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ENCCEJA

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Exasiu EXTENSIVO

Exasiu
História Moderna I
Renascimento; antigo regime; estado moderno e o absolutismo monárquico;
reformas religiosas e a Inquisição; mercantilismo

Profe Ale Lopes

AULA 04

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AULA 00: ANTIGUIDADE
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Estratégia Vestibulares – Aula 04 – História Moderna I

Sumário

Introdução .......................................................................................................................... 4
1. Antigo Regime: Sociedade Europeia na Época Moderna ................................. 6
1.1 – Sociedade Estamental .................................................................................................. 7

2. Renascimento: formação de uma nova mentalidade ......................................... 9


2.1 – Humanismo e Renascimento ........................................................................................ 9
2.2 – O berço e a expansão do Renascimento Cultural ...................................................... 17
2.3 – Ameaças à nova mentalidade .................................................................................... 19

3 - Reformas e Contrarreformas Religiosas ............................................................. 24


3.1 – Reforma Luterana ....................................................................................................... 28
3.2 – Reforma Calvinista...................................................................................................... 33
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3.3 – Reforma Anglicana ..................................................................................................... 35


3.4 – Guerras Religiosas, Contrarreforma e a Inquisição .................................................... 36

4.Formação dos Estados Modernos Absolutistas .................................................. 40


4.1 – O pensamento político favorável às monarquias modernas ...................................... 49
4.2 – Formação das Monarquias Nacionais EUROPEIAS, 3 casos ...................................... 54
4.2.1 - A formação do Estado Absolutista na França .................................................................... 54

4.2.2 - O Estado Absolutista na Inglaterra .................................................................................. 57

4.2.3 - A monarquia espanhola ................................................................................................. 60

5. Sistema Econômico no Antigo Regime: Mercantilismo ................................... 63


6. Dicionário Conceitual ............................................................................................... 69
7. Questões para Aprofundamento ........................................................................... 71
8. Questões para Consolidação.................................................................................. 90
9. Gabarito ....................................................................................................................... 98
10. Questões Aprofundamento - (comentários)................................................... 99
11. Questões para Consolidação (comentários) ................................................... 151
Considerações Finais das Aula.................................................................................. 179
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Queridas e Queridos Alunos,


Que bom saber que você avançou uma aula, parabéns! Cada dia mais perto da sua
APROVAÇÃO!

Nesta aula começaremos a estudar a Idade Moderna, dentro do bloco História Geral.
Novamente estamos em um momento de transição de um velho mundo medieval para um novo
mundo moderno. Falaremos da formação de uma nova mentalidade que enfrentará muita
resistência para se firmar e se consolidar.

Há elementos fundamentais nesse assunto que nos ajudarão a compreender as sementes


da formação e das contradições do mundo contemporâneo. Então, este período da história é
importante, sobretudo, como conhecimento prévio aos estudos do que está por vir. Enfim, temos
muita história para contar hoje. Por isso, aviso: é uma aula mais longa mesmo. Tenha paciência,
concentração e FOCO. É a sua aprovação que está em jogo!

E não me canso de afirmar para você toda questão de história é imperdível! Você precisa
estar preparado para TUDO! Não esquece:
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“o segrego do sucesso é a constância no objetivo”.

Como tarefas importantes nessa trajetória, quero lembrá-lo de fazer seu controle de
temporalidade. Atente-se para o período que começamos a estudar e em que momento
terminaremos na aula de hoje. Reforço que, nesta aula, nos aprofundaremos nas experiências dos
séculos XV, XVI e XVII.

Se você tiver dúvidas, utilize o Fórum de Dúvidas! Eu vou te responder bem rapidinho. Ah,
não tem pergunta boba, ok? Vamos começar? Já sabe: pega seu café e sua ampulheta. Bora!!

XV XVII

XVI
Dito isso, vamos mergulhar nessa história!

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INTRODUÇÃO
Chegamos ao período que se convencionou chamar de Moderno ou Modernidade, o qual
se estende do século XV ao século XVIII. A historiografia afirma que, no final da Idade Média, uma
série de transformações ocorridas impulsionaram a desagregação do feudalismo e germinaram as
sementes de um novo modo de pensar, sentir e de viver.
Concorda comigo que a expressão “moderno” dá a impressão de algo renovador,
progressista e bastante positivo? Quem não gosta de ser visto como uma “pessoa moderna”?
Assim, esse termo foi cunhado por historiadores renascentistas justamente para atribuir um
significado positivo a esse período, afinal, era preciso diferenciá-lo do período “de trevas” que o
precedeu e, ao mesmo tempo, construir a imagem da Europa como um continente muito
importante na história do mundo.
Contudo, apesar dessa tentativa de exaltar positivamente a Modernidade – de certa forma,
encobrindo as continuidades do período anterior e as contradições da experiência histórica que
se abria (como veremos ao longo dessa aula e das demais) –, durante a Idade Média, a Europa
pode ser entendida como a “periferia do mundo”.
O intelectual Enrique Dussel, em seu livro, 1492: o encobrimento do outro (1993), defende
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a tese de “Europa Periférica” a partir da comparação que estabelece entre o Império Islâmico e a
Europa Ocidental e o papel de cada uma dessas civilizações durante o Medievo. Veja alguns
elementos que o autor levanta:

Entendeu a
comparação do autor?
Para ele, e alguns
outros historiadores,
durante a Idade Média a
Europa ficou excluída do
comércio internacional,
sem grande acúmulo de
riqueza em forma de
moeda (a unidade de
valor e riqueza era a terra,
um bem pouco rentável
se não for altamente explorada) e com uma cultura baseada no misticismo religioso da Igreja
Católica e de sua violência, praticada por meio do Tribunal da Inquisição, contra ideias e pessoas
que não reafirmassem os dogmas da Instituição.
Nesse contexto, se comparada com o esplendor da cultura islâmica, que formou um grande
império e promoveu um amplo desenvolvimento técnico, científico e filosófico (se você não lembra

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disso, volta na aula sobre Império Islâmico e dá um bizu), a Europa era periférica, sem importância
real para o desenvolvimento da humanidade. Sacou?
Contudo, os acontecimentos que ocorrem entre os séculos XV e XVIII, mudaram esse
cenário. As Guerras de Reconquista contra os muçulmanos na Península Ibérica, as viagens “de
descobrimento” durante as “Grandes Navegações”, o estabelecimento de várias rotas marítimas
em diferentes pontos de vários continentes, a subjugação e o controle sobre diversos povos e
regiões fizeram com que a Europa deixasse de ser a “periferia do mundo” para ser “construtora
de periferias”.
E a América Latina, que nos interessa pela importância histórica e por sermos habitantes
dela, foi a primeira experiência de dominação de um continente sobre o outro. Afirma Dussel:

“A modernidade aparece quando a Europa se afirma como centro de uma História mundial
que inaugura, e por isso a periferia é parte de sua própria definição. [...] A modernidade
originou-se nas cidades europeias medievais livres, centros de enorme criatividade. Mas
“nasceu” quando a Europa pôde se confrontar com o seu “Outro” e controlá-lo, vencê-lo,
violentá-lo: quando pôde se definir como um ego descobridor, conquistador, colonizador
da identidade constitutiva da própria Modernidade.” (p. 8)
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Percebe que estudar a Época Moderna é muito mais que entender a desagregação do
feudalismo e as transformações locais e internas à Europa? Esse momento, como muitos
intelectuais afirmam, é a primeira grande experiência de interação entre os povos de todos os
continentes. O mundo muda e a Europa ocupará um papel central daí em diante. Assim,
precisaremos compreender as contradições que marcaram esse processo – que torna a história
mais rica, mais complexa e mais inter-relacional.
Por isso, nesta aula veremos as transformações e os processos ocorridos no território
Europeu. Na aula seguinte, veremos a expansão da Europa e os processos decorrentes disso.
Avancemos, bixo!

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1. ANTIGO REGIME: SOCIEDADE EUROPEIA NA ÉPOCA MODERNA


Queridas e queridos alunos, como falamos, começaremos essa aula analisando as
características e as transformações que a sociedade europeia experimentou para que pudesse, ao
final do século XV, realizar seu processo de expansão ultramarina.
A transformação do espaço rural, a revitalização da cidade com atividades ligadas à
retomada do comércio, bem como o aumento da circulação de pessoas e negócios por meio das
rotas terrestres e marítimas aumentaram o clima de inquietude intelectual.
De certa forma, esse contexto se tornou favorável ao questionamento e à ruptura com os
padrões econômicos, políticos e sociais vigentes da “velha ordem” feudal. Portanto, como
resultado ocorreu:
➢ uma nova forma de pensar – o racionalismo e o método
científico.
➢ um renovado movimento cultural – o renascimento.
➢ a centralização do poder político – a formação das monarquias
absolutistas
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➢ a complexificação da economia – mercantilismo


➢ as grandes navegações – colonialismo e a conquista da América

Dessa maneira, aos personagens e às experiências que ocorreram entre os séculos XV e


XVIII, como já comentamos, atribuiu-se um sentido de retomada do esplendor da outrora
antiguidade clássica e, por isso, Época Moderna.
É importante ressaltar que essas transformações ocorreram ao longo dos mais de 300 anos.
Por isso, foram percebidas e sistematizadas aos poucos.
Apesar das rupturas com o feudalismo, há muitas continuidades que também marcam esse
momento histórico, como: o poder político baseado na propriedade da terra e, portanto, no título
de nobreza e a estratificação social desigual formatada por meio do nascimento e dos títulos
nobiliárquicos. Até mesmo a permanência das figuras dos príncipes e monarcas, porém
potencializados e ressignificados, é elemento de continuidade das tradições da nobreza.
Desse modo, entre rupturas e continuidades, historiadores convencionaram nomear o
sistema que se formou nesse período de Antigo Regime: denominação utilizada para definir a
ordem social, política e econômica que predominou em diversos países europeus entre os séculos
XV e XVIII. Esse sistema ou ordem é caracterizado essencialmente por 4 elementos:

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Classe dominante: nobreza

Sistema Social: sociedade estamental

Sistema Político: monarquia absolutista

Sistema Econômico: mercantilismo

1.1 – SOCIEDADE ESTAMENTAL


Vejamos alguns dados sobre a sociedade estamental europeia na modernidade.
Cerca de 80% da população europeia continuou vivendo no campo. As relações de trabalho
se flexibilizaram (já no final da idade média) e novas atividades profissionais surgiram. Como vimos,
o rural e o urbano tinham uma relação estreita. A cidade era o centro econômico na transição do
medievo para a modernidade, pois, abrigou as feiras e casas bancárias. Além disso, como ensinou
Jacques Le Goff, a cidade era um centro produtivo.
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Contudo, o campo também era um centro produtor. Por exemplo, nele estava o rio – fonte
de energia hidráulica para o moinho - fundamental para a moagem dos cerais, base da
alimentação da população europeia – e para a forja (oficina do ferreiro). Também se encontravam
no campo as mineradoras, local de onde os trabalhadores retiravam pedras para a construção civil.
Assim, vemos que as pessoas continuavam no campo, mas realizando muitas outras
atividades além da agricultura. Em geral, as pessoas que trabalhavam para os proprietários desses
negócios eram livres.
Já em relação aos camponeses, uma parte importante continuava submetida às relações
de servidão, especialmente, no nordeste da Europa. Contudo, as relações foram sendo
flexibilizadas ao longo dos séculos desse período.
Outra persistência da antiga ordem feudal foi a forma como a sociedade se organizava: por
estamentos – definidos pelo nascimento da pessoa. Eram três os estamentos e cada um deles
representava uma ordem social. Você já deve ter lembrado, né, já falamos disso nas aulas
anteriores.
Na Idade Média, a sociedade estava formada por clero, nobres e servos. Diante das
transformações econômicas ocorridas na Baixa Idade Média, como já vimos, surgiu uma nova
classe social – a burguesia – e, também, diversificaram-se as profissões. Existiam as corporações
de ofício, as oficinas, os mestres, contramestres e os aprendizes. Lembra disso?
Pois bem, ocorreu que, nenhuma dessas novas atividades, mesmo as mais rentáveis, não
foi capaz de alterar a relação de poder, direitos e privilégios entre as ordens estamentais. Assim,

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no lugar antes ocupado essencialmente pelos servos, no Antigo Regime, esse estamento passou
a ser ocupado, também, por todas as classes sociais que não eram nobres ou, tampouco, parte
do clero. Evidentemente, a burguesia mercantil buscava meios de interferir nas decisões das
cortes monárquicas. Essa pressão foi mais ou menos eficiente a depender do poder econômico
da burguesia e da força das monarquias.
A Inglaterra foi um lugar em que a burguesia teve mais sucesso a ponto de conseguir
compor uma parte do Parlamento, a chamada Câmara dos Comuns. Já na França a monarquia
conseguiu concentrar mais poder e a burguesia ficou mais alijada do poder político. Veremos mais
sobre esses países na aula sobre o século XVIII e a crise do Antigo Regime.
Veja o esquema clássico da divisão estamental da sociedade do Antigo Regime.
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De acordo com a visão dominante dessa época, cada uma dessas ordens tinha um estatuto
jurídico específico, com obrigações e direitos exclusivos.
Entre essas obrigações estava, por um lado, o dever exclusivo por parte do 3º Estado de
pagar impostos e de trabalhar.
Por outro lado, o direito exclusivo de participar da política e de ocupar os cargos mais altos
da administração do Estado, o qual era devido ao clero e à nobreza.

Mas, Profe, essa visão é muito medieval, ultrapassada para época, não é?

Pois é querida e querido aluno, realmente é uma visão tradicional, fundada na Idade Média.
Assim, é conservadora porque não alterava substancialmente a forma de enxergar a organização
do mundo e a forma como a sociedade se organizava. Permanecia a antiga concepção de que os
homens não nasciam iguais e, portanto, não podiam ter os mesmos direitos e deveres. Ou seja,
não havia o que, depois, chamaremos de “igualdade jurídica”.

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Logo, a sociedade do Antigo Regime é jurídica, política e socialmente desigual. Aqueles


que têm acesso exclusivo a determinados direitos, os nobres e o clero, são privilegiados.

Guarde essa informação, querida e querido aluno, pois nenhuma


desigualdade tão grande pode ser justificada por tanto tempo. E isso nos
ajudará a entender alguns movimentos camponeses tanto no início do
Antigo Regime quanto no momento da sua desagregação, no final do
século XVIII, no contexto da Revolução Francesa. Se liga nas articulações
entre os distintos períodos!!!

2. RENASCIMENTO: FORMAÇÃO DE UMA NOVA MENTALIDADE


O Renascimento foi um Movimento Cultural que marcou as mudanças socioculturais
europeias rumo à Modernidade. Esse movimento criou a base conceitual e de valores que permitiu
a ascensão do pensamento racional e do método científico, nos séculos XVI e XVII. Por isso,
diversos historiadores relacionam essa nova mentalidade com as transformações que se
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verificavam no processo de transição da Idade Média para a Moderna. Ele tem expressão na
filosofia, na política, nas artes plásticas, na literatura, na música, na arquitetura, entre outros.
Vejamos alguns tópicos importantes sobre esse assunto, que são os mais cobrados na sua prova.

2.1 – HUMANISMO E RENASCIMENTO


No contexto das modificações que ocorreram no final da Idade Média, sobretudo, aquelas
ligadas ao desenvolvimento comercial e urbano, surgiu uma tendência intelectual questionadora
dos dogmas religiosos, os quais monopolizavam justificações para a organização e a explicação
da vida. Essa corrente filosófica propunha uma revisitação e a retomada da cultura greco-romana
e de seus ideais de exaltação do homem e de seus atributos naturais, quais sejam: a razão e a
liberdade. Essa corrente filosófica foi o Humanismo, a qual foi a base original unificadora do
Movimento Renascentista. Vejamos as características do Humanismo e as do Renascimento.

“Que obra-prima é o homem! Como é nobre sua razão! Que capacidade infinita! Como é
preciso e bem-feito em forma e movimento! Um anjo na ação! Um deis no entendimento,
paradigma dos animais, maravilha do mundo.”
(Shakespeare, Hamlet)

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Leonardo da Vinci (1452-1519) foi um dos personagens


mais importante do Renascimento. Destacou-se como
cientista, matemático, engenheiro, inventor,
anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta
e músico. Um verdadeiro homem renascentista!! É,
ainda, conhecido como o percursor da aviação e da
balística. Ele foi descrito como o arquétipo do homem do
Renascimento, alguém cuja curiosidade insaciável era
igualada apenas pela sua capacidade de invenção. Essa
obra ao lado é um estudo matemático de uma
descoberta de um arquiteto romano chamado Marcus
Vitruvius Polio (I a.C) que havia se perdido com o tempo.
Da Vinci teria confirmado: “o homem é a medida de
todas as coisas”. Por colocar o homem no centro da vida
e não mais Deus, os humanistas, como Da Vinci,
aprimoraram o antropocentrismo. Veja logo abaixo a
definição de antropocentrismo!

O Homem de Vitruviano/Schutterstock
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O Humanismo surgiu nas Universidades Medievais. Na verdade, são importantes até hoje,
do contrário você não estaria se dedicando a ler esta aula!!!
Além do que já vimos na aula anterior, nas Universidades Medievais, os estudiosos se
dedicavam à análise dos textos da Antiguidade Clássica. O objetivo inicial desses intelectuais era
devolver a “pureza original” às traduções dos séculos anteriores que, segundo eles, estavam
pautadas em interpretações subordinadas à doutrina cristã.
Além disso, consideravam que as traduções feitas ao longo do tempo deturparam as ideias
originais dos autores clássicos. Assim, redescobriram autores clássicos como Platão, Aristóteles e
Cícero. Com isso, colocaram em circulação novas interpretações e ideias sobre diferentes
assuntos.
Os humanistas também se dedicaram ao estudo das línguas e, por isso, recuperaram textos
em grego, em latim e em outras línguas. Essa dedicação acabou por levar os humanistas aos
estudos das instituições políticas e dos métodos de estudos da antiguidade. Dessa forma, o
humanismo foi se expandindo e influenciou diversos setores da intelectualidade.
O traço que melhor caracteriza o princípio humanista, como falamos, foi a ideia greco-
romana de exaltação do homem e de seus atributos naturais: a razão e a liberdade. Para essa
perspectiva, o homem é criador e criatura do mundo em que vive. Sem romper com a Igreja,
exalta-se o individualismo tendo o homem como o centro e ponto de partida da observação e
investigação sobre o mundo. Por exemplo, o humanista italiano Giovanni Pico dela Mirandola
(1463-1494), estudioso de Platão, afirmava que Deus criou o homem dotado de liberdade para
construir a si mesmo.
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Como adiantado, isso levou ao desenvolvimento do antropocentrismo e do racionalismo, –


duas características fundamentais do humanismo e que influenciaram o conjunto do Movimento
Renascentista nos séculos subsequentes. Por isso muitos historiadores falam em Revolução
Científica.
O antropocentrismo é a concepção do homem como centro e ponto de partida para o
pensamento e a observação do mundo. Por isso, enaltece-se a liberdade e a capacidade inventiva
e reflexiva dos indivíduos. Esta concepção se opõe ao chamado Teocentrismo – Deus como centro
da organização da vida medieval e, portanto, a exaltação girava em torno da vontade divina.
Tendo essa concepção como princípio, desenvolveram-se novas concepções: o individualismo e
o racionalismo.
O racionalismo, uma decorrência da ideia do antropocentrismo, é a valorização da
racionalidade como o grande atributo do ser-humano. A busca de um método lógico para
conhecer a realidade e descobrir as leis que regem os fenômenos. “O que posso conhecer?” e
“Como posso conhecer” eram as perguntas que os renascentistas se faziam. Daí decorre o
empirismo, o qual afirma que o conhecimento do mundo provém da experiência prática. Em
decorrência da busca pelo conhecimento por meio da prática, desenvolveu-se o método científico
(método experimental, observação e análise crítica) que se expressou no aparecimento de
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importantes teorias, como a do heliocentrismo.


O heliocentrismo é uma teoria astronômica que coloca o Sol no centro do Universo. Essa
teoria superou a teoria clássica de Ptolomeu – a geocêntrica, defendida oportunamente pela Igreja
Católica. Foi desenvolvida por Nicolau Copérnico, reafirmada por Giordano Bruno, Galileu Galilei
e Johhanes Kepler.

É importante ressaltar que o Humanismo não foi uma


corrente anticristã e, tampouco, uma ruptura com os temas
cristãos do medievo. O que aconteceu foi uma renovação
no tratamento dessas questões, trazendo-as para o campo
mais humanístico, portanto, baseado na observação
empírica, na razão e na liberdade. A proposta era
complementar fé e razão, sem perder de vista a perspectiva
crítica capaz de explicar dogmas incompreensíveis.

Vemos, portanto, que há uma interpretação científica do mundo. O resultado disso nas artes,
sejam plásticas ou arquitetônicas, foi o estudo sobre a perspectiva baseada nos princípios da
matemática e geometria. Os historiadores da arte, como Gombrich1, afirmam que mesmo os
gregos e helenísticos, que conseguiram criar ilusões de profundidade, não conheciam o que se
descobriu na renascença: leis matemáticas da perspectiva.

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GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro:LTC, 2015
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Foi o pintor renascentista Filippo Brunelleschi (1377-1446) que provocou a revolução que
deixou os florentinos italianos perplexos com uma imagem que desaparece no horizonte da
imagem!

A literatura renascentista:
Macbeth é uma das obras mais marcantes do renascentista William
Shakespeare (1564-1616). Nesta tragédia, o autor ressalta a ambição e a
cobiça humana e os fantasmas que assombram os atos criminosos.
Provavelmente essa história foi elaborada entre 1603 e 1607. A arte de
Shakespeare é composta por 37 peças teatrais, entre comédias
românticas, tragédias e dramas históricos.
A vida desse artista é muito interessante. Aos 13 anos parou de estudar porque sua família
empobreceu e ele precisou trabalhar. Foi praticamente autodidata. Em 1585 morou em Londres
– cidade que vivia um período de efervescência cultural no Governo da Rainha Elisabeth I.
Começou a trabalhar de guardador de cavalos na porta do Teatro, virou copista de peças desse
teatro, depois, copista oficial e, em 1589 já adaptava peças de autores famosos. Não demorou
para que fosse um dos dramaturgos que mais escreveu peças para o Globe Theatre.
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O historiador Nicolau Sevchenko afirma que:


“A história de Shakespeare é um pouco a história da sua geração e da burguesia londrina,
uma história de trabalho, esforço, poupança, investimento e ascensão social. Tanto que
uma das temáticas centrais na obra desse dramaturgo é a noção de ordem, posta de
perigo pela ameaça das forças do caos e da anarquia, como em Macbeth, Hamlet ou
Henrique VIII, suas grandes tragédias”2

Maior disposição de Maior postura de A mente ficou mais


RACIONALISTA
MENTALIDADE

investigar o homem e observador da aberta ao livre exame


o mundo natureza do mundo.

Esse conjunto de ideias e posturas racionalista e empirista se opunham a mentalidade da


Idade Média - contemplativa e passiva diante das "verdades incontestáveis da Igreja".

Nesse contexto de reflexões filosóficas, cientificas e políticas, em que o homem era


considerado o centro das elaborações, gerou-se uma visão mais otimista da vida. Essa perspectiva
se chocou com o clima de “fim do mundo apocalíptico” predominante no século XIV. Veja, aquelas
gerações, nas diversas terras da Europa, estavam acabando de sair das mazelas do Idade Média

2
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. Coleção Discutindo a História. São Paulo: Ed. Atual, 1994, p. 50.
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(fome, peste, guerras). A doutrina católica havia construído uma ideia de que todos eram
pecadores e só havia salvação na vida eterna. Qualquer visão otimista da vida era um contrassenso
para o período e praticamente uma ideia revolucionária em potencial.
Pois bem, a moral humanista estabeleceu que os homens, apoiados na razão e na graça divina,
poderiam construir um novo mundo, baseado na promoção do bem. Para tanto, seria preciso
processos de autorreflexão, de autoconhecimento, ou seja, sair da passividade medieval. Com
efeito, um elemento importantíssimo para viabilizar esse autoconhecimento foi a luta pela
preservação da liberdade individual, pois as amarras da vida (a servidão, a opressão dos governos
e a doutrinação alienante) não permitiriam a busca racional do bem.
Um dos pensadores que tentou construir uma visão de sociedade baseada nesses
pressupostos morais foi o inglês Thomas More (1478-1535). More escreveu a obra Utopia (1516)
em que elaborou uma sociedade ideal baseada na condenação dos governos autoritários
(absolutos), dos privilégios e da busca incessante pelo dinheiro.
O movimento humanista também inspirou o pensamento político daquele período, mas
este nós iremos desenvolver na parte específica desta aula sobre formação das monarquias, pois
pensadores como Nicolau Maquiavel (1469-1527) e Thomas Hobbes (1588-1679) nos ajudam a
entender o processo de centralização do poder até a formação das monarquias absolutistas e os
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Estados Nacionais. Vamos em frente!!!

O humanismo, a crítica à retórica eclesiástica e a retomada do paradigma clássico


Você sabe o que significa retórica? Na acepção grega significa “ciência de falar”
ρητορική ou a arte que ensina a construir de maneira artística um discurso. O modo
como ela foi compreendida e colocada em prática nos ajuda muito a entender o
sentido cultural de uma época histórica.
Na Antiguidade, que tinha na vida pública um elemento fundamental, sobretudo, na Grécia, a arte
de falar ocupava um espaço fundamental na vida social. Na democracia ateniense, a eloquência
do discurso político e forense foi um requisito fundamental para qualquer cidadão, especialmente,
aqueles que pretendem ocupar alguma posição de destaque.
Mesmo na Roma senatorial, a retórica respondia a uma necessidade política prática e foi
transmitida pelos professores gregos que chegavam à capital romana.
Agora, cuidado, caros doutor e doutora. Muita gente acha que retórica é a arte da “enrolação”,
ou seja, da capacidade de um indivíduo de falar bem. Porém, isso é uma visão muito simplista da
arte do discurso. Na antiguidade, os estudiosos dessa arte dividiam a prática em 2 partes:
- a inventio (εύρεσις) - trata sobre o conteúdo do que se vai falar (o argumento)
- a elocutio (λέξις) – trata sobre a forma (a articulação do argumento

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Ou seja, a retórica é o meio fundamental do debate de ideias, e contribui decisivamente para um


ambiente saudável quer seja na política, quer seja para a produção do conhecimento científico.
Mas, a partir do século V, há uma espécie de passagem da retórica clássica para a retórica
medieval. Nesse processo, os cristãos repudiaram o paganismo da sociedade romana e, com isso,
a “nova cultura cristã” rejeitou o “luxo e a pompa” da Roma pagã. Não havia espaço para a
ostentação e, assim, a rejeição incluía a educação retórica por meio do modelo greco-romano. Na
nova cultura cristã, a retórica foi reconfigurada para um comportamento mais informativo. Nesse
percurso está Santo Agostinho e seu livro La Doutricna Christiana. A concepção agostiniana se
assenta sobre dois conceitos: sapientia e scientia. Aqui nos interessa o primeiro. A sapientia
significa sabedoria, compreendida como permanente contemplação da verdade eterna – ou
conhecimento de Deus. Por isso, é um conhecimento, antes de tudo, sobre as certezas. O amor e
a existência de Deus são certos, basta que tomemos a informação por meio da Escritura Sagrada.
Assim, Santo Agostinho desenvolve a concepção cristã sobre a retórica eclesiástica, dividida em
dois atos e um método:
# O modo de descobrir o que há nas Escrituras para serem compreendidas;
# O modo de exprimir o que nelas se encontrou e se compreendeu.
# O método de aprendizagem para desenvolver a oratória era o da audição e imitação.
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Já nos séculos XV e XVI, os humanistas, nas Universidades, ao tomarem contato com os textos da
antiguidade clássica e ao estudarem as línguas originais, também passaram a estudar e exercitar
a retórica greco-romana. Nesta acepção, a retórica tinha a função de educar e persuadir.
O ato de estudar e debater levava a formulação e reformulação do pensamento e à capacidade
de construir e articular os argumentos para efetivar um debate de ideias, como mencionamos
acima. É nesse processo de alteração e discussão que os velhos dogmas eclesiásticos passaram a
ser escrutinados, criticados e, em algumas situações reinterpretados.
Além disso, perceba que a postura do sujeito que usa a retórica clássica não pode ser tão passiva,
no sentido contemplativo e informativo que propunha Agostinho. É preciso uma postura mais
investigativa e aberta ao livre pensamento. Ademais, em um debate as ideias são acareadas,
testadas, verificadas. Ou seja, não há verdade imutável.
Nesse sentido, a retomada do paradigma da antiguidade clássica, contribui para o
desenvolvimento de um pensamento mais racional, como temos afirmado.
Por fim, alguns historiadores nos ensinam que os letrados da Modernidade se apropriavam dessa
arte retórica porque tinham aspiração política, tal como os políticos greco-romanos. E o momento
de centralização política que marca o contexto de transição da Idade Média para a Moderna era
propício para disputar espaços de poder.
Fique ligado! Vá fazendo as articulações na sua cabeça para perceber como os modos de pensar,
sentir e viver foram se alterando aos poucos e em diferentes espaços.

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(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


“No Século XIV, o poeta florentino Petrarca era um colecionador de textos antigos,
manuscritos gregos e latinos, pelos quais tinha paixão. Ele acreditava que as traduções feitas
desses originais ao longo do tempo deformaram o pensamento de Aristóteles, Cícero e
Tácito com o intuito de adequá-los à religião cristã. Tanto para ele, como para seu
compatriota Bocage, era tempo de os redescobrirem em sua pureza original, de depurar
todos os erros acumulados nesses textos no curso da Idade Média. Isso serviria para
enriquecer a cultura humana”.
BOURQUIN, L. Histoire. Paris: Belin, 2001.

Considerando o texto acima e seus conhecimentos, assinale a alternativa correta.


a) O humanismo, um movimento artístico e intelectual que nasceu na França e se espalhou
por toda a Europa entre os séculos XIV e XVI, deu grande valor à Antiguidade clássica.
b) Por sua desconfiança sobre a probidade da Igreja Católica na preservação e produção de
conhecimento, Petrarca liderou uma reforma protestante, que pregava o individualismo
baseado nos escritos de Santo Agostinho em favor do livre-arbítrio.
c) A valorização dos saberes da Antiguidade estava diretamente relacionada ao
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teocentrismo, principal marca do humanismo e do renascimento.


d) Petrarca é um dos primeiros humanistas. Ele tratou de temas como o amor à pátria, a
busca pela glória, a importância de educar e transmitir os saberes e a referência aos textos
antigos.
Comentários
Em primeiro lugar, preste atenção no tempo e espaço referidos na questão. Trata-se da
República Florentina, durante o século XIV, visto que se fala do poeta florentino Francisco
Petrarca (1304-1374). A República Florentina foi uma cidade-Estado centrada em Florença,
localizada na região da Toscana, na Itália. Lá foi o berço do humanismo e do renascimento
na Europa, devido a sua intensa atividade comercial e marítima, que conectava a cidade aos
mercados orientais trazendo todos os tipos de mercadorias e saberes para o continente
europeu. Justamente, Petrarca foi um dos intelectuais humanistas mais ativos na época.
Sabendo disso, avaliemos qual é a alternativa correta:
a) Incorreta. Realmente, o humanismo foi um movimento artístico e intelectual que se
espalhou por toda Europa entre os séculos XIV e XVI. Entre as principais características do
espírito humanista podemos citar: o resgate do conhecimento da Antiguidade; o
antropocentrismo; o racionalismo; o naturalismo; e o individualismo. Porém, esse movimento
não nasceu na França, mas sim na Itália, exatamente por seu pioneirismo na retomada do
comércio marítimo no Mediterrâneo. Esse contato maior com o Oriente e a África colocou
as cidades italianas em contato com obras e saberes da Antiguidade até então perdidos
pelos europeus ou escondidos pela Igreja gerando o surgimento de novas formas de pensar

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sobre o mundo, deus e a humanidade. Além disso, com a tomada de Constantinopla pelo
Império Otomano, em 1453, muitos intelectuais e professores gregos foram para a Europa
Ocidental, principalmente para cidades italianas como Veneza, Florença e Pádua. Eles
revigoraram o estudo da língua grega na Europa ocidental e levaram em sua bagagem
diversas obras de autores clássicos, como Platão, Aristóteles, Galeno, Plotino, entre vários
outros.
b) Incorreta. Apesar de criticar a postura da Igreja em relação ao trato com o conhecimento
antigo, Petrarca não liderou nenhuma reforma protestante. Na verdade, as tentativas nesse
sentido estouraram na Europa somente após sua morte, no século XVI, com Martinho Lutero
na Alemanha, Ulrich Zwinglio e João Calvino na Suíça.
c) Incorreta. O humanismo não era teocêntrico. Pelo contrário, uma de suas principais
características eram o antropocentrismo, princípio que pregava que o homem era a medida
de todas as coisas e estava no centro do universo. Dotado de razão e liberdade, ele é
considerado um ser privilegiado, capaz de escolher o seu próprio destino e de efetuar
grandes realizações. De fato, esse pensamento tinha relação direta com os postulados dos
autores da Antiguidade, sobretudo da Grécia e de Roma. Entretanto, o interesse e a
valorização da Antiguidade já existiam desde a Idade Média e mesmo dentro da Igreja, como
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no caso de Santo Agostinho e, posteriormente, da escolástica. O espírito humanista do


Renascimento se diferenciava por implicar uma atitude diante do homem e da natureza
caracterizada fundamentalmente, pela dessacralização, pelo questionamento e pela dúvida,
o que resultou em sucessivas inovações nos campos artístico, científico e tecnológico,
possibilitando grandes transformações sociais e políticas. Os humanistas, portanto, tinham
uma visão positiva e otimista com relação à natureza e ao futuro da humanidade, visão que
se opunha à da Igreja medieval, que considerava o homem um ser marcado pelo pecado e
dependente da fé e das boas obras para obter a salvação. Os humanistas, contudo, não eram
contra o cristianismo ou contra a religião. Eles procuravam conciliar a sabedoria dos autores
clássicos da Antiguidade pagã com a mensagem da Bíblia.
d) Correta! O florentino Petrarca é considerado um dos primeiros humanistas, visto que viveu
no mesmo século que essa tradição começou a florescer nas cidades italianas. A temática
dele, além da óbvia referência aos textos antigos, traz temas como a importância de educar
e transmitir os saberes, a valorização do amor à pátria como uma necessidade humana a ser
vivida concretamente. Petrarca também inseriu a busca da glória como um dos elementos
do ideal humanista, em oposição à finitude da vida. Ele é mais conhecido por sua poesia em
romanço, cujos exemplares mais conhecidos são o Canzoniere e o Trionfi. Todavia, ele
também se dedicou ao estudo do latim e escreveu a maioria de suas obras nessa língua,
incluindo trabalhos acadêmicos, ensaios introspectivos, cartas e mais poesia.
Gabarito: D

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2.2 – O BERÇO E A EXPANSÃO DO RENASCIMENTO CULTURAL


Os historiadores afirmam que o berço do movimento renascentista foi a Itália. Alguns foram
os motivos para isso:
➢ Predomínio das atividades comerciais nessa região;
➢ Acentuada vida urbana;
➢ Migração de estudiosos que viviam em Constantinopla para a Península Itálica,
depois da tomada da capital Bizantina pelos turcos em 1453;
➢ Prática do mecenato (patrocínio) por parte dos ricos comerciantes, especialmente
em Florença, Gênova e Veneza;

Quero ressaltar o mecenato pela importância que essa prática teve para a expansão e
divulgação do renascimento cultural. Naquele contexto de transformações, nos centros urbanos
e comerciais, havia uma competição - não apenas econômica-, mas também de influência política
e social. Por isso, os mercadores importantes, bem como bispos e até mesmo os nobres,
patrocinavam a arte e a cultura para se tornarem figuras importantes na sociedade. Ter um retrato
de si pintado era sinal de poder e status social.
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Para além de uma prática, o mecenato se constituiu como uma relação entre o mecenas e
o artista. Ou seja, a prática do mecenato era uma forma de ambos ganharem status na nova
sociedade que se formava na Modernidade.
O historiador Peter Burke, no seu livro A Fabricação do Rei: a construção da imagem pública
de Luís XIV, sistematizou 3 formas de mecenato. Dá uma olhada:
Sistema Doméstico: uma pessoa rica mantém um artista em sua casa, garantindo
dinheiro, moradia, alimentação e lazer em troca de serviços artísticos e literários;
Sistema sob encomenda: quando a relação entre o mecenas e o artista dura o
tempo da produção de um trabalho encomendado;
Sistema de mercado: quando um artista tenta vender no mercado um trabalho
pronto. Era o menos comum e malvisto justamente por conta do caráter
personificado das obras.

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Jean de Dinteville e Georges de Selve (Os Embaixadores)3

Esta pintura, Os Embaixadores (1533), de Hans Holbein, segundo o professor de história da


arte Omar Calabrese4, para além de relembrar dois jovens ricos, educados e poderosos, permite
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uma intertextualidade de todo o período da Renascença. À esquerda está Jean de Dinteville,


embaixador do rei da França na Inglaterra em 1533, um nobre. À direita, está seu amigo Georges
de Selve, bispo de Lavaur, que atuou em diversas ocasiões como embaixador do Papa em Veneza.
Resumo alguns pontos de observação interessante neste quadro:
i- Tapete oriental em que estão apoiados: símbolo de luxo e do comércio;
ii- Vestimentas e adereços: Jean de Dintville veste pele de arminho, a medalha e o punhal, e,
Georges de Selve veste luvas, ou melhor segura luvas, sinônimos de status à época;
iii- Objetos: em cima, instrumentos ligados à astronomia, e, em baixo, um alaúde, flautas, um livro
de cânticos, um compasso, um livro de aritmética e um mapa-mundi. Tais objetos, que explicitam
um apreço à ciência, remetem à astronomia, à geometria, à aritmética e à música, áreas que
compunham o quadrívio, modalidade de ensino alternativa ao trívio (retórica, dialética e
gramática).

As ideias humanistas se espalhavam pela Europa por meio das rotas comerciais e dos
diversos eventos produzidos por vários mecenas. Contudo, em 1456, a expansão ganhou grande
e significativo impulso: era a criação da prensa de Guttenberg. O primeiro livro impresso foi a

3
Hans Holbein, Os Embaixadores, 1533, Foto: Galeria Nacional, Londres.
4
A intertextualidade em pintura. Uma leitura dos Embaixadores de Holbein. In: Como se lê uma obra de arte, Lisboa, Edições 70,
1997, pp. 35-68.

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Bíblia – impressa em vernáculo alemão (mais adiante nesta aula você verá a importância desse
feito para a Reforma Protestante na Alemanha). Era um cenário muito significativo para a profusão
dessa nova realidade renascentista. Façamos uma pequena reflexão:

Falamos até aqui que o humanismo forja uma nova mentalidade, racionalista
e antropocêntrica, mas sem ruptura com os dilemas e questões eclesiásticas.
Havia uma crítica e reinterpretações dos dogmas, mas não um afastamento
do divino. Assim, a impressão da Bíblia já era em si a expressão do
conhecimento técnico científico, já que a prensa foi fruto de uma invenção
humana. Além disso, ela foi traduzida do latim para o alemão o que garantiu
a possibilidade da leitura por parte de muitas outras pessoas, que não apenas os
membros da igreja. Dessa forma, era o homem chegando diretamente perto de Deus
e do divino, por meio da sua própria leitura individual do texto sagrado, sem
intermediações dos clérigos. Percebe, querido e querida, como este cenário era mais
humanista e antropocêntrico? O homem inventa uma máquina de imprimir livros, traduz
a Bíblia (o mais importante livro de todos, naquele momento), imprime-a e depois
distribui para muitas pessoas lerem. Cara, isso era o cenário renascentista no dia a dia,
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em uma forma popular, para além das reflexões e contribuições individuais dos grandes
pensadores. Abria-se a possibilidade de toda uma coletividade refletir. Por isso, não
havia como as ideias não se desalojarem dos seus pedestais dogmáticos.

2.3 – AMEAÇAS À NOVA MENTALIDADE


A transição para essa nova mentalidade não foi um processo sem resistência, consensual e
tranquilo, afinal, as bases dessa nova forma de ver, sentir e viver questionavam os alicerces sobre
os quais estavam assentados os velhos padrões de pensamento medieval ligados ao catolicismo.
A Igreja Católica se tornou conservadora (no sentido de aversão à mudanças e inovações)
e, em conjunto com um setor da nobreza medieval, inicialmente lutou dura e violentamente contra
as transformações em curso. Mais adiante veremos que a Igreja precisou se adaptar ao novo
momento histórico e precisou passar por mudanças.
Diante do perigo das ideias inovadoras, o papado reativou o Tribunal da Santa Inquisição
e perseguiu vários pioneiros da ciência moderna, como, por exemplo:
 Nicolau Copérnico (1473-1543), católico e responsável pela elaboração da teoria
heliocêntrica, considerado o “Pai da Astronomia”, foi condenado à morte pela
Inquisição;
 Giordano Bruno (1548-1600), seguidor da teoria heliocêntrica, defendia que o
universo era infinito e ele estava inacabado, também foi condenado pela Inquisição
e queimado vivo em praça pública;

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 Galileu Galilei (1564-1642), aprofundou-se em estudos sobre movimento dos corpos,


considerado Pai da Física Matemática forneceu base para as ideias posteriores de
Isaac Newton, foi condenado à prisão perpétua. O vento abrasador da intolerância
religiosa ficou marcado na história pelo uso de inúmeros instrumentos de sevícia e
tortura.
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Copérnico Conversando com Deus, pintura de Jan Matejko, de 1872.

Astronomer Copernicus, conversation with God, 1872, Jan Matejko (Polish Painter, 1838-1893), oil on
canvas, 221 × 315 cm (87 × 124 in), Jagiellonian University Museum, Krakow, Poland.

O julgamento de Giordano
Bruno pela Inquisição romana.
Relevo em Bronze. Ettore
Ferrari, Campo del Fiore,
Itália.

Giordano Bruno, queimado vivo em 17 de fevereiro de 1600, Campo del Fiore, na Itália

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Giordano Bruno foi filósofo, teólogo, poeta escritor de peças de teatro, professor – humanista.
Foi acusado pela Igreja Católica de negar as doutrinas da Igreja Católica, como o geocentrismo e
a Santíssima Trindade. Portanto, para a Igreja ele era um herético. Por isso, sofreu um julgamento
que durou 8 anos. A ele foi oferecido a opção de abjuração – declinar de suas ideias. Ele não
aceitou. Por isso, foi condenado a pena de morte. Método: ser queimado vivo em praça pública!
Centenas de milhares assistiram o martírio.
No julgamento teve que ouvir a sentença ajoelhado. Nesse momento, ele teria dito:
"Talvez vocês, meus juízes, pronunciem essa sentença contra mim com maior temor do que eu a
recebo"
Giordano Bruno levantou temas bastante atuais e que acabaram sendo comprovados ao longo do
tempo, como a infinitude do Universo e a existência de vários planetas. Além disso defendeu a
existência de outras vidas inteligentes vivendo em planetas como o nosso. Contudo, há
controvérsias se ele realmente foi um cientista ou um pregador religioso. E a base dessa
controvérsia é a própria ideia do que é ciência.
O antropólogo e medievalista, João Eduardo Pinto Basto Lupi, pesquisador do Centro de Filosofia
e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, afirma que ele tinha ideias
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seminais, ou seja, capazes de fertilizar a inteligência5.


Mas, a importância das suas ideias transcende o debate científico ou teológico. Foi fundamental
para os embates políticos da época porque tinham a ver com uma visão de mundo, com o modo
como a sociedade deveria se organizar. O astrônomo Augusto Damineli, professor titular do
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP),
afirma que "Suas ideias tiveram importância política, pois na luta entre a Igreja conservadora (dona
do poder) e a burguesia revolucionária (classe em ascensão) ele optou pela revolução", responde
Damineli. "Essa foi a principal motivação para a Igreja assassiná-lo. Note que ela reabilitou Galileu,
mas nunca cogitou de fazer o mesmo com Giordano Bruno, pois a luta dele era eminentemente
política, no sentido de visão do mundo."6

5
Entrevista à BBC. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-43081130> . Acesso em
14-03-2019.
6
Entrevista à BBC. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-43081130> . Acesso em
14-03-2019.
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A imagem a seguir foi feita por Rafael Sanzio entre 1510 e 1511. Ela é considerada uma
referência ao Movimento Artístico da época. Analise-a atentamente
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Escola de Atenas, Rafael Sanzio, século XVI

O movimento estético a que pertence a obra é o


a) Iluminismo devido à recuperação de temas da Antiguidade Clássica, como o
antropocentrismo
b) Humanismo que promoveu a ruptura com os elementos religiosos, por isso a
representação de filósofos na obra.
c) Antropocentrismo que coloca o homem como medida e meio da observação de todas as
coisas a fim de explicá-las racionalmente.
d) Iluminismo que promoveu uma retomada dos elementos medievais da discussão entre fé
e razão, como vemos dois filósofos no centro da obra.
e) Renascimento devido ao uso da perspectiva e a representação da retomada dos
elementos clássicos da cultura greco-romana.
Comentários
Pela localização temporal, a obra só pode pertencer ao Movimento estético renascentista
por isso, o gabarito é alternativa E. Veja a obra tem perspectiva, o nome da obra é uma
referência e há muitos filósofos lendo, debatendo e aprendendo uns com os outros. Confira
a noção de perspectiva na obra:

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Pelos mesmos motivos citados, podemos eliminar as alternativas A e D que fazem referência
ao Iluminismo que é Movimento do século XVIII.
A alternativa b está errada porque o Humanismo não rompeu com a Igreja e não é
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movimento estético, mas filosófico, apesar de estar no contexto do desenvolvimento do


renascimento.
A alternativa C está errada porque o antropocentrismo não é o Movimento, mas uma das
características do renascimento.
Gabarito: E
(FUVEST 1995)
O “Juízo Final”, pintado no teto da Capela Sistina, e a “Divina Comédia” são obras,
respectivamente, de autoria de:
a) Rafael e Boccacio.
b) Bernini e Shakespeare.
c) Michelangelo e Dante Alighieri.
d) Tiziano e Petrarca.
e) Leonardo da Vinci e São Tomás de Aquino.
Gabarito: C

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3 - REFORMAS E CONTRARREFORMAS RELIGIOSAS


A Reforma Protestante se encontra no mesmo contexto do Renascimento Cultural: as
transformações em curso na Europa. O humanismo e sua expressão quanto ao individualismo
ultrapassavam as fronteiras das artes e da política para atingir as bases doutrinárias da Igreja. Ela
se caracteriza pela ruptura com a Igreja Católica e a formação de outras crenças religiosas que, no
seu conjunto ficaram conhecidas como, religiões protestantes.

A Igreja Católica sofreu alto grau de questionamento por volta do século XV. As disputas de
poder, os abusos, os desvirtuamentos da fé religiosa e a própria mudança de mentalidade da
população medieval – mais adepta ao dinamismo da força econômica do comércio - provocaram
movimentos por novas doutrinas religiosas. Nesse contexto, apareceram as reformas religiosas.
Portanto, alguns historiadores afirmam que os reformistas estavam respondendo a esse
processo e, assim, colocaram em xeque o poder papal, a hierarquia da Igreja e seus dogmas
(verdades) apontando suas limitações e a incapacidade de dar respostas para as crises que se
arrastavam desde o século XIV.
Vejamos 3 blocos de problemas que a Igreja estava envolvida:
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1- Problemas com a nova mentalidade mercantil. A Igreja condenava a usura (empréstimo


de dinheiro a juros) e defendia o “preço justo” das mercadorias, ou seja, comercialização
pelo preço do trabalho e não pela especulação do mercado. Com isso, a atividade bancária
e o acúmulo de dinheiro ficavam prejudicadas. Logo, a “mentalidade econômica” da Igreja
tornou-se um entrave para o desenvolvimento mercantil. Os mercadores não se sentiam
plenamente representados e protegidos.
2- Problemas com debates teológicos. Havia na Igreja 2 sistemas teológicos se
enfrentando:
- Tomismo: assumida pela cúpula da Igreja. Defendia que a salvação se dava pela fé e pelas
boas obras, sendo o homem possuidor do livre-arbítrio para garantir ou não sua salvação.
- Agostiniana: fundada no princípio da salvação pela fé e pela predestinação. O indivíduo
era dotado de graça!
3- Problemas com a crise moral da Igreja. Havia uma desmoralização de parte do clero
devido ao seu envolvimento com casos de abuso de poder que contradiziam abertamente
com seus discursos e pregações moralizantes, especialmente, de condenação da usura.
Além disso, fazia-se a venda de bens eclesiásticos “bentos”, venda de cargos eclesiásticos.
Mas, naquele contexto, o pior elemento era a venda de indulgência. A indulgência existia
há muito tempo no cristianismo e estava relacionada à realização de alguma obra para
compensar algum pecado. O conceito foi distorcido e as boas obras foram substituídas por
pagamentos aos clérigos.

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“Os mesmos sentimentos de hostilidade aos poderes da Igreja cresciam, nos anos que
antecederam a Reforma, na voz das próprias autoridades seculares. [...] Tais atitudes se
constatavam, em particular, naqueles países que mais tarde viriam a ser os mais receptivos à
Reforma luterana”.
SKINNER, Q. As Fundações do Pensamento Político Moderno. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996, p. 339.
As principais fontes de tensão entre o Estado e Igreja nos países europeus, no contexto das
Reformas Protestantes, foram
a) a insistência de muitas autoridades seculares em manter crenças politeístas e a
inflexibilidade do clero em realizar as cerimônias religiosas em língua vernacular.
b) a conversão de muitos reis europeus ao islamismo, tornando-o religião oficial de seus
reinos, e o antissemitismo propagado pelo clero católico.
c) a defesa da reforma agrária pelos setores eclesiásticos e o aumento dos tributos sobre os
camponeses e a burguesia.
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d) a rejeição da participação de ordens regulares na empresa colonial e a adoção de


costumes indígenas nas cerimônias públicas dos governos europeus.
e) privilégios e jurisdições que o clero aspirava tradicionalmente, além das vastas extensões
de terras pertencentes a comunidades religiosas.
Comentários
O enunciado nos entrega de bandeja que o tema da questão são as Reformas Protestantes.
Estas foram um conjunto de movimentos religiosos diversos que eclodiram na Europa por
volta do século XVI. Esses movimentos foram motivados pela insatisfação de muito setores
das sociedades europeias a respeito de determinados dogmas da Igreja e comportamentos
do clero católico. Tais como: a venda de indulgências, a ostentação de riquezas, a hierarquia
rígida e vertical do clero, entre outros. A principal classe social que aderia às Reformas
costumava ser a burguesia, uma vez que a Igreja condenava suas formas de sustento e
enriquecimento. No entanto, em muitos lugares camponeses, trabalhadores urbanos e até
parte da nobreza e alguns monarcas romperam com o catolicismo. Note que a questão
aborda especificamente as motivações das autoridades seculares, ou seja, aquelas que
trabalhavam no Estado. Com isso em mente, vejamos quais foram as principais fontes de
tensão entre o Estado e a Igreja naquele contexto:
a) Incorreta. No século XVI, a maioria dos Estados europeus e seus funcionários eram cristãos,
logo monoteístas. Além disso, a Igreja insistia em realizar as cerimônias religiosas em latim,
não em língua vernacular (aquela falada pelas pessoas). Inclusive, usar as línguas correntes
era uma das principais reivindicações dos movimentos reformadores.

