Você está na página 1de 60

NOTA INTRODUTÓRIA

Este Caderno de Apoio à Formação do Aprendiz Maçon destina-se a


servir de base e auxílio à formação de Aprendizes pelas Lojas, sob a
direcção dos respectivos Segundos Vigilantes e vem dar continuidade à
resposta que a Academia Maçónica pretende dar, em matéria de
formação dos Obreiros e na sequência do Caderno de Apoio à Formação
do Companheiro Maçon, já editado e disponível no site da Academia.

Mais do que doutrina ou qualquer forma de revelação, o conteúdo deste


Caderno deve ser utilizado, como ponto de partida, no apoio à reflexão,
podendo servir de base para a discussão em Loja ou para o
desenvolvimento das matérias que aborda, através das pranchas e dos
trabalhos dos Obreiros.

O Aprendiz Maçon está ainda num estádio insipiente de conhecimento,


nomeadamente do conhecimento da Maçonaria como Obediência. Por
esse motivo, o presente Caderno de Apoio dá especial relevo à
apresentação da nossa Grande Loja, da sua estrutura e do seu
funcionamento, para melhor o enquadrar na sociedade a que acabou de
aderir.

Para além disso, pode qualquer Irmão encontrar neste Caderno um


conjunto muito alargado de matérias, desde as que incidem sobre a
historiografia da Ordem em geral e da nossa Grande Loja em particular,
às abordagens menos usuais dos nossos símbolos e das nossas
alegorias.

Se este Caderno motivar o interesse dos Irmãos e se suscitar trabalhos


e investigações que apresentem versões mais informadas ou até
contraditórias e que delas se possa gerar um ambiente de partilha e de
enriquecimento contínuo, então a sua missão estará totalmente
conseguida.

Março de 6019

Os autores

7/66
SUMÁRIO
PARTE I

Nota introdutória 7

Capítulo 1 – Enquadramento

1.1 – Para uma definição de Maçonaria 9


1.2 – Síntese histórica 9
1.3 – Os Landmarks 20
1.4 – A Regularidade 22
1.5 – O Reconhecimento 24

Capítulo 2 – A Grande Loja Legal de Portugal/


Grande Loja Regular de Portugal

2.1 – Síntese histórica 25


2.2 – Estrutura orgânica da Obediência 28
2.3 – A Constituição e o Regulamento Geral 29

Capítulo 3 – O Grau de Aprendiz Maçon

3.1 – Recrutamento e ingresso na Maçonaria 31


3.2 – Os Passos perdidos 33
3.3 – A Câmara de reflexão 35
3.4 – O Aprendiz Maçon 42
3.5 – O Templo maçónico 43
3.6 – O Ágape 45
3.7 – O simbolismo maçónico 48

Capítulo 4 – Postura e compostura

4.1 - O Aprendiz em Loja e em Grande Loja 52

PARTE II

Capítulo 5 – Uma instrução do 1.º Grau 55

Advertência final 65

Bibliografia 65

8/66
PARTE I

Capítulo 1 – Enquadramento

1.1 - Para uma definição de Maçonaria

A palavra Maçonaria deriva do termo inglês masonry, que designa, no


seu sentido mais estrito, um trabalho de pedra esculpida e que, entre
nós, encontra a melhor tradução (ainda que igualmente estrita) no
termo cantaria.

O sujeito, mason, em inglês ou maçon, em francês, tem a sua tradução


na palavra mação ou canteiro, o artífice que emprega o maço para
desbastar a pedra.

A Maçonaria é, nos nossos dias, uma obediência iniciática


internacional, uma fraternidade universalista e espiritualista, que tem
por fundamento tradicional a fé em Deus, Grande Arquiteto do
Universo. Ela visa a elevação moral da humanidade inteira, através do
aperfeiçoamento moral de cada um dos seus membros. É velada por um
conjunto de símbolos e rituais, que constituem meios de acesso ao
conhecimento pela via espiritual e é regida pelos Landmarks, pelos
Antigos Deveres, pelas Constituições e Regulamentos e pelas demais
tradições específicas da Ordem Maçónica Universal.

1.2 - Síntese histórica

A Maçonaria tem uma origem histórica de carácter operativo - a


Maçonaria Operativa – agremiações profissionais de pedreiros
qualificados que, regulamentadas pelas cartas régias (charts) e
governadas internamente por um conjunto estabelecido de deveres
(charges), se foram constituindo nas obras de construção das Catedrais
medievais, locais onde estabeleciam provisoriamente as suas oficinas e
alojamentos – as lodges1.

1Esta acepção da palavra lodge mantém, entre os britânicos, o seu significado original
e designa qualquer tipo de alojamento provisório ou de uso esporádico para um
determinado fim: p.e. hunting lodge – o abrigo de caçadores ou local onde se recolhe
provisoriamente a caça.

9/66
É pois, neste contexto, por necessidade de organização interna da
corporação dos construtores e para o estabelecimento de uma
hierarquia interna de governança, que se estabelece o segredo, desde
logo revestido de um duplo carácter:

- o de preservar, dentro da corporação, o conjunto de saberes e


conhecimentos do domínio da arquitetura, da física e da geometria e o
recurso à utilização de vários símbolos como elementos de uma
linguagem transnacional, fatores que justificam e distinguem o seu
valor corporativo;

- o de estabelecer uma hierarquia interna, na qual se ascende por via da


transmissão seletiva e gradual dos conhecimentos construtivos. Assim
se introduz a noção de grau, do termo inglês degree, que diferencia o
aprendiz do pedreiro “graduado” e este do Mestre.

Os “deveres” destas agremiações vão muito além das regras para o


desempenho da profissão propriamente dita. Eles incorporam um
conjunto de encargos de caráter assistencialista, nomeadamente no que
se refere ao auxílio às viúvas e crianças órfãs e à assistência às vítimas
dos frequentes acidentes de trabalho. Assim se ajuda a explicar a
relação profundamente fraternal e solidária entre os seus membros e as
suas famílias. Estabelecem igualmente um conjunto de regras de
conduta moral do “free-mason” perante a sociedade, fator que
determinará a ascensão dos artesãos na hierarquia social.

Ao mesmo tempo, as corporações de Maçons operativos desenvolvem


um espiritualismo místico e gnóstico, centrado na temática da
construção do sagrado e na utilização prática da geometria pitagórica.

No fim da construção, muitas destas corporações evoluem para


confrarias ou ordens religiosas, devotas de um determinado culto ou
santo, permanecendo assim nas suas instalações originais.

Há registos histórico que permitem crer que a corporação de pedreiros-


livres da Abadia de Kilwinning, na Escócia, cuja construção se inicia em
1140, nela continuou a reunir e a praticar um conjunto de rituais e
cerimónias que terão chegado aos nossos dias. Ainda em atividade
maçónica, esta Loja está inscrita na Grande Loja da Escócia sob o
número 0 e adoptou o cognome de Mother Lodge.

No reinado de Jaime I2 (1566-1625), William Schaw, arquiteto da casa


real, reformará a organização das Lojas escocesas segundo o modelo

2James VI, Rei da Escócia que, a partir de 1603, é também James I, Rei das coroas
unidas de Inglaterra e Irlanda sucedendo a Elizabeth I de Inglaterra.

10/66
das academias italianas3 e alargará essa reforma às Lojas inglesas e
irlandesas, a partir de 1603.

A “academização” da Maçonaria cambiará a matriz operativa das Lojas


de construtores para o contexto especulativo e intelectual das Lojas
Simbólicas. No tempo, será também responsável pela grande “revolução
social” operada internamente: afastados os mais incapazes para o
intelecto, aderem à renovada Ordem personagens de relevo da cultura e
da sociedade. «Passou então a ser moda para os nobres e para os ricos
serem recebidos como mações.»4

Nestas Lojas e nos seus manuscritos começam então a aparecer várias


referências a “Maçons Adotados” ou “Maçons Aceites”5, membros
admitidos fora do círculo dos construtores de facto, então apelidados de
“Maçons Antigos”.

Numa rápida radiografia à Maçonaria do Séc. XVII podemos verificar


que:

 o carácter corporativo de organização profissional vai-se perdendo


com a “adoção” sistemática de Maçons especulativos;
 a Idade Moderna traz o fim da era da construção das grandes
catedrais religiosas e inicia o tempo da construção civil, mercantil
e naval;
 o academismo encarrega-se da exclusividade do ensino, incluindo
as disciplinas construtivas da esfera da arquitetura, esgotando
desta forma a transmissão dos saberes técnicos e artísticos, até
então exclusivos das Lojas;
 à sua origem cristã sobrepor-se-á o cientificismo e o agnosticismo
racionalista, que caracteriza os alvores do Iluminismo europeu;
 a renovação social que se deu no seu seio também impõe a
substituição dos antigos deveres e rituais medievais por práticas
de caráter eminentemente simbólico, filosófico e muitas vezes
político.

Em 1661, Christopher Wren, arquiteto-mor de Carlos II, funda com 34


proeminentes personalidades da ciência e da cultura6, a Royal Society,
que terá um papel fundamental na mutação do paradigma religioso,
moral e operativo da “velha Maçonaria” para o seu novo padrão liberal,
3 As chamadas oficinas-escola e as Academias, a que se presume estarem ligados
Leonardo da Vinci e outros Illuminati.
4 NOUDON, PAUL, La Franc-Maçonnerie, Ed. PUF, 1963.

5 Manuscrito da Loja de St. Mary’s Chapell, de 1600.


6 O próprio Rei Charles II, Isaac Newton, Robert Morray, Elias Ashmole, John Aubrey,

John Loke, J. T. Desagulliers, o 2º Duque de Montagu e Benjamin Franklin, só para


citar os seus fundadores Maçons.

11/66
científico e simbólico, por via da estreitíssima relação que as
instituições vão estabelecer entre si, nomeadamente através dos seus
membros comuns.

Livre das suas balizas medievais, carregada pelo racionalismo agnóstico


que anima a Royal Society e pelo novo-riquismo da burguesia liberal, a
Maçonaria explode, um pouco por toda a Europa, num sem número de
ritos, práticas, graus e cerimónias, misticismos e ocultismos, sem um
fio condutor e, aparentemente, sem nada que as interligue e congregue
numa única instituição com ramificações internacionais, como havia
sido no século anterior.

Tendo perdido a razão primeira da sua existência operativa, a “Nova


Maçonaria” reclama origens, antecedentes, heranças e afiliações que, de
facto e em termos históricos, nunca possuiu. Obcecada pela sede de
promoção social e de uma desmesurada ambição aristocrática, esta
Maçonaria é levada a subverter a verdade histórica e factual e a forjar
ligações a antigas ordens militares, ordens monásticas e congregações
místicas de toda a espécie e vindas de todas as partes do mundo.

Com o intuito de expurgar a verdadeira Maçonaria de gentes e práticas


que subverteram as suas origens e finalidades, várias iniciativas
arrancaram, no primeiro quartel do séc. XVIII, um pouco por toda a
Europa, ainda que desconcertadas entre si.

A reforma desta Maçonaria especulativa, quer na sua vertente


administrativa, quer no estabelecimento de uma alegoria simbólica
estável, sobre a qual pudesse ser traçado um caminho de
aperfeiçoamento moral comum e coerente, nasce do encontro de quatro
Lojas de Londres, na cervejaria “The Goose and Gridiron Ale House”, a
24 de Junho de 17177. Aí se estabelecem as bases da primeira Grande
Loja e logo aí foi eleito o seu primeiro Grão-Mestre, Anthony Sayer
(1672 – 1741).

É o segundo Grão-Mestre, George Payne, quem inicia o verdadeiro


processo de organização, a partir de 1718, nomeando um primeiro
“Corpo de Oficiais” que tem a função de o coadjuvar no governo da
Grande Loja. Inicia também o processo de recolha de manuscritos,
constituições, manuais e rituais, então dispersos por todas as Lojas,
com o intuito de os fundir numa única Constituição.

7 Dia em que as comunidades cristãs celebram o nascimento de S. João Batista e que


foi sobreposto às festividades da Deusa Vesta do culto pagão romano, coincidentes
com o Solstício de Verão.

12/66
Por várias razões e, com um sentido mais profundo, por discordarem da
opção liberal e agnóstica da nova Grande Loja e da sua vontade de
relegar a antiguidade histórica das suas origens e o valor dos seus
manuscritos e das suas lendas próprias, várias Lojas não se afiliaram,
permanecendo fieis às old charges das suas próprias constituições. Para
vincar a sua oposição, apelidam a nova organização de “Grande Loja dos
Modernos”

O mais importante centro da resistência à Grande Loja de Londres


estava na velha Loja de York que, num primeiro momento, defendeu o
princípio da independência das Lojas de qualquer hierarquia superior
mas que, em 1725, para reforçar a sua posição, constitui a “Grande
Loja de Toda a Inglaterra Reunida na Cidade de York”.

Sob o domínio de John Theophilus Desaguliers8 aprova-se o texto


fundador da Maçonaria moderna e que ainda hoje serve de inspiração
às demais constituições da Maçonaria Regular Universal: “As
Constituições de Anderson”9.

O texto assume o fim da Maçonaria Operativa, centrada na técnica e na


arte da construção propriamente dita e propõe a sua substituição pelo
imperativo moral e pessoal da Construção do Templo Interior,
sustentado pela alegoria bíblica da construção do Templo de Salomão,
descrita no Livro dos Reis10.

Em Filadélfia, Benjamin Franklin11 fará uma nova edição em 1734, ano


em que foi eleito Grão-Mestre da Grande Loja que se constituiu na
colónia britânica da Pensilvânia, devendo-se a si a introdução e
disseminação deste texto nos territórios americanos.

No entanto, muitas outras Lojas de Londres, que nunca se reviram no


projecto de Desaguliers, fundaram a “Grande Loja dos Antigos”12,

8 (1683-1744) Eleito Grão-Mestre em 1719, desempenhará funções de Vice Grão-


Mestre em 1723 e 1725.
9 «The Constitutions of the Free-Masons, Containing the History, Charges, Regulations,

&c. of that most Ancient and Right Worshipful Fraternity, For the Use of the Lodges»,
James Anderson, 1723.
10 Leia-se a belíssima reinterpretação de Gérard de Nerval no conto «A lenda de Hiram

ou a História da Rainha da Manhã e de Solimão, Príncipe dos Génios», incluído no seu


livro de 1851 Le voyage en Orient.
11 Para além de profícuo inventor e cientista, foi diplomata e o sexto governador dessa

colónia. Grande defensor da independência das colónias americanas, participará na


Declaração de Independência dos E.U.A. e será um dos redatores da Constituição
daquele novo país.
12“Most Ancient and Honorable Society of Free and Accepted Masons according to the

Old Constitutions”.

13/66
constituída em 1751, que publicará as suas próprias Constituições, em
175613.

Esta divisão entre Antigos e Modernos atravessará todo o século XVIII e


manter-se-á até ao Acto de União de 1813, quando é fundada a Grande
Loja Unida de Inglaterra (UGLE).

Também a França atravessará várias vicissitudes até à criação da


“Primeira Grande Loja da França”, em 1728, que mudará a sua
designação para “Grande Oriente de França”, em 1773.

No meio do caos revolucionário em que caíra a Maçonaria francesa,


Pierre Chevalier14 identificará «o desejo de reformar a Ordem,
rapidamente viciada por abusos de toda a sorte». Essa reforma visará
restituir à Maçonaria tudo aquilo que perdera de Tradição e projectá-la
numa nova direção, contrária aos excessos verificados nas Lojas. Uma
Maçonaria mais seletiva, mais rigorosa, mas também mais espiritual.

A face mais visível desta reforma será a introdução dos chamados “Altos
Graus” que, mais rigorosos na selecção, propõem um caminho de
progressão contínuo, baseado no prolongamento das lendas de base dos
rituais anteriores, mas com novas aceções filosóficas e de carácter
moral.

Um primeiro “Rito de Heredom” ou “Rito de Perfeição” começa então a


ser difundido um pouco por toda a França e pelas suas colónias
ultramarinas. Este rito estará na base do atual sistema de 33 graus do
Rito Escocês Antigo e Aceite (R.E.A.A.) e é referido no manifesto
emanado pela reunião dos fundadores desse Rito, em Charleston,
Carolina do Sul, a 4 de Dezembro de 1802.15

Por sua vez, o Barão Karl Gotthelf von Hund (1722-1776), iniciado nos
Altos Graus em Paris, em 1754, introduz na Alemanha esta ideia de
“escocismo” ligado aos templários e às antigas Ordens de Cavalaria, a
que chamará, numa primeira fase, “Maçonaria Retificada”, com o
intuito de provocar igualmente a reorganização da instituição maçónica
no seu país.

