pagamento de grande monta de moedas. Este documento garantia autonomia administrativa e
judiciária dentro do burgo.
Contudo, em muitas situações, os senhores resistiram e se negaram a reconhecer a
independência dos burgos. Nesses casos, os burgueses recorreram ao rei-suserano de um
senhor-vassalo. Lembram que o rei continuou existindo e ele era suserano de alguns senhores
feudais vassalos e estes lhes deviam fidelidade? Então, em alguns momentos, os reis usaram
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esse poder hierárquico e intermediaram esses conflitos. Alguns historiadores chamam isso de
uma aliança do rei com a burguesia na busca da retomada do seu poder e prestígio, nesse
contexto de desagregação do feudalismo. Guarde essa informação com cautela, certo!
Quanto mais livres e independentes eram as cidades, mais o comércio e o artesanato
prosperavam. Diante desse cenário, novas instituições surgiam. As principais foram:

Guildas
• Associação de mercadores. Tinham objetivo de garantir o monopólio do
comércio local, tabelar preços, regular a atividade mercantil.

Corporações de Ofício
• Associação de artesãos, donos das oficinas . Tinham o objetivo de
controlar a produção e a qualidade dos produtos fabricados nas oficinas
locais.
• Eram organizadas por especialidade (ofício). Ex. sapateiro,
ferramenteiro, jornaleiro.
• Funcionavam como escolas para os APRENDIZES.

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As Corporações de Ofício eram comandadas pelos


mestres-artesãos, em geral, os donos das oficinas. Eles
empregavam pessoas que aprendiam um ofício em troca
de trabalho nas oficinas. Também, recebiam alojamento,
alimentação e vestuário. Os aprendizes poderiam se tornar
oficiais e, a depender de autorização da Corporação de
Ofício, poderiam se tornar mestres de ofício e ter sua
própria oficina. Essa aprendizagem tinha 2 graduações:
aprendiz e oficial.

Essa cidade, que semeava as sementes para um novo mundo, uma nova
mentalidade, uma nova forma de ser e sentir, de fazer riqueza e de desafiar
as agruras da vida, forjava os instrumentos para romper com a rigidez da
sociedade feudal. As corporações de ofício são um exemplo de que existia
mais mobilidade social, a partir da atividade artesanal, do que no feudo –
apesar do controle e intervenção dessa instituição.
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Assim, mesmo com muitas limitações estruturais feudais, houve um lento enriquecimento de
comerciantes e artesãos que, ao longo do tempo, controlaram com exclusividade determinadas
atividades. Esse processo indica a formação de uma nova classe social: A BURGUESIA.
Apenas atente-se, aluno e aluna, para o fato de que estamos falando de um “processo de
formação de classe social”, portanto, isso é uma engrenagem que se movimentou por muitos
séculos depois desse momento inicial.
Então, nesse momento histórico, a burguesia quer ser aceita pela nobreza e ser parte dela. Por
isso, a burguesia quer ganhar dinheiro e, com ele, comprar terras e títulos de nobiliárquicos. Ela
quer entrar para o time, sacou? Ela ainda não é aquela burguesia da revolução Francesa que
derrubou o rei e cortou sua cabeça. Na passagem do feudalismo para Idade Moderna a
burguesia não é contra a nobreza, ela quer imitar, ser parte e igual aos nobres. Cuidado para
não colocar o carro na frente dos bois, hein. Em história chamamos isso de anacronismo!
Contudo, sabemos que isso é muito difícil porque títulos de nobreza não eram monetizados,
afinal, eram um título de propriedade só adquirível por meio da doação de um outro nobre e
para tanto, a pessoa tinha que nascer no berço de uma família de nobres. Como é que a
burguesia vai conseguir ser nobre um dia, pensa bem?
Além disso, a nobreza sempre vai olhar a burguesia com desprezo e nunca como iguais. Afinal,
o dinheiro da burguesia vinha do trabalho! E, vamos combinar, trabalho não era uma coisa bem
vista pela nobreza. Lembra-se que os que foram criados por Deus para trabalhar foram os servos

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– recorda-se da visão religiosa da criação das 3 Ordens Sociais? Então! Meritocracia é um valor
que só vai tomar a cena da história lá pelo século XVII.
Olhar de Coruja 360º. hein, Guerreiro e Guerreira!

Perante esta sociedade, a burguesia está longe de assumir uma atitude revolucionária.
Não protesta nem contra a autoridade dos príncipes territoriais, nem contra os privilégios
da nobreza, nem, principalmente, contra a Igreja. (...) A única coisa de que trata é a
conquista do seu lugar. As suas reivindicações não excedem os limites das necessidades
mais indispensáveis.
Henri Pirenne. História econômica e social da Idade Média, 1978.
Segundo o texto, é correto afirmar que
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a) a burguesia, nascida da própria sociedade medieval, nela não tem lugar; para conquistá-
lo, suas reivindicações são a liberdade de ir e vir, elaborar contratos, dispor de seus bens,
fazer comércio, liberdade administrativa das cidades, ou seja, não tem o objetivo de
destruir a nobreza e o clero.
b) os burgueses, enriquecidos pelo comércio, reivindicam privilégios semelhantes aos da
nobreza e do clero na sociedade moderna; acentuadamente revolucionários, os seus
interesses significam título, terras e servos para garantirem um lugar compatível com sua
riqueza.
c) o território da burguesia é o solo urbano, a cidade como sinônimo de liberdade,
protegida da exploração da nobreza e do clero; para isso, cria o direito urbano, isto é, leis
para o comércio, a justiça e a administração que, de forma revolucionária, asseguram-lhe
um lugar na sociedade moderna.
d) a sociedade medieval tem um lugar específico para os burgueses, pois as liberdades,
as leis, a justiça e a administração estão em suas mãos; tal situação tem o objetivo de
brecar o poder político e econômico dos nobres e da Igreja, fortalecidos pela expansão
da servidão e pelo declínio do comércio.
Comentário
Na aliança firmada entre a recente surgida burguesia e os monarcas, que levou à formação
das Monarquias Absolutistas, a burguesia exigiu dos monarcas que ajudou

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financeiramente favorecimentos econômicos no novo governo. Logo, a exigência não


atingia a política e a sociedade.
Gabarito: A
____________________________________________________________________________
A respeito do Renascimento Comercial e Urbano na Europa dos séculos XII e XIII,
considere as afirmações a seguir.
I. As cidades situavam-se no cruzamento de rotas comerciais ou à beira de rios, eram
cercadas por muralhas, e o crescimento populacional provocava a ocupação de terrenos
extramuros.
II. O processo de expansão urbana estava ligado ao crescimento da produção agrícola e
ao fortalecimento de rotas comerciais terrestres entre as cidades portuárias italianas, as
feiras francesas e as cidades da região de Flandres.
III. “O ar das cidades torna os homens livres” era um ditado do período, referindo-se ao
costume de considerar livre o servo que trabalhasse por determinado período de tempo
no burgo.
IV. A autonomia administrativa e jurídica das cidades era conquistada através do
pagamento de franquias aos senhores feudais ou da compra de cartas de privilégios.
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Estão corretas as afirmativas


a) I e II, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I, II e III apenas.
d) I, II, III e IV.
Comentário
O item I está correto, pois, traz a ideia de cidade como o nó das atividades comerciais,
conforme ideia de Jacques Le Goff.
O item II está correto, pois, no mesmo sentido do item anterior, relaciona o surgimento
das cidades ao desenvolvimento comercial. É bom lembrar que esses renascimentos só
foram possíveis pois houve um processo de expansão agrícola.
O item III também está correto, porém, a formulação não está muito boa. O ditado
germânico se referia, na verdade, ao trabalho livre nas cidades e não a um trabalho feito
temporariamente por servos. Mas, consideramos correto seguindo um sentido geral e
tendo em conta que as alternativas não apresentam nenhuma possibilidade de excluir o
item III.
O item IV está correto, pois é verdade que a autonomia poderia ser conquista por meio
de franquias ou cartas de privilégio. Ambas eram concedidas pelos senhores feudais das

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Gabarito: D______________________________________________________________
(adaptada 2017)
Por trás do ressurgimento da indústria e do comércio, que se verificou entre os séculos XI
e XIII, achava-se um fato de importância econômica fundamental: a imensa ampliação das
terras aráveis por toda a Europa e a aplicação de métodos mais adequados de cultivo.
(LEWIS, Munford, A Cidade na História. Ed. Itatiaia Limitada, Belo Horizonte, 1965, vol I,
p. 336).
Com base no texto, é correto afirmar que
a) a Alta Idade Média caracterizou-se pela reorganização espacial das áreas rurais,
aumentando significativamente a produção de grãos para abastecer a emergente
população urbana.
b) o contexto descrito foi também decorrência da abertura dos portos europeus no mar
Mediterrâneo, que ampliou o comércio e favoreceu a criação de novos núcleos urbanos.
c) as condições climáticas mais severas na porção oeste do continente europeu
contribuíram, nesse período, para a introdução de um sistema de uso intensivo do solo.
d) a presença de uma atividade industrial organizada, associada à queda da produção de
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têxteis e ao desenvolvimento comercial, favoreceu a redução das áreas de florestas na


região.
Comentário
Veja, mais uma questão que nos ajuda a memorizar que a expansão agrícola resultou no
renascimento comercial e urbano. Interessante observar que o autor desse texto fala em
“indústria e comércio”. Nos textos mais antigos (esse é de 1965) usa-se indústria para se
referir a manufaturas. Lembra que Le Goff fala que as cidades são essencialmente um lugar
da produção? Tendo em vista essa relação, vamos analisar as alternativas:
O item A erra ao localizar na Alta Idade Média o aumento da produção de grãos e da
população. Este fenômeno é típico da Idade Média Central.
O Item B está correto. Veja que a alternativa afirma que além da expansão agrícola, a
abertura dos portos também impulsionou o comércio. Isso está correto e está muito
relacionado com as Cruzadas que permitiram vencer os islâmicos em diversos pontos onde
dominavam rotas comerciais.
O Item C está absolutamente errado. As condições climáticas desfavoráveis são fenômeno
do início do século XIV.
O item D erra porque a presença da atividade manufatureira combinada com a
AMPLIAÇÃO da produção têxtil – e não a queda – favoreceu a redução das florestas.

Gabarito: BA IDADE MÉDIA – SÉCULOS XIV E XV

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4. Baixa Idade Média - séculos XIV e XV

A Baixa Idade Média vai do século XIV ao XV. É o ato final da Idade Média. É
o cenário onde as crises mais profundas da desagregação do feudalismo
acontecem. Em momentos de transição, nem sempre há compasso temporal
entre a desagregação do antigo modo de vida e o estabelecimento e
consolidação do novo. (guarde isso) Por isso, historiadores afirmam que, em
grande medida, a própria expansão econômica e populacional das sociedades
cristãs medievais, a partir do século XI, contribuiu para as crises que
estudaremos a partir de agora.

Assim, esse período viveu a experiência da Fome, da Peste e da Guerra e de uma


importante crise econômica. Mas, viu também o alvorecer de um novo tempo impulsionado por
novos questionamentos sobre a vida, o homem, o mundo e, também, o religioso.
Mais que isso, a crise da Baixa idade Média gesta, traz no seu ventre, a Renascença e os
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tempos Modernos – o que foi, para muitos, muito mais aberta – e talvez mais feliz – do que
aquela fechada e asfixiante vida feudal.

4.1 – Crise do século XIV


No contexto que acabamos de apresentar, o século XIV concentra o momento mais grave
para a cristandade europeia. Tanto que a historiografia costuma associar este século a um tripé
de eventos: a fome, a peste e a guerra. Le Goff afirma que:

Mas, na viragem do século XIII para o século XIV, a Cristandade não só parou como encolheu. Não houve
novos desbravamentos, novas conquistas de solo, e as terras marginais, que tinham sido cultivadas sob
a pressão demográfica e na mira da expansão, foram abandonadas porque o rendimento que davam
era, na verdade, muito baixo. [...] A curva demográfica inflete e começa a descer. (idem, p. 141)

Para além da fome, da guerra e da peste que marcam a crise do século XIV, Le Goff e
Perry Anderson, por perspectivas distintas, afirmam que esta tríade na verdade é a
consequência de um processo de desagregação das estruturas sociais e econômicas do mundo
feudal cristão.

4.1.1 – Crise econômica

Vários sintomas de crise econômica surgiram nesse momento. A primeira delas foi uma
série de desvalorizações monetárias. Muitos bancos faliram em 1343. Houve algo como um

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inadimplemento (não pagamento) das enormes dívidas que alguns nobres fizeram nos anos
anteriores, o que dificultou a manutenção dos empréstimos das casas bancárias que ainda
resistiam.
Isso fragilizou a economia das cidades, que, como vimos dependia dessas casas bancárias.
Na cidade, a produção têxtil declinou, a construção civil também, com a paralisação das obras
de catedrais e igrejas ajudaram a diminuir a oferta de trabalho livre nas cidades.
Apesar disso, é importante ressaltar que essa depressão econômica não atingiu todos os
setores em todos os lugares. Como falamos na introdução, a crise é sinal de um processo de
reorganização. O mesmo ocorreu com a economia. O melhor exemplo, é o do setor têxtil. As
manufaturas de tecido de luxo deram lugar às confecções de tecidos menos valiosos.
Além disso, alguns senhores feudais foram se adaptando às novas realidades e começaram
a criar gado – mais valioso nessa época.
Por fim, como ensinou o professor Le Goff “só os mais poderosos, os mais hábeis ou os
mais bem-sucedidos tiram proveito; os outros são atingidos” (p. 145)

4.1.2 - Fome

A expansão agrícola dos séculos XI ao XIII chegou ao fim na primeira metade do século
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XIV. A principal consequência, então, foi a fome. O fenômeno ocorreu entre 1315 e 1322,
acentuadamente entre 1315 e 17. A “Grande Fome” está relacionada imediatamente com as
seguintes causas:

❖ Resistência dos nobres em permitir a ampliação das terras agricultáveis por meio da
derrubada das florestas (oiiii? Os nobres eram ambientalistas?? – brincadeira ). Os
bosques eram lugar de caça (esporte favorito da nobreza), além disso era a fonte de mel,
cera e madeira – todos são elementos luxuosos e de necessidade essencial para manter
seus castelos iluminados e aquecidos.
❖ Esgotamento de boas terras para a agricultura. As terras dos antigos mansos comunais
não tinham o mesmo potencial agrícola que as demais terras, assim, o excedente de
produção não acompanhava a proporção do excedente populacional.
❖ Aumento excessivo dos preços dos alimentos somado ao aumento abusivo das taxas
impostas pelos senhores de terra.
❖ Fatores climáticos. Entre 1315 e 1317 foi um período de muitas chuvas e umidade.

4.1.3 – Peste

Entre 1347 e 1350, com a memória viva sobre a devastação causada pela Grande Fome,
as épocas frias e chuvosas que ocorreram no começo do século, a população europeia viveu
uma epidemia transmitida pela pulga de ratos contaminados com a bactéria pasteurella pestis

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– a peste bubônica, popularmente chamada de peste negra, pois, ela provocava feridas com
pus e deixava marcas pretas no corpo.
Nesse momento, as condições de alimentação, saúde, moradia e sanitárias eram muito
ruins nas cidades medievais, na Europa. Como sabemos, o cenário era de renascimento
comercial e urbano e, portanto, de maior circulação de pessoas mercadorias e.... doenças!
Historiadores medievalistas afirmam que cerca de 25 milhões de pessoas morreram nesse
momento.
A porta de entrada da peste foi a cidade italiana de Gênova. Leia a descrição feita pela
historiadora Bárbara Tuchman25

"Em outubro de 1347 (...) Navios genoveses chegaram ao porto de Messina, na


Silícia, com homens mortos e agonizantes nos remos. (...) Os marinheiros doentes
tinham estranhas inchações escuras, do tamanho de um ovo ou uma maçã nas axilas
e virilhas, que purgavam pus e sangue e eram acompanhadas de bolhas e manchas
negras por todo o corpo, provocadas por hemorragias internas. (...) Sentiam muitas
dores e morriam rapidamente (...)”

O imaginário popular religioso da época atribuía aquela situação de morticínio “castigo


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divino”, em razão dos vícios e pecados da humanidade. Deus era tido como um juiz temerário,
que enviava a morte como punição, para toda a humanidade. O medo se espalhava, e com ele
a violência e hordas de pessoas perambulando pelas estradas europeias. A insegurança voltou
a reinar no continente.
Esses momentos foram tão significativos na história do fim da Idade Média que muitos
pintores renascentistas ainda pintaram “a morte do século XIV”.

“A Peste Negra dizimou boa parte da população europeia, com efeitos sobre o crescimento
das cidades. O conhecimento médico da época não foi suficiente para conter a epidemia.
Na cidade de Siena, Agnolo di Tura escreveu: “As pessoas morriam às centenas, de dia e
de noite, e todas eram jogadas em fossas cobertas com terra e, assim que essas fossas
ficavam cheias, cavavam-se mais. E eu enterrei meus cinco filhos com minhas próprias
mãos (...) E morreram tantos que todos achavam que era o fim do mundo.”26

25
TUCHMAN, B.W. Um espelho distante: o terrível século XIV.Rio de Janeiro: José Olympio,2000,p.97.
26
Agnolo di Tura. The Plague in Siena: An Italian Chronicle. In: William M. Bowsky. The Black Death: a turning point in history?
New York: HRW, 1971

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Vestibulares.

4.1.4 – Guerra e rebelião camponeses

Em 1358 ocorreu na região da atual França uma enorme violenta rebelião camponesa.
Esse evento, que não durou mais que 1 mês expôs a tensão latente que existia entre senhores
e servos.
Como vimos, os senhores feudais ampliaram sucessivamente o montante de taxas a serem
pagas pelos servos no processo de expansão da economia. Além disso, o fenômeno da grande
fome atingiu sobretudo servos que não contavam com acúmulo de produção em grandes
celeiros, como os nobres. Estes, inclusive, aumentaram mais ainda as taxas a serem pagas pelos
servos que ainda continuavam na terra.

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Esse contexto expôs a grande desigualdade existente entre as três ordens sociais que
compunham a sociedade feudal. Os servos se revoltaram tanto com seus senhores que os
superexploravam como com a Igreja que, longe dos ensinamentos de caridade, humildade,
simplicidade dos ensinamentos cristãos (já que muitos se acostumaram com os privilégios
clericais), abandonavam os fiéis a própria sorte nesse cenário apocalíptico.
A exploração, sobretudo, a abusiva, provoca resistências – que podem ser passivas,
silenciosas, negociais. Assim, já havia durante toda a Idade Média várias manifestações de
resistência dos servos e camponeses. Foram deserções, fugas para os bosques, roubos nas
terras do senhor, incêndio nas plantações e nos celeiros. Mas, em 1358, diante das condições
daquele contexto, surgiu uma enorme e muito violenta rebelião. Foram as Jacquerie –
expressão idiomática francesa que significa “joão ninguém”

A violência cruel é a característica mais marcante dessa rebelião. Centenas de milhares de


camponeses se juntavam para invadir castelos e assassinar senhores. A resposta de nobres
também foi igualmente violenta. O sentimento de ódio recíproco, tão amainado pelo discurso
religioso durante séculos, ficou marcado nas memórias orais do campesinato francês e em
diversas obras renascentistas do século XV e XVI.

Além das revoltas de caráter popular, como a Jacquerie, o contexto do século XIV também
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é marcado pela chamada Guerra dos Cem Anos. Foi um longo conflito entre a França e a
Inglaterra ocorrida entre 1337 e 1453. O conflito envolvia a disputa de sucessão dinástica na
França e pelo controle das ricas terras na região de Flandres (lembra da Feira de Flandres?).
Essa guerra contribuiu para o clima de insegurança da Europa.
O professor Le Goff argumenta que a Guerra dos cem Anos foi uma solução fácil
encontrada por nobrezas atingidas pela crise e independentemente de mortes ou ruínas
econômicas, gerou uma nova economia e uma nova sociedade.

Atente-se para uma coisa, querida e querido, nem a França e nem a Inglaterra já
eram Estados centralizados nesse contexto. Então, falar em França e Inglaterra é
um pouco inapropriado, pois são regiões muito feudalizadas, sobretudo, a da
França. Ter essa noção é fundamental para que possamos compreender a exata
importância dessa guerra justamente no processo de centralização política de
ambos. Essa longa guerra empobreceu uma parcela da nobreza, mas contribuiu
fortemente para a retomada da importância do poder real. Essa situação possibilitou a construção
de monarquias centralizadas. Só mais uma coisa: Não se preocupe com os detalhes dessa guerra
agora. Voltarei a ela quando estivermos estudando formação das monarquias nacionais.

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Leia com atenção o texto a seguir sobre o fim do período medieval.


... o final do milênio medieval costuma ser visto sob a forma de uma crise
profunda e generalizada. Brutal, a mortalidade provocada pelo bacilo da
peste espalha-se rápida e maciçamente. Os doentes sucumbem em alguns dias, sem
remédio nem alívio possíveis. No dizer das testemunhas, toda organização social, até os
laços familiares, foi violentamente perturbada por isso. BASCHET, J. A civilização feudal: do ano
mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006, p. 247-248. Adaptado.

Acerca da chamada “Crise do século XIV”, assinale a alternativa CORRETA:


a) a diminuição da produtividade levou a uma maior exploração da mão de obra
camponesa. Nesse momento a teoria das três ordens foi responsável pela aceitação do
aumento da tributação, evitando, assim, as revoltas camponesas.
b) os deslocamentos de camponeses que fugiam para as cidades ajudaram na eliminação
da epidemia nas zonas rurais, já que a peste apenas atingia as populações mais pobres e
desnutridas.
c) tentando fazer frente à crise do século XIV, a Igreja transferiu sua sede de Roma para
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Avignon, na França. Essa medida contribuiu para manter a unidade da cristandade, a


autonomia e o caráter universalista da Igreja.
d) nesse contexto, a fome e as epidemias contribuíram para o processo de desintegração
do feudalismo e o fortalecimento do poder dos reis, que aos poucos foram tomando para
si a autoridade administrativa e militar até então em mãos senhoriais.
e) a expansão agrícola que precedeu a crise do século XIV foi realizada à custa de
arroteamentos, o que contribuiu para minimizar o impacto ambiental e conter o processo
inflacionário.

Comentário
A questão aponta para o final da Idade Média, em especial o século XIV caracterizado por
muitas tragédias como a “Grande Fome” que dizimou 12% da população europeia e a
Peste Negra que matou 33% da população da Europa. Apesar deste declínio populacional,
os senhores feudais ampliaram a quantidade de impostos sobrecarregando os
camponeses sobreviventes, por isso, surgiram as revoltas camponesas - como as
Jacqueries, na França. Neste cenário de crise que ameaçava os interesses da elite, iniciou-
se o processo de formação dos Estados Nacionais por meio da centralização do poder nas
mãos dos reis.
Gabarito: D

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---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
É correto afirmar que, no século XIV,
a) as violentas revoltas e mortes de camponeses foram provocadas pelo desespero em não
conseguir pagar, em dinheiro, aos senhores feudais, as novas taxas e o aumento das já
existentes, além da exigência de mais tempo de trabalho nas reservas senhoriais.
b) as revoltas camponesas aconteceram, tanto na Inglaterra como na França, contra os
cercamentos, que empobreceram os trabalhadores e os obrigaram a deixar a terra pelo
não pagamento do aumento dos aluguéis, o que enriqueceu ainda mais os senhores da
terra.
c) a impossibilidade de juntar dinheiro para a compra da terra onde trabalhavam fez com
que muitos camponeses se revoltassem, porque se colocaram contra os senhores que
aumentaram os impostos e exigiram o pagamento de novos; algo considerado ilegal.
d) o recrudescimento da servidão decorria de uma nova estrutura econômica presente na
Inglaterra, onde as pequenas propriedades rurais e os campos comunais perdiam espaço
para os latifúndios produtores de matéria-prima para a nascente indústria.
Comentário
As rebeliões camponesas, que ajudaram a compor o quadro que levou o Feudalismo a ruir,
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se explicam pelas dificuldades de produção e financeira dos camponeses derivadas da


grave crise agrícola que abateu a Europa Ocidental entre os séculos XII e XIV. Tais
dificuldades levaram os camponeses a não mais conseguir cumprir com suas obrigações
junto aos seus senhores feudais.
Gabarito: A

5. À guisa de uma conclusão


Se a crise do século XIV é a demonstração de que havia uma reorganização do modo de
organizar social, política e economicamente a Europa, qual o saldo que ela deixa para os anos,
décadas e século que se seguiram depois desses fenômenos? Deixo com vocês alguns
apontamentos para desenvolvermos nas próximas aulas:

✓ A centralização Estatal
✓ Reorganização das monarquias
✓ Novas formas artísticas para expressar outras visões de mundo
✓ Novas formas de fazer comércio

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27
Para finalizar essa
seção da aula,
escolhi uma das
obras que
considero mais
significativa sobre
essa experiência
do século XIV e XV.
Observe
atentamente cada
quadrante, pois
ela foi pintada
dessa forma. É
uma composição
de múltiplas obras.
Foi feita por Pieter
Bruegel, o Velho,
em 1562. Chama-se “O Triunfo da Morte”.
Nela estão inscritos todos os problemas do século XIV: a fome, a guerra, a morte, todo tipo de
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violência, as revoltas sociais, os questionamentos em relação à igreja, o medo do pecado e os


vícios humanos... e tudo isso atinge todas as classes sociais – de maneira diversa, claro. Por isso,
é marca da história da formação da sociedade europeia!
_____________________________________________________________________________________
Bem, querida e querido aluno, com essa digressão artística, de um pintor renascentista,
encerramos nossos estudos sobre Idade Média e deixamos uma porta aberta para entrarmos
de cabeça na Idade Moderna a partir da próxima aula.

Faça seu controle de temporalidade. Agora está fácil. Paramos no século XV.

Faça todas as questões. Você precisa ser melhor. Melhor que seu concorrente, mas,
antes, melhor do que você era antes dessa aula.
Eu confio!!! Vamos juntos!!
Até a próxima aula! Bons estudos,
Um beijo e um abraço apertado e um suspiro apertado de amor sem fim,
Alê

27
O Triunfo da Morte, c.1562, óleo sobre madeira, 117 x 162 cm, Pieter Bruegel, o Velho.

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Queridos alunos, para que você possa treinar, colocamos questões específicas, autorais e
adaptamos para você treinar e memorizar. Dúvidas, recorram ao Fórum de Dúvidas. Seja Safo,
não perca tempo. Vamos gabaritar história! 😉

6. Lista de Questões

1) (Espcex (Aman) 2017)

O século X é caracterizado, na Europa, pela desestruturação do Império Carolíngio e pelas invasões de


outros povos. Esta situação acabou intensificando um processo de ruralização já em andamento e a
procura da proteção militar oferecida pelos nobres e guerreiros, por parte das pessoas pobres ou com
menos recursos. Era o início do que ficou conhecido como feudalismo. As instituições feudais se
originaram de elementos romanos e germânicos.

São elementos germânicos:


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a) economia agropastoril, comitatus, beneficiun.

b) comitatus, fragmentação do poder político, beneficiun.

c) colonato, comitatus, fragmentação do poder político.

d) comitatus, beneficiun, colonato.

e) fragmentação do poder político, economia agropastoril, beneficiun.