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b) Incorreta. Nenhum rei europeu se converteu ao islamismo naquele contexto. Ainda, o


antissemitismo (ódio contra judeus) era algo generalizado nas sociedades europeias da
época, tanto entre clero quanto entre as autoridades seculares e as classes sociais no geral.
c) Incorreta. O clero não defendia a realização de uma reforma agrária. Pelo contrário, o
estamento clerical costumava atuar para legitimar a ordem social vigente. Por outro lado, de
fato era um contexto em que muitas monarquias aumentavam os tributos sobre camponeses
e burgueses. Porém, isso não era uma fonte de atrito entre Estado e Igreja. Inclusive, o
próprio clero também cobrava dízimos exorbitantes que igualmente nutriram a insatisfação
popular que inspirou os movimentos reformadores.
d) Incorreta. As monarquias católicas que se aventuraram nas grandes navegações e na
colonização de outros continentes usaram, e muito, o serviço das ordens regulares, como os
jesuítas, franciscanos, carmelitas, entre outras. E nenhuma delas adotou costumes indígenas
na realização de cerimônias públicas do Estado. Na verdade, em alguns países era comum
colocar grupos de cada território conquistados para se apresentarem brevemente em
festejos e celebrações públicas, como aniversários ou casamentos da realeza, mas eram
fenômenos bem circunscritos que não afetavam a administração do governo em si.
e) Correta! Muitos monarcas e nobres entravam em conflito com o clero, e mesmo com o
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papa, a respeito da prerrogativa de nomear sacerdotes para compor o alto clero (bispos,
cardeais, etc.). Também era comum que autoridades seculares e eclesiásticas disputassem a
jurisdição sobre algum serviço ou função pública, como a educação, sobretudo nas
universidades onde grande parte delas era formada. As irmandades de leigos igualmente
eram alvo dessa briga de jurisdições, frequentemente tendo que recorrer ora a um, ora a
outro poder para conseguir alguma autorização para execução de suas atividades. Por fim,
as propriedades fundiárias e demais riquezas que o clero sustentava eram alvo da cobiça de
muitos nobres, monarcas e burgueses, que defendiam o confisco de pelo menos parte disso
pelo Estado. Essas motivações guiaram a decisão de grande parte da nobreza alemã a aderir
ao luteranismo. Na Inglaterra, o rei Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e fundou a
Igreja Anglicana por essas razões, além de seu desejo pessoal de obter um divórcio oficial.
Gabarito: E
(FUVEST 2013)
“O senhor acredita, então”, insistiu o inquisidor, “que não se saiba qual a melhor lei?”
Menocchio respondeu: “Senhor, eu penso que cada um acha que sua fé seja a melhor, mas
não se sabe qual é a melhor; mas, porque meu avô, meu pai e os meus são cristãos, eu quero
continuar cristão e acreditar que essa seja a melhor fé”.
Carlo Ginzburg. O queijo e os vermes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 113
O texto apresenta o diálogo de um inquisidor com um homem (Menocchio) processado, em
1599, pelo Santo Ofício. A posição de Menocchio indica

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a) uma percepção da variedade de crenças, passíveis de serem consideradas, pela Igreja


Católica, como heréticas.
b) uma crítica à incapacidade da Igreja Católica de combater e eliminar suas dissidências
internas.
c) um interesse de conhecer outras religiões e formas de culto, atitude estimulada, à época,
pela Igreja Católica.
d) um apoio às iniciativas reformistas dos protestantes, que defendiam a completa liberdade
de opção religiosa.
e) uma perspectiva ateísta, baseada na sua experiência familiar.
Comentário
Essa é uma questão que demanda interpretação. Contudo, se sabemos o conteúdo do
assunto sobre crise da Igreja Católica e Reformas religiosas, matamos a questão em 30
segundos. Com o avanço das Reformas Protestantes, a partir do século XVI, a Igreja Católica
usou a Inquisição com vistas a combater princípios religiosos contrários àqueles por ela
defendidos. Com base no texto, é possível perceber que Menocchio tinha acesso a outros
CRENÇAS religiosas, ainda que permanecesse fiel ao cristianismo, sobretudo por questões
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culturais, já que sua família era cristã. Veja que o trecho traz a noção de individualismo e
humanismo, na medida em que cada indivíduo é capaz de compreender por si mesmo e
escolher qual fé seguir. Veja que não poderia ser nenhuma das demais alternativas porque
nenhuma delas se encaixa no excerto de texto trazido no comando da questão.
Gabarito: A

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3.1 – REFORMA LUTERANA


No final da Idade Média a centralização do poder na figura de monarcas estremeceu a relação
entre Igreja e reis.
Com o fortalecimento dos reis e a centralização de poder, como veremos na próxima seção,
os membros do clero, que exerciam influência sobre os reinados – principalmente se beneficiando
de tributos feudais –, tiveram sua força diminuída. Alguns monarcas, ao questionarem o sistema
feudal, também questionavam a vasta extensão de terras da Igreja Católica. Para você ter uma
ideia, a Igreja possuía 1/3 das terras no Sacro Império Romano-Germânico.

Além disso, articula comigo: até então, como vimos nas aulas anteriores, a Igreja Católica
apresentava a Igreja como uma Instituição Universal, ou seja, acima de qualquer rei ou reino. No
entanto, essa noção se chocava com a noção de nacionalidade que surgia nesse momento como
impulsionador da expressão do poder real (isso ficará mais claro na parte desta aula sobre
aspectos políticos do Antigo Regime, os Estados Nacionais). Também por esse motivo, muitos
monarcas viam a Igreja, com sede em Roma, como uma instituição estrangeira que tentava
interferir demasiadamente nas questões internas, ou nacionais. Sacou?
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Para você não ficar com dúvidas onde se localiza o Sacro Império e onde estavam
os demais reinados na virada da Idade Média para a Idade Moderna:

O Sacro Império Romano Germânico


1Banco de imagens Estratégia

é originariamente parte do antigo


Reino Franco. Com o Tratado de
Verdun, o Reino foi divido em 3
partes. Carlos, o Calvo, ficou com a
porção do que viria a ser a França e
Luís, o Germânico, ficou com o a
porção Leste Europeu. Em 962, Oto I
Vestibulares

foi coroado Imperador do Sacro


Império Romano Germânico. Durante
a Idade Média, o feudalismo típico
que estudamos não se desenvolveu
plenamente nessa região,
especialmente, quanto ao seu aspecto
político. Vários príncipes mantiveram grandes extensões de terra, bem como o
controle sobre outros senhores feudais. Além disso, escolhiam um imperador para

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representá-los. Com isso, mantiveram exércitos mais permanentes, bem como


cobrança de impostos. Os príncipes germânicos mantiveram certo controle sobre a
estrutura da Igreja Católica.

A Igreja também se chocou com os interesses comerciais da burguesia ascendente. Isso


porque os negócios da burguesia comercial dependiam de uma expansão que muitas vezes
contrariava a mentalidade religiosa, como mencionamos antes. É só pensar no debate se a Terra
era redonda ou plana, discussão que influenciava as saídas para o mar e as rotas marítimas. (por
sinal, uma discussão que toma as redes sociais nos dias atuais, né 😊)
Os católicos também se posicionavam contrários à usura (empréstimos de dinheiro a juros),
elemento determinante para as práticas comerciais da época.
Além disso, a questão das indulgências acentuava as críticas à Igreja. Originalmente
praticada como realizações de fiéis para pagar por seus pecados no plano terreno, a venda de
indulgências se transformou em um verdadeiro negócio eclesiástico. Essa mudança contribuiu
para desmoralizar a Igreja. Isso porque parte considerável dos clérigos – de todas as hierarquias,
incluindo o Papa – passou a cobrar pagamentos religiosos.
Nessa ocasião, o papa Leão X, visando arrecadar recursos para a construção da Basílica de
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São Pedro, em Roma, autorizou a venda de indulgência. Assim, ele oficializava o desvirtuamento
do sentido da indulgência como caminho para salvação.

Martinho Lutero (1483-1546) foi uma das lideranças religiosas que, à


época, insurgiu-se contra tal estado de coisas. Membro do clero e professor
da Universidade de Wittenberg, ele escreveu e divulgou, em 1517, um
documento que ficou intitulado As 95 teses. O texto, que continha críticas à
Igreja e ao Papa, foi literalmente colado nas paredes da Igreja de
Wittenberg. Das 95 teses quero destacar 3 pontos essenciais, pois refletiam
o enfrentamento com dogmas estruturais do catolicismo. Reflitam:

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Em relação ao ponto 1, há uma afronta ao poder da hierarquia eclesiástica que detinha, até então,
o monopólio da interpretação da Bíblia. Isso conferia ao clero um superpoder, concorda? Afinal,
ele poderia passar qual ideia lhes conviesse. Além disso, quero que note como isso tem um traço
humanista: a capacidade do indivíduo de interpretar o mundo (inclusive religioso) por si mesmo.
No que se refere ao ponto 2, há uma afronta ao poder papal, pois ele era considerado o único
homem infalível e sua palavra tinha um caráter sagrado. Por meio da ideia de Lutero, percebemos
que a única palavra é a que se extrai diretamente da escritura sagrada, logo, qualquer ser humano
é falível, inclusive o papa.
Por fim, o ponto 3 é uma crítica profunda à concepção de salvação da alma. Este tema é muito
importante e acompanha não apenas o dogma católico, mas as preocupações filosóficas humanas.
Martinho Lutero negava qualquer outro meio de salvação da alma que não seja a fé em Deus.

Em resposta, em 1520 o Papa Leão X condenou Lutero, ameaçou-o de excomunhão e


exigiu uma retratação pública. O manuscrito com a ordem do Papa, que foi divulgada por meio
de uma bula (um tipo comum de documento daquele período), foi queimado por Lutero
publicamente. Uma afronta direta ao Papa.
Em 1521, Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano Germânico, convocou a
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assembleia denominada de Dieta de Worms e, nesta reunião, conseguiu, juntamente com o


papado, considerar Marinho Lutero como herege.
Apesar da condenação, Lutero foi abrigado por parte da nobreza e, protegido, passou a
dedicar-se a traduzir a Bíblia do latim para o alemão, bem como a elaborar princípios para uma
nova doutrina religiosa. Um desses nobres, Cranach, que era dono de uma prensa, chegou a
distribuir 1 milhão de cópias de As 95 teses, de Lutero.
No fundo, apesar do estopim, a divergência de Lutero com a cúpula da Igreja Católica
possuía razões doutrinárias.
De um lado, a Igreja com sede em Roma seguia o tomismo, para o qual o livre-arbítrio e as
boas intenções seriam o caminho correto para a salvação. De outro, Lutero seguia a teologia
agostiniana, fundada no princípio da salvação pela fé de modo que o indivíduo seria predestinado
à salvação. Além disso, Lutero também defendia a submissão da Igreja ao Estado.

Note que, ao propor a submissão da Igreja ao Estado, Lutero foi ao encontro dos
interesses de parte da nobreza alemã que estava descontente com a influência do
poder da Igreja, principalmente porque a Igreja possuía muitas terras. Com efeito, a
força das ideias de Lutero, além de viabilizar alianças entre os detentores de poder,
também estimulou revoltas populares. Isso porque as ideias dele acabavam
questionando a interpretação divina da estratificação social (uma vez pobre, sempre
pobre!).

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Em 1530 a doutrina luterana foi mais bem delineada por meio da Confissão de Augsburgo a qual
passou a dar forma mais acabada à Reforma Luterana.
A Confissão de Augsburgo incluía:
• O princípio da salvação pela fé;
• A livre leitura da Bíblia, principalmente após a tradução para o
alemão (popularização da Bíblia);
• A utilização do alemão nos cultos religiosos, e não mais o latim;
• Supressão do clero secular, do celibato e das imagens religiosas;
• Submissão da Igreja ao Estado.

A tensão entre protestantes e católicos gerou muitos conflitos de modo que, em 1555, foi
selada a Paz de Augsburgo. O acordo definiu que cada governante, nas diferentes localidades do
Sacro Império Romano-Germânico, escolheria sua religião e a de seus súditos.
(Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)
“21 – Estão errados os pregadores de indulgência que dizem que um homem é libertado e
salvo de todo castigo dos pecados pelas indulgências papais. [...]
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27 – Eles pregam que a alma voa para fora do Purgatório tão logo tilinte o dinheiro jogado
na caixa. [...]
45 – Os cristãos deveriam aprender que todo aquele que vê um homem necessitado e não
socorre, e depois dá dinheiro para perdões, não está comprando para si a indulgência do
papa mas a cólera de Deus. [...]
82 – Por que o papa não esvazia o Purgatório apenas por caridade, se o faz através de uma
basílica?”
LUTERO, Martinho [1517]. In: Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª
séries. São Paulo: SE/Cenp, 1980, p. 81-82.
No trecho, Martinho Lutero crítica a venda de indulgências para afirmar o princípio de
a) sacerdócio universal.
b) justificação pela fé.
c) autoridade pela palavra revelada.
d) predestinação.
e) livre arbítrio.
Comentários
A questão aborda a Reforma Protestante, um conjunto de movimentos religiosos que
passaram a contestar o monopólio da Igreja Católica sobre o cristianismo, fundando novas

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vertentes dissidentes a partir do século XVI. Mais especificamente, a questão trata do


movimento liderado por Martinho Lutero, na Alemanha, considerado o pioneiro do
protestantismo. Lutero era um monge católico, de origem burguesa, que começou a
questionar vários dogmas católicos e comportamentos do clero. Suas ideias se espalharam a
partir de 1517, quando ele escreveu suas 95 Teses, das quais o enunciado selecionou o
trecho apresentado. Ele chegou a receber apoio de parte da nobreza alemã, de muitos
camponeses e, principalmente, da burguesia. Com isso, vejamos qual dos princípios
elencados, Lutero está procurando afirmar no trecho:
a) Incorreta. O princípio do sacerdócio universal, defendido por Lutero, consistia no direito
e a capacidade que todas as pessoas tem serem sacerdotes e pregarem a palavra de Deus,
visto que todos os cristãos são iguais. Note que não é isso que é abordado no trecho, mas
sim a venda de indulgências.
b) Correta! Como mencionei antes, Lutero criticava não só alguns dogmas, como muitos dos
comportamentos e atitudes do clero que lhe pareciam inadequados e pouco embasadas nas
escrituras, como a venda de indulgências (perdão). Para ele, somente o exercício da fé levava
à salvação. Logo, não adiantava tentar obter o perdão divino com grandes obras ou compra
de indulgências.
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c) Incorreta. Esse princípio complementa aquele do sacerdócio universal. A autoridade da


palavra revelada significava que todo cristão era capaz de interpretar a palavra divina contida
na Bíblia, sem a necessidade de um sacerdote mediando a leitura e interpretação. No
entanto, não é disso que o trecho destacado fala.
d) Incorreta. O princípio de predestinação era mais afirmado pelos calvinistas do que pelos
luteranos, apesar dos primeiros terem se inspirado nos segundos. Segundo esse princípio,
Deus já sabe o destino de cada pessoa, uma vez que é onisciente. Portanto, os homens não
poderiam fazer nada para alterar o que lhes acontecerá. O sinal da graça divina poderia ser
identificado nas pessoas quando elas seguiam uma rígida disciplina, de trabalho intenso e
controle de gastos. Isto lhes levaria à riqueza, o sinal definitivo da predestinação.
e) Incorreta. O livre arbítrio é a capacidade que as pessoas tem de tomar suas próprias
decisões, independente da vontade de Deus ou de qualquer outra influência. Logo, vemos
que não é disso que se trata o trecho.
Gabarito: B

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3.2 – REFORMA CALVINISTA

A exemplo de Martinho Lutero, João Calvino (1509-1564),


mas agora na Suíça, desenvolveu uma teoria que reformava os
ensinamentos católicos. Ele desenvolveu a Teoria da
Predestinação.
Veja o esquema teórico do argumento calvinista:

Ética
ascética
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Para ele o homem estava predestinado a ser salvo ou a ser condenado à danação eterna.
Os predestinados seriam os escolhidos de Deus. A partir dessa teoria, o trabalho intenso e a
riqueza proveniente dele eram interpretados como sinal da salvação. Como não se sabia quem
eram os salvos e os condenados, havia que se buscar e testar constantemente os sinais da
salvação.

Tal entendimento contribui para uma “ética protestante” ou “ética ascética”. O modo
de vida ascético consistia em viver constantemente uma vida metódica, racionalizada e

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de sacrifícios; rejeitar prazeres, e se dedicar a tudo o que de alguma forma agradasse


a Deus. Essa era a forma como calvinistas entendiam que poderiam testar a própria
salvação.

Calvino nasceu na França, em 1509. Pertenceu e uma família de aristocratas e contou


com um benefício eclesiástico (algo como uma bolsa ou ajuda de custo) que custeou toda sua
formação intelectual e sua vida material.
Em 1533, converteu-se ao protestantismo. Foi considerado herético e precisou fugir para
Suíça.
Em 1536, foi publicada a primeira edição da Instituição da Religião Cristã (ou Institutas),
introduzida por uma carta ao rei Francisco I da França contendo um apelo em favor dos
evangélicos perseguidos.
João Calvino viveu quase toda a vida em Genebra, ocupou cargos políticos importantes,
trabalhou com refugiados religiosos que chegavam a esta cidade e se tornou Bispo na Catedral
Saint Pierre. Combateu a perseguição aos protestantes, mas também perseguiu os chamados
“libertinos” – aqueles que não seguiam os princípios ascéticos que pregava.
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Nesse sentido, foi um grande líder religioso do


movimento que ficou conhecido como Movimento Reformado
– daí a expressão: Igreja Reformada. O calvinismo deu origem
ao Presbiterianismo.
7

Embora luxo e a ostentação fossem moralmente


condenados, havia a legitimação da poupança, ou do
lucro, bem como da usura e de todo a forma de riqueza
como sinal da predestinação. Isso atendia às expectativas
espirituais dessas classes sociais mais ricas.

7
Os esponsais dos Arnolfini, 1434. Jan van EYCK. Retirado de: GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 2015, p.
241.

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3.3 – REFORMA ANGLICANA


A reforma anglicana foi impulsionada pelo rei inglês Henrique VIII e teve motivações e
características distintas das reformas luterana e calvinista. Não havia questões doutrinárias e, por
isso, não constituiu um rompimento radical com os dogmas e rituais católicos. Por isso, há muitos
historiadores que afirmam que houve uma fusão entre elementos católicos e protestantes.
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Henrique VIII era um aliado da “Santa Sé”, mas uma série de questões o levaram a romper com a Igreja
Católica.

Motivos da ruptura

Anulação do
Reduzir a influência
Apropriar-se dos casamento do Rei
do Papa dentro da
bens da Igreja Henrique com
Inglaterra
Catarina de Aragão

Veja que os motivos são mais conjunturais e de natureza política e econômica.


➢ O primeiro se insere no contexto da centralização do poder político, como veremos a
seguir na seção específica sobre esse tema.
➢ Seguindo esse sentido, os nobres tinham intenção de se apropriar dos bens da Igreja,
pois passavam por um processo de concentração de terras (cercamentos). Para tanto,
só um clero enfraquecido cederia aos interesses da nobreza.
➢ Por fim, o terceiro elemento é aparentemente de interesse pessoal do rei, mas, na
verdade, possuía fins políticos. Afinal, naquela época, os casamentos estavam a serviço

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das relações diplomáticas e das relações de poder nos processos de sucessão dos
tronos. Henrique VIII não queria continuar casado com Catarina de Aragão, pois ela era
espanhola e isso poderia abrir um problema de sucessão, especialmente porque ela
nunca ficou grávida de um homem. Por fim, e não menos importante, Henrique VIII
amava Ana Bolena – a cortesã da Corte. E queria com ela se casar.
O terceiro elemento da ruptura constitui o motivo pontual da ruptura com a Igreja, pois a partir
da recusa do Papa em anular o casamento do rei com a espanhola, Henrique VIII recorreu ao
Parlamento, que legitimou a anulação do casamento com a justificativa de interesse nacional.
E para concluir o processo de criação da Igreja Anglicana, em 1534, o Parlamento Inglês votou
o Ato de Supremacia, por meio do qual o Rei se tornava o chefe supremo da Igreja.

3.4 – GUERRAS RELIGIOSAS, CONTRARREFORMA E A INQUISIÇÃO

No início da ascensão do protestantismo, a principal forma de combater os reformistas, ou


protestantes, foi punir as lideranças, como fizeram com Lutero e Calvino. Esperava-se, com isso,
sufocar as ideias no seu berço dos respectivos nascimentos. Foi em vão. Em 50 anos,
aproximadamente, 40% dos europeus ocidentais se converteram ao protestantismo. Assim, a
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Europa viveu décadas de conflitos e disputas religiosas que desencadearam verdadeiras guerras
religiosas.

É interessante saber que cada um dos lados dessas disputas era apoiado por reis e príncipes de
cada religião. Do lado protestante, os príncipes alemães, ingleses e dinamarqueses. O lado
católico contava com o apoio dos reis da Espanha, por exemplo, que eram muito poderosos. Não
foi por outro motivo que a atuação do Tribunal da Santa Inquisição foi mais atuante na Península
Ibérica.

Na França era grande a divisão e extremamente violenta a disputa. Um dos mais trágicos
eventos desse contexto foi a chamada Noite de São Bartolomeu, ocorrida em 24 de agosto de
1572. Na verdade, foi um dia inteiro de combate. A mando de Carlos IX, os protestantes franceses,
conhecidos como huguenotes (calvinistas) foram massacrados. Estima-se que 20 mil protestantes
morreram.

Esse contexto nos mostra que os reis queriam impor sua religião aos seus súditos. Não
havia a ideia de liberdade e tolerância religiosa. Ao contrário, em uma sociedade
profundamente marcada e organizada socialmente por paradigmas religiosos, tal
liberdade era incompatível com a paz social. Assim, para se alcançar paz e ordem era
preciso impô-las por meio da religião. Percebemos, então, uma faceta do poder político
absolutista. A ideia era: Um rei, um reino e uma fé!

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Para dar uma resposta à sociedade católica diante das críticas que se espalhavam pela
Europa e para impedir a continuidade do avanço do protestantismo a Igreja Católica organizou
uma série de medidas, que conhecemos por Contrarreforma.
Muitos clérigos que andavam incomodados com os abusos, aproveitaram para realizar uma
verdadeira reforma interna na Instituição. Porém, doutrinariamente, houve uma reafirmação dos
princípios católicos. Foi um longo processo que se estendeu por 4 papados:

As principais medidas adotadas pelas lideranças religiosas foram:


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➢ 1534 - Fundação da Companhia de Jesus: proposta pelo ex-soldado espanhol Inácio de


Loyola, a ordem era inspirada em uma estrutura militar cuja missão era impedir o avanço
do protestantismo e converter indivíduos ao catolicismo por meio da contemplação (na
maioria das vezes, forçada). A principal estratégia era criar escolas religiosas e implementar
o estudo da catequese.
➢ 1545/1563 – Concílio de Trento: reunião de bispos, conduzida pelo Papa, para discutir as
questões relacionadas à doutrina da Igreja. Nesses anos reafirmou-se os pontos básicos e
essenciais do catolicismo:
- Sete sacramentos – batismo, crisma, eucaristia, matrimônio, penitência, ordem e unção
dos enfermos)
- Tese da infalibilidade do papa
- Monopólio do clero para interpretação da Bíblia
- Reafirmação de indulgência por meio de boas práticas de caridade
- Salvação humana por meio da fé e das boas obras
- A Bíblia é a fonte da fé
- A missa é o encontro com Cristo
- Manutenção do celibato sacerdotal
- Criação de seminários para formação aprofundada de padres e demais clérigos
➢ Criação de uma lista de livros proibidos: o Index librorum prohibitorum.
➢ Reativação e reformulação do Tribunal da Santa Inquisição

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A Contrarreforma foi eficiente e revigorou a Igreja, que foi obrigada a atuar profundamente
na reconversão de católicos e na conquista de outros. Aquele número de 40% de europeus
convertidos ao protestantismo caiu para 20%. Na França não passaram de 500 mil.

Ademais, a atuação da Igreja Católica não se limitou apenas à Europa. Como veremos,
nessa época houve a dominação da América Latina. E nesse local do Mundo, a Igreja Católica
atuou fortemente, especialmente por meio da Companhia de Jesus no processo de catequese
dos povos ameríndios.

A Inquisição e a tortura
Na aula sobre Idade Média, falamos sobre a criação do Tribunal da Santa Inquisição. Apenas para
relembrarmos, o Tribunal foi criado em 1231 pelo Papa Gregório IX para perseguir as pessoas
consideradas heréticas, ou que praticassem rituais diferentes daqueles legitimados pela Igreja
Católica. Era um contexto de afirmação dos dogmas católicos. Com o passar do tempo, e a
consolidação da Igreja, o Tribunal ficou inoperante.
Contudo, no contexto de transição da Época Medieval para a Moderna, houve a reativação das
acusações e processos baseados em acusações contra heresias. Primeiro foram os humanistas e
renascentistas, como demos o exemplo de Giordano Bruno. Depois do século XVI, a partir do
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Concilio de Trento, o Tribunal ganhou maior importância.


O controle sobre as ações da Inquisição se descentralizou e passou a ficar vinculado ao poder
político local. Por isso, muitos reis e demais nobres usaram o poder do Tribunal da Inquisição no
processo de centralização política e disputas de poder para perseguir desafetos nobres ou mesmo
lideranças de revoltas camponesas. A estudiosa sobre Inquisição Anita W. Novinsky demonstra
isso no seu livro “Viver nos tempos da Inquisição”. Veja um trechinho:
“A confissão foi utilizada pela inquisição portuguesa e espanhola, durante períodos de crise, para
fins políticos, como, por exemplo, quando os inquisidores apoiavam os Habsburgos e se utilizavam
dos réus para extorquir segredos sobre Antônio, prior de Crato, durante a Guerra da Catalunha e
na guerra de sucessão da Espanha.”8
Além disso, a Inquisição foi utilizada para perseguir judeus. Esse fenômeno ocorreu de maneira
acentuada na Espanha e em Portugal. Em 1492, os reis de Aragão e Castela usaram a inquisição
para expulsar da Península os judeus não convertidos ao cristianismo. Novinsky afirma que, em
Portugal, o maior objetivo da Inquisição, por quase 3 século foi combater o judaísmo. Essa
perseguição se estendeu às colônias ibéricas, como é o caso do Brasil.
A tortura foi amplamente utilizada pela Inquisição como forma de obter informações, uma vez que
a confissão era a prova mais aceita no Tribunal. Assim, o sistema inquisitório era formado por 3
ideias centrais:

8
NOVINSKY, Ana W. Viver nos tempos da Inquisição. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2018, p. 95.
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- A busca pela verdade real


- O sistema de provas legais
- A tortura como método de averiguação.
Por fim, todas as informações levantadas e acontecimentos ocorridos durante o procedimento
investigatória deveria permanecer em máximo sigilo. Os inquisidores exigiam dos réus, e demais
testemunhas oculares, o SEGREDO. Um processo que ocorre em segredo, sob tortura, sem direito
a defesa, mas apenas com o dever da confissão, pode ser interpretado, às lentes do direito
romano clássico, como um julgamento de exceção – violento e autoritário, sem respeitar qualquer
direito e sem garantir nenhuma dignidade.

Aprenda se divertindo
O mercador de Veneza (EUA, 2005, Direção de Michael Radford). Uma
adaptação da peça de William Shakespeare. No filme é possível perceber
o repúdio social à prática de cobrança de usura (cobrança de juros).
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A Guerra dos 30 anos e a Paz de Westfalia9


A Guerra dos Trinta Anos (1618 – 1648) foi um conflito com motivações religiosas e
por disputas territoriais. Esta guerra envolveu diversos reinos da época: Sacro Império
Romano-Germânico; França; Espanha; Suécia; Dinamarca; Noruega.
No plano religioso, ela expressou a luta dos protestantes por liberdade religiosa,
contra as imposições dos governantes católicos e da Igreja. Só para você ter uma ideia,
o estopim do conflito, em 23 de maio de 1618, na Boêmia (hoje República Tcheca),
começou quando nobres protestantes haviam invadido o castelo da capital e jogado
pela janela os representantes do Imperador, por causa da intenção de demolir duas
igrejas luteranas, contrariando a liberdade religiosa. Este episódio ficou conhecido
como a Defenestração de Praga.

9
LEAL, Bruno. A “Paz de Vestfália”: um marco das relações internacionais. jan/2018. Café História.
Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/paz-de-vestfalia-marco-%E2%80%8E/. Data de
acesso: 25/01/2022.; Carneiro, H. (2006). Guerra dos Trinta Anos. História das guerras, 3, 163-187;
DW. 1648: Paz da Vestfália encerrava Guerra dos Trinta Anos. Disponível em: https://www.dw.com/pt-
br/1648-paz-da-vestf%C3%A1lia-encerrava-guerra-dos-trinta-anos/a-660411. Acesso em:
26/01/2022.
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A partir daí, uma série de conflitos foram sendo ampliados, envolvendo outros reinados
e instaurando um sangrento conflito de proporções internacionais. A França, governada
pelo cardeal Richelieu, pretendia expandir suas fronteiras e se tornar “a” potência na
Europa.
Porém, quem não foi assassinado morreu de fome ou de epidemias, de modo que os
próprios soberanos dos diversos reinados reconheceram que ninguém sairia vitorioso e
resolveram organizar o armistício em duas frentes simbólicas. Do lado germânico, por
exemplo, a população foi reduzida de 16 milhões para 8 milhões. No império constituído
por 300 territórios soberanos a unidade e identidade nacional se fragmentaram. Para
uma Europa do século XVII com uma população de cerca de 20 milhões de pessoas, a
Guerra dos Trinta anos foi proporcionalmente a guerra mais mortal do continente.
Em 1648, então, nas cidades alemãs de Münster (católica) e Osnabrück (luterna),
ocorreu a assinatura dos tratados da Paz de Westfália, colocando fim à Guerra dos
Trinta Anos. O Imperador Ferdinando 3º (do Sacro Império Romano-Germânico)
assinou a Paz da Vestfália com a Suécia e a França. O documento marcou o fim do
primeiro grande conflito europeu.
Com esta paz, houve um reconhecimento das soberanias dos Estados (em formação)
e um nivelamento do poder dos países, baseado na diplomacia internacional. Foi como
se cada governo nacional reconhecesse que os países vizinhos possuem direitos,
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fronteiras e soberania, criando-se um clima de equilíbrio internacional de poderes. Por


exemplo, caberia a cada pais definir sua religião interna. Além disso e em síntese:
suíços e holandeses tornaram-se autônomos; o poder do imperador da dinastia
Habsburg foi reduzido, em favor do dos príncipes e dos membros do Reich; o império
manteve sua constituição federalista; e católicos e protestantes passaram a ser
considerados fiéis com os mesmos direitos.
Esta paz, portanto, foi determinante para o nascimento do Estado Moderno e de uma
nova ordem internacional na relação entre governantes, substituindo-se as práticas de
diplomacia de origem medieval e ditadas pela Igreja.

4.FORMAÇÃO DOS ESTADOS MODERNOS ABSOLUTISTAS


Agora, vamos tratar sobre os aspectos políticos do Antigo Regime. Essa é uma parte
fundamental da sua aula. Preste bastante atenção!
É possível afirmar que o Estado Absolutista foi resultado de múltiplas determinações em
meio ao processo de transição política, econômica, social e mental da Idade Média para a Idade
Moderna. Um processo gradual cuja característica marcante foi a progressiva centralização do
poder político, ou a concentração do poder, nas mãos de um soberano (um rei, um monarca, um
príncipe).
Já vimos que, em linhas gerais, a organização do sistema feudal favoreceu a
descentralização do poder, de modo que reis, clero e senhores feudais - a nobreza em geral -
conviviam sem que um se sobrepusesse ao outro como verdadeiro soberano. Embora houvesse

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uma tentativa de sobreposição do poder espiritual (Igreja) sobre o temporal (dos reis e príncipes),
as disputas não levavam à formação de um soberano. Ainda vimos que, na Idade Média, o poder
político estava fragmentado. Com efeito, o Estado Absolutista da Idade Moderna irá superar as
particularidades e as fragmentações regionais do período histórico antecessor. O modelo
FEUDAL da Idade Média, baseado no papel de diversos suseranos feudais no topo de hierarquia
da relação de vassalagem, será substituído por figuras SOBERANAS.
Veja abaixo uma representação gráfica do poder político fragmentado (característica da
Idade Média) e do poder político absoluto (característica da Idade Moderna) para que a ideia fique
mais clara para você.
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Entre a metade do século XIV e até o final do XVI, vimos que muitas mudanças passaram a
ocorrer na Europa: o renascentismo; o dinamismo comercial que contribui para deteriorar as
relações de servidão; as reformas religiosas, entre outros. No que diz respeito à organização do
poder, passou a predominar um único centro de poder geral - como no diagrama acima - nos
espaços territoriais dos reinos (Reino Franco, Reino de Leão, Castela e Aragão, por exemplo). Isso
porque, além das novidades, as crises do século XIV (fome, peste, guerra), somadas à
reconfiguração das forças que disputavam e compartilhavam o poder (nobreza, reis, clero),
levaram a novas formas institucionais da administração do poder político, rumo à centralização
(absolutismo).

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Ademais, o novo ator que


entrou em cena, a
BURGUESIA, não foi capaz
de alterar as tradicionais
relações de poder que até
então existiam. Dessa
forma, em que pese a
força econômica da
burguesia comercial em
ascensão, os reis não
sumiram do mapa! Ao
contrário, as monarquias
continuaram como fonte
legítimas dos reinados.

A burguesia foi sendo aceita pelas classes já existentes, principalmente porque todo mundo
se beneficiava das riquezas geradas pelos negócios comerciais. As cortes e palácios necessitavam
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de dinheiro para manter o luxo, a pompa, a administração burocrática, os exércitos e os nobres


que viviam em torno do rei (a famosa aristocracia palaciana). Esse dinheiro provinha dos impostos
cobrados dos miseráveis e, agora, da burguesia. O clero e a nobreza não pagavam impostos.
Além disso, a fonte dos rendimentos econômicos dos nobres permanecia na posse das
terras, a dos burgueses, no comércio. Por isso, não havia um choque direto entre nobres e
burgueses, havia, sim, uma relação tensa de disputa por espaços e influência junto às cortes. Os
comerciantes, por exemplo, cobravam que os reis interviessem junto aos nobres para que não
cobrassem altos impostos nas estradas localizadas nos territórios desses nobres.
Já parte considerável da nobreza, em razão dos reveses que sofreu no século XIV, estava
enfraquecida.

Ai Alê, quais reveses profe?

Refresco sua memória, Bixo:


➢ gastos com guerras (a dos “Cem Anos”);
➢ perde de terras fruto dessas guerras;
➢ dívidas contraídas com banqueiros e comerciantes;
➢ fome em suas terras;
➢ peste negra;
➢ crises climáticas que destruíram plantações;
➢ revoltas camponesas; etc.

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Algumas famílias de nobres superaram as adversidades e conseguiram manter tradições e


o fortalecimento de suas respectivas coroas (reinados). Assim, a parte falida da nobreza, para não
perder privilégios, passou a pedir auxílio e proteção aos nobres mais fortes.
Os nobres falidos passaram a ter dificuldades, principalmente, para lidar com os
camponeses revoltosos que passaram a questionar a condição de miséria em que viviam e, com
isso, a ideia de desigualdade naturalizada. Lembra que a ideia católica de estratificação social já
não fazia muito mais sentido e que os protestantes iniciaram a difusão de uma visão na qual os
indivíduos poderiam agir para mudar? Pois é, como enfrentar todas essas adversidades? Parte da
nobreza feudal precisou entregar sua autonomia a monarcas e, com isso, abrir mão da parcela do
poder que detinha.
Nesse contexto mais geral da Europa e, em síntese, ocorreu que:
➢ com parte da nobreza em crise financeira, sem terras e empobrecida, fortemente
dependente da proteção militar dos reis, príncipes, monarcas em geral;
➢ com o clero católico desmoralizado e sofrendo oposições de todos os lados, ou seja, sem
forças para continuar a reivindicar com exclusividade a teoria do poder divino;
➢ com a dependência da burguesia da proteção oferecida pelos reis para que o comércio
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prosperasse;
➢ com a nova mentalidade favorável a mudanças na estrutura social;

A quem, queridos e queridas alunas, em meio a um “vácuo” de poder, coube assumir as


rédeas da situação, reorganizar impostos, exércitos, territórios e comandar os rumos da história
naquele momento? Chan, chan, chan, chan.... Isso mesmo, aos reis e príncipes!
Todas os vetores, ou variáveis, da história estavam direcionando o poder para as coroas.
Em outras palavras, o momento histórico da Idade Moderna exigia respostas centralizadas e
coercitivas. Dessa forma, os reis acabaram assumindo um papel de mediadores das forças sociais
daquele período, uma espécie de equilibristas dos interesses do clero, da nobreza e da burguesia.

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Repare no esqueminha!
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Apesar de, para os estudos para o vestibular, alguns historiadores apresentarem essa ideia
de “equilíbrio” vista logo acima, Perry Anderson discorda dessa elaboração.
Segundo esse historiador,

“o Estado absolutista nunca foi um árbitro entre aristocracia e a burguesia, e menos ainda um
instrumento da burguesia nascente contra a aristocracia: ele era a nova carapaça política de uma
nobreza atemorizada”10.

Nesses termos, a monarquia absolutista da época moderna teria sido uma monarquia feudal
diferente das monarquias medievais, mas a classe dominante (a nobreza), por ter predominado,
impôs uma nova forma de poder da própria nobreza. Para o historiador inglês,

os “Estados monárquicos da Renascença forma em primeiro lugar e acima de tudo instrumentos


modernizados para a manutenção do domínio da nobreza sobre as massas rurais”11.

10
ANDERSON, Perry. Linhas do Estado Absolutista. São Paulo: Editora Brasiliense. 1985, p. 18.
11
Idem, p. 20.
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A despeito dessa divergência na historiografia, a qual você deve ficar ligado, os monarcas
lançaram mão de um conjunto de instrumentos de governo para assegurar o Estado. Esses
instrumentos passaram a caracterizar os Estados Absolutistas, são eles:

Sobre o corpo de leis, quero destacar que as novas práticas de troca de mercadorias
exigiam uma nova base jurídica. Até então, predominava o direito canônico, o qual condenava as
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práticas comerciais. Além disso, a sociedade medieval estava baseada no direito consuetudinário,
próprio para o sistema feudal. Dessa maneira, os monarcas, a fim de não perderem o apoio dos
comerciantes, apoiaram-se no direito privado romano para orientar as relações jurídicas mercantis.
Sobre esse aspecto do Estado Absolutista, recorro a uma passagem esclarecedora de Perry
Anderson
“A superioridade do direito romano para a prática mercantil nas cidades residia, assim,
não somente em suas bem definidas noções de propriedade absoluta, mas nas suas
tradições de equidade, em seus critérios racionais de prova e na ênfase dada a uma
magistratura profissional – vantagens que os tribunais consuetudinários normalmente não
ofereciam. A assimilação do direito romano na Europa do Renascimento foi, assim um
indício da difusão das relações capitalistas nas cidades e no campo: economicamente, ela
correspondia aos interesses vitais da burguesia comercial e manufatureira.”12
O sistema de leis imposto pelos monarcas, baseado no direito romano, ainda favorecia a
própria centralização política do poder. Isso porque a noção de propriedade privada inscrita nos
direitos civil e público romano foi a fonte que ajudou a legitimar as propriedades – territoriais ou
de outra ordem - dos reis absolutistas e a relação dos reis com seus súditos. Assim, a mudança do
sistema de leis de consuetudinário para o romano contribui para:
➢ impulsionar relações mercantis
➢ legitimar a centralização do poder

12
Idem, p. 26.
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Entretanto, alerto você de que, neste momento, apesar de a igualdade jurídica valer para
algumas atividades daquela sociedade (comércio), ainda não existia a ideia de igualdade jurídica
entre os indivíduos. Imagina, um camponês ser equipara a um príncipe? Difícil, né, pelo menos
neste momento da história.
Concomitantemente a esse sistema de leis, foi preciso um corpo de burocratas para aplicar
as legislações e um conjunto de estruturas administrativas para administrar a justiça dos soberanos
e os tributos que sustentavam a realeza.
A fim de proteger todo o patrimônio das Monarquias Absolutistas, também era
indispensável um forte exército, diferente das cavalarias – chamadas de milícias feudais por alguns
historiadores –, que davam suporte às nobrezas locais. Por isso, a partir do século XVI os Estados
Absolutistas começaram a profissionalizar seus exércitos. Agora, havia uma particularidade na
composição dos soldados desse exército. Como os camponeses e plebeus da Europa vinham
desencadeando uma onda de revoltas, a nobreza não foi favorável a admitir camponeses para a
composição dos exércitos, pois, com armas, eles poderiam se voltar de forma mais violenta contra
toda a realeza e os ricos da Renascença. Concordam?
Com medo de armar o campesinato, de acordo com Perry Anderson, os exércitos francês,
holandês, espanhol, austríaco e inglês arregimentaram albaneses, suíços, irlandeses, turcos,
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húngaros, em suma, mercenários. Foi dessa situação que, um dos teóricos do absolutismo, J.
Bodin, escreveu:

“É praticamente impossível treinar todos os súditos de uma comunidade nas artes da guerra e ao
mesmo tempo mantê-los obedientes às leis e aos magistrados”.

(FUVEST 2001)
"É praticamente impossível treinar todos os súditos de um [Estado] nas
artes da guerra e ao mesmo tempo mantê-los obedientes às leis e aos
magistrados."
(Jean Bodin, teórico do absolutismo, em 1578).
Essa afirmação revela que a razão principal de as monarquias europeias recorrerem ao
recrutamento de mercenários estrangeiros, em grande escala, devia-se à necessidade de:
a) conseguir mais soldados provenientes da burguesia, a classe que apoiava o rei.
b) completar as fileiras dos exércitos com soldados profissionais mais eficientes.
c) desarmar a nobreza e impedir que esta liderasse as demais classes contra o rei.
d) manter desarmados camponeses e trabalhadores urbanos e evitar revoltas.
e) desarmar a burguesia e controlar a luta de classes entre esta e a nobreza.
Comentário

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O comentário dessa questão demonstra o que estamos argumentando: para a formação da


sociedade estamental do Antigo Regime – que representava manter os trabalhadores do
campo e da cidade sob situação de subordinação à nobreza – era fundamental mantê-los
longe do poder político, mas também do poder militar. Duas forças fundamentais para
manutenção do status quo da sociedade.
Gabarito: D

Veja como os elementos do nosso quadrante acima, os que caracterizaram a formação dos
Estados Absolutistas, faziam sentido, de modo que um elemento puxava o outro. Assim é a
dinâmica histórica, queridos aluno e aluna.
Outro exemplo para você fixar bem essas relações, foi o primeiro imposto regular instituído
para todo o território da França, a taille royale. Ele foi criado para financiar as primeiras unidades
militares da monarquia francesa, em meados do século XV. A primeira unidade foi constituída de
escoceses. Já na Espanha, por volta da metade do século XVI, 80% das rendas do Estado espanhol
era direcionada para as despesas militares.
Essa militarização, sustentada por impostos e pela renda do comércio, ocorreu porque os
conflitos passaram a assumir dimensões internacionais. Principalmente em razão das incursões
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além-mar das embarcações comerciais. A Guerra dos Cem Anos, entre Inglaterra e França, teria
sido o anúncio do clima que se instauraria na Europa das Monarquias Absolutistas. Não por menos,
um dos teóricos do absolutismo, Nicolau Maquiavel, assim escreveu sobre qual deveria ser a
preocupação maior dos reis e príncipes:

“Um príncipe não deve, portanto, ter outro, pensamento ou objetivo senão a guerra,
nem adquirir perícia em outra coisa que não seja a guerra, a sua organização e disciplina;
porque a guerra é a única arte própria dos governantes”.

Está aí uma justificativa para a profissionalização dos exércitos nos Estados Absolutistas.
Além da guerra e do comércio, os Estados Absolutistas também começaram a desenvolver
intensas relações diplomáticas. Os representantes dos reis em outros territórios também era uma
atividade assumida pela nobreza (lembra-se do quadro Os Embaixadores?). Dentre as atividades
da diplomacia, encontrava-se a promoção dos casamentos entre cortes. De acordo com Perry
Anderson, como o Estado era concebido como um patrimônio do monarca, os títulos que ele e
sua família adquiriam se dava por meio da união de pessoas.
O supremo estratagema da diplomacia era, assim, o casamento – espelho pacífico da guerra, que
tantas vezes a provocou13.

13
Idem, p. 38.
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Sobre os sistemas tributários dos Estados Absolutistas, além de eles financiarem o aparato
militar, eles também sustentavam a os cargos e privilégios que a nobreza mantinha junto as cortes.
A burocracia absolutista assumiu um caráter “parasitário”, pois, além dos privilégios, passou a
comercializar os próprios cargos a fim de auferir mais renda.
O curioso é que a venda de cargos, por si só, representava uma prática diferente de
rendimentos da nobreza, pois, diferentemente do direito consuetudinário de heranças, os cargos
comercializados não dependiam puramente das relações tradicionais. Com isso, a própria nobreza
dava um passo para fora do continuísmo dos laços medievais. São as contradições de um tempo
histórico.
Já para a burguesia comercial, apesar de pagarem altos impostos, algumas medidas
protecionistas foram feitas a favor das atividades comerciais as quais estavam envolvidos. A
França, por exemplo, aboliu inúmeras barreiras internas ao comércio e impôs tarifas externas
contra os concorrentes estrangeiros.
Porém, a centralização política e administrativa do poder ocorreu de forma diferente nas
localidades da Europa (França, Inglaterra, Itália, Espanha, Portugal, entre outros reinos). Isso
porque a relação entre as instituições já existentes e predominantes nos séculos XIII e XIV (o
Parlamento inglês, as Cortes Ibéricas e as Assembleias Gerais francesas) com os monarcas foi
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marcada por particularidades regionais. Veremos esses processos logo mais.


Claro que, como vimos acima na parte da aula sobre a Renascença, a força das ideias, seja
dos pensadores seja da mentalidade coletiva em plena transformação (principalmente a
mentalidade religiosa), também foi determinante para sustentar e justificar a gradual concentração
do poder nas mãos dos monarcas.
Por isso, é muito importante entendermos o pensamento dos teóricos do Estado Moderno
Absolutista. Nomes de peso do pensamento político-filosófico que se destacaram no início da
Idade Moderna e até hoje são referência para as Ciências Humanas. Sem contar que as provas
cobram esses autores nas questões. Alguns deles são:
• Nicolau Maquiavel (1469-1527)
• Jean Bodin (1530-1596)
• Thomas Hobbes (1588-1679)
• Jacques Bossuet (1627-1704)

Vamos ver, então, os pensadores e os processos que levaram à centralização do poder nas
Monarquias Absolutistas europeias. Primeiro os pensadores, pois eles ajudaram a legitimar o
Estado Absolutista.

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4.1 – O PENSAMENTO POLÍTICO FAVORÁVEL ÀS MONARQUIAS MODERNAS

 Nicolau Maquiavel, conhecido por sua obra O Príncipe,


delimita a separação de política e moral. Isso porque, para
Maquiavel, o governante não poderia ter dúvidas morais ao
tomar decisões políticas. A proposta do autor italiano era que
um rei, um príncipe, um monarca, enfim, o governante, fizesse
o governo funcionar, a qualquer custo. Por isso, desenvolve a
máxima: “os fins justificam os meios”. Principalmente porque, o mundo dos homens,
por ser permeado por guerras, conflitos, corrupção, dissimulações, não permitiria
espaços para um governante benevolente, puro no sentido de entra em conflito
moral para governar.
Nesses termos, Maquiavel se chocou com a doutrina cristã, que exigia um comportamento
corretivo e temente a Deus dos fiéis. Por conta de seu pensamento, O Príncipe foi colocado no
Index – lista de livros proibidos, segundo a Contrarreforma Católica, lembra?
Na prática, com suas obras – além de O Príncipe, também escreveu Mandrágora e Discurso
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sobre a Década de Tito Lívio – Maquiavel defendeu a unificação da Itália sob os mandos de um
governante.
 Jean Bodin foi o teórico do absolutismo que mais difundiu, no
século XVI, a concepção soberana do poder real, acima de qualquer
outro poder. Em uma França marcada por conflitos entre católicos e
protestantes, ele escreveu Os seis livros da República (1576). Segundo
o historiador Richard Bonney, a teoria de Bodin sustentava que, para um
monarca absolutista, o poder significava que ele era suficientemente
poderoso a ponto de agir livremente sem nenhum tipo de obrigação
institucional14. Nesse sentido, ele desenvolve a teoria da soberania
segundo a qual o poder político teria fundamento na capacidade soberana de o
governante criar novas leis e de impor obediência a elas. Nas palavras de Bodin,

“a lei não é senão o mando do soberano no exercício do seu poder”. As limitações do poder
soberano seriam a lei divina e a lei natural.”

A reflexão de Bodin, tal como Maquiavel em relação à Itália, seria uma solução para os
conflitos nos territórios franceses a ponto de o poder absoluto se sobrepor às diferenças políticas

14
BONNEY, Richard. O Absolutismo. Portugal: Publicações Eropa-America. 1989, p. 27.
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e religiosas. Por defender a teoria do poder monárquico apoiado na razão, e não na religião, bem
como por defender a tolerância religiosa, o livro de Bodin também foi posto no Index.

 Já Thomas Hobbes, justificou a concentração do poder por


ser o Estado produto de um contrato entre os homens, que
não poderia ser rompido entre os governantes e governados.
Em Leviatã (1651), Hobbes argumenta que os homens teriam cedido
direitos (como a autonomia), por meio de um contrato, ao Estado. Como
os homens viviam em guerra permanente no estado de natureza, sem
sujeições a leis, o poder era disputado de forma irracional. A organização
da sociedade civil por meio do contrato permitiria racionalizar a vida dos homens, pois viabilizaria
a preservação da propriedade privada e da paz social. Porém, seria preciso a renúncia de direitos
naturais em prol do soberano.
Por fim, Jacques Bossuet, pensador francês, foi um dos defensores mais
fervorosos do direito divino dos reis, concepção segundo a qual os reis podiam
reinar por vontade de Deus, e não por decisão dos súditos ou das assembleias.
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Boussuet, que foi tutor de Luis XV, também escreveu Memórias para a
Educação do Delfim.
Dentro dessa ideia, Bossuet também defendeu que o rei deveria ser o
chefe da Igreja francesa. Para ele, o papa só teria autoridade para assuntos
espirituais. Em Política segundo a Sagrada Escritura (1709), assim sistematiza:

Proposição única: há quatro aspectos ou qualidades essenciais à autoridade


real: primeiro, a autoridade real é sagrada; segundo, ela é paternal; terceiro,
ela é absoluta; quatro, ela é sujeita à razão15.

No geral, reunindo saberes desses pensadores, podemos definir absolutismo como:


“forma de Governo em que o detentor do poder exerce este último sem
dependência ou controle de outros poderes, superiores ou inferiores.
Inteiramente diferente seria defini-lo como "sistema político em que a
autoridade soberana não tem limites constitucionais", ou apenas "sistema
político que se concretiza juridicamente através de uma forma de Estado em que toda
a autoridade (poder legislativo e executivo) existe, sem limites nem controles, nas mãos
de uma única pessoa"16.