A partir de 1764 a “Maçonaria Retificada” alemã de von Hund adopta a


designação de “Estrita Observância Templária” e será uma das grandes
correntes participantes no Convénio das Gálias, (Lyon, 1778) e no

13 Laurence Dermott publica, em 1756, as «Constituições da Grande Loja dos Antigos»


sob o título de “Ahiman Rezon”.
14 Pierre Chevalier, « Histoire de la Franc-Maçonnerie Française », Fayard, 1980.
15 De Hoyos, Arturo, Scotish Rite Ritual, Monitor and Guide 2ª ed. – Supreme Council

33º S.J., Washington 2009.

14/66
Convénio de Wilhelmsbad, em 1782, que finalmente definirão o Regime
Escocês Retificado, ainda hoje praticado em várias jurisdições,
congregado que foi com as práticas introduzidas pela Maçonaria
Martinista francesa16.

Se o Regime Escocês Rectificado (R.E.R.) teve grande aceitação e


conheceu grande implementação em França, já na Alemanha
conheceria uma nova reconfiguração que daria origem a um novo rito
que é praticado nas Lojas alemãs, desde 1801: o Rito de Schröder.

No norte da Europa, a Estrita Observância Templária dará origem ao


Rito de Zinnendorf (profundamente enraizado na Rússia e na Finlândia)
e, mais tarde, ao Rito Sueco (ainda hoje maioritário na Escandinávia),
que se inscreve, tal como o R.E.R., no ramo da Maçonaria Cristã.

A verdade é que todas estas reformas, que vieram dar origem aos
principais Ritos que ainda hoje observamos na Maçonaria, constituem
respostas conservadoras e classistas, de determinadas elites crentes,
aos desvios revolucionários e anti-religiosos emergentes da Revolução
Francesa.

Em 1738 o texto fundamental de Anderson sofre uma revisão no


sentido de o reaproximar da realidade religiosa das Lojas originais,
nomeadamente com a obrigatoriedade de um Livro Sagrado presidir à
Loja, sobre o qual passam obrigatoriamente a ser feitos todos os
juramentos, e também com a aproximação do conceito do Grande
Arquiteto do Universo à natureza do Deus das religiões reveladas. A
Grande Loja dos Modernos inicia assim um primeiro afastamento ao
racionalismo irreligioso que anima a Royal Society.

Com esta revisão, o Grande Arquiteto do Universo é, finalmente e sem


ambiguidade, Deus, qualquer que seja a sua designação religiosa ou a
sua natureza. Um Deus pessoal, Supremo Criador de todas as coisas,
uma entidade revelada que mantém com o Homem uma relação direta,
desde a sua génese até ao seu fim e que tem intervenção na sua vida e
na vida do Mundo.

Esta nova aceção não exclui nenhuma religião nem qualquer prática
religiosa mas exclui, definitivamente, os defensores da “Maçonaria

16 Martinez de Pasqually (1727-1779) e os seus «Cavaleiros Eleitos Cohen do


Universo»; Louis Claude de Saint-Martin (1743-1803) e a sua «Sociedade dos Filósofos
Desconhecidos» e Jean Baptiste Willermoz (1730-1824) e as suas Lojas Regulares de
Lyon.

15/66
laica”17 ou os que advogam o conceito neutro, indefinido e aberto a toda
a interpretação da figura do Grande Arquiteto do Universo.

Aquilo que reforça a fraternidade universalista da Maçonaria não é já e


tão só o conceito liberal e académico da racionalidade, do método de
experimentação e da verdade científica, que exacerba o livre-arbítrio
como condição para a verdadeira libertação do Homem18, mas um
dogma efectivamente ecuménico, comum a todos os seus membros,
independentemente da sua raça, condição ou prática religiosa,
verdadeira abolição de todas as cadeias que diferenciam e opõem os
Homens: a existência de um Deus comum, que se revela a todos os
Homens, ainda que por diversas formas, e que mantém com estes uma
relação exigente, direta e contínua. É sobre esta poderosa base
relacional que a Maçonaria Regular constrói todo o restante edifício de
valores que defende, ricamente ilustrados (o termo mais correto é
velados) através sua transfiguração em símbolos.

É neste contexto que a unificação da Maçonaria inglesa se dá, a 27 de


Dezembro de 1813, e é sob este signo que é clarificada a sua posição
religiosa e anti-revolucionária.

O Act of Union foi, assim, uma unificação familiar e classista de duas


correntes, cujas divergências ideológicas se radicavam longe na história
e desfasadas do contexto social, político e religioso da Inglaterra do
início do Séc. XIX, numa única agremiação maçónica. A esta união não
é alheia a vontade do próprio rei George III e da ação de três dos seus
quinze filhos: George, Príncipe de Gales, Grão-Mestre da Grande Loja
dos Modernos; Augustus Frederick, Duque de Sussex, que sucede ao
primeiro (agora George IV) no Trono de Salomão e Edward, Duque de
Kent, Grão-Mestre da Grande Loja dos Antigos.

A revisão das Constituições de Anderson, primeiro e do Acto de União


inglês, mais tarde, tiveram definitivas consequências no mundo
maçónico internacional: a primeira esclareceu, de uma vez por todas,
duas grandes correntes filosóficas, distintas e opostas: a Maçonaria
Regular e a Maçonaria Liberal ou Adogmática; a segunda desencadeou o
processo do reconhecimento mútuo entre Grandes Lojas Regulares e o
estabelecimento da complexa teia das relações institucionais entre si,
fator que as veio fortalecer internamente e num quadro universal.

17 Paradoxo formal em si mesmo e sem qualquer fundamento histórico, no que às


origens da Maçonaria diz respeito.
18 No limite, estas posições acabam, invariavelmente, por adquirir uma faceta

segregadora e elitista, pela forçosa e necessária distinção de quem julga saber mais, de
quem tem mais acesso ao conhecimento, de quem se acha num estado mais evoluído,
ou seja de quão livre é, de facto, o arbítrio de cada um.

16/66
Em Portugal a Maçonaria terá sido introduzida pela mão da numerosa
colónia de britânicos que no séc. XVIII residia em Lisboa, sobretudo
comerciantes ligados ao grande tráfego de importações e exportações do
Tejo. Tudo o que se passava em Inglaterra tinha eco quase imediato em
Lisboa, quer ao nível popular e burguês dos meios portuários e
comerciais, quer ao nível superior, através das velhas relações políticas
e diplomáticas estabelecidas entre as duas coroas.

Assim, não é de estranhar que o estabelecimento de Lojas maçónicas,


no decurso dos acontecimentos de 1717, possa ter aliciado a nossa
comunidade inglesa, nos mesmos moldes do que havia sido
concretizado em 1728, em Madrid, Gibraltar, Calcutá e Paris: a criação
de Lojas maçónicas inscritas, reconhecidas e sob jurisdição das
Grandes Lojas Inglesas.

Há notícia breve e pouco desenvolvida de uma primeira Loja fundada


em 1728 pelo residente inglês William Dugood19 mas que, por diversas
vicissitudes, só viria a pedir o seu reconhecimento à Grande Loja de
Londres a 17 de Abril de 1735, data em que esta delega o poder de a
“regularizar” no escocês George Gordon, que para o efeito se terá
deslocado a Lisboa. A Loja adquire primeiramente o número 135,
revisto depois em 1740, ano em que é renumerada para a Loja 120,
mantendo a ordem até 1755, data em que é oficialmente abatida ao
quadro de Lojas da Grande Loja “dos Modernos”.

A reacção católica à fundação da Loja “dos hereges mercantes”, como


ficaria conhecida nos anais da Inquisição (por ser frequentada quase em
exclusivo por comerciantes ingleses protestantes) foi a criação da Casa
Real dos Pedreiros Livres da Lusitânia, uma Loja de irlandeses e
escoceses católicos, também estabelecidos em Lisboa, que funcionava
em pleno, na zona de S. Paulo, em 1735. Para além de Gordon, outro
“estrangeiro” pertenceu a esta Loja: o arquitecto húngaro Carlos Mardel,
que se tornará famoso pela sua participação na reconstrução da cidade
após o terramoto de 1755. A bula In Eminenti Apostolatus Specula
emitida pelo Papa Clemente XII, a 28 de Abril de 1738, imporá o fim dos
trabalhos desta Loja e a auto-denúncia dos seus Obreiros perante o
Inquisidor-Mor20.

Haverá também uma breve Loja de franceses, erigida por Jean Coustos
mas que, em pouco mais de um ano, conhecerá o mesmo fim, com a
prisão efectiva e o degredo dos seus principais responsáveis.

19A.H. Oliveira Marques, História da Maçonaria em Portugal, Vol.I, Ed. Presença, 1989.
20D. Nuno da Cunha e Ataíde (1664-1750), membro do Conselho de Estado de D.
Pedro II, Cardeal D. Nuno de Santa Anastácia a partir de 1712.

17/66
Com a ascensão ao poder de Sebastião José de Carvalho e Melo cessam
as condenações do Santo-Ofício à Maçonaria ou, quando existiam, eram
rapidamente anuladas por ordem do ministro. A tradição maçónica
reclama a própria afiliação do Marquês, iniciado enquanto embaixador
em Londres ou em Viena, mas não há provas documentais dessa
pretensão. Existe sim a generosa tolerância deste governante para com
personalidades que reconhecidamente pertenciam à Ordem, preferindo-
os para lugares de administração. Regressam à pátria, para ocuparem
estes lugares, muitos “estrangeirados” que, tendo estabelecido
contactos com a Maçonaria europeia, darão corpo à “administração
esclarecida e iluminada” que Pombal requer para o Reino.

Um desses “colaboradores convidados” será o Conde de Lippe21, militar


de carreira e estratega que reestruturará o exército português de 1762 a
1764 e de 1767 a 1768. Iniciado na Alemanha, trouxe para a sua
comissão no nosso país outros oficiais que haviam sido iniciados nas
mesmas circunstâncias.

Pela sua parte, fundaram ou fomentaram o aparecimento de Lojas


militares em Lisboa, Valença, Funchal, Coimbra, Almeida, Elvas,
Olivença e Estremoz, enfim, onde quer que estivesse estacionada
qualquer guarnição militar.

Esta Maçonaria portuguesa, à excepção das Lojas inglesas e irlandesas,


não estará afiliada a qualquer Grande Loja Regular europeia. Nas
décadas seguintes reunirá grande interesse e grande aumento dos seus
Iniciados, muito pelos ecos político-culturais da Revolução Francesa,
em claro contraciclo com a nova perseguição que voltaria a sofrer, desta
feita pela mão do plenipotenciário Pina Manique. Tal como toda a cidade
(e a sociedade) de Lisboa, a Maçonaria “afrancesou-se” com os exilados
que nela encontraram tolerância, fraternidade e negócio.

Em 1802, Hipólito José da Costa parte para Inglaterra onde, de acordo


com a tradição22, recebe o aval e o reconhecimento da Grande Loja de
Inglaterra, dita “dos Antigos”, para a constituição da organização
portuguesa que, contraditoriamente, recebe o nome de Grande Oriente
Lusitano (G.O.L.), denominação que também marca a tentativa da
afiliação com o Grande Oriente de França. De facto, na mesma viagem e
antes do regresso a Lisboa, Hipólito José da Costa demorar-se-á em
Paris, onde estabelece contactos com o Grande Oriente de França com

21Friedrich Wilhem Ernst, Conde de Schaumburg-Lippe.


22 Escassos dias depois da sua chegada a Lisboa, Hipólito José da Costa é preso e
serão confiscados e destruídos todos os documentos, referentes a estes encontros, que
se encontravam ainda na sua posse.

18/66
vista ao seu reconhecimento do G.O.L., que só viria a mostrar-se efetivo
a partir de 1806.

Esta contradição marcará a Maçonaria portuguesa até aos nossos dias:


por um lado, a necessidade de reconhecimento e protecção da Grande
Loja de Inglaterra, primeira potência regular do mundo, país com quem
Portugal mantém a mais antiga aliança política, diplomática e comercial
da história. Por outro lado, procura igualmente reconhecimento junto
da organização dissidente francesa, de quem a elite política portuguesa
se sente filosófica e culturalmente mais próxima. Este facto é provado
pelo seu reconhecimento, em Abril de 1806, pela Loja-Mãe do Rito
Escocês Filosófico de Paris (Altos Graus).

Nas primeiras eleições do Grande Oriente Lusitano estão com o primeiro


Grão-Mestre, o juiz desembargador Sebastião de Sampaio Melo e
Castro, o general Gomes Freire de Andrade23, José Vicente Pimentel
Maldonado, José Freire de Carvalho, Luís José de Sampaio e Rodrigo
Pinto Guedes.

Apesar das várias vicissitudes que marcaram a história deste Grande


Oriente, desde logo as suas constantes querelas internas, várias
dissidências e perseguições variadas, muito motivadas pelo exercício
dos poderes político e militar efetivos de muitos dos seus membros, ao
longo do conturbado século XIX e do primeiro quartel do século XX
português, passando pelo extenso período de clandestinidade imposto
pela ditadura de Salazar, o G.O.L. mantém-se nos nossos dias em plena
actividade, representando no nosso país, a Maçonaria Irregular,
também dita Liberal ou Adogmática24.

Várias tentativas de transformar o G.O.L. numa potência regular foram


sendo ensaiadas ao longo da sua história e a questão viria a ressurgir,
agora no contexto histórico e social absolutamente diferente da década
de 1980-90. A questão interna da Regularidade implicaria mais uma
cisão, desta feita protagonizada por um grupo restrito, mas prestigiado,
de Obreiros seus defensores. Desta cisão nascerá a Grande Loja Regular
de Portugal, cujo processo de criação culmina na sua consagração, em
15 de Julho de 1991.

23Que será eleito Grão-Mestre, tomando posse a 1 de Março de 1816.


24Sobre todo este período e para o estudo da história da Maçonaria em Portugal leia-
se a magistral obra do Prof. António Ventura, «Uma História da Maçonaria em
Portugal, 1727-1986» ed. Círculo de Leitores, 2013.

19/66
1.3 - Os Landmarks

Os Landmarks da Maçonaria constituem a mais antiga reminiscência


das leis que a regiam, antes da existência das Constituições e dos
Regulamentos de 1723.

O texto fundamental de James Anderson estabelece que «cada Grande


Oriente tem poder e autoridade para fazer novos regulamentos ou alterá-
los, para os benefícios reais desta antiga Fraternidade, tomando os
devidos cuidados para que os Landmarks sejam sempre preservados».

Ora, o que constitui matéria de discórdia entre as várias correntes da


Maçonaria dos nossos dias é que esses Landmarks nunca foram
escritos, nem por Anderson, nem por qualquer outro grande dignitário,
nem sequer no contexto da clarificação de regras e princípios a que
obrigou a unificação da Maçonaria inglesa, em 1813.

Ao longo da sua longa história e com o alargamento geográfico que a


Ordem conheceu, os Landmarks foram variando de acordo com o
contexto sociocultural em que foram sendo criadas as várias jurisdições
nacionais.

A primeira formulação escrita destes Landmarks deve-se a Albert Makey


no seu ensaio Jurisprudence of Freemasonry, editado em 1856. Neste
texto, Makey enuncia 25 Landmarks imutáveis da Ordem Maçónica,
que devem reger a vida dos Obreiros que a ela aderem de livre vontade.

Em 1863, George Oliver publica o seu ensaio Freemason's Treasury, no


qual enumera 40 Landmarks, alargando o espectro da pesquisa
documental das Antigas Constituições.

A mais simples e clara abordagem às leis imutáveis e universais da


Ordem foi elaborada por Joseph Fort Newton, no seu livro The Builders,
de 191425. Nesse ensaio o autor não especifica um número de
Landmarks, elaborando antes as linhas mestras, essas sim,
verdadeiramente imutáveis, de onde se podem construir inúmeros
Landmarks, variáveis na forma, mas invariáveis no conteúdo, pela sua
absoluta adequação à fórmula:

25Ordenado Ministro Baptista, em 1895, Fort Newton será, no entanto, um eminente


ministro de congregações Universalistas e, mais tarde, membro da Igreja Episcopal
dos Estados Unidos. Foi um destacado Maçon, tendo exercido a função de Grande
Capelão da Grande Loja de Iowa, de 1911 a 1913.

20/66
«The fatherhood of God, the brotherhood of man, the moral law, the
Golden Rule, and the hope of life everlasting.»26

Nesta acepção, a Regra de Ouro é a que remete para a “ética da


reciprocidade”, enunciada em variadíssimas religiões: «Trata os outros
como gostarias que te tratassem a ti; Não faças aos outros o que não
gostarias que te fizessem a ti; Deseja aos outros todo o bem que desejas
para ti mesmo.»