2) (Espcex (Aman) 2017)

A crise do sistema feudal motivou uma série de mudanças sociais e culturais com o revigoramento do
comércio e das cidades, entre os séculos XI e XIII, na Europa. Nas alternativas abaixo, assinale aquela que
se relaciona com o surgimento da burguesia.

a) Os avanços tecnológicos adotados na agricultura não foram suficientes para ampliar o comércio de
alimentos, incentivando a produção e comercialização de bens manufaturados.

b) A intensificação das invasões bárbaras motivou o surgimento de cidades fortificadas onde a prática
comercial era intensa.

c) A Peste Negra, por ser mais facilmente combatida nas cidades, onde havia melhores condições de
higiene, fez com que as cidades multiplicassem suas populações e ampliassem as trocas comerciais.

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d) O crescimento do comércio com o Oriente e o surgimento de feiras nas principais rotas comerciais da
Europa favoreceram o estabelecimento de uma nova classe social de mercadores e artesãos, assim como
o surgimento de várias cidades no interior europeu.

e) O advento da Guerra Santa desmotivou as práticas comerciais entre os artesãos e os organizadores das
Cruzadas, em função de sérias ameaças às rotas comerciais no Oriente, limitando o comércio ao
continente europeu.
3) (Espcex (Aman) 2016)

Os fragmentos de texto abaixo foram extraídos de VICENTINO e DORIGO (2011) e se referem à Igreja
Medieval.

I. Pouco a pouco, a Igreja foi “se transformando na maior proprietária de terras da Idade Média e
construindo fortes vínculos com a estrutura feudal”.

II. Viviam afastados das tentações do mundo por meio do isolamento em abadias e de votos de castidade,
pobreza e silêncio. Com o tempo, num mundo em que uma restrita minoria era alfabetizada, as igrejas,
os mosteiros e as abadias converteram-se nos principais centros da cultura letrada.

III. Viviam apegados aos bens materiais e em contacto com a sociedade, a terra, a administração e a
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exploração das riquezas.

IV. A proibição de casamento rigorosamente aplicada a partir do Século XI liberava os padres dos
compromissos conjugais e contribuía, além disso, para a manutenção do patrimônio eclesiástico feudal,
ao evitar a divisão entre possíveis herdeiros dos membros do clero.

Os fragmentos I, II, III e IV referem-se, respectivamente, ao

a) poder temporal, clero secular, clero regular e celibato clerical.


b) celibato clerical, clero regular, clero secular e poder temporal.

c) clero secular, celibato clerical, poder temporal e clero regular.

d) poder temporal, clero regular, clero secular e celibato clerical.

e) clero regular, clero secular, poder temporal e celibato clerical.


4) (Espcex (Aman) 2016)

Os últimos anos do século X foram marcados, na Europa Ocidental, pela diminuição das invasões bárbaras
e pela queda da mortandade por epidemias. Tais fatos geraram estabilidade e crescimento demográfico.
A partir do século XI, o continente experimentaria profundas transformações que levariam ao que se
conhece como Renascimento Comercial.

Com relação ao acima exposto, é correto afirmar que

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a) o Iluminismo gerou uma mentalidade de busca pela prosperidade material, o que levou ao incremento
de práticas comerciais.

b) o restabelecimento de rotas comerciais com a Oceania favoreceu o estabelecimento de novas empresas


de comércio na Europa.

c) os avanços tecnológicos elevaram a quantidade da produção agrícola e o excedente passou a ser


vendido.

d) as Cruzadas impediram a circulação de mercadorias entre o Ocidente e o Oriente.

e) a intensificação do comércio provocou o enfraquecimento de feiras regulares nos cruzamentos das


rotas comerciais.
5) (Espcex (Aman) 2015)

Uma das características que podemos reconhecer no sistema feudal europeu

a) é a organização da sociedade feudal em dois grupos bem definidos: os senhores e os escravos.

b) são os ideais de honra e fidelidade oriundos da sociedade islâmica.

c) é a obrigação anual de corveia e o pagamento da talha e banalidades como obrigações de servos aos
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senhores feudais.

d) é o dinamismo econômico, voltado para o comércio entre feudos vizinhos.

e) são as relações escravocratas de produção.


6) (Espcex (Aman) 2014)

“O feudalismo foi a forma de organização política, social e econômica dominante na Europa Ocidental
durante a Idade Média.”

(AZEVEDO & SERIACOPI, 2007)

Abaixo estão redigidas algumas afirmações:

I. Os servos da gleba viviam sob o domínio dos senhores feudais.


II. Declínio das atividades rurais e fortalecimento das atividades comerciais urbanas.
III. Sociedade rigidamente hierarquizada, mas com grande mobilidade entre as classes.
IV. Poder político fragmentado entre senhores feudais e o rei.
V. Grandes senhores de terras e alto clero ocupavam o topo da sociedade.

Assinale a alternativa que lista unicamente características do feudalismo.

a) I, II e III.

b) II, III e V.
c) I, IV e V.

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d) III, IV e V.

e) I, III e V.
7) (Espcex (Aman) 2013)

O período conhecido por Idade Média prevaleceu na Europa desde a queda do Império Romano ocidental
(Séc. V) até a queda de Constantinopla (Séc. XV). Nesse período, o sistema vigente era o feudal.

Leia atentamente os itens abaixo:

I. Fortalecimento do poder real e enfraquecimento dos poderes locais;

II. Declínio das atividades comerciais urbanas e fortalecimento da vida rural;

III. Uso generalizado de trabalho escravo no campo;

IV. Os nobres estavam obrigados a pagarem aos seus servos uma pequena indenização, que passou a ser
conhecida por banalidade;

V. Existência de vínculos pessoais entre os nobres mais poderosos e os nobres mais fracos (suserania e
vassalagem).

Assinale a única alternativa que apresenta todos os itens com características desse período.
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a) I e II

b) II e IV

c) III e V

d) I e IV

e) II e V
8) (Espcex (Aman) 2011)

Durante o feudalismo na Europa Ocidental, uma série de obrigações submetia servos e vilões aos seus
senhores. Uma delas era a banalidade, que consistia na(o)

a) prestação de serviços gratuitos no campo do senhor em alguns dias da semana.

b) entrega de parte da produção agrícola ou do rebanho do servo ao senhor.

c) pagamento de taxas ao senhor pelo uso de instalações do feudo, como o moinho, o forno, o celeiro,
bem como outras instalações.

d) pagamento de tributo pela família de um servo morto para que seus herdeiros mantivessem a posse
da terra.

e) pagamento de uma taxa ao senhor, correspondente ao número de pessoas que o servo mantinha sob
sua responsabilidade.

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9) (Espcex (Aman) 2011)

O período conhecido por Baixa Idade Média estendeu-se dos séculos X ao XV e foi marcado por profundas
transformações, entre elas o renascimento comercial. É correto afirmar que essa transformação esteve
relacionada com

a) a formação das feiras, que eram pontos de comércio temporário, tendo-se destacado inicialmente as
regiões de Champanhe e, posteriormente, a região de Flandres.

b) o aparecimento de um novo grupo social, os mercadores, que passaram a ocupar o lugar da nobreza
na sociedade estamental durante toda a Idade Moderna.

c) o reaparecimento da moeda e das transações financeiras, que ficaram limitadas às cidades italianas,
mais próximas do mercado oriental.

d) o surgimento de hansas ou ligas, poderosas associações de comerciantes, cujos interesses se chocavam


com os dos nobres, que percebiam nas atividades daquelas uma ameaça à segurança das cidades destes.

e) o surgimento do movimento comunal, uma disputa entre senhores feudais e burgueses, em torno das
taxas de impostos cobrados sobre as atividades comerciais realizadas nos feudos.
10)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
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Enquanto uma unidade produtiva autossuficiente, o feudo possuía uma organização do dia a dia muito
particular. Nesse sentido, a alternativa que expressa corretamente uma característica presente do manso
senhorial é:

a) as atividades comerciais se desenvolviam nas terras do manso senhorial.

b) neste manso, as relações cavalheirescas se desenvolviam com exclusividade e estavam limitadas por
este território.

c) no manso senhorial estavam o moinho, o forno e a Igreja.

d) a produção agrícola desta área era destinada ao pagamento das taxas do servo ao senhor.

e) o manso senhorial era o espaço comum dos servos, do clero e da família do senhor feudal.
11)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

No Norte da Europa, na região onde hoje é a Bélgica, Holanda e Países Baixos, um importante lugar do
reflorescimento comercial se desenvolveu entre o fim da Idade Média e o início do renascimento
comercial. Ali se estabeleceu a chamada Rota Comercial do Norte. Essa rota se desenvolveu por meio da
ligação de várias associações de mercadores dessa região, os quais eram denominados

a) Liga Hanseática.

b) Liga de Delos.

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c) Liga dos Mercadores.

d) Liga Bancária.

e) Liga dos Burgos.


12)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

Mas, na viragem do século XIII para o século XIV, a Cristandade não só parou como encolheu. Não houve
novos desbravamentos, novas conquistas de solo, e as terras marginais, que tinham sido cultivadas sob a
pressão demográfica e na mira da expansão, foram abandonadas porque o rendimento que davam era,
na verdade, muito baixo. [...] A curva demográfica inflete e começa a descer. (idem, p. 141)

O texto do enunciado faz referência a uma das crises do século XIV na Europa, a qual resultou em um
impacto demográfico negativo. Trata-se da crise

a) da guerra

b) monetária.

c) climática.

d) da peste negra.
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e) de fome.
13)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

A casa de Deus, que cremos ser uma, está, pois, dividida em três: uns oram, outros combatem e os outros,
enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não sofrem com a sua disjunção; os serviços prestados
por uma são a condição da obra das outras duas; e cada uma, por sua vez, se encarrega de aliviar o todo.
De modo que essa tripla associação nem por isso é menos unida, e é assim que a lei tem podido triunfar
e que o mundo tem podido gozar de paz.

(Adalbéron de Laon (c. 1020). Apud LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa:
Estampa, 1984, p. 45-46).

Assinale a alternativa que corresponde aos três estamentos sociais do mundo medieval aludido no texto
acima:

a) patrícios, plebeus e clero.

b) nobreza, servo e clero.

c) cavaleiros, agricultores e clero.

d) nobreza, patrícios e servos.

e) senhores, cleros e estrangeiros.


14)(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

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“Embora o feudalismo seja um sistema que caracterizou diversas regiões da Europa ocidental entre os
séculos X e XIII, podemos dizer que suas instituições resultaram de longa gestação, mesclando elementos
romanos e germânicos” (COTRIN...p. 175)

I – é um elemento romano o comitatus.

II – é um elemento romano o colonato.

III – é um elemento germânico o beneficium.

IV – é um elemento germânico o enfraquecimento do poder centralizado.

Assinale, abaixo, a alternativa que apresenta as afirmações verdadeiras sobre elementos romanos e
elementos germânicos:

a) I e II estão certas.

b) I, II e III estão certas.


c) II e III estão certas.

d) II, III e IV estão certas.

e) III e IV estão certas.


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15)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

A respeito da Europa entre os séculos X e XV, ou seja, durante o mundo medieval, é correto afirmar que:

a) o cristianismo difundido pela Igreja penetrou de tal maneira em nas camadas da sociedade medieval
que foi capaz de anular as crenças pagãs e a formação de outras religiões.

b) a peste negra foi uma doença que teve graves consequências para a sociedade medieval, dizimando
um terço da população europeia.
c) a sociedade possuía mobilidade e estava organizada da seguinte maneira: Clero, nobreza e camponeses.

d) o feudalismo, enquanto sistema de vida econômico, social e religioso, não possui relações com a
desestruturação dos reinos bárbaros e do Império Romano.

e) Na maioria dos países, a epidemia de Peste Negra assolou burgos e castelos, mas preservou os
camponeses do contágio, por estarem isolados no campo.
16)(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

É possível reconhecer que o sistema feudal europeu possuía uma sociedade organizada a partir dos
seguintes segmentos sociais

a) Evangélicos, exércitos e negociantes.

b) Padres, soldados e artífices urbanos.

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c) Clero, nobreza e camponeses.

d) Santos, guerreiros e pastores.

e) Monges, oficiais e operários


17)Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes

Na Idade Média, no sistema político feudal, como de um modo geral no conjunto da existência, a Igreja
desempenha um papel essencial [...]. Na vida do dia-dia, nos sermões, a Igreja afirma que o dízimo não é
dado a ela, o que seria um tanto constrangedor, mas a Deus, ou, com mais rigor, a São Pedro. Por outro
lado, os padres, os monges explicam que pagar os foros aos senhores é fazer a vontade de Deus, porque
Deus lhes confiou um poder de comando que corresponde a suas intenções.

Jacques Le Goff. O Deus da Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 82.

Sobre a civilização feudal, é correto afirmar:

a) o catolicismo era uma ideologia manipulada pelos senhores feudais durante a Idade Média,
permanecendo subjugada aos seus interesses na ordem social.

b) Deus aparece como fiador das relações sociais que compõem a ordem feudal, conferindo poder de
mando aos senhores e obrigações tributárias aos estratos subalternos.
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c) a religião era instrumentalizada pelo Estado para a manutenção de um sistema de impostos, o que
possibilitava o enquadramento das classes subalternas ao poder central.

d) o alto clero, formado a partir de indivíduos egressos da nobreza, coordenava a cobrança de tributos de
camponeses e servos, excluindo sacerdotes hierarquicamente inferiores.

e) a religião católica convivia harmonicamente com as várias interpretações sobre o cristianismo


conhecidas como heresias.
18)(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

Com o declínio do Império Romano na Europa Ocidental, constituíram-se novas relações sociais que
acabaram caracterizando o Período Medieval (século V ao XIV).

Com relação a esse período, marque a alternativa correta:

a) Carlos Magno libertou o seu império do poderio papal por intermédio de alianças militares realizadas
com a nascente nobreza mercantil de Veneza.

b) Os camponeses possuíam o direito de deixar as terras em que trabalhavam e migrar para os burgos
pelo acordo consuetudinário com os suseranos.

c) Beneficium, comitatus, costumes germânicos, fundem-se e levam à síntese as relações de vassalagem.

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d) A crença em milagres que se propagou ao longo dos séculos, somando ao distanciamento social nos
feudos, fez com que esses séculos fossem pacíficos.

e) No Reino dos Francos, assim como na Península Ibérica, o islamismo foi a religião predominante.
19)(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

A respeito da crise do século XIV, leia o texto abaixo.

A Peste Negra, ou Morte Negra, era assim chamada porque no seu desenvolvimento provocava
hemorragias subcutâneas, que assumiam uma coloração escura no momento terminal da doença. A
morte dava-se entre três e sete dias, depois de contraída a patologia, e levava de 75 a 100% dos
acometidos. O agente causador da peste era transmitido pelo rato, por meio das pulgas e sua penetração
na pele humana causava uma adenite aguda, que recebia o nome de “bubão”, principal sintoma da
doença. Daí também o nome de peste bubônica.

(SIMONI, K. De peste e literatura: imagens do Decameron de Giovanni Boccaccio. Anuário de Literatura


Umbral. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/ article/viewFile/5447/4882>.
Acesso em: 14/abr/ 2020.)

A respeito desse evento histórico, marque a incorreta:


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a) A Peste Negra, conhecida hoje como peste bubônica, provocou a queda demográfica ocasionando
perdas na produção econômica.

b) A Peste Negra foi interpretada por muitos médicos e leigos medievais como um castigo divino.

c) O comércio na Europa do século XIV, que se encontrava em desenvolvimento, ajudou a propagar a


doença, como nas cidades-polos de Veneza, Gênova e Pisa.

d) Além da peste bubónica, a fome também contribuiu para agravar a situação da sociedade europeia e,
dessa forma, aprofundar a crise do feudalismo.

e) Foi interrompida pela descoberta cientifica de que o isolamento social nos feudos dificultava a
circulação da doença e, consequentemente, o contágio.
20) (3º SIMULADO EsPCEx)

O feudalismo na Europa Ocidental surgiu no século X, expandiu-se durante o século XI e atingiu seu auge
no final do século XII e no século XIII. (...) Pelo século XIII, o feudalismo europeu já havia produzido uma
civilização unificada e desenvolvida (...).

ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense. 1989, p. 177.

Sobre a formação do mundo feudal, podemos relacionar:

A ruralização da sociedade e da economia

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A descentralização política que ficou a cargo dos senhores feudais

O assalariamento do trabalho campesino

O estabelecimento de relações de vassalagem entre senhores e servos

A divisão estamental da sociedade cujo critério era o nascimento

Assinale a alternativa em que todas as afirmativas caracterizam a sociedade feudal:

a) I, II, III, V

b) I, II, IV, V

c) I, II, V

d) I, II, III, IV, V

e) I, II, IV
21)Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

Idade Média é uma terminologia criada por historiadores do século XVIII. Convencionou-se que seria um
período entre o ano de 476, com o fim do Império Romano do Ocidente e 1453 com o fim do Império
Bizantino (ou, Império Romano do Oriente). São civilizações que conviveram neste período histórico
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chamado de Idade Média.

a) Império Islâmico, Império Bizantino e Império Antigo do Egito.

b) Império Bizantino, Império Antigo do Egito e Reinos Bárbaros do Ocidente.

c) Esparta, Reinos Bárbaros do Ocidente e Império Islâmico.

d) Império Islâmico, Império Bizantino e Reinos Bárbaros do Ocidente.


e) Reinos Bárbaros do Ocidente, União Ibérica e Império Czarista.
22)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

“A invasão é o fato inicial da Idade Média. Nenhum fato da mesma amplitude ou de consequências
comparáveis se produziu depois, e a História subsequente, entendida corretamente, nada mais foi que a
evolução da sociedade resultante da invasão. É necessário entender por invasão a compenetração desses
dois elementos até então separados: o civilizado grego ou latino, helenizado ou latinizado, e o bárbaro
recém-chegado sobre o solo imperial.”

(GIORGANI, 1968, p.21).

A partir do texto e de seus conhecimentos, a ordem feudal foi resultado

a) do encontro, seguido de trocas culturais, de duas civilizações com hábitos e costumes diferentes, a
romana e a germânica.

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b) da vitória do Império Romano sobre os povos bárbaros.

c) da expansão da civilização grega em direção ao oeste da Europa.

d) do surgimento de uma nova raça de europeus que ficou conhecida como medievalistas.

e) de múltiplas determinações culturais, com destaque para os mulçumanos que invadiram a Península
Ibérica.
23)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

No processo de formação do feudalismo, o Reino dos Francos, incialmente um povo bárbaro, tomou uma
atitude que foi determinante para a formação das relações políticas e sociais na Idade Média. Trata-se da

a) profissionalização do exército nacional.

b) conversão dos francos ao islamismo.

c) conversão dos francos ao cristianismo.

d) constituição do absolutismo enquanto organização do Estado.

e) expulsão dos árabes da Península Ibérica.


24)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
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A sociedade feudal era estamental. Isso quer dizer que:

a) Havia 3 estamentos hierarquicamente organizados: clero, nobreza e trabalhadores servis.

b) Havia 3 estamentos sem diferenças entre eles: clero, nobreza e servos.

c) Havia 4 estamentos hierarquicamente definidos: claro, b=nobreza, cavalaria e trabalhadores servis.

d) Havia 3 estamentos: nobres, burgueses e plebeus

e) Havia 2 estamentos: servos e senhores feudais.


25)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

Com a insegurança provocada pelas invasões, os europeus ocidentais procuraram se proteger, buscando
refúgio no campo. Houve, então, um enfraquecimento do poder central do antigos reinos germânicos e
romanos, ao mesmo tempo em que o poder dos senhores locais se fortalecia. O comércio foi dificultado
pela insegurança reinante e pelo bloqueio das estradas e do Mar Mediterrâneo.

No que se refere à sociedade da Europa Central, o texto descreve

a) A formação da sociedade feudal no Ocidente caracterizada pela ruralização da economia e a


descentralização do poder político.

b) A desagregação da sociedade feudal marcada pelas novas ondas de invasões bárbaras e o avanço do
papel das cavalarias.

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c) A penetração dos muçulmanos que conquistaram Constantinopla, fato que concorreu para a
fragmentação da Europa Ocidental.

d) O gradual fortalecimentos dos senhores feudais que resultou no absolutismo.

e) A invasão dos povos bárbaros que contribuíram para a destruição definitiva de todos os elementos da
cultura romana.
26)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
Feudo: palavra derivada do germânico fehu (gado) significando um “bem oferecido em
troca de algo”. Os feudos podiam não ser apenas uma extensão de terras mas também
um castelo ou outros direitos.
Em relação à herança dos povos que formaram a sociedade feudal, a definição para a
palavra feudo, enquanto extensão territorial, está relacionada a noção de
a) Comitatus
b) Colonato
c) Beneficium
d) Servitium
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e) Mitium

6.1 Mais questões para treinar – com comentários


27)(adaptada- 2000)

"Foi de vital importância o fato de que, a partir do século XII, nobres e burgueses passaram a morar na
parte cercada pelas muralhas das cidades. Os interesses e prazeres das duas classes tornaram-se assim
semelhantes..." (Jacob Burckhardt, 1860)

Sobre esse fenômeno, pode-se afirmar que

a) ocorreu em todos os lugares da Europa onde se desenvolveram cidades, pondo fim à dominação social
da nobreza.

b) ocorreu em todas as cidades marítimas, de Lisboa a Hamburgo, passando pela Itália do Norte e
Flandres.

c) foi interrompido pela nobreza, a partir da crise do século XIV, depois de ter se desenvolvido na Baixa
Idade Média.

d) marcou a posição da burguesia em relação à nobreza.

e) marcou as mais importantes cidades europeias, constituindo-se num dos fatores da criação das
Universidades medievais.

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28)(adaptada- 2000)

"Os próprios céus, os planetas e este centro [a Terra] Respeitam os graus, a precedência e as posições.
Como poderiam as sociedades,
Os graus nas escolas, as irmandades nas cidades,
O comércio pacífico entre praias separadas,
A primogenitura e o direito de nascença,
Os privilégios da idade, as coroas, cetros, lauréis,
Manter-se em seu lugar certo - não fossem os graus? "
Estes versos de Shakespeare da peça Troilo e Cressida) revelam uma visão de mundo:
a) moderna e liberal, ao tratarem das cidades, do comércio e, virtualmente, até do novo continente.
b) medieval e aristocrática, ao defenderem privilégios, graus e hierarquias como decorrentes de uma
ordem natural.
c) universal e democrática, ao se referirem a valores e concepções que ultrapassam seu próprio tempo
histórico.
d) clássica e monarquista, ao mencionarem instituições, como a monarquia e o direito de primogenitura,
que eram características do mundo greco-romano.
e) particularista e elitista, ao expressarem hierarquias, valores e graus exclusivos da Inglaterra do século
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XVI.
29)(adaptada- 2015)

A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das trocas econômicas que recorrem sempre mais a um
meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro econômico, a cidade é também um centro de poder. Ao
lado do e, às vezes, contra o poder tradicional do bispo e do senhor, frequentemente confundidos numa
única pessoa, um grupo de homens novos, os cidadãos ou burgueses, conquista “liberdades”, privilégios
cada vez mais amplos.

GOFF Jacques Le. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado.

O texto trata de um período em que

a) os fundamentos do sistema feudal coexistiam com novas formas de organização política e econômica,
que produziam alterações na hierarquia social e nas relações de poder.

b) o excesso de metais nobres na Europa provocava abundância de moedas, que circulavam apenas pelas
mãos dos grandes banqueiros e dos comerciantes internacionais.

c) o anseio popular por liberdade e igualdade social mobilizava e unificava os trabalhadores urbanos e
rurais e envolvia ativa participação de membros do baixo clero.

d) a Igreja romana, que se opunha ao acúmulo de bens materiais, enfrentava forte oposição da burguesia
ascendente e dos grandes proprietários de terras.

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e) as principais características do feudalismo, sobretudo a valorização da terra, haviam sido


completamente superadas e substituídas pela busca incessante do lucro e pela valorização do livre
comércio.
30)(adaptada- 2012)

A palavra “feudalismo” carrega consigo vários sentidos. Dentre eles, podem-se apontar aqueles ligados a

a) sociedades marcadas por dependências mútuas e assimétricas entre senhores e vassalos.

b) relações de parentesco determinadas pelo local de nascimento, sobretudo quando urbano.

c) regimes inteiramente dominados pela fé religiosa, seja ela cristã ou muçulmana.

d) altas concentrações fundiárias e capitalistas.

e) formas de economias de subsistência pré-agrícolas.


Comentário
31)(adaptada- 1996)

Sobre o feudalismo no Ocidente, é correto afirmar que:

a) nasceu na Idade Média, mas sobreviveu ao fim desta época, como demonstram sua difusão pelas
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Américas, espanhola e portuguesa, e sua permanência na Europa, ao longo do período moderno.

b) seu período de incubação, entre os séculos IV e VIII, e de decadência, entre os séculos XIV e XVI, foram
quase tão longos quanto seu próprio período de plenitude (séculos IX e XIII).

c) não teria se desenvolvido, não fossem a expansão árabe e, depois, a presença das demais civilizações
orientais, que obrigaram a Europa a se isolar e construir sua própria identidade.

d) foi um sistema não original, pois também existiu em lugares como a Ásia Menor, durante o Império
Bizantino, certas regiões da África, antes da colonização, e no Japão, na era Tokugawa.

e) foi um modo de produção inferior ao escravista romano, pois, se este produziu a riqueza do Império,
aquele muito pouco teve a ver com a riqueza das cidades da Baixa Idade Média.
32)Observe a imagem a seguir:

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Qual aspecto da sociedade medieval é mais


caracteristicamente representado por essa
imagem?
a) Religiosidade
b) Belicosidade
c) Racionalidade
d) Piedade
e) Humanismo

33)(adaptada- 2010)

“A instituição das corveias variava de acordo com os domínios senhoriais, e, no interior de cada um, de
acordo com o estatuto jurídico dos camponeses, ou de seus
mansos [parcelas de terra].”
Marc Bloch. Os caracteres originais da França rural, 1952.
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Esta frase sobre o feudalismo trata


a) da vassalagem.
b) do colonato.
c) do comitatus.
d) da servidão.
e) da guilda.
34)(adaptada- 2008)

Nos séculos XIV e XV, a Itália foi a região mais rica e influente da Europa. Isso ocorreu devido à

a) iniciativa pioneira na busca do caminho marítimo para as Índias.

b) centralização precoce do poder monárquico nessa região.

c) ausência completa de relações feudais em todo o seu território.

d) neutralidade da península itálica frente à guerra generalizada na Europa.

e) combinação de desenvolvimento comercial com pujança artística.


35)(adaptada - 2017)

Os especialistas em demografia histórica são mais ou menos concordes em estimar que a população global
do reino da França no mínimo duplicou entre os anos mil e 1328, passando de cerca de 6 milhões de

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habitantes para 13,5 milhões, e de 16 a 17 milhões, considerando as regiões que desde então se tornaram
francesas.

LE GOFF, Jacques. O apogeu da cidade medieval. Trad. Antônio Danesi, São Paulo: Martins Fontes, 1992,
p. 4. (Adaptado).