15
BOSSUET, Jacques. Política segundo a Sagrada Escritura. In: LE BRUN, Jacques.
16
BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Ed. UnB. 1998, p. 2.
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Arqueologia do pensamento político moderno: um pensador muito além de seu


tempo
Considerando que o Renascimento foi um movimento ocorrido na passagem da
Idade Média para a Moderna, as ideias de Dante Alighieri (1265-1321), embora um
pensador do período final da Idade Média, contribuíram para o movimento
humanista. Nesse sentido, como protagonista do humanismo, esse autor anunciou
e sintetizou duas críticas que se expandiram com os pensadores do período da
Renascença que o sucederam, quais sejam:
# A crítica aos desvirtuamentos na Igreja Católica, muito em voga durante as Reformas (já vistas
nesta aula);
# A crítica à desorganização do poder político na Itália, anunciado o que seriam os fundamentos
do Estado Monárquico Absolutista.
Dante Alighieri, apesar de mais conhecido pela literatura, com A Divina Comédia (obra de
influência no movimento humanista), também foi um autor político, no sentido de pensar e teorizar
sobre a política e de se engajar nela. Segundo o professor Arno Dal Ri Júnior, da Universidade
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Federal de Santa Catarina, se coube a Maquiavel retirar o estatuto religioso da política, coube a
Dante Alighieri fazer o mesmo com o Estado, porém, antes do autor de O Príncipe17.
Dante Alighieri, analisou o Estado em três textos: Convívio (1306); textos reunidos em Espistolae
(1308-1312); e, Monarquia (1313). Esta última obra representa a contribuição desse autor italiano
para o pensamento político moderno. Nela, Dante desenvolve uma crítica às intervenções do
poder da Igreja na política e, conforme o professor Dal Ri Júnior, teria sido a primeira “exaltação
do que mais tarde viria a se tornar o Estado secularizado”, pois Dante via na instituição de um
Estado monárquico mundial (ou pelo menos na península itálica) a salvação para a humanidade.
Com isso, em Monarquia, Dante argumenta a favor da soberania universal de um imperador para
solucionar as constantes crises que acometiam o território italiano entre os séculos XIII e XIV.
Somente essa autoridade suprema poderia trazer a paz os homens.
Os italianos viviam sob um profundo conflito divisionista entre apoiadores do Império do Vaticano
e apoiadores do Sacro Império Romano-Germânico, cuja influência dominava o norte da península
itálica.
Nos reinados italianos, assim como vimos nas passagens sobre as Reformas, o poder espiritual da
Igreja era muito criticado por dois motivos: a degeneração das instituições eclesiásticas e a
ausência da verdadeira missão espiritual, devido a contaminação do “dinheiro”; e, a corrupção

17
DAL RI JR, Arno. Direito e política na Monarquia de Dante Alighieri. Introdução. ALIGHIERI, Dante.
Monarquia. São Paulo: Ed. Lafonte. 2012.
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dos clérigos que atuavam na vida pública. Lembro de que as indulgências também foram
duramente criticadas por Dante em A Divina Comédia.
Com efeito, a teoria dantesca sobre o Estado, ao mesmo tempo que propunha um poder de um
soberano, afirmava a necessidade de limitação do poder da Igreja e do próprio soberano. Isso
porque, para Dante, essas limitações evitariam abusos sobre a sociedade civil. Essa ideia do poeta
florentino é muito próxima de Thomas Morus.
Diante da busca pela proteção da sociedade civil, algo que Dante advogava a seu favor, pois fora
perseguido pela Igreja e por governantes, o bem comum só poderia ser atingido por uma
monarquia racional, capaz de distinguir razão e fé. Nesse sentido, na obra Monarquia, três
elementos marcam a defesa da soberania do povo:
1-a consolidação do princípio da propriedade privada e a sua utilização como limite ao poder
espiritual e do que Dante imaginava como monarquia absolutista;
2-o resgate das instituições públicas e privadas do direito romano;
3-a existência de direitos naturais que resguardam a liberdade e a dignidade humanas.
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(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Esses sistemas de ideias constituem uma racionalização do desejo de
unidade, cujos modelos são o indivíduo e o núcleo familiar. A deposição
das liberdades nas mãos de um aparelho central, cria um foco único, onde
a coerção é necessária. A natureza do desejo, então, é agressiva. Por isso, o modelo de
Estado que se coloca no “espírito” das pessoas adquire naturalmente uma forma autoritária
e coercitiva. O fervor beato e condenado à impotência que se dirige à abstrações tais como
papa Angélico ou o retorno do imperador mítico, adquire uma força concreta quando tem
por objeto a pessoa do monarca, ou de um chefe de partido. O desejo unitário cria o culto
à personalidade política, que pode assumir forma sagrada ou o respeito devido ao medo de
uma “espada pura”.
DUBOIS, C. O imaginário da Renascença. Brasília: Ed. UNB, 1995.
O texto trata sobre sistemas de ideias políticas que promovem um tipo de Estado
a) Liberal, com garantias de direitos de cidadania, como os Estados Unidos no século XVIII.
b) Autocrático, como as Modernas Monarquias absolutistas e os regimes totalitários do
século XX.
c) Absolutista, como as repúblicas italianas renascentistas.
d) Totalitários, durante as monarquias absolutistas e dos regimes nazifascistas
contemporâneos.
e) Socialista, com partido único e repressão como forma exclusiva de dominação.
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Comentários
É uma questão conceitual. Na verdade, trabalha com a esquematização de pensamento e
sistema político autocrático. Assim, existem, ao longo da história, várias experiências
históricas e formatos específicos que seguiram as características descritas no texto. O texto
descreve um sistema de Estado unitário, centralizador, coercitivo e baseado em uma
dominação que pode ser carismática, na medida em que o Estado e as lideranças atendem
a um desejo de unidade. Tendo isso em mente, vamos analisar cada alternativa:
Errado. O Estado liberal não é autocrático e nem centralizador. Seu modelo é essencialmente
descentralizador, como nos federalismos.
Gabarito, conforme comentário acima.
Errado. No renascimento eram monarquias e não repúblicas.
Correto. Os dois regimes trazidos pela questão se encaixam na descrição. Agora cuidado, o
nazismo tem outras características que o torna diferente do absolutismo.
Errado. A teoria socialista prevê um Estado governado democraticamente pela maioria. Não
trate a experiência soviética ou chinesa como sinônimos de socialismo.
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Gabarito: B
(UFG)
(...) O príncipe que baseia seu poder inteiramente na sorte se arruina quando esta muda.
Acredito também que é feliz quem age de acordo com as necessidades do seu tempo, e da
mesma forma é infeliz quem age opondo-se ao que o seu tempo exige.
Maquiavel. "O Príncipe". Brasília: Ed. UnB, 1976. p.90.
A formação dos Estados modernos na Europa Ocidental foi fruto de um complexo processo
de alianças entre setores da nobreza e da nascente burguesia. O rei encarnava essa tensa
aliança que expressava as lutas políticas próprias ao período de formação do capitalismo.
Acerca do processo de formação dos Estados modernos, é possível afirmar que
( ) os princípios disseminados na obra de Nicolau Maquiavel, "O Príncipe", são condizentes
com a moralidade política medieval, que defendia a origem divina do poder real; portanto,
ao príncipe caberia aceitar os desígnios divinos e governar para o bem da coletividade.
( ) Maquiavel elabora uma reflexão realista sobre o poder e o homem; portanto, aconselha
o príncipe a governar em nome de uma razão destinada, primordialmente, ao fortalecimento
do poder do soberano.
( ) a imagem do rei estava associada, desde a formação dos Estados feudais, a princípios
religiosos. Os rituais de coroação, mediados pela Igreja Católica, sacralizavam o poder real.

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( ) o tumultuado processo revolucionário francês disseminou um medo profundo nos


Estados monárquicos, que, posteriormente, formaram a Santa Aliança, para combater o
avanço dos movimentos revolucionários.
Comentário
A primeira assertiva esta erra porque a teoria política de Maquiavel, por separar moral e
política, chocava-se com a moralidade medieval religiosa. Para Maquiavel, um governante
não deveria se guiar pelos enunciados morais religiosos, do contrário estaria fadado ao
fracasso. Isso porque, em política, o governante tem que tomar posições que, muitas vezes,
contrariam a própria moral, como no caso de conter uma rebelião com força (portanto contra
seus irmãos) em seu próprio território.
As demais assertivas estão corretas.
Gabarito: F V V V

4.2 – FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS EUROPEIAS, 3 CASOS

4.2.1 - A formação do Estado Absolutista na França


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“(...) a história da construção do absolutismo francês seria a de um processo “convulsivo” em


direção ao Estado monárquico centralizado, repetidamente interrompido por recaídas na
desintegração e na anarquia provinciais, às quais se seguiam uma reação intensificada no sentido
da concentração do poder real, até que, finalmente conseguiu-se chegar a uma estrutura
extremamente sólida e estável”18
Em meio a fragmentação do poder político na França, por volta do século XII, o Rei Felipe
II, pertencente à dinastia capetíngia, iniciou o processo de centralização política francês. Dentre
as razões históricas que o incentivaram, encontrava-se a disputa territorial com os ingleses no
norte da França.
Para repelir os inimigos estrangeiros, Felipe II precisou organizar um forte exército francês,
superior às forças militares de cada senhor feudal francês.
Nesse momento, a formação do exército e a vitória sobre a Inglaterra impulsionaram as
intenções centralizadora de Felipe II. Podemos afirmar que, daqui em diante, os elementos mais
gerais que vimos sobre a formação dos Estados Absolutistas passaram a predominar no processo
de formação da Monarquia Absolutista francesa. Por isso, é comum os livros de história afirmarem
que o centralismo monárquico se desenvolveu de forma mais marcante na França.

18
ANDERSON, Perry. Idem, p. 85.
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Felipe II criou o embrião do corpo de burocratas e, a fim de articular um apoio da burguesia


comercial (também embrionária), garantiu a liberdade de impostos feudais a algumas cidades por
meio da carta de franquia. Em troca, o monarca recebia certa renda do comércio.
Seguiram-se outros reis que, cada qual a sua maneira, contribuiu com os elementos
determinantes para a formação do absolutismo na França. Vejamos dois deles:
A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) marcou a formação das Monarquias francesa e inglesa.
Além da necessidade de formação de exércitos para os confrontos, a constituição de impostos
para custear a guerra estimulou o desenvolvimento da estrutura administrativa do Estado. Nesses
termos, na França, foram criados impostos que recaíram sobre os camponeses (a Talha) e outros,
sobre a burguesia. De acordo com o historiador Perry Anderson, essa guerra foi determinante
para um novo modelo fiscal na França, superior ao construído no período medieval.
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Nesta imagem, do livro Memórias de Philipp de Commynes, o rei Luís XI, que governou a França
de 1461 a 1483, está no alto, de manto azul. Ele comanda uma reunião dos Estados Gerais,
formado por representantes do clero, da nobreza e representantes de cidades (ou seja,
burgueses).

Além disso, com a crescente centralização do poder, os reis franceses se depararam com o
desafio de administrar um território de vasta extensão. Assim, se a Guerra dos Cem Anos viabilizou
a criação de um exército e impostos permanentes, pouco contribuiu para aprimorar a
administração do território francês. Esse aprimoramento foi realizado em meio ao contexto das
guerras religiosas, portanto, interna ao território francês. Isso porque, os conflitos da reforma
protestante na França envolveram, praticamente, toda a população: burguesia, nobreza,
camponeses, clero, reis. Lembro de que, em linhas gerais, a disputa religiosa na França foi entre
a burguesia calvinista (huguenotes) e a nobreza católica.
Diante de tantas disputas internas, uma forma de suprimir as contendas e controlar o
território foi aprimorar a estrutura burocrática do Estado. Isso foi feito com o rei Francisco (1515-
1547) e o rei Carlos IX (1560-1574), por exemplo.
Cabe lembrar que, em função da guerra religiosa, houve uma crise de sucessão no trono
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francês. O rei Henrique III (reinado de 1573 a 1575) foi assassinado por um católico fanático.
Nesse contexto, faltava, então, um elemento importante para liberar o caminho rumo à
consolidação da Monarquia Absolutista francesa, qual seja, a pacificação do território. Isso ocorreu
com o rei Henrique IV, o qual, após se converter ao catolicismo e decretou o Edito de Nantes
(1598). Por meio dessa ação, o rei viabilizou a liberdade de culto aos protestantes. Com isso, o rei
também conquistou a simpatia da burguesia comercial calvinista. Henrique IV também criou o
cargo de intendente, formado por funcionário subordinados apenas ao rei e que possuíam
autoridade para intervir nas províncias.
A distribuição de cargos na administração do Estado francês, que já perdurara por mais de
um século, atingiu ponto máximo e se estabilizou em 1604, com a inovação do instituto chamado
paulette. A paulette era o pagamento de uma percentagem anual em cima do valor da compra
do cargo para que ele – o cargo – passasse a ser hereditário. Tratou-se de uma inovação, pois,
com a medida, a burocracia passou a se retroalimentar e se descolar da nobreza. Esse elemento
foi importante para construir, ao longo dos anos, a autonomia do que virá a ser o Estado soberano
francês em relação à nobreza.
Henrique IV também estabeleceu, pela primeira vez, o poder a presença reais em Paris,
formando, assim, a capital permanente do reino francês.
Seguiu-se o rei Luis XIII, que era menor de idade e, por isso, os poderes reais foram
delegados ao bispo regente Richelieu. Este promoveu uma série de reformas administrativas e foi
responsável por envolver a França na Guerra dos 30 Anos (1618-1648) contra a dinastia Habsburgo
(do Sacro Império Romano-Germâncio) e a Espanha.

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Por sua vez, Luís XIV, que governou de 1643 a 1715, e ficou conhecido pela frase “O
Estado sou eu”, consumou o apogeu do Estado Absolutista na França. Ele herdou um
Estado com um exército consolidado, com uma administração burocrática definida,
com finanças regulares e sem grandes conflitos internos. Ou seja, o poder monárquico
estava, praticamente, racionalizado e ampliado.

Contudo, como veremos em aulas futuras, os vultuosos gastos da monarquia inaugurada


por Luís XIV, sucedida por Luís XV (reinou de 1715 a 1774) e por Luís XVI (reinou de 1774 a 1792),
contribuiriam para a crise financeira do Estado francês e para novos desdobramentos em meio ao
contexto da efervescência do iluminismo.
Retrato de Luís XIV, de 1702, em exposição no Museu do Louvre (Paris)
Pintado por Hyacinthe Rigault (1659-1743)
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4.2.2 - O Estado Absolutista na Inglaterra

Assim como para a França, a Guerra dos Cem Anos contribui para fortalecer a centralização
do poder na Inglaterra. Porém, entre os ingleses, como os barões (a nobreza) detinham a primazia
dos poderes locais sobre os poderes do monarca, além de o Grande Conselho (futuro Parlamento)
ter significativo poder, foi o enfraquecimento da nobreza nesta guerra que favoreceu a figura do
monarca.

Um detalhe interessante apontado pela historiografia é que o fato de estar localizada em


uma ilha fez com que a nobreza medieval inglesa se tornasse internamente forte, pois não havia
inimigos externos que a ameaçasse. Nesse sentido, também era dispensável a formação de um
exército único e profissional para repelir o inimigo. Cada nobre comandava seu próprio batalhão.
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Porém, essa situação de insulamento dos ingleses contribuiu para disputas entre os nobres.
Com efeito, o desenvolvimento histórico das tensões políticas na Inglaterra se deu entre a nobreza
organizada no Grande Conselho (a futura Câmara dos Comuns, o Parlamento) e aquela em torno
da Coroa.

Prosseguindo, com os altos custos militares na Guerra dos Cem Anos, os nobres começaram
a ficar enfraquecidos, pois os combates eram feitos por seus guerreiros e não por um exército
único, como dito. Na prática, era dinheiro dos nobres que se perdia nos combates. Além disso,
logo após a Guerra dos Cem Anos, iniciou-se em solo inglês uma disputa interna, a Guerra das
Duas Rosas (1455-1485).

Esse conflito, que envolveu toda a nobreza inglesa, foi a disputa pelo trono entre as famílias
York e Lancaster uma vez que, após a Guerra dos Cem Anos, não mais existia uma autoridade real
vitoriosa capaz de unir a nobreza inglesa. Havia um vazio de poder após a derrota para a França.

O desfecho dessa Guerra entre as duas famílias ocorreu com a ascensão dos Tudors ao
poder, por meio da figura de Henrique VII.

Por sua vez, com Henrique VIII (reinado de 1509 a 1547) melhor se delineou a centralização
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do poder político, pois, ele decretou o Ato de Supremacia como parte da disputa com o papado.
Mais uma vez, lembro de que o protestantismo possuía muito mais afinidade com os interesses
comerciais da burguesia em ascensão do que a condenação do comércio feita pela Igreja Católica.
Por isso, a nova religião na Inglaterra agradou os burgueses a ponto de Henrique VIII conseguir
articular seu fortalecimento.

Essa força de Henrique VIII também se desenvolveu porque para se defender dos ingleses
defensores do Vaticano, convocou o Parlamento a fim de mobilizar a classe fundiária a seu favor.
Ele conseguiu legitimidade para confiscar os bens da Igreja, bem como transferiu para suas mãos
o poder religioso.

Dando sequência a uma política voltada para o comércio e, portanto, interessada em auferir
renda para a Coroa, a rainha Elizabeth (reinado de 1558 a 1603) desenvolveu medidas
mercantilistas, de característica expansionista:

➢ construiu uma frota marítima;


➢ explorou colónias na América;
➢ invadiu colônias da Espanha.
Nesse processo de fortalecimento do setor do comércio-marítimo, os Tudors fortaleceram
os mercadores ingleses, grupo nos quais os monarcas dessa dinastia se apoiaram para defender
seus interesses dinásticos que, em diversos momentos, se opunham aos da nobreza.

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No geral, é importante você entender que duas fontes de poder predominavam na


organização institucional da Inglaterra: a Coroa e o Grande Conselho. A dinâmica, ora mais tensa,
ora menos, entre o que virá a ser a Monarquia central e o Parlamento – dividido em 2 Câmaras –
foi o que ditou os rumos da formação do absolutismo inglês. Segundo o historiador Perry
Anderson,

“A existência na Inglaterra desses parlamentos medievais, a partir do século XIII,


não constituía evidentemente uma peculiaridade nacional. O que os distinguia era
mais o fato de se tratarem de instituições ao mesmo tempo “únicas” e
“conglomeradas”. Em outras palavras, havia apenas uma assembleia desse tipo,
cujos limites coincidiam com os do próprio país, e não uma para cada província; e
no seio dessa assembleia não existia a divisão tripartida de nobres, clero e
burgueses, geralmente predominante no continente”19

Por isso, a teoria absolutista dos pensadores que advogam que o rei poderia legislar de
forma suprema não encontrou viabilidade prática entre os ingleses. Havia uma limitação
que se esbarrava no Parlamento, pois esta instituição contrabalanceava qualquer
tentativa absolutista.
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A rainha Elizabeth foi sucedida por Jaime I, que governou de 1603 a 1625, dando início a
dinastia Stuart. Com os Stuarts foi dado mais um passo rumo à consolidação da monarquia inglesa,
pois em razão da origem escocesa da família, Inglaterra e Escócia foram unificadas sob o mesmo
reinado. Contudo, os Stuarts tinham tendências absolutistas e se enfrentavam o tempo todo com
o Parlamento e com os interesses quer seja da burguesia quer seja da nobreza.

No século XVII, divergências religiosas e econômicas levaram a dois conflitos:

Em 1640, a disputa física entre os cavaleiros partidários do rei, de um lado, e, do outro, dos
chamados “cabeças redondas” em defesa do Parlamento, cindiu os ingleses em dois grandes
grupos e originou a chamada Revolução de Oliver Cromwell. O Rei foi decapitado e instalou-se
uma Repúbica.

Com a morte de Cromwell as forças monárquicas se reorganizaram para restaurar a Casa


dos Stuarts. Mais uma vez, a tensão entre Rei e Parlamento, provocou um conflito conhecido
Revolução Gloriosa, em 1688. A burguesia comercial, a qual foi beneficiada pelos Atos de
Navegação de Cromwell venceu a batalha e afastou do poder os Stuarts. Com efeito, o trono real

19
Idem, pp. 113-114.
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passou a ser ocupado pelo protestante Guilherme de Orange, muito mais propenso a defender
os negócios mercantis.

É importante ressaltar que nesse processo, Guilherme de Orange foi obrigado a assinar
uma declaração que estabelecia um equilíbrio de poderes entre a Coroa e a Câmara dos Comuns.
Nesse sentido, o documento assinado foi a Declaração de Direitos (Bill of Rights) segundo a qual
o monarca não se sobreporia ao Parlamento, e nem tentaria fazê-lo.

Dessa forma, diferentemente de uma monarquia absolutista com um único foco de poder,
na Inglaterra se constituiu uma Monarquia Constitucional. Para alguns, do ponto de vista do
absolutismo, tratou-se de uma monarquia absolutista acanhada. Perry Anderson define o processo
ocorrido na ilha normanda como uma centralização concorrente entre o poder real e o poder de
representação da nobreza20 (no Parlamento).
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DOYLE (1864). Wikipedia.

Magna Carta (1215). Conceito de liberdade pela obediência do Estado à lei.

4.2.3 - A monarquia espanhola

A Espanha foi considerada a uma grande potência da Europa Moderna, por isso é
importante falarmos um pouco sobre ela, sem contar que ela impactou diretamente a colonização
na América Latina.

A formação da monarquia espanhola estava ligada às guerras de Reconquista da península


Ibérica e aos arranjos entre os nobres para a constituição do território. Nesse sentido, em 1469, o
casamento de Fernando (do reino de Aragão) com Isabel (do reino de Leão e Castela) uniu três

20
Idem, p. 113.
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reinos. Em seguida, em 1492, esse reinado reconquistou o sul da Espanha e expulsou


definitivamente os árabes da Península Ibérica.

Com a união de Fernando e Isabel, os reis católicos, a monarquia espanhola, dentre todas
do continente europeu, foi a que mais se beneficiou – do ponto de vista territorial- da instituição
do casamento. Lembre-se, o casamento tinha um papel importante na diplomacia entre os reinos.

Outro ponto importante da singularidade dessa monarquia foi que ela, com as conquistas
do Novo Mundo, acumulou uma riqueza fruto dos metais preciosos. Segundo Perry Anderson, a
pilhagem da América fez com que a Monarquia Espanhola tivesse um tesouro muito superior a
qualquer outra casa real do período da Renascença21. A consequência disso foi que,
diferentemente dos demais reinos, o absolutismo na Espanha pode dispensar (durante um tempo)
a constituição de um sistema administrativo de tributação eficiente.

Nos territórios espanhóis também ocorreu um fenómeno similar ao ocorrido na França. As


revoltas camponesas fruto da fome, da peste, enfim da miséria, fizeram com que os senhores de
terra procurassem a tutela do rei. Essa situação reforçou a centralização do poder na Espanha.
Adiciona-se que a Santa Inquisição funcionou em todo o território espanhol e cumpriu um papel
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ideológico poderoso ao impor o medo. Os reis eram católicos e abriram um vasto espaço para a
atuação da Igreja Católica espanhola, formando-se uma aliança estratégica entre governo e
religião. Aqui não houve tolerância com os protestantes.

Poderosos e com recursos para financiar seus planos expansionista, seja no continente, seja
nas Américas (com a famosa armada de navios espanhóis), os reis espanhóis não tiveram dúvidas
em promover guerras. Anexaram regiões do sul da Itália e de Portugal. Tentara investidas contra
França e Inglaterra e invadiram principados da Alemanha. Por esses motivos, considera-se que a
Espanha foi a primeira potência da Europa no século XVI.

A fim de controlar todo o território, Fernando e Isabel iniciaram uma série de medidas
autoritárias: as ordens militares regionais forma anexadas ao poder central; para alunar poderes
regionais, castelos baroniais foram demolidos; as guerras privadas (resoluções de conflito
diretamente) foram proibidas; a autonomia das cidades foi suprimida a partir da instalação das
corregedorias oficiais responsáveis por administrá-las; o Estado assumiu o controle das finanças
da Igreja, eliminando, assim, a influência do papado na Espanha. Nos dizeres de Perry Anderson,
“a máquina de Estado castelhana foi, em outras palavras, racionalizada e modernizada”22.

21
Idem, p. 59.
22
Idem, p. 64.
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Nesse contexto, entre 1556 e 1598, reinou Felipe II, que foi a expressão da centralização
absolutista. O viés autoritário do absolutismo de Felipe II apareceu com a repressão aos
protestantes luteranos, calvinistas e anglicanos. Também expulsou judeus e mulçumanos da
Espanha. Para tanto, a Inquisição foi imprescindível.

A ambição de Felipe II e a certeza de sua soberania foi tamanha que, com a armada
espanhola, tentou invadir a Inglaterra. Nesse ponto, podemos perceber o papel do casamento na
promoção de guerras e pacificações. Veja:

# Felipe II, casou-se com a inglesa Maria I Tudor e, com esse casório, tentou adquirir direitos à
coroa da Inglaterra (1554), com a morte de Maria (em 1558), o projeto de união dos dois reinos
falhou, pois não chegaram a ter um filho.
# A terceira das mulheres de Felipe II foi a francesa Isabel de Valois, filha de Henrique II da França.
Esse casamento foi parte do processo de pacificação entre França e Espanha.

Ocorreu que, na tentativa de invasão da Inglaterra, os espanhóis foram derrotados pelos


ingleses. De toda forma, a característica expansionista da Monarquia espanhola e a centralização
política-administrativa aprimorada por Felipe II demonstram a formação do absolutismo em solo
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castelhano.

Quero que você articule a seguinte associação, após vermos os exemplos da França,
Inglaterra e Espanha:

Fiz essa relação para você


perceba que o maior ou
menor espaço à burguesia
comercial em ascensão (em
geral protestante) estava
diretamente ligada à fonte
de renda que financiava o
Estado absolutista.
Aproveito para explicar que
vermos a formação da
monarquia portuguesa na
próxima aula, quando
tratarmos sobre a expansão
ultramarina de Portugal e a
colonização portuguesa na
América.

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5. SISTEMA ECONÔMICO NO ANTIGO REGIME: MERCANTILISMO


Queridos e queridas, resta-nos fechar nossa primeira parte dos estudos sobre a
Modernidade discutindo os aspectos econômicos que se formaram.
O renascimento comercial e urbano foram transformações sem volta para o feudalismo.
Contudo, no século XIV e início do século XV, uma grande crise abateu-se sobre a Europa, como
afirma Nicolau Sevcenko23. A Peste, a Guerra dos Cem Anos e as rebeliões camponesas geraram
um clima de insegurança e retração demográfica e econômica. Além disso, como falamos nessa
aula, a mentalidade católica condenava várias práticas importantes para o desenvolvimento
econômico, como a usura.
Assim, a retomada do crescimento econômico esbarrava em diversos obstáculos, como: a
escassez da moeda, a produção agrária deficitária e estagnação do comércio com o Oriente
devido ao monopólio das rotas comerciais marítimas mantido pelas cidades italianas.
Portanto, era necessário romper com este controle das cidades italianas sobre as
rotas marítimo-comerciais e chegar direto às fontes das especiarias, dos produtos de
luxo, dos tecidos, entre outros, – nas “Índias”. Portanto, a solução seria lançarem-se ao
Oceano em um grande empreendimento de expansão marítimo-comercial e, então,
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alterar o eixo comercial do Mediterrâneo para o Oceano Atlântico.


Veja o esqueminha:

estagnação
produção agrícola
escassez de moeda marítimo-
deficitária
comercial

Mudança do eixo
Solução: Expansão
comercialdo
Marítimo-
Mediterrâneo para
comercial
Oceano Atlântico

23
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Ed. Saraiva, 1994.
63
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24
Perceba que a questão

intensas explorações marítimas


Antuérpia, considerado o primeiro atlas moderno, resultado das
Terrestre") de Abraão Ortélio, publicado em 1570 em
econômica da Modernidade está
relacionada com o comércio. A

"Theatrum Orbis Terrarum" ("Teatro do Globo


atividade era mercantil. Nesse
sentido, a solução para os
problemas econômicos
europeus passava,
necessariamente, por
melhorar e aumentar as rotas
comerciais, chegar e controlar a
fonte de distribuição de
mercadoria. Evidentemente, esse
empreendimento demandava uma
grande monta de recursos e uma
coordenação arrojada para
implementá-lo, concorda? Isso
justificava a necessidade da centralização política na Monarquia e uma série de práticas
econômicas que, posteriormente, foram sistematizadas como MERCANTILISMO.
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Assim, querido e querida, Mercantilismo foi o Sistema Econômico predominante no


período da Modernidade, ou seja, foi o conjunto de ideias e de práticas (uma doutrina) que
conduziram a economia dos Estados Modernos Absolutistas. Essas práticas não foram
universalistas, ou seja, elas variaram de país para país a depender do seu contexto interno e das
oportunidades relacionadas com o domínio das rotas econômicas, especialmente, as marítimas.
Contudo, os modelos locais tinham em comum o fato de o Estado intervir fortemente na
economia, em parceria com setores mercantis.

Vejamos algumas ideias que caracterizam a intervenção do Estado na Economia:

➢ Metalismo: A prática de acumular metais preciosos dentro das fronteiras do Estado


Nacional. Isso porque a riqueza de um reino passou a ser medida pela quantidade de metais
preciosos que existia dentro de suas fronteiras. Não importava a forma da obtenção de
metais. Também pode ser chamado de bulionismo. Este é o primeiro princípio do
mercantilismo.
➢ Balança Comercial Favorável: Para acumular riqueza era necessário exportar mais que
importar, gerando superávit.

24
Ortelius, Abraham, Aegid. Coppenius Diesth, and Humphrey Llwyd. Theatrum Orbis Terrarum.
Antverpiae: Apud Aegid. Coppenium Diesth, 1570. Map. https://www.loc.gov/item/98687183/. Acessado
em 15-03-2019.
64
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➢ Protecionismo: Para fazer a balança comercial se tornar superavitária, o Estado deveria


proteger o mercado interno impedindo, ou pelo menos dificultando, a entrada
descontrolada de mercadorias dos países concorrentes. O protecionismo poderia se dar
pelo incentivo ao desenvolvimento de manufaturas e por meio da política alfandegária (taxa
de importação e exportação).

Vejamos alguns tipos de mercantilismo:

➢ Metalismo: Objetivo era obter diretamente os metais preciosos. Caso clássico da Espanha
que, por meio de suas colônias latino-americanas, conseguiu extrair quantidade enorme de
outro e prata.

➢ Industrialismo: Objetivo era o desenvolvimento da produção


manufatureira. Perceba que o nome é industrialismo, mas não se
trata (nem de longe) de algo parecido com MAQUInofatura
(fenômeno do século XVIII). Outra denominação é colbertismo,
porque foi o Ministro Francês Jean-Baptiste Colbert quem
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sistematizou as ideias do desenvolvimento da manufatura para


garantir a balança comercial favorável. Deveria produzir mais do que
comprar. Para isso era preciso reforçar o protecionismo. Assim, o
industrialismo corresponde ao modelo francês.

➢ Comercialismo: Objetivo era o fortalecimento do comércio, especialmente, o controle do


comércio marítimo. Esta foi uma política desenvolvida na Inglaterra que atuou no sentido
de controlar o transporte dos produtos que circulavam no Oceano Atlântico. Por isso,
desenvolveram uma forte marinha mercante.
Observe que Portugal não se encaixa muito bem em nenhum desses modelos. Ele tinha
colônias, mas estas não lhe garantiu extrair imediatamente e em grandíssima quantidade os metais
que precisava. Assim, ele usou as colônias como mercado consumidor das mercadorias que ele
obtinha em outras regiões. É sabido que Portugal transformou algumas regiões africanas, como
as atuais Moçambique, Cabo-Verde, Açores, Guiné-Bissau, Angola, em protetorados comerciais,
comercializando, inclusive, pessoas. Do Brasil, sua principal colônia, além de mercado consumidor,
o Brasil garantia a produção em larga escala de gêneros tropicais. Primeiro o açúcar, as especiarias
silvestres (temperos). Só depois, no século XVII veio o ouro para colocar em prática a transferência
de metais preciosos da colônia para a metrópole.

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É verdade que os vestibulares adoram os modelinhos. Você também gosta


das palavras-chaves que eu sei!! É verdade que tudo isso ajuda a gente a
sistematizar assuntos muito complexos. Por isso, modelinhos e palavrinhas
ajudam, mas não funcionam na hora das questões mais cabeludas. Seja safo,
todo esforço é POUCO!!

Para finalizar, articula comigo uma ideia: se tomarmos as concepções mercantilistas como
ponto da análise, podemos chegar à conclusão de que houve concorrência entre os países
europeus no sentido de ver quem acumulava mais metais precisos. Assim, ao longo da história
dessa época moderna, tomaremos contato com diversos momentos em que esses reinos entram
em conflito.
Portanto, como elemento fundamental desse contexto, Portugal e Espanha, que foram os
pioneiros das Grandes Navegações, como veremos, desenvolveram um dos maiores sistemas de
lucratividade da época moderna: o Colonialismo!
✓ Para ter superávit comercial foi necessário o COLONIALISMO;
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✓ Para extrair diretamente metais preciosos foi necessário o colonialismo;


✓ Para exportar gêneros tropicais também.
Os reinos europeus que dominaram territórios e os transformaram em colônias tinham um
mercado cativo e um baratíssimo fornecedor de matérias-primas e produtos tropicais (sucesso na
Europa). Vendiam tudo muito mais caro para suas colônias que, por sua vez, não podiam fazer
comércio se não com suas metrópoles. Isso gerava enorme superávit para metrópole. Portugal e
Espanha foram pioneiros nesse sistema.
No entanto, olha que coisa, ao terem muitas possibilidades econômicas com o colonialismo
na América Latina, esses reinos ibéricos não se importaram em desenvolver a manufatura. Nesse
sentido, passaram a depender exclusivamente do sucesso da colônia.
Segundo o professor Fernando Novais25, o sistema de exploração colonial foi uma peça
fundamental do Mercantilismo. Por isso, vamos nos aprofundar sobre esse tema na próxima aula.
Porque, afinal, como começou essa história de Colonialismo, você poderia me perguntar. Ela
começa com a “descoberta” do Novo Mundo ou a chegada dos europeus à América por meio do
que chamamos de Grandes Navegações – mas isso será tema da nossa próxima aula.

E aí Bixo, quem lembra como se chama essa relação entre metrópole e colônia? ... (30 segundos
depois...) Aposto que você respondeu “na lata”: pacto colonial ou exclusivo metropolitano!! Já
tatua na mente essa informação porque será assunto da nossa próxima aula!

25
NOVAIS, Fernando A. Portugal e Brasil na crise do sistema colonial (1777-1808). In: VAINFAS,
Ronaldo. Dicionário do Brasil colonial (1500-1808).
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Em outras palavras, se não dá para atribuir importância central aos vínculos econômicos do
comércio, de importação e exportação Leste e Oeste, isso se deve ao fato de que o próprio
modo de produção feudal – de modo algum superado na Europa Ocidental durante os
séculos XVI e XVII – não conseguia criar um sistema econômico unificado.
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista.
Entre as causas da dificuldade para o avanço da economia no início da Idade Moderna,
podemos citar
a) A falta de interesse da burguesia.
b) As restrições impostas pela Igreja Católica.
c) Controle das rotas comerciais europeias pelos muçulmanos.
d) Falta de apoio político das monarquias centralizadas.
e) A ausência de unidade monetária, bem como escassez de metais preciosos.
Comentários
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O Século XVI e XVII foi marcado por uma transição do sistema feudal estabelecido na Idade
Média para o sistema mercantilista surgido no início da Idade Moderna. Nesse momento, os
europeus viviam inúmeros acontecimentos, como as expansões marítimas, o surgimento do
Protestantismo, a ascensão da classe burguesa, a centralização política das monarquias
europeias e o Renascimento Cultural e Científico. Tudo isso fez surgir o modelo econômico
mercantilista, porém suas formas eram variadas e multifacetárias, causando desigualdade
econômicas entre os Estados Modernos.
Entre as dificuldades da economia mercantil durante o início da Idade Moderna, vejamos a
alternativa correta:
a) Errado. A Burguesia era a principal classe econômica interessada na expansão do
comércio, nesse período. Com o renascimento comercial e urbano, surge uma classe de
comerciantes que se consolida durante o Período Moderno. Esses eram os principais agentes
econômicos do Mercantilismo.
b) Errado. A Igreja Católica vivia um momento de enfraquecimento, visto o crescimento dos
adeptos as reformas religiosas propostas pelos Protestantes ao início do século XVI. Sua
influência se concentrava principalmente nos países ibéricos, nos reinos italianos e em boa
parte dos territórios franceses. Ela não conseguia se impor sobre as transformações
econômicas desse momento.
c) Errado. Durante os séculos mencionados acima, os europeus já haviam começado as
expansões marítimas, quebrando o monopólio comercial dos muçulmanos e de algumas
cidades italianas com o Oriente.

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d) Errado. As Monarquias europeias, em sua maioria, apoiavam o avanço da economia


capitalista mercantilista.
e) Gabarito. De um ponto de vista geral, a Idade Média foi um período de isolamento
regional da Europa com o restante do mundo. Os feudos produziam somente o suficiente
para seus habitantes. Então não existiam muitas trocas comerciais e os pagamentos de
impostos e taxas eram feitos com a própria produção. Isso fez a moeda desaparecer em
algumas regiões, por desuso. Com o renascimento comercial, essa escassez acabou por
dificultar as trocas comerciais. Não havia metais preciosos suficientes para sustentar o novo
sistema econômico agora baseada em um sistema monetário.
Gabarito: E

Bem, querida e querido aluno, chegamos ao final da aula sobre a primeira parte do Período
Moderno. Ainda teremos mais uma aula para falar sobre as transformações desse modelo
absolutista que findará na Contemporaneidade.
Como eu falei, esta não é um tema muito cobrado, mas sem entendê-lo, depois, ficará difícil
entender as causas do Iluminismo, da Revolução Americana e Francesa, por exemplo. Por isso,
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gatos, estude bem!


Faça seu controle de temporalidade!! Dá uma estudada no dicionário conceitual, coloquei
itens importantes lá.
Faça todos os exercícios. ESTUDE os comentários das questões. Cada uma delas é
comentada com o máximo apreço pelo detalhe da explicação, para fazer você aprender não
apenas a resposta certa, mas como realizar a questão. Além disso, os comentários trazem, algumas
vezes, o aprofundamento sobre o que foi dito na aula teórica. Fiz com muito cuidado e carinho.
Aproveite bem!
Faça também os exercícios desafio da segunda fase. Aventure-se!
E se pintar dúvida, me acha no Fórum de Dúvidas.
Nos vemos na próxima aula!
Um beijo, um abraço apertado e um suspiro dobrado, de amor sem fim!
Alê @profe. ale.lopes

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6. DICIONÁRIO CONCEITUAL
Conservadorismo
O conservadorismo se confunde com imobilismo, pois ele é a negação, mais ou menos
acentuada, do aperfeiçoamento e desenvolvimento autônomo da civilização humana e do
indivíduo. Por isso, para os conservadores é melhor que as circunstâncias não mudem. Com efeito,
o termo conservadorismo só faz sentido, do ponto de vista histórico, se for analisado com seu
oposto, o progressismo. Ambos os termos são inseparáveis no processo de formação do
pensamento político europeu. Nesse sentido, o progressismo foi associado à ideia de
autorrealização do homem por meio da ação política individual como instrumento de libertação
das amarras do passado.
Veja portanto, que o conservadorismo se opõe à visão antropológica. Por isso, em muitas
análises, o conservadorismo é associado ao pensamento religioso medieval e, posteriormente, à
permanência das monarquias absolutistas contra as ideias (progressistas) do iluminismo. Também
é comum associar o conservadorismo ao mundo estático, ausência de mudanças.
Em relação ao poder político, os conservadores têm uma contribuição importante para a
organização do Estado. Isso porque, ao conceberem que os homens possuem limites inerentes à
sua natureza, o poder seria necessário para coagir aqueles que tentassem ultrapassar esses limites
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(considerados desvios, pontos fora da curva). Embora expresse um viés autoritário com esse tipo
de pensamento, o conservadorismo também contribuiu para limitar poderes tirânicos.
Ao lembramos da monarquia na Inglaterra, podemos associar que a nobreza conservadora
desse país, ao longo da história, lutou para impor limites ao poder dos reis. Dessa forma, para os
conservadores é importante sempre controlar o poder político, seja para que ele não se
transforme e inove, seja para que ele não cometa abusos. Daí, mais uma vez, a ideia de imobilismo
e estatismo do conceito de conservadorismo.
Parlamento
Quando se fala de Parlamento e de parlamentarismo, se faz normalmente referência a
fenômenos políticos cujo desenvolvimento histórico pertence a um período mais moderno.
Contudo, segundo o Dicionário de Política, organizado pelo filósofo político Norberto Bobbio,
em quase todos os países europeus houve, mesmo nos séculos iniciais depois de Cristo,
instituições políticas genericamente denominadas "Parlamentos", embora por vezes fossem
também chamadas de "Estados Gerais", "Cortes", "Estamentos", etc. Aliás, já vimos isso quando
estudamos Roma.
Já no período medieval, também existiam os “Parlamentos”. Na Inglaterra, por exemplo,
o Conselho Geral perdurou durante muito tempo até se transformar na Câmara dos Comuns. Mas,
que fique claro: o exame das características estruturais e das modalidades de desenvolvimento
das funções específicas revela uma grande distância entre os Parlamentos "medievais" e os
Parlamentos modernos. Assim como os Reis medievais eram diferentes dos Reis modernos, os
espaços de deliberação da nobreza medieval (os parlamentos) também foram modificados com a
chegada da Idade Moderna.

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Agora, veja a relação entre Conservadorismo e Parlamentos medievais: os


Parlamentos medievais exerciam, fundamentalmente, a função de elaboração das normas como
ação de conservação dos costumes seculares, de consolidação do direito consuetudinário, e de
defesa dos privilégios em vigor, principalmente, da nobreza. Nos Parlamentos modernos, ao
contrário, esta função assume um caráter nitidamente "inovador", visa à produção de novas leis26.
Saiba, também, que, na transição da Idade Média para a Idade Moderna, só o
Parlamento inglês sai vitorioso do confronto com o poder régio. A partir da Revolução Gloriosa
(1688), torna-se bem claro o curso ascendente do Parlamento britânico. O Parlamento francês,
por exemplo, só passa a adquirir relevância história no final do século XVIII, com a Revolução
Francesa.
Por fim, a despeito das diferenças de forma e conteúdo que os Parlamentos
assumiram ao longo da história, é possível uma definição elástica e ampla, conforme o Dicionário
de Política de Norberto Bobbio,
uma assembléia ou um sistema de assembleias baseadas num "princípio representativo", que é
diversamente especificado, mas determina os critérios da sua composição. Estas assembléias gozam
de atribuições funcionais variadas, mas todas elas se caracterizam por um denominador comum: a
participação direta ou indireta, muito ou pouco relevante, na elaboração e execução das opções
políticas, a fim de que elas correspondam à "vontade popular". Convém precisar que, ao dizermos
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"assembléia", queremos indicar uma estrutura colegial organizada, baseada não num princípio
hierárquico, mas, geralmente, num princípio igualitário27.

Privilégio
O conceito de privilégio na sociedade contemporânea é equiparado, na linguagem usual,
às vantagens exclusivas que as classes altas têm: maior riqueza e poder político. Assim, a elite
seria privilegiada. Mas, originalmente, os privilegiados da sociedade feudal e do Antigo Regime
eram um corpo social definido por deterem, de fato, privilégios concedidos pelas autoridades.
Nesse sentido, privilégio seria a vantagem exclusiva ou especial de que goza alguém mediante
concessão de uma autoridade superior (um rei) ou de uma circunstância específica (Estados
absolutistas).
Sistema Internacional
De acordo com Raymond Aron, mencionado pelo professor e historiador Bruno Leal
(UnB) , um sistema internacional é “conjunto constituído pelas unidades políticas que mantêm
28

relações regulares entre si e que são suscetíveis de entrar em uma guerra geral”. Com isso, o
historiador se refere a uma espécie de ordenação racional que busca ditar as dinâmicas no pano

26
BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Ed. UnB. 1998, p. 879.
27
Idem, 880.
28
LEAL, Bruno. A “Paz de Vestfália”: um marco das relações internacionais. jan/2018. Café História.
Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/paz-de-vestfalia-marco-%E2%80%8E/. Data de
acesso: 25/01/2022
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internacional, gerenciar conflitos, negociar termos de paz e discutir questões que interessam aos
seus membros além de constituir um ecossistema político que, embora diverso, compartilha de
determinados valores e cultura. É justamente um sistema internacional nos temos descritos por
Aron que vai se forjar no âmbito da Paz de Westfália.

7. QUESTÕES PARA APROFUNDAMENTO


1. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
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A imagem acima representa Martinho Lutero (1483-1546) em sua própria defesa na Dieta de
Worms, uma assembleia oficial do Sacro Império Romano Germânico que, dentre outras
questões político-religiosas, apurou acusações de heresia. Durante uma de suas falas,
marcadas por defender seus escritos, ele precisou responder objetivamente se concordava
com o conteúdo que havia escrito ou se pretendia, Lutero disse:
“A não ser que eu esteja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pela razão clara, sou
limitado pelas Escrituras que citei e minha consciência é cativa à palavra de Deus. Não posso
e não irei me retratar de nada, uma vez que não é nem seguro nem correto agir contra a
consciência. Esta é minha posição."

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(BBC News. Os 500 anos do inquérito de Lutero, que abriu o mundo ocidental para a liberdade de
pensamento. 25 de abril de 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-
56809062. Acesso em: 29/04/2021)

O discurso de Lutero representa qual elemento inovador da Reforma Protestante:


a) a presença da influência socialista na crítica à Igreja católica, base para uma nova religião.
b) o sacerdócio universal, com destaque para o papel do individuou na consciência de seus
atos.
c) a inclusão da razão como elemento para o alcance da fé, porém, sem que esta se subordine
aquela.
d) a crítica às investiduras de Roma em povoados de reinos não tutelados pelo papado.
e) a supremacia da razão sobre a fé, conforme a expressão “razão clara”.
2. (Estratégia Vestibulares/2020/Profe. Alê Lopes)
A relação entre o Renascimento cultural e o ambiente urbano na Europa dos séculos XV e
XVI justifica-se porque:
a) as cidades eram centros comerciais e favoreciam o contato com a cultura árabe, cujo
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domínio das técnicas do retrato e da perspectiva sobrepôs-se à arte europeia, dando origem
ao Renascimento.
b) a presença de artistas nas cidades atraía os investimentos de ricos burgueses em busca de
prestígio social, fazendo com que as regiões que concentravam os artistas, como a Itália e
os Países Baixos, se urbanizassem mais que as outras.
c) nas cidades podia-se estudar a cultura artística em universidades, dedicadas ao cultivo da
tradição clássica e ao ensino de novas técnicas, como o uso do estilo gótico na arquitetura e
da perspectiva na pintura.
d) a riqueza concentrada nas cidades permitia a prática do mecenato, enquanto o
crescimento do comércio estimulava o encontro entre as culturas europeia e bizantina,
possibilitando a redescoberta dos valores da antiguidade clássica.
3. (Estratégia Vestibulares/profe. Alê Lopes)
“É somente na minha pessoa que reside o poder soberano. É somente de mim que os meus
tribunais recebem a sua existência e sua autoridade; a plenitude desta autoridade, que eles
não exercem senão em meu nome, permanece sempre em mim, e seu uso nunca pode ser
contra mim voltado; é unicamente a mim que pertence o Poder Legislativo sem dependência
e sem partilha; é somente por minha autoridade que os funcionários dos meus tribunais
procedem; toda ordem pública emana de mim, e os direitos e interesses da nação estão
necessariamente unidos com os meus e repousam nas minhas mãos.”
Declaração do rei francês, Luís XV, em 1766. Apud: Paulo Miceli. História Moderna.

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Se perguntássemos: como os reis modernos veem a si mesmos?, a partir da Declaração de


Luís XV, poderíamos responder:
a) Como loucos e sedentos de poderes, de modo que agiam de maneira irracional para
conquistá-lo.
b) Como grandes dirigentes da nação, de modo que lançavam mão de um sistema partilhado
de poder.
c) Como soberanos, cuja origem de todo poder estava em suas mãos, de modo que suas
ações legitimavam existência dos demais poderes.
d) Como deuses, cuja origem do poder era determinado por Deus e, por isso, era sagrado.
e) Como reis absolutistas, que reinavam, mas não governavam de fato devido à existência
dos Parlamentos.
4. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Advogados, historiadores, linguistas, juízes e descendentes de Dante Alighieri vão fazer uma
conferência na sexta-feira (21) para revisar uma condenação feita há sete séculos. Em 1302,
o escritor foi condenado à fogueira por corrupção, perjúrio e fraude, deixou Florença, na
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Itália, e ficou proibido de voltar à então cidade-Estado. A revisão judicial faz parte das
homenagens que marcam o 700º aniversário da morte do poeta e é um gesto simbólico,
segundo Traversi. Ela tem a intenção de investigar se as sentenças foram justas ou “fruto
envenenado da política que usou a Justiça para atacar um oponente”, afirmou o advogado.
(NEXO Jornal. Por que a Itália vai revisar a condenação de Dante Alighieri. 19/05/2021.
Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/05/19/Por-que-a-It%C3%A1lia-vai-
revisar-a-condena%C3%A7%C3%A3o-de-Dante-Alighieri. Acesso em: 19/05/2021)

Apesar de ser notoriamente conhecido por sua contribuição na literatura, com A Divina
Comédia, o suposto julgamento político porque passou Dante Alighieri – motivo de
questionamento séculos depois - expõe um contexto em que parte da Europa
a) estava fortalecendo as relações sociais feudais para retomar o controle dos poderes
descentralizados, em particular, na Península Ibérica, com vistas à expulsão dos árabes.
b) estava sob o arbítrio das monarquias absolutistas e sob a perseguição de opositores que
apresentassem ideias críticas ao direito divino dos reis governarem.
c) iniciava a construir uma unidade cultural que se formava em torno do renascentismo, no
final da Idade Média, em contraste com as disputas fraticidas existentes no âmbito da
política.
d) principalmente, a Itália, despontava com atividades comerciais ultramarinas em direção ao
comércio com o Oriente, motivos que levaram à tensão com a Igreja Católica.
e) vivia sob o juízo da contrarreforma religiosa, razão que levou à perseguição de Dante
Alighieri.
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5. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


O matemático e geógrafo flamenco Gerardo Mercator foi fundamental para o
desenvolvimento da cartografia no século XVI. Assim como outros documentos, os mapas
são considerados fontes históricas que carregam características próprias do contexto em que
foram produzidos. Analisando-os é possível captar visões de mundo que circulavam nas
sociedades de seu tempo.

Orbis Terral Compendiosa, o mapa-múndi de Mercator, 1587. Biblioteca Britânica, Londres.

A representação cartográfica de Mercator


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a) carregava vários elementos da mentalidade medieval. Esse tipo de mapa continha uma
série de referências bíblicas, estabeleciam Jerusalém como centro do mundo e projetavam
o Jardim do Éden.
b) fazia parte de um contexto mais amplo de mudanças de paradigmas de pensamento
causadas pelo movimento iluminista, que se opunha ao racionalismo renascentista.
c) foi confeccionada graças ao uso de aviões, que permitiram a Mercator e outros cartógrafos
a ter uma perspectiva mais realista do espaço, proporcionada pela altura da qual podiam
observar.
d) diferente dos mapas medievais, tinha uma função geográfica e representava espaços
físicos observados ou intuídos por meio da exploração territorial. Nota-se a influência das
ideias renascentistas.
e) pôde ser confeccionada graças a navegações de espanhóis e portugueses, que exploraram
o globo contratando cartógrafos renascentistas. Inclusive, Mercator foi o cartógrafo de
Colombos, em 1492.
6. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Em outras palavras, se não dá para atribuir importância central aos vínculos econômicos do
comércio, de importação e exportação Leste e Oeste, isso se deve ao fato de que o próprio
modo de produção feudal – de modo algum superado na Europa Ocidental durante os
séculos XVI e XVII – não conseguia criar um sistema econômico unificado.
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista.