A Grande Loja Legal de Portugal segue, em conformidade absoluta com


a sua Grande Loja-Mãe (a GLNF) um enunciado de 12 regras, que tem
sido adoptado por muitas jurisdições europeias e africanas27:

1 - A Maçonaria é uma fraternidade iniciática que tem por fundamento


tradicional a fé em Deus, Grande Arquiteto do Universo.

2 - A Maçonaria refere-se aos "Antigos Deveres" e aos "Landmarks" da


Fraternidade, especialmente quanto ao absoluto respeito das tradições
específicas da Ordem, essenciais à regularidade da Jurisdição.

3 - A Maçonaria é uma ordem, à qual não podem pertencer senão


homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em
prática um ideal de paz.

4 - A Maçonaria visa ainda, pelo aperfeiçoamento moral dos seus


membros, o da humanidade inteira.

5 - A Maçonaria impõe a todos os seus membros a prática exata e


escrupulosa dos ritos e do simbolismo, meios de acesso ao
conhecimento pelas vias espirituais e iniciáticas que lhe são próprias.

6 - A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões


e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou
controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de
união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os
homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.

7 - Os Maçons tomam as suas obrigações sobre um volume da Lei


Sagrada, a fim de dar ao juramento prestado por eles o carácter solene
e sagrado indispensável à sua perenidade.

8 - Os Maçons juntam-se, fora do mundo profano, nas Lojas onde estão


sempre expostas as três grandes luzes da Ordem: um volume da Lei
Sagrada, um esquadro, e um compasso, para aí trabalhar segundo o

26
A paternidade de Deus, a fraternidade dos Homens, as Leis Morais, a Regra de Ouro
e a esperança na vida eterna.
27 Rui Bandeira, Os Landmarks da Maçonaria Regular: a Regra em 12 pontos, in a-

partir-pedra.blogspot.com, Outubro de 2016.

21/66
rito, com zelo e assiduidade e conforme os princípios e regras prescritas
pela Constituição e os Regulamentos Gerais de Obediência.

9 - Os Maçons só devem admitir nas suas Lojas homens maiores de


idade, de perfeita reputação, gente de honra, leais e discretos, dignos
em todos os níveis de serem bons irmãos e aptos a reconhecer os limites
do domínio do homem e o infinito poder do Eterno.

10 - Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor à Pátria, a submissão


às leis e o respeito pelas autoridades constituídas. Consideram o
trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob
todas as formas.

11 - Os Maçons contribuem pelo exemplo ativo do seu comportamento


são, viril e digno, para irradiar da Ordem no respeito do segredo
maçônico.

12 - Os Maçons devem-se mutuamente, ajuda e proteção fraternal,


mesmo no fim da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as
circunstâncias a calma e o equilíbrio indispensáveis a um perfeito
controlo de si próprio.

1.4 - A Regularidade

A Regularidade é um qualificativo que se refere, em Maçonaria, à


observância dos preceitos fundamentais que instituíram a Ordem,
nomeadamente os termos constitucionais e, ainda mais vincadamente,
os Landmarks e os conceitos que lhes são inerentes. Neste sentido, a
Regularidade advém da constância nas práticas rituais e da firmeza na
manutenção conceptual de determinados valores fundamentais e
fundacionais da Ordem, sem qualquer concessão a desvios ou variantes
que possam por em causa esses mesmos valores.

Não é falsa a afirmação de que, nesta acepção, a Regularidade se


confunde com ortodoxia, porque ela visa a conservação e a estrita
observância de conceitos e práticas há muito instituídos, rejeitando as
inovações ou adulterações que, ao longo da história, foram sendo
ensaiadas.

A verdade é que a Regularidade é muito mais que isso.

A Regularidade é também o valor que garante e legitima toda a acção


maçónica, quer no que se prende com a capacidade legislativa de cada
jurisdição nacional, ou seja, a reconhecida legitimidade para estabelecer
o edifício regulamentar que a regula internamente (Constituição,
Regulamentos, Decretos e demais documentação com força legal, no
estrito âmbito do Direito Maçónico) e bem assim no que se prende com
22/66
a necessária conformidade com as Leis Gerais dos Estados (em
Portugal, por exemplo, é obrigatória a aquisição do estatuto de
personalidade jurídica através do registo das Grandes Lojas ou Grandes
Orientes como pessoas colectivas de direito privado, quer ainda mais
fundamentalmente no que se prende com a legitimidade das suas
práticas rituais e simbólicas.

Nesta última acepção, a Regularidade toma a forma de “corrente


contínua” de transmissão dos valores que encerram as várias
cerimónias maçónicas, quer se tratem das que são estritamente
pessoais, ou seja, as que são transmitidas a cada membro (Iniciação,
Elevação, Exaltação, Instalação e Ajuramentação), e as que são
transmitidas em termos colectivos (Consagração e Abatimento de
Triângulos e Lojas), nas quais se incluem as que requerem a
participação de congéneres internacionais (como é o caso da
Consagração de Grandes Lojas e Grandes Orientes).

A corrente da Regularidade é pois estabelecida pela transmissão


cerimonial dos valores maçónicos, de quem os recebeu, ritual e
regularmente e que, por este facto, adquiriu o poder de os outorgar
àqueles que foram reconhecida e regularmente considerados aptos para
os receber, através das mesmas cerimónias rituais.

Assim se explica o carácter dinâmico e contínuo da Regularidade: A


Iniciação regular de um individuo só se pode efectuar numa Loja
regularmente constituída; Essa Loja só é regular se mantiver o seu
funcionamento sob os auspícios de uma Grande Loja ou Grande Oriente
regulares; Uma Grande Loja ou Grande Oriente só constitui uma
potência regular se tiver sido consagrada por outra jurisdição regular e
se mantiver o Reconhecimento das demais potências regulares
mundiais.

Clarificando a questão, agora do ponto de vista negativo: Não há


Maçons regulares que não tenham sido iniciados em Lojas regulares;
Não há Lojas regulares que não estejam integradas em Grandes Lojas
ou Grandes Orientes regulares, que não tenham um Venerável
regularmente instalado por um Grão-Mestre regular e que não tenham
sido constituídas por, pelo menos, mais seis Mestres Maçons regulares;
Não há Grande Loja ou Grande Oriente regular que não seja constituído
por, pelo menos, cinco Lojas regulares e que não tenha sido consagrado
por uma outra potência regular (normalmente estrageira, que toma a
designação de Grande Loja-Mãe); Não há Grão-Mestre de uma potência
regular que não tenha sido regularmente eleito por Maçons regulares a

23/66
ela afiliados e Instalado por um Grão-Mestre regular (normal e
preferencialmente o seu antecessor).

Esta Regularidade pode apelidar-se de Regularidade da Origem, que


qualifica e legitima o acto maçónico que origina a condição regular de
um Maçon, de uma Loja (ou Triângulo) e de uma Grande Loja (ou
Grande Oriente).

No entanto, a Regularidade adquire também uma dimensão temporal.


Quer isto dizer que para um Maçon regular, uma Loja regular ou uma
Grande Loja regular não basta a regularidade do acto ritual que
legitimou a sua origem. Na verdade, esse Maçon, essa Loja e essa
Grande Loja terão de permanecer fiéis aos preceitos da Regularidade se
quiserem manter esse estatuto.

Ora, para garantir esta fidelidade aos preceitos legais, rituais e


simbólicos, a Maçonaria Regular Universal estabeleceu uma simples,
mas muito eficaz, forma de sujeição universal, quer de indivíduos (cada
Maçon), quer de colectivos (cada Loja e cada Grande Loja), valendo-se
do seu estatuto ímpar de Obediência: o Reconhecimento.

1.5 - O Reconhecimento

O Reconhecimento é, provavelmente, o maior e mais eficaz instrumento


que a Maçonaria Universal tem ao seu dispor, para a defesa das suas
regras, das suas leis e dos Landmarks que garantem a Regularidade (e,
por isso, a legitimidade) das suas práticas, dos seus rituais e dos seus
símbolos, enfim, que garantem a coesão e a uniformização da sua
proposta para a Humanidade, através de cada Homem.

O Reconhecimento é bidirecional, ao longo de toda a estrutura vertical


da Ordem e é válido para cada indivíduo, para cada Loja e para cada
Grande Loja ou Grande Oriente e transporta o ónus da qualificação
para O OUTRO ou OS OUTROS, nunca os próprios.

Na verdade, um Maçon só o é se reconhecido de facto por outros


Maçons; Uma Loja só tem existência de jure quando integrada numa
estrutura superior que lhe reconheça esse direito de funcionamento, da
mesma forma que uma Grande Loja está permanentemente sujeita ao
escrutínio internacional das potências que garantem o seu estatuto e
até a sua existência formal, no quadro da rede de reconhecimentos da
Maçonaria Universal.

24/66
Capítulo 2 – A Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular
de Portugal

2.1 - Síntese histórica

Às eleições para o Grão-mestrado do Grande Oriente Lusitano de 1984


apresentaram-se vários candidatos, com conteúdos programáticos
muito diferentes, nascidos da generalizada discussão interna que as
questões dos reconhecimentos internacionais e da regularidade
maçónica vinham merecendo, desde o final da década anterior.

A candidatura de Simões Coimbra agregou as demais candidaturas que


se achavam do mesmo lado da questão e que, por essa razão, acabaram
por desistir28 em seu favor. A candidatura de Antero da Palma Carlos
recolhia a preferência dos que preconizavam a reforma interna com
vista ao restabelecimento da regularidade, pela via ritualista, e
consequente reconhecimento pela Maçonaria Regular Universal.

Para além do apoio dos Veneráveis de cerca de uma dezena de Lojas,


Palma Carlos tinha o apoio de Fernando Teixeira, presidente do
Conselho da Ordem e de alguns notáveis, como José Eduardo Pisani
Burnay e Vitor Marques, Obreiros da velha e prestigiada Loja Simpatia
e União.

No rescaldo da eleição de Simões Coimbra, os principais opositores


seriam suspensos «por manifesta rebeldia e indisciplina conta o Grande
Oriente Lusitano» e finalmente irradiados, em Março de 1986.

A 14 de novembro de 1984 alguns destes dissidentes fundam a Grande


Loja de Portugal29 que, apesar de se ter constituído através de escritura
pública, em fevereiro de 1985, e de ter visto os seus Estatutos
publicados em Diário da República30, terá uma vida efémera pela
fraquíssima adesão que granjeia e por terem saído frustradas as
inúmeras tentativas de reconhecimento internacional. A forma irregular
como foi conduzido todo o processo de criação desta Grande Loja
determinou o seu insucesso ab initio.

28 Candidaturas de Daniel Gomes de Pinho e de Raúl Rego.


29 Fernão Vicente é o seu Grão-Mestre com Álvaro Pais de Ataíde e Antero da Palma
Carlos como Adjuntos, José Manuel Moreira como Secretário Geral e Fernando
Teixeira como Grande Orador.
30 D.R. de 22 de Abril de 1985.

25/66
O mesmo erro não se verificou à segunda tentativa. De facto, Vítor
Marques, Fernando Teixeira, Nuno Nazareth Fernandes, Antero da
Palma Carlos, João Figueiredo, José Vacondeus, Luís Lameiras de
Figueiredo, Manuel van Hoof Ribeiro e Rui Abreu, serão regularizados
pela Grande Loja Nacional Francesa que, para esse fim, reergue as
colunas da Loja Nominoé nº436, em Lorient, França, em 29 de
setembro de 1986. Esta Loja reunia sempre que se deslocassem à
Bretanha os referidos Maçons portugueses ou que estivesse em Portugal
Daniel Laurent, seu Venerável.

Com a eleição de Vítor Marques, como Venerável da Loja, os Obreiros


portugueses são autorizados a reunir em Lisboa e aí iniciar profanos e
regularizar Maçons provenientes de outras obediências irregulares. A
nova Loja adopta o nome de Fernando Pessoa que, ainda sob os
auspícios da Grande Loja Nacional Francesa (GLNF), adquire o número
de registo 538, em 19 de setembro de 1987.

O seu rápido crescimento no nosso país conduz ao levantamento de


colunas de mais duas Lojas – Porto do Graal e Europa – estabelecendo-
se desta forma as condições mínimas exigíveis para a criação de um
Distrito de Portugal da GLNF, em 1989.

Com três Lojas a reunir regularmente a que se juntaram, pouco tempo


depois, as Lojas General Gomes Freire de Andrade, Mestre Affonso
Domingues e Jean Mons, o Distrito de Portugal pôde finalmente
requerer o reconhecimento internacional ao direito de soberania e
jurisdição, processo que se concluiu no acto da consagração da Grande
Loja Regular de Portugal (GLRP), em 15 de julho de 1991. Nessa data é
empossado, como seu primeiro Grão-Mestre, o Dr. Fernando Pais
Teixeira.

Em finais de 1996, no culminar de vários desentendimentos entre os


seus principais dirigentes, um grupo de Grandes Oficiais, liderados pelo
Ex Grão-Mestre, levam a cabo uma tentativa de destituição do Grão-
Mestre regularmente eleito e em funções, Luís Nandim de Carvalho.

Na madrugada de sábado, 7 de dezembro de 1996, os dissidentes


ocupam a sede da Grande Loja Regular de Portugal, com recurso a uma
força de segurança armada.

Um comunicado assinado pelo Ex Grão-Mestre Fernando Teixeira e


pelos “seus” Pró-Grão-Mestres, que se assumem como «representantes
de uma significativa maioria do Colégio de Grandes Oficiais» e que, com
«acordo imediato desta solução dado pelo Ex Grão-Mestre», destituem
Luís Nandim de Carvalho de «todos os direitos e regalias» e reconduzem
Fernando Teixeira.

26/66
Estava assim consumada a cisão interna da GLRP que redundou numa
sucessão de atos formalmente irregulares e profundamente anti-
maçónicos.

Valeu ao jovem projeto maçónico regular português o amplo apoio que


foi dado ao Grão-Mestre Nandim de Carvalho pela generalidade das
Lojas que lhe reiteraram a sua obediência e pela expressiva maioria de
Obreiros que souberam permanecer do lado da regularidade.

O mesmo se verificou no apoio e solidariedade que lhe prestaram os


Corpos Rituais e, por seu intermédio, muitas potências estrangeiras
que, entretanto, foram alertadas para o sucedido.

Só em 2001, na Conferência Mundial de Grão-Mestres que teve lugar no


Hawai, E.U.A., foi possível encerrar o processo da disputa pelo
reconhecimento internacional originado pela cisão de dezembro de
1996. A Grande Loja Legal de Portugal ver-se-ia creditada nessa reunião
magna e veria o seu Grão-Mestre Luís Nandim de Carvalho tomar parte
nos trabalhos, junto dos demais Grão-Mestres da Maçonaria Universal.

Em termos internos, sequestrado que foi todo o acervo administrativo


da sede da Grande Loja, mostrou-se necessário reconstruir a Grande
Secretaria, recompor o Grão-mestrado, alertar as potências
estrangeiras, reatar contactos, estabelecer uma nova entidade jurídica e
efectuar o seu registo legal.

Assim se constituiu a Grande Loja Legal de Portugal, juridicamente


criada a 23 de dezembro de 1996 e que, pouco tempo depois dos
acontecimentos, estava em pleno funcionamento e em franco
crescimento.

A Grande Loja Regular de Portugal manteve uma actividade muito


discreta, depois dos acontecimentos de 1996, até à sua extinção formal
e à sua plena reintegração na Grande Loja Legal de Portugal, a 11 de
dezembro de 2011.

Pelo contrário, a Grande Loja Legal de Portugal despertou um interesse


muito generalizado na sociedade portuguesa, por via de um importante
trabalho de recuperação da sua imagem junto das principais
instituições do Estado, dos projetos de solidariedade social em que se
envolveram ativamente os seus obreiros e de uma abertura responsável
à comunicação social.

Para a pacificação e estabilização internas também muito contribuíram


as personalidades dos Grão-Mestres subsequentes, homens do mundo
académico e da cultura e importantes Altos Dignitários da Ordem, que a
souberam conduzir com sabedoria, força e beleza, até aos nossos dias.

27/66
Depois de ter estado instalada em vários locais, sempre com carácter
provisório, a Grande Loja Legal de Portugal estabeleceu-se na velha
Quinta de Sant’Ana, em pleno jardim de Telheiras, uma zona com
grande dignidade na cidade de Lisboa. O novo Templo foi consagrado a
15 de setembro de 2012. Compareceram à cerimónia representantes
das principais jurisdições regulares da Europa, do Brasil e algumas
Grandes Lojas africanas, que quiseram desta forma reforçar os laços
fraternais que mantêm com a obediência regular portuguesa.