De acordo com a citação, pode-se afirmar que o principal fator que permitiu o crescimento da população
europeia foi

a) o controle da Peste Negra por meio da implantação de medidas de saneamento das grandes cidades
europeias.

b) o fim dos conflitos entre os reinos, especialmente o da “Guerra dos Cem Anos”, entre França e
Inglaterra.

c) a relativa estabilidade política e econômica, que fomentou a expansão dos burgos e o aumento da
produção agrícola nos campos.
d) o incremento da agricultura, que impulsionou o sistema de trocas de mercadorias promovendo a
prosperidade nos feudos.
36)(FUVEST 2009)
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"A Idade Média europeia é inseparável da civilização islâmica já que consiste precisamente na
convivência, ao mesmo tempo positiva e negativa, do cristianismo e do islamismo, sobre uma área comum
impregnada pela cultura greco-romana." José Ortega y Gasset (1883-1955).

O texto acima permite afirmar que, na Europa ocidental medieval,

a) formou-se uma civilização complementar à islâmica, pois ambas tiveram um mesmo ponto de partida.

b) originou-se uma civilização menos complexa que a islâmica devido à predominância da cultura
germânica.

c) desenvolveu-se uma civilização que se beneficiou tanto da herança greco-romana quanto da islâmica.

d) cristalizou-se uma civilização marcada pela flexibilidade religiosa e tolerância cultural.

e) criou-se uma civilização sem dinamismo, em virtude de sua dependência de Bizâncio e do Islão.
37)(FUVEST 2018)

Um grande manto de florestas e várzeas cortado por clareiras cultivadas, mais ou menos férteis, tal é o
aspecto da Cristandade – algo diferente do Oriente muçulmano, mundo de oásis em meio a desertos.
Num local a madeira é rara e as árvores indicam a civilização, noutro a madeira é abundante e sinaliza a
barbárie. A religião, que no Oriente nasceu ao abrigo das palmeiras, cresceu no Ocidente em detrimento
das árvores, refúgio dos gênios pagãos que monges, santos e missionários abatem impiedosamente.
J. Le Goff. A civilização do ocidente medieval. Bauru: Edusc, 2005. Adaptado.

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Acerca das características da Cristandade e do Islã no período medieval, pode-se afirmar que

a) o cristianismo se desenvolveu a partir do mundo rural, enquanto a religião muçulmana teve como base
inicial as cidades e os povoados da península arábica.

b) a concentração humana assemelhava-se nas clareiras e nos oásis, que se constituíam como células
econômicas, sociais e culturais, tanto da Cristandade quanto do Islã.

c) a Cristandade é considerada o negativo do Islã, pela ausência de cidades, circuitos mercantis e


transações monetárias, que abundavam nas formações sociais islâmicas.

d) o clero cristão, defensor do monoteísmo estrito, combateu as práticas pagãs muçulmanas, arraigadas
nas florestas e nas regiões desérticas da Cristandade ocidental.

e) a expansão econômica islâmica caracterizou-se pela ampliação das fronteiras de cultivo, em detrimento
das florestas, em um movimento inverso àquele verificado no Ocidente medieval.
38)(FUVEST 2011)

Se o Ocidente procurava, através de suas invasões sucessivas, conter o impulso do Islã, o resultado foi
exatamente o inverso.

Amin Maalouf, As Cruzadas vistas pelos árabes. São Paulo: Brasiliense, p.241, 2007.
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Um exemplo do “resultado inverso” das Cruzadas foi a

a) difusão do islamismo no interior dos Reinos Francos e a rápida derrocada do Império fundado por Carlos
Magno.

b) maior organização militar dos muçulmanos e seu avanço, nos séculos XV e XVI, sobre o Império Romano
do Oriente.
c) imediata reação terrorista islâmica, que colocou em risco o Império britânico na Ásia.

d) resistência ininterrupta que os cruzados enfrentaram nos territórios que passaram a controlar no Irã e
Iraque.

e) forte influência árabe que o Ocidente sofreu desde então, expressa na gastronomia, na joalheria e no
vestuário.
39)(FUVEST – 1998)

Durante muito tempo desconhecidos na Europa medieval, os textos de Aristóteles se difundiram a partir
do século XII. Suas obras chegaram ao ocidente europeu por intermédio

a) de manuscritos gregos, preservados na Biblioteca do Vaticano e, durante longo tempo, mantidos em


segredo pela Igreja.

b) dos monges beneditinos da Europa continental, que preservaram a cultura clássica em seus mosteiros.

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c) de sacerdotes bizantinos, que frequentavam as cortes reais da Europa e as grandes cidades do Ocidente.

d) dos centros de cultura muçulmanos, sobretudo da península ibérica, cujos manuscritos, em árabe,
foram traduzidos para o latim.

e) dos venezianos e cavaleiros de França, que atacaram Constantinopla em 1204 e de lá trouxeram os


manuscritos originais.
40)(FUVEST 1987)

Do Grande Cisma, sofrido pelo Cristianismo no século XI, resultou:

a) o estabelecimento dos tribunais de Inquisição pela Igreja Católica.

b) a Reforma Protestante, que levou à quebra da unidade da Igreja Católica na Europa Ocidental.

c) a heresia dos Albigenses, condenada pelo Papa Inocêncio II.

d) a divisão da Igreja em Católica Romana e Ortodoxa Grega.

e) a "Querela das Investiduras", que proibia a investidura de clérigos por leigos.


41)(FUVEST – 1981)

Entre os fatores citados abaixo, assinale aquele que não concorreu para a difusão da civilização bizantina
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na Europa Ocidental:

a) Fuga dos sábios bizantinos para o Ocidente, após a queda de Constantinopla.

b) Expansão da Reforma Protestante, que marcou a quebra da unidade da Igreja Católica.

c) Divulgação e estudo da legislação de Justiniano, conhecida como Corpus Juris Civilis.

d) Intercâmbio cultural ligado ao movimento das Cruzadas.

e) Contatos comerciais das repúblicas marítimas italianas com os portos bizantinos nos mares Egeu e
Negro.
42)(FUVEST – 1982)

A "Querela das Investiduras" foi um conflito instaurado entre:

a) os Papas e os Imperadores do Sacro Império Romano-Germânico.

b) os senhores feudais e os cavaleiros.

c) as ordens religiosas e os Patriarcas de Constantinopla.

d) os monges de Cluny e o Papa Gregório VII.

e) os gibelinos e o Imperador Henrique IV.


43)(FUVEST – 1989)

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A tentativa de reunificação política da Europa ocidental realizada pelo Império Carolíngio na primeira
metade do século IX, fracassou devido:

a) às contradições entre os ideais do universalismo cristão e os do particularismo tribal germânico.

b) às invasões dos vikings, muçulmanos e húngaros, que partilharam o Império entre si.

c) à falta de uma estrutura econômica mais sólida, pois sua produção agrícola insuficiente tornava-o
dependente do exterior.

d) ao Renascimento Carolíngio, que negava o espírito unitário defendido pelo imperador.

e) ao excessivo respeito de Carlos Magno às tradições das diversas províncias que compunham o Império.
44)(FUVEST – 2010)

“A instituição das corveias variava de acordo com os domínios senhoriais, e, no interior de cada um, de
acordo com o estatuto jurídico dos camponeses, ou de seus mansos [parcelas de terra].”

Marc Bloch. Os caracteres originais da França rural, 1952.

Esta frase sobre o feudalismo trata

a) da vassalagem.
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b) do colonato.

c) do comitatus.

d) da servidão.

e) da guilda.
45)(FUVEST – 2005)

Na representação que a sociedade feudal, da Europa Ocidental, deixou de si mesma (em textos e em
outros documentos não escritos),

a) os nobres, por guerrearem, ocupavam o primeiro lugar na escala social.

b) as mulheres, quando ricas, ocupavam um alto lugar na escala social.

c) os clérigos, por orarem, ocupavam o segundo lugar na escala social.

d) os burgueses, por viverem no ócio, ocupavam um lugar médio na escala social.

e) os camponeses, por labutarem, ocupavam o último lugar na escala social.


46)(FUVEST 1993)

“O Feudalismo medieval nasceu no seio de uma época infinitamente perturbada. Em certa medida, ele
nasceu dessas mesmas perturbações. Ora, entre as causas que contribuíram para criar ou manter um

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ambiente tão tumultuado, algumas existiram completamente estranhas à evolução interior das
sociedades europeias." (Marc Bloch, A SOCIEDADE FEUDAL)

O texto refere-se:

a) às invasões dos turcos, lombardos e mongóis que a Europa sofreu nos séculos IX e X, depois do
esfacelamento do Império Carolíngio.

b) às invasões prolongadas e devastadoras dos sarracenos, húngaros e vikings na Europa, nos séculos IX e
X (ao Sul, Leste e Norte respectivamente), depois do esfacelamento do Império Carolíngio.

c) às lutas entre camponeses e senhores no campo e entre trabalhadores e burgueses nas cidades,
impedindo qualquer estabilidade social e política.

d) aos tumultos e perturbações provocadas pelas constantes fomes, pestes e rebeliões que assolavam as
áreas mais densamente povoadas da Europa.

e) à combinação de fatores externos (invasões e introdução de novas doutrinas e heresias) e internos


(escassez de alimentos e revoltas urbanas e rurais).
Comentário
Nesta questão você precisa de dois conhecimentos importantes do que vimos até aqui: 1- os
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fluxos migratórios dos povos bárbaros; 2 – o entendimento macro do que ocorreu entre o século
V e IX, em outras palavras, as “perturbações” a que o texto se refere. Sobre o ponto 1, fluxos
migratórios dos bárbaros, as invasões, volte nos mapas da aula e repare que o momento do
esfacelamento do Império Carolíngio está relacionado ao segundo ciclo de invasões bárbaras,
no qual havia os vikings. Sobre o segundo conhecimento, o texto deixa claro que quer alguma
“causa” externa quando afirma “algumas existiram completamente estranhas à evolução
interior das sociedades europeias”. Dentre as causas “externas” vimos que, de fato, as invasões
bárbaras assumiram importância histórica significativa.
Gabarito: B
47)(FUVEST – 1996)

Sobre o feudalismo no Ocidente, é correto afirmar que:

a) nasceu na Idade Média, mas sobreviveu ao fim desta época, como demonstram sua difusão pelas
Américas, espanhola e portuguesa, e sua permanência na Europa, ao longo do período moderno.

b) seu período de incubação, entre os séculos IV e VIII, e de decadência, entre os séculos XIV e XVI, foram
quase tão longos, quanto seu próprio período de plenitude (séculos IX e XIII).

c) não tria se desenvolvido, não fossem a expansão árabe e, depois, a presença das demais civilizações
orientais, que obrigaram a Europa a se isolar e construir sua própria identidade.

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d) foi um sistema não original, pois também existiu em lugares como a Ásia Menor, durante o Império
Bizantino, certas regiões da África, antes da colonização, e no Japão, na era Tokugawa.

e) foi um modo de produção inferior ao escravista romano, pois, se este produziu a riqueza do Império,
aquele muito pouco teve a ver com a riqueza das cidades da Baixa Idade Média.
48)(FUVEST 1992)

O sistema feudal caracterizava-se:

a) pela inexistência do regime de propriedade da terra, predomínio da economia de comércio e


organização da propriedade pública.

b) pelo cultivo da terra por escravos com produção intensiva e grandes benefícios para os vassalos.

c) pela aplicação do sistema assalariado e trabalho forçado dos vilões nas pequenas propriedades
senhoriais.

d) pela divisão da terra em pequenas propriedades e utilização de técnicas avançadas de cultivo.

e) pela propriedade senhorial da terra, regime de trabalho servil e bases essencialmente agrárias.
49)(FUVEST – 1980)
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Qual das caraterísticas abaixo não se refere ao Feudalismo na Europa Ocidental?

a) organização econômica baseada na produção agrária

b) regime de trabalho servil

c) estrutura social rigidamente estratificada

d) predomínio da economia de subsistência

e) centralização do poder político


50)(FUVEST 2001)

A economia da Europa ocidental, durante o longo intervalo entre a crise do escravismo, no século lII, e a
cristalização do feudalismo, no século IX, foi marcada pela

a) depressão, que atingiu todos os setores, provocando escassez permanente e fomes intermitentes.

b) expansão, que ficou restrita à agricultura, por causa do desaparecimento das cidades e do comércio.

c) estagnação, que só poupou a agricultura graças à existência de um numeroso campesinato livre.

d) prosperidade, que ficou restrita ao comércio e ao artesanato, insuficientes para resolver a crise agrária.

e) continuidade, que preservou os antigos sistemas de produção, impedindo as inovações tecnológicas.


51)(FUVEST 1998)

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"Assim, pois, a cidade de Deus que é tomada como una, na realidade tripla. Alguns rezam, outros lutam,
outros trabalham. As três ordens vivem juntas e não podem ser separadas. Os serviços de cada uma dessas
ordens permitem os trabalhos das outras duas e cada uma por sua vez presta apoio às demais ".

O trecho anterior, escrito em 998 d.C., representa

a) um ataque à representação do Deus uno, defendida pelos monofisistas.

b) uma justificativa funcional das diferenças sociais no mundo medieval.

c) um retorno às concepções de Santo Agostinho, que opunha à cidade de Deus a cidade dos homens.

d) uma descrição da estrutura social de Roma, sede do papado e considerada a cidade de Deus.

e) uma crítica à desigualdade entre os homens, pois estes são considerados iguais perante Deus.
52)(FUVEST – 1993)

"O Feudalismo medieval nasceu no seio de uma época infinitamente perturbada. Em certa medida, ele
nasceu dessas mesmas perturbações. Ora, entre as causas que contribuíram para criar ou manter um
ambiente tão tumultuado, algumas existiram completamente estranhas à evolução interior das
sociedades europeias."
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(Marc Bloch, A sociedade feudal)

O texto refere-se:

a) às invasões dos turcos, lombardos e mongóis que a Europa sofreu nos séculos IX e X, depois do
esfacelamento do Império Carolíngio.

b) às invasões prolongadas e devastadoras dos sarracenos, húngaros e vikings na Europa, nos séculos IX e
X (ao Sul, Leste e Norte respectivamente), depois do esfacelamento do Império Carolíngio.
c) às lutas entre camponeses e senhores no campo e entre trabalhadores e burgueses nas cidades,
impedindo qualquer estabilidade social e política.

d) aos tumultos e perturbações provocadas pelas constantes fomes, pestes e rebeliões que assolavam as
áreas mais densamente povoadas da Europa.

e) à combinação de fatores externos (invasões e introdução de novas doutrinas e heresias) e internos


(escassez de alimentos e revoltas urbanas e rurais).
53) (FUVEST 2003)

Perto do ano 1000, manifestações de medo foram verificadas em todo o Ocidente, como se o fim do
milênio trouxesse consigo o fim dos tempos. Tal situação deve ser entendida como

a) manifestação da crescente religiosidade que caracterizava a sociedade feudal.

b) indício do crescente analfabetismo das camadas populares e diminuição da religiosidade clerical.

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c) decorrência da tomada do Império Bizantino pelos muçulmanos do norte da África. d) traço típico de
uma sociedade em transição que se tornava mais clerical e menos guerreira.

e) característica do momento de centralização política e de formação das monarquias nacionais.


54)(FUVEST 2012)

A palavra “feudalismo” carrega consigo vários sentidos. Dentre eles, podem-se apontar aqueles ligados a

a) sociedades marcadas por dependências mútuas e assimétricas entre senhores e vassalos.

b) relações de parentesco determinadas pelo local de nascimento, sobretudo quando urbano.

c) regimes inteiramente dominados pela fé religiosa, seja ela cristã ou muçulmana.

d) altas concentrações fundiárias e capitalistas.

e) formas de economias de subsistência pré-agrícolas.


55)(FUVEST – 1983)

Para moer o trigo e assar o pão, o camponês dependia do uso do moinho e do forno, de propriedade do
senhor feudal, por isso pagava um imposto, em espécie, chamado de:

a) censo.
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b) banalidades.

c) talha.

d) corveia.

e) mão morta.
56)(FUVEST 2006)

Segundo o historiador Robert S. Lopez ("A Revolução Comercial da Idade Média 950-1350"), "o estatuto
dos construtores das catedrais medievais representava um grande progresso relativamente à condição
miserável dos escravos que erigiram as Pirâmides e dos forçados que construíram os aquedutos romanos".
As catedrais medievais foram construídas por

a) artesãos livres e remunerados.

b) citadinos voluntários trabalhando em mutirão.

c) camponeses que prestavam trabalho gratuito.

d) mão de obra especializada e estrangeira.

e) servos rurais recompensados com a liberdade.


57)(FUVEST – 1990)

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A proliferação das universidades medievais, no século XIII, responsável por importantes transformações
culturais, está relacionada:

a) ao Renascimento cultural promovido por Carlos Magno e pelos homens cultos que trouxe para sua
corte.

b) à invenção da imprensa que possibilitou a reprodução dos livros a serem consultados por mestres e
alunos.

c) à importância de se difundir o ensino do latim, língua utilizada pela Igreja para escrever tratados
teológicos, cartas e livros.

d) ao crescimento do comércio, ao desenvolvimento das cidades e às aspirações de conhecimentos da


burguesia.

e) à determinação de eliminar a ignorância e o analfabetismo da chamada Idade das Trevas.


58)(FUVEST – 1988)

As Cruzadas representaram para a sociedade feudal:

a) uma aventura militar que levou a Cristandade a perder importantes territórios e a conhecer a Peste
Negra.
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b) uma saída para o excedente populacional e a satisfação da necessidade espiritual da peregrinação a


Jerusalém.

c) um movimento nobiliárquico que ao reforçar o feudalismo atrasou a centralização política em dois


séculos.

d) um reforço importante no prestígio da Ordem Dominicana, que as idealizou, organizou, financiou e,


teoricamente, comandou.
e) uma abertura para o exterior, responsável pela entrada na Europa de elementos da cultura clássica,
como o gótico e a escolástica.
59)(FUVEST 2007)

"Os cristãos fazem os muçulmanos pagar uma taxa que é aplicada sem abusos. Os comerciantes cristãos,
por sua vez, pagam direitos sobre suas mercadorias quando atravessam o território dos muçulmanos. O
entendimento entre eles é perfeito e a equidade é respeitada."

Ibn Jobair, em visita a Damasco, Síria, 1184. In: Amin Maalouf, 1988.

Com base no texto, pode-se afirmar que, na Idade Média,

a) as relações comerciais entre as civilizações do Ocidente e do Oriente eram realizadas pelos judeus e
bizantinos.

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b) o conflito entre xiitas e sunitas pôs a perder o florescente comércio que se havia estabelecido
gradativamente entre cristãos e muçulmanos.

c) o comércio, entre o Ocidente cristão e o Oriente islâmico, permaneceu imune a qualquer interferência
de caráter político.

d) a Península Ibérica desempenhou o papel de centro econômico entre os mundos cristão e islâmico por
ser a única área de contato entre ambos.

e) as cruzadas e a ocupação da Terra Santa pelos cristãos engendraram a intensificação das relações
comerciais entre cristãos e muçulmanos.
60)(FUVEST 2014)

Durante muito tempo, sustentou-se equivocadamente que a utilização de especiarias na Europa da Idade
Média era determinada pela necessidade de se alterar o sabor de alimentos apodrecidos, ou pela opinião
de que tal uso garantiria a conservação das carnes.

A utilização de especiarias no período medieval

a) permite identificar a existência de circuitos mercantis entre a Europa, a Ásia e o continente africano.

b) demonstra o rigor religioso, caracterizado pela condenação da gastronomia e do requinte à mesa.


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c)revela a matriz judaica da gastronomia medieval europeia.

d)oferece a comprovação da crise econômica vivida na Europa a partir do ano mil.

e) explicita o importante papel dos camponeses dedicados a sua produção e comercialização.


61)(FUVEST 2015)

A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das trocas econômicas que recorrem sempre mais a um
meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro econômico, a cidade é também um centro de poder. Ao
lado do e, às vezes, contra o poder tradicional do bispo e do senhor, frequentemente confundidos numa
única pessoa, um grupo de homens novos, os cidadãos ou burgueses, conquista “liberdades”, privilégios
cada vez mais amplos.

GOFF Jacques Le. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado.

O texto trata de um período em que

a) os fundamentos do sistema feudal coexistiam com novas formas de organização política e econômica,
que produziam alterações na hierarquia social e nas relações de poder.

b) o excesso de metais nobres na Europa provocava abundância de moedas, que circulavam apenas pelas
mãos dos grandes banqueiros e dos comerciantes internacionais.

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c) o anseio popular por liberdade e igualdade social mobilizava e unificava os trabalhadores urbanos e
rurais e envolvia ativa participação de membros do baixo clero.

d) a Igreja romana, que se opunha ao acúmulo de bens materiais, enfrentava forte oposição da burguesia
ascendente e dos grandes proprietários de terras.

e) as principais características do feudalismo, sobretudo a valorização da terra, haviam sido


completamente superadas e substituídas pela busca incessante do lucro e pela valorização do livre
comércio.

7. Gabarito
A A
D A
D B
C B
C D
C E
E C
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C C
A B
C B
A D
E D
B B
C A
B A
C D
B E
C B
E B
C E
D E
A A
C B
A B
A A
C A
D B
B A

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D A
B A
E

8. Questões Comentadas
1) (Espcex (Aman) 2017)

O século X é caracterizado, na Europa, pela desestruturação do Império Carolíngio e pelas invasões de


outros povos. Esta situação acabou intensificando um processo de ruralização já em andamento e a
procura da proteção militar oferecida pelos nobres e guerreiros, por parte das pessoas pobres ou com
menos recursos. Era o início do que ficou conhecido como feudalismo. As instituições feudais se
originaram de elementos romanos e germânicos.

São elementos germânicos:

a) economia agropastoril, comitatus, beneficiun.

b) comitatus, fragmentação do poder político, beneficiun.


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c) colonato, comitatus, fragmentação do poder político.

d) comitatus, beneficiun, colonato.

e) fragmentação do poder político, economia agropastoril, beneficiun.


Comentários:
O alvorecer da Idade Medieval está marcado por um ato inaugural: as invasões bárbaras,
afirma o professor Jacques Le Goff, no seu livro A Civilização do Ocidente Medieval28. Assim,
se as ocupações germânicas são o ato inicial desse processo, como afirmam os medievalistas,
teremos a missão de estudar a formação dos reinos bárbaros procurando os elementos que
impulsionam a formação do mundo feudal!
Assim, para Le Goff, o mundo medieval nasceu sobre as ruínas do mundo romano, pois
Roma teria alimentado o surgimento do Idade Média29. Esse estudioso e vários outros
medievalistas, como Giorgani, defendem a tese de que:

“A invasão é o fato inicial da Idade Média. Nenhum fato da mesma amplitude ou de consequências comparáveis
se produziu depois, e a História subsequente, entendida corretamente, nada mais foi que a evolução da sociedade

28
LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editorial Estampa. Vl. 1. 1983, p. 29.
29
LE GOFF, Jacques, Idem. p. 27.

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resultante da invasão. É necessário entender por invasão a compenetração desses dois elementos até então
separados: o civilizado grego ou latino, helenizado ou latinizado, e o bárbaro recém-chegado sobre o solo
imperial.” (GIORGANI, 1968, p.21).

Veja, segundo o argumento acima, o ato inicial não é simplesmente a chegada dos povos
não-romanos em terras do Império Romano, mas a compenetração e fusão destes dois
elementos: romanos e germânicos.
No mesmo sentido, o professor inglês Perry Anderson, no seu livro Passagens da
Antiguidade ao Feudalismo30, elabora a tese de que a ordem feudal, ou o mundo feudal, foi a
síntese da interação entre os modos de vida dos romanos e dos germânicos.

Conclusão: Essa interação se deu em um contexto de decadência dos dois modos de vida. Nem
romanos e nem germânicos podiam mais sustentar seus velhos padrões de reprodução material
e subjetiva a partir do século V. Era preciso buscar superar suas crises! Ambos estavam nessa
busca.

Característica típicas do Feudalismo, como a ruralização, a vassalagem e a servidão tiveram


origem em hábitos germânicos, como os apresentados na alternativa
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Gabarito: A
2) (Espcex (Aman) 2017)

A crise do sistema feudal motivou uma série de mudanças sociais e culturais com o revigoramento do
comércio e das cidades, entre os séculos XI e XIII, na Europa. Nas alternativas abaixo, assinale aquela que
se relaciona com o surgimento da burguesia.

a) Os avanços tecnológicos adotados na agricultura não foram suficientes para ampliar o comércio de
alimentos, incentivando a produção e comercialização de bens manufaturados.

b) A intensificação das invasões bárbaras motivou o surgimento de cidades fortificadas onde a prática
comercial era intensa.

c) A Peste Negra, por ser mais facilmente combatida nas cidades, onde havia melhores condições de
higiene, fez com que as cidades multiplicassem suas populações e ampliassem as trocas comerciais.

30
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.

AULA 00 – História Geral 106


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d) O crescimento do comércio com o Oriente e o surgimento de feiras nas principais rotas comerciais da
Europa favoreceram o estabelecimento de uma nova classe social de mercadores e artesãos, assim como
o surgimento de várias cidades no interior europeu.

e) O advento da Guerra Santa desmotivou as práticas comerciais entre os artesãos e os organizadores das
Cruzadas, em função de sérias ameaças às rotas comerciais no Oriente, limitando o comércio ao
continente europeu.
Comentários:
Durante a ocorrência das Cruzadas, as rotas entre Ocidente e Oriente foram reabertas, o que fez ressurgir
o comércio entre essas partes. Junto com a volta do comércio, as cidades também renasceram e as feiras
comerciais voltaram a acontecer. Tudo isso serviu de base para o surgimento de uma nova classe social
que passou a se dedicar a esse comércio renascido: a burguesia.
Gabarito: D
3) (Espcex (Aman) 2016)

Os fragmentos de texto abaixo foram extraídos de VICENTINO e DORIGO (2011) e se referem à Igreja
Medieval.

I. Pouco a pouco, a Igreja foi “se transformando na maior proprietária de terras da Idade Média e
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construindo fortes vínculos com a estrutura feudal”.

II. Viviam afastados das tentações do mundo por meio do isolamento em abadias e de votos de castidade,
pobreza e silêncio. Com o tempo, num mundo em que uma restrita minoria era alfabetizada, as igrejas,
os mosteiros e as abadias converteram-se nos principais centros da cultura letrada.

III. Viviam apegados aos bens materiais e em contacto com a sociedade, a terra, a administração e a
exploração das riquezas.

IV. A proibição de casamento rigorosamente aplicada a partir do Século XI liberava os padres dos
compromissos conjugais e contribuía, além disso, para a manutenção do patrimônio eclesiástico feudal,
ao evitar a divisão entre possíveis herdeiros dos membros do clero.

Os fragmentos I, II, III e IV referem-se, respectivamente, ao

a) poder temporal, clero secular, clero regular e celibato clerical.

b) celibato clerical, clero regular, clero secular e poder temporal.

c) clero secular, celibato clerical, poder temporal e clero regular.

d) poder temporal, clero regular, clero secular e celibato clerical.

e) clero regular, clero secular, poder temporal e celibato clerical.