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Entre as causas da dificuldade para o avanço da economia no início da Idade Moderna,


podemos citar
a) A falta de interesse da burguesia.
b) As restrições impostas pela Igreja Católica.
c) Controle das rotas comerciais europeias pelos muçulmanos.
d) Falta de apoio político das monarquias centralizadas.
e) A ausência de unidade monetária, bem como escassez de metais preciosos.
7. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)
“Os mesmos sentimentos de hostilidade aos poderes da Igreja cresciam, nos anos que
antecederam a Reforma, na voz das próprias autoridades seculares. [...] Tais atitudes se
constatavam, em particular, naqueles países que mais tarde viriam a ser os mais receptivos à
Reforma luterana”.
SKINNER, Q. As Fundações do Pensamento Político Moderno. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996, p. 339.
As principais fontes de tensão entre o Estado e Igreja nos países europeus, no contexto das
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Reformas Protestantes, foram


a) a insistência de muitas autoridades seculares em manter crenças politeístas e a
inflexibilidade do clero em realizar as cerimônias religiosas em língua vernacular.
b) a conversão de muitos reis europeus ao islamismo, tornando-o religião oficial de seus
reinos, e o antissemitismo propagado pelo clero católico.
c) a defesa da reforma agrária pelos setores eclesiásticos e o aumento dos tributos sobre os
camponeses e a burguesia.
d) a rejeição da participação de ordens regulares na empresa colonial e a adoção de
costumes indígenas nas cerimônias públicas dos governos europeus.
e) privilégios e jurisdições que o clero aspirava tradicionalmente, além das vastas extensões
de terras pertencentes a comunidades religiosas.
8. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)
“[A] origem [do termo burocracia] é o vocábulo francês bureau, tecido grosso de lã com que
antigamente se forravam mesas. Por translação passou-se a chamar de bureau
sucessivamente a mesa, o lugar em que se juntavam mesas para trabalhos geralmente de
administração [...], as repartições públicas e os tipos de funções e trabalhos que nelas se
realizavam. Empregava-se também o termo para qualificar os empregados que serviam
nesses lugares [...].”
Dicionário de ciências sociais. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1987, p. 131.

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De acordo com o texto, a formação da burocracia estatal esteve vinculada a (ao)


a) Reforma Protestante, que provocou a separação entre o Estado e a Igreja em toda a
Europa.
b) invasões bárbaras de povos oriundos do Leste europeu e da Ásia, gerando a fragmentação
de vários reinos.
c) racionalização administrativa própria do processo de centralização das monarquias
nacionais.
d) adoção de princípios iluministas na gestão dos governos, dando origem ao despotismo
esclarecido.
e) o incentivo às Cruzadas, que envolvia a promessa de terras, cargos públicos e privilégios
aos que aderissem.
9. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)
“21 – Estão errados os pregadores de indulgência que dizem que um homem é libertado e
salvo de todo castigo dos pecados pelas indulgências papais. [...]
27 – Eles pregam que a alma voa para fora do Purgatório tão logo tilinte o dinheiro jogado
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na caixa. [...]
45 – Os cristãos deveriam aprender que todo aquele que vê um homem necessitado e não
socorre, e depois dá dinheiro para perdões, não está comprando para si a indulgência do
papa mas a cólera de Deus. [...]
82 – Por que o papa não esvazia o Purgatório apenas por caridade, se o faz através de uma
basílica?”
LUTERO, Martinho [1517]. In: Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª
séries. São Paulo: SE/Cenp, 1980, p. 81-82.
No trecho, Martinho Lutero crítica a venda de indulgências para afirmar o princípio de
a) sacerdócio universal.
b) justificação pela fé.
c) autoridade pela palavra revelada.
d) predestinação.
e) livre arbítrio.
10. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)
“A invenção do telescópio permitiu aos astrônomos desvendar todo um outro mundo: a
descoberta de Saturno, a descoberta dos satélites de Júpiter, as manchas solares, as fases
de Vênus e da superfície lunar com suas montanhas e crateras. (...) A importância deste

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acontecimento decorre do fato de que, pela primeira vez, a construção do conhecimento


processou-se com base em um instrumento, um engenho, um artefato humano que se
colocava entre o sujeito e o objeto do conhecimento”.
CAVALCANTE, B. Modernas Tradições: percursos da história ocidental – séculos XV-XVII.
Rio de Janeiro: Faperj/Access, 2002, p. 63-64.
As ciências do período renascentista tinham como base do conhecimento
a) a concepção de a verdade seria revelada pelo criador através de sinais observáveis.
b) a predestinação, segundo a qual o destino da humanidade interpretado na natureza.
c) a mitologia nórdica que acreditava na existência de outros mundos e seres superiores.
d) o método experimental e análise crítica, submetidos a uma rigorosa observação.
e) o princípio da autoridade da palavra revelada pelas escrituras sagradas.
11. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
“Em 1500 – quando os artistas estavam extremamente preocupados com proporções,
simetrias e a estética do belo –, eles nem imaginavam que cerca de três séculos depois um
quadro ‘tão grotesco’ como ‘Saturno devorando um filho’ de Francisco Goya, estaria sendo
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cultuado dentro de um museu. [...]


O artista visual, Renan Archer, explica que a produção artística da Idade Média [...] a
representação do medo [...] tinha um propósito além do estético. ‘Esse tipo de mensagem
traz o medo como um reforço da mensagem religiosa [...]’.
É difícil delimitar um momento na História da Arte no qual a temática do medo parou de ser
usada como ferramenta educacional e se tornou algo estético, uma vez que se trata de
processos lentos e de adaptações.
[...] Para Renan Archer, a nova forma de representação aconteceu com a aproximação da
arte moderna [...] [enquanto] Luciana Pacheco Favoretto acredita que a mudança começou
pelo Romantismo Europeu. ‘Esse foi especialmente o movimento artístico que trouxe para o
universo pictórico o interesse pelo tema e também a representação do macabro, do oculto
e do sobrenatural. Neste momento da arte, a representação do medo pertence a diversas
obras do período’, afirma”.
COLOMBO, Mariah Eduarda. Consciência diante do perigo: as representações do medo ao longo da História
da Arte. Disponível em https://dasartes.com.br/de-arte-a-z/consciencia-diante-do-perigo-as-representacoes-
do-medo-ao-longo-da-historia-da-arte/ Acesso em 20 jul. 2021.

As mudanças das representações sobre o medo ao longo da história são provenientes da


a) influência da sociedade na construção de sentidos e significados sociais relacionados às
emoções humanas.
b) busca permanente por segurança e bem-estar em mundo dominado pela guerra.

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c) apenas de rupturas bruscas nas formas de perceber o mundo.


d) isolamento da sociedade europeia em relação ao resto do mundo durante a modernidade.
e) persistência de valores e tradições artísticas de origem medieval graças à rigidez da
formação dos artistas renascentistas.
12. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
“O Orlando Furioso também é considerado uma obra-prima em termos de construção
poética e da narrativa complexa. Os valores estéticos e literários da Renascença, como a
busca pela harmonia e pelo equilíbrio, encontraram nele expressão. A fantasia caminha de
mãos dadas com a loucura e o caos da guerra. Ariosto celebrou os ideais da corte e cavalaria,
embora com certo tom de desencanto”.
ANDRADE, Karen de. Os Substitutos: tradução comentada de I Suppositi de Ludovico Ariosto.
Campinas-SP: Dissertação de mestrado, UNICAMP, p. 14.

O movimento cultural mencionado, inserido no processo de transição da modernidade


europeia, caracterizou-se pela(o):
a) reafirmação dos valores do pensamento medieval.
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b) rejeição de influências culturais estrangeiras.


c) antipatia pelo modo de vida nas cortes europeias.
d) apego aos ideais socialistas.
e) renovação artística e intelectual.
13. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)
“A corrupção do clero, a ortodoxia inflexível e a excessiva institucionalização da Igreja eram
alguns dos motivos que a distanciavam daqueles que defendiam uma prática religiosa mais
espiritualizada”.
ALVES, A. OLIVEIRA, L. F. de. Conexões com a história: Das origens do homem à conquista do
Novo Mundo. São Paulo: Moderna, 2010, v. 1., p. 253.

No século XVI, as divergências teológicas culminaram nas Reformas Protestantes, cujo um


dos principais líderes foi:
a) Napoleão Bonaparte.
b) Henrique VII.
c) John Locke.
d) João Calvino.
e) Jacques Bossuet.
14. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)

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“No Século XIV, o poeta florentino Petrarca era um colecionador de textos antigos,
manuscritos gregos e latinos, pelos quais tinha paixão. Ele acreditava que as traduções feitas
desses originais ao longo do tempo deformaram o pensamento de Aristóteles, Cícero e
Tácito com o intuito de adequá-los à religião cristã. Tanto para ele, como para seu
compatriota Bocage, era tempo de os redescobrirem em sua pureza original, de depurar
todos os erros acumulados nesses textos no curso da Idade Média. Isso serviria para
enriquecer a cultura humana”.
BOURQUIN, L. Histoire. Paris: Belin, 2001.

Considerando o texto acima e seus conhecimentos, assinale a alternativa correta.


a) O humanismo, um movimento artístico e intelectual que nasceu na França e se espalhou
por toda a Europa entre os séculos XIV e XVI, deu grande valor à Antiguidade clássica.
b) Por sua desconfiança sobre a probidade da Igreja Católica na preservação e produção de
conhecimento, Petrarca liderou uma reforma protestante, que pregava o individualismo
baseado nos escritos de Santo Agostinho em favor do livre-arbítrio.
c) A valorização dos saberes da Antiguidade estava diretamente relacionada ao
teocentrismo, principal marca do humanismo e do renascimento.
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d) Petrarca é um dos primeiros humanistas. Ele tratou de temas como o amor à pátria, a
busca pela glória, a importância de educar e transmitir os saberes e a referência aos textos
antigos.
15. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Nas cidades, as festas ocorriam em escala muito maior; e, o que é mais importante, todo dia
era uma festa, no sentido de que havia permanentemente à disposição diversões, oferecidas
por profissionais. Pelo menos nas grandes cidades, os cantores de baladas e palhaços
apresentavam-se o tempo inteiro, ao passo que os aldeães só os viam de vez em quando. As
cidades abrigavam minorias étnicas, as quais muitas vezes viviam juntas e partilhavam uma
cultura que excluía os de fora.
Peter Burke. Cultura Popular na Idade Moderna: Europa 1500-1800. SP: Cia das letras,
2010, p. 65-66)
A partir do texto, é possível afirmar que a vida na cidade moderna
a)Era uma expressão dos renascimentos cultural e comercial que tinham no espaço urbano
seu principal cenário.
b)Era muito parecida com a vida na cidade clássica, como na Grécia, cujo papel central era a
política.
c)Era tão importante quanto o campo e, por isso, alcançou a maioria da população dos
principais reinos.

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d)Era um cenário de diversidade cultural e religiosa, de convivência harmônica entre as várias


etnias e religiões que expressava nas festas populares.
e)Era organizada exclusivamente por meio de guildas nas quais incluía-se, inclusive a divisão
de trabalho destinadas a organizar o lazer.
16. (Estratégia Vestibulares/2021/profe. Alê Lopes)
“O mercantilismo criou as condições necessárias para a ascensão da burguesia como classe
dominante e o surgimento de uma sociedade econômica fundada em bases mais sólidas, o
que permitiu a expansão e consolidação do capitalismo. Foi graças também ao
mercantilismo, com suas teses protecionistas e possibilidade crescente de suprimentos, que
se criaram, efetivamente, as condições para a eclosão da Revolução Industrial.
É oportuno assinalar que, embora o mercantilismo tenha insistido na comercialização como
base de toda a sua política, acabou, na prática, atuando exatamente ao contrário, pela forte
intervenção da Coroa nos negócios.
Daí que, em contrapartida, podemos definir mercantilismo como a intervenção do governo
nos negócios para garantir a riqueza e o poder da Coroa.
Na Inglaterra (...) sua adoção orientou o estabelecimento das colônias, a concessão de
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privilégios e monopólios a companhias comerciais, além do rígido controle, pelo estado, de


praticamente todas as atividades econômicas”.
IANNONE, R. A Revolução Industrial. São Paulo: Moderna, 1992, p. 40.
Com base no texto do historiador Roberto A. Iannone sobre o mercantilismo e sua relação
com a estruturação das monarquias absolutistas, assinale a alternativa correta.
a) O mercantilismo compunha a lógica econômica que dava sustentação a consolidação de
monarquias nacionais que competiam entre si pelo monopólio do comércio internacional.
Para disputar esse objetivo foram estruturados o Estado absolutista e a fundação de colônias
em outros continentes para fornecer matéria-prima a baixos custos para a metrópole
comercializar.
b) O livre comércio era um dos princípios basilares do mercantilismo. Para montar a
burocracia estatal do absolutismo as monarquias precisavam garantir liberdade de
investimento e comércio para os burgueses, dos quais pegavam empréstimos para investir
na expansão colonial. Assim, formava-se um pacto entre o rei e a burguesia. O primeiro teria
o poder militar, político e religioso, enquanto a segunda poderia usufruir de liberdade
econômica.
c) O mercantilismo era um sistema político-econômico dominante de meados do século XV
ao século XVIII. Esse tipo de economia pode ser caracterizado a partir das seguintes práticas:
metalismo; balança comercial favorável; incentivo às novas atividades econômicas, ao

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comércio e à navegação; concessão de monopólios e socialização dos meios de produção


na colônia.
d) A burguesia era uma classe social relativamente nova, surgida da expansão comercial e
urbana da sociedade feudal durante a Baixa Idade Média. Composta sobretudo de
banqueiros e comerciantes, essa classe se via prejudicada pelos limites impostos pelas
monarquias absolutistas nas trocas comerciais entre as diferentes regiões de um mesmo
reino. Por isso, os burgueses se aliaram a nobreza para unificar a economia nacional e investir
na colonização de outros continentes, garantindo suprimento de matérias-primas para o
mercado interno.
17. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)
A imagem a seguir foi feita por Rafael Sanzio entre 1510 e 1511. Ela é considerada
uma referência ao Movimento Artístico da época. Analise-a atentamente
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Escola de Atenas, Rafael Sanzio, século XVI

O movimento estético a que pertence a obra é o


a) Iluminismo devido à recuperação de temas da Antiguidade Clássica, como o
antropocentrismo
b) Humanismo que promoveu a ruptura com os elementos religiosos, por isso a
representação de filósofos na obra.
c) Antropocentrismo que coloca o homem como medida e meio da observação de todas as
coisas a fim de explicá-las racionalmente.
d) Iluminismo que promoveu uma retomada dos elementos medievais da discussão entre fé
e razão, como vemos dois filósofos no centro da obra.

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e) Renascimento devido ao uso da perspectiva e a representação da retomada dos


elementos clássicos da cultura greco-romana.
18. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Esses sistemas de ideias constituem uma racionalização do desejo de unidade, cujos modelos
são o indivíduo e o núcleo familiar. A deposição das liberdades nas mãos de um aparelho
central, cria um foco único, onde a coerção é necessária. A natureza do desejo, então, é
agressiva. Por isso, o modelo de Estado que se coloca no “espírito” das pessoas adquire
naturalmente uma forma autoritária e coercitiva. O fervor beato e condenado à impotência
que se dirige à abstrações tais como papa Angélico ou o retorno do imperador mítico,
adquire uma força concreta quando tem por objeto a pessoa do monarca, ou de um chefe
de partido. O desejo unitário cria o culto à personalidade política, que pode assumir forma
sagrada ou o respeito devido ao medo de uma “espada pura”.
DUBOIS, C. O imaginário da Renascença. Brasília: Ed. UNB, 1995.
O texto trata sobre sistemas de ideias políticas que promovem um tipo de Estado
a) Liberal, com garantias de direitos de cidadania, como os Estados Unidos no século XVIII.
b) Autocrático, como as Modernas Monarquias absolutistas e os regimes totalitários do
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século XX.
c) Absolutista, como as repúblicas italianas renascentistas.
d) Totalitários, durante as monarquias absolutistas e dos regimes nazifascistas
contemporâneos.
e) Socialista, com partido único e repressão como forma exclusiva de dominação.
19. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
A crítica humanista pautava-se pela percepção _________1________, em oposição
___________2_______ do mundo medieval.
Considerando as diferenças entre o pensamento humanista e o pensamento medieval, na
passagem da Idade Média para a Moderna, preenche corretamente as lacunas
a)1: de ruptura e de transformação; 2: à permanência e à continuidade
b) 1: controle do próprio destino; 2: ao antropocentrismo
c) 1: geocentrista; 2: ao heliocentrismo
d) 1: individualista e racionalista; 2: ao neoclassicismo
e) 1: orientada pela fé; 2: à percepção orientada pela razão
20. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)

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Ora, entre o século XIV e o XV, na verdade, houve uma mudança de equilíbrio; os
“humanistas”, e com eles os artistas, os artesãos, os homens de ação, substituíram as trilhas
já sem perspectiva da especulação medieval por novas exigências, novos impulsos, novos
fermentos, diante das perguntas até aquele momento, sem respostas.
(Eugenio Garin. Apud. COTRIM, Gilberto. História Global)
O texto acima faz referência
a) Ao Movimento iluminista
b) Ao Movimento Cartista
c) Ao Movimento da Contracultura
d) Ao Movimento Renascentista
e) Ao Movimento Protestantista
21. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
As profundas mudanças pelas quais passou a Europa no fim da Idade Média refletiram-se,
no plano cultural, em uma verdadeira revolução: o Renascimento, que se iniciou na península
Itálica no século XIV e se estendeu até o começo do século XVII por toda a Europa.
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(ARRUDA, José Jobson de A., PILETTI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Ed. Ática. 2007,
p. 93)
A origem do renascimento cultural está diretamente relacionado
a) ao incentivo da Igreja Católica em reformar suas capelas e catedrais, fato que estimulou
as escolas artísticas.
b) ao advento das ideais iluministas.
c) ao desenvolvimento de um centro de comércio ativo e dinâmico, capaz de gerar excedente
de riqueza possível de ser investido na produção cultural.
d) à retomada da centralidade do homem proporcionada pelo pensamento liberal dos
pensadores contratualistas.
e) ao patrocínio da nobreza feudal de artistas que passaram a ser contratados para retratar
famílias e propriedades.
22. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
No período do Renascimento, não houve apenas uma mudança na qualidade da obra
intelectual, mas também um aumento na quantidade da produção cultural.
(COTRIM, Gilberto. História Global)
Entre os fatores que influenciaram a disseminação do renascimento, pode-se destacar:

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a) A riqueza acumulada pelos artistas renascentistas que financiavam suas próprias obras,
segundo a lógica do individualismo.
b) O desenvolvimento de novas técnicas artísticas, como a perspectiva.
c) Retomada de elementos greco-clássicos que permitiu o aperfeiçoamento das obras
renascentistas.
d) A existência concentrada de artistas brilhantes nas ricas cidades italianas.
e) O desenvolvimento da imprensa e a ação dos mecenas do setor bancário e religioso.
23. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Alguns humanistas cristãos, a partir do século XI, condenaram o distanciamento do clero
católico do que chamavam de “espírito do Evangelho”. Qual o nome do alemão que, a partir
das suas 95 Teses, criou uma das correntes religiosas do protestantismo?
a) Marinho Lutero.
b) Rei Henrique VIII.
c) Max Weber.
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d) João Calvino.
e) Thomas Morus.
24. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
No início da Idade Moderna, ocorreram mudanças significativas no plano religioso europeu.
Considerando:
I – a venda de indulgências.
II – o avanço islâmico em direção ao leste europeu.
III – a insatisfação de setores mercantis em relação à Igreja.
IV – a corrupção que reinava em setores do clero.
V – o interesse dos reis em fortalecer o poder da Igreja.
Assinale abaixo a alternativa que apresenta razões para o surgimento da Reforma
Protestante:
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, III e IV.
d) II, III e V.
e) IV e V.

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25. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Dentre os ideais de uma das doutrinas religiosas que rivalizou com a Igreja Católica no
contexto da Reforma Protestante, podemos elencar o estabelecimento da bíblia como fonte
de fé e livre exame, a extinção da hierarquia eclesiástica, a predestinação e a valorização do
trabalho. Essas características se referem:
a) ao luteranismo.
b) ao calvinismo.
c) à Igreja Ortodoxa.
d) ao anglicanismo.
e) ao islamismo.
26. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
A Igreja católica ficou muito enfraquecida com a expansão do protestantismo. Uma de suas
respostas a esse avanço foi a formação da Companhia de Jesus, fundada pelo espanhol
Inácio de Loyola em 1534. Concebida segundo um modelo militar, a Companhia formava
seus membros, os jesuítas, como soldados de Cristo.
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(ARRUDA, José Jobson de A., PILETTI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Ed. Ática. 2007,
p. 163)
Qual ação pode ser considerada de responsabilidade da Companhia de Jesus no contexto
da Contrarreforma religiosa?
a) a elaboração de um programa social que fosse capaz de atender às demandas dos
camponeses.
b) o aconselhamento de reis católicos a partir das ideias do despotismo esclarecido.
c) a organização de exércitos responsáveis por combater calvinistas na região sul da França.
d) a difusão do catolicismo entre povos não-cristãos por meio da catequese.
e) a criação de escolas de artes responsáveis por formar pintores que passariam a difundir o
catolicismo por meio de afrescos.
27. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
O processo de centralização política que levou à formação dos Estados Modernos não
ocorreu de forma brusca ou sem resistência por parte de grupos que não queriam perder
seu poder. Apesar disso, o Estado se tornou um instrumento importante, inclusive, no
desenvolvimento econômico.
(COTRIM, Gilberto. História Global)
Foram medidas estatais que impulsionaram a economia:

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I – Melhoria das estradas e da segurança pública


II – Uniformização das moedas
III – Criação de leis e regras para regular a economia
IV- Padronização de pesos e medida
Estão corretas apenas
a)I, II, III
b)I, II, IV
c)II, III, IV
d)I, II, III, IV
e)II, IV
28. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
No processo de formação das monarquias europeias, qual rei foi compelido a assinar um
documento, no século XIII, se comprometendo com a nobreza a não criar impostos sem o
consentimento do Grande Conselho, o embrião do parlamento?
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a) Luís XVI.
b) Felipe II.
c) João Sem-Terra.
d) Fernando de Castela.
e) Henrique II.
29. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Durante a Idade Moderna, na Europa, ocorreu o fortalecimento gradual dos governos das
monarquias nacionais. Desse processo, resultou o absolutismo monárquico, o qual contou
com pensadores que ajudaram a justificar o aperfeiçoamento do poder absolutista. A Teoria
da Soberania sustentou que um monarca era suficientemente poderoso para agir livremente
e de forma racional sem nenhum tipo de limitação. Nas palavras do autor: “a lei não é senão
o mando do soberano no exercício do seu poder. As limitações do poder soberano seriam
a lei divina e a lei natural.”
Assinale a alterantiva abaixo que apresenta o responsável por tal pensamento.
a) Jean Jacques Rousseau.
b) Thomas Hobbes.
c) John Locke.
d) Immanuel Kant.

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e) Jean Bodin.
30. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Fundado como condado em 1066, Portugal tornou-se soberano em 1139 pelas mãos de Dom
Afonso Henriques. Assim começava a dinastia dos Borgonha que governou o reino por mais
de 200 anos. Nesse período podemos destacar o reinado de Dom Dinis, marcado por
a) Definição das fronteiras atuais e organização interna do reino.
b) Conflitos com muçulmanos, que acabaram dominando parte do reino.
c) Perseguição aos judeus, que passaram a se converter ao cristianismo para manter seus
negócios no comércio.
d) Centralização do poder e expansão marítimo-comercial.
e) Desenvolvimento das técnicas de navegação e fortalecimento da economia pesqueira.
31. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
O conjunto de práticas econômicas ocorridas entre os séculos XV e XVIII recebeu o nome de
mercantilismo. Suas práticas variaram de país para país, mas tinham em comum
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a) A aliança entre nobreza, burgueses e o clero na busca pelo livre-comércio.


b) O fortalecimento do Estado por meio do protecionismo e o intervencionismo estatal.
c) A descentralização do poder político e a busca pelo metalismo.
d) O fortalecimento da centralização monárquica a partir do Colbertismo.
e) O colonialismo e o industrialismo.
32. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
No contexto do mercantilismo, o pacto colonial, também chamado de exclusivo comercial,
estabelecia que
a) as mercadorias importadas ou exportadas deveriam ser transportadas pelos navios
ingleses.
b) a balança comercial das metrópoles deveria ser superavitária.
c) as companhias de comércio deveriam ser formadas metade pelo capital estatal e metade
pelo capital privado.
d) todos os produtos que chegassem à colônia ou saíssem dela tinham que passar pela
metrópole.
e) as colônias não podiam manter barreiras alfandegárias, priorizando o livre comércio.
33. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Faça a associação abaixo e, em seguida, marque a alternativa correta:

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I – mercantilismo metalista
II – Colbertismo ou mercantilismo industrial
III – mercantilismo comercial
A – tipo de mercantilismo que priorizou a prática de comprar barato e vender caro, ganhar
no frete, estimular a construção naval e a formação de companhias de comércio.
B – tipo de mercantilismo que priorizou o mercado de produtos luxuosos, uma política
proposta por um dos Ministros de Luís XIV.
C – tipo de mercantilismo que acentuava a importância da acumulação de ouro e prata.
a) I – A; II – B; III – C.
b) I – A; II- C; III – B.
c) I – C; II – A; III – B.
d) I – B; II – C; III – A.
e) I – C; II – B; III – A.
34. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
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Entre 1509 e 1547, o rei Henrique VIII governou a Inglaterra. Durante seu reinado, ele
a) promoveu medidas para impedir que houvesse casamentos fora da tradição inglesa.
b) criou uma nova religião a ponto de fundir o poder político do monarca com o poder
religioso.
c) fortaleceu os laços com a Igreja Católica sediada em Roma com vistas ao projeto de
dominação da Europa continental.
d) fortaleceu o parlamento inglês.
e) assinou uma carta se comprometendo a não criar impostos ou alterar as leis sem antes
consultar o Grande Conselho.
35. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Em 1559, a Igreja Católica produziu uma lista de livros proibidos, o Index Librorum
Proibitorum (Índice de Livros Proibidos), na qual foram relacionados livros considerados
contrários à doutrina católica.
Leia as afirmações abaixo a respeito desse contexto histórico:
I – o Index foi publicado pela primeira vez no contexto da Contrarreforma Católica.
II – os textos de João Calvino foram incluídos na lista de livros proibidos.
III – o Index foi uma das respostas da Igreja às divisões que o catolicismo sofria com as
doutrinas protestantes.

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IV – a Contrarreforma expressou a vontade de a Igreja controlar o poder dos reis.


Assinale a única alternativa que apresenta todos os itens com características desse período
a) I e II.
b) I e III.
c) I, II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
36. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
A prática econômica variou de país para país, dando origem a diversas formas de
mercantilismo. Os espanhóis, favorecidos pela posse das colônias americanas, grandes
produtoras de metais preciosos, praticavam mercantilismo metalista.
Pilleti e Arruda. Toda História. Ed. Ática, 2007.
Além do mercantilismo metalista, outros modelos podem ser, com exceção:
a) Colbertismo
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b) Mercantilismo Comercial
c) Mercantilismo Industrial
d) Mercantilismo de plantagem
e) Mercantilismo concorrencial
37. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
A respeito reforma protestante na Europa do século XVI, pode-se afirmar que era um ponto
comum entre luteranos e calvinistas
a) o retorno ao pensamento filosófico de São Tomás de Aquino.
b) a crítica à venda de indulgências.
c) a defesa do ensino do latim aos leigos para que fosse possível a livre interpretação da
bíblia.
d) a defesa do trabalho como caminho da salvação.
e) a importância de o cristianismo adorar santos apenas em formato de anjos.

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8. QUESTÕES PARA CONSOLIDAÇÃO


38. (UNAERP 2020)
A Revolução de Avis ocorreu entre 1383 e 1385, após a morte do rei Fernando de Borgonha,
último de uma dinastia. A vitória do Mestre da Ordem Avis resulta na consolidação de um
dos primeiros Estados nacionais europeus. Esse Estado nacional era
a) a Inglaterra, com o rei Guilherme, o Normando.
b) a França, com o rei Luís, o Rei Sol.
c) Portugal, com o rei João, o de Boa Memória.
d) a Itália, com o rei Vítor Emanuel II, o Pai da Pátria.
e) a Alemanha, com o Rei Guilherme I, da Prússia.
39. (UNAERP 2019)
“Hobbes nega essa distinção entre a esfera pública e a privada; uma vez instituído o Estado,
a esfera privada, que em Hobbes coincide com o estado de natureza, se dissolve
inteiramente na esfera pública, isto é, nas relações de domínio que ligam o soberano aos
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súditos. Com efeito, a razão pela qual os indivíduos deixam o estado de natureza para
ingressar na esfera do Estado é que o primeiro, não regulado por leis impostas por um poder
comum, se resolve numa situação de conflito permanente (o famoso ‘bellum omnium contra
omnes’) ”.
BOBBIO, N. A Teoria das Formas de Governo. São Paulo: Edipro, 2017: p. 108.
Com base nas considerações de Norberto Bobbio sobre o teórico inglês Thomas Hobbes e
sua teoria acerca do Estado, é correto afirmar que esse pensador
a) defendeu, como um dos maiores teóricos do absolutismo monárquico, que o Estado deve
ter o monopólio do uso legítimo da força para assegurar a estabilidade do reino e a
segurança dos súditos.
b) era um fervoroso defensor do absolutismo monárquico, porém acreditava que o uso da
força deveria ser equilibrado entre os poderes estabelecidos, já que o rei deveria ser
controlado por possíveis desvios de caráter.
c) defendeu o absolutismo até a queda de Carlos I de Stuart, pois, após a decapitação desse
rei, temendo pela própria vida, declinou de suas posições e passou a defender a instauração
de um governo civil.
d) defendia a autoridade dos parlamentares em detrimento da monarquia, no contexto da
Guerra Civil Inglesa (1642-1651), por julgar a autoridade real fraca e incapaz de solucionar o
conflito.

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e) assim como outros contratualistas, como John Locke e Rousseau, são ícones do
Iluminismo, além de grandes defensores da democracia e dos direitos civis individuais.
40. (UNAERP 2017)
“Depois de ter queimado personagens tão santas como João Huss (1415) e Savonarola
(1498), depois de recusar-se a ouvir os apelos à renovação, a Igreja enfrentou nas piores
condições possíveis o embate de Wittenberg: Lutero (1483-1546) juntava à ciência teológica
de Wyclif a veemência de João Huss”.
DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento. Volume 1. Lisboa: Estampa, 1984, p.126
(Imprensa Universitária; 37).
Intensas transformações políticas, econômicas e sociais entre os séculos XIV e XVI
contestaram a estrutura e os dogmas da Igreja Católica, um movimento conhecido como
Reforma Protestante. Em meio a esse cenário, em 1524 estourou uma revolta camponesa
que exigia o fim da propriedade privada e a distribuição igualitária das riquezas. Os membros
do grupo liderado pelo luterano Thomas Münzer e que levaram a cabo esse movimento eram
conhecidos como
a) hussistas.
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b) calvinistas.
c) puritanistas.
d) jansenistas.
e) anabatistas.
41. (UNAERP 2017)
“Francesco Petrarca (1304-1374) foi o primeiro poeta a fazer de si mesmo, de suas emoções,
de suas hesitações e de sua perplexidade seu tema único e permanente. Nos poemas de seu
Cancioneiro, percorre todos os desvios de sua alma, perscruta seus sentimentos mais
íntimos, acompanha as oscilações mais sutis do seu estado de espírito. Todos os recursos de
seu lirismo se concentram para expor e glosar sua humanidade inquieta e frágil”.
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. 15. ed., São Paulo: Atual; Campinas: Editora da
Unicamp, 1988, p. 38 (Coleção Discutindo a História). Adaptado.
Na esteira do desenvolvimento comercial e urbano que se iniciara no final da Idade Média,
um movimento intelectual e artístico que representava uma nova visão de mundo teve lugar
na Europa entre os séculos XIV e XVI, vindo a ser conhecido como Renascimento. Sobre as
principais características desse movimento, considere as afirmativas e assinale a opção
correta.

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1. O hedonismo, isto é, a determinação do prazer individual como único bem supremo,


finalidade e fundamento da vida moral, foi uma das características do Renascimento mais
controvertidas em relação à moral que vigorara na Idade Média.
2. O ateísmo foi uma das características mais marcantes do Renascimento, pois os
humanistas, ousadamente, consideravam que a mais perfeita e expressiva cultura já
manifestada pelo homem se dera antes do advento de Cristo; evidentemente, a Igreja não
via com bons olhos essa atitude.
3. O naturalismo, a busca por uma representação da natureza fiel à realidade, é uma das mais
distinguíveis características do Renascimento. Ele se baseava no ideal de imitação (imitatio),
proposto em especial por Petrarca, segundo o qual a natureza deveria ser imitada à perfeição
pelo artista do período.
4. O humanismo, ideia fundamental do Renascimento, baseava-se no animismo, isto é, na
crença de que a alma humana sustentava todas as atividades orgânicas humanas, incluindo
os sentidos, o que explicaria por que as obras dos grandes artistas do período eram
consideradas expressões da criação divina.
a) Apenas 1 está correta.
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b) Apenas 3 está correta.


c) Apenas 1 e 2 estão corretas.
d) Apenas 1 e 4 estão corretas.
e) Apenas 2 e 3 estão corretas.
42. (UNAERP 2018)
“A contestação à tentativa de hegemonia dos Habsburgo teve várias etapas, nas quais o
poder e a autoridade da dinastia [...] foram sendo gradualmente desgastados. Da tentativa
de debelar a rebelião da Holanda [...], na década de 1560, ao fracassado projeto de invasão
da Inglaterra, rechaçada em 1588, todas as investidas dos Habsburgo para ampliar ou afirmar
o seu poder na Europa foram contidas, favorecendo o surgimento de uma peculiar coalizão
anti-hegemônica [...] A fase mais importante desse longo conflito foi o conjunto de batalhas
que se denominou Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), no qual a dinastia lutou contra todos
os estados protestantes da Europa”.
LESSA, Antonio Carlos. História das Relações Internacionais: a Pax Brittannica e o mundo do
século XIX. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p.19-20. Adaptado.
Entre os rivais dos Habsburgo que formaram essa coalizão anti-hegemônica, não podemos
incluir a
a) Espanha.
b) França.

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c) Inglaterra.
d) Suécia.
e) Dinamarca.
43. (ACAFE 2022) 4000143949
No ano de 2017 lembra-se os 500 anos da Reforma Protestante. A publicação das 95 teses
de Martinho Lutero iniciou um confronto entre Roma e o monge agostiniano.
Considere a Reforma Protestante e seus desdobramentos, ocorrida na Europa, e analise as
afirmações a seguir.
I. A ética Calvinista glorificava o trabalho e o lucro e classificava a riqueza como uma graça
divina.
II. Para reforçar o catolicismo na Inglaterra e, com o apoio do Papa Clemente, Henrique VII
fundou a Ordem Anglicana.
III. Em sua doutrina, Lutero manteve o celibato e a liturgia em latim.
IV. Excomungado pela Igreja Católica, Lutero recebeu a proteção da nobreza alemã̃.
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Todas as afirmações corretas estão em:


a) II - III
b) I - IV
c) I - II - III
d) II - III - IV
44. (UNITAU 2022) 4000124644

Os países reconquistados, ou que voltavam a ser católicos, tinham que seguir o programa
traçado em 1554 por Inácio de Loyola, o qual determinava que os reis não poderiam permitir em
suas administrações a presença de heréticos. Essa determinação era fruto da criação, em 1542,
pelo papa, da congregação da Inquisição.

DELUMEAU, J. Nascimento e afirmação da Reforma. São Paulo: Pioneira, 1889 (adaptado).

A criação da instituição mencionada no texto teve como objetivo combater, no continente


europeu, aqueles que

a) viviam do lucro comercial.

b) recusavam a língua latina.

c) apoiavam a arte renascentista.

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d) divergiam da religião predominante.

45. (UNITAU 2020)


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Frontispício da edição original do Leviatã (1651) Fonte:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Leviat%C3%A3_(livro)
“[...] os pactos sem a espada não passam de palavras, sem força para dar qualquer segurança
a ninguém. Portanto, apesar das leis de natureza (que cada um respeita quando tem vontade
de respeitá-las e quando pode fazê-lo com segurança), se não for instituído um poder
suficientemente grande para nossa segurança, cada um confiará, e poderá legitimamente
confiar, apenas em sua própria força e capacidade, como proteção contra todos os outros”.
HOBBES, Thomas. Leviatã. Cap. XVII. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 103.
O Absolutismo formulou justificativas teóricas, como a do filósofo político inglês Thomas
Hobbes, apresentada acima, que deram o respaldo necessário para que as monarquias
europeias tivessem seu poderio legitimado política e historicamente.
Sobre essa forma de poder político que predominou na Europa durante os séculos XVI a
XVIII, é CORRETO afirmar:
a) Em toda a Europa, o Absolutismo implantou um Estado resultante da articulação entre
nobreza fundiária e monarquia dinástica, cuja autoridade agia no ápice da pirâmide de
poder, mas não tinha poder na base, na estrutura dos direitos feudais.

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b) A monarquia absolutista foi uma forma de monarquia feudal em que a classe dominante
permaneceu a mesma, e a principal função do rei era militar, ou seja, a de mobilizar os
exércitos, caso fosse necessário lutar contra algum tipo de invasão.
c) A recuperação e a difusão, no Ocidente, do Direito Romano tiveram grande influência nos
Estados absolutistas, porque apresentavam uma concepção de soberania que reforçava a
dominação da classe feudal tradicional.
d) Contou com expresso apoio da burguesia local, pois, com a presença de um Estado
centralizado, seria possível implementar uma série de padrões monetários e fiscais que
permitiriam a ampliação das atividades comerciais.
e) O absolutismo monárquico rejeitou a natureza religiosa do poder político para defender
a necessidade de um organismo político laico, afirmando a racionalidade do Estado
Moderno, no qual as leis e as ordens eram estabelecidas pelo rei, e não por desígnios de
natureza sagrada.
46. (UNITAU 2018)
“Como bem viu Erwin Panofsky, uma das características marcantes do Renascimento é a
autoconsciência, que, para Eugenio Garin, manifestou-se, sobretudo, entre os humanistas.
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Não foram poucos os que sentiram com tristeza que se vivia um momento único, em que a
insegurança e a transformação contínuas impunham limites às obras: ‘[...] o mito do
renascimento, da nova luz e, portanto, da obscuridade correspondente que teve de precedê-
la foi produto, precisamente, da polêmica dos humanistas contra a cultura dos séculos
precedentes’”.
Adaptado de: SOUZA, L. de M. Idade Média e Época Moderna: fronteiras e problemas.
Signum, n. 7 (2005).
Assinale a alternativa que apresenta características do movimento humanista.
a) A renovação do contraste entre paganismo e cristianismo, contraste esse existente desde
o Cristianismo primitivo e que era reforçado pela Contrarreforma.
b) O desaparecimento da noção de Estado e do conceito de corpo público, substituídos pelo
de comunas, com um novo tipo de estratificação social.
c) A contraposição entre um mundo marcado pela complexidade das formas e a simplicidade
de significação da natureza.
d) A presença do realismo, o secularismo e o individualismo, além do entusiasmo pela
Antiguidade Clássica, e, na pintura, pelos retratos, pelas paisagens e pela natureza morta.
e) A presença de manifestações artísticas eminentemente religiosas, cujos temas têm por
objetivo persuadir os fiéis e estimular a piedade entre eles.
47. (UNITAU 2017)

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A partir do séc. XVI, a centralização e o fortalecimento do poder do rei foram sendo


estabelecidos pela manutenção do equilíbrio entre os grupos sociais da nobreza e da
burguesia. Nesse mesmo período, grandes transformações ocorreram na organização da
Igreja católica, com o movimento reformista, liderado por Lutero, e com a formação de novas
doutrinas.
Sobre a relação entre a ascensão do poder real e a reforma religiosa, é CORRETO afirmar:
a) Na península Ibérica, o absolutismo formou-se séculos após o movimento reformista e
não contou com o apoio do clero católico.
b) Na Inglaterra, houve a utilização da religião na luta pelo poder, o que resultou na
consolidação da dinastia Tudor.
c) Na França, a nova religião calvinista serviu de base para a organização dos huguenotes,
grupo que colaborou para a implantação do absolutismo real.
d) Na Alemanha, o apoio dos príncipes a Lutero foi fundamental, porque desejavam juntar
seus domínios aos do imperador e apossarem-se dos bens da Igreja.
e) O Estado absolutista conseguiu se estabelecer devido ao movimento da Reforma
Católica, promovido pela Igreja, que, em troca, passou a contar com o apoio irrestrito de
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todos os monarcas.
48. (UNITAU 2017)
Publicada pela primeira vez em 1605, a obra Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, tornou-
se referência literária e documental ao tratar do contexto da Idade Moderna, criticando a
sociedade daquele momento. Essa crítica era feita em relação
a) aos padrões morais do homem moderno.
b) ao pioneirismo espanhol na descoberta da América.
c) à permanência dos ideais da cavalaria medieval.
d) ao retorno às referências clássicas.
e) ao poder do senhor feudal.
49. (UNITAU 2016)
Três grandes obras ilustram o ideal humanista na Europa do século XVI: Elogio da Loucura,
de Erasmo de Roterdã, O Príncipe, de Nicolau Machiavel, e Utopia, de Thomas Morus.
As afirmações a seguir tratam do ideal humanista.
I. O pensamento humanista valorizava as obras da Antiguidade Clássica e aliava o
conhecimento à preocupação com a erudição, o que levou à expansão da educação.
II. O humanismo é concebido, comumente, como um empreendimento moral e intelectual,
que colocava o homem no centro dos estudos e das preocupações filosóficas.

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III. O humanismo surgiu para designar atitudes renascentistas que faziam a crítica à
religiosidade e defendiam a leitura dos clássicos na educação.
Está CORRETO o que se afirma em
a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) III, apenas.
e) I, II e III.
50. (UFPR 2016)
Segundo a historiadora Miri Rubin, “longe de serem estéreis e previsíveis, as universidades
medievais produziram não apenas servidores civis e burocratas eclesiásticos como também
pensadores radicais, cuja obra teve impacto real e que, apesar de suas críticas desafiadoras,
morreram em suas próprias camas, e não na cela de uma prisão”.
(Revista Ensino Superior, Unicamp, 25/04/2012)
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A partir desse excerto e dos conhecimentos sobre o período medieval europeu, assinale a
alternativa que relaciona as universidades com seu contexto de surgimento e expansão.
a) As universidades foram patrocinadas pelo papado, para fornecerem profissionais
preparados para atuar num contexto de expansão marítima e comercial e de declínio da
Igreja Católica perante a formação dos Estados Nacionais, ao mesmo tempo em que
estimulariam a autonomia do conhecimento escolástico.
b) As universidades foram patrocinadas pelos comerciantes burgueses, a fim de fornecerem
profissionais para atuar num contexto de iluminismo científico e de feudalização da
sociedade, com o propósito de substituir os mosteiros como fonte produtora de
conhecimento científico e tecnológico.
c) As universidades foram patrocinadas pelo papado ou por reis e príncipes, a fim de
fornecerem profissionais para atuar num contexto de renascimento urbano e comercial e de
formação dos primeiros Estados Nacionais, tornando-se espaços autônomos de valorização
do conhecimento científico.
d) As universidades surgiram patrocinadas pelo papado, a fim de fornecerem profissionais
para atuar num contexto de declínio do poder da nobreza, com o intuito de criar espaços
autônomos para estudo do direito e da matemática, de modo a servir à nascente
administração eclesiástica.
e) As universidades surgiram patrocinadas por reis, príncipes ou pelo papado, a fim de
fornecerem profissionais tanto para o gerenciamento eclesiástico das cidades pertencentes

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à Igreja Católica quanto para as cortes das nascentes monarquias nacionais, em um contexto
de revolução científica.
51. (UFPR 2012)
Tenho insistido também que a monarquia deve ser atribuída exclusivamente aos varões, já
que a ginecocracia vai contra a lei natural; esta deu aos homens a força, a prudência, as
armas, o poder. A lei de Deus ordena explicitamente que a mulher se submeta ao homem,
não só no governo de reinos e impérios, mas também na família. (...) Também a lei civil proíbe
à mulher os cargos e ofícios próprios ao homem. (...) É extremamente perigoso que uma
mulher ostente a soberania. (...) No caso de uma rainha que não contraia o matrimônio – caso
de uma verdadeira ginecocracia –, o Estado está exposto a graves perigos procedentes tanto
dos estrangeiros como dos súditos, pois caso seja um povo generoso e de bom ânimo
suportará mal que uma mulher exerça o poder. (Jean Bodin, Los seis libros de la republica.
Edição espanhola de 1973, p. 224.)
A citação extraída do livro do jurista francês Jean Bodin (1530-1596), publicado em 1576,
refere-se ao exercício do poder soberano por mulheres, algo que seria contrário às leis da
natureza, à lei de Deus e às leis civis, de acordo com o pensamento político da época.
Contudo, uma importante monarca contemporânea a Bodin, Elizabeth Tudor, exerceu o
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poder político em condições adversas e muitas vezes ameaçadoras à sua integridade física,
e seu longo reinado foi considerado pelos historiadores como a “época dourada” da
Inglaterra. Sobre a monarquia e o exercício do poder soberano, é correto afirmar:
a) Durante o século XVI, o poder soberano das monarquias europeias foi enfraquecido,
devido ao renascimento dos impérios e do papado.
b) A lei sálica, presente nas constituições de alguns reinos europeus, permitia que as
mulheres exercessem o poder soberano, e é contra essa lei que se coloca Jean Bodin.
c) O conceito de poder soberano foi determinante para o exercício da tirania dos reis
absolutistas no século XVI, que governaram sozinhos ao fechar os parlamentos.
d) Elizabeth exerceu o poder soberano por tanto tempo porque aceitou dividi-lo com a Igreja
Anglicana.
e) O poder soberano de monarcas como Elizabeth se fundamentava no princípio de não
reconhecer poder superior ao do rei, a não ser o poder divino.

9. GABARITO

3. D
1. B 4. C
2. D 5. D

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6. E 30. A
7. E 31. B
8. C 32. D
9. B 33. E
10. D 34. B
11. A 35. C
12. E 36. E
13. D 37. B
14. D 38. C
15. A 39. A
16. A 40. E
17. E 41. A
18. B 42. A
19. A 43. B
20. D 44. D
21. C 45. D
22. E 46. D
23. A 47. B
24. C 48. C
25. B 49. A
26. D 50. C
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27. D 51. E
28. C
29. E

10. QUESTÕES APROFUNDAMENTO - (COMENTÁRIOS)


1. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)

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A imagem acima representa Martinho Lutero (1483-1546) em sua própria defesa na Dieta de
Worms, uma assembleia oficial do Sacro Império Romano Germânico que, dentre outras
questões político-religiosas, apurou acusações de heresia. Durante uma de suas falas,
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marcadas por defender seus escritos, ele precisou responder objetivamente se concordava
com o conteúdo que havia escrito ou se pretendia, Lutero disse:
“A não ser que eu esteja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pela razão clara, sou
limitado pelas Escrituras que citei e minha consciência é cativa à palavra de Deus. Não posso
e não irei me retratar de nada, uma vez que não é nem seguro nem correto agir contra a
consciência. Esta é minha posição."
(BBC News. Os 500 anos do inquérito de Lutero, que abriu o mundo ocidental para a liberdade de
pensamento. 25 de abril de 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-
56809062. Acesso em: 29/04/2021)

O discurso de Lutero representa qual elemento inovador da Reforma Protestante:


a) a presença da influência socialista na crítica à Igreja católica, base para uma nova religião.
b) o sacerdócio universal, com destaque para o papel do individuou na consciência de seus
atos.
c) a inclusão da razão como elemento para o alcance da fé, porém, sem que esta se subordine
aquela.
d) a crítica às investiduras de Roma em povoados de reinos não tutelados pelo papado.
e) a supremacia da razão sobre a fé, conforme a expressão “razão clara”.
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a) errado, pois a ideologia socialista surge no século XIX. Lutero pretendia ampliar o debate
acadêmico religioso. Segundo a historiadora Jaquelini de Souza, professora na Universidade
Regional do Cariri e pesquisadora nas Faculdades EST (antiga Escola Superior de Teologia),
instituição da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Lutero não pretendia fundar
uma nova religião, nem abandonar o catolicismo. "Quando ele publicou suas 95 teses, ele
chamava para um debate acadêmico, queria conversar com seus pares sobre uma prática
que ele considerava abusiva: seu objetivo era combater [a venda de] indulgências".
b) correto, é o gabarito, pois, além de se opor à venda de indulgências, Lutero defendia que
a conexão dos fieis deveria ser direta com o divino, com Deus. Não por menos ele traduz a
bíblia do latim para o alemão na expectativa de que os leigos pudessem fazer sua própria
interpretação a partir do acesso aos textos religiosos. Além disso, conforme o teólogo e
historiador Sérgio Ribeiro Santos, coordenador do curso de História na Universidade
Presbiteriana Mackenzie, "Sua resposta [de Luterofoi icônica. Ao dizer que não é bom
alguém agir contra a própria consciência, sua declaração marcou época. Futuramente, um
dos primeiros direitos individuais passa a ser o direito de crença, de consciência".
c) falso, pois isso não era inovador. Lutero era agostiniano, ou seja, antes dele, Santo
Agostinho já havia feito uso da razão para estabelecer uma combinação com a fé.
d) errado, a crise das investiduras ocorreu no século XI.
e) errado, pois a doutrina agostiniana não colocava a razão acima da fé e, da mesma forma,
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Lutero assim não procedia.


Gabarito: B

2. (Estratégia Vestibulares/2020/Profe. Alê Lopes)


A relação entre o Renascimento cultural e o ambiente urbano na Europa dos séculos XV e
XVI justifica-se porque:
a) as cidades eram centros comerciais e favoreciam o contato com a cultura árabe, cujo
domínio das técnicas do retrato e da perspectiva sobrepôs-se à arte europeia, dando origem
ao Renascimento.
b) a presença de artistas nas cidades atraía os investimentos de ricos burgueses em busca de
prestígio social, fazendo com que as regiões que concentravam os artistas, como a Itália e
os Países Baixos, se urbanizassem mais que as outras.
c) nas cidades podia-se estudar a cultura artística em universidades, dedicadas ao cultivo da
tradição clássica e ao ensino de novas técnicas, como o uso do estilo gótico na arquitetura e
da perspectiva na pintura.
d) a riqueza concentrada nas cidades permitia a prática do mecenato, enquanto o
crescimento do comércio estimulava o encontro entre as culturas europeia e bizantina,
possibilitando a redescoberta dos valores da antiguidade clássica.
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No contexto de transformações na transição da Idade Média para a Moderna, o renascimento


urbano se desenvolveu nos centros urbanos e comerciais. No espaço das cidades havia, portanto,
uma significativa concentração de riqueza. Por isso, os historiadores afirmam que havia uma
competição - não apenas econômica-, mas também de influência política e social. Por isso, os
mercadores importantes, bem como bispos e até mesmo os nobres, patrocinavam a arte e a
cultura para se tornarem figuras importantes na sociedade. Ter um retrato de si pintado era sinal
de poder e status social. Dessa forma, é importante ressaltar o mecenato pela importância que
essa prática teve para a expansão e divulgação do renascimento cultural.
Além disso, as ideias humanistas se espalhavam pela Europa por meio das rotas comerciais.
Dito isso, podemos afirmar que a alternativa correta é D, pois resume com muita precisão a relação
entre o Renascimento Cultural e o ambiente urbano da Europa a sua época.
Vejamos os erros nas demais alternativas:
a- Foram os europeus renascentistas que desenvolveram e dominaram a técnica da
perspectiva, e não os árabes como sugere a questão.
b- A alternativa inverte a relação de causalidade. Cuidado!! Não foi a concentração de artista
que favoreceu o desenvolvimento da urbanização, mas o contrário. O comércio gerou
urbanização que gerou o desenvolvimento de artes justamente porque havia possibilidade
de financiamento dos artistas.
c- As Universidades ainda se constituíam em espaços cujos métodos e teorias predominantes
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eram os medievais e religiosos. As mudanças foram sendo introduzidas aos poucos ao


longo dos séculos.
Gabarito: D

3. (Estratégia Vestibulares/profe. Alê Lopes)


“É somente na minha pessoa que reside o poder soberano. É somente de mim que os meus
tribunais recebem a sua existência e sua autoridade; a plenitude desta autoridade, que eles
não exercem senão em meu nome, permanece sempre em mim, e seu uso nunca pode ser
contra mim voltado; é unicamente a mim que pertence o Poder Legislativo sem dependência
e sem partilha; é somente por minha autoridade que os funcionários dos meus tribunais
procedem; toda ordem pública emana de mim, e os direitos e interesses da nação estão
necessariamente unidos com os meus e repousam nas minhas mãos.”
Declaração do rei francês, Luís XV, em 1766. Apud: Paulo Miceli. História Moderna.
Se perguntássemos: como os reis modernos veem a si mesmos?, a partir da Declaração de
Luís XV, poderíamos responder:
a) Como loucos e sedentos de poderes, de modo que agiam de maneira irracional para
conquistá-lo.
b) Como grandes dirigentes da nação, de modo que lançavam mão de um sistema partilhado
de poder.