No final de 2018 a Grande Loja Legal de Portugal tinha afiliados


aproximadamente 3000 obreiros em cerca de 120 oficinas dispersas por
todo o território nacional (efetivamente em todos os Distritos), incluindo
as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. Estão também sob sua
jurisdição várias oficinas sedeadas fora do território nacional,
nomeadamente em Macau, Timor, Angola, Cabo Verde, Guiné e São
Tomé e Príncipe.

2.2 - Estrutura orgânica da Obediência

Em termos funcionais, a Grande Loja Legal de Portugal segue a


orgânica da generalidade das suas congéneres regulares e adopta a
«Teoria da separação de poderes» de Montesquieu para o
estabelecimento do seu modelo de governança interna:

O poder legislativo – toda a regulamentação interna da Grande Loja é


apresentada, discutida e aprovada pela Assembleia de Grande Loja, que
estabelece a Constituição e o Regulamento Geral pelos quais se rege
toda a acção maçónica. É também a única instância que pode aprovar
quaisquer alterações aos documentos fundamentais que lhe sejam
apresentadas, nos moldes regimentais.

A Assembleia de Grande Loja é constituída pelos representantes das


Lojas (consoante o número dos seus Mestres Efectivos), pelo Grão-
Mestre e pelos Grandes Oficiais que não têm, como tal, direito de voto.

O poder judicial – é repartido por duas instâncias que detêm


competências disciplinares próprias e de acordo com o Princípio da
Subsidiariedade: a Loja, que aplica a justiça em primeira instância, em
matéria para a qual tenha competência e o Tribunal de Apelação, que
dirime as questões jurídicas em segunda instância e julga, em
exclusividade, os processos originados nas estruturas e nos membros
superiores da Ordem.

O Tribunal é constituído por um presidente (que, em termos simbólicos


adquire a designação de Grande Porta-Gládio), eleito pela Assembleia de

28/66
Grande Loja e por quatro vogais, Mestres Instalados nomeados pelo
Grão-Mestre.

O poder executivo - é da competência exclusiva do Grão-Mestre, que


conduz o governo da Grande Loja através das figuras jurídicas do
Decreto e do Despacho, ainda que forçosamente condicionado às
disposições da Constituição e do Regulamento Geral.

O Grão-Mestre preside ao órgão executivo que tem por função coadjuvá-


lo no governo da Grande Loja e representá-lo nos seus impedimentos –
o Grão-Mestrado – que é composto por dois Vice-Grão-Mestres, dois
Assistentes do Grão-Mestre, o Grande Secretário, o Grande Tesoureiro,
o Grande Correio Mor e o Grande Hospitaleiro e Esmoler.

É da exclusiva competência do Grão-Mestre nomear e exonerar todos os


Grandes Oficiais da Grande Loja, à excepção do Grande Tesoureiro e do
Grande Porta-Gládio, que são eleitos directamente pela Assembleia de
Grande Loja, muito embora os seus auxiliares careçam de nomeação.

Cabe também ao Grão-Mestre promulgar os resultados das eleições e


das resoluções da Assembleia de Grande Loja, órgão a que também
preside, por inerência.

Em termos simbólicos, o Grão-Mestre representa o Rei Salomão e


preside às sessões de Grande Loja, conduzindo os trabalhos dessa
sessão e bem assim de qualquer sessão de Loja em que queira estar
presente. O Grão-Mestre tem ainda a incumbência de presidir à
Instalação de todos os Veneráveis Mestres eleitos pelas Lojas. O Grão-
Mestre pode delegar todas estas funções rituais em qualquer um dos
seus Grandes Oficiais que, para o efeito, o representam pessoalmente.

O Grão-Mestre tem ainda todas as incumbências relacionadas com a


representação da Grande Loja, em todas as instâncias nacionais e
internacionais, à excepção das ocasiões em que essa representação for,
por si, delegada em qualquer um dos seus Grandes Oficiais.

2.3 - A Constituição e o Regulamento Geral

A Constituição e o Regulamento Geral da Grande Loja Legal de


Portugal/GLRP estabelecem a definição, os objectivos e as regras de
funcionamento interno da Obediência. A estes documentos, que
constituem a Lei Maçónica, estão vinculados todos os seus membros,
por força da sua adesão escrita (literalmente, com a assinatura da Ficha

29/66
de Adesão) e dos vários juramentos rituais que lhes são exigidos, ao
longo do seu percurso maçónico.

O Regulamento Geral é elaborado e votado pela Assembleia Geral e


promulgado pelo Grão-Mestre, entrando imediatamente em vigor. O
Regulamento Geral pode ser revisto após um determinado período de
vigência, pelo que a Assembleia vota as propostas de alteração que
entretanto lhe tiverem sido dirigidas, no fim desse período, alterando
todas as disposições regulamentares que tiverem sido votadas
favoravelmente.

Uma vez que a Grande Loja Legal de Portugal está inserida na vertente
regular da Maçonaria, a Constituição e o Regulamento Geral têm
também a função de conservar e balizar as suas práticas dentro dos
trâmites e limites a que a obriga a Regularidade e a Tradição
maçónicas, de quem depende para o seu reconhecimento internacional.

Para tal, a Grande Loja Legal de Portugal adopta a Declaração da


Regularidade Tradicional, traduzida nos 12 landmarks imutáveis da
Maçonaria Regular Universal.

30/66
Capítulo 3 – O Grau de Aprendiz Maçon

3.1 - Recrutamento e Ingresso na Maçonaria

O recrutamento de novos Maçons obedece a princípios que existem


desde tempos imemoriais, sejam eles escritos ou não, embora sem
normas explícitas muito rigorosas, podendo divergir conforme os casos.

O cumprimento destes princípios é essencial à Sociedade Maçónica,


devendo, por isso mesmo, ser mantidos intactos no respeito e em
virtude dos mais solenes e invioláveis compromissos que caracterizam e
identificam a nossa Augusta Ordem.

A admissão na Maçonaria é restringida a homens adultos, maiores de


idade, sem limitações de raça, credo ou nacionalidade, desde que gozem
de boa reputação, sejam pessoas livres, íntegras e de bons costumes.

Independentemente das questões de ordem mais técnica, relacionadas


com o recrutamento e ingresso de candidatos na Maçonaria, descritas
mais abaixo, importa reflectir sobre as diversas orientações e
fundamentos que presidem e estão subjacentes à entrada de novos
Maçons na Ordem Maçónica.

A Maçonaria pugna por combater a ignorância em todas as suas


facetas, constituindo-se para todos os efeitos como uma escola apta a
providenciar conhecimentos filosóficos e litúrgicos aos seus obreiros.

Os Maçons, por outro lado, devem viver segundo os princípios da honra,


da verdade e da virtude, praticar a justiça, amar o próximo e trabalhar
para melhorar a felicidade humana, bem como obedecer às leis
democráticas do seu País, mostrando-se actualizados em relação ao seu
tempo.

Os Maçons estão ainda obrigados ao sigilo e a praticar a caridade, a


beneficência e a educação, e a não professar ideologias contrárias aos
princípios maçónicos da liberdade, igualdade e fraternidade.

Os candidatos devem estar conscientes que devem ser melhores que o


homem vulgar, devendo o Mestre proponente avaliar o carácter e o
comportamento profanos do candidato, sugerindo obras maçónicas
para leitura e outras informações que permitam um melhor
entendimento da Ordem, evitando os exageros e os detalhes
pormenorizados que só iriam contribuir para confundir o profano pouco
identificado com as realidades maçónicas.

Nestes termos, o candidato deve possuir instrução suficiente para


compreender e aplicar os ensinamentos recebidos, ou seja, dispor de
conhecimentos básicos fundamentais necessários à compreensão de
qualquer ramo do saber.

31/66
O inculto é, enquanto princípio geral, um fanático e um intolerante, os
dois maiores inimigos do verdadeiro Maçon. As vantagens em ser Maçon
são, sobretudo, de natureza moral, filosófica e espiritual.

Um Maçon quando se afasta da Maçonaria não deixa de ser considerado


Maçon, uma vez que preserva os conhecimentos que adquiriu,
continuando a manter a discrição, sendo muito raro alguém abandonar
a Ordem depois de ter recebido os ensinamentos maçónicos.

O processo inicia-se, normalmente, através de um convite feito


directamente por um M:.M:. (Mestre Maçon), conhecido ou não do
candidato, já que o mesmo pode ter sido recomendado por outro obreiro
da Loja, aprendiz, companheiro ou mestre.

Em caso de admissão, o M:.M:. que endereçou o convite assume o papel


de padrinho do candidato, passando a ser um dos responsáveis pela
sua instrução e formação maçónica, pelo menos até à sua elevação a
Mestre, uma vez que esta relação irá perdurar no espaço e no tempo,
continuando muito para além da Elevação e terminando apenas com a
passagem ao Oriente Eterno dos protagonistas.

Por outro lado, um qualquer interessado pode procurar um amigo


Maçon e manifestar o seu interesse em ingressar na Maçonaria. Cabe a
este Maçon, em primeira análise, ajuizar sobre a viabilidade da
pretensão, atendendo ao conhecimento pessoal do pretendente e da sua
aptidão para o trabalho maçónico.

Em ambos os casos, a proposta de ingresso só pode ser efectuada por


um M:.M:., devendo a regra base para o recrutamento do candidato
obedecer a princípios de qualidade, entre os quais, a tolerância, respeito
e espírito fraterno, altruísmo, capacidade de trabalho, estudo,
afabilidade no trato e desprendimento das coisas materiais.

O V:.M:., no seguimento da apresentação da proposta de ingresso do


profano em Loja, designa dois inquiridores, tendo em vista apurar se
este reúne as condições necessárias para ser admitido na Maçonaria e
ser uma mais-valia importante para a R:.L:.

Os inquiridores, ambos MM:.MM:., não podem conhecer nem ter tido


qualquer relação anterior com o candidato. Em resultado da inquirição,
os autores elaboram um relatório onda consta, entre outros aspectos,
as virtudes e defeitos do candidato e a recomendação de admissão ou
rejeição.

O recrutamento exige uma selecção rigorosa, pelo que só será admitido


aquele que demonstrar preencher as condições necessárias para
integrar a Grande Obra e querer, inequivocamente, participar na
mesma.

É nesta altura que o candidato deve proceder ao preenchimento da


respectiva ficha de inscrição, assim como subscrever a Declaração de

32/66
Princípios, onde manifesta o cariz voluntário da sua pretensão em se
tornar candidato à iniciação na Loja indicada.

A Declaração de Princípios deve evidenciar a crença no G:.A:.D:.U:., a


não pretensão em obter qualquer benefício financeiro ou contrapartidas
profissionais ou pessoais, nunca ter sido condenado em tribunal por
qualquer delito, não ter sido objecto de declaração de conduta
desonesta ou vergonhosa, não estar sujeito a qualquer investigação
criminal, comercial, profissional ou outra e não estar ligado a outra
organização imitadora da Maçonaria ou considerada incompatível ou
irregular pela Grande Loja Regular. Este documento deverá ser
acompanhado de um Registo Criminal actualizado e do Curriculum
Vitae do candidato.

O padrinho maçónico apresenta, formalmente, a candidatura do


profano em Loja e recomenda aos MM:.MM:. a sua aprovação.
Seguidamente, o V:.M:. coloca à votação a admissão à iniciação do
candidato, através do recurso à forma tradicional da bola branca e bola
preta, ou seja, prova e contraprova.

Nenhum candidato pode ser imposto, porque isso iria causar


desarmonia e perturbar a liberdade dos demais. A aceitação ou recusa
será comunicada ao candidato e o processo encaminhado para a
Grande Loja, permanecendo nos Passos Perdidos até aprovação
definitiva.

Uma vez Iniciado, o candidato torna-se Maçon, passando a estar


vinculado para todo o sempre com a sua consciência e com os demais
Maçons e, por essa via, com a Ordem Maçónica Universal, através de
juramento aquando da sua iniciação.

3.2 - Os Passos Perdidos

A expressão teve origem no Parlamento Inglês no final do século XIII,


(1296), quando os seus fundadores decidiram atribuir à Sala de Espera
onde as pessoas aguardavam para ser recebidas pelos parlamentares a
designação de Passos Perdidos, atendendo a que as mesmas circulavam
sem um rumo definido e, portanto, sem um destino concreto.

O nome, algo estranho, sem qualquer significado à primeira vista,


sugere um local que não conduz a lugar nenhum, embora, no campo
meramente simbólico e extra Maçonaria, se possa concluir que todos os
passos são perdidos, uma vez que os profanos não seguiram os
ensinamentos doutrinários da Ordem Maçónica, andando, por isso
mesmo, perdidos, sem rumo.

O Primeiro Templo Maçónico surgiu em Inglaterra quase 500 anos


depois da criação do Parlamento Inglês, século XVIII, (1776), tendo
adoptado a expressão para designar a Sala de Espera anexa ao Templo,
uma vez que tem a mesma finalidade, tendo inspirado também o Altar

33/66
do V:.M:. a disposição dos lugares sentados nas colunas, a configuração
do Templo e a entrada pelo Ocidente.

Em suma, podemos afirmar que a Sala dos Passos Perdidos é, pois, o


local ou a Sala de Espera onde se aguarda o início dos trabalhos e onde
se circula sem uma direcção pré-definida, com o mundo profano ainda
presente e onde se prepara a mente para o ingresso no Templo em
busca da perfeição.

É neste espaço, representando o Consciente, ocupado com os


problemas da vida profana, de convivência e amizade, que se gera,
verdadeiramente, o ambiente adequado para que os trabalhos que se
vão seguir decorram de forma justa e perfeita.

É aqui, onde todos se encontram, cumprimentam, confraternizam e


trocam impressões, que se prepara o Espírito e o Intelecto, se procura o
equilíbrio no entendimento dos equívocos e se revêm as diferenças,
melhor forma de dar aos relacionamentos um sentido mais justo e
fraterno.

A Sala dos Passos Perdidos tem características próprias, sendo uma


sala diferente das existentes em lugares públicos. Assim, nas paredes
devem estar colocados fotos de personalidades maçónicas ou históricas,
Grão-Mestres, quadros alegóricos, estátuas, objectos museológicos
ligados à Maçonaria, etc., onde se recebem os visitantes antes de
entrarem no Templo, nomeadamente o Grão-Mestre, Grandes Oficiais e
OO:. (obreiros) de outras Lojas.

A Sala dos Passos Perdidos fica na linha que separa o mundo profano
do sagrado, pois é neste lugar que os Maçons se recolhem e se
concentram antes de entrar no Templo, separando o exterior do interior,
onde se aguarda para ser acolhido ou introduzido no mundo maçónico.

Em resumo, podemos afirmar que a Sala dos Passos Perdidos não é


mais do que uma Sala de Espera onde todos os II:. se cumprimentam e
socializam entre si, preenchendo o seu espaço interior através da troca
de energias positivas, exercitando os pensamentos em prol da vida,
abdicando de radicalismos e ressentimentos, debastando a pedra bruta
que mora dentro de cada um e buscando a polidez necessária à
construção do seu Edifício Maçónico, baseado na tolerância, respeito e
amor fraternal, capacidade de trabalho e estudo.

Acresce que, no Rito de Emulação não é habitual a referência a Sala dos


Passos Perdidos, havendo quem considere este espaço como uma
antessala.

A expressão “Passos Perdidos” é ainda utilizada quando um processo se


encontra pendente de aprovação na G:.L:., designadamente a
candidatura de um profano à Iniciação, a Passagem de um Aprendiz a
Companheiro ou a Elevação de um Companheiro a Mestre.

34/66
3.3 - A Câmara de Reflexão

Câmara de Reflexão ou Câmara de “Reflexões”? As duas designações


parecem válidas e correctas. Considera-se, no entanto, que a forma
mais adequada para chamar ao pequeno reduto onde o profano é
introduzido antes da sua iniciação é Câmara de Reflexão e não Câmara
de “Reflexões”. E isto porque a última designação se aplica mais a um
espaço espelhado do que a uma espécie de “calabouço” ou “masmorra”
escuros e frios, pintados interiormente de preto e com iluminação
reduzida, fornecida, normalmente, por uma única vela ou lamparina.

A Câmara de Reflexão é, pois, o primeiro contacto do profano com a


Ordem Maçónica, destinando-se, sobretudo, através do silêncio e do
conjunto de símbolos aí colocados, a conduzir o candidato para uma
meditação sobre a insignificância da vida e o acesso à sua própria alma,
estimulando-lhe uma ideia de transição. O recurso à introspecção e à
reflexão interior é, comprovadamente, a melhor forma de alguém se
conhecer a si mesmo.