Comentários:
A questão remete ao mundo europeu durante o medievo. A sequência correta é:

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[I] Poder Temporal


[II] Clero Regular
[III] Clero Secular:
[IV] Celibato Clerical
Gabarito: D
4) (Espcex (Aman) 2016)

Os últimos anos do século X foram marcados, na Europa Ocidental, pela diminuição das invasões bárbaras
e pela queda da mortandade por epidemias. Tais fatos geraram estabilidade e crescimento demográfico.
A partir do século XI, o continente experimentaria profundas transformações que levariam ao que se
conhece como Renascimento Comercial.

Com relação ao acima exposto, é correto afirmar que

a) o Iluminismo gerou uma mentalidade de busca pela prosperidade material, o que levou ao incremento
de práticas comerciais.

b) o restabelecimento de rotas comerciais com a Oceania favoreceu o estabelecimento de novas empresas


de comércio na Europa.
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c) os avanços tecnológicos elevaram a quantidade da produção agrícola e o excedente passou a ser


vendido.

d) as Cruzadas impediram a circulação de mercadorias entre o Ocidente e o Oriente.

e) a intensificação do comércio provocou o enfraquecimento de feiras regulares nos cruzamentos das


rotas comerciais.
Comentários:
A questão remete ao início da Baixa Idade Média. O texto aponta para o fim das invasões bárbaras na
Europa no século X e ao crescimento demográfico que ocorreu em seguida, gerando a necessidade de
aumentar a produção de alimento. Daí surgiu a “Revolução Agrícola” com novas técnicas de plantio e
desmatamento. Neste contexto surgiram o “Renascimento Comercial e Urbano”, a crise feudal, as
Cruzadas, a burguesia e o desenvolvimento do comércio.
Gabarito: C
5) (Espcex (Aman) 2015)

Uma das características que podemos reconhecer no sistema feudal europeu

a) é a organização da sociedade feudal em dois grupos bem definidos: os senhores e os escravos.

b) são os ideais de honra e fidelidade oriundos da sociedade islâmica.

c) é a obrigação anual de corveia e o pagamento da talha e banalidades como obrigações de servos aos
senhores feudais.

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d) é o dinamismo econômico, voltado para o comércio entre feudos vizinhos.

e) são as relações escravocratas de produção.


Comentários:
A questão remete ao sistema feudal que ocorreu na Europa ao longo da Idade Média. Tal
sistema foi caracterizado pela descentralização na política, por uma sociedade estamental com
três grupos clero, nobreza e servos, uma cultura cristã teocêntrica e uma economia agrária, de
subsistência com baixa produção. Somente os servos trabalhavam para manter a base material
da sociedade pagando muitos impostos como a corveia (único imposto pago em trabalho),
banalidades (pagar para utilizar os instrumentos que existiam no feudo), a talha, a mão morta,
tostão de pedro, entre outros. As demais alternativas estão incorretas. Não havia dinamismo
na economia. As relações sociais de produção eram servis e não escravocratas.
Gabarito: C
6) (Espcex (Aman) 2014)

“O feudalismo foi a forma de organização política, social e econômica dominante na Europa Ocidental
durante a Idade Média.”

(AZEVEDO & SERIACOPI, 2007)


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Abaixo estão redigidas algumas afirmações:

I. Os servos da gleba viviam sob o domínio dos senhores feudais.


II. Declínio das atividades rurais e fortalecimento das atividades comerciais urbanas.
III. Sociedade rigidamente hierarquizada, mas com grande mobilidade entre as classes.
IV. Poder político fragmentado entre senhores feudais e o rei.
V. Grandes senhores de terras e alto clero ocupavam o topo da sociedade.

Assinale a alternativa que lista unicamente características do feudalismo.

a) I, II e III.

b) II, III e V.

c) I, IV e V.

d) III, IV e V.

e) I, III e V.
Comentários:
[II] INCORRETA. As atividades rurais eram a base da economia feudal;
[III] INCORRETA. Não havia praticamente nenhuma mobilidade social no Feudalismo.
Gabarito: C

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7) (Espcex (Aman) 2013)

O período conhecido por Idade Média prevaleceu na Europa desde a queda do Império Romano ocidental
(Séc. V) até a queda de Constantinopla (Séc. XV). Nesse período, o sistema vigente era o feudal.

Leia atentamente os itens abaixo:

I. Fortalecimento do poder real e enfraquecimento dos poderes locais;

II. Declínio das atividades comerciais urbanas e fortalecimento da vida rural;

III. Uso generalizado de trabalho escravo no campo;

IV. Os nobres estavam obrigados a pagarem aos seus servos uma pequena indenização, que passou a ser
conhecida por banalidade;

V. Existência de vínculos pessoais entre os nobres mais poderosos e os nobres mais fracos (suserania e
vassalagem).

Assinale a única alternativa que apresenta todos os itens com características desse período.

a) I e II

b) II e IV
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c) III e V

d) I e IV

e) II e V
Comentários:
Uma das características do feudalismo foi a descentralização do poder, com o fortalecimento
do poder local, ou seja, dos senhores feudais, em detrimento do poder real. A economia
essencialmente agrária estava baseada no trabalho servil, realizado pelo camponês livre – não
escravo –porém “preso à terra” por um conjunto de obrigações costumeiras, como a corveia, a
talha e as banalidades; esta última uma obrigação paga pelo servo ao senhor feudal, em
produtos, como taxas pela utilização de recursos como moinho e fornalha. No interior da elite,
a nobreza, as relações pessoais se fortaleceram e se estabeleceram os lações de suserania e
vassalagem, sempre entre nobres.
Gabarito: E
8) (Espcex (Aman) 2011)

Durante o feudalismo na Europa Ocidental, uma série de obrigações submetia servos e vilões aos seus
senhores. Uma delas era a banalidade, que consistia na(o)

a) prestação de serviços gratuitos no campo do senhor em alguns dias da semana.


b) entrega de parte da produção agrícola ou do rebanho do servo ao senhor.

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c) pagamento de taxas ao senhor pelo uso de instalações do feudo, como o moinho, o forno, o celeiro,
bem como outras instalações.

d) pagamento de tributo pela família de um servo morto para que seus herdeiros mantivessem a posse
da terra.

e) pagamento de uma taxa ao senhor, correspondente ao número de pessoas que o servo mantinha sob
sua responsabilidade.
Comentários:
Os principais tributos devidos pelo servo ao senhor feudal eram a corveia, paga com trabalho
no domínio senhorial, e a Talha, paga com metade da produção que o servo obtinha em seu
lote. As banalidades eram a terceira obrigação em termos de importância e representavam
menos de 10% daquilo que os servos deviam ao senhor.
Gabarito: C
9) (Espcex (Aman) 2011)

O período conhecido por Baixa Idade Média estendeu-se dos séculos X ao XV e foi marcado por profundas
transformações, entre elas o renascimento comercial. É correto afirmar que essa transformação esteve
relacionada com
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a) a formação das feiras, que eram pontos de comércio temporário, tendo-se destacado inicialmente as
regiões de Champanhe e, posteriormente, a região de Flandres.

b) o aparecimento de um novo grupo social, os mercadores, que passaram a ocupar o lugar da nobreza
na sociedade estamental durante toda a Idade Moderna.

c) o reaparecimento da moeda e das transações financeiras, que ficaram limitadas às cidades italianas,
mais próximas do mercado oriental.

d) o surgimento de hansas ou ligas, poderosas associações de comerciantes, cujos interesses se chocavam


com os dos nobres, que percebiam nas atividades daquelas uma ameaça à segurança das cidades destes.

e) o surgimento do movimento comunal, uma disputa entre senhores feudais e burgueses, em torno das
taxas de impostos cobrados sobre as atividades comerciais realizadas nos feudos.
Comentários
As feiras medievais eram áreas de comércio que se desenvolveram principalmente no
cruzamento das principais rotas, mas também nas proximidades de grandes castelos e centros
religiosos, locais de grande aglomeração humana. Eram temporárias e as principais feiras se
realizaram na região que ligava o norte da Itália à região de Flandres. A nova classe de
mercadores não ocupou o lugar da nobreza, que se manteve como elite; as moedas, apesar de
restritas, circulavam nas mãos da alta nobreza e do alto clero; o crescimento da cidade não era
entendido como ameaça a atividade rural, assim como as disputas que ocorreram, como o

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“movimento comunal”, tinha fundo político e não necessariamente econômico.


Gabarito: A
10)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

Enquanto uma unidade produtiva autossuficiente, o feudo possuía uma organização do dia a dia muito
particular. Nesse sentido, a alternativa que expressa corretamente uma característica presente do manso
senhorial é:

a) as atividades comerciais se desenvolviam nas terras do manso senhorial.

b) neste manso, as relações cavalheirescas se desenvolviam com exclusividade e estavam limitadas por
este território.

c) no manso senhorial estavam o moinho, o forno e a Igreja.

d) a produção agrícola desta área era destinada ao pagamento das taxas do servo ao senhor.

e) o manso senhorial era o espaço comum dos servos, do clero e da família do senhor feudal.
Comentários
Ao longo do tempo, para que o feudo se tornasse uma unidade produtiva autossuficiente, ele
foi organizado de maneira que cada um dos seus espaços cumprisse uma função determinada
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e, assim, pudesse ser ocupado por grupos sociais específicos. Veja a imagem abaixo:
Feudo. Mansos

A partir da imagem,
podemos identificar
alguns lugares
chamados de mansos.
Veja que em cada
espaço existem
relações de produção e
sociais específicas.
Atente para o fato de
que podemos
estabelecer uma série
de ligações entre
economia, sociedade e
política no feudo.

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Aproveito este comentário para deixar um conhecimento muito importante para seus estudos.
Acompanha comigo:
O feudo é o lugar, no feudalismo, onde tudo acontecia. Os grandes historiadores, como Perry
Anderson e Jacques Le Goff, costumam defini-lo como “unidade produtiva autossuficiente”.
Olha que definição interessante. Vamos nos debruçar um pouco sobre ela?
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O feudalismo é o único sistema político econômico e social no qual o espaço físico é, ao mesmo
tempo, a unidade produtiva e o lugar onde as pessoas moram, rezam, trabalham, festejam,
casam-se, celebram a vida e a morte. Por isso, os historiadores chamam o feudo de unidade
produtiva – porque é nele que tudo se produz ou toda forma de riqueza se constitui. E é
autossuficiente porque além de servir para produzir serve também para outras atividades
sociais, políticas, culturais e religiosas necessárias para a vida em sociedade. Para você
comparar, é como se, no capitalismo, tudo ocorresse dentro de uma fábrica. A fábrica é uma
unidade produtiva porque produz mercadorias, mas não é autossuficiente. Sacou?
Diante desses elementos, vamos às alternativas:
a) falsa, pois os feudos eram locais essencialmente agrícolas, sendo que o comércio era
desenvolvido nos burgos, isto é, um local de concentração de pessoas – em geral em zonas
litorâneas e em pontos específicos de rotas comerciais – que formarão o que conhecemos
como cidades.
b) falso, pois, apesar de as relações cavalheirescas, com destaque para as relações de
vassalagem, existirem no mundo feudal, essas relações não estavam limitadas ao manso
senhorial. Na verdade, por se uma relação social entre pessoas da nobreza, vassalos e
senhores se relacionavam no conjunto das terras do feudo e para além delas. Basta
pensarmos nas situações de conflitos físico-militares.
c) correto, é o nosso gabarito. Vimos no esquema acima que, dentro da divisão dos
mansos, no manso do senhor (o “dono” da parada) ficavam os principais bens.

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d) falso, pois os servos plantavam no manso servil e, fruto dessa colheita, é que pagavam
tributos.
e) falso, pois o manso comum é que era o espaço comum.
Gabarito: C
11)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

No Norte da Europa, na região onde hoje é a Bélgica, Holanda e Países Baixos, um importante lugar do
reflorescimento comercial se desenvolveu entre o fim da Idade Média e o início do renascimento
comercial. Ali se estabeleceu a chamada Rota Comercial do Norte. Essa rota se desenvolveu por meio da
ligação de várias associações de mercadores dessa região, os quais eram denominados

a) Liga Hanseática.

b) Liga de Delos.

c) Liga dos Mercadores.

d) Liga Bancária.

e) Liga dos Burgos.


Comentários
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A Liga Hanseática foi fundada no século XIII por mercadores germânicos das regiões de
Hamburgo, Lubeck, Brêmen, Dantizig, Brugues, Rostock. Durante a Baixa Idade Média se
constituiu como uma potência comercial europeia. Mas, era mais que isso. No século XV, era
uma confederação político-econômica que reunia quase 60 cidades, possuía uma das maiores
frotas marítimas, exército e governo centralizado. A Liga agrupou os príncipes burgueses. Eles
formaram as monarquias europeias mais dinâmicas e, com isso, impulsionaram o comércio
marítimo e as reformas políticas e religiosas da Época Moderna.

Sobre esse assunto é importante entendermos os pontos comerciais na Europa durante o


Renascimento Comercial. É possível perceber que existiam dois polos comerciais na Europa:

1- Italiano 2- Germânico

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Essas duas rotas eram marítimas e contavam com


vários portos que eram a porta de entrada para o
continente. A ligação entre as regiões desses dois
polos se dava uma série de rotas terrestres, como
também observamos nos mapas. Nos principais
pontos de cruzamento dessas vias os mercadores
e artesãos se encontravam para
articularem seus negócios, realizarem
trocas e oferecer seus produtos. Assim,
surgiram as FEIRAS.
O desenvolvimento das atividades
mercantis tornou as relações de troca mais
complexas. Isso significou que foi necessário a
utilização da moeda em larga escala para mediar as trocas. Nesse processo, apareceu uma
importante instituição: as Casas Bancárias.
Inicialmente, elas tinham a função de uma casa de câmbio (sabe aqueles lugares que as
pessoas trocam seu dinheiro quando chegam em outro país? Era isso!). Posteriormente, com o
aumento do volume de negócios, as casas bancárias também viraram casas de depósito – lugar
onde as pessoas poderiam guardar seu dinheiro. Não demorou muito para que as casas
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bancárias também começassem a emprestar dinheiro à juros. Assim, cambistas viraram


banqueiros. Essa atividade foi desenvolvida especialmente por judeus, pelo fato de não serem
cristãos e não terem problema com a questão da usura – prática condenada pela Igreja Católica.
Diante desse contexto, chegamos ao gabarito na alternativa A.
b) Liga de Delos se refere a um conteúdo da Antiguidade Clássica um conteúdo que não cai na
prova do EsPCEx.
c), d) e e) são nomes de Ligas fictícios, inventados, mas que, de certo modo, estão relacionados
a segmentos sociais do período. De fato, naquele tempo havia mercadores, havia a atividade
bancária e havia os Burgos (as futuras cidades).
Gabarito: A
12)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

Mas, na viragem do século XIII para o século XIV, a Cristandade não só parou como encolheu. Não houve
novos desbravamentos, novas conquistas de solo, e as terras marginais, que tinham sido cultivadas sob a
pressão demográfica e na mira da expansão, foram abandonadas porque o rendimento que davam era,
na verdade, muito baixo. [...] A curva demográfica inflete e começa a descer. (idem, p. 141)

O texto do enunciado faz referência a uma das crises do século XIV na Europa, a qual resultou em um
impacto demográfico negativo. Trata-se da crise

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a) da guerra

b) monetária.

c) climática.

d) da peste negra.

e) de fome.
Comentários
No contexto do que ficou conhecida como a crise do século XIV a historiografia costuma
associar este século a um tripé de eventos: a fome, a peste e a guerra. Veja que o texto do
enunciado aborda, diretamente, a crise da fome, pois não havia pessoas para cultivar e produzir
produtos agrícolas. Por isso, nosso gabarito é a alternativa e).
Fome
A expansão agrícola dos séculos XI ao XIII chegou ao fim na primeira metade do século XIV. A
principal consequência, então, foi a fome. O fenômeno ocorreu entre 1315 e 1322,
acentuadamente entre 1315 e 17. A “Grande Fome” está relacionada imediatamente com as
seguintes causas:
➢ Resistência dos nobres em permitir a ampliação das terras agricultáveis por
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meio da derrubada das florestas (oiiii? Os nobres eram ambientalistas?? –


brincadeira 😊). Os bosques eram lugar de caça (esporte favorito da nobreza),
além disso era a fonte de mel, cera e madeira – todos são elementos luxuosos
e de necessidade essencial para manter seus castelos iluminados e aquecidos.
➢ Esgotamento de boas terras para a agricultura. As terras dos antigos mansos
comunais não tinham o mesmo potencial agrícola que as demais terras, assim,
o excedente de produção não acompanhava a proporção do excedente
populacional.
➢ Aumento excessivo dos preços dos alimentos somado ao aumento abusivo das
taxas impostas pelos senhores de terra.
➢ Fatores climáticos. Entre 1315 e 1317 foi um período de muitas chuvas e
umidade.

Agora, para além da fome, da guerra e da peste, que marcam a crise do século XIV, os
historiadores Le Goff e Perry Anderson, por perspectivas distintas, afirmam que esta tríade na
verdade é a consequência de um processo de desagregação das estruturas sociais e
econômicas do mundo feudal cristão. Vamos ver as outras alternativas a partir de tópicos.
Alternativa b), errada, até porque o mais ajustado é falarmos em Crise Econômica.
Vários sintomas de crise econômica surgiram nesse momento. A primeira delas foi uma
série de desvalorizações monetárias. Muitos bancos faliram em 1343. Houve algo como um

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inadimplemento (não pagamento) das enormes dívidas que alguns nobres fizeram nos anos
anteriores, o que dificultou a manutenção dos empréstimos das casas bancárias que ainda
resistiam.
Isso fragilizou a economia das cidades, que, como vimos dependia dessas casas bancárias.
Na cidade, a produção têxtil declinou, a construção civil também, com a paralisação das obras
de catedrais e igrejas ajudaram a diminuir a oferta de trabalho livre nas cidades.
Apesar disso, é importante ressaltar que essa depressão econômica não atingiu todos os
setores em todos os lugares. Como falamos na introdução, a crise é sinal de um processo de
reorganização. O mesmo ocorreu com a economia. O melhor exemplo, é o do setor têxtil. As
manufaturas de tecido de luxo deram lugar às confecções de tecidos menos valiosos.
Além disso, alguns senhores feudais foram se adaptando às novas realidades e começaram
a criar gado – mais valioso nessa época.
Por fim, como ensinou o professor Le Goff “só os mais poderosos, os mais hábeis ou os
mais bem-sucedidos tiram proveito; os outros são atingidos” (p. 145)
Alternativa d): Peste Negra
Entre 1347 e 1350, com a memória viva sobre a devastação causada pela Grande Fome,
as épocas frias e chuvosas que ocorreram no começo do século, a população europeia viveu
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uma epidemia transmitida pela pulga de ratos contaminados com a bactéria pasteurella pestis
– a peste bubônica, popularmente chamada de peste negra, pois, ela provocava feridas com
pus e deixava marcas pretas no corpo.
Nesse momento, as condições de alimentação, saúde, moradia e sanitárias eram muito
ruins nas cidades medievais, na Europa. Como sabemos, o cenário era de renascimento
comercial e urbano e, portanto, de maior circulação de pessoas mercadorias e.... doenças!
Historiadores medievalistas afirmam que cerca de 25 milhões de pessoas morreram nesse
momento.
A porta de entrada da peste foi a cidade italiana de Gênova. Leia a descrição feita pela
historiadora Bárbara Tuchman31

"Em outubro de 1347 (...) Navios genoveses chegaram ao porto de Messina,na Silícia,com
homens mortos e agonizantes nos remos. (...) Os marinheiros doentes tinham estranhas inchações
escuras,do tamanho de um ovo ou uma maçã nas axilas e virilhas,que purgavam pus e sangue e eram
acompanhadas de bolhas e manchas negras por todo o corpo, provocadas por hemorragias internas.
(...) Sentiam muitas dores e morriam rapidamente (...)”

31
TUCHMAN,B.W. Um espelho distante: o terrível século XIV.Rio de Janeiro: José Olympio,2000,p.97.

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O imaginário popular religioso da época atribuía aquela situação de morticínio “castigo


divino”, em razão dos vícios e pecados da humanidade. Deus era tido como um juiz temerário,
que enviava a morte como punição, para toda a humanidade. O medo se espalhava, e com ele
a violência e hordas de pessoas perambulando pelas estradas europeias. A insegurança voltou
a reinar no continente.
Esses momentos foram tão significativos na história do fim da Idade Média que muitos
pintores renascentistas ainda pintaram “a morte do século XIV”.
Alternativa a) Guerra e rebelião camponeses
Em 1358 ocorreu na região da atual França uma enorme violenta rebelião camponesa.
Esse evento, que não durou mais que 1 mês expôs a tensão latente que existia entre senhores
e servos.
Como vimos, os senhores feudais ampliaram sucessivamente o montante de taxas a serem
pagas pelos servos no processo de expansão da economia. Além disso, o fenômeno da grande
fome atingiu sobretudo servos que não contavam com acúmulo de produção em grandes
celeiros, como os nobres. Estes, inclusive, aumentaram mais ainda as taxas a serem pagas pelos
servos que ainda continuavam na terra.
Esse contexto expôs a grande desigualdade existente entre as três ordens sociais que
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compunham a sociedade feudal. Os servos se revoltaram tanto com seus senhores que os
superexploravam como com a Igreja que, longe dos ensinamentos de caridade, humildade,
simplicidade dos ensinamentos cristãos (já que muitos se acostumaram com os privilégios
clericais), abandonavam os fiéis a própria sorte nesse cenário apocalíptico.
A exploração, sobretudo, a abusiva, provoca resistências – que podem ser passivas,
silenciosas, negociais. Assim, já havia durante toda a Idade Média várias manifestações de
resistência dos servos e camponeses. Foram deserções, fugas para os bosques, roubos nas
terras do senhor, incêndio nas plantações e nos celeiros. Mas, em 1358, diante das condições
daquele contexto, surgiu uma enorme e muito violenta rebelião. Foram as Jacquerie –
expressão idiomática francesa que significa “joão ninguém”

A violência cruel é a característica mais marcante dessa rebelião. Centenas de milhares de


camponeses se juntavam para invadir castelos e assassinar senhores. A resposta de nobres
também foi igualmente violenta. O sentimento de ódio recíproco, tão amainado pelo discurso
religioso durante séculos, ficou marcado nas memórias orais do campesinato francês e em
diversas obras renascentistas do século XV e XVI.

Além das revoltas de caráter popular, como a Jacquerie, o contexto do século XIV também
é marcado pela chamada Guerra dos Cem Anos. Foi um longo conflito entre a França e a
Inglaterra ocorrida entre 1337 e 1453. O conflito envolvia a disputa de sucessão dinástica na
França e pelo controle das ricas terras na região de Flandres (lembra da Feira de Flandres?).
Essa guerra contribuiu para o clima de insegurança da Europa.

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O professor Le Goff argumenta que a Guerra dos Cem Anos foi uma solução fácil
encontrada por nobrezas atingidas pela crise e independentemente de mortes ou ruínas
econômicas, gerou uma nova economia e uma nova sociedade.
Gabarito: E
13)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

A casa de Deus, que cremos ser uma, está, pois, dividida em três: uns oram, outros combatem e os outros,
enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não sofrem com a sua disjunção; os serviços prestados
por uma são a condição da obra das outras duas; e cada uma, por sua vez, se encarrega de aliviar o todo.
De modo que essa tripla associação nem por isso é menos unida, e é assim que a lei tem podido triunfar
e que o mundo tem podido gozar de paz.

(Adalbéron de Laon (c. 1020). Apud LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa:
Estampa, 1984, p. 45-46).

Assinale a alternativa que corresponde aos três estamentos sociais do mundo medieval aludido no texto
acima:

a) patrícios, plebeus e clero.


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b) nobreza, servo e clero.

c) cavaleiros, agricultores e clero.

d) nobreza, patrícios e servos.

e) senhores, cleros e estrangeiros.


Comentários
Durante a Idade Média na Europa, a divisão social estava pautada em três estamentos
sociais: clero, nobreza e servo. Por meio do texto do enunciado é possível perceber essa
divisão já que, para explicar o regime feudal, a Igreja divulgava a imagem da sociedade
de três funções como um corpo: aqueles que oravam (os clérigos da Igreja) eram a cabeça
da sociedade; os que combatiam (os guerreiros e cavaleiros das famílias dos senhores
feudais, ou seja, a nobreza) eram os braços; e os que trabalhava (os servos camponeses,
ligados à terra dos senhores por meio da relação de servidão) eram os pés da sociedade.
Veja, então que a metáfora utilizada por Adalbéron ao se referir à Casa de Deus possui,
de fato, correspondência na realidade dos estamentos sociais do feudalismo. Logo, nosso
gabarito é a alternativa b).
a) falso, pois “patrícios” é uma categoria social do Império Romano.
c) falso, pois “agricultores” é uma categoria genérica para trabalhadores rurais no período
contemporâneo. Agricultores se distingue de servos ou mesmo senhor feudal porque a
relação de posso e de trabalho com a terra é outra. Veja, o senhor tinha a posse mas não

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trabalhava, já agricultores podem ou não ter a posse e trabalham; servos não têm a posse
e trabalham sob um regime de servidão em que não podiam abandonar a terra, já os
agricultores podem ter a posse e trabalham sob pressupostos de uma economia liberal,
ou seja, são assalariados e, quando proprietários, podem ou não vender suas terras. Além
disso, cavaleiros não é uma categoria de estrato social, mas sim uma função
desempenhada por membros da camada social da nobreza.
d) falso, pois “patrícios” é uma categoria do período Romano.
e) falso, pois “estrangeiros” não é um estamento social, mas sim um termo utilizado desde
a Grécia Antiga para se referir às pessoas que não são da cidade. No período Romano, a
ideia de estrangeiro foi deixada de lado e um novo termo passou a ser usado “bárbaros”
para os romanos se referirem às pessoas que não faziam parte do Império Romano.
Gabarito: B
14)(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

“Embora o feudalismo seja um sistema que caracterizou diversas regiões da Europa ocidental entre os
séculos X e XIII, podemos dizer que suas instituições resultaram de longa gestação, mesclando elementos
romanos e germânicos” (COTRIN...p. 175)
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I – é um elemento romano o comitatus.

II – é um elemento romano o colonato.

III – é um elemento germânico o beneficium.

IV – é um elemento germânico o enfraquecimento do poder centralizado.

Assinale, abaixo, a alternativa que apresenta as afirmações verdadeiras sobre elementos romanos e
elementos germânicos:
a) I e II estão certas.

b) I, II e III estão certas.

c) II e III estão certas.

d) II, III e IV estão certas.

e) III e IV estão certas.


Comentários
Vamos direito ao ponto para lembrarmos o que é herança romana e o que é herança germânica.
I – falso, pois o comitatus é uma herança germânica. Lembro que comitatus era um tipo de
relação de laços de fidelidade entre o chefe militar e seus guerreiros.