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c) Como soberanos, cuja origem de todo poder estava em suas mãos, de modo que suas
ações legitimavam existência dos demais poderes.
d) Como deuses, cuja origem do poder era determinado por Deus e, por isso, era sagrado.
e) Como reis absolutistas, que reinavam, mas não governavam de fato devido à existência
dos Parlamentos.
Comentários:
a) falso, pois os reis eram bem instruídos na arte de governas, haja vista a obra O Príncipe
de Maquiavel. Além disso, seria estranho os reis se autodeclararem loucos. Na condição de
deuses que mandavam e desmandavam, até podiam fazer isso. Mas, mesmo se assim
procedessem, a característica que sobressairia não seria a de loucos, mas sim de deuses.
b) errado, pois predominava a concentração de poder.
c) errado, não havia outros poderes descentralizados, apenas o poder absoluto. Quer dizer,
isso na França. Já na Inglaterra havia o Parlamento, mas este ficou fechado durante um bom
tempo, no século XVII, quando os reis católicos governaram.
d) sim, porque todo poder, incluindo-se normas de conduta, julgamentos, execução da
administração, concentra-se no rei. Assim, os reis exerciam não só um poder de governo,
mas um poder sobre os indivíduos, como deuses.
e) errado. Na França não foi assim, pois os Burbons reinaram de forma absoluta. DA mesma
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forma, em Portugal. O parlamento foi uma instituição presente na história inglês.


Gabarito: D

4. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Advogados, historiadores, linguistas, juízes e descendentes de Dante Alighieri vão fazer uma
conferência na sexta-feira (21) para revisar uma condenação feita há sete séculos. Em 1302,
o escritor foi condenado à fogueira por corrupção, perjúrio e fraude, deixou Florença, na
Itália, e ficou proibido de voltar à então cidade-Estado. A revisão judicial faz parte das
homenagens que marcam o 700º aniversário da morte do poeta e é um gesto simbólico,
segundo Traversi. Ela tem a intenção de investigar se as sentenças foram justas ou “fruto
envenenado da política que usou a Justiça para atacar um oponente”, afirmou o advogado.
(NEXO Jornal. Por que a Itália vai revisar a condenação de Dante Alighieri. 19/05/2021.
Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/05/19/Por-que-a-It%C3%A1lia-vai-
revisar-a-condena%C3%A7%C3%A3o-de-Dante-Alighieri. Acesso em: 19/05/2021)

Apesar de ser notoriamente conhecido por sua contribuição na literatura, com A Divina
Comédia, o suposto julgamento político porque passou Dante Alighieri – motivo de
questionamento séculos depois - expõe um contexto em que parte da Europa
a) estava fortalecendo as relações sociais feudais para retomar o controle dos poderes
descentralizados, em particular, na Península Ibérica, com vistas à expulsão dos árabes.

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b) estava sob o arbítrio das monarquias absolutistas e sob a perseguição de opositores que
apresentassem ideias críticas ao direito divino dos reis governarem.
c) iniciava a construir uma unidade cultural que se formava em torno do renascentismo, no
final da Idade Média, em contraste com as disputas fraticidas existentes no âmbito da
política.
d) principalmente, a Itália, despontava com atividades comerciais ultramarinas em direção ao
comércio com o Oriente, motivos que levaram à tensão com a Igreja Católica.
e) vivia sob o juízo da contrarreforma religiosa, razão que levou à perseguição de Dante
Alighieri.
Comentários
Gente, gente!! Atenção, tema quente para 2021/2022, pois o ano de 2021 marca o
700º aniversário de morte do poeta e filósofo italiano Dante Alighieri. Vamos lá!
Sobre o movimento renascentista, vamos lembrar que ele representou o novo, o
moderno, o mundo das cidades e da circulação do dinheiro, em oposição ao modo de vida
medieval. Dante Alighieri (1265-1321) estava inserido no início desse contexto e sua produção
literária representou a tendência desse processo. Em uma passagem de A Divina Comédia,
por exemplo, ele expõe a prática cristã de condenação da usura, ou seja, um dos elementos
(juros) que impulsionava o novo, o comércio. Olha só:
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“Se volveres a lembrança ao Gênese, entenderás que o homem retira da natureza seu
sustento e a sua felicidade. O usuário, ao contrário, nega a ambas, desprezando a natureza e
o modo de vida que ela ensina, pois outros são no mundo seus ideais”.
(Dante Alighieri, A Divina Comédia, Inferno, Canto XI, tradução de Hernâni Donato).
Veja, então, que ele transportou para a literatura a tensão que marcaria o renascentismo
e, logo em seguidas as reformas religiosas. Era, assim, um pensador de visão. Por isso, como
protagonista do humanismo, esse autor anunciou e sintetizou duas críticas que se expandiram
com os pensadores do período da Renascença que o sucederam, quais sejam:
• A crítica aos desvirtuamentos na Igreja Católica, muito em voga durante as Reformas (já vistas
nesta aula);
• A crítica à desorganização do poder político na Itália, anunciado o que seriam os fundamentos
do Estado Monárquico Absolutista
A título de curiosidade, no século XIV, Florença se dividiu em duas facções políticas: a
negra e a branca. Dante era membro do partido branco e foi acusado de corrupção quando
os negros assumiram o controle da cidade em 1301. Ele foi multado, banido por dois anos e
proibido permanentemente de ocupar um cargo público. Dante, no entanto, não pagou a
multa nem compareceu ao tribunal e, por isso, foi condenado à morte. No exílio, caso fosse
capturado por soldados de Florença, seria queimado vivo. Foi no exílio que ele escreveu A
Divina Comédia.

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Então, veja, apesar da efervescência cultural, a Itália não passava por um processo de
unificação nacional e, tampouco, política, as disputas entre facções, famílias e os “partidos”
da época criavam situações de guerra civil e transmitia instabilidade para toda e qualquer
tentativa de construção de poder unitário e forte. Não por menos, logo adiante, Maquiavel
irá publicar O Príncipe, no início do século XVI, uma tentativa de fornecer elementos teóricos
para a arte de governar e manter a estabilidade do governo.
Diante disso, nosso gabarito é a alternativa C.
Por fim, vou deixar um “aprenda se divertindo” para vocês. Olha só: no link
https://www.uffizi.it/mostre-virtuali/dante-istoriato-paradiso#1 você encontra uma exposição
virtual desenhos em alta definição feitos pelo pintor italiano Federico Zuccari entre 1586 e
1588 sobre A Divina Comédia.
a) falso, pois na Baixa Idade Média as relações feudais estavam sofrendo
transformações em direção ao seu fim e substituição por novas relações sociais, marcadas pelo
renascimento comercial.
b) falso, pois neste momento, as monarquias nacionais ainda não tinham começado a
se formar.
d) falso, pois os pioneiros na expansão comercial marítima em direção às Índias foram
os portugueses e os espanhóis.
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e) falso, pois a contrarreforma ocorreu a partir da primeira metade do século XVI, em


resposta às reformas protestantes.
Gabarito: C

5. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


O matemático e geógrafo flamenco Gerardo Mercator foi fundamental para o
desenvolvimento da cartografia no século XVI. Assim como outros documentos, os mapas
são considerados fontes históricas que carregam características próprias do contexto em que
foram produzidos. Analisando-os é possível captar visões de mundo que circulavam nas
sociedades de seu tempo.

Orbis Terral Compendiosa, o mapa-múndi de Mercator, 1587. Biblioteca Britânica, Londres.

A representação cartográfica de Mercator

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a) carregava vários elementos da mentalidade medieval. Esse tipo de mapa continha uma
série de referências bíblicas, estabeleciam Jerusalém como centro do mundo e projetavam
o Jardim do Éden.
b) fazia parte de um contexto mais amplo de mudanças de paradigmas de pensamento
causadas pelo movimento iluminista, que se opunha ao racionalismo renascentista.
c) foi confeccionada graças ao uso de aviões, que permitiram a Mercator e outros cartógrafos
a ter uma perspectiva mais realista do espaço, proporcionada pela altura da qual podiam
observar.
d) diferente dos mapas medievais, tinha uma função geográfica e representava espaços
físicos observados ou intuídos por meio da exploração territorial. Nota-se a influência das
ideias renascentistas.
e) pôde ser confeccionada graças a navegações de espanhóis e portugueses, que exploraram
o globo contratando cartógrafos renascentistas. Inclusive, Mercator foi o cartógrafo de
Colombos, em 1492.
Comentários
Atente-se à data indicada pelo enunciado: século XVI. O mapa reproduzido é de 1587.
Portanto, estamos falando de um período de grandes transformações sociais, econômicas,
políticas e culturais na Europa. A colonização da América já havia se iniciado; o renascimento
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cultural abalava paradigmas do pensamento medieval; as reformas protestantes questionavam as


prerrogativas da Igreja Católica; e as monarquias absolutistas estava começando a se consolidar.
O tema específico da questão são as mudanças nas técnicas e concepções da cartografia. Tendo
isso em vista, vejamos qual alternativa apresenta a afirmação correta sobre o mapa de Mercator:
a) Incorreta. Realmente, as características apontadas eram elementos da mentalidade
medieval expressos nos mapas. No entanto, a cartografia de Mercator não se enquadra nessa
tradição. Pelo contrário, ele apresenta várias rupturas em relação a ela. O fato dele ter retratado
o planeta como uma esfera e ter aplicado técnicas de distorção para retratar os polos e alguns
continentes são consequência da influência renascentista na formação do cartógrafo.
b) Incorreta. De fato, a cartografia de Mercator se enquadra em um contexto de mudança
de paradigma de pensamento. Porém, essa mudança não era causada pelo iluminismo, pois este
movimento só se iniciou em meados do século XVII. Na verdade, a influência maior aqui é do
renascimento cultural, ocorrido entre o século XIV e o início do XVII. Por outro lado, o racionalismo
era um princípio importante para ambos os movimentos.
c) Incorreta. Não existiam aviões nesse período. Esse meio de transporte só foi inventado
no século XX. Mercator confeccionou seus papas com base em descrições de viajantes, nas suas
próprias viagens e em cálculos matemáticos.
d) Correta! Essas eram as características que diferenciavam um mapa moderno, como o de
Mercator, de um mapa medieval. O renascimento pregava o empirismo, a técnica, o processo
científico com base na observação. Por isso, cada vez menos criaturas e fenômenos bíblicos eram

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retratados na cartografia, ao passo que se buscava representar o espaço geográfico de forma mais
utilitária.
e) Incorreta. Mapas como o de Mercator puderam mesmo ser concebidos graças as grandes
navegações e a contratação de cartógrafos renascentistas para registrar o percurso feito por essas
expedições. No entanto, Mercator não esteve na primeira viagem de Colombo.
Gabarito: D

6. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Em outras palavras, se não dá para atribuir importância central aos vínculos econômicos do
comércio, de importação e exportação Leste e Oeste, isso se deve ao fato de que o próprio
modo de produção feudal – de modo algum superado na Europa Ocidental durante os
séculos XVI e XVII – não conseguia criar um sistema econômico unificado.
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista.
Entre as causas da dificuldade para o avanço da economia no início da Idade Moderna,
podemos citar
a) A falta de interesse da burguesia.
b) As restrições impostas pela Igreja Católica.
c) Controle das rotas comerciais europeias pelos muçulmanos.
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d) Falta de apoio político das monarquias centralizadas.


e) A ausência de unidade monetária, bem como escassez de metais preciosos.
Comentários
O Século XVI e XVII foi marcado por uma transição do sistema feudal estabelecido na
Idade Média para o sistema mercantilista surgido no início da Idade Moderna. Nesse
momento, os europeus viviam inúmeros acontecimentos, como as expansões marítimas, o
surgimento do Protestantismo, a ascensão da classe burguesa, a centralização política das
monarquias europeias e o Renascimento Cultural e Científico. Tudo isso fez surgir o modelo
econômico mercantilista, porém suas formas eram variadas e multifacetárias, causando
desigualdade econômicas entre os Estados Modernos.
Entre as dificuldades da economia mercantil durante o início da Idade Moderna, vejamos
a alternativa correta:
a) Errado. A Burguesia era a principal classe econômica interessada na expansão do
comércio, nesse período. Com o renascimento comercial e urbano, surge uma classe de
comerciantes que se consolida durante o Período Moderno. Esses eram os principais agentes
econômicos do Mercantilismo.
b) Errado. A Igreja Católica vivia um momento de enfraquecimento, visto o
crescimento dos adeptos as reformas religiosas propostas pelos Protestantes ao início do
século XVI. Sua influência se concentrava principalmente nos países ibéricos, nos reinos

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italianos e em boa parte dos territórios franceses. Ela não conseguia se impor sobre as
transformações econômicas desse momento.
c) Errado. Durante os séculos mencionados acima, os europeus já haviam começado
as expansões marítimas, quebrando o monopólio comercial dos muçulmanos e de algumas
cidades italianas com o Oriente.
d) Errado. As Monarquias europeias, em sua maioria, apoiavam o avanço da economia
capitalista mercantilista.
e) Gabarito. De um ponto de vista geral, a Idade Média foi um período de isolamento
regional da Europa com o restante do mundo. Os feudos produziam somente o suficiente
para seus habitantes. Então não existiam muitas trocas comerciais e os pagamentos de
impostos e taxas eram feitos com a própria produção. Isso fez a moeda desaparecer em
algumas regiões, por desuso. Com o renascimento comercial, essa escassez acabou por
dificultar as trocas comerciais. Não havia metais preciosos suficientes para sustentar o novo
sistema econômico agora baseada em um sistema monetário.
Gabarito: E

7. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)


“Os mesmos sentimentos de hostilidade aos poderes da Igreja cresciam, nos anos que
antecederam a Reforma, na voz das próprias autoridades seculares. [...] Tais atitudes se
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constatavam, em particular, naqueles países que mais tarde viriam a ser os mais receptivos à
Reforma luterana”.
SKINNER, Q. As Fundações do Pensamento Político Moderno. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996, p. 339.
As principais fontes de tensão entre o Estado e Igreja nos países europeus, no contexto das
Reformas Protestantes, foram
a) a insistência de muitas autoridades seculares em manter crenças politeístas e a
inflexibilidade do clero em realizar as cerimônias religiosas em língua vernacular.
b) a conversão de muitos reis europeus ao islamismo, tornando-o religião oficial de seus
reinos, e o antissemitismo propagado pelo clero católico.
c) a defesa da reforma agrária pelos setores eclesiásticos e o aumento dos tributos sobre os
camponeses e a burguesia.
d) a rejeição da participação de ordens regulares na empresa colonial e a adoção de
costumes indígenas nas cerimônias públicas dos governos europeus.
e) privilégios e jurisdições que o clero aspirava tradicionalmente, além das vastas extensões
de terras pertencentes a comunidades religiosas.
Comentários

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O enunciado nos entrega de bandeja que o tema da questão são as Reformas Protestantes.
Estas foram um conjunto de movimentos religiosos diversos que eclodiram na Europa por volta
do século XVI. Esses movimentos foram motivados pela insatisfação de muito setores das
sociedades europeias a respeito de determinados dogmas da Igreja e comportamentos do clero
católico. Tais como: a venda de indulgências, a ostentação de riquezas, a hierarquia rígida e
vertical do clero, entre outros. A principal classe social que aderia às Reformas costumava ser a
burguesia, uma vez que a Igreja condenava suas formas de sustento e enriquecimento. No
entanto, em muitos lugares camponeses, trabalhadores urbanos e até parte da nobreza e alguns
monarcas romperam com o catolicismo. Note que a questão aborda especificamente as
motivações das autoridades seculares, ou seja, aquelas que trabalhavam no Estado. Com isso em
mente, vejamos quais foram as principais fontes de tensão entre o Estado e a Igreja naquele
contexto:
a) Incorreta. No século XVI, a maioria dos Estados europeus e seus funcionários eram
cristãos, logo monoteístas. Além disso, a Igreja insistia em realizar as cerimônias religiosas em
latim, não em língua vernacular (aquela falada pelas pessoas). Inclusive, usar as línguas correntes
era uma das principais reivindicações dos movimentos reformadores.
b) Incorreta. Nenhum rei europeu se converteu ao islamismo naquele contexto. Ainda, o
antissemitismo (ódio contra judeus) era algo generalizado nas sociedades europeias da época,
tanto entre clero quanto entre as autoridades seculares e as classes sociais no geral.
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c) Incorreta. O clero não defendia a realização de uma reforma agrária. Pelo contrário, o
estamento clerical costumava atuar para legitimar a ordem social vigente. Por outro lado, de fato
era um contexto em que muitas monarquias aumentavam os tributos sobre camponeses e
burgueses. Porém, isso não era uma fonte de atrito entre Estado e Igreja. Inclusive, o próprio clero
também cobrava dízimos exorbitantes que igualmente nutriram a insatisfação popular que
inspirou os movimentos reformadores.
d) Incorreta. As monarquias católicas que se aventuraram nas grandes navegações e na
colonização de outros continentes usaram, e muito, o serviço das ordens regulares, como os
jesuítas, franciscanos, carmelitas, entre outras. E nenhuma delas adotou costumes indígenas na
realização de cerimônias públicas do Estado. Na verdade, em alguns países era comum colocar
grupos de cada território conquistados para se apresentarem brevemente em festejos e
celebrações públicas, como aniversários ou casamentos da realeza, mas eram fenômenos bem
circunscritos que não afetavam a administração do governo em si.
e) Correta! Muitos monarcas e nobres entravam em conflito com o clero, e mesmo com o
papa, a respeito da prerrogativa de nomear sacerdotes para compor o alto clero (bispos, cardeais,
etc.). Também era comum que autoridades seculares e eclesiásticas disputassem a jurisdição sobre
algum serviço ou função pública, como a educação, sobretudo nas universidades onde grande
parte delas era formada. As irmandades de leigos igualmente eram alvo dessa briga de jurisdições,
frequentemente tendo que recorrer ora a um, ora a outro poder para conseguir alguma
autorização para execução de suas atividades. Por fim, as propriedades fundiárias e demais
riquezas que o clero sustentava eram alvo da cobiça de muitos nobres, monarcas e burgueses,

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que defendiam o confisco de pelo menos parte disso pelo Estado. Essas motivações guiaram a
decisão de grande parte da nobreza alemã a aderir ao luteranismo. Na Inglaterra, o rei Henrique
VIII rompeu com a Igreja Católica e fundou a Igreja Anglicana por essas razões, além de seu desejo
pessoal de obter um divórcio oficial.
Gabarito: E

8. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)


“[A] origem [do termo burocracia] é o vocábulo francês bureau, tecido grosso de lã com que
antigamente se forravam mesas. Por translação passou-se a chamar de bureau
sucessivamente a mesa, o lugar em que se juntavam mesas para trabalhos geralmente de
administração [...], as repartições públicas e os tipos de funções e trabalhos que nelas se
realizavam. Empregava-se também o termo para qualificar os empregados que serviam
nesses lugares [...].”
Dicionário de ciências sociais. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1987, p. 131.
De acordo com o texto, a formação da burocracia estatal esteve vinculada a (ao)
a) Reforma Protestante, que provocou a separação entre o Estado e a Igreja em toda a
Europa.
b) invasões bárbaras de povos oriundos do Leste europeu e da Ásia, gerando a fragmentação
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de vários reinos.
c) racionalização administrativa própria do processo de centralização das monarquias
nacionais.
d) adoção de princípios iluministas na gestão dos governos, dando origem ao despotismo
esclarecido.
e) o incentivo às Cruzadas, que envolvia a promessa de terras, cargos públicos e privilégios
aos que aderissem.
Comentários
A formação da burocracia estatal, isto é, uma camada de funcionários públicos a serviço do
governo, na Europa, esteve associada ao processo de formação do Estado moderno. Podemos
localizar o início desse processo entre o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna, entre os
séculos XIV e XVII, dependendo do país estudado. Nesse período, o mundo europeu também
vivenciava a revitalização do comércio e das cidades, a difusão do humanismo e do renascimento
cultural, a proliferação de universidades, as grandes navegações, as reformas protestantes e a
centralização do poder na figura dos monarcas. Com isso mente, vejamos ao que esteve vinculada
a formação da burocracia estatal:
a) Incorreta. Como mencionei, a Reforma Protestante realmente aconteceu no mesmo
contexto que a formação da burocracia estatal. No entanto, esta última teve início ainda durante
a Baixa Idade Média (XIV-XV), as monarquias centralizavam o poder e necessitavam de um corpo

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de funcionários fiéis para executar sua administração do território e das populações. Por sua vez,
a Reforma só teve início no século XVI.
b) Incorreta. A Europa vivenciou duas grandes ondas de povos bárbaros vindos do leste:
entre os séculos III e V, que resultou na queda do Império Romano do Ocidente e no surgimento
de vários reinos germânicos; e entre os séculos IX e X, que culminou na fragmentação do Império
carolíngio e na consolidação do feudalismo. Então, note que ambos os fenômenos se deram muito
antes do início do processo de centralização das monarquias na Baixa Idade Média (XIV-XV).
c) Correta! Conforme o poder era centralização pelos reis, foram necessárias várias
mudanças para assegurar a eficiência da ação governamental e a obediência ao monarca. Nesse
sentido, a burocracia estatal e a sociedade de corte se compuseram daqueles nobres, burgueses
e clérigos mais ricos e influentes que eram próximos dos reis. Além disso, também foram criados
exércitos permanentes e sistemas unificados de leis válido em todo o território nacional.
d) Incorreta. De fato, o iluminismo e o fenômeno do despotismo esclarecido levaram a
racionalização administrativa a um novo patamar. Contudo, quando as primeiras ideias iluministas
começaram a circular, por volta do século XVII, a maioria das burocracias estatais dos principais
reinos europeus já estava formada. Nesse sentido, as ideias iluministas apropriadas pelo
despotismo esclarecido serviram para aprimorar ainda mais essa burocracia.
e) Incorreta. As Cruzadas foram um conjunto de expedições militares de cunho religioso
organizadas pelos europeus para retomar a cidade sagrada de Jerusalém que estava sob domínio
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muçulmano desde o século VII. Essas expedições ocorreram entre os séculos XI e XIII, ou seja,
bem antes das monarquias europeias darem início ao processo de centralização e,
consequentemente, da formação da burocracia estatal.
Gabarito: C

9. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)


“21 – Estão errados os pregadores de indulgência que dizem que um homem é libertado e
salvo de todo castigo dos pecados pelas indulgências papais. [...]
27 – Eles pregam que a alma voa para fora do Purgatório tão logo tilinte o dinheiro jogado
na caixa. [...]
45 – Os cristãos deveriam aprender que todo aquele que vê um homem necessitado e não
socorre, e depois dá dinheiro para perdões, não está comprando para si a indulgência do
papa mas a cólera de Deus. [...]
82 – Por que o papa não esvazia o Purgatório apenas por caridade, se o faz através de uma
basílica?”
LUTERO, Martinho [1517]. In: Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª
séries. São Paulo: SE/Cenp, 1980, p. 81-82.
No trecho, Martinho Lutero crítica a venda de indulgências para afirmar o princípio de
a) sacerdócio universal.

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b) justificação pela fé.


c) autoridade pela palavra revelada.
d) predestinação.
e) livre arbítrio.
Comentários
A questão aborda a Reforma Protestante, um conjunto de movimentos religiosos que
passaram a contestar o monopólio da Igreja Católica sobre o cristianismo, fundando novas
vertentes dissidentes a partir do século XVI. Mais especificamente, a questão trata do movimento
liderado por Martinho Lutero, na Alemanha, considerado o pioneiro do protestantismo. Lutero
era um monge católico, de origem burguesa, que começou a questionar vários dogmas católicos
e comportamentos do clero. Suas ideias se espalharam a partir de 1517, quando ele escreveu suas
95 Teses, das quais o enunciado selecionou o trecho apresentado. Ele chegou a receber apoio de
parte da nobreza alemã, de muitos camponeses e, principalmente, da burguesia. Com isso,
vejamos qual dos princípios elencados, Lutero está procurando afirmar no trecho:
a) Incorreta. O princípio do sacerdócio universal, defendido por Lutero, consistia no direito
e a capacidade que todas as pessoas tem serem sacerdotes e pregarem a palavra de Deus, visto
que todos os cristãos são iguais. Note que não é isso que é abordado no trecho, mas sim a venda
de indulgências.
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b) Correta! Como mencionei antes, Lutero criticava não só alguns dogmas, como muitos
dos comportamentos e atitudes do clero que lhe pareciam inadequados e pouco embasadas nas
escrituras, como a venda de indulgências (perdão). Para ele, somente o exercício da fé levava à
salvação. Logo, não adiantava tentar obter o perdão divino com grandes obras ou compra de
indulgências.
c) Incorreta. Esse princípio complementa aquele do sacerdócio universal. A autoridade da
palavra revelada significava que todo cristão era capaz de interpretar a palavra divina contida na
Bíblia, sem a necessidade de um sacerdote mediando a leitura e interpretação. No entanto, não
é disso que o trecho destacado fala.
d) Incorreta. O princípio de predestinação era mais afirmado pelos calvinistas do que pelos
luteranos, apesar dos primeiros terem se inspirado nos segundos. Segundo esse princípio, Deus
já sabe o destino de cada pessoa, uma vez que é onisciente. Portanto, os homens não poderiam
fazer nada para alterar o que lhes acontecerá. O sinal da graça divina poderia ser identificado nas
pessoas quando elas seguiam uma rígida disciplina, de trabalho intenso e controle de gastos. Isto
lhes levaria à riqueza, o sinal definitivo da predestinação.
e) Incorreta. O livre arbítrio é a capacidade que as pessoas tem de tomar suas próprias
decisões, independente da vontade de Deus ou de qualquer outra influência. Logo, vemos que
não é disso que se trata o trecho.
Gabarito: B

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10. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)


“A invenção do telescópio permitiu aos astrônomos desvendar todo um outro mundo: a
descoberta de Saturno, a descoberta dos satélites de Júpiter, as manchas solares, as fases
de Vênus e da superfície lunar com suas montanhas e crateras. (...) A importância deste
acontecimento decorre do fato de que, pela primeira vez, a construção do conhecimento
processou-se com base em um instrumento, um engenho, um artefato humano que se
colocava entre o sujeito e o objeto do conhecimento”.
CAVALCANTE, B. Modernas Tradições: percursos da história ocidental – séculos XV-XVII.
Rio de Janeiro: Faperj/Access, 2002, p. 63-64.
As ciências do período renascentista tinham como base do conhecimento
a) a concepção de a verdade seria revelada pelo criador através de sinais observáveis.
b) a predestinação, segundo a qual o destino da humanidade interpretado na natureza.
c) a mitologia nórdica que acreditava na existência de outros mundos e seres superiores.
d) o método experimental e análise crítica, submetidos a uma rigorosa observação.
e) o princípio da autoridade da palavra revelada pelas escrituras sagradas.
Comentários
O renascimento foi um movimento cultural e intelectual que teve início nas cidades italianas
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e se espalhou pela Europa, entre os séculos XIV e XVII. Esse movimento se desenvolveu em
paralelo com os renascimentos comercial e urbano que provocaram o declínio do feudalismo. Os
humanistas se distinguiam por professarem o humanismo, filosofia que valorizava a razão, o
questionamento, o antropocentrismo, o naturalismo, bem como operava um resgate da cultura e
dos saberes das civilizações greco-romanas. Com isso em mente, vejamos o que as ciências desse
período tinham como base de seu conhecimento:
a) Incorreta. Lembre-se que o renascimento se caracterizava pela valorização da razão sobre
a fé. Portanto, a ciência renascentista não acreditava em uma verdade revelada por Deus, mas sim
na interpretação das leis da natureza.
b) Incorreta. Na verdade, a predestinação era um princípio do calvinismo, uma vertente do
protestantismo cristão fundada por João Calvino, no século XVI. Além disso, a predestinação
segundo os calvinistas não tinha a ver com o destino da humanidade revelado por sinais. Antes,
significava que Deus já sabe o destino de cada pessoa, uma vez que é onisciente. Portanto, os
homens não poderiam fazer nada para alterar o que lhes acontecerá. O sinal da graça divina
poderia ser identificado nas pessoas quando elas seguiam uma rígida disciplina, de trabalho
intenso e controle de gastos. Isto lhes levaria à riqueza, o sinal definitivo da predestinação.
c) Incorreta. Os cientistas da renascença questionavam religiões e mitos como formas de
explicação do funcionamento da natureza e do universo. Lembre-se, que a razão era o atributo
principal para a construção desse conhecimento.

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d) Correta! Os renascentistas acreditavam que o ser humano conseguiria entender a


natureza e o universo se usasse sua razão da maneira adequada. Esta maneira devia atender a
uma série de etapas para se validar uma verdade científica: a observação, a experimentação e a
análise crítica. Não à toa, o texto selecionado chama nossa atenção para a invenção do telescópio.
Este instrumento foi inventado por Galileu Galilei. Com ele, o cientista pôde atestar por meio da
observação de que a teoria heliocêntrica, até então considerada mera especulação teórica, era
matematicamente demonstrável.
e) Incorreta. Na realidade, esse é um princípio do luteranismo, vertente protestante
fundada por Martinho Lutero no século XVI, segundo a qual qualquer cristão tinha capacidade
para ler e interpretar a Bíblia.
Gabarito: D

11. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


“Em 1500 – quando os artistas estavam extremamente preocupados com proporções,
simetrias e a estética do belo –, eles nem imaginavam que cerca de três séculos depois um
quadro ‘tão grotesco’ como ‘Saturno devorando um filho’ de Francisco Goya, estaria sendo
cultuado dentro de um museu. [...]
O artista visual, Renan Archer, explica que a produção artística da Idade Média [...] a
representação do medo [...] tinha um propósito além do estético. ‘Esse tipo de mensagem
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traz o medo como um reforço da mensagem religiosa [...]’.


É difícil delimitar um momento na História da Arte no qual a temática do medo parou de ser
usada como ferramenta educacional e se tornou algo estético, uma vez que se trata de
processos lentos e de adaptações.
[...] Para Renan Archer, a nova forma de representação aconteceu com a aproximação da
arte moderna [...] [enquanto] Luciana Pacheco Favoretto acredita que a mudança começou
pelo Romantismo Europeu. ‘Esse foi especialmente o movimento artístico que trouxe para o
universo pictórico o interesse pelo tema e também a representação do macabro, do oculto
e do sobrenatural. Neste momento da arte, a representação do medo pertence a diversas
obras do período’, afirma”.
COLOMBO, Mariah Eduarda. Consciência diante do perigo: as representações do medo ao longo da História
da Arte. Disponível em https://dasartes.com.br/de-arte-a-z/consciencia-diante-do-perigo-as-representacoes-
do-medo-ao-longo-da-historia-da-arte/ Acesso em 20 jul. 2021.

As mudanças das representações sobre o medo ao longo da história são provenientes da


a) influência da sociedade na construção de sentidos e significados sociais relacionados às
emoções humanas.
b) busca permanente por segurança e bem-estar em mundo dominado pela guerra.
c) apenas de rupturas bruscas nas formas de perceber o mundo.
d) isolamento da sociedade europeia em relação ao resto do mundo durante a modernidade.

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e) persistência de valores e tradições artísticas de origem medieval graças à rigidez da


formação dos artistas renascentistas.
Comentários
Esta é uma questão teórica e seu tema são as mudanças na percepção sobre o medo na história
da arte. Portanto, acaba abarcando mais de um período histórico. A arte caminha ao lado de
grandes mudanças sociais, acompanhando a história e a filosofia, ajudando a refletir e a questionar
a realidade. Através dos artistas a arte intervém, muda e transforma a sociedade, cumprindo um
papel social e político. Existem muitas interpretações a respeito das funções da arte. Enquanto
alguns a veem como forma de comunicação, ou reação estética, outros a definem como
ferramenta de construção social. Portanto, por abarcar tantas funções e usos na sociedade, através
do tempo, seu valor como fonte histórica se destaca.
a) Correto! As mudanças na organização social e, portanto, nas necessidades objetivas dessa
sociedade resultaram em funções diferentes para a interpretação do medo. Assim, a cultura
predominante em determinada época pode ser compreendida através de objetos artísticos. Logo,
as representações do medo na história da arte dependeriam de como a sociedade de cada
período destacado se enxergava e representava.
b) Incorreto. As representações do medo na arte até têm a ver com guerras ou períodos de paz,
mas não só. Elas surgem em momentos muito diferentes da história humana, sendo reflexo de
como as sociedades se organizavam de maneira estética, religiosa, etc.
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c) Incorreto. Devemos compreender que as mudanças na forma de representação artística, desde


a Idade Média não ocorreram de modo abrupto, da noite para o dia, levando séculos para que
instituições e modos de vida se transformassem, mas se deram lentamente por meio de uma série
de adaptações.
d) Incorreto. É justamente o contrário: durante a Idade Moderna a Europa se conecta com o
restante do mundo. Vale lembrar que as Grandes Navegações e a descoberta do Novo Mundo
acontecem nesse período, que vê o mapa geopolítico se transformar profundamente.
e) Incorreto. A arte do Renascimento é caracterizada pelo equilíbrio das formas, pelo retorno aos
valores greco-romanos e pelo antropocentrismo, contrastando com a rigidez religiosa da arte
medieval e com os exageros do Barroco, período que o sucede. Como arte se transforma ao longo
do tempo, é de se esperar que certas características, estilos e modos de fazer artísticos retornem
ou deixem de ser relevantes.
Gabarito: A

12. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


“O Orlando Furioso também é considerado uma obra-prima em termos de construção
poética e da narrativa complexa. Os valores estéticos e literários da Renascença, como a
busca pela harmonia e pelo equilíbrio, encontraram nele expressão. A fantasia caminha de
mãos dadas com a loucura e o caos da guerra. Ariosto celebrou os ideais da corte e cavalaria,
embora com certo tom de desencanto”.

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ANDRADE, Karen de. Os Substitutos: tradução comentada de I Suppositi de Ludovico Ariosto.


Campinas-SP: Dissertação de mestrado, UNICAMP, p. 14.

O movimento cultural mencionado, inserido no processo de transição da modernidade


europeia, caracterizou-se pela(o):
a) reafirmação dos valores do pensamento medieval.
b) rejeição de influências culturais estrangeiras.
c) antipatia pelo modo de vida nas cortes europeias.
d) apego aos ideais socialistas.
e) renovação artística e intelectual.
Comentários
O Renascimento foi um importante movimento artístico, cultural e científico, surgido na Itália no
século XIV e que se estendeu até o século XVII, por toda a Europa. Esse período marca a passagem
da Idade Média para a Idade Moderna. Inspirado nos valores da Antiguidade Clássica e sustentado
pelas modificações econômicas, o Renascimento reformulou a vida medieval, contudo não pode
ser visto como uma ruptura radical, uma vez que certos valores medievais permaneceram na
sociedade europeia, ainda que modificados, como os ideais cortesãos e a religiosidade cristã.
a) Incorreto. Na verdade, durante o Renascimento há um retorno aos valores da Antiguidade
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clássica. Nesse movimento, o interesse pelas culturas greco-latinas contribuiu para a construção
do ideal humanista. Essa corrente de pensamento se opunha à cultura medieval, teocêntrica,
colocando o ser humano como centro do universo (antropocentrismo).
b) Incorreto. Período de enorme intercâmbio comercial e cultural, o Renascimento se espalhou
pela Europa, através da influência das cortes e de ricos mercadores italianos e holandeses que
investiam no comércio marítimo. O contato comercial com a França, Espanha, Inglaterra e em
menor escala, Portugal, era frequente, portanto, não se pode dizer que havia rejeição de
influências estrangeiras no âmbito cultural.
c) Incorreto. Pelo contrário, a vida cortesã era um ideal a ser buscado por nobres e artistas. Nas
cortes, através do mecenato de grandes senhores, a arte Renascentista tomou forma. Portanto,
podemos afirmar que as cortes Renascentistas tiveram um papel basilar na produção e divulgação
cultural e científica do período.
d) Incorreto. O socialismo se originou nos movimentos revolucionários do século XVIII, enquanto
o Renascimento ocorreu entre os séculos XIV e XVII.
e) Correto! O Renascimento foi um movimento artístico, cultural e científico que surgiu na Itália,
no século XV e se expandiu para outras regiões da Europa, trazendo renovação nas áreas de
filosofia, política, economia, cultura, artes, ciência, dentre outras. O movimento representou uma
das principais mudanças de mentalidade na história da humanidade, e seu ápice se deu no século
XVI.
Gabarito: E

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13. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)


“A corrupção do clero, a ortodoxia inflexível e a excessiva institucionalização da Igreja eram
alguns dos motivos que a distanciavam daqueles que defendiam uma prática religiosa mais
espiritualizada”.
ALVES, A. OLIVEIRA, L. F. de. Conexões com a história: Das origens do homem à conquista do
Novo Mundo. São Paulo: Moderna, 2010, v. 1., p. 253.
No século XVI, as divergências teológicas culminaram nas Reformas Protestantes, cujo um
dos principais líderes foi:
a) Napoleão Bonaparte.
b) Henrique VII.
c) John Locke.
d) João Calvino.
e) Jacques Bossuet.
Comentários
As Reformas Protestantes foram um conjunto de movimentos religiosos que questionavam o
monopólio da Igreja Católica sobre o cristianismo. Lembre-se que a Igreja servia como
legitimadora da hierarquia social vigente até então, definida pelo critério de nascimento e com
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uma mobilidade social quase nula. Nessa visão, Deus teria criado a sociedade daquela forma e
não deveria haver alterações. Com isso, o clero, aliado a nobreza, costumava condenar
determinadas formas de enriquecimento e qualquer insubordinação por parte daqueles que
nasceram para servir. Entretanto, com a revitalização das cidades e do comércio, o renascimento
cultural, a difusão do humanismo e o surgimento da burguesia, a teologia católica se viu cada vez
mais pressionada desde a Baixa Idade Média. No entanto, foi no século XVI, já na Idade Moderna,
que os primeiros movimentos protestantes eclodiram pela Europa. Com base nessas
considerações, vejamos qual dos listados foi uma liderança protestante importante:
a) Incorreta. Napoleão Bonaparte era católico e viveu entre 1769 e 1821, mais de dois séculos
depois das reformas protestantes.
b) Incorreta. Henrique VII (1457-1509) foi rei da Inglaterra entre 1487 até sua morte. Logo, vemos
que é anterior à eclosão das reformas protestantes. Vale mencionar que, na verdade, ele era pai
de Henrique VIII, o rei inglês que rompeu com a Igreja Católica se aproveitando da onda de
questionamentos gerado pelo protestantismo. Para atingir objetivos políticos e econômicos,
Henrique VIII fundou sua própria Igreja, a Anglicana, em 1534.
c) Incorreta. John Locke (1639-1704) viveu em um período que sofria as consequências diretas das
reformas protestantes e da reação da Igreja à elas, a Contrarreforma. No século XVII, a Europa
vivenciou várias guerras religiosas, inclusive entre as monarquias, como a Guerra dos Trinta Anos.
No entanto, Locke não foi exatamente uma liderança protestante. Ele era puritano (calvinista), mas
se destacou mais na produção filosófica, como o pai do liberalismo político.

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d) Correta! O francês João Calvino (1509-1564) foi fortemente influenciado pelas ideias do alemão
Martinho Luterano, que iniciou o movimento protestante na Alemanha. Calvino desenvolve um
pouco mais alguns dos apontamentos de Lutero, sobretudo o tema da predestinação, sendo a
devoção ao trabalho, disciplina e a riqueza material consideradas o sinal da graça divina. Em geral,
o calvinismo teve maior adesão nos setores burgueses por se apegar a pontos que legitimavam
seu modo de vida e de sustento, que eram condenados pelo clero católico. Calvino teve que se
refugiar na Suíça ao fugir da França, monarquia absolutista católica que perseguiu ativamente os
protestantes no século XVI. Vale dizer que entre os franceses, os calvinistas eram chamados de
huguenotes, enquanto entre os ingleses eles eram conhecidos como puritanos.
e) Incorreta. Jacques Bossuet (1627-1704) foi um teórico do absolutismo francês, católico, que
argumentava os reis eram escolhidos por Deus para governar, por isso estava acima de todas as
leis regidas pelos homens.
Gabarito: D

14. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


“No Século XIV, o poeta florentino Petrarca era um colecionador de textos antigos,
manuscritos gregos e latinos, pelos quais tinha paixão. Ele acreditava que as traduções feitas
desses originais ao longo do tempo deformaram o pensamento de Aristóteles, Cícero e
Tácito com o intuito de adequá-los à religião cristã. Tanto para ele, como para seu
compatriota Bocage, era tempo de os redescobrirem em sua pureza original, de depurar
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todos os erros acumulados nesses textos no curso da Idade Média. Isso serviria para
enriquecer a cultura humana”.
BOURQUIN, L. Histoire. Paris: Belin, 2001.

Considerando o texto acima e seus conhecimentos, assinale a alternativa correta.


a) O humanismo, um movimento artístico e intelectual que nasceu na França e se espalhou
por toda a Europa entre os séculos XIV e XVI, deu grande valor à Antiguidade clássica.
b) Por sua desconfiança sobre a probidade da Igreja Católica na preservação e produção de
conhecimento, Petrarca liderou uma reforma protestante, que pregava o individualismo
baseado nos escritos de Santo Agostinho em favor do livre-arbítrio.
c) A valorização dos saberes da Antiguidade estava diretamente relacionada ao
teocentrismo, principal marca do humanismo e do renascimento.
d) Petrarca é um dos primeiros humanistas. Ele tratou de temas como o amor à pátria, a
busca pela glória, a importância de educar e transmitir os saberes e a referência aos textos
antigos.
Comentários
Em primeiro lugar, preste atenção no tempo e espaço referidos na questão. Trata-se da
República Florentina, durante o século XIV, visto que se fala do poeta florentino Francisco Petrarca
(1304-1374). A República Florentina foi uma cidade-Estado centrada em Florença, localizada na
região da Toscana, na Itália. Lá foi o berço do humanismo e do renascimento na Europa, devido a

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sua intensa atividade comercial e marítima, que conectava a cidade aos mercados orientais
trazendo todos os tipos de mercadorias e saberes para o continente europeu. Justamente,
Petrarca foi um dos intelectuais humanistas mais ativos na época. Sabendo disso, avaliemos qual
é a alternativa correta:
a) Incorreta. Realmente, o humanismo foi um movimento artístico e intelectual que se
espalhou por toda Europa entre os séculos XIV e XVI. Entre as principais características do espírito
humanista podemos citar: o resgate do conhecimento da Antiguidade; o antropocentrismo; o
racionalismo; o naturalismo; e o individualismo. Porém, esse movimento não nasceu na França,
mas sim na Itália, exatamente por seu pioneirismo na retomada do comércio marítimo no
Mediterrâneo. Esse contato maior com o Oriente e a África colocou as cidades italianas em
contato com obras e saberes da Antiguidade até então perdidos pelos europeus ou escondidos
pela Igreja gerando o surgimento de novas formas de pensar sobre o mundo, deus e a
humanidade. Além disso, com a tomada de Constantinopla pelo Império Otomano, em 1453,
muitos intelectuais e professores gregos foram para a Europa Ocidental, principalmente para
cidades italianas como Veneza, Florença e Pádua. Eles revigoraram o estudo da língua grega na
Europa ocidental e levaram em sua bagagem diversas obras de autores clássicos, como Platão,
Aristóteles, Galeno, Plotino, entre vários outros.
b) Incorreta. Apesar de criticar a postura da Igreja em relação ao trato com o conhecimento
antigo, Petrarca não liderou nenhuma reforma protestante. Na verdade, as tentativas nesse
sentido estouraram na Europa somente após sua morte, no século XVI, com Martinho Lutero na
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Alemanha, Ulrich Zwinglio e João Calvino na Suíça.


c) Incorreta. O humanismo não era teocêntrico. Pelo contrário, uma de suas principais
características eram o antropocentrismo, princípio que pregava que o homem era a medida de
todas as coisas e estava no centro do universo. Dotado de razão e liberdade, ele é considerado
um ser privilegiado, capaz de escolher o seu próprio destino e de efetuar grandes realizações. De
fato, esse pensamento tinha relação direta com os postulados dos autores da Antiguidade,
sobretudo da Grécia e de Roma. Entretanto, o interesse e a valorização da Antiguidade já existiam
desde a Idade Média e mesmo dentro da Igreja, como no caso de Santo Agostinho e,
posteriormente, da escolástica. O espírito humanista do Renascimento se diferenciava por implicar
uma atitude diante do homem e da natureza caracterizada fundamentalmente, pela
dessacralização, pelo questionamento e pela dúvida, o que resultou em sucessivas inovações nos
campos artístico, científico e tecnológico, possibilitando grandes transformações sociais e
políticas. Os humanistas, portanto, tinham uma visão positiva e otimista com relação à natureza e
ao futuro da humanidade, visão que se opunha à da Igreja medieval, que considerava o homem
um ser marcado pelo pecado e dependente da fé e das boas obras para obter a salvação. Os
humanistas, contudo, não eram contra o cristianismo ou contra a religião. Eles procuravam
conciliar a sabedoria dos autores clássicos da Antiguidade pagã com a mensagem da Bíblia.
d) Correta! O florentino Petrarca é considerado um dos primeiros humanistas, visto que
viveu no mesmo século que essa tradição começou a florescer nas cidades italianas. A temática
dele, além da óbvia referência aos textos antigos, traz temas como a importância de educar e
transmitir os saberes, a valorização do amor à pátria como uma necessidade humana a ser vivida

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concretamente. Petrarca também inseriu a busca da glória como um dos elementos do ideal
humanista, em oposição à finitude da vida. Ele é mais conhecido por sua poesia em romanço,
cujos exemplares mais conhecidos são o Canzoniere e o Trionfi. Todavia, ele também se dedicou
ao estudo do latim e escreveu a maioria de suas obras nessa língua, incluindo trabalhos
acadêmicos, ensaios introspectivos, cartas e mais poesia.
Gabarito: D

15. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Nas cidades, as festas ocorriam em escala muito maior; e, o que é mais importante, todo dia
era uma festa, no sentido de que havia permanentemente à disposição diversões, oferecidas
por profissionais. Pelo menos nas grandes cidades, os cantores de baladas e palhaços
apresentavam-se o tempo inteiro, ao passo que os aldeães só os viam de vez em quando. As
cidades abrigavam minorias étnicas, as quais muitas vezes viviam juntas e partilhavam uma
cultura que excluía os de fora.
Peter Burke. Cultura Popular na Idade Moderna: Europa 1500-1800. SP: Cia das letras,
2010, p. 65-66)
A partir do texto, é possível afirmar que a vida na cidade moderna
a)Era uma expressão dos renascimentos cultural e comercial que tinham no espaço urbano
seu principal cenário.
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b)Era muito parecida com a vida na cidade clássica, como na Grécia, cujo papel central era a
política.
c)Era tão importante quanto o campo e, por isso, alcançou a maioria da população dos
principais reinos.
d)Era um cenário de diversidade cultural e religiosa, de convivência harmônica entre as várias
etnias e religiões que expressava nas festas populares.
e)Era organizada exclusivamente por meio de guildas nas quais incluía-se, inclusive a divisão
de trabalho destinadas a organizar o lazer.
Comentário
Essa é uma questão sobre o tema da cidade moderna, mais especificamente sobre os
aspectos culturais da vida urbana. Para responder era preciso contextualizar bem a cidade e a
cultura naquele contexto.
O texto traz informações sobre as festas populares e o lazer desenvolvidos na cidade. Aqui
era importante conectar cultura-cidade-era moderna. Isso nos faria conectar a vida urbana com o
cenário dos renascimentos urbano e cultural. Agora veja, o que possibilitava o financiamento da
cultura na cidade? O renascimento comercial!!
Então, veja, essa era uma questão de contextualizar e relações entre as esferas da vida
social,
Tendo isso em mente, vamos à análise das alternativas:

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a)Gabarito, conforme nosso comentário.


b)Errado. A cidade moderna tem na atividade econômica sua melhor expressão.
c)Erradíssimo. Segundo Peter Burke, a população urbana girava em torno de 20%.
d)Errado. O erro aqui está ao falar em harmonia, sobretudo, em relação à religião. Sabemos
que a cidade é palco de conflitos religiosos na era moderna.
e) Errado. As guildas eram, de fato muito importantes, mas a cidade não era organiza
EXCLUSIVAMENTE, por essas organizações. Além disso e verdade sim que as guildas funcionavam
a partir da divisão de trabalho, incluindo aspectos ligados à organização do lazer.
Gabarito: A

16. (Estratégia Vestibulares/2021/profe. Alê Lopes)


“O mercantilismo criou as condições necessárias para a ascensão da burguesia como classe
dominante e o surgimento de uma sociedade econômica fundada em bases mais sólidas, o
que permitiu a expansão e consolidação do capitalismo. Foi graças também ao
mercantilismo, com suas teses protecionistas e possibilidade crescente de suprimentos, que
se criaram, efetivamente, as condições para a eclosão da Revolução Industrial.
É oportuno assinalar que, embora o mercantilismo tenha insistido na comercialização como
base de toda a sua política, acabou, na prática, atuando exatamente ao contrário, pela forte
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intervenção da Coroa nos negócios.


Daí que, em contrapartida, podemos definir mercantilismo como a intervenção do governo
nos negócios para garantir a riqueza e o poder da Coroa.
Na Inglaterra (...) sua adoção orientou o estabelecimento das colônias, a concessão de
privilégios e monopólios a companhias comerciais, além do rígido controle, pelo estado, de
praticamente todas as atividades econômicas”.
IANNONE, R. A Revolução Industrial. São Paulo: Moderna, 1992, p. 40.
Com base no texto do historiador Roberto A. Iannone sobre o mercantilismo e sua relação
com a estruturação das monarquias absolutistas, assinale a alternativa correta.
a) O mercantilismo compunha a lógica econômica que dava sustentação a consolidação de
monarquias nacionais que competiam entre si pelo monopólio do comércio internacional.
Para disputar esse objetivo foram estruturados o Estado absolutista e a fundação de colônias
em outros continentes para fornecer matéria-prima a baixos custos para a metrópole
comercializar.
b) O livre comércio era um dos princípios basilares do mercantilismo. Para montar a
burocracia estatal do absolutismo as monarquias precisavam garantir liberdade de
investimento e comércio para os burgueses, dos quais pegavam empréstimos para investir
na expansão colonial. Assim, formava-se um pacto entre o rei e a burguesia. O primeiro teria
o poder militar, político e religioso, enquanto a segunda poderia usufruir de liberdade
econômica.