Os símbolos têm, cada um deles, um significado esotérico, atendendo


ao cariz alquímico e iniciático dos mesmos, levando o candidato durante
a sua permanência na câmara a reflectir sobre o abandono da vida,
acordando para uma nova realidade.

Mergulhado na escuridão da sua ignorância, é dada a oportunidade ao


profano a partir dos símbolos ali existentes para meditar sobre a sua
vida: o pão e a água; o enxofre, o sal e o mercúrio; os ossos, a caveira, a
foice e a ampulheta; a sigla V:.I:.T:.R:.I:.O:.L:.; as respostas às
perguntas colocadas; e, em alguns casos, a composição do seu
testamento filosófico, lembrando a sua morte profana e o início de uma
nova vida. O testamento filosófico não é aplicado no rito de Emulação e
as perguntas feitas aos candidatos são apenas três: relação com Deus;
relação com a vida; e visão da humanidade.

Antes de ver a Luz, todo o ser tem que ser formado em ambiente
fechado, de clausura e recolhimento. Só depois de ver a luz é que se
inicia a fase de aprendizagem e aperfeiçoamento, através de um
processo contínuo que irá durar até à morte material.

O Maçon, por isso mesmo, passa pela Câmara de Reflexão antes de ser
iniciado, ou seja, o Ventre da Loja Mãe, um período de escuridão e
maturação silenciosa da alma, onde se desenvolve o embrião da criação,
enquanto princípio de toda a vida mística da Ordem Maçónica
Universal.

Pretende-se, no fundo, que um neófito passe por uma morte simbólica


da sua vida profana, para depois renascer um homem novo, livre de
paixões mundanas, disponível para a lapidação da pedra bruta que há
em si, para poder, deste modo, vir a fazer parte do templo do Rei
Salomão.

35/66
A Câmara de Reflexão surge, assim, como um ponto crítico na iniciação
do candidato, levando-o a uma purificação do espírito e, por
conseguinte, a um maior entendimento, por um lado, das coisas
terrenas e, por outro, do valor inestimável dos bens espirituais, através
do resgate do seu verdadeiro eu interior, tornando-se assim um
Aprendiz Maçon.

Mais do que incutir terror físico aos iniciados, a Câmara de Reflexão


pretende criar um estado de espírito necessário para compreender os
ensinamentos maçónicos, decorrentes do simbolismo e do esoterismo
da iniciação em particular e da Ordem Maçónica em geral.

A simbologia da Câmara de Reflexão encontra fundamento no


Hermetismo. Hermes é o patrono das ciências ocultas e esotéricas, um
sábio que transcendeu os três mundos, nasceu, morreu, nasceu de
novo e morreu de novo e, renasceu pela terceira vez, para morrer e viver
eternamente na forma da Sabedoria Hermética, considerada a mãe das
ciências da Filosofia, Arquitectura, Matemática, Letras, Linguística,
Alquimia, Astrologia, Geometria, Música, Medicina, Pintura, entre
tantas habilidades e sabedorias do homem cósmico.

Os três princípios herméticos são o Enxofre, símbolo do Espírito, o Sal,


símbolo da Sabedoria e da Ciência e, o Mercúrio, símbolo da Ousadia e
da Vigilância que anuncia o nascer do dia, ou seja, o Sol nascendo no
Oriente. Estes três elementos constituem a essência e a base da
alquimia – a transmutação.

Assim sendo, o simbolismo da Câmara de Reflexão está relacionado com


o culto a Hermes, (o culto solar), compreendendo a primeira fase da
Grande Obra, representada pelo “Ovo Filosofal” ou por um Casulo em
Transformação – Fecundação, Nascimento e Vida.

É nesta “Caverna”, temível, solene, escura e fria, em que, sabedor da


sua morte para a vida profana, o iniciado passa os primeiros momentos,
meditando em silêncio sobre o que vê e pensando na nova vida que o
espera rumo a um pensamento novo, tanto mais que lhe foram feitas
perguntas sobre a sua relação com Deus, com a Morte, com a Pátria,
com a Família, com o resto da Humanidade e consigo próprio.

Por tudo isto, a Câmara de Reflexão representa o planeta Terra no qual


nascemos, morremos e encontramos o repouso eterno, simbolizando a
Matéria que é a base de todos os seres, sendo como que a matriz da
mãe, onde o novo ser se forma e se prepara para nascer. Aqui morre o
homem dos vícios e das paixões e que nasce para praticar a virtude, a
sabedoria e o bem.

É por estes motivos que deve ser concedido ao profano tempo suficiente,
geralmente uma hora e nunca menos de meia, para meditar e reflectir
sobre os símbolos que se encontram na Câmara, sem que nada o
perturbe durante este período, evitando-se, sempre que possível,

36/66
colocar mais que um profano na Câmara de cada vez. As iniciações
devem ser, preferencialmente, individuais.

A Câmara de Reflexão é um espaço reduzido que não recebe luz do


exterior, sendo iluminada apenas por uma vela ou, em alguns casos,
por uma lamparina. As paredes devem ser forradas e pintadas a preto,
ostentando várias inscrições e emblemas fúnebres. A cor negra
simboliza as trevas e a ausência de luz e, mais concretamente, o lado
sombrio da nossa personalidade.

No seu interior encontra-se uma mesa e um banco pequenos, um


esqueleto humano ou um crânio e ossos, enxofre, sal e mercúrio,
pedaço de pão e sementes de trigo, ânfora (jarra ou bilha) de água, uma
campainha, caneta e papel.

Pintado ao alto a palavra V:.I:.T:.R:.I:.O:.L:., (Visita Interiorem Terrae


Rectificando Invenies Occultum Lapidem), mais abaixo, um galo em
posição de canto, uma bandeirola com as palavras Vigilância e
Perseverança inscritas. Uma ampulheta, uma foice, duas taças com os
símbolos do enxofre e do sal marinho, sendo o do enxofre um triângulo
com vértice para cima e o do sal um círculo atravessado por uma
diagonal.

O Enxofre, o Sal e o Mercúrio sugerem os três princípios herméticos


contidos em qualquer corpo: o Espírito; a Sabedoria e a Ciência; a
Ousadia e a Vigilância.

As advertências colocadas na Câmara sugerem que a curiosidade não


justifica a presença do profano e que o sentimento de medo deve fazê-lo
retroceder e que só a perseverança o conduzirá das trevas para a luz.

As inscrições nas paredes destinam-se a levar o profano a encarar o


acto a que vai ser submetido, com a honestidade a que deve fazer jus.
Eis alguns exemplos:

«Se é a curiosidade que aqui te conduz, retira-te» - A Maçonaria não


pode ser um campo experimental para satisfazer uma simples
curiosidade. A Maçonaria refuta o superficial e o fútil, engrandecendo
no homem o desejo de se construir através de estudos sadios e
proveitosos.

«Se queres empregar bem a tua vida, pensa na morte» - Sendo a morte o
fim de tudo, a sua aproximação será o castigo ou a recompensa da vida.
Ao reflectir sobre a morte, o homem valoriza e lapida a sua vida. É por
estes motivos que o Maçon deve fazer da sua vida um caminho
laborioso, superando obstáculos, tendo no horizonte a sua máxima
valorização. A morte é, pois, o fim da vida profana e o nascimento na
vida maçónica, onde a verdade e a justiça são glorificadas e os vícios
enterrados.
«Se tens receio que descubram os teus defeitos, não estarás bem entre
nós» - O homem não pode alcançar um grau de perfeição elevada, senão

37/66
através do estudo de si mesmo e do reconhecimento dos seus defeitos,
para, desse modo, poder lapidar a verdadeira pedra bruta que há em si.
O Maçon deve seguir um caminho de aprendizagem constante, rumo à
perfeição.

«Se fores dissimulado, aqui serás descoberto» - A hipocrisia é uma das


principais causas do mal no mundo, pelo que o Maçon está obrigado
não só em desmascará-la como em a combater. Todo aquele que finge e
oculta, cedo ou tarde, será desmascarado e os seus vícios expostos à luz
da verdade.

«Se tens apego às paixões e distracções mundanas, retira-te, pois aqui,


não as conhecemos» - A Maçonaria respeita as hierarquias do mundo
profano e as diferenças sociais impostas pela ordem social. Nos
Templos, contudo, tudo isto é ignorado e desprezado, no respeito pela
igualdade que reina entre todos os seres, sem quaisquer distinções,
exceptuando as que resultem do merecimento pela virtude, pela
nobreza e pelo talento. É por isso que o trabalho dos aprendizes começa
ao meio-dia e, por conseguinte, quando não fazem sombra uns aos
outros. O sentimento de desprezo ou de individualismo não são bem-
recebidos na Ordem Maçónica.

«Se tens medo, não vás em frente» - Esta inscrição existe para indicar
que no momento de perigo, o homem carente de fé e de valor se deixa
dominar pelo terror e superstição, não conseguindo exteriorizar a sua
pedra bruta. O sentimento de medo faz com que o homem bloqueie o
seu caminho rumo ao futuro e ao progresso.

A Vela - É a primeira Luz da Maçonaria que o profano recebe,


inicialmente fraca para que através dos pensamentos sugeridos pelo
ambiente, se possa acostumar à visão espiritual e deslumbrante das
verdades que lhe irão sendo reveladas. O clarão da vela simboliza a
lâmpada da razão, porque ao iluminar a Câmara, ilumina igualmente o
interior do homem, dando-lhe uma esperança de um mundo novo e
diferente, mundo que ainda não conhece, mas que se abre à sua frente.

O Pão, sementes de trigo e água - São os emblemas da simplicidade que


vão orientar a vida do iniciado no futuro. O Pão é feito de trigo, cujo
simbolismo está associado e representa a carne do Deus sacrificado. O
Pão e a Água simbolizam os alimentos do corpo e do espírito,
necessários ao homem. Aqui, o profano recebe as forças para suportar
as provas a que vai ser submetido. O Pão simboliza ainda o laço de
fraternidade entre irmãos e a Água é fonte de vida e um meio de
purificação e regeneração – símbolo da Mãe Natureza – geradora de vida
material, mas também de vida espiritual. Ambos simbolizam a
simplicidade que deverá reger a vida do futuro iniciado. Trata-se de
alimentos que apesar de indispensáveis, não devem ser o único
objectivo da vida. Provindo do trigo, o Pão simboliza ainda a força moral
e o alimento espiritual da humanidade. As sementes de Trigo quando
deitadas à terra germinam e abrem-se rumo à luz, qual iniciado. Tal
como as sementes germinam e produzem plantas, o iniciado deve

38/66
morrer para os seus defeitos e imperfeições para que uma Nova Vida
possa germinar, crescer e manifestar-se.

O Galo - Na Maçonaria, o Galo anuncia o nascer do dia a Oriente e, por


conseguinte, a Luz que o neófito vai receber na sua iniciação. O Galo
era colocado no ponto mais alto das igrejas, sobre a cruz mais alta, quer
para anunciar a “Penitência”, quer para chamar para as primeiras
preces ao raiar da manhã. O Galo representa o mercúrio, princípio da
Inteligência e da Sabedoria, sendo considerado ainda como um símbolo
de Pureza. O Galo é um gerador de esperança, o anunciador de um
novo dia e, por conseguinte, da ressurreição, porque o seu canto marca
a hora sagrada do alvorecer, ou seja, a do triunfo da Luz sobre as
Trevas. Neste sentido, o Galo representa na Câmara o alvorecer de uma
nova existência para o iniciado, enquanto signo esotérico da Luz,
simboliza também a Vigilância que o neófito deve ter face ao papel que
desempenha na sociedade.

Bandeirola (Vigilância e Perseverança) - A bandeirola tem as pontas


enroladas e estas duas palavras, Vigilância e Perseverança, exprimindo
a ideia de velo severo, mostrando ao futuro Maçon que deve estar atento
e perscrutar os vários significados que os símbolos oferecem, mas cujo
entendimento só será possível através de uma perseverança paciente e
atenta. A Bandeirola é colocada por baixo do Galo e as suas palavras
indicam ao futuro Maçon que deve prestar atenção (Vigilância) e
investigar os vários sentidos dos símbolos, o que só poderá conseguir
através da paciência e da verdade (Perseverança).

V:.I:.T:.R:.I:.O:.L:. - Designação alquímica. Esta sigla da expressão do


latim "Visita Interiorem Terrae, Rectificando, Invenies Occultum
Lapidem", quer dizer: Visita o Centro da Terra, rectificando-te,
encontrarás a Pedra Oculta (ou Filosofal). Filosoficamente ela quer
dizer: Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontrarás o Teu Eu
Oculto, ou, "a essência da tua alma humana". É o símbolo universal da
constante busca do homem para se melhorar a si mesmo e à sociedade
em geral. Trata-se, no fundo, de um convite à procura do eu mais
profundo e da própria alma humana, através do silêncio e da
meditação.

Crânio e ossos - Representam a brevidade da vida e a morte física. Uma


morte dinâmica, enquanto instrumento de uma nova forma de vida,
penetrando no segredo do além. Serve para despertar no profano alguns
pensamentos relacionados com a Inteligência e a Sabedoria, cujo
símbolo é, precisamente, a Caveira humana. A Sabedoria é
determinante para o nosso dia-a-dia, para a nossa existência e para a
tomada das grandes decisões da nossa vida, sendo vista como a Razão
que governa a teoria. Os ossos são um mero complemento do Crânio
como símbolos da Morte.

Ampulheta - Enquanto instrumento para medir o tempo, a ampulheta é


um símbolo que desempenha na Maçonaria, pelo escoamento da areia,
o rápido correr do tempo, mostrando a brevidade da existência humana.

39/66
O tempo voa (tempus fugit) e a vida sobre a terra é semelhante ao cair
da areia. Neste sentido, importa aproveitar bem o tempo em coisas úteis
e proveitosas, quer para si próprio quer para a humanidade. O
escoamento do tempo, simbolizado pela Ampulheta, sugere ao iniciado
que não deve relegar para amanhã as suas paixões e a procura de
virtudes, uma vez que pode não haver mais tempo. Para um Maçon, o
tempo é agora. Uma vida dedicada a acumular riquezas e ao gozo dos
prazeres sensuais não contribui para a suprema felicidade, é uma vida
desperdiçada.

Foice - Símbolo da destruição e da morte e, que em determinado


momento, perturba a vida de todos nós, sem distinção, mostrando o
quanto a nossa existência terrena é curta, despertando-nos o medo.

Sal - Mostra ao profano que ele será acolhido alegremente, com todo o
coração, e que irá sentir-se em sua casa. É o símbolo da mão estendida,
representando a hospitalidade. Partilhar com terceiros o pão e o sal
significam uma amizade indestrutível e uma aliança que Deus não pode
romper.

Mercúrio - É um símbolo de Coragem, mas também de Pureza e de


Vigilância. Em alquimia, é o que se designa por Princípio Fêmea, sendo
ainda considerado, em termos Herméticos, como o princípio da
Inteligência e Sabedoria.

O Mercúrio é o símbolo universal da alquimia e do princípio passivo,


correspondendo aos humores corporais, ao sémen, aos rins, à água,
sendo a semente feminina, enquanto o enxofre é a semente masculina.
É a união entre estes dois elementos que produz os metais.

Mercúrio é, na Maçonaria, o agente harmonizador dos contrários, (amor


e ódio, simpatia e antipatia, desejo e temor, entusiamo e desilusão,
instinto e razão, vontade e paixão, etc.) e que procura colocar ordem no
caos, visando a adaptação à vida.

Enxofre - Em alquimia, é considerado o Princípio Macho, o gerador


masculino, sendo ainda o símbolo do Espírito e, por isso mesmo, do
Ardor. A Pedra Filosofal é um Sal purificado que coagula o Mercúrio
com o objectivo de o fixar num Enxofre muito activo.

Esta fórmula resume a Grande Obra em três Operações que são: a


purificação do Sal, a coagulação do Mercúrio e a fixação do Enxofre, de
acordo com os princípios filosóficos de Hermes. O Enxofre é, pois, o
princípio activo da alquimia, o que age sobre o mercúrio inerte e o
fecunda ou mata, correspondendo ao fogo, como o mercúrio
corresponde à água. O Enxofre está para a alquimia como o sol está
para o universo, um não existe sem o outro.

Testamento - Enquanto na vida profana, o testamento é o acto que


geralmente é praticado por aqueles que se encontram à beira da morte,
na Maçonaria é considerado um testamento “filosófico”.