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II – correto. Reforço que o colonato foi um sistema de trabalho servil que se desenvolveu com
a crise do Império Romano, quando escravos e plebeus empobrecidos passaram a trabalhar
como colonos em terras de grandes senhores proprietários. O proprietário oferecia terra e
proteção ao colono camponês, em troca, recebia do colono um rendimento do trabalho
cultivado. Com isso, foi surgindo um novo tipo de modo de vida no campo. Mais adiante na
história, essa nova forma de relação social se transformará na unidade do feudo.
III – correto. O beneficium foi um tipo de retribuição concedidas aos guerreiros que ajudavam
em conquistas de terras. Em troca, o beneficiado oferecia fidelidade ao chefe ou rei que liderava
os guerreiros. Somando esse tipo de prática com a fusão do da relação social estabelecida pelo
colonato a unidade do feudo está quase completa. Perceba, então, que beneficium + colonato
são muito importantes para moldar o que viria a ser um feudo.
IV – afirmação errada, pois o enfraquecimento do poder centralizado ocorreu no final do
Império Romano, quando este não conseguia mais impor sua forma de governo e de dominação
sobre seus territórios. Nesse sentido, com o enfraquecimento do poder centralizado, os grandes
proprietários de terra ganharam força para estabelecer poderes regionais (descentralizados).
Gabarito: C
15) (Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
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A respeito da Europa entre os séculos X e XV, ou seja, durante o mundo medieval, é correto afirmar que:

a) o cristianismo difundido pela Igreja penetrou de tal maneira em nas camadas da sociedade medieval
que foi capaz de anular as crenças pagãs e a formação de outras religiões.

b) a peste negra foi uma doença que teve graves consequências para a sociedade medieval, dizimando
um terço da população europeia.

c) a sociedade possuía mobilidade e estava organizada da seguinte maneira: Clero, nobreza e camponeses.

d) o feudalismo, enquanto sistema de vida econômico, social e religioso, não possui relações com a
desestruturação dos reinos bárbaros e do Império Romano.

e) Na maioria dos países, a epidemia de Peste Negra assolou burgos e castelos, mas preservou os
camponeses do contágio, por estarem isolados no campo.
Comentários
Essa é uma questão geral, que cobra aspectos importantes do período medieval. No centro
aqui é entender a Peste Negra.
a) falso, pois as religiões pagãs, o paganismo, existiu no mundo medieval e, além disso, no
final da Idade Média tivemos o início da formação das religiões protestantes, fruto de
desavenças com as orientações católicas. Apesar de a reforma protestante ser própria do
século XVI, o movimento protestante já data de final do século XV.

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b) é o nosso gabarito. Entre 1347 e 1350, com a memória viva sobre a devastação causada
pela Grande Fome, as épocas frias e chuvosas que ocorreram no começo do século, a
população europeia viveu uma epidemia transmitida pela pulga de ratos contaminados com
a bactéria pasteurella pestis – a peste bubônica, popularmente chamada de peste negra,
pois, ela provocava feridas com pus e deixava marcas pretas no corpo.
Nesse momento, as condições de alimentação, saúde, moradia e sanitárias eram muito ruins
nas cidades medievais, na Europa. Como sabemos, o cenário era de renascimento comercial
e urbano e, portanto, de maior circulação de pessoas mercadorias e.... doenças!
Historiadores medievalistas afirmam que cerca de 25 milhões de pessoas morreram nesse
momento.
A porta de entrada da peste foi a cidade italiana de Gênova. Leia a descrição feita pela
historiadora Bárbara Tuchman32
"Em outubro de 1347 (...) Navios genoveses chegaram ao porto de Messina,na
Silícia,com homens mortos e agonizantes nos remos. (...) Os marinheiros doentes tinham
estranhas inchações escuras,do tamanho de um ovo ou uma maçã nas axilas e virilhas,que
purgavam pus e sangue e eram acompanhadas de bolhas e manchas negras por todo o
corpo, provocadas por hemorragias internas. (...) Sentiam muitas dores e morriam
rapidamente (...)”
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O imaginário popular religioso da época atribuía aquela situação de morticínio “castigo


divino”, em razão dos vícios e pecados da humanidade. Deus era tido como um juiz
temerário, que enviava a morte como punição, para toda a humanidade. O medo se
espalhava, e com ele a violência e hordas de pessoas perambulando pelas estradas
europeias. A insegurança voltou a reinar no continente.
Esses momentos foram tão significativos na história do fim da Idade Média que muitos
pintores renascentistas ainda pintaram “a morte do século XIV”.
c) o erro dessa alternativa está em “mobilidade”, pois a sociedade era rigidamente
hierarquizada, estratificada. Vamos lembrar o seguinte:

32
TUCHMAN,B.W. Um espelho distante: o terrível século XIV.Rio de Janeiro: José Olympio,2000,p.97.

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d) falso. Em História, dificilmente uma passagem de um momento histórico para o outro não
terá relações, em geral, há os elementos de transição. Por exemplo, veja que a religião
católica, a qual predominou durante o mundo medieval, tem origens no Império Romano.
Além disso, convém, reforçar que o sistema feudal se formou por meio da mistura de duas
importantes civilizações, os romanos e os germânicos (reinos bárbaros). Dentre as
contribuições romanas, cito o colonato e o cristianismo. Vindo dos germânicos, temos o
comitatus, o poder tribal fragmentado e o beneficium.
e) Errada, vide comentários da alternativa correta.
Gabarito: B
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16)(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

É possível reconhecer que o sistema feudal europeu possuía uma sociedade organizada a partir dos
seguintes segmentos sociais

a) Evangélicos, exércitos e negociantes.

b) Padres, soldados e artífices urbanos.

c) Clero, nobreza e camponeses.

d) Santos, guerreiros e pastores.

e) Monges, oficiais e operários


Comentários
Para responder, vamos fixar o seguinte:

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NOBREZA (ou bellatores - palavra latina que significa guerreiros): ordem dos detentores de
terra, que se dedicavam, principalmente, às atividades militares. Sobre eles não recaia nenhum
imposto, apenas a obrigação de guerrear. Ao contrário, recebiam taxas por serem os
proprietários das terras e dos instrumentos de trabalho. Portanto, eram privilegiados.
Clero (ou oratores – palavra latina que significa rezadores): ordem dos membros da Igreja
Católica. Havia o Baixo Clero, que eram os membros sacerdotes e diáconos e, o Alto Clero, que
eram os bispos, arcebispos e sacerdotes e o próprio Papa. As famílias nobres mais ricas ficavam
com os cargos mais altos da Igreja, os quais detinham poder e influência política sobre os nobres
donos de terra. Os de pouco riqueza, os que não tinham tantas terras ficavam no baixo clero.
Essa ordem também era isenta de pagamento de taxas e impostos. Portanto, também eram
privilegiados.
Servos (ou laboratores, palavra latina que significa trabalhadores): ordem composta pela
população camponesa os quais realizavam as atividades de subsistência material para todas as
classes sociais do feudo. Ser servo significava estar preso à terra vitaliciamente – a pessoa e
toda a família. Os servos deviam produzir 3 dias por semana no manso senhorial e nos outros 3
dias recebiam o manso servil no qual podiam plantar para si e sua família, desde que pagassem
as determinadas taxas aos senhores feudais. No 7º dia da semana realizavam suas atividades
religiosas e culturais. Por isso, não tinham privilégio algum.
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Gabarito: C
17)Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes

Na Idade Média, no sistema político feudal, como de um modo geral no conjunto da existência, a Igreja
desempenha um papel essencial [...]. Na vida do dia-dia, nos sermões, a Igreja afirma que o dízimo não é
dado a ela, o que seria um tanto constrangedor, mas a Deus, ou, com mais rigor, a São Pedro. Por outro
lado, os padres, os monges explicam que pagar os foros aos senhores é fazer a vontade de Deus, porque
Deus lhes confiou um poder de comando que corresponde a suas intenções.

Jacques Le Goff. O Deus da Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 82.

Sobre a civilização feudal, é correto afirmar:

a) o catolicismo era uma ideologia manipulada pelos senhores feudais durante a Idade Média,
permanecendo subjugada aos seus interesses na ordem social.

b) Deus aparece como fiador das relações sociais que compõem a ordem feudal, conferindo poder de
mando aos senhores e obrigações tributárias aos estratos subalternos.

c) a religião era instrumentalizada pelo Estado para a manutenção de um sistema de impostos, o que
possibilitava o enquadramento das classes subalternas ao poder central.

d) o alto clero, formado a partir de indivíduos egressos da nobreza, coordenava a cobrança de tributos de
camponeses e servos, excluindo sacerdotes hierarquicamente inferiores.

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e) a religião católica convivia harmonicamente com as várias interpretações sobre o cristianismo


conhecidas como heresias.
Comentários:
A questão aborda o papel da Igreja na sociedade feudal.
A a) está errada pois, apesar de se beneficiarem de algumas condutas do catolicismo, ele não
era apenas uma ideologia manipulada pelos senhores feudais. Conforme o texto explicita, as
relações sociais são permeadas pela questão religiosa, inclusive no sentido econômico. Assim,
a b) é a alternativa correta. A religião não era instrumentalizada pelo Estado, de maneira que a
c) está incorreta. O erro da e) é afirmar que apenas o alto clero coordenava a cobrança de
tributos visto que os padres nas missas recolhiam o dízimo.
Gabarito: B
18)(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

Com o declínio do Império Romano na Europa Ocidental, constituíram-se novas relações sociais que
acabaram caracterizando o Período Medieval (século V ao XIV).

Com relação a esse período, marque a alternativa correta:

a) Carlos Magno libertou o seu império do poderio papal por intermédio de alianças militares realizadas
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com a nascente nobreza mercantil de Veneza.

b) Os camponeses possuíam o direito de deixar as terras em que trabalhavam e migrar para os burgos
pelo acordo consuetudinário com os suseranos.

c) Beneficium, comitatus, costumes germânicos, fundem-se e levam à síntese as relações de vassalagem.

d) A crença em milagres que se propagou ao longo dos séculos, somando ao distanciamento social nos
feudos, fez com que esses séculos fossem pacíficos.

e) No Reino dos Francos, assim como na Península Ibérica, o islamismo foi a religião predominante.
Comentários
a) Errado. Além de Carlos Magno ter estabelecido uma aliança com o poder papal,
consolidando o seu reino a partir da coroação como Imperador no ano de 800, não houve
alianças com a nobreza mercantil de Veneza. O fato inusitado e importante para você guardar
aqui é o seguinte: no Natal do ano 800 d.C., em Roma, enquanto assistia à missa, Carlos Magno
viu-se inesperadamente coroado por Leão III, sucessor de Adriano I, como o "Imperador dos
Romanos". Com isso, o Império Romano do Ocidente, que deixou de existir 325 anos atrás,
estava de volta ao cenário político mundial, dessa vez com o nome de Sacro Império Romano.
A respeito de Carlos Magno, friso que ele conseguiu reequilibrar as relações entre o poder do
rei, o poder da Igreja e o poder da nobreza. Ou seja, ele restabeleceu a ideia de conciliação
que, anteriormente, estava a cargo da Igreja. Lembra de que os ricos senhores de terras se

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enfrentavam com os reis francos – pelo menos até a ascensão de Pepino? Uma das formas de
controlar a disputa pelo poder entre esses senhores foi reforçar as doações de terras
conquistadas em guerras. Em troca, o Rei cobrava lealdade dos senhores. Ou seja, caro aluno
e aluna, Carlos Magno impulsionou o uso das relações de vassalagem!!!
b) Errado, pois as novas relações sociais constituídas no mundo medieval impunham a obrigação
de os camponeses ou servos da gleba permaneceram ligados à terra que cultivavam, sem terem
o direito de deixá-las.
c) Correta. Os laços de vassalagem se realizavam por meio dos juramentos de fidelidade entre
senhores em troca de terra. A partir da fusão do comitatus (estabelecimento de laços de
fidelidade entre o chefe militar e os seus comandados guerreiros) com o beneficium (os chefes
militares concediam a seus guerreiros posses de terras) e, assim, gerou-se a relação de Suserania
e Vassalagem. Ou seja, o REI, em troca de fidelidade oferecia terra aos guerreiros.
Para esclarecer, SUSERANO é diferente de vassalo. O suserano é quem doa a terra e o vassalo
é quem a recebe. E é uma relação que ocorre APENAS entre senhores, nunca entre senhores
e servos.

Iluminura que representa relações de suserania e


vassalagem
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SUSERANO VASSALO
- Doa terra - Recebe a
terra
- Recebe
- Oferece a
proteção
proteção

d) Falso pois a Idade Média foi marcada por conflitos em torno da disputa de terras, por
invasões bárbaros, que não haviam parado com o fim do Império Romano, bem como por
guerras religiosas (árabes na Península Ibérica x reinos cristãos).
e) Errado. No período final do Império Romano, na região central do que conhecemos hoje
como França, povos germânicos ali se instalaram e deram início à construção do Reino dos
Francos. Este Reino se tornou o mais importante da Alta Idade Média (entre os séculos V e X).
Os reis e senhores das terras do reino dos Francos estabeleceram alianças com a Igreja Católica,
sendo que esta conferiu legitimidade ao poder dos reis. Assim, na região que hoje conhecemos
como França predominou o cristianismo. Já na Península Ibérica, hoje Portugal e Espanha, de
fato, foi dominada pela invasão islâmica a partir do século VIII.
Gabarito: C

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19)(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

A respeito da crise do século XIV, leia o texto abaixo.

A Peste Negra, ou Morte Negra, era assim chamada porque no seu desenvolvimento provocava
hemorragias subcutâneas, que assumiam uma coloração escura no momento terminal da doença. A
morte dava-se entre três e sete dias, depois de contraída a patologia, e levava de 75 a 100% dos
acometidos. O agente causador da peste era transmitido pelo rato, por meio das pulgas e sua penetração
na pele humana causava uma adenite aguda, que recebia o nome de “bubão”, principal sintoma da
doença. Daí também o nome de peste bubônica.

(SIMONI, K. De peste e literatura: imagens do Decameron de Giovanni Boccaccio. Anuário de Literatura


Umbral. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/ article/viewFile/5447/4882>.
Acesso em: 14/abr/ 2020.)

A respeito desse evento histórico, marque a incorreta:

a) A Peste Negra, conhecida hoje como peste bubônica, provocou a queda demográfica ocasionando
perdas na produção econômica.

b) A Peste Negra foi interpretada por muitos médicos e leigos medievais como um castigo divino.
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c) O comércio na Europa do século XIV, que se encontrava em desenvolvimento, ajudou a propagar a


doença, como nas cidades-polos de Veneza, Gênova e Pisa.

d) Além da peste bubónica, a fome também contribuiu para agravar a situação da sociedade europeia e,
dessa forma, aprofundar a crise do feudalismo.

e) Foi interrompida pela descoberta cientifica de que o isolamento social nos feudos dificultava a
circulação da doença e, consequentemente, o contágio.
Comentários
a) correto, pois a doença dizimou cerca de 1/3 da população europeia. Dessa forma, a força de
trabalho camponesa foi impactada. Com as pessoas doentes, o número de servos trabalhando
foi menor, afetando, portanto, a produção econômica.
b) certo. Lembre-se de que a doutrina religiosa influenciava o conjunto do medievo, sendo que
as explicações causais para uma tragédia eram de ordem espiritual. Como não se achavam
soluções imediatas, até mesmo médicos passaram a crer que a Peste era um castigo.
c) correto, pois o fluxo de pessoas e de mercadorias nas cidades portuárias acelerou a
propagação da doença. Além disso, a peste negra tem origem no continente asiático. Sua
chegada à Europa esteve relacionada às caravanas de comércio que vinham da Ásia por meio
do Mar Mediterrâneo.
d) Correto. A historiografia costuma associar o século XIV ao tripé de eventos fome, peste e
guerra. Segundo o historiador e professor, Jaques Le Goff:

AULA 00 – História Geral 127


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Mas, na viragem do século XIII para o século XIV, a Cristandade não só parou como encolheu.
Não houve novos desbravamentos, novas conquistas de solo, e as terras marginais, que tinham
sido cultivadas sob a pressão demográfica e na mira da expansão, foram abandonadas porque
o rendimento que davam era, na verdade, muito baixo. [...] A curva demográfica inflete e
começa a descer.
Para além da fome, da guerra e da peste que marcam a crise do século XIV, historiadores como
Le Goff e Perry Anderson, por perspectivas distintas, afirmam que esta tríade na verdade é a
consequência de um processo de desagregação das estruturas sociais e econômicas do mundo
feudal. Ou seja, gente, o feudalismo chega no século XIV em crise e os eventos como peste e a
crise de abastecimento alimentar desse momento (a fome) contribuíram para ruir esse modo de
produção.
e) falso, pois, à época, não se encontrou uma solução cientifica para combater a propagação da
doença. A doença foi diminuindo ao longo de décadas, pois as soluções sanitárias foram
melhorando nas cidades. Não se sabia, por exemplo, que doença era causada pelo
bacilo Yersinia pestis e propagada pela pulga dos ratos.
Gabarito: E
20)(3º SIMULADO EsPCEx)
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O feudalismo na Europa Ocidental surgiu no século X, expandiu-se durante o século XI e atingiu seu auge
no final do século XII e no século XIII. (...) Pelo século XIII, o feudalismo europeu já havia produzido uma
civilização unificada e desenvolvida (...).

ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense. 1989, p. 177.

Sobre a formação do mundo feudal, podemos relacionar:

A ruralização da sociedade e da economia

A descentralização política que ficou a cargo dos senhores feudais

O assalariamento do trabalho campesino

O estabelecimento de relações de vassalagem entre senhores e servos

A divisão estamental da sociedade cujo critério era o nascimento

Assinale a alternativa em que todas as afirmativas caracterizam a sociedade feudal:

a) I, II, III, V

b) I, II, IV, V

c) I, II, V
d) I, II, III, IV, V

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e) I, II, IV
Comentários:
Sobre a formação do Mundo Feudal ou da ordem social feudal, entre o século V ao XI. Listo
abaixo os principais aspectos que você não pode esquecer:
1- a ruralização da sociedade - o declínio da cidade e do
comércio;

2- a descentralização política com o estabelecimento de


relações sociais, políticas e militares de vassalagem;

3- a servidão que caracterizou as relações entre senhores e


camponeses plebeus.

Além disso, A sociedade feudal era estamental, ou seja, estava dividida em estamentos. Cada
estamento era composto por um grupo ou classe social. A participação de cada indivíduo, em
cada grupo social, era determinada pelo seu nascimento e\ou pela função que o indivíduo
executava na sociedade. Isso formava uma pirâmide social.
No feudalismo havia 2 classes sociais divididas em 3 ordens sociais estabelecidas.
Veja o esquema:
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Classes sociais Ordens Sociais

Assim, os historiadores concordam que a sociedade feudal estava dividida em 3 ordens


principais, conforme o esquema acima, as quais estavam determinadas pelo nascimento. Essa
lógica definia as funções dos membros de cada estamento na organização da sociedade.

Nesse sentido existem dois tipos de relações:


Entre nobres: relações de suserania e vassalagem

AULA 00 – História Geral 129


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Relações entre senhores e camponeses presos


à terra por meio de obrigações ou impostos feudais:
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Tendo isso em mente, podemos dizer que:


- o item III está errado porque não havia assalariamento.
- o item IV está incorreto porque as relações de vassalagem ocorrem entre senhores e não entre
senhores e servos.
Gabarito: C
21)Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

Idade Média é uma terminologia criada por historiadores do século XVIII. Convencionou-se que seria um
período entre o ano de 476, com o fim do Império Romano do Ocidente e 1453 com o fim do Império
Bizantino (ou, Império Romano do Oriente). São civilizações que conviveram neste período histórico
chamado de Idade Média.

a) Império Islâmico, Império Bizantino e Império Antigo do Egito.

b) Império Bizantino, Império Antigo do Egito e Reinos Bárbaros do Ocidente.


c) Esparta, Reinos Bárbaros do Ocidente e Império Islâmico.

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d) Império Islâmico, Império Bizantino e Reinos Bárbaros do Ocidente.

e) Reinos Bárbaros do Ocidente, União Ibérica e Império Czarista.


Comentários
No tempo conhecido como Idade Média (476 d.C. a 1453 d.C.), principalmente na região
do “Mundo Mediterrâneo” concorreram pelo menos 3 civilizações:

A Islâmica,
A Bizantina, representada
representada pelo Império
pelo Império Bizantino ou
Islâmico, localizada na
Império Romano do Oriente;
Península Arábica.

A Ocidental, representada
pelos Reinos Bárbaros;
originará a sociedade feudal.

Observe o mapa abaixo. Preste atenção como elas convivem nas terras do antigo Império
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Romano.

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Banco de imagens Estratégia


Vestibulares.
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Todas essas civilizações se formaram, expandiram-se e fragmentaram-se no mesmo


período e, em muitas situações, disputando os mesmos espaços. Portanto, houve conflito
entre elas e, de certa forma, relações de influência umas com as outras. Nesta aula
tomaremos contato com as três civilizações. Assim, nosso gabarito é a alternativa D. Vamos
aos erros das demais:
a) O erro está em relacionar o Império Antigo do Egito, pois essa civilização data de antes
de Cristo (a.C). A fase imperial da civilização egípcia data de (3200 - 1085 a.C), momento
conhecido como Período Dinástico, que é dividido em:
• Antigo Império (3200 - 2423 a.C)
• Médio Império (2160 - 1730 a.C.)
• Novo Império (1500 - 1085 a.C.)
b) o erro está em afirmar que o Império Antigo do Egito fez parte da Idade Média.
c) o erro está em relacionar a cidade grega de Esparta como parte da Idade Média. Na
verdade, Esparta data de antes de Cristo (formação de Esparta entre os séculos VIII ao VI
a.C e o declínio por volta da metade do século V a. C).
e) a União Ibérica, a rigor, não é uma civilização, mas sim uma união das monarquias da
Espanha e de Portugal, após a invasão dos espanhóis nos reinos portugueses. O período
de existência da União Ibérica foi entre 1580 a 1640, ou seja, após a Idade Média. Já o

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Império Czarista ( na Rússia) também data de um período após a Idade Média, mais
precisamente entre 1547 até a Revolução Comunista de 1917.
Gabarito: D
22)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

“A invasão é o fato inicial da Idade Média. Nenhum fato da mesma amplitude ou de consequências
comparáveis se produziu depois, e a História subsequente, entendida corretamente, nada mais foi que a
evolução da sociedade resultante da invasão. É necessário entender por invasão a compenetração desses
dois elementos até então separados: o civilizado grego ou latino, helenizado ou latinizado, e o bárbaro
recém-chegado sobre o solo imperial.”

(GIORGANI, 1968, p.21).

A partir do texto e de seus conhecimentos, a ordem feudal foi resultado

a) do encontro, seguido de trocas culturais, de duas civilizações com hábitos e costumes diferentes, a
romana e a germânica.

b) da vitória do Império Romano sobre os povos bárbaros.

c) da expansão da civilização grega em direção ao oeste da Europa.


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d) do surgimento de uma nova raça de europeus que ficou conhecida como medievalistas.

e) de múltiplas determinações culturais, com destaque para os mulçumanos que invadiram a Península
Ibérica.
Comentários
Inicialmente, vamos recordar da divisão clássica da Idade Média

Período da Idade Média: entre os séculos V e XV.


Embora saibamos que a marca factual do fim da Antiguidade seja o fim do Império
Romano do Ocidente, quero alertar-lhe para o fato de que as migrações dos povos

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germânicos para as regiões que antes formavam o Império Romano do Ocidente não
pararam em 476. Na Alta Idade Média, ou seja, entre os séculos V e X, os germânicos
continuaram se deslocando por toda a Europa Ocidental. Por isso que o início da ordem
feudal está marcado por um ato inaugural: as invasões bárbaras (povos germânicos),
conforme afirma o professor Jacques Le Goff, no seu livro A Civilização do Ocidente
Medieval33. Para além disso, e mais especificamente, podemos dizer que a formação
propriamente dita do mundo medieval é a compenetração e fusão de dois elementos: a
civilização romana e a germânica. O mundo medieval nasceu sobre as ruínas do mundo
romano, pois a decadência do Império Romano teria alimentado o surgimento do Idade
Média34. No mesmo sentido, o professor inglês Perry Anderson, no seu livro Passagens da
Antiguidade ao Feudalismo35, elabora a tese de que a ordem feudal, ou o mundo feudal,
foi a síntese da interação entre os modos de vida dos romanos e dos germânicos.
Assim, podemos afirmar com tranquilidade que o feudalismo contou com o encontro
cultural e trocas das mais variadas formas de duas civilizações: a romana e a germânica.
Dessa experiência histórica nasceu uma nova forma de ver o mundo, de reproduzir as
condições materiais que permitiam a sobrevivência, de se relacionar uns com os outros e,
também, de representar o mundo espiritual. A esse novo mundo damos o nome de
“Mundo Feudal”. Gabarito, letra A.
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b) a afirmação é falsa porque o Império Romano entrou em decadência.


c) falso, pois neste momento da História a civilização grega, a Antiguidade Clássica, já
havia declinado. Após os gregos, a grande civilização que dominou Europa e boa parte da
África e Oriente Médio foi o Império Romano cujo declínio se deu, no século V d. C.
d) falso, não surgiu uma nova raça. Atenção: medievalista é o nome dato aos estudiosos
contemporâneos que pesquisam o mundo medieval, ou seja, são historiadores como o
professor Jacques Le Goff.
e) falso, pois os mulçumanos invadiram a Península Ibérica VIII.
Gabarito: A
23)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

No processo de formação do feudalismo, o Reino dos Francos, incialmente um povo bárbaro, tomou uma
atitude que foi determinante para a formação das relações políticas e sociais na Idade Média. Trata-se da

33
LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editorial Estampa. Vl. 1. 1983, p. 29.
34
LE GOFF, Jacques, Idem. p. 27.
35
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.

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a) profissionalização do exército nacional.

b) conversão dos francos ao islamismo.

c) conversão dos francos ao cristianismo.

d) constituição do absolutismo enquanto organização do Estado.

e) expulsão dos árabes da Península Ibérica.


Comentários
No período final do Império Romano, na região central do que conhecemos hoje como
França, povos germânicos ali se instalaram e deram início à construção do Reino dos
Francos. Este Reino se tornou o mais importante da Alta Idade Média. Por isso, é o Reino
que tomamos como referência para estudar o feudalismo.
Um cavaleiro franco, Meroveu, considerado o herói da batalha dos Campos Catalúnicos,
em 451, deu início ao que ficou conhecida como a Dinastia Merovíngia. Seu neto o príncipe
Clovis foi considerado o fundador do Reino Franco. Foi ele quem arquitetou, entre 481 e
511, o Estado Franco - fruto das vitórias militares que ele e seu exército obtiveram nas
disputas territoriais com os romanos, com os visigodos, com os burgúndios, alamanos,
entre outros povos bárbaros. Ou seja, os caras dominaram tudo!!!
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Agora, em meio ao contato com a civilização Romana, ocorreu um fato importante. A


conversão ao cristianismo de Clóvis, em 496. Clóvis estaria numa batalha – perdendo -
quando pediu ajuda aos santos da religião de sua esposa, que era católica. Nesse
momento, inverteu-se sua posição na batalha e seu exército teria saído vitorioso. A partir
desse momento, Clóvis adere ao cristianismo. Com essa decisão, o príncipe conquistou a
simpatia dos povos de origem romana, bem como adquiriu apoio da população da Gália
e da Igreja Católica. Em troca da aliança que se iniciaria no Reino dos Francos, a Igreja
recebeu terras, muitas terras.
Diante disso, nosso gabarito é a alternativa C.
a) errado. Neste momento não podemos falar em exército nacional, o qual irá surgir a
partir da formação das Monarquias Nacionais na Era Moderna, século XVI em diante.
b) falso, a conversão foi ao cristianismo.
d) falso, pois o absolutismo é uma característica das Monarquias a partir do século XVI, na
Era Moderna.
e) errado, pois os árabes serão expulsos da Península Ibérica somente e no século XV,
quando as campanhas militares dos reis Fernando de Aragão e Isabel
Castela consolidaram o processo de reconquista, culminando na expulsão completa dos
muçulmanos em 1492.
Gabarito: C

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24)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)

A sociedade feudal era estamental. Isso quer dizer que:

a) Havia 3 estamentos hierarquicamente organizados: clero, nobreza e trabalhadores servis.

b) Havia 3 estamentos sem diferenças entre eles: clero, nobreza e servos.

c) Havia 4 estamentos hierarquicamente definidos: claro, b=nobreza, cavalaria e trabalhadores servis.

d) Havia 3 estamentos: nobres, burgueses e plebeus

e) Havia 2 estamentos: servos e senhores feudais.