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c) O mercantilismo era um sistema político-econômico dominante de meados do século XV


ao século XVIII. Esse tipo de economia pode ser caracterizado a partir das seguintes práticas:
metalismo; balança comercial favorável; incentivo às novas atividades econômicas, ao
comércio e à navegação; concessão de monopólios e socialização dos meios de produção
na colônia.
d) A burguesia era uma classe social relativamente nova, surgida da expansão comercial e
urbana da sociedade feudal durante a Baixa Idade Média. Composta sobretudo de
banqueiros e comerciantes, essa classe se via prejudicada pelos limites impostos pelas
monarquias absolutistas nas trocas comerciais entre as diferentes regiões de um mesmo
reino. Por isso, os burgueses se aliaram a nobreza para unificar a economia nacional e investir
na colonização de outros continentes, garantindo suprimento de matérias-primas para o
mercado interno.
Comentários
O tema da questão é a construção do Antigo Regime. Este era a ordem social, política e
econômica que começou a ser estruturada em meados da Idade Média e se consolidou ao longo
da Idade Moderna. Do ponto de vista conceitual é importante lembrar o significado de
absolutismo e mercantilismo. O primeiro é o nome dado à forma de organização política na qual
os poderes político, econômico e religioso estão centralizados na figura de um soberano dentro
dos limites do território nacional que governa. Essa organização consistia na unificação das
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moedas, pesos e medidas em um país; na criação de um corpo de leis baseado no direito romano
e não mais no direito canônico (da Igreja); na formação de exércitos permanentes para a proteção
dos comércios, da nobreza e do território e para a repressão de revoltas internas; na reorganização
administrativa que gerava a formação de uma burocracia e sistema fiscal com membros da
nobreza, do clero e de setores da burguesia nos territórios dos reinos; no estabelecimento de uma
língua oficial; no desenvolvimento da diplomacia. No topo dessa administração estava o monarca,
que possuía poder para interferir na economia, na sociedade, no exército e, em alguns casos, até
na religião. Entretanto, cada país vivenciou esses processos à sua maneira.
Na perspectiva econômica, eram praticadas um conjunto de medidas e teorias econômicas que
denominamos de mercantilismo. Veja, a situação da Europa no final da Idade Média era de crise.
Havia escassez de moeda, alta mortalidade na força de trabalho por conta de epidemias (peste
negra), produção agrícola deficitária, estagnação marítimo-comercial, pois a principal zona de
comércio internacional, o Mediterrâneo, era monopolizado por poucas cidades e reinos. Perceba
que a questão econômica da Modernidade está relacionada com o comércio, atividade mercantil.
Nesse sentido, a solução para os problemas econômicos europeus passava por melhorar e
aumentar as rotas comerciais, chegar e controlar as fontes de distribuição de mercadorias. Tal
empreendimento demanda grandes recursos e coordenação arrojada, o que explica a pretensão
de centralização política nas monarquias e uma série de práticas econômicas mercantilistas.
Mercantilismo foi o Sistema Econômico predominante no período da Modernidade, ou seja, foi o
conjunto de ideias e de práticas (uma doutrina) que conduziram a economia dos Estados
Modernos Absolutistas. Essas práticas não foram universalistas, ou seja, elas variaram de país para
país a depender do seu contexto interno e das oportunidades relacionadas com o domínio das

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rotas econômicas, especialmente, as marítimas. Contudo, os modelos locais tinham em comum o


fato de o Estado intervir fortemente na economia, em parceria com setores mercantis.
Algumas ideias que caracterizam essa intervenção eram: o metalismo (acumulação de metais
preciosos, base da riqueza dos Estados nacionais; balança comercial favorável (exportar mais que
importar); protecionismo (impedir a entrada descontrolada de mercadorias estrangeiras no
mercado interno). Alguns tipos de mercantilismo são o metalismo (acumulação através da extração
direta dos metais), o industrialismo (investimento na manufatura para produção em larga escala)
e o comercialismo (controle sobre o comércio da produção). Agora que relembramos o básico,
vejamos:
a) Correta! A centralização do poder na figura do rei interessava aos comerciantes pela
unificação das moedas e dos tributos sobre o comércio. Porém, em troca, o monarca tinha
que fazer o possível para manter seu reino próspero economicamente por meio da
expansão comercial. No entanto, para comercializar era preciso ter o que vender e pra
quem vender e é aqui que as colônias entram. A expansão marítima serviu para que as
nações europeias encontrassem novas rotas para acessar os pontos de fornecimento de
matérias-primas, que até o século XV era a Índia. Contudo, conforme as navegações foram
ocorrendo, novos territórios foram encontrados e transformados em produtores de
matérias-primas. A lógica mercantilista garantia o monopólio da metrópole sobre sua
colônia, de modo que esta só podia comercializar com aquela. Assim, absolutismo,
mercantilismo e colonização foram ingrediente indispensáveis para a estruturação das
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monarquias nacionais na Europa.


b) Incorreta. Como expliquei acima, de fato houve um acordo entre monarcas e setores da
burguesia, contudo o livre comércio não fazia parte dele. O Estado era bastante interventor
e definia quem e quais empresas poderia explorar os territórios e mercados administrados
por ele. A exportação e importação eram muito tributadas e controladas para que o país
sempre se mantivesse com a balança comercial favorável.
c) Incorreta. A alternativa está certa até o momento que menciona que a socialização dos
meios de produção nas colônias era parte das práticas mercantilista. Tanto nas colônias,
quanto nas metrópoles, valia o princípio da propriedade privada. Logo, as terras e demais
meios de produção (e até pessoas no caso das colônias) eram particulares, não coletivas. E
era do interesse das monarquias, da nobreza e da burguesia que assim continuasse.
d) Incorreta. Na verdade, a burguesia se sentia prejudicada pela fragmentação política e
econômica dos reinos feudais europeus. As diferentes regiões de um mesmo reino eram
divididas entre senhores feudais e cada um instituía suas próprias moedas (quando havia
uma), taxas e tributos sobre o comércio em seus territórios. Durante o auge do feudalismo,
o rei pouco podia fazer para centralizar o poder. Foi então que alguns monarcas se aliaram
a setores enriquecidos da burguesia, com os quais pegaram empréstimos e financiaram a
estruturação de exércitos e do Estado como um todo. Com isso, foi possível impor a
unificação da economia nacional, facilitando as trocas internamente. Uma vez garantido
isso, burgueses queriam expandir seus investimentos e alcançar novos mercados, enquanto

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os reis queriam expandir seus territórios e seu poder. Assim, a solução encontrada foram
as grandes navegações e busca por novos lugares que poderiam servir de fornecedores de
matérias primas a baixos custos que poderiam ser industrializadas e vendidas na Europa.
Gabarito: A

17. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)


A imagem a seguir foi feita por Rafael Sanzio entre 1510 e 1511. Ela é considerada
uma referência ao Movimento Artístico da época. Analise-a atentamente
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Escola de Atenas, Rafael Sanzio, século XVI

O movimento estético a que pertence a obra é o


a) Iluminismo devido à recuperação de temas da Antiguidade Clássica, como o
antropocentrismo
b) Humanismo que promoveu a ruptura com os elementos religiosos, por isso a
representação de filósofos na obra.
c) Antropocentrismo que coloca o homem como medida e meio da observação de todas as
coisas a fim de explicá-las racionalmente.
d) Iluminismo que promoveu uma retomada dos elementos medievais da discussão entre fé
e razão, como vemos dois filósofos no centro da obra.
e) Renascimento devido ao uso da perspectiva e a representação da retomada dos
elementos clássicos da cultura greco-romana.
Comentários

Pela localização temporal, a obra só pode pertencer ao Movimento estético renascentista


por isso, o gabarito é alternativa E. Veja a obra tem perspectiva, o nome da obra é uma referência

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e há muitos filósofos lendo, debatendo e aprendendo uns com os outros. Confira a noção de
perspectiva na obra:

Pelos mesmos motivos citados, podemos eliminar as alternativas A e D que fazem


referência ao Iluminismo que é Movimento do século XVIII.
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A alternativa b está errada porque o Humanismo não rompeu com a Igreja e não é
movimento estético, mas filosófico, apesar de estar no contexto do desenvolvimento do
renascimento.

A alternativa C está errada porque o antropocentrismo não é o Movimento, mas uma das
características do renascimento.

Gabarito: E

18. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Esses sistemas de ideias constituem uma racionalização do desejo de unidade, cujos modelos
são o indivíduo e o núcleo familiar. A deposição das liberdades nas mãos de um aparelho
central, cria um foco único, onde a coerção é necessária. A natureza do desejo, então, é
agressiva. Por isso, o modelo de Estado que se coloca no “espírito” das pessoas adquire
naturalmente uma forma autoritária e coercitiva. O fervor beato e condenado à impotência
que se dirige à abstrações tais como papa Angélico ou o retorno do imperador mítico,
adquire uma força concreta quando tem por objeto a pessoa do monarca, ou de um chefe
de partido. O desejo unitário cria o culto à personalidade política, que pode assumir forma
sagrada ou o respeito devido ao medo de uma “espada pura”.
DUBOIS, C. O imaginário da Renascença. Brasília: Ed. UNB, 1995.

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O texto trata sobre sistemas de ideias políticas que promovem um tipo de Estado
a) Liberal, com garantias de direitos de cidadania, como os Estados Unidos no século XVIII.
b) Autocrático, como as Modernas Monarquias absolutistas e os regimes totalitários do
século XX.
c) Absolutista, como as repúblicas italianas renascentistas.
d) Totalitários, durante as monarquias absolutistas e dos regimes nazifascistas
contemporâneos.
e) Socialista, com partido único e repressão como forma exclusiva de dominação.
Comentários
É uma questão conceitual. Na verdade, trabalha com a esquematização de pensamento e
sistema político autocrático. Assim, existem, ao longo da história, várias experiências históricas e
formatos específicos que seguiram as características descritas no texto. O texto descreve um
sistema de Estado unitário, centralizador, coercitivo e baseado em uma dominação que pode ser
carismática, na medida em que o Estado e as lideranças atendem a um desejo de unidade. Tendo
isso em mente, vamos analisar cada alternativa:
a. Errado. O Estado liberal não é autocrático e nem centralizador. Seu modelo é
essencialmente descentralizador, como nos federalismos.
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b. Gabarito, conforme comentário acima.


c. Errado. No renascimento eram monarquias e não repúblicas.
d. Correto. Os dois regimes trazidos pela questão se encaixam na descrição. Agora
cuidado, o nazismo tem outras características que o torna diferente do absolutismo.
e. Errado. A teoria socialista prevê um Estado governado democraticamente pela
maioria. Não trate a experiência soviética ou chinesa como sinônimos de socialismo.
Gabarito: B

19. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


A crítica humanista pautava-se pela percepção _________1________, em oposição
___________2_______ do mundo medieval.
Considerando as diferenças entre o pensamento humanista e o pensamento medieval, na
passagem da Idade Média para a Moderna, preenche corretamente as lacunas
a)1: de ruptura e de transformação; 2: à permanência e à continuidade
b) 1: controle do próprio destino; 2: ao antropocentrismo
c) 1: geocentrista; 2: ao heliocentrismo
d) 1: individualista e racionalista; 2: ao neoclassicismo
e) 1: orientada pela fé; 2: à percepção orientada pela razão

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Comentários

A questão aborda a passagem da Idade Média para a Idade Moderna na Europa,


especificamente o desenvolvimento do pensamento humanista. Ou seja, estamos falando do
período entre o século XIV e XVI, mais ou menos. Com isso, a questão pede para completar as
lacunas na frase apresentada, que propõe uma comparação entre as mentalidades das duas
épocas. Vamos lembrar, então, algumas características bem básicas de cada mentalidade.

O pensamento medieval era marcado pelo controle da Igreja Católica, no qual a terra era
plana e o centro do universo. Essa mentalidade também colocava Deus acima de tudo e qualquer
coisa. Além disso, esse pensamento procurava legitimar que a ordem social era uma criação divina,
portanto, as pessoas eram classificadas com base em seu nascimento e não deviam tentar mudar
de classe ao longo da vida. Por sua vez, o humanismo era uma corrente filosófica que começou a
se popularizar na Europa conforme seus habitantes entravam em contado com outras culturas,
graças às Cruzadas e à queda do Império Bizantino. Com o renascimento cultural e urbano novas
classes sociais ligadas ao comércio começaram a surgir. Assim, o humanismo pregava que o centro
do pensamento não devia mais ser Deus, mas sim o homem (antropocentrismo). A religião deveria
ceder espaço à razão, ao empirismo e à ciência. É sob a influência dessa filosofia, que alguns
estudiosos começam a propor a teoria do heliocentrismo (Sol como centro do universo) e, mais
adiante, a concepção atual de que o universo é infinito e não tem um centro. Por outro lado, os
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humanistas valorizavam o talento e o mérito pessoal. Apesar do nascimento ainda ser importante,
esse momento é o começo da ideia de meritocracia que está associada ao surgimento de novas
classes sociais, sobretudo a burguesia. Por último, lembre-se que o humanismo está associado ao
Renascimento cultural, movimento intelectual que questionavam o domínio da Igreja sobre o
pensamento. Agora que lembramos essas diferenças, vejamos qual alternativa melhor preenche
as lacunas:

a) Correta! De fato, como dito no comentário, os humanistas estavam atentos às


transformações do mundo europeu e propunham uma série de rupturas na mentalidade da
época para acompanhar as mudanças sociais e econômicas. Portanto, eles se opunham à
permanência e continuidade do pensamento medieval.
b) Incorreta. De certa forma, os humanistas realmente acreditavam no livre arbítrio e da
potência humana para transformar o mundo. Contudo, antropocentrismo não era uma
característica do pensamento medieval, mas sim da filosofia humanista.
c) Incorreta. Geocentrismo é a teoria de que a Terra é o centro do universo, concepção
hegemônica no período medieval e defendida pela Igreja. O heliocentrismo seria um
contraponto elaborado por Copérnico, que defendia que o Sol era o centro do universo,
logo não era uma teoria medieval, mas sim humanista. Apesar disso, o heliocentrismo foi
também descartado em pouco tempo pelos humanistas que sucederam a Copérnico
propondo que o universo era infinito e que não tinha um centro.

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d) Incorreta. Realmente, os humanistas defendiam a primazia da razão e valorizavam o


indivíduo. Porém, neoclassicismo era uma tradição estilística que só seria desenvolvida no
século XVIII, muito tempo depois da Idade Média e do humanismo dos séculos XV e XVI.
e) Incorreta. Na verdade, o humanismo era orientado pela razão, enquanto o pensamento
medieval se orientava pela fé.

Gabarito: A
20. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Ora, entre o século XIV e o XV, na verdade, houve uma mudança de equilíbrio; os
“humanistas”, e com eles os artistas, os artesãos, os homens de ação, substituíram as trilhas
já sem perspectiva da especulação medieval por novas exigências, novos impulsos, novos
fermentos, diante das perguntas até aquele momento, sem respostas.
(Eugenio Garin. Apud. COTRIM, Gilberto. História Global)
O texto acima faz referência
a) Ao Movimento iluminista
b) Ao Movimento Cartista
c) Ao Movimento da Contracultura
d) Ao Movimento Renascentista
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e) Ao Movimento Protestantista
Comentários

Em primeiro lugar, vamos reparar que a questão aborda os séculos XIV e XV, na Europa.
Por sua vez, o texto destacado fala das mudanças geradas pelo pensamento humanista e o
desenvolvimento de novas classes sociais. Portanto, o tema da questão é a passagem entre a
Idade Média e a Idade Moderna. Com a informação do período, podemos descartar quatro
alternativas:

a) O movimento iluminista só se iniciou no século XVII e atingiu seu auge no XVIII;


b) O movimento cartista fez parte da mobilização da classe operária inglesa, mas isso só
ocorreu no século XIX, mais especificamente entre 1837 e 1848.
c) O movimento da Contracultura só ocorreu nos anos 1960, no século XX.

e) O Movimento Protestante se iniciou com a publicação das 95 Teses de Martinho


Lutero, em 1517, no século XVI.

Portanto, a alternativa correta é a letra “e”, movimento renascentista, o qual teve início
justamente entre os séculos XIV e XV, profundamente influenciado pelo humanismo e pelo
surgimento de novas classes sociais ligadas ao comércio e ao ambiente urbano.

Gabarito: D

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21. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


As profundas mudanças pelas quais passou a Europa no fim da Idade Média refletiram-se,
no plano cultural, em uma verdadeira revolução: o Renascimento, que se iniciou na península
Itálica no século XIV e se estendeu até o começo do século XVII por toda a Europa.
(ARRUDA, José Jobson de A., PILETTI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Ed. Ática. 2007,
p. 93)
A origem do renascimento cultural está diretamente relacionado
a) ao incentivo da Igreja Católica em reformar suas capelas e catedrais, fato que estimulou
as escolas artísticas.
b) ao advento das ideais iluministas.
c) ao desenvolvimento de um centro de comércio ativo e dinâmico, capaz de gerar excedente
de riqueza possível de ser investido na produção cultural.
d) à retomada da centralidade do homem proporcionada pelo pensamento liberal dos
pensadores contratualistas.
e) ao patrocínio da nobreza feudal de artistas que passaram a ser contratados para retratar
famílias e propriedades.
Comentários
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No enunciado, é possível identificar facilmente o tempo, o espaço e o tema, respectivamente:


período entre os séculos XIV e XVII (passagem da Idade Média para Idade Moderna); Europa;
renascimento cultural. Em primeiro lugar, lembre-se que nos séculos anteriores a Europa estava
dividida em reinos. Contudo, o poder era fragmentado e os reis não tinham tanto poder assim.
O território era partilhado entre senhores feudais que eram a maior autoridade em suas próprias
terras. Entre os séculos X e XIII, mais ou menos, é o auge do que chamamos de feudalismo,
recorda? A economia era de subsistência e havia pouco comércio. Inclusive, as moedas tinham
caído em desuso na maior parte dos lugares. As regiões costeiras, no Mediterrâneo e no Mar
do Norte, eram exceções, pois seu contato com o mar lhes deu oportunidade de continuar se
dedicando a atividades comerciais, mesmo que em menor escala. Pois bem, no século XIII, essa
configuração começa a mudar. As várias cruzadas que ocorriam desde o século XI botaram os
europeus em maior contato com a cultura e o comércio do Oriente Médio e da Ásia. Com isso,
as cidades italianas do Mediterrâneo voltaram a controlar rotas marítimas mais importantes,
proporcionando um renascimento comercial e urbano para os europeus. Comerciantes
começaram a circular mais pelo continente, levando produtos de terras longínquas. Eles
também passaram a negociar os excedentes agrícolas dos senhores feudais com outras regiões.
Com o tempo, os locais onde vários comerciantes se estabeleciam temporariamente para fazer
negócios (as feiras) foram virando cidades, onde eles passaram a residir. As moedas foram
voltando a circular. Com isso em mente, vejamos qual das alternativas aponta corretamente o
fenômeno ao qual o renascimento estava relacionado:

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a) Incorreta. Na verdade, a Igreja Católica em geral se colocava contra as tendências


renascentistas, pois estas muitas vezes contrariavam vários de seus preceitos. Contudo,
em determinados casos, alguns clérigos e papas recorreram aos artistas renascentistas
para fazer obras de arte e ornamentar templos de forma que usassem as inovações
artísticas para valorizar certos valores do catolicismo. Contudo, essa tendência não
esteve na origem do renascimento, mas sim ao longo de seu desenvolvimento.
b) Incorreta. O iluminismo ainda não havia sido concebido entre os século XIV e início do
XVII. Na realidade, o iluminismo foi um desdobramento do Renascimento, que começou
a ser formulado em meados do século XVII.
c) Correta! O renascimento comercial e urbano foi o principal fator que criou a
oportunidade para o surgimento do renascimento cultural por ter favorecido o encontro
com diferentes culturas e produtos oriundos de outras regiões. Além disso, conforme a
burguesia comercial das cidades enriquecia, investia-se nas artes e projetos
renascentistas que comungavam dos mesmos valores burgueses (meritocracia, razão,
empirismo, antropocentrismo, etc.).
d) Incorreta. De fato, a retomada da centralidade do homem era um dos elementos
principais do humanismo e do renascimento. Contudo, o pensamento liberal dos
pensadores contratualistas só começou a ser formulado em meados do século XVII, em
um momento posterior.
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e) Incorreta. Realmente, o mecenato era a forma mais corrente de contratação de artistas


durante o Renascimento. Particulares os contratavam para trabalhar para si e para suas
famílias. Contudo, isso foi uma iniciativa da burguesia, adotada pela nobreza em menor
escala e posteriormente.
Gabarito: C

22. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


No período do Renascimento, não houve apenas uma mudança na qualidade da obra
intelectual, mas também um aumento na quantidade da produção cultural.
(COTRIM, Gilberto. História Global)
Entre os fatores que influenciaram a disseminação do renascimento, pode-se destacar:
a) A riqueza acumulada pelos artistas renascentistas que financiavam suas próprias obras,
segundo a lógica do individualismo.
b) O desenvolvimento de novas técnicas artísticas, como a perspectiva.
c) Retomada de elementos greco-clássicos que permitiu o aperfeiçoamento das obras
renascentistas.
d) A existência concentrada de artistas brilhantes nas ricas cidades italianas.
e) O desenvolvimento da imprensa e a ação dos mecenas do setor bancário e religioso.

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Comentários

O Renascimento cultural foi um movimento que ocorreu entre o século XIV e início do XVII, na
Europa. Seu surgimento e desenvolvimento estão profundamente ligados à crise do mundo
medieval e às transformações que resultaram no começo da Idade Moderna. Sabendo disso,
vejamos qual alternativa aponta corretamente os fatores que influenciaram a disseminação de
seus ideais:

a) Incorreta. Os artistas renascentistas não financiavam as próprias obras. Na verdade, eles


contavam sempre com um ou mais mecenas. Este costumava ser alguém rico, em geral
um burguês, que contratava os serviços do artista sob demanda. Por seu turno, apesar
de ter perseguido muitos renascentistas nos primeiros anos que suas ideias começaram
a circular, a Igreja começou a contratar alguns artistas para produzir obras religiosas e
ornamentar templos, como forma de se apropriar das novas tendências estilísticas a seu
favor. Chamamos essa relação de trabalho de mecenato.

b) Incorreta. É verdade que as novas técnicas artísticas eram característica do


Renascimento. Mas o simples uso delas não implicava na disseminação dos ideais
renascentistas. Lembre-se que naquela época não havia câmera fotográfica, nem
internet. Nem mesmo os correios eram tão bons, pois os meios de transporte eram de
tração animal, humana ou natural (vento no caso das embarcações). Portanto, para fazer
uma obra ou uma ideia circular era necessário investimento para bancar sua publicação
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e seu transporte pelo continente.

c) Incorreta, pelas mesmas razões que a “b”. Realmente, os elementos da cultura grega e
romana foram amplamente apropriados pelos artistas renascentistas. Contudo, seu uso
não implicava na maior circulação. Como já disse, era preciso muitos recursos para fazer
qualquer coisa circular pelo espaço naquela época.

d) Incorreta. De fato, havia grande concentração de artistas brilhantes nas cidades italianas.
Afinal, foram nelas que o renascimento cultural se iniciou primeiro, graças a seu contato
com o Mediterrâneo e o monopólio de rotas marítimas que conectavam a península
itálica com o Oriente Médio e a Ásia. Contudo, isso só garantia que as obras e ideias
desses artistas ficassem concentradas naquela região. Para que elas se disseminassem
pelo resto do continente era preciso investimento, como disse antes.

e) Correta! Os mecenas eram quem possibilitava a grande disseminação dessas obras de


arte, pois eram eles que as encomendavam e financiavam em primeiro lugar. Sem o seu
dinheiro, seria muito mais difícil esse movimento cultural se disseminar. Por outro lado,
na mesma época ocorreu o aperfeiçoamento da prensa de tipos móveis, por Johannes
Gutenberg. Com isso, ficou mais rápido e barato reproduzir e publicas textos e imagens,
facilitando a circulação de ideias e obras de arte.
Gabarito: E

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23. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Alguns humanistas cristãos, a partir do século XI, condenaram o distanciamento do clero
católico do que chamavam de “espírito do Evangelho”. Qual o nome do alemão que, a partir
das suas 95 Teses, criou uma das correntes religiosas do protestantismo?
a) Marinho Lutero.
b) Rei Henrique VIII.
c) Max Weber.
d) João Calvino.
e) Thomas Morus.
Comentários

Atenção às informações que o enunciado fornece. Algumas palavras-chave: humanistas cristãos,


século XI, protestantismo e 95 teses. O tema da questão sem dúvidas são os movimentos de
questionamento à hegemonia da Igreja Católica sobre a religião e o pensamento. Mas, veja só,
o comando se refere apenas ao protestantismo e às 95 teses, de um autor alemão! A primeira
parte do enunciado foi só para te contextualizar no tema, dizendo que desde pelo menos o
século XI já havia um movimento de humanistas que propunha questionamentos e reformas em
relação a alguns dogmas da Igreja Católica e da sociedade europeia como um todo. Conforme
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o renascimento comercial, urbano e cultura se espalharam pelo continente, o humanismo se


disseminou e as tensões com a Igreja aumentaram, pois ela não estava disposta a renunciar a
seu controle sobre a educação, o conhecimento e a religião. Até que, em 1517, no século XVI,
um monge agostiniano, de origem burguesa, publicou suas 95 Teses que criticavam várias
práticas e doutrinas católicas propondo inaugurar uma nova corrente do cristianismo. Naquela
altura, vários países e classes sociais estavam descontentes com o clero, principalmente a
burguesia e alguns reis, por razões políticas e econômicas. Então, logo o protestantismo se
espalhou pela Europa e novas outras correntes surgiram. Agora lembre-se que a questão quer
saber quem era o autor das 95 Teses. Pensando, que elas foram publicadas em 1517, podemos
eliminar uma das alternativas:
c) Max Weber. Esse sociólogo alemão viveu entre 1864 e 1920. Ele estudou a relação do
protestantismo com a formação do capitalismo. Seu livro mais famoso é A Ética Protestante, no
qual argumenta que os movimentos protestantes proporcionaram uma nova mentalidade cristã
que não condenava as novas práticas capitalistas. Por isso, esse processo também está
relacionado com a formação da burguesia enquanto classe social.
Os demais viveram na mesma época em que as teses foram publicadas. Porém, podemos fazer
uma eliminação com base na nacionalidade deles. O único alemão que sobrou é Martinho
Lutero. De fato, ele foi um monge agostiniano, de origem burguesa, que estava descontente
com várias práticas e doutrinas católicas. Por isso, materializou sua insatisfação na forma das 95
Teses. Com isso, inaugurou o protestantismo alemão, também chamado de luteranismo, em
sua homenagem. Portanto, a alternativa correta é a letra “a”. Quanto às demais:

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b) Rei Henrique VIII, da Dinastia Tudor, foi um monarca inglês que governou entre 1509 e 1547,
quando morreu. Ele rompeu com a Igreja Católica em 1532 e fundou sua própria religião: a
Igreja Anglicana, que não diferia muito da católica, mas tinha no rei sua autoridade máxima.
Suas motivações foram mais políticas e pessoais do que religiosas. Ele tinha interesse em
confiscar as terras da Igreja para usá-las como barganha no tráfico de influência com a nobreza
e burguesia inglesas. Além disso, não gostava que o clero tivesse isenção fiscal e privilégio de
foro. Por outro lado, ele queria se divorciar para se casar com outra mulher e o Papa não
consentia.
d) João Calvino foi um teólogo e escritor francês que viveu entre 1509 e 1564. Ele era um
entusiasta das ideias de Lutero, contudo foi perseguido na França e se refugiou na Suíça. Lá,
ele desenvolveu sua própria vertente do protestantismo inaugurando um novo movimento: o
calvinismo. Ele dava mais ênfase ao princípio da predestinação.
e) Thomas Morus viveu entre 1478 e 1535. Ele era filósofo, homem de estado, diplomata,
escritor, advogado e homem de leis, ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a
1532, o cargo de "Lord Chancellor" de Henrique VIII da Inglaterra. É geralmente considerado
como um dos grandes humanistas cristãos do Renascimento.
Gabarito: A
24. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
No início da Idade Moderna, ocorreram mudanças significativas no plano religioso europeu.
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Considerando:
I – a venda de indulgências.
II – o avanço islâmico em direção ao leste europeu.
III – a insatisfação de setores mercantis em relação à Igreja.
IV – a corrupção que reinava em setores do clero.
V – o interesse dos reis em fortalecer o poder da Igreja.
Assinale abaixo a alternativa que apresenta razões para o surgimento da Reforma
Protestante:
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, III e IV.
d) II, III e V.
e) IV e V.
Comentários
Veja, o enunciado começa falando “início da Idade Moderna”, logo o tempo de referência é a
virada entre o século XV e XVI. O tema é a reforma protestante, o que é indicado no comando.
Portanto, o espaço é a Europa. Agora repare que precisamos encontrar a alternativa que

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apresenta as razões para o surgimento dessa reforma. Lembrando que ela começou com a
publicação das 95 Teses de Martinho Lutero, em 1517, na Alemanha. Graças ao
aperfeiçoamento da imprensa, suas ideias circularam rapidamente por todo o continente e
novas vertentes do protestantismo surgiram como o calvinismo na Suíça ou o puritanismo na
Inglaterra. Com isso em mente, vejamos:
I – Verdadeira! Essa prática consistia basicamente na venda de perdão ou até mesmo de
lugares no paraíso realizada por alguns clérigos. A venda de indulgências foi uma das principais
motivações para Lutero romper com a Igreja Católica em 1517.
II – Falsa. Apesar da conquista do Império Bizantino pelo Império Turco-Otomano, em
1453, ser um dos marcos para o início da Idade Moderna, não estava relacionado com os
movimentos protestantes na Europa ocidental. Não diretamente, pelo menos.
III – Verdadeira! Desde quando o comércio voltou a crescer e as cidades a se desenvolver,
novas classes sociais foram se formando, como mercadores, banqueiros, artesãos, etc.
Contudo, algumas atividades eram condenadas pela Igreja Católica, como o empréstimo e a
usura. Além disso, lembre-se que o clero pregava que existia três ordens sociais criadas por
Deus, as quais eram definidas pelo nascimento e não deveriam mudar. As novas classes sociais
ligadas ao comércio e ao ambiente urbano, como a burguesia, desafiavam essa ordem divina,
pois tinham outras oportunidades de enriquecimento. Não à toa, muitas vertentes do
protestantismo foram inauguradas por pessoas de origem burguesa, como o próprio Martinho
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Lutero que era filho de um mercador.


IV – Verdadeira! Apenas padres, frades e monges costumavam fazer um juramento de
pobreza. Porém, bispos, arcebispos, cardeais e o próprio papa viviam envoltos em riquezas e
luxo. Eles também eram frequentemente participantes de esquemas e conspirações políticas,
aliados a alguns monarcas e certos setores da nobreza feudal. Muitas vertentes protestantes
que surgiram a partir do século XVI criticavam essa participação dos sacerdotes na política
secular, pois dava oportunidade para muitos deles se corromperem, o que realmente acontecia.
V – Falsa. Não havia interesse dos reis em fortalecer a Igreja nesse momento. Na verdade,
muitos deles estavam brigando com o papado a respeito de isenções de impostos, privilégios
de foro, terras e jurisdição. Inclusive, muitos monarcas queriam ser a autoridade máxima da
religião em seus próprios reinos. Assim, alguns deles romperam definitivamente com a Igreja
Católica, como Henrique VIII da Inglaterra. Enquanto isso, outros mantiveram seu vínculo mas
sempre permeado de disputas e tensões, como foi o caso da monarquia francesa, que não
deixou de ser católica, mas chegou a combater as demais monarquias católicas ao lado de
países protestantes, na ocasião da Guerra dos Trinta Anos.
Portanto, a alternativa correta é a letra “c”.
Gabarito: C

25. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Dentre os ideais de uma das doutrinas religiosas que rivalizou com a Igreja Católica no
contexto da Reforma Protestante, podemos elencar o estabelecimento da bíblia como fonte

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de fé e livre exame, a extinção da hierarquia eclesiástica, a predestinação e a valorização do


trabalho. Essas características se referem:
a) ao luteranismo.
b) ao calvinismo.
c) à Igreja Ortodoxa.
d) ao anglicanismo.
e) ao islamismo.
Comentários
O tema da questão são as Reformas Protestantes, iniciadas a partir do século XVI, na Europa
ocidental. Sabendo disso, já podemos eliminar duas alternativas:
c) A Igreja Ortodoxa existia desde o Cisma do Oriente, também chamado de Grande Cisma,
de 1054. Esse episódio consistiu na separação entre a Igreja de Roma (católica) e a Igreja de
Constantinopla (ortodoxa), por razões políticas e doutrinárias. Isso não estava relacionado com
a Reforma Protestante do século XVI. Nesta época, a Igreja Ortodoxa ainda era independente
da católica e não passou por esse processo protestante.
e) O islamismo não era e não é uma religião cristã. É completamente independente, apesar de
também ser monoteísta e contar com um livro sagrado. O Islã só estava presente na Europa
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ocidental de forma minoritária, na Península Ibérica, pois desde as Guerras de Reconquista nos
séculos XIV e XV, Portugal e Espanha expulsaram os reinos islâmicos da região, sobrando
apenas alguns habitantes remanescentes. Portanto, isso também não estava relacionado com
a Reforma Protestante, no século XVI.
Quanto às que restaram, o enunciado nos dá algumas características importantes pertencentes
a vertente protestante que pede para que identifiquemos. Essas características estavam
presentes tanto no luteranismo quanto no calvinismo. Contudo, a predestinação, em especial,
era mais destacada no calvinismo. Por isso, a alternativa “b” é a correta.
Quanto ao anglicanismo, esta era a religião fundada pelo rei Henrique VIII da Inglaterra. Ele
governou entre 1509 e 1547, quando morreu. Ele rompeu com a Igreja Católica em 1532 e
fundou sua própria religião: a Igreja Anglicana, que não diferia muito da católica, mas tinha no
rei sua autoridade máxima. Suas motivações foram mais políticas e pessoais do que religiosas.
Ele tinha interesse em confiscar as terras da Igreja para usá-las como barganha no tráfico de
influência com a nobreza e burguesia inglesas. Além disso, não gostava que o clero tivesse
isenção fiscal e privilégio de foro. Por outro lado, ele queria se divorciar para se casar com outra
mulher e o Papa não consentia.
Gabarito: B
26. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
A Igreja católica ficou muito enfraquecida com a expansão do protestantismo. Uma de suas
respostas a esse avanço foi a formação da Companhia de Jesus, fundada pelo espanhol

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Inácio de Loyola em 1534. Concebida segundo um modelo militar, a Companhia formava


seus membros, os jesuítas, como soldados de Cristo.
(ARRUDA, José Jobson de A., PILETTI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Ed. Ática. 2007,
p. 163)
Qual ação pode ser considerada de responsabilidade da Companhia de Jesus no contexto
da Contrarreforma religiosa?
a) a elaboração de um programa social que fosse capaz de atender às demandas dos
camponeses.
b) o aconselhamento de reis católicos a partir das ideias do despotismo esclarecido.
c) a organização de exércitos responsáveis por combater calvinistas na região sul da França.
d) a difusão do catolicismo entre povos não-cristãos por meio da catequese.
e) a criação de escolas de artes responsáveis por formar pintores que passariam a difundir o
catolicismo por meio de afrescos.
Comentários
Logo de cara, dá para saber que o tema da questão é a Contrarreforma. Esta foi a reação da
Igreja Católica aos movimentos que consistiram na Reforma Protestante. Portanto, o tempo ao
qual a questão se refere é o século XVI e o espaço é a Europa. Mais especificamente, o
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enunciado quer saber sobre as responsabilidades da Companhia de Jesus, criada em 1534


como uma das medidas da Contrarreforma. É importante lembrar que no início da ascensão do
protestantismo, a principal forma de combater os reformistas, ou protestantes, foi punir as
lideranças, como fizeram com Lutero e Calvino. Esperava-se, com isso, sufocar as ideias no seu
berço dos respectivos nascimentos. Foi em vão. Em 50 anos, aproximadamente, 40% dos
europeus ocidentais se converteram ao protestantismo. Assim, a Europa viveu décadas de
conflitos e disputas religiosas que desencadearam verdadeiras guerras religiosas. Por ter sido
fundada nesse contexto, a ordem dos jesuítas tinha uma formação mais militarizada do que as
outras. Com isso em mente, vejamos:
a) Incorreta. Em nenhuma das medidas da Contrarreforma católica havia menção às
demandas dos camponeses. Na verdade, essas medidas reafirmavam doutrinas
importantes da Igreja Católica e procuraram dar mais coesão para a formação do clero.
b) Incorreta. O despotismo esclarecido é um fenômeno político do século XVIII. Portanto,
é posterior à Reforma Proteste e à Contrarreforma. Além disso, ele consistia na prática
de monarcas absolutistas consultarem iluministas para aperfeiçoar o funcionamento de
seus governos, sem que cedessem na centralização do poder.
c) Incorreta. Na França, a própria monarquia católica liderou as perseguições e guerras aos
protestantes, que lá eram chamados de huguenotes.
d) Correta! Em um contexto de perda de fiéis e de expansão marítima, a Igreja Católica
apostou em conquistar almas em novos territórios, além de perseguir protestantes na

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Europa. Por isso, a manutenção das relações com Portugal e Espanha foi muito
importante para o clero católico nesse momento. Lembre-se que a Companhia de Jesus
a ordem era inspirada em uma estrutura militar cuja missão era impedir o avanço do
protestantismo e converter indivíduos ao catolicismo por meio da contemplação (na
maioria das vezes, forçada). A principal estratégia era criar escolas religiosas e
implementar o estudo da catequese. Portanto, sua maior utilidade foi durante a
colonização da América, da África e da Índia, lugares onde portugueses e espanhóis
estavam estabelecendo colônias ou entrepostos comerciais. No entanto, na América e
na África não era raro eles terem que lidar com reações violentas dos nativos e por isso
a formação militar dos jesuítas eram bem requisitadas.
e) Incorreta. Na verdade, a Igreja Católica preferiu praticar o mecenato, contratando
artistas renascentistas para fazer obras de artes e ornamentar templos com temas
bíblicos e cristãos para atrair mais fiéis.
Gabarito: D
27. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
O processo de centralização política que levou à formação dos Estados Modernos não
ocorreu de forma brusca ou sem resistência por parte de grupos que não queriam perder
seu poder. Apesar disso, o Estado se tornou um instrumento importante, inclusive, no
desenvolvimento econômico.
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(COTRIM, Gilberto. História Global)


Foram medidas estatais que impulsionaram a economia:
I – Melhoria das estradas e da segurança pública
II – Uniformização das moedas
III – Criação de leis e regras para regular a economia
IV- Padronização de pesos e medida
Estão corretas apenas
a)I, II, III
b)I, II, IV
c)II, III, IV
d)I, II, III, IV
e)II, IV
Comentários
Em primeiro lugar, o tema da questão é a formação dos Estados Modernos na Europa, o que
ocorreu mais ou menos entre os séculos XIV e XVI. Na verdade, se formos cavar até o fundo da
questão, podemos remontar ao início do processo de centralização no fim do feudalismo. Esta
ordem econômica atingiu seu auge entre os séculos XI e XIII. Todavia, uma série de fatores

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contribuíram para gerar transformações que abriram oportunidade para muitos monarcas
centralizarem o poder em sua figura. Lembre-se que no feudalismo, o poder era fragmentado,
pois os senhores feudais eram a autoridade máxima em seus próprios territórios. As relações e
hierarquias entre eles eram estabelecidas pela vassalagem. Contudo, nem todos deviam
lealdade diretamente ao rei, mas a um dos vassalos do rei, ou a um dos vassalos de um dos
vassalos do rei, sacou? Pois bem, nessa mesma época começou a rolar o renascimento
comercial e urbano, recorda? Durante o período feudal, o comércio estava estagnado. Os
poucos comerciantes que negociavam excedentes agrícolas de gêneros específicos entre os
feudos encontravam muitas dificuldades para realizar suas atividades. Como cada feudo tinha
suas próprias regras e leis, cada um tinha também seus próprios tributos e suas próprias
moedas. Alguns nem moedas tinham. Por outro lado, uma das consequências das Cruzadas foi
o tal do renascimento comercial e urbano, uma vez que botou os europeus em contato com
mercados do Oriente Médio e da Ásia, por meio da retomada do controle de algumas rotas
comerciais do Mediterrâneo. Assim, novos produtos e objetos de luxos passaram a circular. Os
mercadores eram mais procurados e aos pontos cidades foram crescendo nos pontos onde eles
se estabeleciam para fazer suas trocas. Porém, a dificuldade em relação a fragmentação
tributária e monetária dos feudos persistia.
Então, veja, de um lado os reis estava descontentes com a descentralização do poder e
de outro os mercadores e burgueses com a fragmentação econômica. Assim, em muitos lugares
monarcas e burgueses se aliaram para concretizar seus interesses. Os reis unificavam os tributos
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e as moedas a nível nacional, enquanto os burgueses emprestavam dinheiro à monarquia para


financiar a formação de exércitos permanentes que pudesse bater de frente com a nobreza
feudal, entre outras medidas de centralização. Já deu pra pegar a ideia, né? Conforme o Estado
Moderno se estabelecia, um conjunto de teorias e práticas econômicas se desenvolvia: o
mercantilismo. Este tinha como principais características o metalismo, a balança comercial
favorável e o protecionismo. O comércio passava a ser o eixo principal das economias nacionais,
principalmente o setor de exportações. Para isso funcionar, era necessária intervenção do
Estado e o capital da burguesia. Então, vamos avaliar as alternativas. Mas lembre-se que você
precisa identificar as medidas estatais que impulsionaram a economia:
I – Verdadeira! Veja, a solução econômica dos problemas europeus era aumentar as rotas
comerciais, chegar e controlar a fonte de distribuição de mercadoria. Como não existiam aviões
ainda, as mercadorias só podiam ser transportadas por terra ou mar. Na terra, além de projetar
veículos era necessário investir em infraestrutura, ou seja, boas estradas. Por outro lado, era
preciso evitar que os produtos fossem roubados durante o trajeto e contrabandeados,
resultando em prejuízo para os comerciantes que investiram em sua aquisição e para o Estado
que deixava de lucrar com os tributos sobre a circulação deles. Por isso, a formação de exércitos
permanentes e corporações policiais foram essenciais para garantir a segurança pública
indispensável o bom funcionamento do comércio.
II – Verdadeira! Essa foi uma das coisas que disse no comentário. Enquanto o poder e a
economia eram descentralizados, havia uma infinidade de moedas e em alguns lugares nem

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moedas existia. Portanto, a unificação monetária foi uma das primeiras medidas aplicadas pelas
monarquias nacionais no início do processo de centralização do poder.
III – Verdadeira! Para centralizar o poder sob um Estado monárquico e absolutista, foi necessário
racionalizar seu funcionamento por meio do estabelecimento de um corpo jurídico e uma
estrutura burocrática. Sem isso seria impossível administrar a justiça e administrar a arrecadação
de tributos em vastos territórios nacionais.
IV – Verdadeira! Assim como as moedas, pesos e medidas também variavam de região para
região dentro de um mesmo reino devido a descentralização dos feudos. Sabe como aqui no
Brasil a gente mede peso em quilogramas e nos EUA eles usam pounds (libras)? Então, imagina
se fosse assim em cada cidade um mesmo país, ia ser uma loucura. Essa era a situação. Os
comerciantes odiavam, até porque as principais mercadorias mais importantes eram gêneros
agrícolas e metais preciosos, os quais precisavam ser pesados para se auferir algum valor. Por
isso, a unificação dessas unidades de medida foi igualmente uma das primeiras medidas
centralizadoras dos monarcas.
Portanto, a alternativa correta é a letra “d”.
Gabarito: D
28. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
No processo de formação das monarquias europeias, qual rei foi compelido a assinar um
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documento, no século XIII, se comprometendo com a nobreza a não criar impostos sem o
consentimento do Grande Conselho, o embrião do parlamento?
a) Luís XVI.
b) Felipe II.
c) João Sem-Terra.
d) Fernando de Castela.
e) Henrique II.
Comentários
Antes demais nada vamos nos localizar. O tema da questão é a formação das monarquias
nacionais na Europa. Ou seja, estamos falando do período entre a Baixa Idade Média e a Idade
Moderna. Mais especificamente, o enunciado fala de um acontecimento no século XIII. Em
segundo lugar, lembre-se que cada país passou por esse processo de centralização do poder em
ritmos diferentes. Pois bem, até esse período, o poder era descentralizado na maior parte dos
reinos, com a nobreza feudal sendo a maior autoridade em seus próprios feudos, apenas
hierarquizados com base na vassalagem. Contudo, não existia parlamentos em lugar algum até o
século XIII, pelo menos não oficialmente. O primeiro reino a formalizar um conselho parlamentar
foi a Inglaterra. As resistências locais dos nobres à consolidação do poder monárquico foram
grandes. O rei governante entre 1199-1216, enfrentou uma série de revoltas da nobreza feudal
britânica, ao tentar organizar as bases tributárias do Estado Monárquico. Recusando-se a pagar

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quaisquer impostos lançados unilateralmente pelo soberano, os nobres coagiram o rei a assinar a
Magna Carta, em 1215. Esse documento o obrigava a consultar um parlamento eleito entre a
nobreza antes de criar ou aumentar qualquer tributo. Com essas informações, vamos começar
eliminando todas as alternativas que não mencionam monarcas ingleses. Assim, estão incorretas:
a) Luís XVI foi rei da França entre 1774 e 1792, quando morreu decapitado pela Revolução
Francesa.
b) Felipe II foi rei da Espanha entre 1556 e 1598. Foi durante seu reinado que o reino
espanhol anexou Portugal e seus territórios, pois Felipe era o primeiro na linha de sucessão ao
trono português, cujo último rei na época morreu sem deixar herdeiros. Com isso, os dois reinos
se tornaram a União Ibérica a partir de 1580 e que durou até depois da morte de Felipe (1598),
quando os portugueses tomaram seus territórios de volta, na década de 1640.
d) Não existiu um Fernando de Castela. Na verdade, era Fernando de Aragão, um reino
que existia no território espanhol antes da unificação que resultou na fundação da Espanha. Isto
ocorreu quando Fernando casou com Isabel de Castela, um reino vizinho, em 1469.
Agora, vejamos os dois monarcas ingleses que sobraram:
c) João Sem Terra foi rei da Inglaterra entre 1199 até 1216, quando faleceu. Ele era o filho
mais novo do rei Henrique II, por isso não tinha esperanças de herdar terras significativas. Por isso,
também foi apelidado de “João Sem Terra”. No entanto, depois de seus irmãos mais velhos
tentarem se rebelar contra seu pai, João foi nomeado Lorde da Irlanda e recebeu terras na
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Inglaterra e no continente. Um de seus irmãos, Ricardo I, tornou-se rei em 1189, porém ele morreu
durante uma Cruzada no Oriente Médio. Com isso, João foi coroado rei em 1199.
d) Henrique II foi rei da Inglaterra entre 1154 até 1189, quando faleceu. Ele era pai de João
Sem Terra. Durante seu reinado, ele restaurou a administração real, restabeleceu a hegemonia
sobre Gales e conseguiu o controle total de suas terras em Anjou, Maine e Touraine, na
Normandia.
Portanto, vemos que aquele que assinou a Magna Carta foi João Sem Terra, que de fato
era um monarca inglês, viveu e reinou no momento da assinatura desse documento.
Gabarito: C
29. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Durante a Idade Moderna, na Europa, ocorreu o fortalecimento gradual dos governos das
monarquias nacionais. Desse processo, resultou o absolutismo monárquico, o qual contou
com pensadores que ajudaram a justificar o aperfeiçoamento do poder absolutista. A Teoria
da Soberania sustentou que um monarca era suficientemente poderoso para agir livremente
e de forma racional sem nenhum tipo de limitação. Nas palavras do autor: “a lei não é senão
o mando do soberano no exercício do seu poder. As limitações do poder soberano seriam
a lei divina e a lei natural.”
Assinale a alterantiva abaixo que apresenta o responsável por tal pensamento.
a) Jean Jacques Rousseau.

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b) Thomas Hobbes.
c) John Locke.
d) Immanuel Kant.
e) Jean Bodin.
Comentários

O tema da questão é o processo de formação das monarquias nacionais na Europa, mais


especificamente os teóricos do absolutismo que deram sustentação ideológica à centralização
do poder na figura dos reis. Cada país passou por esse processo no seu próprio ritmo e em
datas variadas. Portanto, estamos falando de um período que pode se estender do século XIV
até o XVII. Sabendo dessas informações, vejamos qual pensador se enquadra nesse período e
nesse tipo de pensamento:

a) Incorreta. Jean Jacques Rousseau viveu entre 1712 e 1778, no século XVIII. Ou seja,
depois que as monarquias absolutistas já estavam consolidadas, inclusive a da França,
onde ele residia. Além disso, Rousseau era um pensador iluminista de tendência
republicana, tenaz crítico do absolutismo francês. Mais que isso, ele defendia uma
democracia participativa, isto é, um governo em que de fato a maioria da população
participasse ativamente, não somente elegesse representantes.
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b) Incorreta. Thomas Hobbes viveu entre 1588 e 1679, ou seja, entre os séculos XVI e XVII,
portanto se enquadra no período. Porém, o trecho destacado no enunciado não é de
sua autoria. Na verdade, Hobbes justificou a concentração do poder por ser o Estado
produto de um contrato entre os homens, que não poderia ser rompido entre os
governantes e governados. Em Leviatã (1651), Hobbes argumenta que os homens teriam
cedido direitos (como a autonomia), por meio de um contrato, ao Estado. Como os
homens viviam em guerra permanente no estado de natureza, sem sujeições a leis, o
poder era disputado de forma irracional. A organização da sociedade civil por meio do
contrato permitiria racionalizar a vida dos homens, pois viabilizaria a preservação da
propriedade privada e da paz social. Porém, seria preciso a renúncia de direitos naturais
em prol do soberano.

c) Incorreta. John Locke viveu entre 1632 e 1704, portanto, entre os séculos XVII e XVIII.
Por pouco, ele se enquadra no final do período que destaquei no comentário. No
entanto, ele não era um teórico do absolutismo. Na realidade, Locke foi um crítico dessa
teoria do poder. Ele foi um dos fundadores do pensamento liberal na política. Esse
pensador defendia a liberdade religiosa, o princípio da tolerância, a organização política
pelo consentimento, a propriedade privada e o princípio da vontade da maioria.

d) Incorreta. Immanuel Kant viveu entre 1724 e 1804, logo, entre os séculos XVIII e XIX, fora
do período que destaquei. Além disso, Kant era um filósofo iluminista que defendia uma
república representativa, isto é, que elegesse representantes para governar.