40/66
Aqui, o profano é chamado a testemunhar por escrito as suas intenções
filosóficas. A finalidade não reside apenas em responder às questões,
mas antes fazer com que o iniciado veicule a sua opinião sobre essas
mesmas questões e redija as suas últimas vontades, tal como se fosse
morrer, manifestando os seus últimos pensamentos e disposições,
dizendo a verdade pela influência que a Câmara exerce sobre a sua
pessoa.

Assim sendo, na vida profana o testamento é uma preparação para a


morte, enquanto o testamento simbólico pedido ao iniciado é uma
preparação para a vida.

O Testamento maçónico consubstancia-se nas seguintes perguntas:

- Quais os teus deveres para com Deus?

- Quais os teus deveres para contigo?

- “Quais os teus deveres para com a humanidade?

É esta tripla relação que define o princípio da iniciação, o começo


efectivo de uma nova vida, o testamento feito a si próprio e do qual o
futuro Maçon vai ser o executor testamentário.

In, graulivre.blogspot.com

41/66
3.4 - O Aprendiz Maçon

Aprendiz é o que quer aprender. Aprender é um processo permanente


de valorização individual. Aprendemos porque queremos saber mais e,
sobretudo, porque queremos fazer melhor, ser mais úteis a todos e a
cada um de nós.

Estas realidades ganham uma importância e um interesse acrescidos


no Maçon, atendendo à sua necessidade de autodesenvolvimento,
visando a construção do seu próprio “Templo” consagrado ao G:. A:.D:.
U:. (Grande Arquitecto do Universo).

Neste sentido, cada conhecimento adquirido representa mais uma pedra


na construção do nosso edifício – um degrau mais rumo à perfeição.
Aprendemos a desbastar, a polir e a limar a pedra bruta que há em nós
para sermos pessoas melhores na relação connosco e com os nossos
semelhantes. Aprendemos hoje para ensinar amanhã.

A harmonia e a paz de espírito resultantes dos conhecimentos recebidos


moldam-nos o carácter e ajudam-nos a construir o nosso templo
interior. As ferramentas e os instrumentos indicam-nos o caminho,
facilitam-nos o pensamento, a argumentação e a nossa atitude
maçónica, conduzindo-nos para a prática de bons exemplos, traduzidos
em acções e decisões mais equilibradas e, por conseguinte, mais justas
e fraternas.

O Malhete, o Cinzel e a Régua, quando e se utilizados no nosso dia-a-


dia, permitem-nos perceber o que temos de mudar em nós mesmos e
como influenciar o que nos rodeia.

Para levarmos a cabo esta missão – a construção do nosso Templo ao


G:.A:.D:.U:.–, apoiamo-nos na força de vontade e energia do Malhete, na
consciência e sabedoria da Régua e na razão e beleza do Cinzel.

O Malhete esteve na origem das ferramentas do Homem e serve para


potenciar a Força que deve ser posta na construção da nossa obra,
dando-nos também a Energia e o Querer para uma boa execução do
nosso projecto.

A Régua auxilia-nos a planear e a organizar os nossos trabalhos,


estabelecendo prioridades e objectivos, dando sentido às coisas e
avaliando os resultados que vão sendo conseguidos, ou seja, o
Conhecimento, a Ciência e a Sabedoria necessários à prudência que
deve nortear a concepção e organização da construção da obra.

O Cinzel dá-nos a perceber o que é preciso ir mudando ao longo do


nosso percurso construtivo, sem perdermos a força e a habilidade,
orientando-nos para a qualidade do trabalho final, tendo em vista a
Beleza do nosso edifício espiritual, executando o planeado no respeito

42/66
pelos sentimentos e virtudes do obreiro e assegurando com
determinação a prossecução dos objectivos traçados.

Estes instrumentos de trabalho, apesar das suas diferenças, utilizados


de forma conjugada e articulada, completam-se entre si e criam riqueza
espiritual e harmoniosa no seio das três dimensões maçónicas – a
Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade.

Inspirados na construção do Templo do Rei Salomão, não podemos


deixar de estabelecer uma analogia entre estas ferramentas e o
comportamento e disposição em Loja. A Sabedoria da Régua, a Força do
Malhete e a Beleza do Cinzel formam, no seu conjunto, o símbolo da
perfeição – o triângulo espiritual maçónico –, a Sabedoria, a Força e a
Beleza, o Oriente, o Ocidente e o Sul, a Fé, a Esperança e a Caridade, a
Consciência, a Energia e a Razão…

O trabalho é um dever do ser humano, encontrando no Maçon uma


dignidade e honra acrescidas, ambas indispensáveis ao seu equilíbrio
moral, ético e solidário. O progresso individual do Maçon e o seu
contributo para a evolução da sociedade em geral resulta da construção
social a que o mesmo está obrigado.

A simbologia das ferramentas e instrumentos maçónicos desempenham


um papel decisivo e determinante na educação e aprendizagem do
Maçon, fazendo parte integrante da sua vida e acompanhando-o em
todos os momentos até à passagem ao Oriente Eterno.

3.5 - O Templo Maçónico

O Templo Maçónico é o local destinado ao trabalho interior do Maçon,


ou seja, o edifício, a estrutura física, onde se reúnem regularmente os
Maçons em busca do seu progresso moral, intelectual e espiritual rumo
à perfeição.

Trata-se de um lugar propositadamente fechado, formato rectangular e


alinhado de Oriente para Ocidente, ou seja, em direcção à Luz, onde se
reúnem os homens livres e de bons costumes, tendo em vista praticar e
afirmar com justiça os objectivos maçónicos da Igualdade, Liberdade e
Fraternidade.

O Templo não tem janelas, de forma a evitar receber luz do exterior e a


permanecer afastado do profano e das indiscrições externas, devendo o
seu formato ser, sempre que possível, o rectângulo de ouro, explicado
pela Proporção de Ouro, ou Divina Proporção, ou ainda Proporção
Harmónica, associada às antigas construções gregas e egípcias.

Por outro lado, dispõe de uma única entrada localizada no Ocidente, já


que o Homem entra e sai deste mundo por uma só porta. Do ponto de
vista maçónico, a porta de acesso e saída do templo funciona como uma

43/66
abertura que comunica o profano e o sagrado e, por onde se entra, para
aprender os mistérios da alma e do espírito.

A porta do Templo deve ser necessariamente baixa para assinalar ao


Maçon a dificuldade da passagem a uma nova vida, conferindo-lhe uma
respeitabilidade e sacralidade próprias, consubstanciadas na
consagração simbólica de um espaço considerado sagrado.

A porta deve ficar em frente ao Oriente e ser ladeada por duas colunas,
B (força) à esquerda e J (beleza) à direita, também chamadas de
Colunas de Salomão, ambas decoradas com lírios e romãs. Os lírios
simbolizam a pureza e a virgindade, a beleza feminina, a chama
fecunda, enquanto as romãs simbolizam a virilidade masculina, a
fecundidade, a riqueza, a abundância e a união entre todos os Maçons.

O Templo Maçónico segue, no fundo, a orientação e a decoração do


antigo Templo do Rei Salomão e do Tabernáculo de Moisés,
independentemente das diversas influências recebidas ao longo dos
tempos, quer durante a fase operativa, quer sobretudo durante a Fase
Especulativa a partir do século XVIII.

O primeiro Templo Maçónico associado à Maçonaria Especulativa data


do ano de 1776, tendo a sua construção sido inspirada no Parlamento
Inglês, atendendo a que até aí os Maçons se reuniam habitualmente em
Tabernas.

O pavimento de mosaicos quadrados alternadamente brancos e pretos,


representam a luz e as trevas, o dia e a noite, assim como todas as
dualidades cósmicas.

O Tecto deve ser coberto a azul com estrelas, de forma a construir um


grande número de constelações.

O Altar dos Juramentos é a parte mais sagrada da Loja, onde é colocado


o V:.L:.S:., (Volume da Lei Sagrada), um Esquadro e um Compasso,
atendendo a que é neste local que os Profanos e os Maçons fazem os
seus juramentos.

Os Painéis ou Quadros da Loja, em número de três, correspondem aos


graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. O Trono de Salomão é
ocupado exclusivamente pelo V:.M:. ou pela mais Alta Autoridade
Maçónica que presida à sessão, nomeadamente o M:.R:.G:.M:. ou um
seu representante.

O Sol, a Lua e o Delta ficam no Oriente, atrás do V:.M:. O Sol


representa a fonte de todo o conhecimento e saber, o centro de todas as
coisas. A Lua é o reflexo do Sol e representa a saúde, na medida em que
recebe e reflecte os raios do sol. O Delta, por sua vez, simboliza a
principal luz da loja que ilumina e aquece todos os II:. de igual forma e
intensidade e, o olho humano, no centro deste triângulo, representa o
Poder Supremo, o “olho divino”, o G:.A:.D:.U:.que tudo vê.

44/66
Os laços da união e fraternidade que devem abranger os Maçons em
todo o mundo, também chamados laços do amor, são representados por
uma corda de nós que percorre toda a parte superior dos templos
maçónicos europeus mais antigos, terminando as extremidades junto
das colunas B e J, dando a entender que os laços fraternais devem
prolongar-se e ter continuidade fora do templo.

A herança europeia, porém, foi fortemente inflacionada pela Maçonaria


do Brasil, tendo o número de nós ou laços passado de 3, 5 ou 12 na
fase inicial para 81, havendo explicações filosóficas que sustentam e
dão credibilidade maçónica a todas elas.

Na Maçonaria, a corda corresponde à união e à resistência, atendendo a


que as suas fibras, se em grande número e unidas umas às outras,
dão-lhe a força necessária para garantir a unidade no cumprimento dos
objectivos da Ordem.

As Colunas que sustentam uma Loja são a Sabedoria, a Força e a


Beleza, representadas pelo Venerável Mestre e pelos Vigilantes.

Estas três colunas representam ainda a Sabedoria e a Justiça do Rei


Salomão, a Força de Hiram, Rei de Tiro, o grande fornecedor dos
materiais para a construção do templo, e a Beleza de Hiram Abif, o
Mestre e verdadeiro Arquitecto do Templo.

A coluneta da ordem Jónica representa a Sabedoria e encontra-se


associada ao Venerável Mestre, personificação do Rei Salomão.

Já a coluneta Dórica representa a Força do homem e, por conseguinte,


o 1º Vigilante - personificação de Hiram - Rei de Tiro. A coluneta do 2º
Vigilante, ordem Coríntia, representa a Beleza, ou seja, Hiram Abif, o
mestre e arquitecto do Templo.

As mesas das Três Luzes (Venerável e Vigilantes) deverão ser


triangulares, o símbolo mais importante da Maçonaria e a primeira
figura da Geometria e do Poder Criador do G:.A:.D:.U:.

Por tudo isto, o Templo Maçónico é a mais completa representação da


filosofia, doutrina, simbologia e história da Maçonaria Universal.

Em resumo, o Templo Maçónico é o Corpo Humano, onde reside o Ser,


a Essência Infinita e o Espírito do G:.A:.D:.U:.

3.6 - O Ágape

Mais do que uma refeição destinada a saciar a fome dos obreiros no


final dos seus trabalhos em Loja, o Ágape deve ser entendido como um
momento de paz psicológica, convivência e celebração à amizade e
fraternidade maçónicas.

45/66
A organização e educação maçónicas assentam na aprendizagem e
conhecimento dos seus símbolos ritualísticos, entre os quais se
encontra o Ágape, enquanto acto dinamizador dos laços de
solidariedade e fraternidade entre II:.

Trata-se de uma refeição conjunta, habitualmente com boa comida,


acompanhada de um mínimo de sete brindes: a todos os Maçons onde
quer que se encontrem; aos Maçons ausentes; ao Grão-Mestre; aos
Grandes Oficiais; ao V:.M:. aos Visitantes; Autoridades Profanas
instituídas: Presidente da República; Soberanos e Chefes de Estado que
protegem a Maçonaria; e às Senhoras nos ágapes brancos, obedecendo
a uma ordem estabelecida.

O Rito de Emulação pratica o brinde às senhoras mesmo nos ágapes


rituais, embora este não seja seguido de “FOGO”, assim como a bateria
de 21 salvas antigas e a entoação de canções próprias alusivas à
Maçonaria, à semelhança do que acontecia nas ágapas dos primeiros
cristãos onde eram entoados salmos. É ainda habitual o V:.M:.proferir
uma pequena invocação no início da refeição. Cito:

“Agradeçamos ao Grande Arquitecto do Universo pelos Alimentos que


vamos compartilhar e que recebemos da Sua Mão com reconhecimento”;
ou

“Abençoai Senhor, os alimentos que vamos tomar, que eles renovem as


nossas forças para melhor Vos servir e amar”.

A palavra, de origem grega, aparece citada várias vezes na Odisseia, de


Homero, onde é referida como uma refeição rica e farta entre amigos e
parceiros, com uma conotação mítica associada à deusa da fertilidade e,
por conseguinte, com um carácter espiritual e transcendental.

Por outro lado, no início do Cristianismo, o Ágape era o repasto


fraternal dos cristãos primitivos, sendo mencionado como caridade,
assumindo, deste modo, um cariz de amor fraternal associado à
essência divina. Em Maçonaria, é designado de banquete ritualístico,
cujo nome deriva da palavra italiana “banqueto”, ou seja, o banquinho
onde os cristãos se sentavam durante as suas ceias comunitárias nas
catacumbas, apesar de alguns estudiosos considerarem que a origem
da palavra é francesa.

Após uma sessão em Loja vem sempre uma refeição. As primeiras Lojas
inglesas começaram a operar em Tabernas. Daí que, o Ágape seja
obrigatório no Rito de Emulação, com tudo o que se encontra na mesa a
ser comparado com apetrechos relacionados com a artilharia, tendo
encontrado inspiração nas tradições das Lojas pré-militares
revolucionárias francesas. A água é pólvora, o vinho é pólvora
fulminante, a cerveja é pólvora amarela, os copos são canhões, o sal é
areia branca, etc.
O acto de tomar as refeições sempre foi, historicamente, uma actividade
social, já que se realizam colectivamente, tendo sido, desde sempre,
46/66
uma acção de grupo, considerando-se que um novo membro só é
verdadeiramente aceite numa determinada comunidade a partir do
momento em que passa a partilhar as refeições com os demais, melhor
forma de quebrar espíritos e selar compromissos.

O primeiro milagre de Cristo foi o do Vinho, logo seguido da


multiplicação dos peixes e dos pães, conferindo às refeições colectivas
um espírito de coesão agregador e familiar único, razão pela qual casa
bem com os princípios e desígnios da nossa Augusta Ordem.

Há ainda quem defenda que o Ágape é um Banquete de


Confraternização que os primeiros cristãos adoptaram para celebrar a
última Ceia de Jesus Cristo com os seus discípulos. Ágape é uma das
diversas palavras gregas para o amor, mas para um amor incondicional
e voluntário a membros de uma família, ou seja, a um grupo com
afinidades, ou a uma afeição por uma actividade particular em grupo, o
que se ajusta, perfeitamente, aos princípios defendidos pela Ordem
Maçónica Universal.

O Ágape ritual é a altura oportuna para os II:. AA:. e CC:. partilharem


as suas opiniões e tecer considerações sobre os assuntos em discussão,
atendendo a que, na sessão da Loja, foram obrigados a respeitar a regra
do silêncio. Para além de contribuir para reforçar os laços de amizade
entre todos os obreiros, o acto de comer juntos facilita a integração
gradual dos II:. mais recentes, sendo, muito justamente, considerado
como uma extensão dos trabalhos da Loja.

O Ágape ritual é muito similar aos trabalhos em Loja, com abertura,


encerramento e outros aspectos próprios de uma sessão normal, não
sendo autorizada a presença de profanos, o que faz com que seja muito
pouco praticado, ocorrendo apenas esporadicamente, embora no Rito de
Emulação, sobretudo em Inglaterra, isso ser uma prática corrente,
realizando-se, habitualmente, num espaço próprio adjacente à Loja ou
mesmo no local onde decorreu a sessão.

Os Ágapes cumprem, no entanto, sempre algumas regras tradicionais,


nomeadamente no que se refere à colocação do V:.M:. (Venerável
Mestre) e dos 1º e 2º VV:.(Vigilantes) na mesa incluindo a usual
invocação inicial e os brindes, sem que, contudo, os possamos
considerar rituais.

Tradicionalmente, nos ágapes brancos ou informais, deve haver lugar à


apresentação de prancha ou pranchas, ou o debate sobre um tema
específico, maçónico ou não, podendo ser convidados profanos para
proferirem comunicações de acordo com as suas especialidades e
conhecimentos, devendo as intervenções e debates ser abertos a todos
os obreiros, sem a formalidade e a rigidez impostos pelo cumprimento
do ritual em Loja.