Comentários:
Estamento é estratificação social, ou seja, o modo como a sociedade está dividida e
organizada. Está relacionado com a distribuição de poder entre os grupos. Sociedade
estamental é dividida em grupos de status, ou seja, grupos que detém, honrarias, privilégios,
poder e monopólios de bem materiais e simbólicos. No caso da sociedade feudal são 3
estamentos (ou estados): Nobreza, clero e trabalhadores servis.
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NOBREZA (ou bellatores - palavra latina que significa guerreiros): ordem dos
detentores de terra, que se dedicavam, principalmente, às atividades militares.
Sobre eles não recaia nenhum imposto, apenas a obrigação de guerrear. Ao
contrário, recebiam taxas devido ao fato de serem os proprietários das terras e
dos instrumentos de trabalho. Portanto, eram privilegiados.
Clero ( ou oratores – palavra latina que significa rezadores): ordem dos membros
da Igreja Católica. Havia o Baixo Clero, que eram os membros sacerdotes e
diáconos e, o Alto Clero, que eram os bispos, arcebispos e sacerdotes e o próprio
Papa. As famílias nobres mais ricas ficavam com os cargos mais altos da Igreja,
estes detinham poder e influência política sobre os nobres donos de terra. Os de
pouco riqueza, os que não tinham tantas terras ficavam no baixo clero. Essa ordem
também era isenta de pagamento de taxas e impostos. Portanto, também eram
privilegiados.
Servos (ou laboratores, palavra latina que significa trabalhadores): ordem
composta pela população camponesa os quais realizavam as atividades de
subsistência material para todas as classes sociais do feudo. Ser servo significava

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estar preso à terra vitaliciamente – a pessoa e toda a família. Os servos deviam


produzir 3 dias por semana no manso senhorial e nos outros 3 dias recebiam o
manso servil no qual podiam plantar para si e sua família, desde que pagassem as
determinadas taxas aos senhores feudais. No 7º dia da semana realizavam suas
atividades religiosas e culturais. Por isso, não tinham privilégios algum.

Depois de toda essa explicação, qual alternativa você assinalaria? Alternativa A, né, meu
caro!
Vejamos os erros das demais:
b) O erro está em dizer que a sociedade estamental era SEM diferença. Guarda isso:
privilégio e status representa uma sociedade baseada na desigualdade e não na
igualdade, ok.
c) A cavalaria era uma função, praticamente toda a nobreza era formada por cavaleiros.
d) Não havia burguês na sociedade feudal. Eles surgem com o renascimento comercial e
urbano e, mesmo assim, serão um estamento sem privilégios durante a Era Moderna.
e) Aqui faltou o clero, que é um estamento muito poderoso e cheio de privilégio na Idade
Média.
Gabarito: A
25)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
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Com a insegurança provocada pelas invasões, os europeus ocidentais procuraram se proteger, buscando
refúgio no campo. Houve, então, um enfraquecimento do poder central do antigos reinos germânicos e
romanos, ao mesmo tempo em que o poder dos senhores locais se fortalecia. O comércio foi dificultado
pela insegurança reinante e pelo bloqueio das estradas e do Mar Mediterrâneo.

No que se refere à sociedade da Europa Central, o texto descreve

a) A formação da sociedade feudal no Ocidente caracterizada pela ruralização da economia e a


descentralização do poder político.

b) A desagregação da sociedade feudal marcada pelas novas ondas de invasões bárbaras e o avanço do
papel das cavalarias.

c) A penetração dos muçulmanos que conquistaram Constantinopla, fato que concorreu para a
fragmentação da Europa Ocidental.

d) O gradual fortalecimentos dos senhores feudais que resultou no absolutismo.

e) A invasão dos povos bárbaros que contribuíram para a destruição definitiva de todos os elementos da
cultura romana.
Comentários:
O texto descreve o contexto do início da Idade Média e a formação da sociedade. Veja
que há dois elementos centrais no texto:

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1- Ruralização da sociedade (refúgio no campo)


2- Descentralização do poder político (enfraquecimento do poder central).
Tendo percebido essas duas características centrais da sociedade feudal – impulsionada
pelas invasões bárbaras – podemos concluir que nosso gabarito é alternativa A.
Vejamos os erros das demais alternativas:
a) Gabarito.
b) Não foi a desagregação da sociedade feudal, mas a formação dela.
c) A conquista de Constantinopla pelos muçulmanos ocorreu no século XV, além disso,
Constantinopla (atual Istambul, na Turquia) é parte da Europa Oriental, ou do Leste.
d) O fortalecimento dos senhores feudais resultou no feudalismo e não no absolutismo.
e) Os elementos da cultura romana não desapareceram, mas se fundiram com elementos
da cultura germânica.
Gabarito: A
26)(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
Feudo: palavra derivada do germânico fehu (gado) significando um “bem oferecido em
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troca de algo”. Os feudos podiam não ser apenas uma extensão de terras mas também
um castelo ou outros direitos.
Em relação à herança dos povos que formaram a sociedade feudal, a definição para a
palavra feudo, enquanto extensão territorial, está relacionada a noção de
f) Comitatus
g) Colonato
h) Beneficium
i) Servitium
j) Mitium
Comentários:
As sociedades feudais, na Europa Central, originaram-se da fusão dos elementos romanos
e germânicos. No texto tem uma definição de feudo que traz uma relação de troca – “um
bem por algo”. No caso do feudalismo, a troca de fidelidade por terras é parte do legado
germânico no período medieval e deram origem às relações de suserania e vassalagem.
Atenção: o comando da pergunta questionou o legado referente à “extensão territorial”,
então, temos que buscar entre as alternativas o legado referente à terra.

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No que se refere a troca de terra podemos relacionar com a noção de beneficium.


Beneficium era a concessão de terras feita pelos chefes guerreiros germânicos a seus
cavaleiros. Por isso o gabarito da nossa questão é alternativa C.
Vejamos as demais alternativas:
a) Comitatus era o estabelecimento de relações de fidelidade. Veja que isso também é
parte da sociedade feudal, mas não se trata de terra.
b) Colonato se trata de terra, mas não de troca. Refere-se ao trabalho de servos nas terras
dos senhores. Há um laço de compromisso, mas não de trocas.
c) Gabarito.
d) Servitium é uma relação de subordinação. Chamava-se serviço (servitium) aquele eu
tinha que trabalhar para um “patrono”. Foi um legado romano, mas que nada tinha a
ver com a servidão. Por isso, servitium não se tornou relação de servidão.
e) Mitium é um legado germânico e queria dizer a proteção física que um forte dava a um
fraco.
Gabarito: C

8.1 Mais questões para treinar – com comentários


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27)(adaptada- 2000)

"Foi de vital importância o fato de que, a partir do século XII, nobres e burgueses passaram a morar na
parte cercada pelas muralhas das cidades. Os interesses e prazeres das duas classes tornaram-se assim
semelhantes..." (Jacob Burckhardt, 1860)

Sobre esse fenômeno, pode-se afirmar que


a) ocorreu em todos os lugares da Europa onde se desenvolveram cidades, pondo fim à dominação social
da nobreza.

b) ocorreu em todas as cidades marítimas, de Lisboa a Hamburgo, passando pela Itália do Norte e
Flandres.

c) foi interrompido pela nobreza, a partir da crise do século XIV, depois de ter se desenvolvido na Baixa
Idade Média.

d) marcou a posição da burguesia em relação à nobreza.

e) marcou as mais importantes cidades europeias, constituindo-se num dos fatores da criação das
Universidades medievais.
Comentário

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O gabarito certo dessa questão é a alternativa D. Vou comentar, relembrando você um trecho
da aula de hoje.
“Essa cidade, que semeava as sementes para um novo mundo, uma nova mentalidade, uma
nova forma de ser e sentir, de fazer riqueza e de desafiar as agruras da vida, forjava os
instrumentos para romper com a rigidez da sociedade feudal. As corporações de ofício são um
exemplo de que existia mais mobilidade social, a partir da atividade artesanal, do que no feudo
– apesar do controle e intervenção dessa instituição.
Assim, mesmo com muitas limitações estruturais feudais, houve um lento enriquecimento de
comerciantes e artesãos que, ao longo do tempo, controlaram com exclusividade determinadas
atividades. Esse processo indica a formação de uma nova classe social: A BURGUESIA.
Apenas atente-se, aluno e aluna, para o fato de que estamos falando de um “processo de
formação de classe social”, portanto, isso é uma engrenagem que se movimentou por muitos
séculos depois desse momento inicial.
Então, nesse momento histórico, a burguesia quer ser aceita pela nobreza e ser parte dela. Por
isso, a burguesia quer ganhar dinheiro e, com ele, comprar terras e títulos de nobiliárquicos.
Ela quer entrar para o time, sacou? Ela ainda não é aquela burguesia da revolução Francesa que
derrubou o rei e cortou sua cabeça. Na passagem do feudalismo para Idade Moderna a
burguesia não é contra a nobreza, ela quer imitar, ser parte e igual aos nobres. Cuidado para
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não colocar o carro na frente dos bois, hein. Em história chamamos isso de anacronismo!”
Gabarito: D

28)(adaptada- 2000)

"Os próprios céus, os planetas e este centro [a Terra] Respeitam os graus, a precedência e as posições.
Como poderiam as sociedades,
Os graus nas escolas, as irmandades nas cidades,
O comércio pacífico entre praias separadas,
A primogenitura e o direito de nascença,
Os privilégios da idade, as coroas, cetros, lauréis,
Manter-se em seu lugar certo - não fossem os graus? "
Estes versos de Shakespeare da peça Troilo e Cressida) revelam uma visão de mundo:
a) moderna e liberal, ao tratarem das cidades, do comércio e, virtualmente, até do novo continente.
b) medieval e aristocrática, ao defenderem privilégios, graus e hierarquias como decorrentes de uma
ordem natural.
c) universal e democrática, ao se referirem a valores e concepções que ultrapassam seu próprio tempo
histórico.
d) clássica e monarquista, ao mencionarem instituições, como a monarquia e o direito de primogenitura,
que eram características do mundo greco-romano.

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e) particularista e elitista, ao expressarem hierarquias, valores e graus exclusivos da Inglaterra do século


XVI.
Comentário
Olha só mais uma questão cobrando seu conhecimento sobre como o mundo medieval se
organizava: Vamos lá, em coro: a sociedade medieval era estratificada, sem mobilidade social.
Eram as três ordens: clero, nobreza e servos. Também vou relembrá-lo trazendo um trecho da
aula:
➢ NOBREZA (ou bellatores - palavra latina que significa guerreiros): ordem dos
detentores de terra, que se dedicavam, principalmente, às atividades militares. Sobre
eles não recaia nenhum imposto, apenas a obrigação de guerrear. Ao contrário,
recebiam taxas devido ao fato de serem os proprietários das terras e dos instrumentos
de trabalho. Portanto, eram privilegiados.
➢ Clero (ou oratores – palavra latina que significa rezadores): ordem dos membros da
Igreja Católica. Havia o Baixo Clero, que eram os membros sacerdotes e diáconos e,
o Alto Clero, que eram os bispos, arcebispos e sacerdotes e o próprio Papa. As
famílias nobres mais ricas ficavam com os cargos mais altos da Igreja, estes detinham
poder e influência política sobre os nobres donos de terra. Os de pouco riqueza, os
que não tinham tantas terras ficavam no baixo clero. Essa ordem também era isenta
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de pagamento de taxas e impostos. Portanto, também eram privilegiados.


➢ Servos (ou laboratores, palavra latina que significa trabalhadores): ordem composta
pela população camponesa os quais realizavam as atividades de subsistência material
para todas as classes sociais do feudo. Ser servo significava estar preso à terra
vitaliciamente – a pessoa e toda a família. Os servos deviam produzir 3 dias por
semana no manso senhorial e nos outros 3 dias recebiam o manso servil no qual
podiam plantar para si e sua família, desde que pagassem as determinadas taxas aos
senhores feudais. No 7º dia da semana realizavam suas atividades religiosas e
culturais. Por isso, não tinham privilégio algum.
Gabarito: B

29)(adaptada- 2015)

A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das trocas econômicas que recorrem sempre mais a um
meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro econômico, a cidade é também um centro de poder. Ao
lado do e, às vezes, contra o poder tradicional do bispo e do senhor, frequentemente confundidos numa
única pessoa, um grupo de homens novos, os cidadãos ou burgueses, conquista “liberdades”, privilégios
cada vez mais amplos.

GOFF Jacques Le. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado.

O texto trata de um período em que

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a) os fundamentos do sistema feudal coexistiam com novas formas de organização política e econômica,
que produziam alterações na hierarquia social e nas relações de poder.

b) o excesso de metais nobres na Europa provocava abundância de moedas, que circulavam apenas pelas
mãos dos grandes banqueiros e dos comerciantes internacionais.

c) o anseio popular por liberdade e igualdade social mobilizava e unificava os trabalhadores urbanos e
rurais e envolvia ativa participação de membros do baixo clero.

d) a Igreja romana, que se opunha ao acúmulo de bens materiais, enfrentava forte oposição da burguesia
ascendente e dos grandes proprietários de terras.

e) as principais características do feudalismo, sobretudo a valorização da terra, haviam sido


completamente superadas e substituídas pela busca incessante do lucro e pela valorização do livre
comércio.
Comentário
Olha que questão bacana para entender o que chamamos de período de transição. Pontos
importantes do texto: cidades, moedas, burgueses, liberdades. Então, depreendemos que é o
momento quando o sistema feudal já vivenciava sua crise e as bases do Feudalismo passaram a
coexistir com o renascimento das cidades e o surgimento de uma nova classe social: a
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burguesia. Vimos que essas transformações produziram alterações na estrutura social e política.
Por isso, a resposta certa só pode ser a alternativa A. Não poderia ser B, pois, não há abundância
de moeda na Europa, nesse contexto; não poderia ser a C porque não existia essa consciência
entre trabalhadores rurais e urbanos, até mesmo porque, em geral, não havia nítida separação.
Não pode ser item D, a Igreja não sofre essa resistência. Por fim, o item E está errado, afinal,
há complementariedade entre o rural e a cidade.
Gabarito: A

30)(adaptada- 2012)

A palavra “feudalismo” carrega consigo vários sentidos. Dentre eles, podem-se apontar aqueles ligados a

a) sociedades marcadas por dependências mútuas e assimétricas entre senhores e vassalos.

b) relações de parentesco determinadas pelo local de nascimento, sobretudo quando urbano.

c) regimes inteiramente dominados pela fé religiosa, seja ela cristã ou muçulmana.

d) altas concentrações fundiárias e capitalistas.

e) formas de economias de subsistência pré-agrícolas.


Comentário
O feudalismo é o único sistema político econômico e social no qual o espaço físico é, ao mesmo
tempo, a unidade produtiva e o lugar onde as pessoas moram, rezam, trabalham, festejam,

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casam-se, celebram a vida e a morte. Por isso, os historiadores chamam o feudo de unidade
produtiva – porque é nele que tudo se produz ou toda forma de riqueza se constitui. E é
autossuficiente porque além de servir para produzir serve também para outras atividades
sociais, políticas, culturais e religiosas necessárias para a vida em sociedade.
“Feudalismo é um sistema de organização econômica, social e política, no qual uma camada de guerreiros
especializados – os senhores –, subordinados uns aos outros por uma hierarquia de vínculos de dependência,
domina uma massa campesina que trabalha na terra e lhes fornece com que viver” (Le Goff) .

Lembra-se dessa citação da aula? Logo, o item correto só pode ser a alternativa A. Os demais itens não
se relacionam com feudalismo.
Gabarito: A

31)(adaptada- 1996)

Sobre o feudalismo no Ocidente, é correto afirmar que:

a) nasceu na Idade Média, mas sobreviveu ao fim desta época, como demonstram sua difusão pelas
Américas, espanhola e portuguesa, e sua permanência na Europa, ao longo do período moderno.

b) seu período de incubação, entre os séculos IV e VIII, e de decadência, entre os séculos XIV e XVI, foram
quase tão longos quanto seu próprio período de plenitude (séculos IX e XIII).
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c) não teria se desenvolvido, não fossem a expansão árabe e, depois, a presença das demais civilizações
orientais, que obrigaram a Europa a se isolar e construir sua própria identidade.

d) foi um sistema não original, pois também existiu em lugares como a Ásia Menor, durante o Império
Bizantino, certas regiões da África, antes da colonização, e no Japão, na era Tokugawa.

e) foi um modo de produção inferior ao escravista romano, pois, se este produziu a riqueza do Império,
aquele muito pouco teve a ver com a riqueza das cidades da Baixa Idade Média.
Comentário
Vamos lá meus queridos e queridas, em frente. A letra a) acerta ao afirmar que o feudalismo
nasceu na Idade Média. A rigor, o modo de produção feudal passou por um processo de
gestação que combina diversos elementos, tal como fui demonstrando ao longo da aula. Agora,
ele não prosseguiu no mundo moderno e, tampouco, caracterizou as civilizações da América,
nem as originárias, nem quando houve o processo de colonização (assuntos que ainda
estudaremos). Na verdade, mesmo na Idade Média, o feudalismo foi uma característica da
região Ocidental. No mundo Bizantino vimos que outros elementos marcaram esse povo.
A alternativa b) cobra o conhecimento temporal da duração da Idade Média precedente ao
feudalismo, do período em que o feudalismo se consolidou enquanto uma ordem de vida e do
mundo a partir da crise do feudalismo. Vimos que ele se iniciou plenamente no século IX, por
sinal, a própria FUVEST considera que o feudalismo se cristalizou no século IX (vide enunciado

AULA 00 – História Geral 143


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da questão 3). Sabendo esses períodos, você logo matéria que a b) não está errada. Mas, na
dúvida, é melhor verificar as demais alternativas.
A alternativa c) faz uma afirmação de causalidade estranha à própria historiografia. Vimos que
os vetores da Idade Média e, portanto, das forças que impulsionaram o feudalismo foram:
aspecto externo, invasões bárbaras; aspecto interno, decadência de Roma Ocidental; aspecto
subjetivo, expansão do cristianismo. O avanço do islamismo sobre o Ocidente não entra na
conta das causas que levaram ao feudalismo.
Para a alternativa d), basta saber que no Império Bizantino não houve feudalismo. Item errado.
Na África e no Japão houve modos de organização social próprios e em alguns aspectos
semelhantes ao feudalismo, mas longe de serem iguais.
A alternativa e) exige um pouco mais do aluno e é a típica alternativa que pode deixar você em
dúvida e te induzir ao erro. Não é possível uma afirmação comparativa sobre qual modo de
produção foi melhor ou pior, mais evoluído ou menos evoluído. Isso porque a métrica de
comparação deve ser mais complexa do que apenas se referir a produção de riqueza, pois
depende do ponto de vista. Ademais, e aqui é a chave para responder o quesito, a historiografia
costuma comparar a economia escravista romana com o tipo de economia predominantemente
rural da Idade Média, rumo ao feudalismo, no tocante ao grau de liberdade da mão de obra.
Na aula, vimos que parte da bibliografia ressalta os camponeses livres e os servos relativamente
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livres – pois estavam presos à terra dos senhores – para demonstrarem que, do ponto de vista
da mão de obra, o feudalismo superior à economia romana porque não havia escravidão.
Percebe a sutileza da análise? Por isso essa alternativa se mostra mais complexa para ser
resolvida. Item errado.
Gabarito: B

32)Observe a imagem a seguir:


Qual aspecto da sociedade medieval é mais
caracteristicamente representado por essa
imagem?
a) Religiosidade
b) Belicosidade
c) Racionalidade
d) Piedade
e) Humanismo

Comentário

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Essa é uma questão de leitura de imagem. Aí temos que torcer para a imagem vir bem legível
no caderno de questões. Brincadeirinhas à parte, o aspecto da sociedade medieval
representada por 2 cavalos se agarrando só pode ser belicosidade, né. A propensão à guerra
ou ao conflito foi uma das marcas da Alta Idade Média. Os nobres, em especial, tinham como
uma de suas principais funções na sociedade o exercício de duelar. Eram os cavaleiros, como
vimos nos exercícios anteriores.
Gabarito: B

33)(adaptada- 2010)

“A instituição das corveias variava de acordo com os domínios senhoriais, e, no interior de cada um, de
acordo com o estatuto jurídico dos camponeses, ou de seus
mansos [parcelas de terra].”
Marc Bloch. Os caracteres originais da França rural, 1952.
Esta frase sobre o feudalismo trata
a) da vassalagem.
b) do colonato.
c) do comitatus.
d) da servidão.
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e) da guilda.
Comentário
A servidão foi a forma de trabalho predominante no sistema feudal, como sabemos. A frase trata sobre
as taxas feudais obrigatórias aos servos. Uma obrigação dos servos era a corveia, que consistia na
realização de trabalho no domínio senhorial durante certo período, normalmente três dias da semana.
Havia outras taxas também. Lembra do esquema da aula? Não podem ser os outros itens porque:
vassalagem é uma relação de fidelidade estabelecida entre nobres; colonato é a relação anterior à
servidão, na qual o camponês trabalhava nas terras do senhor, mas não estava preso a ela; comitatus é
estabelecimento de laços de fidelidade entre o chefe militar e os seus comandados
guerreiros, portanto, predecessor da vassalagem; por fim, a guilda é a associação de
mercadores nas cidades medievais.

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Gabarito: D

34)(adaptada- 2008)

Nos séculos XIV e XV, a Itália foi a região mais rica e influente da Europa. Isso ocorreu devido à

a) iniciativa pioneira na busca do caminho marítimo para as Índias.

b) centralização precoce do poder monárquico nessa região.

c) ausência completa de relações feudais em todo o seu território.

d) neutralidade da península itálica frente à guerra generalizada na Europa.

e) combinação de desenvolvimento comercial com pujança artística.


Comentário
O espírito das Cruzadas, a ideologia criada em torno delas e todo o misticismo das histórias dos cruzadistas
foram importantes para os processos de expansão europeu, tanto no próprio continente (retomada da
Península Ibérica dos mulçumanos) quanto para a expansão marítima nos idos do século XIV, em busca
de rotas comerciais. No mesmo sentido, também como saldo das Cruzadas, Jacques Le Goff afirma que
“os benefícios extraídos, não do comércio, mas sim do aluguel de barcos e de empréstimos concedidos aos
cruzados, enriqueceram rapidamente certas cidades da península Itálica – sobretudo Gênova e Veneza”.

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Ou seja, o desenvolvimento comercial se combinou com o renascimento artístico e fez da Península Itálica
uma região muito importante para a Europa Ocidental.
Gabarito: E

35)(adaptada - 2017)

Os especialistas em demografia histórica são mais ou menos concordes em estimar que a população global
do reino da França no mínimo duplicou entre os anos mil e 1328, passando de cerca de 6 milhões de
habitantes para 13,5 milhões, e de 16 a 17 milhões, considerando as regiões que desde então se tornaram
francesas.

LE GOFF, Jacques. O apogeu da cidade medieval. Trad. Antônio Danesi, São Paulo: Martins Fontes, 1992,
p. 4. (Adaptado).

De acordo com a citação, pode-se afirmar que o principal fator que permitiu o crescimento da população
europeia foi

a) o controle da Peste Negra por meio da implantação de medidas de saneamento das grandes cidades
europeias.

b) o fim dos conflitos entre os reinos, especialmente o da “Guerra dos Cem Anos”, entre França e
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Inglaterra.

c) a relativa estabilidade política e econômica, que fomentou a expansão dos burgos e o aumento da
produção agrícola nos campos.

d) o incremento da agricultura, que impulsionou o sistema de trocas de mercadorias promovendo a


prosperidade nos feudos.
Comentário
Essa é uma questão que explora as relações de causalidade de um fenômeno. Nesse caso, do crescimento
populacional que se deu no período da Idade Média Central e da Alta Idade Média. Como vimos, a partir
do século X, na Europa, acabaram as incursões germânicas, o que proporcionou ao homem medieval
maior estabilidade social e política resultando em crescimento demográfico com o índice de natalidade
superando o de mortalidade. Por isso, o item correto é o C. O aumento da população exigiu produzir
mais surgindo a inovação de técnicas agrícolas com novas áreas de plantio e um relativo progresso técnico.
Neste contexto, surgiu a burguesia que dinamizou a economia tornando-a mais urbana e monetizada.
Portanto, a explosão do crescimento demográfico se deu antes da epidemia de peste bubônica, do século
XIV, por isso não poderia ser o item A. A Guerra dos Cem anos também ocorreu depois do boom
populacional, e foi causa de mortes e ruínas econômicas, por isso o item B está errado. Por fim, o item D
está errado porque a consequência é o oposto do que está na questão.
Gabarito: C

36)(FUVEST 2009)

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"A Idade Média europeia é inseparável da civilização islâmica já que consiste precisamente na
convivência, ao mesmo tempo positiva e negativa, do cristianismo e do islamismo, sobre uma área comum
impregnada pela cultura greco-romana." José Ortega y Gasset (1883-1955).

O texto acima permite afirmar que, na Europa ocidental medieval,

a) formou-se uma civilização complementar à islâmica, pois ambas tiveram um mesmo ponto de partida.

b) originou-se uma civilização menos complexa que a islâmica devido à predominância da cultura
germânica.

c) desenvolveu-se uma civilização que se beneficiou tanto da herança greco-romana quanto da islâmica.

d) cristalizou-se uma civilização marcada pela flexibilidade religiosa e tolerância cultural.

e) criou-se uma civilização sem dinamismo, em virtude de sua dependência de Bizâncio e do Islão.
Comentário
Veja como a FUVEST gosta da interação entre a religião islâmica e cristã e de como ambas
foram influenciadas pela cultura greco-romana. Dessa interação:
a) Formou-se uma sociedade complementar à islâmica (item A)? Vocês acham que a
sociedade europeia é complementar a qualquer outra? Não, né!
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b) A cultura germânica predominou na influência da sociedade ocidental (item B)? Vimos


que o processo foi de fusão. Perry Anderson alega que é um processo em que nenhum
dos dois predominou sobre o outro, mas o que surgiu foi uma síntese, ou seja, um
terceiro elemento diferente dos 2 que o formou. Item errado.
c) A sociedade medieval ocidental recebe influência da cultura greco-romana e islâmica.
Item C correto.
d) A sociedade europeia ocidental não é marcada pela flexibilidade religiosa e tolerância
cultural, ao contrário, os conflitos religiosos são uma marca expressiva da história
europeia. Por isso, o item D está errado.
e) A Europa Ocidental não era dependente nem de Bizâncio e nem do Islamismo.
Gabarito: C
37)(FUVEST 2018)

Um grande manto de florestas e várzeas cortado por clareiras cultivadas, mais ou menos férteis, tal é o
aspecto da Cristandade – algo diferente do Oriente muçulmano, mundo de oásis em meio a desertos.
Num local a madeira é rara e as árvores indicam a civilização, noutro a madeira é abundante e sinaliza a
barbárie. A religião, que no Oriente nasceu ao abrigo das palmeiras, cresceu no Ocidente em detrimento
das árvores, refúgio dos gênios pagãos que monges, santos e missionários abatem impiedosamente.