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Gabarito: E

30. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Fundado como condado em 1066, Portugal tornou-se soberano em 1139 pelas mãos de Dom
Afonso Henriques. Assim começava a dinastia dos Borgonha que governou o reino por mais
de 200 anos. Nesse período podemos destacar o reinado de Dom Dinis, marcado por
a) Definição das fronteiras atuais e organização interna do reino.
b) Conflitos com muçulmanos, que acabaram dominando parte do reino.
c) Perseguição aos judeus, que passaram a se converter ao cristianismo para manter seus
negócios no comércio.
d) Centralização do poder e expansão marítimo-comercial.
e) Desenvolvimento das técnicas de navegação e fortalecimento da economia pesqueira.
Comentários
Vejamos, o tema da questão é a formação das monarquias nacionais na Europa, mais
especificamente da monarquia portuguesa cuja formação teve início em 1139, como diz o
enunciado. Durante as guerras de Reconquista contra os islâmicos, na Península Ibérica,
formaram-se inicialmente alguns reinos católicos no norte dessa região. As terras iam sendo
reconquistadas dos árabes no avanço cristão e iam sendo transformadas em condados. Assim,
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surgiu o condado de Portucale ou Portucalense, que fazia parte do reino de Leão. D. Henrique
de Borgonha (1066-1112) foi nomeado para administrar Portucale e trabalhou pela autonomia
do condado. No entanto, quem realizou esse objetivo foi seu filho. D. Afonso Henriques (1109-
1185), quando declarou a independência da região e tornou-se o primeiro soberano do reino
de Portugal, em 1139. Assim, fundou-se a Dinastia dos Borgonha. Todavia, a questão direciona
seu comando para o reinado de D. Dinis (1261-1325), iniciado em 1279. Vamos às alternativas
para avaliar qual delas aponta as principais características de seu reinado:
a) Correta! D. Dinis foi o responsável por conquistar terras o suficiente para que Portugal
tivesse as fronteiras que tem hoje. Além disso, ele se dedicou a aprimorar a organização
interna do reino, concedendo vários privilégios a nobreza para garantir seu apoio.
b) Incorreta. Os mulçumanos já haviam sido expulsos dos territórios portugueses desde
1139.
c) Incorreta. A perseguição aos judeus era uma prática recorrente em vários reinos da
Europa, inclusive na Península Ibérica. Contudo, essa prática só se tornou mais intensa
na região a partir do século XVI com a publicação do Édito de Toledo, em 1449, na
Espanha, que definia vários critérios para impedir pessoas com ascendência judaica,
islâmica e pagã não pudessem ocupar determinados cargos e títulos. Em Portugal, isso
também foi adotado no mesmo século, como Estatutos da Limpeza de Sangue. Esses
critérios também discriminavam aqueles que desempenhavam ou cujos ancestrais
desempenharam trabalhos mecânicos (manuais). De qualquer forma, isso ocorreu depois
do governo de D. Dinis.

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d) Incorreta. A centralização do poder na figura do rei só ocorreu a partir de 1385, após a


Revolução de Avis. Este episódio foi um conflito entre dois herdeiros do trono lusitano,
um bastardo português do último rei, João Mestre de Avis, e a rainha de Castela,
também princesa de Portugal. Com a vitória de João, ele foi coroado rei dando início a
Dinastia de Avis. Ele deu início a uma série de medidas para consolidar o absolutismo
em seu reinado. Além disso, a expansão marítima só se iniciou mais tarde, no século XV.
e) Incorreta. Isso se deu apenas no século XV, quando o infante D. Henrique fundou a vila
de Sagres, no Algarve, para servir como local de assistência a todos os navegadores que
por ali passassem. Lá, teria sido fundada uma escola náutica, com o objetivo de oferecer
formação a navegadores portugueses e estrangeiros que estavam a serviço do infante,
provendo conhecimentos de cartografia, geografia e astronomia.
Gabarito: A

31. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


O conjunto de práticas econômicas ocorridas entre os séculos XV e XVIII recebeu o nome de
mercantilismo. Suas práticas variaram de país para país, mas tinham em comum
a) A aliança entre nobreza, burgueses e o clero na busca pelo livre-comércio.
b) O fortalecimento do Estado por meio do protecionismo e o intervencionismo estatal.
c) A descentralização do poder político e a busca pelo metalismo.
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d) O fortalecimento da centralização monárquica a partir do Colbertismo.


e) O colonialismo e o industrialismo.
Comentários
No enunciado, podemos identificar que o tempo ao qual a questão se refere se localiza
entre os séculos XV e XVIII na Europa. O tema é o mercantilismo, um conjunto de práticas
econômicas que vigoraram nessa época nos reinos europeus e em suas colônias. O início dessas
práticas remete ao renascimento comercial e urbano, na Baixa Idade Média. Esse fenômeno
consistia em uma série de transformações sem volta para o feudalismo. Contudo, no século XIV e
início do século XV, uma grande crise abateu-se sobre a Europa, como afirma Nicolau Sevcenko18.
A Peste, a Guerra dos Cem Anos e as rebeliões camponesas geraram um clima de insegurança e
retração demográfica e econômica. Assim, a retomada do crescimento econômico esbarrava em
diversos obstáculos, como: a escassez da moeda, a produção agrária deficitária e estagnação do
comércio com o Oriente devido ao monopólio das rotas comerciais marítimas mantido pelas
cidades italianas. Perceba que a economia da Modernidade estava relacionada ao comércio,
atividade mercantil. Nesse sentido, a solução para os problemas econômicos europeus
necessariamente passava por melhorar e aumentar as rotas comerciais, chegar e controlar a fonte
de distribuição de mercadoria. Tal empreendimento demandava grande monta de recursos e
coordenação arrojada para implementá-lo. Isso justificava a necessidade da centralização política
na Monarquia e uma série de práticas econômicas que, posteriormente, foram sistematizadas
como mercantilismo. Essa mentalidade também foi o que guiou a ambição dos europeus em se

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aventurar no oceano em busca de novos territórios para colonizar. Agora, vejamos qual alternativa
aponta corretamente os elementos comuns nas práticas mercantilistas das diversas nações
europeias do período:
a) Incorreta. Nobreza e clero geralmente eram antagonistas da burguesia, uma classe em
ascensão e que enriquecia por meios condenados pela Igreja e pelos nobres. Para estes não era
interessante que houvesse livre-comércio, mas sim que os mercadores respeitassem suas regras.
b) Correta! Como disse no comentário, o mercantilismo dependia de um Estado interventor
na economia, portanto, precisava que o poder fosse centralizado. Assim, era possível implementar
medidas protecionistas para garantir a balança comercial favorável. Em outras palavras, os países
acreditavam que era necessário sempre exportar mais que importar e para isso ocorrer o Estado
precisava implementar medidas que favorecesse os comerciantes nacionais em detrimento dos
estrangeiros. Era preciso controlar as rotas comerciais, chegar e monopolizar os pontos de
distribuição de mercadorias.
c) Incorreta. De fato, o metalismo era uma característica do mercantilismo. Consistia em ter
como base da riqueza os metais preciosos, sobretudo o ouro e a prata. Portanto, a acumular esses
metais era garantia de riqueza. Esse era o primeiro princípio do mercantilismo.
d) Incorreta. O Colbertismo é uma vertente do mercantilismo criado entre os séculos XVI e
XVII, característica apenas da política econômica francesa desse período. Essa vertente foi
teorizada e promovida por Jean-Baptiste Colbert, controlador geral das finanças do rei Luís XIV.
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Basicamente, o Colbertismo valorizava ainda mais o princípio da balança comercial favorável, por
meio do incremento da produção de manufaturas em território nacional.
e) Incorreta. Assim como o Colbertismo, o colonialismo e o industrialismo também eram
vertentes ou tipos de mercantilismo. Todavia, eles não eram praticados por todas as nações
europeias. O colonialismo, prática de conquistar, povoar e transformar novos territórios em fonte
de matérias-primas para exportação, era característico do mercantilismo de Portugal, Espanha,
Holanda, Inglaterra e França. Por seu turno, o industrialismo era centrado no desenvolvimento da
produção manufatureira, utilizando matérias-primas das colônias para conseguir uma balança
comercial favorável. Originou-se na França e pode ser entendido como sinônimo do Colbertismo.
Essa prática também era comum na Inglaterra.
Gabarito: B
32. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
No contexto do mercantilismo, o pacto colonial, também chamado de exclusivo comercial,
estabelecia que
a) as mercadorias importadas ou exportadas deveriam ser transportadas pelos navios
ingleses.
b) a balança comercial das metrópoles deveria ser superavitária.
c) as companhias de comércio deveriam ser formadas metade pelo capital estatal e metade
pelo capital privado.

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d) todos os produtos que chegassem à colônia ou saíssem dela tinham que passar pela
metrópole.
e) as colônias não podiam manter barreiras alfandegárias, priorizando o livre comércio.
Comentários
O tema da questão é o mercantilismo, mas especificamente o pacto colonial (exclusivo
comercial metropolitano). O mercantilismo foi o Sistema Econômico predominante no período da
Modernidade (s. XV a XVIII), ou seja, foi o conjunto de ideias e de práticas (uma doutrina) que
conduziram a economia dos Estados Modernos Absolutistas. Essas práticas não foram
universalistas, ou seja, elas variaram de país para país a depender do seu contexto interno e das
oportunidades relacionadas com o domínio das rotas econômicas, especialmente, as marítimas.
Contudo, os modelos locais tinham em comum o fato de o Estado intervir fortemente na
economia, em parceria com setores mercantis. Os princípios fundamentais do mercantilismo,
comuns na maioria das nações europeias, eram o metalismo, o protecionismo e a balança
comercial favorável. O pacto colonial só existia naquelas nações que possuíam colônias em outros
continentes. Com base nisso, vejamos qual alternativa apresenta corretamente o que este último
princípio estabelecia:
a) Incorreta. Na verdade, o pacto colonial determinava que as mercadorias importadas ou
exportadas deveriam ser transportadas apenas pelos navios oriundos na metrópole que controlava
a colônia em questão. Por isso também é chamado de exclusivo comercial metropolitano. Assim,
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era mais fácil para as metrópoles cobrarem impostos e taxas sobre a circulação dessas
mercadorias, além de garantir que os comerciantes de seu próprio reino tivessem mais vantagens
sobre aqueles de outras nações ou oriundos das colônias. Ou seja, nas colônias inglesas, apenas
navios ingleses podiam transportar as mercadorias; nas colônias portuguesas, apenas navios
portugueses; nas colônias espanholas, apenas navios espanhóis; e assim por diante.
b) Incorreta. Isso era uma característica da economia mercantilista, porém era o que
determinava o princípio da balança comercial favorável, não o pacto colonial.
c) Incorreta. Isso realmente ocorria, contudo não era o pacto colonial que determinava esse
procedimento. Conforme o Estado precisava de empréstimos e financiamentos privados para
levar a cabo seus planos econômicos, recorria à iniciativa privada por meio de concessões de
monopólios.
d) Correta! Era exatamente o que determinava o pacto colonial. Além de apenas navios da
metrópole poderem transportar as mercadorias, estas tinham que passar pelo centro
administrativo do império colonial para serem devidamente tributadas.
e) Incorreta. As barreiras alfandegárias faziam parte do princípio do protecionismo, que
buscava taxar muito mais produtos estrangeiros do que aqueles de origem nacional ou das
próprias colônias, com o objetivo de garantir que a metrópole exportava mais do que importava.
Gabarito: D
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Faça a associação abaixo e, em seguida, marque a alternativa correta:


I – mercantilismo metalista
II – Colbertismo ou mercantilismo industrial
III – mercantilismo comercial
A – tipo de mercantilismo que priorizou a prática de comprar barato e vender caro, ganhar
no frete, estimular a construção naval e a formação de companhias de comércio.
B – tipo de mercantilismo que priorizou o mercado de produtos luxuosos, uma política
proposta por um dos Ministros de Luís XIV.
C – tipo de mercantilismo que acentuava a importância da acumulação de ouro e prata.
a) I – A; II – B; III – C.
b) I – A; II- C; III – B.
c) I – C; II – A; III – B.
d) I – B; II – C; III – A.
e) I – C; II – B; III – A.
Comentários
A questão aborda o mercantilismo, sistema econômico predominante no período da
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Modernidade (s. XV a XVIII). Tratava-se de conjunto de ideias e de práticas (uma doutrina)


que conduziram a economia dos Estados Modernos Absolutistas. Essas práticas não foram
universalistas, ou seja, elas variaram de país para país a depender do seu contexto interno
e das oportunidades relacionadas com o domínio das rotas econômicas, especialmente, as
marítimas. Contudo, os modelos locais tinham em comum o fato de o Estado intervir
fortemente na economia, em parceria com setores mercantis. Os princípios fundamentais
do mercantilismo, comuns na maioria das nações europeias, eram o metalismo, o
protecionismo e a balança comercial favorável. Com isso em mente, vamos avaliar as
proposições para associar os tipos de mercantilismo a suas respectivas descrições.
O metalismo tinha o objetivo de obter diretamente os metais preciosos. Caso clássico
da Espanha que, por meio de suas colônias latino-americanas, conseguiu extrair quantidade
enorme de outro e prata.
O industrialismo tinha o objetivo de o desenvolvimento da produção manufatureira.
Perceba que o nome é industrialismo, mas não se trata (nem de longe) de algo parecido
com MAQUInofatura (fenômeno do século XVIII). Outra denominação é colbertismo, porque
foi o Ministro Francês Jean-Baptiste Colbert quem sistematizou as ideias do
desenvolvimento da manufatura para garantir a balança comercial favorável. Deveria
produzir mais do que comprar. Para isso era preciso reforçar o protecionismo. Assim, o
industrialismo corresponde ao modelo francês.

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O mercantilismo comercial objetivava o fortalecimento do comércio, especialmente, o


controle do comércio marítimo. Esta foi uma política desenvolvida na Inglaterra que atuou
no sentido de controlar o transporte dos produtos que circulavam no Oceano Atlântico. Por
isso, desenvolveram uma forte marinha mercante.
Dessa forma, as associações corretas são:
I. Mercantilismo metalista – C. tipo de mercantilismo que acentuava a importância da
acumulação de ouro e prata.
II. Colbertismo ou mercantilismo industrial – B. tipo de mercantilismo que priorizou o
mercado de produtos luxuosos, uma política proposta por um dos Ministros de Luís XIV.
III. Mercantilismo comercial – A. tipo de mercantilismo que priorizou a prática de comprar
barato e vender caro, ganhar no frete, estimular a construção naval e a formação de
companhias de comércio.
Portanto, a alternativa correta é a letra “e”.
Gabarito: E
34. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Entre 1509 e 1547, o rei Henrique VIII governou a Inglaterra. Durante seu reinado, ele
a) promoveu medidas para impedir que houvesse casamentos fora da tradição inglesa.
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b) criou uma nova religião a ponto de fundir o poder político do monarca com o poder
religioso.
c) fortaleceu os laços com a Igreja Católica sediada em Roma com vistas ao projeto de
dominação da Europa continental.
d) fortaleceu o parlamento inglês.
e) assinou uma carta se comprometendo a não criar impostos ou alterar as leis sem antes
consultar o Grande Conselho.
Comentários
A questão aborda a tensão entre a Coroa inglesa e o poder da Igreja Católica.
Henrique VIII pertenceu à dinastia Tudor e criou a religião anglicana. Para tanto, rompeu
com o papado. O estopim foi o não reconhecimento pela Igreja do divórcio que o rei fez de sua
primeira esposa, Catarina de Aragão. Assim, em 1534, por meio do Ato da Supremacia, Henrique
VIII rompeu com a Igreja de Roma. Essa situação fez com que o rei fosse excomungado. Como
reação, o monarca inglês expropriou os bens da Igreja Católica localizados em solo inglês.
Apesar desse estopim, vamos sistematizar os móvitos desse atrito entre Inglaterra e Roma:

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Motivos da ruptura

Anulação do
Reduzir a influência
Apropriar-se dos casamento do Rei
do Papa dentro da
bens da Igreja Henrique com
Inglaterra
Catarina de Aragão

A reforma anglicana foi impulsionada pelo rei inglês Henrique VIII e teve motivações e
características distintas das reformas luterana e calvinista. Não havia questões doutrinárias e, por
isso, não constituiu um rompimento radical com os dogmas e rituais católicos
a) falso, pois Henrique VIII quis justamente o contrário, a anulação do casamento para poder
com Ana Bolena – uma cortesã da Corte.
b) é o gabarito.
c) errado, pois a relação entre eles se estremeceu.
d) errado. Essa questão sobre a “briga” entre monarquia inglesa e parlamento inglês é
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própria das revoluções do século XVII, as Revoluções Inglesas. No geral, foi uma luta para que o
poder do rei fosse controlado e para que o parlamento assumisse certo protagonismo nos rumos
da Inglaterra. No final, o rei teve seu poder limitado. De toda foram, não foi uma questão própria
do reinado de Henrique VIII.
e) errado, pois foi João Sem Terra que, em 1215 assinou a Magna Carta assumindo esse
compromisso.
Gabarito: B
35. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
Em 1559, a Igreja Católica produziu uma lista de livros proibidos, o Index Librorum
Proibitorum (Índice de Livros Proibidos), na qual foram relacionados livros considerados
contrários à doutrina católica.
Leia as afirmações abaixo a respeito desse contexto histórico:
I – o Index foi publicado pela primeira vez no contexto da Contrarreforma Católica.
II – os textos de João Calvino foram incluídos na lista de livros proibidos.
III – o Index foi uma das respostas da Igreja às divisões que o catolicismo sofria com as
doutrinas protestantes.
IV – a Contrarreforma expressou a vontade de a Igreja controlar o poder dos reis.
Assinale a única alternativa que apresenta todos os itens com características desse período

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a) I e II.
b) I e III.
c) I, II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
Comentários
I, II e III estão corretas, pois estão no contexto da dinâmica histórica da Reforma Protestante e da
reação da Igreja com a Contrarreforma. A lista de livros do Index, apesar de ter perdido
efetividade prática com o passar dos séculos, formalmente, ela só foi revogada em 1966 Porém,
a alternativa IV está errada na medida em que, naquele momento, a Igreja não pretendia controlar
os reis. Na verdade, essa divergência já havia ocorrido a partir da Querela das Investiduras (m
movimento no qual a Igreja protestava contra a nomeação de bispos e papas por reis, séculos X
e XI).
Gabarito: C

36. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


A prática econômica variou de país para país, dando origem a diversas formas de
mercantilismo. Os espanhóis, favorecidos pela posse das colônias americanas, grandes
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produtoras de metais preciosos, praticavam mercantilismo metalista.


Pilleti e Arruda. Toda História. Ed. Ática, 2007.
Além do mercantilismo metalista, outros modelos podem ser, com exceção:
a) Colbertismo
b) Mercantilismo Comercial
c) Mercantilismo Industrial
d) Mercantilismo de plantagem
e) Mercantilismo concorrencial
Comentários
A atividade econômica da Modernidade era mercantil. Nesse sentido, a solução para os
problemas econômicos europeus passava, necessariamente, por melhorar e aumentar as
rotas comerciais, chegar e controlar a fonte de distribuição de mercadoria. Evidentemente,
esse empreendimento demandava uma grande monta de recursos e uma coordenação
arrojada para implementá-lo, concorda? Isso justificava a necessidade da centralização
política na Monarquia e uma série de práticas econômicas que, posteriormente, foram
sistematizadas como MERCANTILISMO.
Segundo Pilleti e Arruda existem várias formas de mercantilismo, cada uma caracterizada por
práticas econômicas específicas adotadas por países Europeus.

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 Colbertismo: incentivo à produção de manufaturas de luxo. Esse nome faz referência ao


Ministro Jean-Baptiste Colbert, ministro das finanças do rei Francês, Luis XIV.
 Mercantilismo Comercial: se caracteriza por incentivar as atividades comerciais – comprar
barato e vender caro, ganhar no frete, estimular a construção naval e formação de Cias de
comércio. Inglaterra e Holanda são exemplos.
 Mercantilismo Industrial: Incentivo à indústria naval e outras manufaturas. Segue a mesma
linha do Colbertismo.
 Mercantilismo de plantagem: Modelo português, baseado na produção tropical destinada
ao mercado internacional, em território colonial
 Mercantilismo concorrencial: não existe!!!
Tendo esses comentários em mente, chegamos à conclusão de que o gabarito é alternativa
E.
Gabarito: E
37. (Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
A respeito reforma protestante na Europa do século XVI, pode-se afirmar que era um ponto
comum entre luteranos e calvinistas
a) o retorno ao pensamento filosófico de São Tomás de Aquino.
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b) a crítica à venda de indulgências.


c) a defesa do ensino do latim aos leigos para que fosse possível a livre interpretação da
bíblia.
d) a defesa do trabalho como caminho da salvação.
e) a importância de o cristianismo adorar santos apenas em formato de anjos.
Comentários
a) falso, pois, por um lado Marinho Lutero seguiu os ensinamentos de Paulo de Tarso e de
Santo Agostinho (Lutero era da ordem agostiniana), por outro, João Calvino se apegou mais no
agostinianismo na medida em que passou a defender que a salvação pela fé (base do pensamento
de Santo Agostinho, também defendida por Lutero) estava mediada pela predestinação divina,
ou seja, alguns fieis seriam eleitos por Deus outros não.
b) correto. As religiões protestantes não concordavam com a venda, o negócio, dos
“perdões” dos pecados. A partir de um pagamento o fiel podia compravam a salvação eterna.
Para Lutero e Calvino essa prática se distanciava dos verdadeiros ensinamentos cristãos, ou seja,
que os homens não podem determinar se serão ou não salvos, isso, conforme ensinamentos de
Santo Agostinho, já é predestinado, a ponto de a fé ser o caminho de todos, independentemente
de pagamentos. Os pecados não seriam perdoados por homens, mas apenas por Deus.
c) errado, pois Lutero, por exemplo, foi pioneiro ao traduzir a bíblia para o alemão. Segundo
o protestante, para que todos pudessem se aproximar de Deus e construir sua própria

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interpretação os cultos e o texto sagrado deviam ser proferidos em línguas mais populares e não
em latim.
d) errado, pois essa premissa era do calvinismo, pois, para essa doutrina, o trabalho árduo,
recompensado pela prosperidade econômica, seria um sinal da predestinação para a salvação.
e) falso, pois tanto luteranismo quanto calvinismo combatiam a adoração aos Santos.
Gabarito: B

11. QUESTÕES PARA CONSOLIDAÇÃO (COMENTÁRIOS)


38. (UNAERP 2020)
A Revolução de Avis ocorreu entre 1383 e 1385, após a morte do rei Fernando de Borgonha,
último de uma dinastia. A vitória do Mestre da Ordem Avis resulta na consolidação de um
dos primeiros Estados nacionais europeus. Esse Estado nacional era
a) a Inglaterra, com o rei Guilherme, o Normando.
b) a França, com o rei Luís, o Rei Sol.
c) Portugal, com o rei João, o de Boa Memória.
d) a Itália, com o rei Vítor Emanuel II, o Pai da Pátria.
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e) a Alemanha, com o Rei Guilherme I, da Prússia.


Comentários
Esta questão tem como tema mais amplo a formação das monarquias nacionais e do absolutismo
na Europa. Tal processo envolveu a centralização do poder na figura do monarca, a restituição do
direito romano, a racionalização das funções do Estado (aperfeiçoamento do sistema fiscal e da
burocracia), a adoção de padrões comuns de comércio (tributos, moedas, pesos, medidas e
autorizações), o surgimento da diplomacia e a formação de exércitos permanentes à serviço do
Estado. Apesar dos reinos europeus terem passado por esses processos mais ou menos na mesma
época, alguns deles vivenciaram tal fenômeno mais cedo, outros mais tarde, e cada um sob
condições históricas específicas. Por exemplo, nos casos da Inglaterra e da França, a Guerra dos
Cem Anos que colocou estes dois reinos um contra o outro possibilitou a formação de exércitos
permanentes, aumento de tributos e aperfeiçoamento da burocracia. As invasões normandas
nesses territórios também influenciaram. Nos casos espanhol e português, um dos principais
fatores que favoreceram a consolidação de suas monarquias foi a guerra da Reconquista contra
os muçulmanos que dominavam boa parte da Península Ibérica desde o século VIII.
A Revolução de Avis foi um acontecimento que influenciou na consolidação da monarquia
portuguesa. Como a própria questão destacou, esse fato correu ainda durante a Baixa Idade
Média, no final do século XIV. Na verdade, antes deste acontecimento, o primeiro rei português,
Afonso Henrique, foi coroado por vencer os muçulmanos em Ourique, em 1139. Ele fundou a
dinastia de Borgonha. Contudo, em 1383 seu descendente e rei naquele momento, D. Fernando,

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morreu sem deixar herdeiros do gênero masculino. Sua filha mais velha era casada com o rei de
Castela, reino que viria a fazer parte da formação da Espanha alguns anos mais tarde. Ela, então,
reivindicou o trono português, contando com a nobreza e o clero lusitanos. Entretanto, D. João,
mestre da Ordem de Avis, descendente bastardo da dinastia de Borgonha, também reivindicou a
coroa e foi atuado pela nascente burguesia mais enriquecida. A disputa entre os dois pretendentes
à coroa portuguesa desencadeou o conflito abordado pela questão, a Revolução de Avis. Como
o próprio nome dado ao ocorrido deixa transparecer, o vencedor foi o mestre da Ordem de Avis,
que foi coroado como D. João I em 1385, consolidando o Estado centralizado em Portugal. Com
isso, o reino lusitano foi primeiro da Europa a passar por tal processo. Portanto, a alternativa
correta só pode ser a letra “c”, uma vez que é a única a mencionar Portugal e D. João I.
Gabarito: C

39. (UNAERP 2019)


“Hobbes nega essa distinção entre a esfera pública e a privada; uma vez instituído o Estado,
a esfera privada, que em Hobbes coincide com o estado de natureza, se dissolve
inteiramente na esfera pública, isto é, nas relações de domínio que ligam o soberano aos
súditos. Com efeito, a razão pela qual os indivíduos deixam o estado de natureza para
ingressar na esfera do Estado é que o primeiro, não regulado por leis impostas por um poder
comum, se resolve numa situação de conflito permanente (o famoso ‘bellum omnium contra
omnes’) ”.
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BOBBIO, N. A Teoria das Formas de Governo. São Paulo: Edipro, 2017: p. 108.
Com base nas considerações de Norberto Bobbio sobre o teórico inglês Thomas Hobbes e
sua teoria acerca do Estado, é correto afirmar que esse pensador
a) defendeu, como um dos maiores teóricos do absolutismo monárquico, que o Estado deve
ter o monopólio do uso legítimo da força para assegurar a estabilidade do reino e a
segurança dos súditos.
b) era um fervoroso defensor do absolutismo monárquico, porém acreditava que o uso da
força deveria ser equilibrado entre os poderes estabelecidos, já que o rei deveria ser
controlado por possíveis desvios de caráter.
c) defendeu o absolutismo até a queda de Carlos I de Stuart, pois, após a decapitação desse
rei, temendo pela própria vida, declinou de suas posições e passou a defender a instauração
de um governo civil.
d) defendia a autoridade dos parlamentares em detrimento da monarquia, no contexto da
Guerra Civil Inglesa (1642-1651), por julgar a autoridade real fraca e incapaz de solucionar o
conflito.
e) assim como outros contratualistas, como John Locke e Rousseau, são ícones do
Iluminismo, além de grandes defensores da democracia e dos direitos civis individuais.
Comentários

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Em primeiro lugar, é preciso ressaltar a distinção entre público e privado deriva do direito romano,
que estava sendo restituído pelos europeus a partir de fins da Idade Média. Em segundo, o estado
de natureza na filosofia significa ausência de sociedade, de contrato social entre os indivíduos. Em
outras palavras, quando as pessoas não vivem em sociedade elas estão vivendo no estado de
natureza. No caso do filósofo Thomas Hobbes (1588-1679), estado de natureza e esfera privada
são sinônimos e ambos se desfazem à medida que os indivíduos se agrupam em sociedade.
Hobbes, entre outros filósofos de sua época e posteriores, são conhecidos como “contratualistas”,
pois defendem que para viver em sociedade as pessoas fazem uma espécie de contrato entre si,
um acordo direto ou indireto, no qual as responsabilidades são divididas entre elas para todos
possam viver minimamente em segurança. Uma das frases mais famosas de Hobbes é bellum
omnium contra omnes (traduzida como “O homem é o lobo do homem”) é expressiva de seu
pensamento que defende que sem o contrato social as pessoas vivem em constante conflito no
estado de natureza, pois considera que o ser humano é mau desde seu nascimento e sempre está
em busca de realizar seus interesses individuais em detrimento do coletivo.
Autor do livro Leviatã, Hobbes argumentava para evitar o risco de se aniquilarem uns aos outros,
os homens optam racionalmente por estabelecer um contrato e um vínculo social estável que
garantiria a conservação da vida de cada pessoa. Para que esse estado existisse, os homens abriam
mão de sua liberdade natural em favor do soberano, senhor absoluto, que seria responsável pela
preservação da ordem e garantia de sobrevivência. Por esse contrato, as pessoas renunciavam às
suas vontades, para atender às vontades de um só: o soberano. Para fazer valer esse pacto, o
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soberano deveria ter a força, pois, para Hobbes, os pactos sem espada não são mais do que
palavras. Por essa razão, Hobbes também é considerado um dos principais teóricos do
absolutismo. Mas atenção, não confunda: nem todo contratualista é absolutista, e vice-e-versa.
Por exemplo, John Locke, contemporâneo de Hobbes, também é considerado um contratualista,
mas é um liberal, não absolutista. Jean-Jacques Rousseau, por sua vez, é um contratualista, mas é
um republicano.
Por outro lado, é importante destacar que Hobbes viveu na Inglaterra durante os acontecimentos
da Revolução Inglesa (1642-1649), da Commomwealth (1649-1660) e da Restauração da
monarquia inglesa (1660). Esses eventos fizeram parte da crise do absolutismo inglês. O primeiro
deles, em 1649, foi responsável pela destituição e decapitação do rei Carlos I, que procurava
implementar reformas centralizadoras, ou seja, absolutistas. Na verdade, seus antecessores
(Henrique VIII, Elizabeth I e Jaime I), cada um a sua maneira, procurou centralizar gradativamente
o poder em suas próprias mãos. Continuando, com a execução de Carlos I, inicia-se a República
Puritana, também conhecida como Commonwealth, período no qual o Parlamento aumentou seu
poder. Contudo, ainda nesse momento, uma das principais lideranças revolucionárias, Oliver
Cromwell, assumiu o controle do Estado e instaurou um governo aos moldes do absolutismo. Com
sua morte, em 1658, seu filho Ricardo assume. No entanto, ele não tinha as mesmas habilidades
políticas que o pai e foi deposto em 1660 pelo Parlamento, que trouxe de volta o herdeiro legítimo
da Dinastia Stuart destituída em 1649. Carlos II foi coroado num evento que foi chamado de
Restauração, em 1660. Ele governou com o apoio dos burgueses e com um Parlamento fortalecido
até 1685, quando morreu. Como vimos, Hobbes morreu em 1679, portanto não viveu sob o

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governo do sucessor de Carlos II, que tentaria mais uma vez aplicar medidas absolutistas e seria
destituído em 1688 pelos parlamentares, fato conhecido como Revolução Gloriosa. De qualquer
forma, fica nítido que as ideias de Hobbes estão completamente relacionadas com o período e os
acontecimentos que vivenciou na Inglaterra do século XVII. Entretanto, os absolutistas acabaram
perdendo definitivamente na Inglaterra em 1688. Considerando tudo isso, vejamos:
a) Correta! Como foi dito, Hobbes acreditava que a segurança e a ordem só poderiam ser
garantidas com o estabelecimento de um pacto social entre os súditos e o soberano. Este
último é quem detém o poder do Estado. Portanto, na teoria absolutista soberano e Estado
são praticamente sinônimos. Além disso, mencionamos acima que o dito filósofo acreditava
que o soberano, e consequentemente o Estado, só poderiam sustentar tal pacto com o uso
da força.
b) Incorreta. Os absolutistas não defendiam a divisão da força entre os poderes estabelecidos.
O soberano deveria deter total controle sobre o uso da força.
c) Incorreta. Hobbes continuou defendendo suas ideias absolutistas mesmo após a Revolução
Inglesa.
d) Incorreta. Hobbes não defendia a autoridade dos parlamentares, mas sim a do monarca
como algo absoluto.
e) Incorreta. Como destacado no final do segundo parágrafo do comentário, de fato Locke e
Rousseau eram contratualistas como Hobbes. Contudo, este último era absolutista, logo
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não defendia a democracia, nem os direitos civis individuais.


Gabarito: A

40. (UNAERP 2017)


“Depois de ter queimado personagens tão santas como João Huss (1415) e Savonarola
(1498), depois de recusar-se a ouvir os apelos à renovação, a Igreja enfrentou nas piores
condições possíveis o embate de Wittenberg: Lutero (1483-1546) juntava à ciência teológica
de Wyclif a veemência de João Huss”.
DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento. Volume 1. Lisboa: Estampa, 1984, p.126
(Imprensa Universitária; 37).
Intensas transformações políticas, econômicas e sociais entre os séculos XIV e XVI
contestaram a estrutura e os dogmas da Igreja Católica, um movimento conhecido como
Reforma Protestante. Em meio a esse cenário, em 1524 estourou uma revolta camponesa
que exigia o fim da propriedade privada e a distribuição igualitária das riquezas. Os membros
do grupo liderado pelo luterano Thomas Münzer e que levaram a cabo esse movimento eram
conhecidos como
a) hussistas.
b) calvinistas.
c) puritanistas.

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d) jansenistas.
e) anabatistas.
Comentários
A Igreja Católica sofreu alto grau de questionamento por volta do século XVI. As disputas de
poder, os abusos, os desvirtuamentos da fé religiosa e a própria mudança de mentalidade da
população medieval – mais adepta ao dinamismo da força econômica do comércio – provocaram
movimentos por novas doutrinas religiosas. Entretanto, a contestação à hierarquia eclesiástica,
sobretudo ao poder do papa, muito antes de Lutero. Na Aula 03, vimos alguns movimentos
religiosos, alguns dos quais inspirados no cristianismo, mas que a Igreja classificou como heréticos
e os perseguiu ainda na Idade Média. Por outro lado, nos últimos séculos do medievo, houve um
debate interno na Igreja que discutia a oposição entre pobreza evangélica e a riqueza e jurisdições
da Igreja, que teve como um de seus expoentes John Wyclif (1329-1384). Ele pregava a
simplificação do culto e a adesão do papa aos ideais de uma vivência cristã calcada na pobreza e
o repúdio aos bens acumulados da Igreja.
Outra liderança que criticava o poder papal e a corrupção eclesiástica foi Jan Hus (1369-1415),
natural da região da Boêmia (atual República Tcheca). Hus tomou contato com as obras de Wyclif
quando era estudante, passando a defendê-las, pregando uma religião mais pessoal, na qual os
leigos teriam maior importância. Ele defendia que nos ofícios religiosos deveria ser utilizada a
língua nacional (no caso, a tcheca) que substituiria o latim, língua dominada principalmente pelo
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clero. Além disso, Hus afirmava que os fiéis deveriam participar da eleição dos seus bispos como
forma de diminuir a importância dos bispos católicos alemães, que dominavam a alta hierarquia
da Igreja na Boêmia. Suas ideias alimentavam o nacionalismo do povo tcheco contra a dominação
alemã. Hus foi chamado a expor seu pensamento no Concílio de Constança, na Suíça, no qual
seria pautado também o Cisma do Ocidente. Contudo, Hus não teve oportunidade de expor suas
ideias, sendo preso e queimado na fogueira. Sua morte desencadeou entre os tchecos uma revolta
conhecida como Movimento Hussita.
Por sua vez, Girolamo Savonarola foi um monge dominicano, natural de Ferrara, na Itália, e de
família nobre. Ele foi um grande crítico das transformações na mentalidade europeia causadas
pelo Renascimento cultural, sobretudo o resgate de determinados elementos pagãos da
antiguidade e da devassidão em geral. Era um defensor da vida ascética e buscava renovar a
Igreja. Savonarola escreveu tratados filosóficos inspirados em São Tomás de Aquino. No início da
década de 1480, foi enviado à Florença, uma das cidades mais renascentistas da Península Itálica
naquele momento, governada pelos Médici. Vendo que seus sermões contra a vida pagã e imoral
não surtiam grandes efeitos, viajou pela península para espalhar seus ideais. Quando retornou à
Florença, em 1489, seus sermões surtiram um novo efeito, atraindo muitos fiéis à Catedral na qual
pregava. Ele criticava intensamente a corrupção da Igreja e a tirania dos Médici. Conseguiu se
tornar Prior do Convento de S. Marco. Seu sucesso era tamanho, que a família Médici chegou a
ser expulsa da cidade e lá foi fundada uma República teocrática com base nos príncipios religiosos
pregados por Savonarola. Entretanto, suas persistência em criticar a Igreja Romana e sua
aproximação com o monarca francês, naquele momento adversário político do papa e diversas

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cidades italianas, fez com que o papa Alexandre VI intensificasse a perseguição à ele. Em 1498 o
Convento de S. Marco foi atacado e Savonarola foi preso junto de outros monges. Julgados pelos
emissários da Igreja, foram condenados à morte naquele ano.
Portanto, quando Martinho Lutero pregou suas 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, em
1517, boa parte de suas críticas não eram exatamente novas. Eram adaptações com algumas
inovações das propostas de reformadores anteriores. Entre essas teses estão a condenação das
indulgências, críticas à hierarquia católica, à existência do papa, à necessidade de dar esmolas e
ao uso da Bíblia em latim. A livre interpretação dos textos sagrados, sem o auxílio do clero, e
celebrações religiosas mais simples, baseadas exclusivamente no texto bíblico também eram
defendidas. Contudo, Lutero não teve o mesmo destino de seus antecessores. Ele até foi
condenado como herético e excomungado pelo papa. Inclusive, o Imperador do Sacro Império
Romano Germânico, Carlos V, convocou Lutero para de retratar frente a um conselho de nobres,
em 1521, a Concordata de Worms. A diferença, no entanto, é que um dos nobres presentes,
Frederico da Saxônia, apoio o reformador e lhe deu refúgio em seu castelo, onde se dedicou à
tradução da Bíblia para o alemão. As ideias luteranas encontraram ressonância na sociedade alemã
da época. Muitos nobres usaram a pregação para ficar com os bens da Igreja. Os camponeses do
sul, pretendendo a partilha das terras, também se rebelaram, conhecido Revolta dos Camponeses
ou Revolta dos Anabatistas, na qual se destacou como liderança Thomaz Müntzer. Eles eram
conhecidos como anabatistas, pois negavam o sacramento do batismo. Porém, Lutero não apoiou
essa revolta, com receio de perder a proteção que recebeu dos nobres e a identificação da
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Reforma com o radicalismo político. Com isso e com as informações dadas pelo enunciado, já
podemos saber que a alternativa correta é a letra “e”. Contudo, vejamos um pouco sobre os
movimentos destacados nas demais alternativas.
a) Os hussistas era os seguidores de John Hus, conforme explicamos no comentário.
b) Os calvinistas eram os seguidores do francês João Calvino (1509-1564), adepto das ideias
de Lutero, por isso perseguido e refugiado na Suíça. Em Genebra, adotou um modelo
religioso e político para construir uma “cidade-igreja”, que interferiria na vida das pessoas
com a proibição, por exemplo, de jogos e festas. A teoria calvinista concordava com o
princípio da justificação pela fé e incorporava um outro elemento: a teoria da
predestinação. Além disso, defendia que para identificar o sinal da graça os homens devem
seguir uma disciplina rígida que enfatiza o trabalho e uma vida regrada. O trabalho intenso
e o controle de gastos levariam à riqueza, que seria um sinal da predestinação. Por outro
lado, o calvinismo defendia o direito à resistência política diante dos governantes, quando
estes excedessem suas funções, porém sem uma abordagem muito radical, na qual cada
grupo deveria resistir “a partir de seu lugar”. Nessa lógica, apenas um magistrado pode se
opor a outro magistrado. A participação popular só deve ocorrer quando há uma usurpação
e nenhum magistrado se interpõe ao usurpador, tornando ilegítimo o exercício de sua
autoridade.
c) Puritanistas, ou simplesmente puritanos, era como chamavam os calvinistas na Inglaterra,
pois após a cisão de Henrique VIII com a Igreja Católica, fundando a anglicana, os puritanos

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queriam “purificar” esta Igreja, estabelecer as bases para uma nova ordem social e realizar
o plano divino, ao qual eles acreditavam estar predestinados.
d) Os jansenistas eram os seguidores do bispo holandês Cornellius Jansenius. Derivado do
cristianismo, esse movimento baseou-se numa doutrina que contemplava a conciliação da
liberdade humana com a graça emanada por Deus. Tal doutrina nasceu de uma
interpretação livre dos escritos de Santo Agostinho feita pelo referido bispo. Misturando
alguns elementos do calvinismo com o catolicismo, Jansenius defendia que a graça seria
concedida através da predestinação, contrariando a teoria de que seriam as ações tomadas
de acordo com o livre-arbítrio característico ao ser humano, o qual faria recair sobre si (ou
não) a graça divina. Ele também acreditava que o pecado original inclinou o gênero humano
para o Mal. Além disso, a doutrina jansenista não contemplava a obediência ao Papa, nem
o culto a Nossa Senhora, não reconhecia a capacidade das autoridades eclesiásticas de
representação da vontade de Deus e contou entre os seus principais contestatários os
Jesuítas e os Molinistas. Apesar de declarado herético, o jansenismo continuou tendo
adeptos em muitos círculos eclesiásticos, inclusive entre parte do clero.
Gabarito: E

41. (UNAERP 2017)


“Francesco Petrarca (1304-1374) foi o primeiro poeta a fazer de si mesmo, de suas emoções,
de suas hesitações e de sua perplexidade seu tema único e permanente. Nos poemas de seu
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Cancioneiro, percorre todos os desvios de sua alma, perscruta seus sentimentos mais
íntimos, acompanha as oscilações mais sutis do seu estado de espírito. Todos os recursos de
seu lirismo se concentram para expor e glosar sua humanidade inquieta e frágil”.
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. 15. ed., São Paulo: Atual; Campinas: Editora da
Unicamp, 1988, p. 38 (Coleção Discutindo a História). Adaptado.
Na esteira do desenvolvimento comercial e urbano que se iniciara no final da Idade Média,
um movimento intelectual e artístico que representava uma nova visão de mundo teve lugar
na Europa entre os séculos XIV e XVI, vindo a ser conhecido como Renascimento. Sobre as
principais características desse movimento, considere as afirmativas e assinale a opção
correta.
1. O hedonismo, isto é, a determinação do prazer individual como único bem supremo,
finalidade e fundamento da vida moral, foi uma das características do Renascimento mais
controvertidas em relação à moral que vigorara na Idade Média.
2. O ateísmo foi uma das características mais marcantes do Renascimento, pois os
humanistas, ousadamente, consideravam que a mais perfeita e expressiva cultura já
manifestada pelo homem se dera antes do advento de Cristo; evidentemente, a Igreja não
via com bons olhos essa atitude.
3. O naturalismo, a busca por uma representação da natureza fiel à realidade, é uma das mais
distinguíveis características do Renascimento. Ele se baseava no ideal de imitação (imitatio),

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proposto em especial por Petrarca, segundo o qual a natureza deveria ser imitada à perfeição
pelo artista do período.
4. O humanismo, ideia fundamental do Renascimento, baseava-se no animismo, isto é, na
crença de que a alma humana sustentava todas as atividades orgânicas humanas, incluindo
os sentidos, o que explicaria por que as obras dos grandes artistas do período eram
consideradas expressões da criação divina.
a) Apenas 1 está correta.
b) Apenas 3 está correta.
c) Apenas 1 e 2 estão corretas.
d) Apenas 1 e 4 estão corretas.
e) Apenas 2 e 3 estão corretas.
Comentários
Esta questão envolve interpretação de texto e contextualização. Em primeiro lugar, repare que o
texto fala de Francisco Petrarca, poeta italiano muito influenciado pelo movimento renascentista.
Repare que o texto destaca que Petrarca tinha como tema principal de seus poemas ele mesmo,
isto é, o próprio ser humano e todas as suas dimensões. Mas por que isto é renascentista? Para
responder essa pergunta, devemos contextualizar algumas coisas.
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Como próprio enunciado já disse, o Renascimento cultural foi um movimento artístico e intelectual
influenciado pelo desenvolvimento urbano e comercial vivenciado pelos Europeus a partir do final
da Idade Média. Esse movimento foi desencadeado, principalmente: pelo contato dos europeus
com as culturas islâmica e orientais, consequência das Cruzadas e da Expansão Árabe; com o
resgate de saberes e obras da antiguidade clássica encontradas em ruínas do Império Romano
por toda a Europa e trazidas para o ocidente pelos árabes e bizantinos, cujas regiões também
haviam pertencido aos antigos romanos, gregos, macedônios, egípcios e persas; a criação e
desenvolvimento de universidades europeias na Baixa Idade Média. As principais características
do Renascimento eram o antropocentrismo (homem como centro do mundo), o racionalismo
(necessidade de uma explicação pela razão), o naturalismo (estudo da natureza), o individualismo
e o resgate da antiguidade. O conhecimento científico se desenvolveu com base nesses princípios,
procurando estabelecer leis gerais sobre o funcionamento da natureza, do ser humano e da
sociedade. A crítica à Igreja e ao absolutismo também foram alimentados pelas inovações
renascentistas. Contudo, nem todo renascentista era contrário à Igreja ou à centralização do
poder, mas esses eram temas colocados em debates por eles.
Portanto, podemos entender minimamente porque Petrarca, enquanto um renascentista,
interessou-se tanto em explorar a própria humanidade em sua obra. Se o homem passou a ser
considerado o centro do mundo; se o individualismo incentivava as pessoas a demonstrar suas
habilidades e obter reconhecimento dos outros, acentuando a individualidade na competição de
um mundo comercial; se o naturalismo que, além de fomentar os estudos sobre a natureza física,
também incentivava os estudiosos à buscar compreender a natureza humana; faz sentido o

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interesse de Petrarca por sua própria essência como ser humano. Considerando isso, vejamos as
afirmações propostas.
1. Correta! O hedonismo é uma doutrina filosófica que teve origem no período helenístico,
na Grécia Antiga, entre os séculos IV e II a. C., quando os territórios gregos estavam sob
domínio macedônico. Os macedônios, sobretudo no governo de Alexandre, incorporaram
diversos elementos da cultura grega e tiveram como política disseminá-la pelas regiões que
foram conquistando no Leste europeu, no Oriente Médio e na África. Assim, do contato
entre a cultura grega e a cultura oriental nasceu a cultura helenística. O hedonismo nasceu
no seio desta cultura. Hedonismo vem do grego Hedonê – nome de uma deusa, na
mitologia grega, que representa o prazer. Hedonê era a representação encarnada de uma
vida prazerosa. Trata-se uma doutrina, ou filosofia de vida, que defende a busca por prazer
como finalidade da vida humana. Buscar prazer é o que move as paixões, os desejos e todo
o mecanismo da vida, sendo, portanto, a primeira e mais completa ponte para a finalidade
última da vida: a felicidade. Durante a Antiguidade Clássica, o hedonismo ganhou diversos
contornos e significados ao longo do tempo, dando à luz diferentes posições sobre seus
preceitos. Nessa época, os hedonistas se dividiam entre os que acreditavam que o prazer
era um bem em si mesmo, podendo ser usado intensamente para alcançar a felicidade e
diminuir a dor; e aqueles que defendiam a moderação do prazer, argumentando que existia
dois tipos de prazer: os que levavam à verdadeira felicidade e estavam ligados ao intelecto
e no enobrecimento do espírito (natural); e os que estão ligados àquilo que sai do controle
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da pessoa ou surgem, muitas vezes, por convenção social, portanto são efêmeros e podem
gerar vicio, o que tira a liberdade individual das pessoas (não-naturais). Muitos séculos
depois, a partir do século XIV, com o advento do Renascimento europeu, o hedonismo
estava entre os elementos da antiguidade que foram resgatados e ganhou novos contornos
e rumos distintos. Por um lado, havia a Igreja Católica e as vertentes protestantes que o
condenavam. Por outro, a personalidade do homem moderno médio e de uma certa elite
intelectual, artística e burguesa era a face perfeita do hedonismo. Grandes bailes
celebrando a vida e os prazeres eram realizados, os salões enchiam-se com pessoas em
sarais literários, recitando poesias hedonistas; artistas, escritores, intelectuais e burgueses
uniam-se para a busca conjunta do prazer.
2. Incorreta. É verdade que o ateísmo ganhou mais adeptos com o Renascimento, contudo
não era algo muito difundido mesmo nessas circunstâncias históricas de contestação do
poder da Igreja. Apesar de muitos renascentistas e humanistas pregarem o
antropocentrismo, isso não significava uma ruptura drástica com o cristianismo ou com a
religião em geral. Os mais recorrentes eram críticas, reformas e adaptações das teologias
em circulação. Além disso, a afirmação é equivocada em afirmar que antes de Cristo as
sociedades antigas admiradas pelos humanistas eram ateias. A maioria das sociedades da
Antiguidade tinham religiões politeístas, ou seja, que acreditavam em vários deuses.
3. Incorreta. Essa afirmação, em especial, depende tanto da interpretação do texto quanto
do conhecimento do contexto para ser avaliada. Isto porque ela não está de todo errada
ao afirmar que ao descrever o naturalismo como característica do Renascimento. Porém, o

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erro está em dizer que Petrarca defendia o estudo e a imitação da natureza física nas suas
obras, pois, na verdade, esse poeta tinha como tema principal a natureza humana. De certa
forma, os interesses sobre os dois tipos de natureza estão relacionados, como dito no
comentário, mas não é o suficiente para sustentar uma afirmação como esta, já que Petrarca
abordava a natureza física.
4. Incorreta. Os humanistas não pregavam que a alma era a fonte da atividade humana, mas
sim a razão. O humanismo renascentista implicou uma atitude diante do ser humano e da
natureza caracterizada, fundamentalmente, pela dessacralização, pelo questionamento e
pela dúvida, resultando em sucessivas inovações nos campos artístico, científico e
tecnológico, possibilitando grandes transformações sociais e políticas. De acordo com o s
humanistas, o homem é a medida de todas as coisas e está no centro do universo. Dotado
de razão e liberdade, é considerado um ser privilegiado, capaz de escolher o seu próprio
destino e de efetuar grandes realizações.
Portanto, a alternativa correta é a letra “a”.
Gabarito: A

42. (UNAERP 2018)


“A contestação à tentativa de hegemonia dos Habsburgo teve várias etapas, nas quais o
poder e a autoridade da dinastia [...] foram sendo gradualmente desgastados. Da tentativa
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de debelar a rebelião da Holanda [...], na década de 1560, ao fracassado projeto de invasão


da Inglaterra, rechaçada em 1588, todas as investidas dos Habsburgo para ampliar ou afirmar
o seu poder na Europa foram contidas, favorecendo o surgimento de uma peculiar coalizão
anti-hegemônica [...] A fase mais importante desse longo conflito foi o conjunto de batalhas
que se denominou Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), no qual a dinastia lutou contra todos
os estados protestantes da Europa”.
LESSA, Antonio Carlos. História das Relações Internacionais: a Pax Brittannica e o mundo do
século XIX. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p.19-20. Adaptado.
Entre os rivais dos Habsburgo que formaram essa coalizão anti-hegemônica, não podemos
incluir a
a) Espanha.
b) França.
c) Inglaterra.
d) Suécia.
e) Dinamarca.
Comentários
Na mesma época em que as monarquias absolutistas atingiram o auge na Europa Ocidental, nos
séculos XVI e XVII, surgiram conflitos religiosos que geraram uma onda de violência e intolerância
em vários países. O Império Habsburgo, a maior potência da Europa na época, reacendeu o

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espírito das Cruzadas para tentar recuperar para a Igreja fiéis e territórios perdidos. A divisão entre
católicos e protestantes foi responsável por tornar a Europa palco de uma série de guerras de
motivação religiosa. A dinastia dos Habsburgos era de origem austríaca. Por meio de alianças,
casamentos e tratados diplomáticos conseguiram controlar vastos territórios. Sob o reinado de
Carlos V, entre 1519 e 1556, os Habsburgos dominavam a Espanha, os Países Baixos, diversas
partes da Itália, grande parte dos territórios alemães, a Áustria, a Boêmia (atual República Tcheca)
e a região da Borgonha (atual França). Carlos V era o soberano mais poderoso da Europa e
acalentava construir um império unificado sob uma mesma lei, uma mesma Igreja (o catolicismo)
e um mesmo soberano. O sonho de expansão territorial, contudo se chocava com três obstáculos:
1) a difusão da Reforma Protestante, que dividia a Europa entre Igrejas rivais; 2) a oposição da
França, que sentia seus interesses ameaçados pela expansão dos Habsburgos; 3) e o avanço do
Império Otomano na parte oriental da Europa. Incapaz de controlar um império tão vasto, Carlos
V abdicou do trono em 1556 e dividiu o Império Habsburgo entre seu irmão, Ferdinando I, que
recebeu a parte austríava, e seu filhos, Filipe II, que assumiu a parte espanhola de seu vasto
império. Este último deu prosseguimento à política expansionista de seu pai. Durante seu reinado,
os espanhóis expandiram seus domínios sobre a América, anexando também Portugal e suas
colônias a partir de 1580.
Amparado na Contrarreforma, Filipe II apresentou-se como defensor do catolicismo e soberano
responsável por reconquistar os territórios e fiéis perdidos para os protestantes. Essa pretensão
deu origem a um conflito militar entre os países cristãos da Europa: a Guerra dos Trinta Anos
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(1618-1648), que opôs, em termos gerais, católicos, liderados pelos Habsburgos, e protestantes.
O único país católico que se opôs aos Habsburgos foi a França, por conta de disputas territoriais.
Tendo começado como um conflito religioso na Alemanha e na Boêmia, a guerra consumiu
imensos recursos, arasou regiões inteiras e produziu um saldo estimado de 7 milhões de mortos.
O Tratado de Westfália, assinado em 1648, marcou o fim da guerra e o esgotamento do sonho
imperial dos Habsburgos. O documento reconhecia alguns princípios básicos: a independência
entre poder político e religioso; o direito de os súditos terem sua próppria crença religiosa sem
serem obrigados a adotar a Igreja do soberano; e a soberania de cada Estado nacional sobre seu
próprio território. Nem todos os países respeitaram o tratado, contudo ele reconhecia pela
primeira vez alguns dos princípios fundamentais sobre os quais se assenta o Estado moderno.
Agora que contextualizamos as informações do texto destacado pela questão, repare no que o
enunciado pede: identificar o país que não foi rival dos Habsburgos durante a Guerra dos Trinta
Anos. Ora, sabendo que em tal guerra lutaram em lados opostos católicos e protestantes, que os
Habsburgos lideraram os primeiros e a França foi uma exceção entre os católicos, pois apoiou os
protestantes, podemos identificar facilmente a alternativa correta observando quais países eram
protestantes, no caso: Inglaterra, Suécia e Dinamarca. Portanto, a correta só pode ser a letra “a”.
Você poderia identificar facilmente a correta também ao lembrar que a Espanha era governada
por Filipe II, da dinastia Habsburgo.
Gabarito: A

43. (ACAFE 2022) 4000143949

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No ano de 2017 lembra-se os 500 anos da Reforma Protestante. A publicação das 95 teses
de Martinho Lutero iniciou um confronto entre Roma e o monge agostiniano.
Considere a Reforma Protestante e seus desdobramentos, ocorrida na Europa, e analise as
afirmações a seguir.
I. A ética Calvinista glorificava o trabalho e o lucro e classificava a riqueza como uma graça
divina.
II. Para reforçar o catolicismo na Inglaterra e, com o apoio do Papa Clemente, Henrique VII
fundou a Ordem Anglicana.
III. Em sua doutrina, Lutero manteve o celibato e a liturgia em latim.
IV. Excomungado pela Igreja Católica, Lutero recebeu a proteção da nobreza alemã̃.
Todas as afirmações corretas estão em:
a) II - III
b) I - IV
c) I - II - III
d) II - III - IV
Comentários
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A Reforma Protestante foi uma série de movimentos religiosos, na Europa, que reivindicavam
alterações em dogmas e práticas do cristianismo, desafiando a autoridade do clero e da Igreja
Católica. A maioria desses movimentos resultou na fundação de novas igrejas cristãs como o
luteranismo, o calvinismo, o anabatismo, entre outras. O pioneiro nesse sentido foi o monge
agostiniano Martinho Lutero quando, em 1517, publicou suas 95 Teses. Estas consistiam em uma
série de críticas ao catolicismo e propostas de reforma. Graças à então recente invenção da
imprensa, as ideias de Lutero rapidamente se espalharam pela Europa, inspirando novos
reformistas, movimentos e igrejas. Sabendo disso, vejamos o que é verdadeiro entre as afirmações
propostas:
I. Verdadeira! João Calvino foi um reformador francês que se inspirou nas ideias de Lutero, dando
maior ênfase em alguns pontos e propondo outras medidas. Ele teve que fugir da França devido
à perseguição religiosa, refugiando-se na Suíça, de onde influenciou muitos protestantes de toda
Europa. É importante lembrar que tanto Calvino quanto Lutero eram de origem burguesa, cujas
atividades eram condenadas pela doutrina católica. Entretanto, Calvino foi quem mais trabalhou
para retirar os estigmas sobre as práticas burguesa, como o lucro, a meritocracia, a usura e a
ascensão social.
II. Falsa. O anglicanismo não é uma ordem, mas sim uma nova igreja fundada durante as reformas
protestantes, no século XVI. Além disso, a Igreja Anglicana não foi fundada por Henrique VII, mas
sim por seu filho, Henrique VIII, em 1534.
III. Falsa. Lutero não achava necessário que os sacerdotes fossem celibatários, como era o clero
católico. Ele também defendeu a necessidade do uso da língua vernacular na liturgia. Em outras

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palavras, que a bíblia fosse traduzida para a língua corrente, assim como os rituais e cerimônias
do culto cristão que até então eram ministrados somente em latim.
IV. Verdadeira! A Igreja Católica excomungou Lutero após a publicação das 95 Teses e pretendia
prendê-lo e executá-lo. No entanto, uma parte da nobreza alemã simpatizou com a reforma
luterana e refugiou o reformador alemão.
Portanto, a alternativa correta é a letra “b”!
Gabarito: B

44. (UNITAU 2022) 4000124644

Os países reconquistados, ou que voltavam a ser católicos, tinham que seguir o programa
traçado em 1554 por Inácio de Loyola, o qual determinava que os reis não poderiam permitir em
suas administrações a presença de heréticos. Essa determinação era fruto da criação, em 1542,
pelo papa, da congregação da Inquisição.