47/66
3.7 - O Simbolismo Maçónico

O conhecimento do ser é uma constante no universo simbólico do


Maçon.

De acordo com as instruções maçónicas, a Maçonaria define-se como


um sistema peculiar de moralidade, velado por Alegorias e ilustrado por
Símbolos. Neste sentido, a Maçonaria é um sistema de moral,
desenvolvido a partir do simbolismo e consubstanciado em trabalho,
ciência e virtude.

O esforço pessoal, a perseverança e o entusiasmo alimentam o Maçon


no seu caminho em direcção à compreensão filosófica, ao
desenvolvimento do seu intelecto e, por essa via, à eloquência, à cultura
e à verdade.

O recurso à ciência do simbolismo assume-se, portanto, como um


método de instrução da identidade moral do Maçon, sendo igualmente a
sua essência e a principal razão da fidelidade dos membros da ordem e
da consolidação da Maçonaria universal ao longo dos séculos. A moral
maçónica é imutável, enquanto a moral profana é histórica, conjuntural
e determinada pelos usos e costumes impostos pela cultura existente
em cada época.

É através da simbologia que os Maçons aprendem e absorvem a


sabedoria dos filósofos e dos povos antigos.

A simbologia é não só a ciência mais antiga do mundo e o método de


instrução mais eficaz desde a antiguidade, como o registo histórico mais
importante da humanidade desde os tempos pré-históricos.

A preservação da história através da simbologia é uma realidade da


ciência contemporânea, encontrando na Maçonaria uma importância
incontornável e um elemento indispensável na aprendizagem e
instrução de todos os Maçons.

A Maçonaria é, deste modo, a herdeira espiritual das sociedades


iniciáticas da antiguidade, recorrendo à instrução tradicional dos seus
discípulos através de símbolos e alegorias. O simbolismo assume na
Maçonaria um grau transcendental, constituindo, por um lado, o seu
fundamento e, por outro, um dos principais suportes de união entre os
membros da ordem.

Por outro lado, o simbolismo revelou-se, desde sempre, como uma das
formas mais eficazes do Maçon transmitir os seus pensamentos e a sua
filosofia de vida, sendo, por isso mesmo, um dos patrimónios mais
valiosos herdado dos seus antecessores.

Cada indivíduo é um ser único. Cada um, individualmente, tem uma


visão do significado de cada símbolo, em função da sua experiência de
vida, grau de conhecimento, capacidade intelectual, momento
psicológico e emocional que atravessa em determinada altura, etc.

48/66
Nas nossas vidas maçónicas confrontamo-nos com símbolos de madeira
e pedra, objectos mortos, jóias, mas também com a capacidade, a força
e o poder de as fazer reviver em toda a sua plenitude espiritual
simbólica.

Embora os símbolos possam ser objecto de várias interpretações,


importa, sobretudo, ressalvar o seu sentido maçónico, ou seja, aquele
que orienta e guia o Maçon ao longo do seu percurso de
aperfeiçoamento moral e ético.

O simbolismo é, neste contexto, a mais importante Ferramenta de


Conhecimento do Maçon. É a partir dos símbolos que o Maçon explora
novas ideias para o ajudarem a polir a pedra bruta que existe no seu
interior, tendo como grande desígnio e objectivo saber mais e mais para
assim poder amar mais os outros.

Por tudo isto, a verdadeira moralidade é, simultaneamente, uma ciência


de conduta e uma arte que exige habilidade e técnica na sua aplicação.
Enquanto a alegoria serve para ocultar as verdades mais profundas dos
olhos profanos, o símbolo constitui o sinal mais visível de uma ideia
espiritual interior na relação de um com o outro.

O conhecimento é um processo de natureza dinâmica, durante o qual o


Maçon interioriza comportamentos coerentes, muitos deles absorvidos
directa e indirectamente dos símbolos, todos eles objecto de uma
explicação invariável em função de cada um e cada qual, mas todos
indispensáveis à sua ascensão espiritual.

Neste sentido, o conhecimento adquirido através dos Ritos não deixa de


ser, ele próprio, também um símbolo.

No seu conjunto, os símbolos representam a viagem da alma ao longo


dos contratempos e vicissitudes da vida do Maçon, desde o seu
nascimento até à morte. Reflexos das realidades espirituais, os símbolos
fortalecem os valores e princípios morais e intelectuais durante o
processo evolutivo do Maçon, garantindo o triunfo da alma sobre a
morte.

A alma é um círculo que tem o seu centro em toda a parte e a sua


circunferência em lado nenhum. O grandioso integra sempre o pequeno,
por mais ínfimo que este possa ser, tal como o maior integra sempre o
menor. Daí que, o simbolismo maçónico resida no seu carácter
filosófico, espiritual e social, porque o Maçon sonha e os sonhos
alimentam a alma.

O mais importante símbolo da Maçonaria é o triângulo –, a primeira


figura da Geometria e do Poder Criador associado ao G:. A:. D:. U:. que
tudo vê e tudo julga.

O número “Três” é simbolizado pelo triângulo. O número “Um” é o que


é, o “Dois” é o que faz andar o que é e, o “Três”, o que move e conduz o
que é com inteligência e sabedoria, ou seja, sem progressão numérica

49/66
não seria possível demonstrar a existência e as realidades da vida. É
por isso que, em Maçonaria, existem três ferramentas de trabalho em
cada grau, três oficiais principais, três luzes grandes e três pequenas,
para citar apenas alguns exemplos.

E se é verdade que o divino G:. A:. D:. U:., ser supremo, misterioso e
invisível, não pode ser inteiramente representado através de símbolo ou
símbolos, não é menos verdade que Ele é a Grande Realidade, o Pai de
todos os símbolos, o Centro do Círculo e da sua Circunferência, o
Símbolo da Eternidade e, por conseguinte, a Fonte Inspiradora e
Grande Objectivo de todos os símbolos vivos da Maçonaria – os Maçons.

O escritor maçónico, Nicola Aslan, (1906-1980), considera que os


símbolos maçónicos se dividem em cinco classes principais:

«1) Símbolos Místicos e Religiosos Tradicionais: o Tau (Símbolo do Poder);


o Círculo com um ponto central (O Sol); o Selo de Salomão ou Escudo de
David; o Triângulo; o Delta Luminoso, os Três Pontos (Ideia de Deus), etc.

2) Símbolos da Arte da Construção: símbolos da profissão dos Maçons


operativos: o Compasso (medida na pesquisa); o Esquadro (rectidão na
acção); o Malhete (vontade na aplicação); o Cinzel (discernimento na
investigação); o Prumo (profundeza na observação); o Nível (emprego
correto dos conhecimentos); a Régua (precisão na execução); a Alavanca
(poder da vontade); a Pá de Pedreiro (benevolência para todos); o Avental
(símbolo do trabalho constante), etc.

3) Símbolos herméticos e alquímicos: o Sol e a Lua; as Colunas B e J; os


três princípios da Grande Obra - Enxofre, Mercúrio e Sal -; os quatro
elementos herméticos: Ar, Água, Terra e Fogo - o VITRIOL; etc.

4) Símbolos com significado particular: a Romã (simbolizando os Maçons


unidos entre si por um ideal comum; a Cadeia de União (a união fraternal
que liga por uma cadeia indissolúvel todos os Maçons do Globo, sem
distinção de seitas e condições); a letra G (conhecimento); o Ramo de
Acácia (imortalidade e inocência) etc.; e

5) Outros símbolos Tradicionais: pitagóricos (números); cabalísticos;


geométricos (triângulo, círculo); religiosos e todos aqueles que se prestam
a um significado maçónico.»

Estes símbolos comportam significados esotéricos e fórmulas morais


com significados educativos. As ideias representadas por estes símbolos
devem ser admitidas por todos os membros da fraternidade maçónica,
sem o que não poderão ser considerados verdadeiros Maçons.

O Nível, por exemplo, representa também a ideia de igualdade,


obrigatória entre os Maçons. O Esquadro é o emblema da rectidão e do
direito, princípios que devem ser obrigatoriamente respeitados por todos
os Maçons.

50/66
O Malhete é o símbolo da autoridade do Venerável Mestre e personifica
a disciplina nos trabalhos a que todo o Maçon está obrigado. O Prumo
significa a verticalidade, a rectidão e a integridade que devem reger as
nossas condutas.

O Tau, parecendo um T, simboliza a supremacia da matéria sobre o


espírito. Um T invertido significa, ao invés, a supremacia do espírito
sobre a matéria.

Em suma, para além de representarem fórmulas ou ideias morais, os


símbolos são uma espécie de linguagem que une os Maçons entre si, na
justa medida em que reafirmam os princípios que fortalecem os valores
maçónicos e dão expressão a ideias comuns que são de todos, embora
possam ter vários significados em função do estágio evolutivo de cada
um.

A Maçonaria, enquanto sistema de moral, desenvolve-se a partir do


simbolismo e consubstancia-se em trabalho, ciência e virtude, sendo
uma das razões principais para a fidelidade dos seus membros e, por
essa via, para a consolidação da Ordem ao longo dos séculos.

Neste contexto, a Maçonaria Especulativa veio dar uma nova dimensão


e esplendor às Lojas e Templos Maçónicos, passando a haver uma
explicação e um significado atribuídos a tudo, dando uma coerência
lógica às coisas e onde nada acontece por acaso.

As alegorias e os símbolos constituem, deste modo, a essência da


filosofia maçónica, tendo bem presente que, em boa verdade, os maiores
símbolos vivos da Maçonaria são os próprios Maçons.

Acresce que, já agora, as palavras são, elas próprias, símbolos


desenvolvidos a partir de sinais que todos usamos para dar tonalidade à
forma como nos expressamos perante os outros.

In, maconariaesatanismo.com.br

51/66
Capítulo 4 – Postura e compostura

4.1 – O Aprendiz em Loja e em Grande Loja

Em boa verdade, muito pouco difere o comportamento e a postura do


Aprendiz Maçon nas sessões da sua Loja ou quando atende à sessão de
Grande Loja.

A pontualidade e a assiduidade devem ser as suas primeiras


preocupações. Elas ilustram o seu nível de compromisso para com a
Ordem e o respeito que lhe merecem os demais Irmãos, em todos os
seus Graus e Qualidades.

O segundo dever do Aprendiz Maçon é apresentar-se devidamente


paramentado com as insígnias simbólicas que recebeu, tão limpas
quanto possível, sobre o fato escuro e a gravata preta que compõem a
indumentária tradicional. Em algumas Lojas admite-se o uso do
balandrau preto e, nesses casos, deverá observar-se um especial
cuidado ao calçado, que não deve ser desportivo nem informal.

Este cuidado com a indumentária de base deve ser especialmente


observado nas sessões de Grande Loja. Trata-se de uma cerimónia
festiva e formal da Ordem e esse facto deve traduzir-se no aprumo dos
seus Obreiros.

É bom relembrar que a presença de Aprendizes e Companheiros nas


sessões magnas da Ordem é um costume verificado no nosso país e em
muito poucas outras Jurisdições. Em boa verdade, a generalidade das
sessões de Grande Loja, nomeadamente no mundo anglo-saxónico, são
exclusivamente compostas por Mestres.

Esse facto deve relembrar o Aprendiz Maçon português do carácter


excepcional da sua participação nestas cerimónias, pelo que a
observância do que atrás foi exposto deve merecer-lhe uma atenção
redobrada.

A questão da pontualidade tem ainda uma redobrada importância


nestas sessões porquanto os Aprendizes fazem a sua entrada no Templo
num momento próprio, depois dos trabalhos serem passados ao 1º
Grau, propositadamente para esta eventualidade. Assim, devem os
Aprendizes perfilar-se no exterior do Templo e preparar atempadamente
a sua entrada, que será feita de acordo com as indicações do Grande
Mestre de Cerimónias ou dos seus Assistentes.

52/66
A entrada de um Aprendiz em Loja ou em Grande Loja obedece às
instruções do Venerável ou do Muito Respeitável Grão-Mestre,
transmitidas ao Mestre de Cerimónias, que podem configurar:

 Entrada sem quaisquer formalidades – o Aprendiz deve seguir


imediatamente o Mestre de Cerimónias até ao lugar que lhe for
indicado, sem quaisquer cumprimentos ou interrupções da sua
marcha;
 Entrada com breve saudação ao Oriente – o Aprendiz deve, entre
colunas, saudar com uma simples inclinação da cabeça, o
Oriente, na pessoa do Venerável Mestre ou do Muito Respeitável
Grão-Mestre, com quem deve manter contacto visual, mesmo que
este contacto não seja correspondido, e seguir imediatamente o
Mestre de Cerimónias até ao lugar que lhe for indicado, sem
quaisquer outras interrupções da sua marcha;
 Entrada com saudação parcial do 1º Grau – Esta entrada só é
executada em sessão de Grande Loja e sob indicação exclusiva do
Grande Mestre de Cerimónias ou dos seus Assistentes. O
Aprendiz deve, entre colunas, manter-se “à Ordem”, sem marcha,
saudar o Oriente com o Sinal do 1º Grau, na pessoa do Muito
Respeitável Grão-Mestre, com quem deve manter contacto visual,
mesmo que este contacto não seja correspondido, e seguir
imediatamente o Grande Mestre de Cerimónias até ao lugar que
lhe for indicado, sem quaisquer outros cumprimentos ou
interrupções da sua marcha;
 Entrada com formalidades ou Entrada ritual – O Aprendiz deve
deter-se “à Ordem” entre colunas e, mantendo o contacto visual
com o Oriente, executar os três passos da Marcha do Aprendiz.
Saudar o Oriente, o 1º Vigilante e o 2º Vigilante com o Sinal Penal
do 1º Grau e seguir imediatamente o Mestre de Cerimónias até ao
lugar que lhe for indicado, sem quaisquer outros cumprimentos
ou interrupções da sua marcha;

Ainda que rara nas sessões de Grande Loja, por causa do tempo que
consome, a Entrada Ritual do Aprendiz pode ser pedida, nomeadamente
ao Aprendiz que abre o cortejo de entrada dos demais, a título de
exemplo e de controlo, pelo que é fundamental que qualquer Aprendiz
Maçon a domine na íntegra, porque a qualquer momento pode vir a ser
chamado a executá-la.

As entradas de quaisquer Obreiros em Grande Loja devem ser


ensaiadas em Loja, tantas vezes quantas as necessárias, até que se
verifique o seu total domínio e são uma boa forma de aferir se a
Instrução dos diferentes Graus está a ser corretamente praticada. A

53/66
correta execução dos rituais de entrada em Grande Loja, em qualquer
Grau, engrandece o trabalho desenvolvido pelas Lojas e quem as dirige.

Depois da saudação, o Venerável ou o Muito Respeitável Grão-Mestre


podem inquirir o Aprendiz, pelo que se recomenda muito vivamente a
leitura repetida do Catecismo, parte integrante dos Rituais de Aprendiz,
editados pela G.L.L.P..

Em qualquer sessão, o Aprendiz deve manter-se no seu lugar, em


absoluto silêncio, observando atentamente o desenrolar da cerimónia.
Deve manter uma posição sentada formal, com as costas bem direitas,
as pernas fechadas, nunca cruzadas, e as mãos sobre as coxas.

In, www.arabeegipcio.com

Em situação de urgência, e só nesse caso, o Aprendiz pode segredar um


pedido ao Mestre que se encontre mais próximo e deve aguardar, em
absoluto silêncio, até que este possa pedir a palavra para justificar o
seu pedido.

Quaisquer saídas antecipadas das Sessões só podem ser expressamente


autorizadas pelo Venerável ou pelo Muito Respeitável Grão-Mestre que,
no caso de as permitir, estabelecerá a forma como essas saídas se
deverão processar, através de instruções dadas ao Mestre de
Cerimónias.

54/66
PARTE II

Capítulo 5 – Uma Instrução do 1º Grau

Não estando a Academia Maçónica vocacionada para apresentar


qualquer outra forma de instruir os Aprendizes, nem tão-pouco alterar
o que está ritualmente prescrito sobre as incumbências dos Segundos
Vigilantes das Respeitáveis Lojas, a quem cabe essa função, este
capítulo tem como objectivo único apresentar uma interpretação de
algumas partes fundamentais do diálogo que o Catecismo apresenta (e
que devem ter resposta literal do Aprendiz, quando inquirido) mas que
encerram um hermetismo que convém desvelar e que deve motivar a
reflexão e a discussão e até a apresentação de interpretações
alternativas, que surjam do aprofundamento destas matérias
desenvolvido a coberto, e que a Academia vivamente aconselha e espera
recolher os contributos que daí possam resultar.