J. Le Goff. A civilização do ocidente medieval. Bauru: Edusc, 2005. Adaptado.

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Acerca das características da Cristandade e do Islã no período medieval, pode-se afirmar que

a) o cristianismo se desenvolveu a partir do mundo rural, enquanto a religião muçulmana teve como base
inicial as cidades e os povoados da península arábica.

b) a concentração humana assemelhava-se nas clareiras e nos oásis, que se constituíam como células
econômicas, sociais e culturais, tanto da Cristandade quanto do Islã.

c) a Cristandade é considerada o negativo do Islã, pela ausência de cidades, circuitos mercantis e


transações monetárias, que abundavam nas formações sociais islâmicas.

d) o clero cristão, defensor do monoteísmo estrito, combateu as práticas pagãs muçulmanas, arraigadas
nas florestas e nas regiões desérticas da Cristandade ocidental.

e) a expansão econômica islâmica caracterizou-se pela ampliação das fronteiras de cultivo, em detrimento
das florestas, em um movimento inverso àquele verificado no Ocidente medieval.
Comentário
A alternativa a) erra ao afirmar que o cristianismo se desenvolveu a partir do mundo rural. O
cristianismo nasceu nas cidades romanas. Ele também se desenvolveu no mundo rural, mas
posteriormente à queda de Roma Ocidental. Já a parte da questão sobre o islã está correta.
Veja que você deve prestar atenção na hora de resolver questões na prova: se metade da
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questão está erra é porque ela está inteira errada, basta um erro mínio no item para você
descartá-lo. É assim que se resolve provas.
A alternativa b) faz uma comparação ajustada entre o Império do Ocidente e o Império do
Oriente e, por isso, é a alternativa correta. Desde a aula 00 temos visto o quanto a interação
entre home e natureza é importante para o desenvolvimento das civilizações. Aqui não seria
diferente, nos locais com condições mais propícias ao estabelecimento da vida e das rotinas da
vida (trabalho, comércio, pregação espiritual) é que se concentrariam as populações. Esse
processo foi comum tanto na Europa Ocidental, faixa do mediterrâneo, quanto na Península
Arábica. Além disso, vimos na aula que nesta última região, as tribos nômades dos beduínos
procuravam se estabelecer nos oásis.
A alternativa c) faz uma contraposição infundada entre mundo cristão e mundo islão. De fato,
no Oriente, durante a Idade Média predominou a atividade econômica do comércio e havia
cidades importantes, como Meca e Medina. Porém, isso não significou a ausência de transações
comerciais no mundo medieval da cristandade e, tampouco, a inexistência de cidades. Roma,
por exemplo, não deixou de existir, só não era mais um centro aglutinador do mundo, ela ficou
em ruínas. Lembra-se?
A alternativa d) faz uma associação geográfica errada entre islamismo e o deserto. Vimos na
aula que os mulçumanos iniciaram seu movimento religioso na Península Arábica a qual possuía
regiões desérticas e litorâneas. Além disso, a expansão islâmica ocorreu, predominantemente,
em solos desérticos, no norte africano e, depois adentro a Europa pela Península Ibéria. Nessa

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região não há desertos. Lembro, também, que os mulçumanos foram contidos por Carlos Martel
nos montes Pirineus.
Por fim, a alternativa e) peca por desconsiderar que os árabes mulçumanos eram peritos em
transações comerciais e não em práticas agrícolas. A agricultura no mundo islâmico estava
condicionada pelas difíceis condições climáticas, sendo o pastoreio, as pequenas plantações, o
cultivo de cereais, as principais atividades agrícolas, porém muito mais voltada à subsistência.
Até por isso, na Península Arábica havia muitos nômades.
Gabarito: B
38)(FUVEST 2011)

Se o Ocidente procurava, através de suas invasões sucessivas, conter o impulso do Islã, o resultado foi
exatamente o inverso.

Amin Maalouf, As Cruzadas vistas pelos árabes. São Paulo: Brasiliense, p.241, 2007.

Um exemplo do “resultado inverso” das Cruzadas foi a


a) difusão do islamismo no interior dos Reinos Francos e a rápida derrocada do Império fundado por Carlos
Magno.
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b) maior organização militar dos muçulmanos e seu avanço, nos séculos XV e XVI, sobre o Império Romano
do Oriente.

c) imediata reação terrorista islâmica, que colocou em risco o Império britânico na Ásia.

d) resistência ininterrupta que os cruzados enfrentaram nos territórios que passaram a controlar no Irã e
Iraque.

e) forte influência árabe que o Ocidente sofreu desde então, expressa na gastronomia, na joalheria e no
vestuário.
Comentário
O texto dá a entender que houve um resultado inverso à contenção da expansão, ou seja, um
processo de expansão muçulmana!!! Assim, dentre as alternativas, qual processo representa
sucesso de expansão e esplendor islâmico? Vamos analisar item por item
A- Como vimos, a história da Batalha de Poitiers, em 732, significou a contenção da
expansão islâmica pelos Francos comandados por Carlos Martel. Item contrário ao que
houve de verdade, portanto.
B- Os islâmicos, de fato, avançaram sobre Império Bizantino (Império Romano do Oriente)
com a conquista de Constantinopla, em 1453. O item está correto.
C- Item tresloucado. Primeira coisa, aluno e aluna, a questão de história te coloca em um
tempo e um espaço: Ocidente e Período Medieval. Assim, não cabe falar em império
britânico na Ásia.

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D- O item C representa expansão? Não! Além disso, os cruzados nunca dominaram o Irã e
o Iraque.
E- O item E é interessante, pois realmente a cultura árabe deixou muitos legados para a
cultura Ocidental. Contudo, não está no tempo da questão.
Portanto, o gabarito é letra B.
Gabarito: B
39)(FUVEST – 1998)

Durante muito tempo desconhecidos na Europa medieval, os textos de Aristóteles se difundiram a partir
do século XII. Suas obras chegaram ao ocidente europeu por intermédio

a) de manuscritos gregos, preservados na Biblioteca do Vaticano e, durante longo tempo, mantidos em


segredo pela Igreja.

b) dos monges beneditinos da Europa continental, que preservaram a cultura clássica em seus mosteiros.

c) de sacerdotes bizantinos, que frequentavam as cortes reais da Europa e as grandes cidades do Ocidente.

d) dos centros de cultura muçulmanos, sobretudo da península ibérica, cujos manuscritos, em árabe,
foram traduzidos para o latim.
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e) dos venezianos e cavaleiros de França, que atacaram Constantinopla em 1204 e de lá trouxeram os


manuscritos originais.
Comentários:
A queda do Império Romano do Ocidente, diante das invasões germânicas, provocou um
grande retrocesso cultural na Europa Ocidental e acarretou até mesmo a perda de numerosos
textos greco-romanos. Isso não ocorreu no Império Bizantino, parte do qual foi conquistada
pelos árabes, que assim travaram contato com as obras de Aristóteles e outros pensadores
gregos. Como o Islão se estendeu desde o Oriente Médio até a Península Ibérica, o contato
entre cristãos e muçulmanos, nesta última, reintroduziu na Europa Ocidental o conhecimento
da obra aristotélica. Portanto, alternativa correta é letra d). Vamos olhar agora o que está
incorreto nas demais:
a) A Biblioteca do Vaticano foi fundada apenas no século XV.
b) Foram os árabes que tiveram papel fundamental na preservação das obras.
c) Apesar do Império Bizantino estar envolvido nesse processo, não é possível afirmar que foram
os sacerdotes que preservaram as obras. Ademais, o próprio intercâmbio cultural entre árabes
e cristãos levou a reintrodução desses textos na Europa Ocidental.
e) Os centros muçulmanos foram os responsáveis pela preservação das obras, não cavaleiros da
Europa Ocidental.

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Gabarito: D
40)(FUVEST 1987)

Do Grande Cisma, sofrido pelo Cristianismo no século XI, resultou:

a) o estabelecimento dos tribunais de Inquisição pela Igreja Católica.

b) a Reforma Protestante, que levou à quebra da unidade da Igreja Católica na Europa Ocidental.

c) a heresia dos Albigenses, condenada pelo Papa Inocêncio II.

d) a divisão da Igreja em Católica Romana e Ortodoxa Grega.

e) a "Querela das Investiduras", que proibia a investidura de clérigos por leigos.


Comentário
Essa é uma questão conteudista. Ou você sabe ou vai errar. Tatua na mente: Cisma do oriente,
ou Grande Cisma – no século XI (1054) – gera as duas Igrejas Cristãs da Idade Média: Igreja
Católica e Igreja Ortodoxa – também conhecida como Igreja Grega. Todos os outros itens estão
errados. Embora estejam relacionados com crises da Igreja, não se relacionam com o Grande
Cisma.
a- A Santa Inquisição tem a ver com o julgamento de hereges e não causou ruptura.
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b- A Reforma Protestante causou uma das maiores rupturas dom a Igreja, mas foi apenas a
partir do século XVI.
c- As heresias (formas de interpretar o cristianismo) não causaram rupturas.
e-A Querela das Investiduras realmente foram outro grande choque, mas não ruptura.
Querela é briga, conflito, discussão. Investidura é quem investe o que. Querela das
investiduras foi uma treta entre um Papa Romano e um Imperador Francês para ver quem
poderia investir cargos eclesiásticos, ou seja, quem vai nomear as pessoas para os cargos da
Igreja. Essa “querela das investiduras” ocorreu entre 1058 e 1122.
Gabarito: D
41)(FUVEST – 1981)

Entre os fatores citados abaixo, assinale aquele que não concorreu para a difusão da civilização bizantina
na Europa Ocidental:

a) Fuga dos sábios bizantinos para o Ocidente, após a queda de Constantinopla.

b) Expansão da Reforma Protestante, que marcou a quebra da unidade da Igreja Católica.

c) Divulgação e estudo da legislação de Justiniano, conhecida como Corpus Juris Civilis.

d) Intercâmbio cultural ligado ao movimento das Cruzadas.

e) Contatos comerciais das repúblicas marítimas italianas com os portos bizantinos nos mares Egeu e
Negro.

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Comentários:
A questão nos pede para identificar qual fator citado não se relaciona com a difusão da
civilização bizantina na Europa Ocidental. A história de formação, expansão, consolidação e
decadência do Império Bizantino ocorreu entre os séculos V e XV. Usa-se como marcos
históricos o ano de 476 d.C., fim do Império Romano do ocidente e o ano de 1453, quando os
turco-otomanos conquistaram a capital Constantinopla. Essa data seria o fim da própria Idade
Média. Memorizem essa localização temporal, ok!

Gabarito: B
42)(FUVEST – 1982)

A "Querela das Investiduras" foi um conflito instaurado entre:

a) os Papas e os Imperadores do Sacro Império Romano-Germânico.

b) os senhores feudais e os cavaleiros.

c) as ordens religiosas e os Patriarcas de Constantinopla.

d) os monges de Cluny e o Papa Gregório VII.


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e) os gibelinos e o Imperador Henrique IV.


Comentários:
Essa é uma questão bem direta. Bem, na tentativa de buscar uma maior unidade organizativa e
doutrinaria para a Igreja, o papado, em Roma, começou a elaborar reformas. Uma delas,
promovida pelo papa Gregório VII, no século XI, em 1073, ficou conhecida como a reforma
gregoriana, a qual buscou reafirmar a supremacia do poder espiritual sobre o temporal
(material, terreno). Entre os pontos fundamentais dessa reforma estavam a consolidação do
poder supremo do Papa e a determinação para que os senhores feudais, e os leigos de uma
forma geral, não mais nomeassem os bispos de sua região. Em dois anos, o Papa Gregório
derrubou vários prelados (ordenações) concedidos em troca de alguma riqueza. Também
instituiu o celibato clerical como regra. Isso gerou grande insatisfação dos senhores feudais mais
poderosos.

Por um lado, parte dos motivos que levaram a essa reforma estava ligado à resolução de
problemas internos da Igreja, ou seja, fazer com que a Instituição e a cristandade voltassem aos
tempos de Cristo, entendida como a época primitiva do cristianismo marcada pelos Apóstolos,
em busca de maior unidade doutrinária. Por outro lado, os fins da reforma também visavam
(re)estabelecer o poder do Papa sobre o poder feudal. Esse último aspecto era importante para
assegurar o comando sobre mentes e corações dos cristãos. Dessa iniciativa do Papado em
controlar as nomeações dos bispos e dos padres nas paróquias eclodiu a Querela das

AULA 00 – História Geral 153


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Investiduras, isto é, a disputa entre reis e senhores, de um lado, e, do outro, Igreja, para nomear
os clérigos.

O conflito só se resolve em 1122 com a assinatura da Concordata de Worms cuja solução


mediada estabeleceu 2 formas de investidura.

Assim, nosso gabarito é letra a). As demais alternativas estão incorretas pois não citam o Papado
nem os reis como envolvidos nessa “briga”.
Gabarito: A
43)(FUVEST – 1989)

A tentativa de reunificação política da Europa ocidental realizada pelo Império Carolíngio na primeira
metade do século IX, fracassou devido:

a) às contradições entre os ideais do universalismo cristão e os do particularismo tribal germânico.

b) às invasões dos vikings, muçulmanos e húngaros, que partilharam o Império entre si.

c) à falta de uma estrutura econômica mais sólida, pois sua produção agrícola insuficiente tornava-o
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dependente do exterior.

d) ao Renascimento Carolíngio, que negava o espírito unitário defendido pelo imperador.

e) ao excessivo respeito de Carlos Magno às tradições das diversas províncias que compunham o Império.
Comentários:
a) correto. Vamos refrescar. Por volta de 800, Carlos Magno foi coroado imperador do novo
Império Romano do Ocidente pelo papa Leão III. A Igreja via nesta aproximação a possibilidade
de conversão de todos os domínios agregados à autoridade de uma mesma liderança política.
Isso passou a ser uma realidade por meio da forma de administração do território implanta pelo
Imperador, a qual incluiu os bispos. Porém, após a morte de Carlos Magno, o Império Carolíngio
foi governado por Luís, O Piedoso, até o ano de 840. Em seguida, três herdeiros disputaram os
domínios do Império, de modo que o Tratado de Verdun (ano 843) oficializou a partilha do
Império Carolíngio em três reinos menores. Essa descentralização e fragmentação enfraqueceu
o Império Carolíngio.

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b) falso, pois a expansão do Império Carolíngio avançou sobre territórios desses povos.
c) incorreto, pois o império contou com uma base agrícola forte e com um razoável comércio
movimentado pelas várias feiras e mercados distribuídos nos centros urbanos europeus, em
particular, por meio das negociações junto aos árabes.
d) errado, pois o Renascimento Carolíngio também expressava a união de todo o Ocidente
cristão.
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e) falso, pois no processo de expansão do cristianismo dentro da Europa, juntamente com o


Império Carolíngio, o cristianismo era levado para os povos conquistados. Contudo, é preciso
ressaltar, em determinadas regiões os costumes e tradições dos povos conquistados eram
preservadas. Então, o erro é a expressão “excessivo respeito”.
Gabarito: A
44)(FUVEST – 2010)

“A instituição das corveias variava de acordo com os domínios senhoriais, e, no interior de cada um, de
acordo com o estatuto jurídico dos camponeses, ou de seus mansos [parcelas de terra].”

Marc Bloch. Os caracteres originais da França rural, 1952.

Esta frase sobre o feudalismo trata

a) da vassalagem.

b) do colonato.

c) do comitatus.

d) da servidão.

e) da guilda.
Comentários:

AULA 00 – História Geral 155


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A servidão foi a forma de trabalho predominante no sistema feudal, como sabemos. A frase
trata sobre as taxas feudais obrigatórias aos servos. Uma obrigação dos servos era a corveia,
que consistia na realização de trabalho no domínio senhorial durante certo período,
normalmente três dias da semana. Havia outras taxas também. Contudo, não podem ser os
outros itens porque: vassalagem é uma relação de fidelidade estabelecida entre nobres;
colonato é a relação anterior à servidão, na qual o camponês trabalhava nas terras do senhor,
mas não estava preso a ela; comitatus é estabelecimento de laços de fidelidade entre o chefe
militar e os seus comandados guerreiros, portanto, predecessor da vassalagem; por fim, a guilda
é a associação de mercadores nas cidades medievais.
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Gabarito: D
45)(FUVEST – 2005)

Na representação que a sociedade feudal, da Europa Ocidental, deixou de si mesma (em textos e em
outros documentos não escritos),

a) os nobres, por guerrearem, ocupavam o primeiro lugar na escala social.

b) as mulheres, quando ricas, ocupavam um alto lugar na escala social.

c) os clérigos, por orarem, ocupavam o segundo lugar na escala social.

d) os burgueses, por viverem no ócio, ocupavam um lugar médio na escala social.

e) os camponeses, por labutarem, ocupavam o último lugar na escala social.

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Comentários:
A questão aborda a divisão da sociedade feudal em três ordens, de acordo com a interpretação
da Igreja. Para respondê-la, vamos relembrar esse conteúdo.

A sociedade feudal era estamental, ou seja, estava dividida em estamentos. Cada estamento
era composto por um grupo ou classe social. A participação de cada indivíduo, em cada grupo
social era determinada pelo seu nascimento e\ou pela função que o indivíduo executava na
sociedade. Isso formava uma pirâmide social. No feudalismo havia 2 classes sociais divididas em
3 ordens sociais estabelecidas. Veja o esquema:

Ordens Sociais

Classes sociais
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Assim, os historiadores concordam que a sociedade feudal estava dividida em 3 ordens


principais, conforme o esquema acima, as quais estavam determinadas pelo nascimento.

Essa lógica definia as funções dos membros de cada estamento na organização da sociedade.
Cuidado com uma singularidade: o clero! Observe que as pessoas não nasciam membros do
clero, elas nasciam no seio da nobreza. Por isso, quem nasceu nobre, no feudalismo, executava
duas atividades diferentes: guerrear ou orar. Já quem nasceu plebeu -sem propriedades, sem
herança e sem status – eram os trabalhadores. Eles estavam, majoritariamente, submetidos à
relação de servidão, por isso, são conhecidos como servos.
• Nobreza (ou bellatores - palavra latina que significa guerreiros): ordem dos
detentores de terra, que se dedicavam, principalmente, às atividades militares.
Sobre eles não recaia nenhum imposto, apenas a obrigação de guerrear. Ao

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contrário, recebiam taxas por serem os proprietários das terras e dos instrumentos
de trabalho. Portanto, eram privilegiados.
• Clero (ou oratores – palavra latina que significa rezadores): ordem dos membros da
Igreja Católica. Havia o Baixo Clero, que eram os membros sacerdotes e diáconos
e, o Alto Clero, que eram os bispos, arcebispos e sacerdotes e o próprio Papa. As
famílias nobres mais ricas ficavam com os cargos mais altos da Igreja, os quais
detinham poder e influência política sobre os nobres donos de terra. Os de pouco
riqueza, os que não tinham tantas terras ficavam no baixo clero. Essa ordem
também era isenta de pagamento de taxas e impostos. Portanto, também eram
privilegiados.
• Servos (ou laboratores, palavra latina que significa trabalhadores): ordem composta
pela população camponesa os quais realizavam as atividades de subsistência
material para todas as classes sociais do feudo. Ser servo significava estar preso à
terra vitaliciamente – a pessoa e toda a família. Os servos deviam produzir 3 dias
por semana no manso senhorial e nos outros 3 dias recebiam o manso servil no qual
podiam plantar para si e sua família, desde que pagassem as determinadas taxas
aos senhores feudais. No 7º dia da semana realizavam suas atividades religiosas e
culturais. Por isso, não tinham privilégio algum.
Com isso, vamos olhar as alternativas:
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a) Incorreta. Nobreza e Clero tinham a mesma origem e possuíam privilégios, portanto,


podemos classificá-los como empatados nessa escala social.
b) Incorreta. Como vimos, não era o sexo que distinguia socialmente as pessoas, mas sim o
status de nascimento (obviamente há uma enorme desigualdade de gênero nesse período,
porém não é esse o ponto aqui).
c) Incorreta. Mesmo problema da alternativa a), clero e nobreza têm a mesma origem e ocupam
o mesmo lugar na escala social.
d) Incorreta. Nesse período, a burguesia como classe não tinha expressão. Qualquer um que
não nascesse nobre, era considerado trabalhador.
e) Correta. Na hierarquização dessa pirâmide social, os laboratores (camponeses/servos e vilões)
correspondiam ao estamento inferior, abaixo dos oratores (clero) e dos bellatores
(guerreiros/senhores feudais)

Gabarito: E
46)(FUVEST 1993)

“O Feudalismo medieval nasceu no seio de uma época infinitamente perturbada. Em certa medida, ele
nasceu dessas mesmas perturbações. Ora, entre as causas que contribuíram para criar ou manter um

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ambiente tão tumultuado, algumas existiram completamente estranhas à evolução interior das
sociedades europeias." (Marc Bloch, A SOCIEDADE FEUDAL)

O texto refere-se:

a) às invasões dos turcos, lombardos e mongóis que a Europa sofreu nos séculos IX e X, depois do
esfacelamento do Império Carolíngio.

b) às invasões prolongadas e devastadoras dos sarracenos, húngaros e vikings na Europa, nos séculos IX e
X (ao Sul, Leste e Norte respectivamente), depois do esfacelamento do Império Carolíngio.

c) às lutas entre camponeses e senhores no campo e entre trabalhadores e burgueses nas cidades,
impedindo qualquer estabilidade social e política.

d) aos tumultos e perturbações provocadas pelas constantes fomes, pestes e rebeliões que assolavam as
áreas mais densamente povoadas da Europa.

e) à combinação de fatores externos (invasões e introdução de novas doutrinas e heresias) e internos


(escassez de alimentos e revoltas urbanas e rurais).
Comentário
Nesta questão você precisa de dois conhecimentos importantes do que vimos até aqui: 1- os
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fluxos migratórios dos povos bárbaros; 2 – o entendimento macro do que ocorreu entre o século
V e IX, em outras palavras, as “perturbações” a que o texto se refere. Sobre o ponto 1, fluxos
migratórios dos bárbaros, as invasões, volte nos mapas da aula e repare que o momento do
esfacelamento do Império Carolíngio está relacionado ao segundo ciclo de invasões bárbaras,
no qual havia os vikings. Sobre o segundo conhecimento, o texto deixa claro que quer alguma
“causa” externa quando afirma “algumas existiram completamente estranhas à evolução
interior das sociedades europeias”. Dentre as causas “externas” vimos que, de fato, as invasões
bárbaras assumiram importância histórica significativa.
Gabarito: B
47)(FUVEST – 1996)

Sobre o feudalismo no Ocidente, é correto afirmar que:

a) nasceu na Idade Média, mas sobreviveu ao fim desta época, como demonstram sua difusão pelas
Américas, espanhola e portuguesa, e sua permanência na Europa, ao longo do período moderno.

b) seu período de incubação, entre os séculos IV e VIII, e de decadência, entre os séculos XIV e XVI, foram
quase tão longos, quanto seu próprio período de plenitude (séculos IX e XIII).

c) não tria se desenvolvido, não fossem a expansão árabe e, depois, a presença das demais civilizações
orientais, que obrigaram a Europa a se isolar e construir sua própria identidade.

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d) foi um sistema não original, pois também existiu em lugares como a Ásia Menor, durante o Império
Bizantino, certas regiões da África, antes da colonização, e no Japão, na era Tokugawa.

e) foi um modo de produção inferior ao escravista romano, pois, se este produziu a riqueza do Império,
aquele muito pouco teve a ver com a riqueza das cidades da Baixa Idade Média.
Comentários:
Vamos lá meus queridos e queridas, em frente. A letra a) acerta ao afirmar que o feudalismo
nasceu na Idade Média. A rigor, o modo de produção feudal passou por um processo de
gestação que combina diversos elementos, tal como fui demonstrando ao longo da aula. Agora,
ele não prosseguiu no mundo moderno e, tampouco, caracterizou as civilizações da América,
nem as originárias, nem quando houve o processo de colonização (assuntos que ainda
estudaremos). Na verdade, mesmo na Idade Média, o feudalismo foi uma característica da
região Ocidental. No mundo Bizantino vimos que outros elementos marcaram esse povo.
A alternativa b) cobra o conhecimento temporal da duração da Idade Média precedente ao
feudalismo, do período em que o feudalismo se consolidou enquanto uma ordem de vida e do
mundo a partir da crise do feudalismo. Vimos que ele se iniciou plenamente no século IX, por
sinal, a própria FUVEST considera que o feudalismo se cristalizou no século IX (vide enunciado
da questão 3). Sabendo esses períodos, você logo matéria que a b) não está errada. Mas, na
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dúvida, é melhor verificar as demais alternativas.


A alternativa c) faz uma afirmação de causalidade estranha à própria historiografia. Vimos que
os vetores da Idade Média e, portanto, das forças que impulsionaram o feudalismo foram:
aspecto externo, invasões bárbaras; aspecto interno, decadência de Roma Ocidental; aspecto
subjetivo, expansão do cristianismo. O avanço do islamismo sobre o Ocidente não entra na
conta das causas que levaram ao feudalismo.
Para a alternativa d), basta saber que no Império Bizantino não houve feudalismo. Item errado.
Na África e no Japão houve modos de organização social próprios e em alguns aspectos
semelhantes ao feudalismo, mas longe de serem iguais.
A alternativa e) exige um pouco mais do vestibulando e é a típica alternativa que pode deixar
você em dúvida e te induzir ao erro. Não é possível uma afirmação comparativa sobre qual
modo de produção foi melhor ou pior, mais evoluído ou menos evoluído. Isso porque a métrica
de comparação deve ser mais complexa do que apenas se referir a produção de riqueza, pois
depende do ponto de vista. Ademais, e aqui é a chave para responder o quesito, a historiografia
costuma comparar a economia escravista romana com o tipo de economia predominantemente
rural da Idade Média, rumo ao feudalismo, no tocante ao grau de liberdade da mão de obra.
Na aula, vimos que parte da bibliografia ressalta os camponeses livres e os servos relativamente
livres – pois estavam presos à terra dos senhores – para demonstrarem que, do ponto de vista
da mão de obra, o feudalismo superior à economia romana porque não havia escravidão.
Percebe a sutileza da análise? Por isso essa alternativa se mostra mais complexa para ser
resolvida. Item errado.