DELUMEAU, J. Nascimento e afirmação da Reforma. São Paulo: Pioneira, 1889 (adaptado).

A criação da instituição mencionada no texto teve como objetivo combater, no continente


europeu, aqueles que

a) viviam do lucro comercial.


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b) recusavam a língua latina.

c) apoiavam a arte renascentista.

d) divergiam da religião predominante.

Comentários
Ao ler o texto selecionado, note que se fala de países que voltaram a ser católicos e da proibição
de pessoas consideradas heréticas em seus territórios. São mencionados dois anos que
correspondem à metade do século XVI. Ora, nessa época, a Europa vivenciava um grande rebuliço
em razão das Reformas Protestantes. Estas foram uma série de movimentos religiosos que
romperam com a Igreja Católica, fundando novas igrejas cristãs. Diante disso, as monarquias e o
clero católicos reagiram violentamente. Sabendo disso o que a instituição mencionada pelo texto
procurava combater:
a) Incorreta. O lucro comercial, a usura e ascensão social deles decorrentes eram condenados pela
Igreja Católica. Por isso, muitos burgueses aderiram às reformas protestantes, que não
condenavam essas coisas. No entanto, não era especificamente o lucro comercial que a Igreja
estava combatendo, promover o programa de Inácio de Loyola.
b) Incorreta. As Reformas Protestantes rejeitavam o uso do latim na publicação da bíblia e nas
cerimônias do culto, como era feito pelo clero católico. Eles defendiam o emprego das línguas

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vernaculares, isto é, as línguas faladas pelo povo no seu cotidiano. Entretanto, também não era
especificamente isso que a Igreja queria combater com o programa de Loyola.
c) Incorreta. A relação da Igreja Católica com a arte renascentista era contraditória. Ela condenava
as obras que abordavam temas profanos e atentava ao pudor católico. No entanto, contratava
artistas renascentistas para a realização de obras religiosas, como uma forma de cooptar um estilo
que estava se popularizando.
d) Correta! A Igreja Católica queria mesmo era acabar com a concorrência. Perder o monopólio
sobre a religião cristão podia ameaçar consideravelmente seu poder político perante a população
e os Estados europeus. Portanto, ao longo dos séculos XVI e XVII, a Europa foi mergulhada em
uma infinidade de guerras religiosas, entre católicos e protestantes. Nesse quadro, o programa
de Loyola era uma forma de garantir o poder da Igreja Católica.
Gabarito: D

45. (UNITAU 2020)


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Frontispício da edição original do Leviatã (1651) Fonte:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Leviat%C3%A3_(livro)
“[...] os pactos sem a espada não passam de palavras, sem força para dar qualquer segurança
a ninguém. Portanto, apesar das leis de natureza (que cada um respeita quando tem vontade
de respeitá-las e quando pode fazê-lo com segurança), se não for instituído um poder
suficientemente grande para nossa segurança, cada um confiará, e poderá legitimamente
confiar, apenas em sua própria força e capacidade, como proteção contra todos os outros”.
HOBBES, Thomas. Leviatã. Cap. XVII. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 103.

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O Absolutismo formulou justificativas teóricas, como a do filósofo político inglês Thomas


Hobbes, apresentada acima, que deram o respaldo necessário para que as monarquias
europeias tivessem seu poderio legitimado política e historicamente.
Sobre essa forma de poder político que predominou na Europa durante os séculos XVI a
XVIII, é CORRETO afirmar:
a) Em toda a Europa, o Absolutismo implantou um Estado resultante da articulação entre
nobreza fundiária e monarquia dinástica, cuja autoridade agia no ápice da pirâmide de
poder, mas não tinha poder na base, na estrutura dos direitos feudais.
b) A monarquia absolutista foi uma forma de monarquia feudal em que a classe dominante
permaneceu a mesma, e a principal função do rei era militar, ou seja, a de mobilizar os
exércitos, caso fosse necessário lutar contra algum tipo de invasão.
c) A recuperação e a difusão, no Ocidente, do Direito Romano tiveram grande influência nos
Estados absolutistas, porque apresentavam uma concepção de soberania que reforçava a
dominação da classe feudal tradicional.
d) Contou com expresso apoio da burguesia local, pois, com a presença de um Estado
centralizado, seria possível implementar uma série de padrões monetários e fiscais que
permitiriam a ampliação das atividades comerciais.
e) O absolutismo monárquico rejeitou a natureza religiosa do poder político para defender
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a necessidade de um organismo político laico, afirmando a racionalidade do Estado


Moderno, no qual as leis e as ordens eram estabelecidas pelo rei, e não por desígnios de
natureza sagrada.
Comentários
O estado de natureza na filosofia significa ausência de sociedade, de contrato social entre os
indivíduos. Em outras palavras, quando as pessoas não vivem em sociedade elas estão vivendo no
estado de natureza. No caso do filósofo Thomas Hobbes (1588-1679), estado de natureza e esfera
privada são sinônimos e ambos se desfazem à medida que os indivíduos se agrupam em
sociedade. Hobbes, entre outros filósofos de sua época e posteriores, são conhecidos como
“contratualistas”, pois defendem que para viver em sociedade as pessoas fazem uma espécie de
contrato entre si, um acordo direto ou indireto, no qual as responsabilidades são divididas entre
elas para que todos possam viver minimamente em segurança. Uma das frases mais famosas de
Hobbes, “O homem é o lobo do homem”, é expressiva de seu pensamento que defende que sem
o contrato social as pessoas vivem em constante conflito no estado de natureza, pois considera
que o ser humano é mau desde seu nascimento e sempre está em busca de realizar seus interesses
individuais em detrimento do coletivo.
Autor do livro Leviatã, Hobbes argumentava que para evitar o risco de se aniquilarem uns aos
outros, os homens optam racionalmente por estabelecer um contrato e um vínculo social estável
que garantiria a conservação da vida de cada pessoa. Para que esse estado existisse, os homens
abriam mão de sua liberdade natural em favor do soberano, senhor absoluto, que seria
responsável pela preservação da ordem e garantia de sobrevivência. Por esse contrato, as pessoas

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renunciavam às suas vontades, para atender às vontades de um só: o soberano. Para fazer valer
esse pacto, o soberano deveria ter a força, pois, para Hobbes, os pactos sem espada não são mais
do que palavras. Por essa razão, Hobbes também é considerado um dos principais teóricos do
absolutismo. A imagem trazida pela questão, capa da publicação original de Leviatã, é expressiva
se suas concepções políticas. Nela, vejamos um homem no topo, segurando armas de guerra. A
figura do homem é gigante e está acima do que parece ser uma cidade ou reino. Além disso, o
quadro no ele está também fica acima das demais figuras na imagem, quase todas contendo
representações de armas, fortalezas e de espaços de poder. Mas atenção, não confunda: nem
todo contratualista é absolutista, e vice-e-versa. Por exemplo, John Locke, contemporâneo de
Hobbes, também é considerado um contratualista, mas é um liberal, não absolutista. Jean-Jacques
Rousseau, por sua vez, é um contratualista, mas é um republicano.
De forma mais ampla, o absolutismo é o nome dado à forma de organização política na qual os
poderes político, econômico e religioso estão centralizados na figura de um soberano dentro dos
limites do território nacional que governa. Essa organização consistia na unificação das moedas,
pesos e medidas em um país; na criação de um corpo de leis baseado no direito romano e não
mais no direito canônico (da Igreja); na formação de exércitos permanentes para a proteção dos
comércios, da nobreza e do território e para a repressão de revoltas internas; na reorganização
administrativa que gerava a formação de uma burocracia e sistema fiscal com membros da
nobreza, do clero e de setores da burguesia nos territórios dos reinos; no estabelecimento de uma
língua oficial; no desenvolvimento da diplomacia. No topo dessa administração estava o monarca,
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que possuía poder para interferir na economia, na sociedade, no exército e, em alguns casos, até
na religião. Entretanto, cada país vivenciou esses processos à sua maneira.
É importante destacar que Hobbes viveu na Inglaterra durante os acontecimentos da Revolução
Inglesa (1642-1649), da Commomwealth (1649-1660) e da Restauração da monarquia inglesa
(1660). Esses eventos fizeram parte da crise do absolutismo inglês. O primeiro deles, em 1649, foi
responsável pela destituição e decapitação do rei Carlos I, que procurava implementar reformas
centralizadoras, ou seja, absolutistas. Na verdade, seus antecessores (Henrique VIII, Elizabeth I e
Jaime I), cada um à sua maneira, procurou centralizar gradativamente o poder em suas próprias
mãos. Continuando, com a execução de Carlos I, inicia-se a República Puritana, também
conhecida como Commonwealth, período no qual o Parlamento aumentou seu poder. Contudo,
ainda nesse momento, uma das principais lideranças revolucionárias, Oliver Cromwell, assumiu o
controle do Estado e instaurou um governo aos moldes do absolutismo. Com sua morte, em 1658,
seu filho Ricardo assume. No entanto, ele não tinha as mesmas habilidades políticas que o pai e
foi deposto em 1660 pelo Parlamento, que trouxe de volta o herdeiro legítimo da Dinastia Stuart
destituída em 1649. Carlos II foi coroado num evento que foi chamado de Restauração, em 1660.
Ele governou com o apoio dos burgueses e com um Parlamento fortalecido até 1685, quando
morreu. Como vimos, Hobbes morreu em 1679, portanto não viveu sob o governo do sucessor de
Carlos II, que tentaria mais uma vez aplicar medidas absolutistas e seria destituído em 1688 pelos
parlamentares, fato conhecido como Revolução Gloriosa. De qualquer forma, fica nítido que as
ideias de Hobbes estão completamente relacionadas com o período e os acontecimentos que

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vivenciou na Inglaterra do século XVII. Entretanto, os absolutistas acabaram perdendo


definitivamente na Inglaterra em 1688. Considerando tudo isso, vejamos:
a) Incorreto. Essa é a descrição de como funcionava a organização política durante o
feudalismo. O absolutismo, na verdade, desenvolveu-se graças ao enfraquecimento de
parte considerável da nobreza, devido às crises do sistema feudal (Cruzadas, guerras,
rebeliões camponesas, peste e estagnação da produção agrícola). Cada país vivenciou
o processo que culminou no absolutismo de uma forma própria. Em alguns casos, a
nobreza fundiária se fundiu à nascente burguesia e serviram mais ou menos de
sustentação aos monarcas absolutista, mas o mais comum foi a aliança entre reis e
burgueses contra os interesses dos nobres e do clero.
b) Incorreto. Assim como a alternativa anterior, essa dinâmica era característica do
feudalismo, não do absolutismo. O rei continuou tendo um papel militar importante,
como líder supremo do exército, contudo ele começou a acumular também poder
político, econômico e até religioso.
c) Incorreto. De fato, houve uma recuperação do direito romano que serviu como uma das
bases dos Estados absolutistas. Contudo, isso não apresentava uma concepção que
reforçava o poder da classe feudal tradicional. Evidentemente, que a nobreza não
perdeu todo seu poder e continuou desempenhando papel político importante, mas
ficou em considerável desvantagem, pois os monarcas não eram mais tão dependentes
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de seu apoio para governar.


d) Correto! Oreis não tinham grandes poderes políticos até o século XIV, pois o sistema de
vassalagem favorecia a descentralização do poder, o que contribuía para a rivalidade
entre rei e nobreza e entre os próprios nobres. Além disso, apesar de a Igreja Católica
buscar alianças com monarcas em vários momentos, havia uma tensão latente entre as
duas partes, pois os reis nem sempre estavam inclinados a conceder tantos privilégios
ao clero, ou por divergências religiosas. Contudo, com os renascimentos comercial e
urbano uma nova classe social surgiu: a burguesia, composta principalmente por
mercadores e banqueiros, muitos dos quais com grandes riquezas. Muitas vezes os
interesses dos burgueses entravam em conflito com os da nobreza e do clero, pois estes
dois últimos não viam com bons olhos os primeiros, por serem de origem peleia e terem
enriquecido por meio do trabalho. Por isso, rei e burguesia foram percebendo que
tinham interesses em comum, enquanto um queria concentrar poder, a outra queria
facilitar seus meios de sustento e enriquecimento, o comércio. Por isso, enquanto os
burgueses emprestavam dinheiro aos monarcas para financiar exércitos e políticas
centralizadoras, os reis ao concentrarem poder unificavam moedas, pesos e medidas em
vastos territórios e mobilizavam as tropas para defender as rotas comerciais.
e) Incorreto. Na verdade, muitos monarcas absolutistas se apoiaram na religião para
legitimar sua prerrogativa como soberanos absolutos. Eles se apoiavam no princípio do
direito divino dos reis, defendido mais ativamente pelo filósofo Jacques Bossuet.
Segundo este, os monarcas eram escolhidos por Deus para executar sua vontade no

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reino dos homens. a religião católica, monoteísta e altamente hierarquizada, servia bem
aos interesses expansionistas e unificadores dos reis modernos.
Gabarito: D

46. (UNITAU 2018)


“Como bem viu Erwin Panofsky, uma das características marcantes do Renascimento é a
autoconsciência, que, para Eugenio Garin, manifestou-se, sobretudo, entre os humanistas.
Não foram poucos os que sentiram com tristeza que se vivia um momento único, em que a
insegurança e a transformação contínuas impunham limites às obras: ‘[...] o mito do
renascimento, da nova luz e, portanto, da obscuridade correspondente que teve de precedê-
la foi produto, precisamente, da polêmica dos humanistas contra a cultura dos séculos
precedentes’”.
Adaptado de: SOUZA, L. de M. Idade Média e Época Moderna: fronteiras e problemas.
Signum, n. 7 (2005).
Assinale a alternativa que apresenta características do movimento humanista.
a) A renovação do contraste entre paganismo e cristianismo, contraste esse existente desde
o Cristianismo primitivo e que era reforçado pela Contrarreforma.
b) O desaparecimento da noção de Estado e do conceito de corpo público, substituídos pelo
de comunas, com um novo tipo de estratificação social.
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c) A contraposição entre um mundo marcado pela complexidade das formas e a simplicidade


de significação da natureza.
d) A presença do realismo, o secularismo e o individualismo, além do entusiasmo pela
Antiguidade Clássica, e, na pintura, pelos retratos, pelas paisagens e pela natureza morta.
e) A presença de manifestações artísticas eminentemente religiosas, cujos temas têm por
objetivo persuadir os fiéis e estimular a piedade entre eles.
Comentários
Os renascentistas são os principais responsáveis por chamarmos o período entre o século V e XV
de Idade Média, ou Idade das Trevas, por isso o texto destaca “[...] o mito do renascimento, da
nova luz e, portanto, da obscuridade correspondente que teve de precedê-la foi produto,
precisamente, da polêmica dos humanistas contra a cultura dos séculos precedentes”. O
movimento conhecido como Renascimento cultural, na Europa, foi influenciado por diversos
processos em curso no final do período medieval. Entre eles: renascimentos comercial e urbano
que acarretaram na formação de novas classes sociais; Cruzadas, que colocaram os europeus em
contato com outras culturas, mercadorias e saberes; crise do sistema feudal (peste, mudanças
climáticas, fome, guerras e rebeliões camponesas), o que dificultava a continuidade de uma
economia centrada na subsistência. Com o enfraquecimento de parte das nobrezas europeias
devido às Cruzadas, guerras e crise do feudalismo, os monarcas viram novas oportunidade de
concentrar poder em suas mãos, em muitos casos aliados a nova classe social nascente, a

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burguesia. Os burgueses eram em grande parte mercadores e banqueiros, vivendo nas zonas
urbanas. Parte deles enriqueceu, mas enfrentava grandes obstáculos devido à fragmentação
política dos feudos, que dificultava as trocas comerciais. Nobreza, clero e riqueza fundiária eram
as bases do sistema feudal e buscavam legitimar seu poder sustentando uma ideologia que
defendia a sociedade estamental. Além disso, a Igreja Católica condenava algumas práticas
comuns entre os burgueses, como o empréstimo a juros (usura). Por essas razões, monarcas e
burgueses em muitos casos de aliaram, de modo que os segundos financiavam os projetos
centralizadores dos primeiros, enquanto estes retribuíam adotando medidas que facilitassem o
comércio dentro do território nacional, como a unificação de moedas, pesos e medidas por
exemplo. Todos esses fatores foram gradativamente gerando uma mudança na mentalidade das
pessoas, sobretudo daqueles que viviam nas cidades e nos grandes centros urbanos. Portanto,
essas pessoas começaram a ver o período feudal como uma fase de estagnação, de retrocesso,
de obscuridade, principalmente quando comparado com as sociedades da Antiguidade, que aos
poucos eram redescobertas pelos europeus por meio dos documentos e artefatos encontrados
nas ruínas da Europa ou daqueles trazidos pelo contato com os povos muçulmanos e orientais.
Em outras palavras, o Renascimento cultural foi um movimento artístico e intelectual influenciado
pelo desenvolvimento urbano e comercial vivenciado pelos Europeus a partir do final da Idade
Média. Esse movimento foi desencadeado, principalmente: pelo contato dos europeus com as
culturas islâmica e orientais, consequência das Cruzadas e da Expansão Árabe; com o resgate de
saberes e obras da antiguidade clássica encontradas em ruínas do Império Romano por toda a
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Europa e trazidas para o ocidente pelos árabes e bizantinos, cujas regiões também haviam
pertencido aos antigos romanos, gregos, macedônios, egípcios e persas; a criação e
desenvolvimento de universidades europeias na Baixa Idade Média. Do ponto de vista intelectual,
o humanismo se destacou, valorizando a dúvida e o questionamento como motores do progresso
científico. Suas principais características eram o antropocentrismo (homem como centro do
mundo), o racionalismo (necessidade de uma explicação pela razão), o naturalismo (estudo da
natureza), o individualismo e o resgate da antiguidade. O conhecimento científico se desenvolveu
com base nesses princípios, procurando estabelecer leis gerais sobre o funcionamento da
natureza, do ser humano e da sociedade. A crítica à Igreja e ao absolutismo também foram
alimentados pelas inovações renascentistas. Os adeptos do movimento se viam como herdeiros
das grandes civilizações antigas que estavam reedificando a grandiosidade do homem europeu
após um período de “trevas” (Idade Média), no qual, supostamente, não houve inovações
científicas e o obscurantismo da Igreja impedia o progresso. Contudo, nem todo renascentista era
contrário à Igreja ou à centralização do poder, mas esses eram temas colocados em debates por
eles. Com isso em mente, vejamos:
a) Incorreto. Apesar de muitos humanistas fazerem críticas duras à Igreja Católica, isso não
significava que a maioria deles rompeu drasticamente com o catolicismo, aderindo a
religiões pagãs. Muitos continuaram sendo católicos e, quando muito, convertiam-se a
alguma vertente do cristianismo protestante.

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b) Incorreto. O período do Renascimento cultural coincide com o processo de consolidação


do Estado moderno e a restituição do direito romano, que faz uma separação entre esfera
pública e privada, em muitos países europeus.
c) Incorreto. Para os humanistas, a natureza era complexa e devia ser estudada a fundo para
que o ser humano pudesse interferir na realidade. Para que esse estudo fosse bem-
sucedido, os estudiosos desenvolviam um conhecimento interdisciplinar que mobilizava
saberes matemáticos, geométricos, físicos, químicos e astronômicos, para citar alguns.
d) Correto! É como dissemos no segundo parágrafo do comentário. Só acrescentaria, para
complementar, que o secularismo é a separação entre Estado e Igreja. Durante a Idade
Média e por boa parte da Idade Moderna, Igreja e Estado funcionavam em conjunto.
Mesmo nos casos em que o monarca não tinha plenos poderes sobre a religião, muitas
vezes eles tinham autoridade sobre o clero, inclusive pagando diretamente seus honorários.
Muitos humanistas criticavam essa organização política e propunha a separação entre esses
dois poderes.
e) Incorreto. Apesar dos temas religiosos não terem sumido das obras de arte durante o
período renascentistas, os artistas dessa época passaram a representar outras temáticas
como o cotidiano, a mitologia clássica, eventos políticos, retratos pessoais, etc.
Gabarito: D
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47. (UNITAU 2017)


A partir do séc. XVI, a centralização e o fortalecimento do poder do rei foram sendo
estabelecidos pela manutenção do equilíbrio entre os grupos sociais da nobreza e da
burguesia. Nesse mesmo período, grandes transformações ocorreram na organização da
Igreja católica, com o movimento reformista, liderado por Lutero, e com a formação de novas
doutrinas.
Sobre a relação entre a ascensão do poder real e a reforma religiosa, é CORRETO afirmar:
a) Na península Ibérica, o absolutismo formou-se séculos após o movimento reformista e
não contou com o apoio do clero católico.
b) Na Inglaterra, houve a utilização da religião na luta pelo poder, o que resultou na
consolidação da dinastia Tudor.
c) Na França, a nova religião calvinista serviu de base para a organização dos huguenotes,
grupo que colaborou para a implantação do absolutismo real.
d) Na Alemanha, o apoio dos príncipes a Lutero foi fundamental, porque desejavam juntar
seus domínios aos do imperador e apossarem-se dos bens da Igreja.
e) O Estado absolutista conseguiu se estabelecer devido ao movimento da Reforma
Católica, promovido pela Igreja, que, em troca, passou a contar com o apoio irrestrito de
todos os monarcas.
Comentários

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A contestação aos dogmas e autoridade da Igreja Católica sobre a religião cristã já acontecia antes
do fim da Idade Média. Na Aula 03, vimos que mesmo durante o medievo a Igreja teve que lidar
com movimentos que denominou de heresias. Tratava-se de grupos e/ou indivíduos que
praticavam outras crenças e religiões, algumas até inspiradas no cristianismo, mas que o clero
católico reconhecia como ameaça à seu monopólio sobre o sagrado. Mesmo entre o próprio clero
houve divergências quanto à dogmas e hierarquias, como nos casos do Cisma do Oriente, do
Cisma do Ocidente, ou quando clérigos como John Wyclif e Girolamo Savonarola criticaram a
opulência dos cultos e do papado. Contudo, é a partir dos primeiros anos do século XV, já na
Idade Moderna, que a Igreja Católica sentirá fortes golpes ao seu poder. Diversos movimentos
religiosos varrem a Europa propondo reformas em diferentes níveis do cristianismo. Entretanto,
diferente do sucesso que a Igreja teve reprimindo as heresias medievais, no início da modernidade
uma série de novos fatores decorrentes das transformações culturais, econômicas e sociais em
andamento no continente favoreceu os movimentos reformistas e dificultou a hegemonia católica.
Entre esses fatores podemos citar: o contato com culturas islâmicas e orientais causado pelas
Cruzadas, pela Guerra da Reconquista e pelos renascimentos comercial e urbano; o surgimento
de novas classes sociais, residentes nas cidades em crescimento, sobretudo a burguesia; a criação
e desenvolvimento de universidades pelo continente; o Renascimento cultural influenciado pelo
humanismo e pelo resgate das culturas antigas; as crises do sistema feudal que enfraqueceu parte
considerável da nobreza; e a busca por concentração de poder pelos reis, que resultou no
desenvolvimento de Estados absolutistas, que ora entravam em choque com a Igreja, ora a ela se
aliavam.
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De forma mais ampla, o absolutismo é o nome dado à forma de organização política na qual os
poderes político, econômico e religioso estão centralizados na figura de um soberano dentro dos
limites do território nacional que governa. Essa organização consistia na unificação das moedas,
pesos e medidas em um país; na criação de um corpo de leis baseado no direito romano e não
mais no direito canônico (da Igreja); na formação de exércitos permanentes para a proteção dos
comércios, da nobreza e do território e para a repressão de revoltas internas; na reorganização
administrativa que gerava a formação de uma burocracia e sistema fiscal com membros da
nobreza, do clero e de setores da burguesia nos territórios dos reinos; no estabelecimento de uma
língua oficial; no desenvolvimento da diplomacia. No topo dessa administração estava o monarca,
que possuía poder para interferir na economia, na sociedade, no exército e, em alguns casos, até
na religião. Entretanto, cada país vivenciou esses processos à sua maneira. Apesar de a Igreja
Católica buscar alianças com monarcas em vários momentos, havia uma tensão latente entre as
duas partes, pois os reis nem sempre estavam inclinados a conceder tantos privilégios ao clero,
ou por divergências religiosas. Alguns soberanos acabaram se convertendo ao protestantismo,
sobretudo nas regiões onde a burguesia se tornava um ponto de sustentação importante do
Estado absolutista. Além disso, como já vimos na Aula 02, as religiões monoteístas como o
cristianismo tinham um papel importante nas pretensões expansionistas e unificadoras de muitos
monarcas. Era mais fácil unificar a população de um vasto território, se todos acreditassem no
mesmo e único deus, de modo que se fazia um paralelismo entre um só Deus e um só soberano.
Por isso, absolutismo e reformas religiosas estão intimamente ligados. Inclusive, entre 1618-1648,

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a Europa se tornou palco de um conflito armado entre países católicos e protestantes: a Guerra
dos Trinta Anos.
Em cada região da Europa, a pressão por reformas religiosas teve características próprias, apesar
de dialogarem entre si e se influenciarem mutuamente. Bons exemplos são Martinho Lutero, que
em 1517 publicou 95 teses que criticavam a Igreja, propondo alterações em vários dogmas. As
ideias de Lutero se espalharam rapidamente, influenciando outros reformadores como João
Calvino, na Suíça, e Cornellius Jansenius, na Holanda. Era mais comum a burguesia aderir a esses
movimentos, pois sua forma de sustento e trabalho era muito criticada pelo catolicismo. Porém,
não eram raros os casos em que camponeses, por exemplo, aderiam a movimentos reformistas,
alguns dos quais escalava até a prática de violência. Esse é o caso dos anabatistas, na Alemanha,
que inspirados em Lutero exigiam a repartição das terras e o fim do sacramento do batismo.
Houve casos também em que mesmo a nobreza aderia às reformas. O próprio Lutero foi acolhido
por alguns nobres germânicos quando o papa e o imperador Carlos V o condenaram. Por outro
lado, na Inglaterra, o rei Henrique VIII rompeu com o papado e fundou uma nova igreja: a
anglicana. Sabendo desse contexto, vejamos cada alternativa:
a) Incorreto. Na realidade, a Península Ibérica foi a primeira região da Europa a ser palco
da consolidação de um Estado absolutista: Portugal. Isso ocorreu mais de cem anos
antes das reformas protestantes florescerem. O reino de Portugal se formou graças à
vitória contra os muçulmanos instalados na península pelas tropas lideradas por Afonso
Henrique, em 1139. Porém, somente quase duzentos anos depois é que o absolutismo
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se consolidou naquele reino. Em 1383, morre o rei D. Fernando sem deixar herdeiros.
Sua filha, casada com o rei de Castela, e seu irmãos bastardo, Mestre da Ordem de Avis,
iniciam uma disputa armada pela sucessão do trono. A primeira era apoiada pela
nobreza e pelo clero portugueses, enquanto o segundo tinha apoio da burguesia
mercantil. O vitorioso foi o pretendente bastardo que foi coroado como D. João I,
fundando a dinastia de Avis e consolidando o absolutismo português. Diferente de
outras regiões onde a Igreja Católica entrou em choque com as pretensões absolutistas
dos monarcas, como na Inglaterra, em Portugal o papado favoreceu a concentração de
poder na figura do rei. “Mas, profe, você não acabou de dizer que o clero português
ajudou a rainha de Castela contra D. João?” Sim, ajudaram! Mas não confunda, nem
sempre o clero de uma região estava alinhado com as decisões do papa, lá em Roma.
Lembra que disse que a formação do reino de Portugal estava relacionada com a vitória
sobre os muçulmanos? Então! Por conta disso, os reis portugueses (e também os
espanhóis) eram vistos pelo papado como grandes contribuintes para a expansão do
cristianismo. Com o advento das grandes navegações e a chegada dos portugueses a
América e a África, esse entendimento do papado sobre eles continuou, já que eles
continuaram combatendo e convertendo povos pagãos. Como reconhecimento dos
feitos dos monarcas portugueses, o papa concedeu a eles o direito de Padroado e
beneplácito régio, os quais lhes permitiam, dentro de seus territórios, nomear clérigos
e sancionar/vetar alterações dogmáticas vindas de Roma. Isso contribuiu para maior
concentração de poder dos monarcas lusos.

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b) Correto! Como disse no fim do comentário, a situação da Inglaterra foi diferente de


países como Portugal e Espanha. Lá, o monarca acabou entrando em conflito com a
Igreja Católica por motivos políticos, econômicos e pessoais. Havia um grande interesse
do rei, dos nobres e da burguesia pela enorme quantidade de terras detidas pela Igreja,
que não pagava impostos. Além disso, o rei devia sempre “abaixar a cabeça” nos
assuntos religiosos e obedecer minimamente aos dogmas determinados por Roma. Por
outro lado, havia a situação pessoal do rei Henrique VIII que desejava se divorciar, algo
proibido pela Igreja. Esse motivo foi a “cereja do bolo” para que o monarca inglês
rompesse definitivamente com o catolicismo e criasse uma nova igreja: a Anglicana.
Com isso, Henrique VIII confiscou as terras do clero católico e as usou como moeda de
troca política, distribuindo-as entre a nobreza e a burguesia para angariar seu apoio.
c) Incorreto. Os calvinistas eram os seguidores do francês João Calvino (1509-1564),
adepto das ideias de Lutero, por isso perseguido e refugiado na Suíça. Em Genebra,
adotou um modelo religioso e político para construir uma “cidade-igreja”, que
interferiria na vida das pessoas com a proibição, por exemplo, de jogos e festas. A teoria
calvinista concordava com o princípio da justificação pela fé e incorporava um outro
elemento: a teoria da predestinação. Além disso, defendia que para identificar o sinal
da graça os homens devem seguir uma disciplina rígida que enfatiza o trabalho e uma
vida regrada. O trabalho intenso e o controle de gastos levariam à riqueza, que seria um
sinal da predestinação. Por outro lado, o calvinismo defendia o direito à resistência
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política diante dos governantes, quando estes excedessem suas funções, porém sem
uma abordagem muito radical, na qual cada grupo deveria resistir “a partir de seu
lugar”. Nessa lógica, apenas um magistrado pode se opor a outro magistrado. A
participação popular só deve ocorrer quando há uma usurpação e nenhum magistrado
se interpõe ao usurpador, tornando ilegítimo o exercício de sua autoridade. Na França,
os calvinistas eram conhecidos como huguenotes e, em troca de liberdade de culto
naquele país católico, eles não defenderam radicalmente a ideia de resistência política,
mesmo quando os governantes não agiam de acordo com a suposta “vontade divina”.
Entretanto, não podemos afirmar que eles colaboraram ativamente para a implantação
do absolutismo francês. Foi mais como uma “omissão”, de forma que eles não se
opuseram a esse processo.
d) Incorreto. Os príncipes alemães não tinham interesse em juntar seus domínios aos do
Imperador. Este era católico e seguiu aliado da Igreja até o fim de seu reinado. Seus
sucessores continuaram apoiando o catolicismo e o papado, inclusive seu filho, Filipe II,
que se tornou rei da Espanha, liderou uma guerra contra os reinos protestantes (Guerra
dos Trinta Anos). No entanto, de fato, os príncipes alemães tinham interesse em se
apossar das terras da Igreja e disputar o poder político e econômico com o Imperador,
por isso sua adesão às ideias de Lutero.
e) Incorreto. Realmente, a Reforma Católica, ou Contrarreforma, teve papel importante na
consolidação de algumas monarquias absolutistas, como Portugal e Espanha. Contudo,

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não foi apoiada por todos os monarcas europeus. Alguns deles entraram em conflito
direto com o papado, como o já citado Henrique VIII, da Inglaterra.
Gabarito: B

48. (UNITAU 2017)


Publicada pela primeira vez em 1605, a obra Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, tornou-
se referência literária e documental ao tratar do contexto da Idade Moderna, criticando a
sociedade daquele momento. Essa crítica era feita em relação
a) aos padrões morais do homem moderno.
b) ao pioneirismo espanhol na descoberta da América.
c) à permanência dos ideais da cavalaria medieval.
d) ao retorno às referências clássicas.
e) ao poder do senhor feudal.
Comentários
A obra Dom Quixote é famosa por retratar de forma satírica a mentalidade europeia dos séculos
XV e XVI marcada pelas transformações em curso no continente. Muitos estudiosos veem esse
momento como uma ruptura drástica com a Idade Média, mas Cervantes foi perspicaz em oferecer
uma interpretação diferente e que os historiadores mais recentes passaram a concordar. Na obra,
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o personagem principal é um velho cavaleiro que se vê deslocado na nova dinâmica comercial e


urbano que tomou conta da Europa. Com o objetivo de vivenciar novos momentos de glória e
honra, ele recruta um escudeiro e saí viajando pelo continente em busca de batalhas épicas.
Porém, longe de encontrar os adversários fantasiosos com os quais sonhava, ele acaba
combatendo moinhos de vento pensando que são monstros. A grande sacada de Cervantes está
em representar que entre o fim da Idade Média e o início da Modernidade não teve tantas rupturas
assim e muitos elementos medievais, sobretudo na mentalidade das pessoas, sobreviveram e
foram adaptados às novas dinâmicas sociais e econômicas. Um bom exemplo disso é o fato da
nobreza e do clero não terem sido definitivamente extintos apesar de seu enfraquecimento com
as crises do sistema feudal e as reformas protestantes. Em muitos países europeus, como França,
Espanha, Portugal, Áustria e outros, a aristocracia e a Igreja continuaram tendo muitos privilégios
e poder político, apenas tendo que disputar essas coisas com novas classes sociais em formação,
no caso a burguesia e os trabalhadores urbanos. De qualquer forma, com essa breve explicação
já fica fácil entender que a crítica maior de Cervantes recaía sobre a persistência dos elementos
medievais, mesmo num contexto no qual os processos históricos deixavam as coisas mais
complexas. Portanto, a alternativa correta é a letra “c”, pois é a única que destaca um elemento
medieval, ainda mais se lembrarmos que o protagonista da obra é um cavaleiro aposentado.
Gabarito: C

49. (UNITAU 2016)

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Três grandes obras ilustram o ideal humanista na Europa do século XVI: Elogio da Loucura,
de Erasmo de Roterdã, O Príncipe, de Nicolau Machiavel, e Utopia, de Thomas Morus.
As afirmações a seguir tratam do ideal humanista.
I. O pensamento humanista valorizava as obras da Antiguidade Clássica e aliava o
conhecimento à preocupação com a erudição, o que levou à expansão da educação.
II. O humanismo é concebido, comumente, como um empreendimento moral e intelectual,
que colocava o homem no centro dos estudos e das preocupações filosóficas.
III. O humanismo surgiu para designar atitudes renascentistas que faziam a crítica à
religiosidade e defendiam a leitura dos clássicos na educação.
Está CORRETO o que se afirma em
a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) III, apenas.
e) I, II e III.
Comentários
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O Renascimento cultural foi um movimento artístico e intelectual influenciado pelo


desenvolvimento urbano e comercial vivenciado pelos Europeus a partir do final da Idade Média.
Esse movimento foi desencadeado, principalmente: pelo contato dos europeus com as culturas
islâmica e orientais, consequência das Cruzadas e da Expansão Árabe; com o resgate de saberes
e obras da antiguidade clássica encontradas em ruínas do Império Romano por toda a Europa e
trazidas para o ocidente pelos árabes e bizantinos, cujas regiões também haviam pertencido aos
antigos romanos, gregos, macedônios, egípcios e persas; a criação e desenvolvimento de
universidades europeias na Baixa Idade Média. Do ponto de vista intelectual, o humanismo se
destacou, valorizando a dúvida e o questionamento como motores do progresso científico. Suas
principais características eram o antropocentrismo (homem como centro do mundo), o
racionalismo (necessidade de uma explicação pela razão), o naturalismo (estudo da natureza), o
individualismo e o resgate da antiguidade. O conhecimento científico se desenvolveu com base
nesses princípios, procurando estabelecer leis gerais sobre o funcionamento da natureza, do ser
humano e da sociedade. A crítica à Igreja e ao absolutismo também foram alimentados pelos
humanistas. Os adeptos do movimento se viam como herdeiros das grandes civilizações antigas
que estavam reedificando a grandiosidade do homem europeu após um período de “trevas”
(Idade Média), no qual, supostamente, não houve inovações científicas e o obscurantismo da Igreja
impedia o progresso. Contudo, nem todo renascentista era contrário à Igreja ou à centralização
do poder, mas esses eram temas colocados em debates por eles.
Tomemos os três exemplos expostos pelo enunciado. Erasmo de Roterdã foi um clérigo e filósofo
humanista holandês, famoso por seu amplo conhecimento dos mais diversos assuntos ligados ao

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conhecimento humano, além de um dos maiores críticos do dogma católico romano e da


imoralidade do clero. Embora fosse clérigo e profundamente cristão, Erasmo ficou conhecido pela
sua oposição ao domínio exercido pela Igreja sobre a educação, a cultura e a ciência. Seu
pensamento era caracterizado pela liberação da criatividade e da vontade do ser humano.
Nicolau Maquiavel foi um filósofo italiano que se concentrou em escrever sobre política. Ele
delimitava a separação de política e moral, pois acreditava que o governante não poderia ter
dúvidas morais ao tomar decisões políticas. O soberano devia fazer o governo funcionar a
qualquer custo, ideia que inspira sua famosa frase “os fins justificam os meios”. Por essa razão,
Maquiavel é considerado um teórico do absolutismo, mesmo tendo uma formação humanista.
Thomas More, por fim, era inglês e foi um dos pensadores que tentou construir uma visão de
sociedade baseada nos princípios do humanismo. Nesse contexto de reflexões filosóficas,
cientificas e políticas, em que o homem era considerado o centro das elaborações, gerou-se uma
visão mais otimista da vida. A moral humanista estabeleceu que os homens, apoiados na razão e
na graça divina, poderiam construir um novo mundo, baseado na promoção do bem. Para tanto
seria preciso processos de autorreflexão, autoconhecimento, ou seja, sair da passividade
medieval. Com efeito, um elemento importante para viabilizar esse autoconhecimento foi a luta
pela preservação da liberdade individual. Na obra Utopia, More elaborou uma sociedade fictícia
e ideal baseada na condenação dos governos autoritários (absolutismo), dos privilégios e da busca
incessante pelo dinheiro. Portanto, perceba que apesar de terem posicionamentos distintos,
todos esses pensadores estavam debatendo os temas mais caros ao humanismo da época.
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Com isso em mente, vejamos:


I. Verdadeira! Os humanistas tinham especial preocupação com a educação e, além de
promover o resgate do conhecimento da Antiguidade, eles defendiam que o ser
humano deveria ter uma educação ampla e interdisciplinar, voltada para o
conhecimento das naturezas físicas e humanas. O homem humanista devia ser
educado para compreender o mundo para nele interferir e promover o progresso.
II. Verdadeira! Isso é o que caracteriza o antropocentrismo, um dos mais importantes
princípios do humanismo.
III. Falsa. Na verdade, o humanismo já existia antes do Renascimento. Os renascentistas
apenas se apropriaram dele e adaptaram-no à sua realidade histórica.
Portanto, a alternativa correta é a letra “a”.
Gabarito: A

50. (UFPR 2016)


Segundo a historiadora Miri Rubin, “longe de serem estéreis e previsíveis, as universidades
medievais produziram não apenas servidores civis e burocratas eclesiásticos como também
pensadores radicais, cuja obra teve impacto real e que, apesar de suas críticas desafiadoras,
morreram em suas próprias camas, e não na cela de uma prisão”.
(Revista Ensino Superior, Unicamp, 25/04/2012)

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A partir desse excerto e dos conhecimentos sobre o período medieval europeu, assinale a
alternativa que relaciona as universidades com seu contexto de surgimento e expansão.
a) As universidades foram patrocinadas pelo papado, para fornecerem profissionais
preparados para atuar num contexto de expansão marítima e comercial e de declínio da
Igreja Católica perante a formação dos Estados Nacionais, ao mesmo tempo em que
estimulariam a autonomia do conhecimento escolástico.
b) As universidades foram patrocinadas pelos comerciantes burgueses, a fim de fornecerem
profissionais para atuar num contexto de iluminismo científico e de feudalização da
sociedade, com o propósito de substituir os mosteiros como fonte produtora de
conhecimento científico e tecnológico.
c) As universidades foram patrocinadas pelo papado ou por reis e príncipes, a fim de
fornecerem profissionais para atuar num contexto de renascimento urbano e comercial e de
formação dos primeiros Estados Nacionais, tornando-se espaços autônomos de valorização
do conhecimento científico.
d) As universidades surgiram patrocinadas pelo papado, a fim de fornecerem profissionais
para atuar num contexto de declínio do poder da nobreza, com o intuito de criar espaços
autônomos para estudo do direito e da matemática, de modo a servir à nascente
administração eclesiástica.
e) As universidades surgiram patrocinadas por reis, príncipes ou pelo papado, a fim de
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fornecerem profissionais tanto para o gerenciamento eclesiástico das cidades pertencentes


à Igreja Católica quanto para as cortes das nascentes monarquias nacionais, em um contexto
de revolução científica.
Comentários
Cada uma das frases das alternativas possui trechos com erro. Nesse tipo de questão, com textos
longos, você precisa ficar atento para localizar esse erro e descartaras alternativas erradas. OK? A
alternativa A afirma que a houve um declínio da Igreja Católica, errado. A B diz que foram os
comerciantes que patrocinaram as universidades, errado. A C é o nosso gabarito, pois as
universidades foram importantes no contexto da transição Idade Média para a Idade Moderna,
em um momento de formação dos Estados Nacionais, além de patrocinadas pela Igreja e por
nobres. A D estabelece uma relação de causa e consequência desconexa: “As universidades
surgiram patrocinadas pelo papado, a fim de fornecerem profissionais para atuar num contexto
de declínio do poder da nobreza...”. Por fim, na E o trecho “revolução científica” está errado.
Gabarito: C

51. (UFPR 2012)


Tenho insistido também que a monarquia deve ser atribuída exclusivamente aos varões, já
que a ginecocracia vai contra a lei natural; esta deu aos homens a força, a prudência, as
armas, o poder. A lei de Deus ordena explicitamente que a mulher se submeta ao homem,
não só no governo de reinos e impérios, mas também na família. (...) Também a lei civil proíbe

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à mulher os cargos e ofícios próprios ao homem. (...) É extremamente perigoso que uma
mulher ostente a soberania. (...) No caso de uma rainha que não contraia o matrimônio – caso
de uma verdadeira ginecocracia –, o Estado está exposto a graves perigos procedentes tanto
dos estrangeiros como dos súditos, pois caso seja um povo generoso e de bom ânimo
suportará mal que uma mulher exerça o poder. (Jean Bodin, Los seis libros de la republica.
Edição espanhola de 1973, p. 224.)
A citação extraída do livro do jurista francês Jean Bodin (1530-1596), publicado em 1576,
refere-se ao exercício do poder soberano por mulheres, algo que seria contrário às leis da
natureza, à lei de Deus e às leis civis, de acordo com o pensamento político da época.
Contudo, uma importante monarca contemporânea a Bodin, Elizabeth Tudor, exerceu o
poder político em condições adversas e muitas vezes ameaçadoras à sua integridade física,
e seu longo reinado foi considerado pelos historiadores como a “época dourada” da
Inglaterra. Sobre a monarquia e o exercício do poder soberano, é correto afirmar:
a) Durante o século XVI, o poder soberano das monarquias europeias foi enfraquecido,
devido ao renascimento dos impérios e do papado.
b) A lei sálica, presente nas constituições de alguns reinos europeus, permitia que as
mulheres exercessem o poder soberano, e é contra essa lei que se coloca Jean Bodin.
c) O conceito de poder soberano foi determinante para o exercício da tirania dos reis
absolutistas no século XVI, que governaram sozinhos ao fechar os parlamentos.
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d) Elizabeth exerceu o poder soberano por tanto tempo porque aceitou dividi-lo com a Igreja
Anglicana.
e) O poder soberano de monarcas como Elizabeth se fundamentava no princípio de não
reconhecer poder superior ao do rei, a não ser o poder divino.
Comentários
Vimos que uma das características das monarquias é se basear no poder divino dos reis, ou seja,
o poder deriva diretamente de Deus, de modo que não podia haver questionamento a essa
condição. Essa noção predominou na monarquia inglesa. Assim, acima dos monarcas, apenas
Deus. Gabarito, letra E.
Sobre a alternativa A, há um erro ao se afirmar que houve o enfraquecimento das monárquicas
durante o século XVI. Na verdade, nesse período elas estavam em ascensão. Já a B, traz uma
discussão sobre as leis sálicas, aplicada ao Reino dos Francos a partir do período merovíngio.
Posteriormente, no período carolíngio, ela teria sido modificada. Dentre as regras que ela
estabelecia, havia a normatização do direito de herança, como a proibição das mulheres
exercerem o trono. Ou seja, há uma informação contrária na alternativa B. A alternativa C erra
ao sugerir que os parlamentos foram fechados permanentemente. A letra D erra ao afirmar a
partilha de poder entre monarquia e Igreja. Na Inglaterra, o anglicanismo fez exatamente o
contrário, ou seja, juntou a chefia da Igreja com o poder real.
Gabarito: E

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CONSIDERAÇÕES FINAIS DAS AULA

Nessa aula, vimos a formação do mundo moderno e os principais elementos filosóficos,


culturais, político e econômicos.
Na próxima aula trataremos da continuidade desse momento: as principais consequências
da expansão econômica e as crises políticas que serão motivos para a desagregação do Antigo
regime. Fique de olho e não perca!!
Espero que vocês estejam indo bem. Não esqueçam que todo seu esforço vale à pena.
Cada dia, cada hora, cada minuto que você se envolve com a tarefa de adquirir mais
conhecimento, gravar mais uma informação, colar mais um post it é uma riqueza infinita. Ninguém
tira de você aquilo que está acumulado no seu capital cultural. S2
Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se
utilizadas com afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!!
Conte comigo, meus querida aluno e minha querida aluna.
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Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas rapidinho! E


não se esqueça de que não existe dúvida boba. Quanto mais você
pergunta, mais conversamos e mais você sintetiza o conteúdo, certo!
Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te
ajudar na sua preparação.
Um grande abraço estratégico,
Alê

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