De onde vens?

A resposta «DE UMA LOJA DE S.JOÃO» remete para vários significados


históricos e simbólicos que convém conhecer. Desde logo é uma
referência histórica à criação da primeira Grande Loja do Mundo,
nascida do encontro de várias Lojas inglesas, ocorrido em Londres, no
dia 24 de Junho de 1717, data em que as comunidades cristãs
celebram o Dia de S. João Baptista.

As festividades cristãs do dia de S. João Baptista foram sobrepostas às


solenidades do culto pagão romano de Vesta, a deusa do fogo sagrado.
Ora Vesta (e por conseguinte as suas sacerdotisas vestais que
mantinham aceso o fogo sagrado do templo) são também a
personificação da virtude, simbolizada pela virgindade e pela castidade
a que estavam obrigadas. Das qualidades da deusa Vesta importa
evidenciar as que se prendem com a sua habilidade de nunca se
envolver nas guerras e desavenças, quer dos deuses quer dos mortais. É
também a deusa guardiã dos discípulos (ou aprendizes), dos jovens que
iam adquirir o conhecimento longe da sua terra natal.

As festas Vestais coincidiam com o solstício de verão, que marca o


ponto onde o globo terrestre atinge a sua maior declinação em latitude,
face à linha do equador, no seu movimento de translação em volta do
sol. Neste dia, o Hemisfério Norte é “banhado” com a maior quantidade

55/66
de horas de luz e, consequentemente, a data em que a noite é mais
curta.

O mesmo apelo de rectidão é transmitido por João Baptista, a todos os


Homens de boa vontade: que permaneçam na virtude e na prática do
bem (que lhes proporcionou a purificação pela água) até à chegada
daquele que lhes trará o baptismo pelo Espírito Santo e pelo fogo.

Mas a Loja de S. João é também a Loja que é presidida pelas três luzes
da Maçonaria: o esquadro, o compasso e o Livro Sagrado, aberto no
Evangelho de S. João, o texto que nos apresenta Deus como o início e o
fim de tudo, Deus como palavra (verbo=logos), princípio e força geradora
e criadora de tudo quanto há.

S. João Evangelista traz-nos, no prólogo do seu Evangelho, a chave


para a decifração de todo o seu discurso altamente simbólico e será de
extrema importância reflectirmos sobre a razão deste texto ter sido
adoptado como mensagem fundamental pela Maçonaria, num versículo
em que também faz referência a João Baptista: «Ele não era a Luz, mas
veio para dar testemunho da Luz. O Verbo era a Luz Verdadeira que, ao
vir ao mundo, a todo o Homem ilumina» (Jo,1-8).

As festividades litúrgicas cristãs em que se celebra o dia do Apóstolo S.


João, situam-se muito próximo do Natal (27 de Dezembro), solenidades
sobrepostas às festividades pagãs do Sol Invictus, que anuncia a vitória
do sol sobre as trevas, simbolizada pelo solstício de inverno. Nesta data
(entre 21 e 22 de Dezembro do calendário gregoriano) a exposição dos
raios solares no Hemisfério Norte é a menor do ano. Á provação da noite
mais longa e dos rigores do Inverno sucederá a esperança dos dias
gloriosos, da primavera e da vida que irromperá do estado de letargia
em que agora se encontra.

É, pois, com a referência aos dois santos de nome João que a


Maçonaria se integra na tradição dos ritos solares, que prestam culto ao
sol (e, por conseguinte, à luz e ao fogo, seus estereótipos)31, agora como
símbolo da sabedoria, do conhecimento e da iluminação, sinónimo de
esclarecimento.

Assim, correspondendo ambos os personagens bíblicos às fases


extremas das condições de luz sobre o Mundo, torna-se mais simples
entender que possuem a mesma interpretação simbólica as referências
temporais dos trabalhos maçónicos (entre o Meio-Dia=S. João Baptista
e a Meia-Noite=S. João Evangelista) que é como dizer, numa abordagem
mais popular, que o trabalho de um Maçon é de sol a sol, ou seja, em
ciclo contínuo, da mesma forma que garantem à missão da Maçonaria
um qualitativo de intemporalidade.

31Stonehenge e os cultos solares pré-históricos; Akhenaton e o monoteísmo Egípcio de


Amenófis IV; Mitra, na mitologia persa primitiva, mais tarde integrada no
zoroastrismo; Vesta, Hélio e Apolo, do paganismo romano, etc.

56/66
Essa marca da continuidade ou da intemporalidade do trabalho
maçónico é repetidamente lembrada ao Aprendiz através da fórmula
ritual: «Que a Luz que alumiou os nossos trabalhos continue a brilhar
em nós, para que possamos concluir no exterior a obra iniciada neste
Templo».

Solstício de Verão

In, https://pt.wikipedia.org/wiki/Solstício

Solstício de Inverno

In, https://pt.wikipedia.org/wiki/Solstício

57/66
Devo então presumir que és Maçom?

Para a cabal compreensão da resposta: «OS MEUS IRMÃOS


RECONHECEM-ME COMO TAL» deve ler-se o ponto deste Caderno
referente ao Reconhecimento, no Capítulo 1.

Qual é o formato da tua Loja?

Á resposta “obrigatória” «UM RECTÂNGULO» deve estar subjacente o


conhecimento da proporção harmónica, do rectângulo de ouro e do
número de ouro. Assim:

O canon das proporções do corpo humano mais antigo que se conhece,


foi encontrado numa tumba das pirâmides de Memphis, e tem cerca de
5.000 anos. Assim se demonstra que, pelo menos, desde essa época,
aos homens de ciência, interessa o estudo das proporções métricas do
corpo humano. Chegaram até aos nossos dias o canon do egípcio
Ptolomeu, os canones gregos e o célebre canon romano de Policleto
(460-410 a.c.), teorizado mais tarde por Marcus Vitruvius Pollio (70-25
a.c.) no tratado De Architectura, nomeadamente no Livro 3º, onde
estabelece analogias e transposições entre a composição arquitectónica
e as proporções do corpo humano.

Os Canones de Memphis e de Policleto

No segundo livro da triologia de Heinrich Cornelius Agrippa von


Nettesheim32 (1486-1535) no seu ensaio enciclopédico De occulta
philosophia33, o autor apresenta-nos os seus estudos sobre a proporção
humana.

32 http://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Cornelius_Agrippa_von_Nettesheim
33 Agrippa, Cornelius – De occulta filosofia Libri três – Ed. V. Perrone Campagni, 1991

58/66
Cornelius Agrippa, De oculta filosofia, Libri due

Contemporâneos de Agrippa e sobre a mesma temática, chegam até nós


os estudos do alemão Albrecht Dürer34 (1471-1525) e, talvez o mais
notável e famoso, “O homem vitruviano” de Leonardo da Vinci (1452-
1519).

Vitruvius Luc Viatour de Da Vinci (1490)

34 Vier Bücher von menschlicher Proportion (1528)

59/66
O estudo das proporções do corpo humano teria um interesse modesto
para os herdeiros das ciências pitagóricas não fosse este revelar que,
também no corpo humano, se procurou descobrir e estabelecer a
“divina proporção” ou a “proporção harmónica”.

Para Pitágoras de Samos (570-496 a.c.) «tudo é número» e o cosmos


pode explicar-se pela relação harmónica e racional dos fenómenos e das
(r)evoluções e traduzido pela matemática.

É, aliás, a partir de Pitágoras que o universo é também apelidado de


cosmos, que em grego se pode traduzir por ordem, organização ou
harmonia.

No século XX, Carl Sagan (1934-1996), determinará o Cosmos como


“tudo o que já foi, tudo o que é e tudo o que será”, fazendo depender a
existência de um sistema integrado de harmonia e regra.

Adolf Zeising35 (1810-1876) foi um pitagórico e psiquiatra alemão que


descobriu a “razão de ouro” expressa na sequência dos ramos ao longo
dos caules das plantas e entre estes e as nervuras das suas folhas.
Estendeu a sua pesquisa aos esqueletos dos animais e suas relações
racionais com veias e nervos, às proporções dos compostos químicos, à
geometria dos cristais naturais e até à proporção na representação
artística. Em todos estes fenómenos, descobriu uma “razão de ouro” a
operar como uma lei universal.

Isto levará, na sua acepção mais extremada, a que em 1945, Charles-


Édouard Jeanneret, mais conhecido por Le Cobusier (1887-1965),
defenda a utilização da proporção e da “razão de ouro” como a
necessária, suficiente e exclusiva forma de ornamento na arquitectura,
dando origem ao que a história da arte vulgarizou chamar de purismo
racionalista.

Mas o que é, concretamente, a proporção harmónica ou a secção de


ouro? Em termos simples pode traduzir-se desta forma: é uma
proporção entre duas medidas contíguas diferentes mas de igual
sentido e direcção e em que se dá uma mesma proporção racional entre
a medida menor e a medida maior e entre esta e a soma dessas duas.

Algebricamente expressa-se por uma equação entre duas razões:

35 Neue Lehre von den Proportionen des menschlichen Körpers (1854)

60/66
Qualquer progressão sequencial que se baseie na secção de ouro será,
ao mesmo tempo, uma progressão aritmética e uma progressão
geométrica.

A forma mais simples de a exemplificar é voltando ao “Homem de


Vitrúvio” de Da Vinci: a proporção de ouro é verificada na relação que a
altura do Homem estabelece com a distância dos seus extremos (topo
da cabeça e base dos pés) e o ponto de origem da vida (o umbigo).

Ilustração do autor sobre “O homem vitruviano”

61/66
Descoberta esta proporção, foi depois possível estabelecer um conjunto
de relações constantes no corpo humano, importantes para a
antropometria, a ergonomia e a medicina. Assim:

 A metade da altura corresponde à base do osso pélvico;


 A altura é reproduzida na distância entre os extremos das mãos,
estando os braços abertos e paralelos ao chão;
 A medida do pé corresponde a 1/6 da altura que é também a
medida interna da articulação do pulso à articulação do cotovelo;
 A cabeça corresponde a 1/8 da altura e esta também é a medida
do palmo, pelo que poderemos afirmar que um corpo
proporcionado deverá medir 8 palmos das suas próprias mãos.
Assim nasceu a expressão popular: «ter um palminho de cara»;

Em termos matemáticos, a Proporção de Ouro, também conhecida por


Divina Proporção ou Proporção Harmónica pode traduzir-se na seguinte
expressão:

A importância desta expressão matemática reside na capacidade de


poder atribuir-se-lhe um valioso atributo ético e moral e é por isso que é
tão caro à Maçonaria: o menor está para o maior como o maior está
para o todo.

Voltando a Pitágoras, esta mesma proporção foi descoberta pelo mestre,


partindo do desenho geométrico do Pentagrama, que ainda hoje é o
símbolo daquela escola filosófica.

Ilustração do autor «O Pentagrama de Pitágoras»

62/66
Em termos geométricos, a proporção de ouro foi depois transposta para
o polígono regular a que se deu o nome de Rectângulo de Ouro, onde se
mantem a mesma relação racional, agora entre os lados maior e menor.

Ilustração do autor

Partindo do quadrado puro ABCD desenha-se a sua mediana vertical,


por meio da vesica piscis. Com centro no ponto médio do segmento AB e
com abertura até C, desenha-se um arco CE dando origem ao
rectângulo AEFD que é o Rectângulo de Ouro.

Se o quadrado puro inicial tiver uma unidade de lado (AD=1) então o


lado maior do rectângulo de ouro terá 1,618. Por redução da sua
relação com a unidade, a este valor de 1,618 chamamos Número de
Ouro que é vulgarmente conhecido na matemática pela letra grega phi
(ɸ).

Esta é a proporção que deveria estar presente nas medidas materiais de


um templo maçónico mas, na sua impossibilidade, é pelo menos a
proporção rectangular que deve ter o tapete mosaico onde assentam os
três pilares da Sabedoria, Força e Beleza.

Haverá alguns autores que preconizam outras proporções do Templo.


Entre estes, a interpretação mais comum é a que advém da relação do
rectângulo duplo, muitas vezes chamado de quadrado oblongo. Assim, a
distância entre Oriente e Ocidente seria o dobro da distância Norte/Sul.

Ora, em Maçonaria, não existe o conceito de duplicidade, pelo simples


facto de que à repetição substantiva nem pode estar subjacente a
representação antagónica nem a redundância da representação

63/66
concordante. Em Maçonaria esses conceitos estão perfeitamente
enquadrados pela Dualidade e nunca pela Duplicidade.

No entanto, pensamos que esse erro comum advém de uma outra forma
de descobrir a mesma Sagrada Proporção ou Proporção Harmónica ou
ainda Proporção de Ouro. Neste caso, ela é obtida através de uma
transferência da diagonal do “quadrado oblongo” e é, talvez por esse
facto, que tal figura geométrica tenha erradamente entrado no léxico
maçónico.

Ilustração do autor

Ora, construído sobre esta “regra divina”, as demais dimensões do


Templo (DO ORIENTE AO OCIDENTE, DO SUL AO NORTE, DO ZÉNITE
AO NADIR) recordam ao Aprendiz que «A MAÇONARIA É UNIVERSAL».

Se o simbolismo de S. João nos traz o ensinamento de que não há


limites temporais para o trabalho maçónico da elevação moral de cada
indivíduo, o Número de Ouro ensina agora que esse trabalho também
não conhece limites espaciais. É desta forma que a Maçonaria sublinha
a imaterialidade do Templo que constrói: ele não está vinculado nem a
um Tempo nem a um Espaço mas estará vinculado à Humanidade e à
sua elevação, em qualquer lugar e em qualquer época da sua história.

O TEMPLO É, ASSIM, UMA CONSTRUÇÃO ESPIRITUAL!

64/66
Advertência final

Mais uma vez, a Academia Maçónica vem lembrar que este Caderno em
nada substitui o Ritual de Aprendiz, editado pela G.L.L.P/G.L.R.P. e em
uso nas Lojas sob sua jurisdição. Ele constitui apenas um documento
auxiliar para a formação maçónica dos Obreiros pelo que se recomenda
vivamente o estudo aprofundado do Ritual e do Catecismo do Grau, que
dele faz parte integrante e inseparável.

Bibliografia

Ritual de Aprendiz (adoptado para cada Rito específico), editado pela


GLLP/GLRP.

ANDERSON, JAMES, The Constitutions of the Free-Masons; containing


the History, Charges, Regulations, &c. of that Most Ancient and Right
Worshipful Fraternity, Londres, 1723.

ASLAN, NICOLA, Estudos Maçónicos sobre Simbolismo, Ed. A Trolha,


1997

BAYARD, JEAN-PIERRE, Symbolisme Maçonnique Traditionnel, 5ª ed.,


EDIMAF, 1987

GOULD, R.F., History of Freemasonry, 3ª Ed., London, Caxton, 1951.

GRAÍNHA, MANUEL BORGES, História da Franco-Maçonaria em


Portugal (1733-1912), Ed.Vega, 5ª edição, 2011.

HUGAN, WILLIAM JAMES, The old charges of british freemasons,


Simpkin, Marshal & Cª., London, 1872.

HUGAN, WILLIAM JAMES, Memorials of the masonic union, Johnson,


Wykes & Paine, Leicester, 1913.

MAKEY, A.G., Jurisprudence of Freemasonry, Macoy Publishing &


Masonic Supply Co., 5ª ed., 1950

MAKEY, A.G., HUGHAN, W.H., HAWKINS, E.L., Encyclopaedia of


Freemasonry, 5ª Ed., Chicago, The Masonic History Company, 1950.

NAZARETH FERNANDES, NUNO, in Para a História da Maçonaria


Regular em Portugal, Lisboa, Ed. Zéfiro, 2013.

NOUDON, PAUL, La Franc-Maçonnerie, Ed. PUF, 1963.

65/66
OLIVEIRA MARQUES, A.H., História da Maçonaria em Portugal, Vol. 1 e
2, Ed. Presença, 1996.

PROVINCIAL GRAND LODGE OF EAST LANCASHIRE, Living Symbols of


Freemasonry, Education and Development Commitee, disponível em
www.pglel.co.uk

RAGON, J. M., Ritual do Aprendiz Maçon, Madras, 2016

VENTURA, ANTÓNIO, Uma História da Maçonaria em Portugal 1727-


1986, Círculo de Leitores, Lisboa, 2013.

VIBERT, LIONEL, Freemasonry before the existence of Grand Lodges,


Kessinger publishing Co., Londres, 2003.

66/66

Você também pode gostar