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Gabarito: B
48)(FUVEST 1992)

O sistema feudal caracterizava-se:

a) pela inexistência do regime de propriedade da terra, predomínio da economia de comércio e


organização da propriedade pública.

b) pelo cultivo da terra por escravos com produção intensiva e grandes benefícios para os vassalos.

c) pela aplicação do sistema assalariado e trabalho forçado dos vilões nas pequenas propriedades
senhoriais.

d) pela divisão da terra em pequenas propriedades e utilização de técnicas avançadas de cultivo.

e) pela propriedade senhorial da terra, regime de trabalho servil e bases essencialmente agrárias.
Comentário
Essa questão é clássica. O que caracteriza o feudalismo? Vamos lá:
1- Propriedade da terra pertence ao senhor feudal
2- quem trabalha nela são os servos, logo a relação de trabalho predominante no
feudalismo é a servidão
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3- portanto, a economia é agrária e, mais especificamente é de subsistência. Logo qual a


alternativa correta? Apenas poderia ser a A.
O item A está errado porque afirma que não existe propriedade da terra. Nós vimos que os
senhores ganhavam o título de propriedade da terra, primeiro como vitalício e depois passou
a ser hereditário. O item é incorreto também porque afirma que a economia feudal é
comercial.
O item B alega que a relação trabalhista feudal é escravidão, por isso, está muito errado.
O item C fala de relação de trabalho assalariado. De novo, errado.
O item D fala em pequena propriedade. Você acha que os feudos eram como? Super
latifúndios, gente!
Veja, que nessa questão você precisava ter em mente a noção clássica de feudalismo.
Gabarito: E

49)(FUVEST – 1980)

Qual das caraterísticas abaixo não se refere ao Feudalismo na Europa Ocidental?

a) organização econômica baseada na produção agrária

b) regime de trabalho servil

c) estrutura social rigidamente estratificada

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d) predomínio da economia de subsistência

e) centralização do poder político

Comentários:
O feudalismo foi um modo de organização social e político que vigorou na Europa durante o
que chamamos de Idade Média. Entre suas principais características podemos citar:
Sociedade estamental dividida em três grupos sociais: o clero, a nobreza e os servos. O clero
era responsável por rezar e exerciam uma grande influência política sobre as pessoas daquela
época. Os nobres também eram chamados de senhores feudais, eles negociavam com o rei
(trabalhavam no exército em troca de terras). Por fim, os servos eram a maior parte da
população camponesa, constituíam a força trabalhadora e eram bastante explorados.
Presença da relação de suserania que consistia em: um nobre (suserano) doava um feudo para
outro nobre (vassalo), e em troca, recebia fidelidade e favores (às vezes militares). O maior
suserano era o rei, que fazia esses acordos com os nobres o tempo inteiro.
O comércio não era forte, logo, a base da economia feudal era agrária. Na falta de comércio, a
unidade econômica principal era o feudo.
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Todos os poderes (jurídico, econômico e político) concentravam-se nas mãos dos senhores
feudais. A população era estática e hierarquizada. Com isso, havia uma forte descentralização
do poder.
Domínio da Igreja Católica na vida religiosa e cultural.

Com isso, temos que o gabarito é letra e). As demais alternativas estão incorretas pois, como
vimos, configuram características essenciais do feudalismo.

Gabarito: E
50)(FUVEST 2001)

A economia da Europa ocidental, durante o longo intervalo entre a crise do escravismo, no século lII, e a
cristalização do feudalismo, no século IX, foi marcada pela

a) depressão, que atingiu todos os setores, provocando escassez permanente e fomes intermitentes.

b) expansão, que ficou restrita à agricultura, por causa do desaparecimento das cidades e do comércio.

c) estagnação, que só poupou a agricultura graças à existência de um numeroso campesinato livre.

d) prosperidade, que ficou restrita ao comércio e ao artesanato, insuficientes para resolver a crise agrária.

e) continuidade, que preservou os antigos sistemas de produção, impedindo as inovações tecnológicas.

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Comentário
Essa questão cobra o sentido geral da economia que predominou na Europa Ocidental entre o
século V e IX. Há duas formas para resolvermos essa questão, uma rápida, outra reflexiva. Na
prova, primeiro você tentaria resolver rapidamente, depois, caso não tivesse certeza, você iria
para uma reflexão mais profunda.
Por meio da resolução rápida, você apenas pegaria a primeira palavra de cada alternativa: a)
“depressão”; b) “expansão”; c) “estagnação”; d) “prosperidade”; e) “continuidade”. Ora,
estudamos exaustivamente que após a queda do Império Romano, poucos elementos da
Antiguidade Clássica continuaram e avançaram na Idade Média, um desses elementos foi a
religião cristã. Com relação à economia, objeto da questão, houve a crise do modo de produção
romano e o início da ruralização da vida, logo, também da economia. Foi um período de
rupturas, transições e incertezas em torno do destino dos povos ocidentais. Nesse sentido, das
5 alternativas indicadas como possíveis respostas da questão, aquelas que indicam continuidade
ou aspectos positivos estão erradas. Com efeito, há duas alternativas positivas, b) e d), e duas
que indicam continuidade, a c) e a e). Portanto, só poderia ser a letra a) nossa resposta,
“depressão”.
Agora a resolução reflexiva, caso você tivesse dúvidas. O comando da questão é muito claro
sobre o que se pede: do ponto de vista econômico, o que ocorreu na transição? Veja, o próprio
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enunciado nos lembra da crise do escravismo. A partir daí você precisaria lembrar do processo
de ruralização e das dificuldades que a população da cristandade passou. Se você voltar nos
deslocamentos dos povos bárbaros, lembrara que uma das razões das migrações foi a busca
por alimentos, pois a maioria dos bárbaros não cultivavam de forma racional. Isso só levava à
escassez de alimentos. Agora, a fome também assolou os latinos que já estavam vivendo sob o
Império Romano, afinal, o modo de produção econômico entrou em crise.
Por fim, você poderia encontrar os erros mais absurdos nas alternativas. Na b), as cidades não
desapareceram completamente e o comércio também não. A c) afirma que houve um numeroso
campesinato livre, vimos que esse tipo de camponês era uma pequena parcela. A d) exagera
com a sugestão do artesanato. E, a alternativa e) contradiz o próprio comando da questão, pois
afirma que houve a preservação do sistema de produção, sendo que o enunciado, como já
disse, nos lembra da crise do escravismo.
Gabarito: A
51)(FUVEST 1998)

"Assim, pois, a cidade de Deus que é tomada como una, na realidade tripla. Alguns rezam, outros lutam,
outros trabalham. As três ordens vivem juntas e não podem ser separadas. Os serviços de cada uma dessas
ordens permitem os trabalhos das outras duas e cada uma por sua vez presta apoio às demais ".

O trecho anterior, escrito em 998 d.C., representa

a) um ataque à representação do Deus uno, defendida pelos monofisistas.

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b) uma justificativa funcional das diferenças sociais no mundo medieval.

c) um retorno às concepções de Santo Agostinho, que opunha à cidade de Deus a cidade dos homens.

d) uma descrição da estrutura social de Roma, sede do papado e considerada a cidade de Deus.

e) uma crítica à desigualdade entre os homens, pois estes são considerados iguais perante Deus.
Comentário
Note que a última frase do trecho faz uma articulação entre religião, trabalho e guerreiros
como se fosse uma engrenagem. A questão faz referência a um momento histórico em que
a engrenagem das relações sociais feudais já estava mais consolidada, século X. Vimos
acima que essa engrenagem começou a ser construída antes e que um elemento da
engrenagem foi levando e puxando o outro. Só com isso, você já conseguiria eliminar a
alternativa a) porque ela isola um desses elementos, a religião, e afirma que Deus sofria
ataques. Foi o contrário, o trabalho e a atividade militar (dos cavaleiros, veremos isso ainda
nessa aula) possuíam um forte componente religioso. Por sua vez, a alternativa b) reafirma
a partir da ideia de funcionalidade, toda a engrenagem que foi sendo construída com a
ruralização, com o fortalecimento do cristianismo, etc. Já a alternativa c) faz uma afirmação
errada do pensamento de Santo Agostinho, pois este pensador refletia sobre a
complementariedade entre Deus e os homens. A alternativa d) está descontextualizada e
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essa já deve ser riscada logo na primeira leitura. Por fim, a alternativa e) tá mais para prova
de interpretação de texto do que história: o trecho não faz crítica à injustiça social.
Gabarito: B
52)(FUVEST – 1993)

"O Feudalismo medieval nasceu no seio de uma época infinitamente perturbada. Em certa medida, ele
nasceu dessas mesmas perturbações. Ora, entre as causas que contribuíram para criar ou manter um
ambiente tão tumultuado, algumas existiram completamente estranhas à evolução interior das
sociedades europeias."

(Marc Bloch, A sociedade feudal)

O texto refere-se:

a) às invasões dos turcos, lombardos e mongóis que a Europa sofreu nos séculos IX e X, depois do
esfacelamento do Império Carolíngio.

b) às invasões prolongadas e devastadoras dos sarracenos, húngaros e vikings na Europa, nos séculos IX e
X (ao Sul, Leste e Norte respectivamente), depois do esfacelamento do Império Carolíngio.

c) às lutas entre camponeses e senhores no campo e entre trabalhadores e burgueses nas cidades,
impedindo qualquer estabilidade social e política.

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d) aos tumultos e perturbações provocadas pelas constantes fomes, pestes e rebeliões que assolavam as
áreas mais densamente povoadas da Europa.

e) à combinação de fatores externos (invasões e introdução de novas doutrinas e heresias) e internos


(escassez de alimentos e revoltas urbanas e rurais).
Comentários:
Nesta questão você precisa de dois conhecimentos importantes do que vimos até aqui: 1- os
fluxos migratórios dos povos bárbaros;
2 – o entendimento macro do que ocorreu entre o século V e IX, em outras palavras, as
“perturbações” a que o texto se refere.
Sobre o ponto 1, fluxos migratórios dos bárbaros, as invasões, volte nos mapas da aula e repare
que o momento do esfacelamento do Império Carolíngio está relacionado ao segundo ciclo de
invasões bárbaras, no qual havia os vikings. Sobre o segundo conhecimento, o texto deixa claro
que quer alguma “causa” externa quando afirma “algumas existiram completamente estranhas
à evolução interior das sociedades europeias”. Dentre as causas “externas” vimos que, de fato,
as invasões bárbaras assumiram importância histórica significativa.
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Gabarito: B
53) (FUVEST 2003)

Perto do ano 1000, manifestações de medo foram verificadas em todo o Ocidente, como se o fim do
milênio trouxesse consigo o fim dos tempos. Tal situação deve ser entendida como

a) manifestação da crescente religiosidade que caracterizava a sociedade feudal.

b) indício do crescente analfabetismo das camadas populares e diminuição da religiosidade clerical.

c) decorrência da tomada do Império Bizantino pelos muçulmanos do norte da África. d) traço típico de
uma sociedade em transição que se tornava mais clerical e menos guerreira.

e) característica do momento de centralização política e de formação das monarquias nacionais.


Comentários
O ano 1000 d.C. ocorreu em plena Idade Média (476- 1453), que se caracterizou, na Europa
Ocidental, pela vigência do feudalismo e pelo predomínio ideológico da Igreja. O milenarismo
foi a crença de que o fim do milênio corresponderia ao surgimento de uma nova era, terrena
ou não. Dentro desse contexto, representou uma manifestação do aumento da religiosidade no
período. Com isso, vamos analisar as alternativas:
a) Correta, é o nosso gabarito.
b) Incorreta. O analfabetismo era quase que uma regra nas camadas populares. Além disso,
observamos um aumento da religiosidade.

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c) Incorreta. Podemos entender a queda de Constantinopla como essa tomada do Império


Bizantino pelos árabes. No entanto, isso só veio a acontecer em 1453 e Constantinopla está
situada na Eurásia.
d) Incorreta. Esse não é exatamente um período de transição, mas sim de continuidade da
crescente religiosidade na sociedade.
e) Incorreta. Não é um momento de centralização política e formação das monarquias nacionais.
Isso só ocorre a partir da Idade Moderna (que tem início justamente na queda de Constantinopla
em 1453).
Gabarito: A
54)(FUVEST 2012)

A palavra “feudalismo” carrega consigo vários sentidos. Dentre eles, podem-se apontar aqueles ligados a

a) sociedades marcadas por dependências mútuas e assimétricas entre senhores e vassalos.

b) relações de parentesco determinadas pelo local de nascimento, sobretudo quando urbano.

c) regimes inteiramente dominados pela fé religiosa, seja ela cristã ou muçulmana.

d) altas concentrações fundiárias e capitalistas.


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e) formas de economias de subsistência pré-agrícolas.


Comentário
Questão conceitual, fácil e, com ela, chamo a sua atenção do porquê fiz questão de construir
todo o processo de surgimento dos senhores e dos vassalos nas páginas anteriores. Perceba
que, tirando a alternativa a), todas as outras apresentam algum elemento estranho à construção
da ordem feudal. Na b), a ideia de “urbano” está fora de propósito, mostrei para você no
começo da aula que isso mudou na Idade Média. Na alternativa c) o item inseriu a ideia de que
o islamismo fez parte do feudalismo, viagem: o islã até existiu historicamente no período do
feudalismo, mas em outras terras (veremos isso mais abaixo). Já a alternativa d) colocou o
capitalismo antes do mercantilismo e da Revolução Industrial, aí não dá meuuu!!! Por fim, a
alternativa e) também viaja na maionese, porque a ideia de economia pré-agrícola não condiz
com a predominância do mundo rural-agrícola do feudalismo.

Gabarito: A
55)(FUVEST – 1983)

Para moer o trigo e assar o pão, o camponês dependia do uso do moinho e do forno, de propriedade do
senhor feudal, por isso pagava um imposto, em espécie, chamado de:

a) censo.

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b) banalidades.

c) talha.

d) corveia.

e) mão morta.
Comentários:
A servidão foi a forma de trabalho predominante no sistema feudal, como sabemos. A questão
trata sobre as taxas feudais pagas pelos servos aos senhores. Precisamos identificar qual
imposto citado está relacionado ao uso de equipamentos do senhor feudal. Para respondê-la,
vamos observar um esqueminhas que fala dessas taxas:
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Depois disso, sabemos que o gabarito é letra b).

Gabarito: B
56)(FUVEST 2006)

Segundo o historiador Robert S. Lopez ("A Revolução Comercial da Idade Média 950-1350"), "o estatuto
dos construtores das catedrais medievais representava um grande progresso relativamente à condição
miserável dos escravos que erigiram as Pirâmides e dos forçados que construíram os aquedutos romanos".
As catedrais medievais foram construídas por

a) artesãos livres e remunerados.

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b) citadinos voluntários trabalhando em mutirão.

c) camponeses que prestavam trabalho gratuito.

d) mão de obra especializada e estrangeira.

e) servos rurais recompensados com a liberdade.


Comentário
Questão muito interessante. Primeira observação. Qual é o tempo da questão: te deu de
lambuja: Idade Média 950-1350, ou seja, Idade Média Central. Logo, é o contexto do seguinte
processo:

flexibilização das
novos grupos
renascimento relações de
sociais:
expansão agrícola comercial e trabalho:
mercadores e
urbano trabalhadores
artesãos
livres

Gabarito: A

57)(FUVEST – 1990)
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A proliferação das universidades medievais, no século XIII, responsável por importantes transformações
culturais, está relacionada:

a) ao Renascimento cultural promovido por Carlos Magno e pelos homens cultos que trouxe para sua
corte.

b) à invenção da imprensa que possibilitou a reprodução dos livros a serem consultados por mestres e
alunos.
c) à importância de se difundir o ensino do latim, língua utilizada pela Igreja para escrever tratados
teológicos, cartas e livros.

d) ao crescimento do comércio, ao desenvolvimento das cidades e às aspirações de conhecimentos da


burguesia.

e) à determinação de eliminar a ignorância e o analfabetismo da chamada Idade das Trevas.

Comentários:
As expressões culturais medievais foram marcadas pelo predomínio do pensamento religioso.
Contudo, na Baixa Idade Média, as grandes transformações provocadas pela expansão
comercial afetaram o monopólio cultural exercido pela Igreja. O crescimento do comércio, a
urbanização e o contato cada vez mais intenso e frequente com outros povos, sobretudo do

AULA 00 – História Geral 168


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Oriente, fizeram com que os europeus adquirissem outros valores, deixando de subordinar a
sua vida a uma “vontade divina’.
Com a dinâmica comercial, as cidades transformaram-se, aos poucos, em centros culturais e
passaram a irradiar uma cultura cada vez menos subordinadas aos valores da Igreja. A burguesia
como classe passa a se formar nesse período almejar conhecimento. No processo de
renascimento urbano, comercial e intelectual, destacaram-se as universidades que, a partir do
século XII se tornaram importantes centros de ensino.
Sabendo disso, vamos olhar os itens:
a) Incorreta. De fato, Carlos Magno, no “Renascimento Carolíngio”, formou um círculo de
eruditos em sua corte ao qual denominava de Academia. Dessa noção de Academia
chegaremos às Universidades. No entanto, o enunciado da questão trata da proliferação das
Universidades.
b) Incorreta. A imprensa só foi inventada no século XV, o processo e proliferação das
Universidades é anterior.
c) Incorreta. Discutimos justamente que o processo é marcado pela redução da influência da
Igreja na cultura.
d) Correta, conforme exposto anteriormente.
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e) Incorreta. Em primeiro lugar, a sociedade medieval não se enxergava como “Idade das
Trevas”, essa é uma denominação posterior disseminada sobretudo pelo Iluminismo. Além
disso, o conceito de iletrado e analfabeto servem apenas para compreender a sociedade do
presente. O ensino na Idade Média não era tão generalizado como hoje e, sem dúvidas, talvez
a maior parte da sociedade pouco ou nada escrevesse. Entretanto, os medievais aprendiam
mais pela palavra do que pela leitura.

Gabarito: D
58)(FUVEST – 1988)

As Cruzadas representaram para a sociedade feudal:

a) uma aventura militar que levou a Cristandade a perder importantes territórios e a conhecer a Peste
Negra.

b) uma saída para o excedente populacional e a satisfação da necessidade espiritual da peregrinação a


Jerusalém.

c) um movimento nobiliárquico que ao reforçar o feudalismo atrasou a centralização política em dois


séculos.

AULA 00 – História Geral 169


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d) um reforço importante no prestígio da Ordem Dominicana, que as idealizou, organizou, financiou e,


teoricamente, comandou.

e) uma abertura para o exterior, responsável pela entrada na Europa de elementos da cultura clássica,
como o gótico e a escolástica.
Comentários:
As Cruzadas foram as peregrinações - de caráter militar e religioso - dos cristãos da Europa
Ocidental para recuperarem Jerusalém, a Terra Santa, dos mulçumanos. Desde o século IV, em
razão de Jesus Cristo ter sido morto, crucificado e, segundo a crença bíblica, ressuscitado em
Jerusalém, a cidade palestina recebia fiéis que buscavam purificar seus pecados e adquirir a
salvação de Deus. Porém, as Cruzadas adquiriram contornos de grandes deslocamentos de
massa, verdadeiros exércitos. Elas partiam de diversos pontos da Europa e marchavam até a
região da Palestina. Para você ter uma ideia, na Primeira Cruzada, cerca de 60 mil guerreiros
partiram em direção a Jerusalém em um trajeto de 5 mil quilométricos que levou 3 anos para
ser completado. No total, entre o século XI e XIV, foram 8 cruzadas consideradas oficiais, isto
é, organizadas pela Igreja e pela nobreza.
As Cruzadas não tiveram somente motivação religiosa, outros motivos também precisam ser
destacados. Veja, por volta do ano 1000 houve um surto populacional na Europa ocidental. O
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elemento da superpopulação, combinado com as crises de fome – como a ocorrida no ano de


1033 – forçaram a busca por novas terras e por novas atividades econômicas. Essa circunstância
contribuiu para motivar tanto as Cruzadas, rumo à Palestina, quanto a expansão para o Oeste
Europeu, nas chamadas de Guerras de Reconquista - recuperar a Península Ibérica dos
mulçumanos.
Tendo isso em mente já sabemos que o gabarito é letra b). Vamos olhar agora o que está errado
nas demais alternativas:
a) De fato, a perda de Jerusalém nesse processo foi uma surpresa para os cristãos, no entanto
a Peste Negra surgiu apenas no século XIV e a última cruzada oficial ocorreu no final do século
XIII.
c) O movimento não reforçou o feudalismo.
d) A Ordem Dominicana foi fundada apenas no século XIII, as Cruzadas aconteciam desde o XI.
e) Esses elementos já existiam na Europa, foram apenas retomados em diferentes momentos
históricos.

Gabarito: B
59)(FUVEST 2007)

AULA 00 – História Geral 170


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"Os cristãos fazem os muçulmanos pagar uma taxa que é aplicada sem abusos. Os comerciantes cristãos,
por sua vez, pagam direitos sobre suas mercadorias quando atravessam o território dos muçulmanos. O
entendimento entre eles é perfeito e a equidade é respeitada."

Ibn Jobair, em visita a Damasco, Síria, 1184. In: Amin Maalouf, 1988.

Com base no texto, pode-se afirmar que, na Idade Média,

a) as relações comerciais entre as civilizações do Ocidente e do Oriente eram realizadas pelos judeus e
bizantinos.

b) o conflito entre xiitas e sunitas pôs a perder o florescente comércio que se havia estabelecido
gradativamente entre cristãos e muçulmanos.

c) o comércio, entre o Ocidente cristão e o Oriente islâmico, permaneceu imune a qualquer interferência
de caráter político.

d) a Península Ibérica desempenhou o papel de centro econômico entre os mundos cristão e islâmico por
ser a única área de contato entre ambos.

e) as cruzadas e a ocupação da Terra Santa pelos cristãos engendraram a intensificação das relações
comerciais entre cristãos e muçulmanos.
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Comentário
Questão interessante porque demonstra que cristãos e islâmicos, apesar dos conflitos
religiosos, mantinham relações comerciais importantes. Por isso, os eventos históricos que
aumentaram esse contato, como as Cruzadas, aumentaram a atividade comercial entre eles, em
que pese a guerra religiosa. Os outros itens estão errados pois apontam sentido oposto ao que
ocorreu na história.
Item A: as relações comerciais entre Oriente e Ocidente não era realizada por bizantinos com
judeus.
Item B: Conflitos entre xiitas e sunitas tiveram consequências para a unidade do povo islâmico.
Item C: O comércio entre cristãos e islâmicos teve influência de decisões políticas,
especialmente pela Igreja Católica.
Item D: A Península Itálica não foi a única região de contato entre cristãos e muçulmanos.
Gabarito: E

60)(FUVEST 2014)

Durante muito tempo, sustentou-se equivocadamente que a utilização de especiarias na Europa da Idade
Média era determinada pela necessidade de se alterar o sabor de alimentos apodrecidos, ou pela opinião
de que tal uso garantiria a conservação das carnes.

AULA 00 – História Geral 171


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A utilização de especiarias no período medieval

a) permite identificar a existência de circuitos mercantis entre a Europa, a Ásia e o continente africano.

b) demonstra o rigor religioso, caracterizado pela condenação da gastronomia e do requinte à mesa.

c)revela a matriz judaica da gastronomia medieval europeia.

d)oferece a comprovação da crise econômica vivida na Europa a partir do ano mil.

e) explicita o importante papel dos camponeses dedicados a sua produção e comercialização.


Comentário
Na Idade Média, as especiarias, como eram conhecidos os temperos como canela, cravo, pimenta, entre
outras, vinham principalmente da Ásia e África e chegavam à Europa através de rotas que passavam
por Constantinopla ou Antioquia (Ásia) e via Alexandria e Ceuta (África). Esses produtos se tornam tão
importantes para os europeus que, no final da Idade Média, tal comércio vai impulsionar a descoberta
de novas rotas comerciais via Atlântico para esses continentes. Portanto a utilização das especiarias nos
permite afirmar com certeza a existência de rotas comerciais entre Ocidente e Oriente. Logo a resposta
correta é a alternativa A. Logo, não pode ser nenhum dos itens anteriores uma vez que não tem relação
com religiosidade, nem com crise econômica e, como vimos, as especiarias são levadas do Oriente para
o Ocidente e não são produzidas pelos camponeses europeus.
Gabarito: A
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61)(FUVEST 2015)

A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das trocas econômicas que recorrem sempre mais a um
meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro econômico, a cidade é também um centro de poder. Ao
lado do e, às vezes, contra o poder tradicional do bispo e do senhor, frequentemente confundidos numa
única pessoa, um grupo de homens novos, os cidadãos ou burgueses, conquista “liberdades”, privilégios
cada vez mais amplos.

GOFF Jacques Le. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado.

O texto trata de um período em que

a) os fundamentos do sistema feudal coexistiam com novas formas de organização política e econômica,
que produziam alterações na hierarquia social e nas relações de poder.

b) o excesso de metais nobres na Europa provocava abundância de moedas, que circulavam apenas pelas
mãos dos grandes banqueiros e dos comerciantes internacionais.

c) o anseio popular por liberdade e igualdade social mobilizava e unificava os trabalhadores urbanos e
rurais e envolvia ativa participação de membros do baixo clero.

d) a Igreja romana, que se opunha ao acúmulo de bens materiais, enfrentava forte oposição da burguesia
ascendente e dos grandes proprietários de terras.

AULA 00 – História Geral 172


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e) as principais características do feudalismo, sobretudo a valorização da terra, haviam sido


completamente superadas e substituídas pela busca incessante do lucro e pela valorização do livre
comércio.
Comentário
Olha que questão bacana para entender o que chamamos de período de transição. Pontos
importantes do texto: cidades, moedas, burgueses, liberdades. Então, depreendemos que é o
momento quando o sistema feudal já vivenciava sua crise e as bases do Feudalismo passaram a
coexistir com o renascimento das cidades e o surgimento de uma nova classe social: a
burguesia. Vimos que essas transformações produziram alterações na estrutura social e política.
Por isso, a resposta certa só pode ser a alternativa A. Não poderia ser B, pois, não há abundância
de moeda na Europa, nesse contexto; não poderia ser a C porque não existia essa consciência
entre trabalhadores rurais e urbanos, até mesmo porque, em geral, não havia nítida separação.
Não pode ser item D, a Igreja não sofre essa resistência. Por fim, o item E está errado, afinal,
há complementariedade entre o rural e a cidade.
Gabarito: A
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Considerações Finais
Bem, queridos futuros cadetes, chegamos ao final da nossa aula 00 e, com ela, estudamos o
Período da Idade Média. Nesse momento, estamos no Século XV d.C.
Espero que vocês tenham gostado do nosso Curso e optado por se tornar Coruja, afinal a
estrada até Campinas é longa e não temos tempo a perder.

Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas
com afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Uma ótima professora, um excelente material
e um acertado planejamento individualizado, conforme sua necessidade e suas potencialidades,
podem ser o diferencial para quem vai prestar um dos cursos mais concorridos. Nós estamos
JUNTOS nesse caminho!!!

Lembre-se de que cada questão acertada é como um degrau até a sua sonhada aprovação. E
nessa jornada orientaremos vocês, sempre!
Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas rapidinho! E não se esqueça de que
não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta, mais conversamos e mais você sintetiza o
conteúdo, certo!

AULA 00 – História Geral 173


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Também nos procurem nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te ajudar na sua
preparação.
Um grande abraço estratégico,
Alê

Versões e Alterações de aula

V2 - 04/03/2021: Correções gramaticais gerais no texto da parte teórica; Revisão da lista de


questões. Atualização da questão 18.
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AULA 00 – História Geral 174


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